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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ

DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE CONSTRUÇÃO CIVIL


CURSO DE ENGENHARIA CIVIL

MAURICIO BALDO DORIGONI

DETALHAMENTO DE VIGAS DE CONCRETO ARMADO: COMPARATIVO


ENTRE O SOFTWARE CAD/TQS E A ABNT NBR 6118/2014

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

PATO BRANCO
2021
MAURICIO BALDO DORIGONI

DETALHAMENTO DE VIGAS DE CONCRETO ARMADO: COMPARATIVO


ENTRE O SOFTWARE CAD/TQS E A ABNT NBR 6118/2014

Trabalho de Conclusão de Curso de graduação,


apresentado a disciplina de TCC 2 do curso de
Engenharia Civil, do Departamento Acadêmico
de Construção Civil, da Universidade
Tecnológica Federal do Paraná – UTFPR, como
requisito parcial para obtenção do título de
Engenheiro Civil.

Orientadora: Profª. Drª. Paôla Regina Dalcanal

PATO BRANCO
2021
TERMO DE APROVAÇÃO

Será entregue no momento da defesa, podendo ser digitalizado ou copiado.


AGRADECIMENTO

Aos meus pais, Noeli Baldo Dorigoni e Cláudio La Sale Dorigoni, que sempre
estiveram ao meu lado, apoiando ao longo de toda trajetória e me inspirarem sendo exemplos
de força, determinação e amor.
A minha irmã, Juliana Dorigoni, que soube me aconselhar e ouvir quando tive
necessidade.
A todos os meus amigos do curso de graduação que compartilharam dos inúmeros
desafios que enfrentamos desde o início da graduação até o término desse trabalho.
Aos demais amigos que me deram todo o suporte, incentivo e amparo e que sempre
me motivaram.
Agradeço a orientadora Paôla Regina Dalcanal por conduzir o meu trabalho, tendo
muita paciência e compreensão nos momentos que foram necessários.
A todo o corpo docente do curso de Engenharia Civil da UTFPR campus Pato Branco
pelo conhecimento adquirido na formação acadêmica e por servirem de modelos de inspiração.
“Nós somos o que fazemos repetidamente. Excelência, portanto, não é um ato, mas
um hábito.” – Aristóteles
RESUMO

DORIGONI. Mauricio. Detalhamento de Vigas de Concreto Armado: Comparativo entre


o Software CAD/TQS e a ABNT NBR 6118/2014, 2021. 156 págs. Trabalho de Conclusão
do Curso (Bacharelado em Engenharia Civil) – Departamento Acadêmico de Construção Civil
– Universidade Tecnológica Federal do Paraná – UTFPR, Pato Branco 2021.

A introdução de novas tecnologias na construção civil está interligada com os avanços na área
da informática. O uso de programas computacionais contribui na maneira de planejar, projetar,
dimensionar, executar e gerenciar obras. Na área de projetos estruturais, um dos exemplos é o
programa computacional CAD/TQS, que possui grande aplicabilidade em empresas nacionais,
auxiliando no dimensionamento, detalhamento e apresentação de projetos em concreto armado.
Entretanto, por mais completos que sejam, nenhum programa está no estágio de equacionar
adequadamente todas as variáveis presentes em um projeto, sendo assim, ainda são dependentes
do fator humano. Um dos motivos dessa dependência é a interpretação crítica dos resultados e
a conferência com as normas regulamentadoras. Portanto, é de interesse identificar os critérios
empregados pelos programas computacionais e analisar possíveis limitações para que o
profissional, ao fazer uso do programa, possa fazê-lo de maneira adequada. Acredita-se que
entre as etapas do processamento de uma edificação, o detalhamento dos elementos estruturais
pode apresentar resultados interessantes por apresentar variações nas configurações das
armaduras. Logo, o objetivo desse trabalho está em explorar a etapa do projeto estrutural, que
abrange os detalhamentos de vigas em concreto armado gerados automaticamente pelo
programa CAD/TQS, trazendo comparativos com o especificado na norma brasileira ABNT
NBR 6118 (2014), que rege o dimensionamento e o detalhamento de estruturas de concreto
armado e protendido. A metodologia consiste em lançar o projeto estrutural no software
CAD/TQS configurando os critérios de dimensionamento e detalhamento para que se
aproximem ao máximo com a NBR 6118:2014, analisando quatro casos de diferentes situações
de uma mesma viga, alterando as suas características para criar novos casos de detalhamento,
e avaliando o que o programa fornece com o que a referida norma preconiza. De maneira geral,
o programa apresentou resultados condizentes com o apresentado na norma, existiram situações
que a norma não era tão esclarecedora e o programa adotou critérios semelhantes aos de outros
autores, entretanto demonstrou ter fragilidade na escolha da configuração mais prática para
execução. Exemplos disto são a ancoragem com gancho nos apoios das extremidades, o
espaçamento das armaduras transversais e a decalagem da armadura longitudinal.

Palavras-chaves: Software Estrutural. Ancoragem. ABNT NBR 6118:2014. Concreto Armado


ABSTRACT
DORIGONI. Mauricio. Detailing of Reinforced Concrete Beams: Comparative between
Software CAD/TQS and ABNT NBR 6118/2014, 2021. 156 pages. Civil Engineering
Undergraduate Thesis (Bachelor Degree) – Academic Department of Building Construction.
Federal Technological University of Paraná – UTFPR. Pato Branco. 2021.

The introduction of new technologies in civil construction is interconnected to advances in the


area of information technology. The use of computer programs contributes to the way of
planning, designing, dimensioning, executing and managing works. In the area of structural
projects, one example is the software CAD / TQS, which has great applicability in national
companies, assisting in the dimensioning, detailing and presentation of reinforced concrete
projects. However, as complete as they are, there is no program that is at the stage of adequately
equating all the variables present in a project, therefore, they are still dependent on the human
factor. One of the reasons for this dependency is the critical interpretation of the results and
validation with the regulatory standards. Therefore, it is of interest to identify the limitations of
the program so that the professional, when using the program, can do it properly. It is believed
that among the stages of the processing of a building, the detailing of the structural elements
can present interesting results because it presents variations in the reinforcement configurations.
Therefore, the objective of this article is to explore the structural design stage, which covers the
details of reinforced concrete beams automatically generated by the CAD / TQS program,
bringing comparisons with that specified in the Brazilian standard ABNT NBR 6118 (2014),
which governs the dimensioning and detailing of reinforced and prestressed concrete structures.
The methodology consists of launching the structural design in the CAD / TQS software,
configuring the design and detailing criteria so that they are as close as possible to NBR 6118:
2014, analyzing five different situations of the same beam, changing its characteristics to create
new detailing cases. And, evaluating what the program provides with what is presented in the
standard. In general, the program presented results that are consistent with that presented in the
standard, there were situations that the standard was not so clear and the program adopted
criteria similar to those of other authors, however it demonstrated its weakness in the choice of
the most practical configuration for execution. Examples of this are the anchoring with hook
on the end supports, the spacing of the transverse reinforcements and the decaling of the
longitudinal reinforcement.

Key-words: Structural Software. Anchoring. ABNT NBR 6118:2014. Reinforced Concrete.


LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Diagrama Tensão x Deformação Específica idealizado do concreto à compressão . 20


Figura 2: Diagrama Tensão x Deformação Específica do concreto não fissurado para tração 21
Figura 3: Domínios de estado-limite último de uma seção transversal. ................................... 25
Figura 4: Espaçamento entre barras longitudinais .................................................................... 28
Figura 5: Exemplificação de uma viga contínua com momento negativo superior ao positivo
Fonte: Autoria própria (Adaptado do Software Ftool). ............................................................ 29
Figura 6: Seção retangular com armadura dupla ...................................................................... 29
Figura 7: Disposição da armadura de pele Asp em cada face da viga, com e ≤ 20cm e d > 60cm
.................................................................................................................................................. 31
Figura 8: Cobertura do diagrama de força de tração solicitante pelo diagrama resistente ....... 33
Figura 9: Situações de boa e má aderência em peças de concreto armado .............................. 35
Figura 10: Caracterização dos ganchos nas barras tracionadas: a) em ângulo reto; b) em ângulo
interno de 45º; c) semicircular .................................................................................................. 37
Figura 11: Ancoragem com barras transversais soldadas ......................................................... 38
Figura 12: Exemplificação da ancoragem em apoios intermediários com apenas momentos
positivos. ................................................................................................................................... 42
Figura 13: Comprimento do gancho da armadura negativa no pilar ........................................ 42
Figura 14: Detalhamento indicado para a armadura negativa .................................................. 43
Figura 15: Exemplificação da treliça de Ritter-Morch ............................................................. 44
Figura 16: Tipos de ganchos para o estribo: a) semicircular; b) em ângulo interno igual a 45º;
c) em ângulo reto, d) estribo com ancoragem em ângulo reto. ................................................ 47
Figura 17: Apoios direto e indireto em vigas de concreto armado ........................................... 48
Figura 18: Detalhamento da armadura de suspensão no encontro entre as duas vigas, sendo hapoio
= altura da viga de apoio e ha = altura da viga apoiada ............................................................ 49
Figura 19: Diagrama das etapas para realização do trabalho ................................................... 51
Figura 20: Planta baixa do projeto arquitetônico analisado ..................................................... 52
Figura 21: Planta de formas do pavimento fundação. .............................................................. 54
Figura 22: Planta de fôrmas do pavimento térreo..................................................................... 55
Figura 23: Detalhe da planta baixa com a retirada do pilar P2................................................. 58
Figura 24: Diagrama de momentos fletores da viga V105. ...................................................... 60
Figura 25: Desenho das armaduras na viga V105 .................................................................... 61
Figura 26: Representação do momento decalado na viga V105 e dos comprimentos finais das
armaduras escalonadas ............................................................................................................. 65
Figura 27: Detalhe da barra N2 na viga V105 .......................................................................... 66
Figura 28: Diagrama dos esforços cortantes na viga V105 ...................................................... 67
Figura 29: Desenho das armaduras na viga V101 .................................................................... 70
Figura 30: Diagrama de momentos fletores da viga V101. ...................................................... 71
Figura 31: Representação do momento decalado na viga V101 .............................................. 77
Figura 32: Detalhe na diferença de comprimentos das barras negativas na viga V101. .......... 77
Figura 33: Diagrama dos esforços cortantes na viga V101. ..................................................... 78
Figura 34: Desenho das armaduras na viga V105-AP.............................................................. 80
Figura 35: Diagrama de momentos fletores da viga V105-AP ................................................ 81
Figura 36: Detalhe ancoragem da armadura negativa no apoio P8 .......................................... 84
Figura 37: Representação do momento decalado na viga V105-AP ........................................ 88
Figura 38: Comparativo das barras N1 e N3 com o diagrama decalado na viga V105-AP ..... 89
Figura 39: Diagrama dos esforços cortantes na viga V105-AP................................................ 90
Figura 40: Desenho da armadura da viga V105-AS ................................................................. 93
Figura 41: Diagrama de momentos fletores da viga V105. ...................................................... 94
Figura 42: Representação do momento decalado na viga V105-AS ........................................ 99
Figura 43: Detalhe do traspasse entre as barras N2 e N3 da viga V105-AS .......................... 100
Figura 44: Diagrama dos esforços cortantes na viga V105-AS.............................................. 101
Figura 45: Desenho da armadura da viga V101-AS ............................................................... 104
Figura 46: Diagrama de momentos fletores da viga V101-AS. ............................................. 105
Figura 47: Representação do momento decalado na viga V101-AS ...................................... 109
Figura 48: Comparativo entre as barras N1 e N4 no diagrama decalado ............................... 109
Figura 49: Diagrama dos esforços cortantes na viga V101-AS.............................................. 110
Figura 50: informações sobre a armadura de suspensão no relatório da viga V101-AS ........ 113
Figura 51: Diagrama de momentos fletores da viga V105-AD. ............................................. 114
Figura 52: Detalhe do relatório com a indicação da área de aço para o dimensionamento no pilar
P5 ............................................................................................................................................ 117
Figura 53: Desenho das armaduras na viga V105-AD ........................................................... 118
Figura 54: Medição do Corte A no desenho da viga V105-AD ............................................. 119
Figura 55: Representação do momento decalado na viga V105-AD e dos comprimentos finais
das armaduras escalonadas ..................................................................................................... 123
Figura 56: Diagrama dos esforços cortantes na viga V105-AD ............................................. 125
LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Diâmetros nominais das barras e fios de aço conforme a NBR 7480 (ABNT, 2007)
.................................................................................................................................................. 22
Tabela 2: Valor do coeficiente de aderência η1 ........................................................................ 23
Tabela 3: Taxas mínimas de armadura de flexão para vigas .................................................... 27
Tabela 4: Diâmetro dos pinos de dobramento .......................................................................... 38
Tabela 5: Diâmetro dos pinos de dobramento para estribos ..................................................... 47
Tabela 6 – Dimensões adotadas para os elementos estruturais ................................................ 53
Tabela 7 - Parâmetro adotados na análise estrutural ................................................................ 53
Tabela 8 – Especificação dos casos a serem estudados. ........................................................... 59
Tabela 9: Relatório simplificado de esforços e área de aço do CAD/TQS para a viga V105. . 62
Tabela 10: Resumo do Relatório de Esforços Cortantes do CAD/TQS para a Viga V105. ..... 68
Tabela 11: Relatório simplificado de esforços e área de aço do CAD/TQS para a viga V101.
.................................................................................................................................................. 71
Tabela 12: Resumo do Relatório de Esforços Cortantes para a Viga V101. ............................ 78
Tabela 13: Relatório simplificado de esforços e área de aço do CAD/TQS para a viga V105-
AP. ............................................................................................................................................ 81
Tabela 14: Resumo do Relatório de Esforços Cortantes do CAD/TQS para a Viga V105-AP91
Tabela 15: Relatório simplificado de esforços e área de aço do CAD/TQS para a viga V105-
AS. ............................................................................................................................................ 94
Tabela 16: Resumo do Relatório de Esforços Cortantes do CAD/TQS para a Viga V105-AS.
................................................................................................................................................ 101
Tabela 17: Relatório simplificado de esforços e área de aço do CAD/TQS para a viga V101-
AS. .......................................................................................................................................... 105
Tabela 18: Resumo do Relatório de Esforços Cortantes do CAD/TQS para a Viga V101-AS.
................................................................................................................................................ 111
Tabela 19: Relatório simplificado de esforços e área de aço do CAD/TQS para a viga V105-
AD. ......................................................................................................................................... 114
Tabela 20: Resumo do Relatório de Esforços Cortantes do CAD/TQS para a Viga V105-AD.
................................................................................................................................................ 125
Tabela 21: Validação dos resultados com o apresentado na NBR 6118:2014. ...................... 127
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 14

1.1 OBJETIVOS ................................................................................................................... 16


1.1.1 Objetivo geral .................................................................................................................. 16
1.1.2 Objetivos específicos ...................................................................................................... 16
1.2 JUSTIFICATIVA ............................................................................................................ 16
2 REFERENCIAL TEÓRICO ........................................................................................ 18

2.1 CARACTERÍSTICAS DO CONCRETO ARMADO .................................................... 18


2.2 PROPRIEDADES DOS MATERIAIS DE ACORDO COM A NBR 6118:2014 .......... 19
2.2.1 Resistências características do concreto.......................................................................... 19
2.2.2 Massa específica do concreto .......................................................................................... 19
2.2.3 Diagramas Tensão x Deformação do concreto ............................................................... 20
2.2.4 Módulo de elasticidade do concreto ................................................................................ 21
2.2.5 Resistência característica ao escoamento do aço ............................................................ 21
2.2.6 Tipo de superfície aderente do aço.................................................................................. 22
2.2.7 Massa específica do aço .................................................................................................. 23
2.2.8 Módulo de elasticidade do aço ........................................................................................ 23
2.3 O ELEMENTO VIGA .................................................................................................... 23
2.4 DETALHAMENTO DE VIGAS SEGUNDO A NBR 6118 (ABNT, 2014) ................. 24
2.4.1 Estados-limites ................................................................................................................ 24
2.4.2 Altura útil (d)................................................................................................................... 26
2.4.3 Armadura longitudinal .................................................................................................... 26
2.4.3.1 Armadura longitudinal máxima .................................................................................... 26
2.4.3.2 Armadura longitudinal mínima..................................................................................... 26
2.4.3.3 Espaçamento mínimo entre as barras longitudinais ...................................................... 27
2.4.3.4 Armadura Dupla ........................................................................................................... 28
2.4.3.5 Armadura de pele .......................................................................................................... 30
2.4.3.6 Emendas das barras ....................................................................................................... 31
2.4.3.7 Distribuição da armadura longitudinal ......................................................................... 32
2.4.3.8 Ancoragem e aderência ................................................................................................. 33
2.4.3.9 Decalagem da Armadura Longitudinal ......................................................................... 39
2.4.3.10 Ancoragem da armadura longitudinal positiva nos apoios .................................... 40
2.4.3.11 Ancoragem da armadura longitudinal negativa no apoio....................................... 42
2.4.4 Armadura transversal ...................................................................................................... 44
2.4.4.1 Armadura transversal mínima....................................................................................... 45
2.4.4.2 Diâmetro do estribo ...................................................................................................... 45
2.4.4.3 Espaçamentos mínimos e máximos longitudinal e entre ramos verticais dos estribos. 45
2.4.4.4 Ancoragem do Estribo .................................................................................................. 46
2.4.4.5 Armadura de Suspensão ............................................................................................... 48
2.5 SOFTWARE CAD/TQS ................................................................................................. 49
3 METODOLOGIA ......................................................................................................... 51

3.1 PROJETO ARQUITETÔNICO E PRÉ-DIMENSIONAMENTO ................................. 52


3.2 SIMULAÇÃO NO PROGRAMA CAD/TQS ................................................................ 53
3.3 VERIFICAÇÃO DOS RESULTADOS .......................................................................... 56
3.3.1 Viga V105 ....................................................................................................................... 56
3.3.2 Viga V105-AP ................................................................................................................. 56
3.3.3 Viga V105-AD ................................................................................................................ 57
3.3.4 Viga V105-AS ................................................................................................................. 58
4 RESULTADOS.............................................................................................................. 60

4.1 VIGA V105 ..................................................................................................................... 60


4.1.1.1 VÃO 01 – V105 ............................................................................................................ 60
4.1.1.2 Ancoragem da Armadura .............................................................................................. 62
4.1.1.3 Decalagem da armadura ............................................................................................... 64
4.1.2 Detalhamento da armadura transversal ........................................................................... 66
4.1.2.1 Espaçamento dos estribos ............................................................................................. 69
4.2 VIGA V101 ..................................................................................................................... 70
4.2.1 VÃO 01 – V101 .............................................................................................................. 71
4.2.1.1 Ancoragem da armadura no pilar P1 ............................................................................ 72
4.2.1.2 Ancoragem da armadura no pilar P2 ............................................................................ 74
4.2.2 VÃO 02 – V101 .............................................................................................................. 75
4.2.2.1 Ancoragem da armadura no pilar P3 ............................................................................ 75
4.2.3 Decalagem da armadura longitudinal.............................................................................. 76
4.2.4 Detalhamento da armadura transversal ........................................................................... 78
4.2.4.1 Espaçamento dos estribos ............................................................................................. 79
4.3 VIGA V105-AP .............................................................................................................. 79
4.3.1 Detalhamento da armadura longitudinal ......................................................................... 82
4.3.2 Ancoragem nos pilares P8 e P2....................................................................................... 82
4.3.3 Armadura de pele ............................................................................................................ 85
4.3.4 Decalagem da armadura .................................................................................................. 86
4.3.5 Detalhamento da Armadura Transversal ......................................................................... 89
4.3.5.1 Espaçamento dos estribos ............................................................................................. 92
4.4 VIGA V105-AS .............................................................................................................. 93
4.4.1.1 VÃO 01 – V105-AS ..................................................................................................... 94
4.4.1.2 Ancoragem das Armaduras no pilar P8 ........................................................................ 95
4.4.1.3 VÃO 02– V105-AS ...................................................................................................... 97
4.4.1.4 Ancoragem das armaduras no apoio da viga V101-AS ................................................ 97
4.4.1.5 Decalagem da armadura ............................................................................................... 98
4.4.2 Detalhamento da armadura transversal ......................................................................... 100
4.4.2.1 Espaçamento longitudinal dos estribos ....................................................................... 102
4.4.2.2 Armadura de suspensão .............................................................................................. 103
4.5 VIGA V101-AS ............................................................................................................ 104
4.5.1 VÃO 01 – V101-AS ...................................................................................................... 105
4.5.1.1 Ancoragem das armaduras nos apoios ........................................................................ 106
4.5.2 Decalagem da armadura longitudinal............................................................................ 108
4.5.3 Detalhamento da armadura transversal ......................................................................... 110
4.5.3.1 Espaçamento dos estribos ........................................................................................... 111
4.5.3.2 Armadura de suspensão .............................................................................................. 112
4.6 VIGA V105-AD ............................................................................................................ 114
4.6.1.1 Armadura dupla .......................................................................................................... 115
4.6.1.2 VÃOS – V105-AD ..................................................................................................... 117
4.6.1.3 Ancoragem da armadura ............................................................................................. 119
4.6.1.4 Decalagem da armadura ............................................................................................. 122
4.6.2 Detalhamento da armadura transversal ......................................................................... 124
4.6.2.1 Espaçamento dos estribos ........................................................................................... 126
4.7 ANÁLISE GERAL DOS RESULTADOS ................................................................... 127
5 CONCLUSÃO ............................................................................................................. 130

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................... 133


ANEXO A – COMPRIMENTO DE ANCORAGEM BÁSICO ....................................... 135

ANEXO B – PARÂMETRO KC (BASTOS, 2019) ............................................................. 136

APÊNDICE A – CONFIGURAÇÕES DO PROGRAMA ................................................ 137

APÊNDICE B – VIGA V105 ALTERADA ........................................................................ 150

APÊNDICE C – VIGA V101 ALTERADA........................................................................ 151

APÊNDICE D – VIGA V105-AP ALTERADA ................................................................. 152

APÊNDICE E – VIGA V105-AS ALTERADA ................................................................. 153

APÊNDICE F -VIGA V101-AS ALTERADA ................................................................... 154

APÊNDICE G – VIGA V105-AD ALTERADA ................................................................ 155


14

1 INTRODUÇÃO

O cenário mundial resume-se em globalização. Para Campos (2007), falar em


globalização é assumir mudanças econômicas, políticas, sociais e culturais a nível global. Essas
mudanças são facilmente associadas com as inovações tecnológicas desenvolvidas nas últimas
épocas, cujo processo de modernização implicou na crescente integração do mundo. Silva
(2000) também reforça os impactos de novas tecnologias, para ele um dos desafios da sociedade
moderna é se adaptar com essa introdução. Percebe-se então, que a facilidade em absorver e
receber informações do indivíduo estão prontamente relacionadas com a velocidade de
transformações ocorridas nas últimas décadas.
Na visão econômica, a globalização alterou a perspectiva do mercado. Suas mudanças
fizeram com que empresas buscassem diferentes estratégias para obter ganhos de
produtividade, fazendo que a racionalização dos processos executivos virasse sinônimo de
lucratividade (DELUIZ, 2004). O grande diferencial para as empresas foi usar meios
inteligentes, como a automação computacional, para integrar sistemas e oferecer soluções
rápidas que intensifiquem seu poder de competitividade (AFONSO, 2017).
Atendendo a esse diferencial, empresas especializadas desenvolveram programas
computacionais avançados, os quais otimizaram processos, reduziram prazos e aumentaram a
qualidade dos projetos (COVAS, 2016). O surgimento dos programas atingiu quase todos os
setores da atividade humana, sua multiplicidade permitiu intenso dinamismo para a indústria,
possibilitando a abertura de novos mercados e consolidando os já existentes (GUTIERREZ,
2004).
Para o setor da construção civil, o uso da tecnologia colaborou na maneira de planejar,
projetar, dimensionar, executar e gerenciar obras. Uma das áreas beneficiadas foi a do cálculo
estrutural. Quando o dimensionamento estrutural era feito manualmente, suas restrições
vinculavam-se com as limitações físicas do profissional. Felizmente com o surgimento dos
microcomputadores, engenheiros passaram a ter uma ferramenta importante para o
dimensionamento, trazendo melhorias na análise de elementos como grelhas, pórticos, etc
(SEELBACH, 2004). A aceitação dos programas ocorreu gradativamente conforme a evolução
na velocidade dos processamentos. No começo os primeiros programas de cálculo estrutural
reproduziam apenas modelos simples de análise das estruturas, com o passar do tempo se
tornaram mais complexos e completos, permitindo combinações de situações realistas do
comportamento estrutural (KIMURA, 2007).
15

Devido a todos esses avanços, a noção de conceber e projetar uma estrutura mudou
drasticamente nos últimos 20 anos (COVAS, 2016). Tais alterações influenciaram para a
ampliação de normas vigentes, exemplo disso está presente na Associação Brasileira de Normas
Técnicas (ABNT) que revisou as diretrizes presentes na NBR 6118:1980 e apresentou maiores
preocupações quanto aos novos conceitos e ferramentas tecnológicas na sua reformulação em
2003 (SEELBACH,2004).
Entretanto os softwares, por mais completos que sejam, são passíveis de erros, pois
ainda não possuem total autonomia em seus equacionamentos. Não existe software sem erros,
muito menos softwares que atendam a todos os requisitos prescritos nas normas (COVAS,
2016). Os programas estruturais mais usuais, como o CAD/TQS e o Eberick, possuem níveis
de detalhamentos mais aprofundados, porém não garantem cobertura contra todos os requisitos
da norma. Isso porque, muitas etapas do dimensionamento são feitas de maneira subjetiva, ou
seja, necessitam da interpretação racional para resolvê-las. O ideal nessas situações é depender
do conhecimento e experiência do engenheiro para ajudar na interpretação dos cálculos
dimensionados, de maneira que suas habilidades se transformem em soluções e reconhecimento
para a empresa (PEREIRA, 2005).
Neste contexto, as competências exigidas para o profissional foram atualizadas, o
perfil do indivíduo moldou-se através da racionalização, reflexão e participação crítica na esfera
de produção (DELUIZ, 2004). Também é de importância do mesmo saber suas obrigações, de
modo que sua capacitação esteja atrelada a tecnologia, integrando-o ao universo digital
(SOLEDADE, 1999).
Logo, este trabalho tem por objetivo auxiliar o profissional quanto as restrições feitas
no software CAD/TQS UNIPRO v21 para o detalhamento de vigas em concreto armado
analisando possíveis situações onde o comportamento do programa não corresponderá com as
prescrições da NBR 6118:2014 ou necessite da intervenção do profissional.
A estrutura do trabalho inicia com a introdução do tema e sua importância, destacando
os tópicos a serem investigados em objetivos gerais. Posteriormente contextualiza o leitor ao
detalhamento indicado pela NBR 6118:2014 trazendo os principais capítulos que servirão como
base para a análise dos resultados. Após isso, define-se, no capítulo Metodologia, o método
adotado para a análise, detalhando os critérios utilizados no dimensionamento com o software
CAD/TQS, além das etapas de cálculo especificadas na ABNT NBR 6118:2014 para o
detalhamento de vigas. O trabalho segue com os respectivos resultados encontrados e a
conclusão sobre a validação do programa no detalhamento de vigas.
16

1.1 OBJETIVOS

1.1.1 Objetivo geral

Investigar o comportamento do software CAD/TQS UNIPRO v21 no detalhamento


das armaduras de flexão e cisalhamento em vigas de concreto armado, e verificar sua adequação
com a ABNT NBR 6118:2014.

1.1.2 Objetivos específicos

• Analisar o detalhamento de vigas em situações usuais;


• Analisar o detalhamento da armadura de pele;
• Analisar o detalhamento de vigas em casos que demandam armadura dupla;
• Analisar o detalhamento de vigas em situações de ancoragem nas extremidades;
• Analisar armadura de suspensão para situações de encontro de vigas.
• Adequar os detalhamentos gerados segundo os critérios da ABNT NBR 6118:2014,
criando novos desenhos das vigas estudadas.

1.2 JUSTIFICATIVA

O panorama mundial proporciona constantes avanços tecnológicos e a apresentação


de novas tecnologias impactou diretamente na estrutura comportamental da sociedade. Para
Paulo Afonso Ferreira, vice-presidente da Confederação Nacional da Indústria - CNI “quem
não acompanhar esse ritmo de transformação fica desatualizado e fora de contexto social”
(AFONSO, 2017).
Além das mudanças socioculturais, a evolução tecnológica também possui valor
econômico. O perfil do profissional se adaptou conforme o ingresso de novas ferramentas.
Atualmente, a capacitação do mesmo é feita pela integração do seu conhecimento teórico com
seu entendimento digital e de informática.
Na construção civil, a introdução de programas computacionais colaborou na maneira
de planejar, projetar, dimensionar, executar e gerenciar obras. O surgimento dos computadores
17

permitiu a simulação de situações mais complexas para o dimensionamento estrutural,


posteriormente suas transformações se expandiram através de softwares abrangendo vários
setores de infraestrutura.
Dentro do âmbito de análise e dimensionamento estrutural, a contribuição de
levantamentos matemáticos ajudou a desenvolver maiores combinações de ações, além de
otimizar processos antes demorados e repetitivos. A agilidade nos procedimentos de cálculos
fez com que o mercado requisitasse especialistas com domínio sobre softwares, domínio de
ferramentas de informática (CARRARO, 2016). Softwares estruturais comercialmente
utilizados, como CAD/TQS e Eberick, possuem tal capacidade de simulação atreladas com a
facilidade na automação. Entretanto, por mais completos que sejam, também são passíveis de
erros. “Os softwares ainda não estão no estágio de equacionar adequadamente todas as variáveis
presentes num projeto” (COVAS, 2016, pg 12). Além disso, seus algoritmos possuem
confrontações com as exigências das normas, e nem sempre os critérios são esclarecedores ao
projetista, haverá etapas nas quais as tomadas de decisões serão limitadas por parte do
programa, fazendo prevalecer a visão crítica do profissional para dar seguimento ao projeto.
Portanto, cabe ao engenheiro associar os seus conhecimentos teóricos com suas
responsabilidades ao ponto de compreender de maneira qualitativa os métodos adotados nos
softwares.
A curiosidade em compreender os cálculos utilizados nesses programas motivou a
escolha de um dos programas como objeto de estudo. A decisão foi tomada por questões de
viabilidade e visibilidade, pois, o software CAD/TQS, em espectro nacional, possui forte
abrangência em grandes empresas. Segundo estatísticas do próprio fabricante, em um
levantamento realizado em outubro de 2018, das 100 empresas mais atuantes de projetos
estruturais, 90 utilizam o CAD/TQS (CAD/TQS, 2019). Felizmente sua licença é
disponibilizada para os acadêmicos do curso de Engenharia Civil na Universidade Tecnológica
Federal do Paraná, Campus Pato Branco, contribuindo assim, para o desenvolvimento do
trabalho.
Logo, o presente trabalho expõe as restrições feitas no software CAD/TQS UNIPRO
v21 e apresenta suas contribuições no detalhamento estrutural de vigas em concreto armado,
buscando também desmistificar etapas não condizentes com a ABNT NBR 6118:2014 no
intuito de esclarecer processos pertinentes para a conclusão do projeto.
18

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 CARACTERÍSTICAS DO CONCRETO ARMADO

Kaefer (1998) constata que a história do concreto armado é muito mais complexa do
que se pensa, seu desenvolvimento foi fruto de inúmeras observações presentes com a própria
civilização humana, exemplos disto estão reverenciados em construções egípcias (3000 a.C a
2500 a.C) no uso de argamassas de gipsita; na cultura Grega (800 a.C a 430 a.C) com a
utilização vinculada de ferro e pedras, mostrando compreensão entre a associação de um
material dúctil com outro frágil; no Império Romano (300 a.C a 476 d.C) pela inovação do
concreto para o uso em fundações, entre outros.
Entretanto para fins teóricos, os fundamentos estruturais do concreto armado apenas
se manifestaram em meados do século 19. Considera-se como precursor dos estudos do
concreto armado o inglês Thaddeus Hyatt, cuja publicação do artigo “An Account of Some
Experiments with Portland Cement Concrete Combined with Iron as a Building Material” em
1877 possibilitou algumas conclusões sobre o material (KAEFER, 1998), dentre elas é
importante mencionar:
• Envolvendo-se totalmente o aço com uma camada suficientemente espessa de
concreto obtém-se um material resistente ao fogo;
• A aderência entre aço e concreto é suficientemente forte para fazer com que a
armadura posicionada na parte inferior da viga trabalhe em conjunto com o
concreto comprimido na parte superior da viga;
• O coeficiente de dilatação térmica dos dois materiais é suficientemente igual,
garantindo a resistência da combinação aço-concreto quando submetida ao
fogo ou ao congelamento.
Neste experimento percebeu-se a importância do conjunto aço-concreto e da
necessidade de uma boa aderência entre os elementos, fator determinante, como bem retratado
na definição de elementos em concreto armado, item 3.1.3 da NBR 6118 (ABNT, 2014):
“aquele cujo comportamento estrutural depende da aderência entre concreto e armadura”.
Define-se então o concreto armado como um elemento estrutural composto de concreto e aço,
sendo o concreto o material predominante para resistir aos esforços de compressão, e o aço
como o material utilizado para garantir a resistência aos esforços de tração. Sua aplicação é
19

bastante difundida pelo mundo por apresentar vantagens como boa resistência, alta
durabilidade, baixo custo dos materiais, entre outros (PINHEIRO, 2007).

2.2 PROPRIEDADES DOS MATERIAIS DE ACORDO COM A NBR 6118:2014

As propriedades dos materiais empregados em estruturas de concreto armado são


determinantes na análise e no dimensionamento das estruturas. Deve-se conhecer propriedades
como: resistência característica, módulo de elasticidade, massa específica. No Brasil, o
dimensionamento e o detalhamento de estruturas de concreto armado seguem as diretrizes
estabelecidas na ABNT NBR 6118:2014 “Projeto de Estruturas de Concreto – Procedimento”,
que também apresenta as propriedades que os materiais necessitam proporcionar.

2.2.1 Resistências características do concreto

A ABNT NBR 8953:2015 “Concreto para fins estruturais — Classificação pela massa
específica, por grupos de resistência e consistência”, em uma de suas classificações, elenca o
concreto a partir da sua resistência característica à compressão, considerando valores acima de
20 MPa (C20) para fins estruturais. Em complemento a isso, a NBR 6118 (ABNT, 2014)
estabelece em seu item 8.2.1 que todos os concretos da classe C20 ou superior podem ser
aplicados para o uso de armadura passiva, ou seja, são aceitos para o uso em concreto armado.
O valor mínimo da resistência à compressão do concreto é especificado na Tabela 7.1
da NBR 6118 (ABNT, 2014) e depende da classe de agressividade ambiental (CAA) em que se
encontra a edificação. Por exemplo, para vigas de concreto armado em ambiente urbano (CAA
II) a resistência característica mínima do concreto à compressão, aos 28 dias, deve ser 25 MPa.

2.2.2 Massa específica do concreto

Quando não se conhece a massa específica real do material, deve-se utilizar para
efeitos de cálculo o valor de 2400 kg/m³ para o concreto simples e 2500 kg/m³ para o concreto
armado.
20

2.2.3 Diagramas Tensão x Deformação do concreto

Para o dimensionamento no Estado-Limite Último, o diagrama Tensão x Deformação


Específica do concreto à compressão pode ser idealizado conforme a Figura 1, em que os
parâmetros εc2 (deformação específica de encurtamento do concreto no início do patamar
plástico) e εcu (deformação específica de encurtamento do concreto na ruptura), para concretos
de classes até C50, são respectivamente iguais a 0,2% e 0,35%.

Figura 1: Diagrama Tensão x Deformação Específica idealizado do concreto à compressão


Fonte: NBR 6118 (ABNT, 2014).

Ou adotado simplificado, conforme o item 17.2.2 e) da NBR 6118 (ABNT, 2014),


como um diagrama retangular de profundidade y = x (em que x é a posição da linha neutra e
o valor do parâmetro  pode ser tomado igual a 0,8, para concretos de classe menor ou igual a
C50) e com tensão constante até a profundidade y tomada igual a c fcd, (no caso da largura da
seção, medida paralelamente à linha neutra, não diminuir a partir desta para a borda
comprimida) ou igual a 0,9 c fcd (no caso contrário). Sendo c definido como igual a 0,85
para concretos de classes até C50, de acordo com o especificado no item.
Para o concreto não fissurado, pode ser adotado o diagrama Tensão x Deformação
Específica bilinear de tração, indicado na Figura 2.
21

Figura 2: Diagrama Tensão x Deformação Específica do concreto não fissurado para tração
Fonte: NBR 6118 (2014).

2.2.4 Módulo de elasticidade do concreto

Pelo item 8.2.8 o módulo de elasticidade do concreto deve ser obtido através de ensaios
estabelecidos na ABNT NBR 8522:2017. Quando não houver a realização do ensaio, pode-se
estimar utilizando uma expressão matemática, ou ainda, para casos mais comuns e com uso de
granito como agregado graúdo, estima-se valores tabelados, por exemplo para o concreto com
resistência de 25 MPa, tem-se o módulo de elasticidade inicial de 28 GPa.

2.2.5 Resistência característica ao escoamento do aço

A classificação dos aços pode ser dada por meio da sua resistência característica ao
escoamento. A ABNT NBR 7480:2007 “Aço destinado a armaduras para estruturas de
concreto armado” classifica-os, para o uso em estruturas de concreto armado, nas categorias
CA-25 e CA-50, para barras de aço, e CA-60, para os fios de aço, sendo que a sigla CA indica
aço para concreto armado e o número que segue refere-se a resistência característica do mesmo,
em kgf/mm². A referida norma também estabelece o diâmetro nominal aceito para fabricação
em cada processo de produção, como apresentado na Tabela 1.
22

Tabela 1: Diâmetros nominais das barras e fios de aço conforme a NBR 7480 (ABNT, 2007)
Diâmetro nominal (mm) Categoria do aço
Fios Barras CA - 25 CA - 50 CA - 60
2,4 - - - X
3,4 - - - X
3,8 - - - X
4,2 - - - X
4,6 - - - X
5,0 - - - X
5,5 - - - X
6,0 - - - X
- 6,3 X X -
6,4 - - - X
7,0 - - - X
8,0 8,0 X X X
9,5 - - - X
10 10 X X X
- 12,5 X X -
- 16,0 X X -
- 20,0 X X -
- 22,0 X X -
- 25,0 X X -
- 32,0 X X -
- 40,0 X X -
Fonte: Autoria própria (Adaptado da NBR 7480:2007).

2.2.6 Tipo de superfície aderente do aço

Dependendo do processo de fabricação, a superfície aderente do aço é afetada. Em


regiões que necessitam de boa aderência entre o aço e o concreto, como exemplo a armadura
longitudinal de vigas, a recomendação pelo uso do aço CA-50 torna-se essencial para a correta
transmissão de esforços no conjunto, visto que, esse aço possui superfície nervurada que
impacta positivamente na adesão com o concreto.
Para efeitos de cálculo, a NBR 6118 (ABNT, 2014) em sua Tabela 8.3, estabelece a
capacidade aderente entre o aço e o concreto por meio do coeficiente η1 dependendo do tipo de
superfície do aço, apresentada neste trabalho como Tabela 2.
23

Tabela 2: Valor do coeficiente de aderência η1


Tipo de superfície η1
Lisa 1,00
Entalhada 1,40
Nervurada 2,25
Fonte: NBR 6118 (ABNT, 2014).

2.2.7 Massa específica do aço

Para armaduras passivas, ou seja, armaduras do concreto armado pode-se considerar o


valor de 7850 kg/m³ como sendo a massa específica do aço (ABNT, 2014).

2.2.8 Módulo de elasticidade do aço

Quando desconhecido o módulo de elasticidade do aço, pode-se adotar o valor de 210


GPa para armaduras passivas.

2.3 O ELEMENTO VIGA

Pela NBR 6118 (ABNT, 2014), vigas são elementos lineares em que a flexão é
preponderante. Fiorin (1998) também retrata as vigas como elementos estruturais de natureza
esbelta, que possuem as dimensões bem definidas, em que a largura (bw) e a altura (h) têm a
mesma ordem de grandeza e ambas são inferiores ao comprimento (l). Tem por finalidade
resistir aos esforços solicitantes de flexão, momento fletor e cortante, provenientes do peso das
paredes, lajes e ações de outras vigas. Além disso, as vigas têm importância para a segurança
do edifício, garantem estabilidade e travamento para o pórtico estrutural e buscam transferir
suas solicitações para os pilares, de modo a estabelecer o equilíbrio global do conjunto
(FIORIN, 1998).
Na NBR 6118 (ABNT, 2014) o dimensionamento e a verificação desse elemento são
tratados no capítulo 17 e o detalhamento no capítulo 18, mais especificamente no item 18.3.
24

2.4 DETALHAMENTO DE VIGAS SEGUNDO A NBR 6118 (ABNT, 2014)

Para a realização do detalhamento da armadura de vigas de concreto armado, é


interessante, primeiramente, conhecer o dimensionamento constante na NBR 6118 (ABNT,
2014) Projeto de estruturas em concreto, de modo que, ao se projetar a viga, entenda-se as
variações da quantidade de aço e das dimensões do elemento.
O dimensionamento tem por objetivo garantir segurança, conforto e estabilidade à
estrutura, se adequando as solicitações e deformações atuantes e respeitando as diretrizes
presentes na norma (SEELBACH, 2004).

2.4.1 Estados-limites

A NBR 6118 (ABNT, 2014) relaciona o dimensionamento com a verificação dos


estados-limites. Atender a eles, representa viabilizar e garantir segurança e durabilidade à obra.
Os estados-limites se dividem em duas categorias:
• Estado-Limite Último (ELU): utilizado para a obtenção dos esforços
necessários para o dimensionamento e detalhamento dos elementos estruturais.
• Estado-Limite de Serviço (ELS): relacionado com a análise da fissuração e da
deformação máxima do elemento durante sua vida útil.
As prescrições da NBR 6118 (ABNT, 2014) trazem hipóteses simplificadoras de
cálculo para o dimensionamento das peças de concreto armado, tais como:
• as seções transversais se mantêm planas após a deformação;
• as tensões de tração no concreto, normais à seção transversal, devem ser
desprezadas no ELU;
• o ELU é caracterizado quando a distribuição das deformações na seção
transversal pertencer a um dos domínios definidos na Figura 3,
25

Figura 3: Domínios de estado-limite último de uma seção transversal.

em que h é a altura da viga, d a altura útil, d’ a altura útil da armadura comprimida, as retas a e
b indicam, respectivamente, tração e compressão uniforme e os números 1 a 5 os domínios.
Segundo Seelbach (2004), o dimensionamento das vigas de concreto armado é
realizado entre os domínios 2, 3 e 4, entretanto, para o dimensionamento de vigas, o melhor
aproveitamento dos materiais ocorre no domínio 3. E, a NBR 6118 (ABNT, 2014) em seu item
14.6.4.3, ao recomendar que, para proporcionar o adequado comportamento dúctil em vigas, a
posição da linha neutra (x) no ELU deve obedecer ao limite de x/d ≤ 0,45 (para concretos com
fck ≤ 50 MPa), indica o ponto limite de dimensionamento neste domínio.
Os domínios servem para estabelecer o comportamento dos materiais do concreto
armado, prevendo em quais pontos ocorrerão as rupturas. Por exemplo, ao analisar o domínio
3 percebe-se que ambos os materiais estão trabalhando antes de chegar à ruptura total, ou seja,
o aço chega ao intervalo de escoamento paralelamente com a ruptura do concreto comprimido.
Esse domínio é comumente associado ao aviso prévio de ruptura, pois a flecha gerada pelo
escoamento do aço na viga de concreto armado resultará em pequenas fissurações no elemento
as quais indicarão o possível início de ruptura.
26

2.4.2 Altura útil (d)

A altura útil (d) é considerada como a distância, em uma seção transversal, da borda
mais comprimida ao cento de gravidade da armadura longitudinal tracionada. Possui
importância na determinação da altura da viga e no respeito à ductilidade do material.

2.4.3 Armadura longitudinal

A armadura longitudinal de vigas em concreto armado está associada com a colocação


de uma armadura passiva no interior da peça, sendo calculada a posição e quantidade necessária
de aço, de modo que o seu dimensionamento resista, principalmente, a esforços de tração na
flexão do elemento. O posicionamento dessa armadura abrange toda a extensão da viga até as
extremidades, onde serão devidamente ancoradas (SEELBACH, 2004).

2.4.3.1 Armadura longitudinal máxima

Pela NBR 6118 (ABNT ,2014) item 17.3.5.2.4: “A soma das armaduras de tração e de
compressão (As + As’), fora da zona de emendas, não pode ter valor maior que 4% da área da
seção transversal bruta de concreto (Ac), ou seja, a armadura longitudinal máxima (As,max) é
calculada pela equação (1).

𝐴𝑠,𝑚𝑎𝑥 = 4% . 𝑏𝑤 . ℎ (1)
Onde:
𝑏𝑤 representa a largura da viga;
E, ℎ representa a altura da viga.

2.4.3.2 Armadura longitudinal mínima

A NBR 6118 (ABNT, 2014) também estabelece imposições quanto a área mínima de
armadura de tração. Para armaduras longitudinais de vigas, no item 17.3.5.2.1, deve ser
respeitada a taxa de armadura mínima absoluta (min = As,min/Ac) de 0,15%, e a armadura
mínima de tração (As,min deve ser determinada pelo dimensionamento da seção a um momento
fletor mínimo dado pela equação (2)
27

𝑀𝑑,𝑚𝑖𝑛 = 0,8 𝑊0 𝑓𝑐𝑡𝑘,𝑠𝑢𝑝 (2)

onde: W0 é o módulo de resistência da seção transversal bruta de concreto, relativo à fibra mais
tracionada e igual a equação (3):
𝐼𝑐
𝑊0 = (3)
𝑦𝑡

Sendo 𝐼𝑐 o momento de inércia da seção bruta de concreto e 𝑦𝑡 a distância da linha neutra até a
fibra mais tracionada da seção;
E, fctk,sup a resistência característica superior do concreto à tração, definida no item 8.2.5 da
3
NBR 6118 (ABNT, 2014): 𝑓𝑐𝑡𝑘,𝑠𝑢𝑝 = 0,39 √𝑓𝑐𝑘 ².
De maneira alternativa, pode-se considerar como atendida as taxas de armadura mínima
seguindo os valores expostos na Tabela 3.
Tabela 3: Taxas mínimas de armadura de flexão para vigas

Fonte: NBR 6118 (ABNT, 2014).

2.4.3.3 Espaçamento mínimo entre as barras longitudinais

Pela NBR 6118 (ABNT, 2014) o espaçamento mínimo livre entre as faces de duas
barras longitudinais consecutivas é disposto no item 18.3.2.2 como sendo o maior entre os
seguintes valores:
• Para espaçamentos na direção horizontal (ah):
20𝑚𝑚;
𝑎ℎ ≥{ 𝑑𝑖â𝑚𝑒𝑡𝑟𝑜 𝑑𝑎 𝑏𝑎𝑟𝑟𝑎, 𝑑𝑜 𝑓𝑒𝑖𝑥𝑒 𝑜𝑢 𝑑𝑎 𝑙𝑢𝑣𝑎;
1,2 𝑣𝑒𝑧𝑒𝑠 𝑎 𝑑𝑖𝑚𝑒𝑛𝑠ã𝑜 𝑚á𝑥𝑖𝑚𝑎 𝑑𝑜 𝑎𝑔𝑟𝑒𝑔𝑎𝑑𝑜 𝑔𝑟𝑎ú𝑑𝑜.
28

• Para espaçamentos na direção vertical (av):


20𝑚𝑚;
𝑎𝑣 ≥ { 𝑑𝑖â𝑚𝑒𝑡𝑟𝑜 𝑑𝑎 𝑏𝑎𝑟𝑟𝑎, 𝑑𝑜 𝑓𝑒𝑖𝑥𝑒 𝑜𝑢 𝑑𝑎 𝑙𝑢𝑣𝑎;
0,5 𝑣𝑒𝑧𝑒𝑠 𝑎 𝑑𝑖𝑚𝑒𝑛𝑠ã𝑜 𝑚á𝑥𝑖𝑚𝑎 𝑑𝑜 𝑎𝑔𝑟𝑒𝑔𝑎𝑑𝑜 𝑔𝑟𝑎ú𝑑𝑜.

A Figura 4 exemplifica bem a disposição para o espaçamento das barras longitudinais.

Figura 4: Espaçamento entre barras longitudinais


Fonte: (SEELBACH, 2004).

E, em seu item 18.2.1 a NBR 6118 (ABNT, 2014) especifica que: “Os espaços devem
ser projetados para a introdução do vibrador e de modo a impedir a segregação dos agregados
e a ocorrência de vazios no interior do elemento estrutural”.

2.4.3.4 Armadura Dupla

A armadura dupla surge como artifício para lidar com imposições referente à altura da
viga, ou seja, quando a altura útil necessária é maior que a altura útil real do elemento. Tal
situação pode ocorrer quando se tem limitação da altura da viga, por imposições arquitetônicas
ou de projeto, ou econômicas, como no caso de momentos negativos dos apoios intermediários
de vigas contínuas resultarem em valores superiores aos momentos positivos dos vãos (Figura
5), uma vez que dimensionar a altura da viga para esse momento negativo pode se tornar
antieconômica, visto que, a altura necessária para os vãos estaria superdimensionada
(BASTOS, 2019). Em tal situação, calcular a altura da viga utilizando apenas os momentos
positivos e compensar aumentando o número de armadura na região comprimida da viga pode
se tornar uma solução viável.
29

Figura 5: Exemplificação de uma viga contínua com momento negativo superior ao positivo
Fonte: Autoria própria (Adaptado do Software Ftool).

A NBR 6118 (ABNT, 2014) aceita o uso da armadura dupla, ou como denominada
pela norma, armadura de compressão, se respeitado o item 17.2.3 “Ductilidade em vigas”. A
introdução da armadura dupla garante valores menores na posição da linha neutra (x), os quais
minimizam as chances de o elemento estar no domínio 4 (ruptura frágil sem aviso prévio).
Seelbach (2004) explica que o dimensionamento da armadura de compressão (dupla)
e uma armadura adicional de tração absorvem a diferença entre o momento de cálculo e o
momento de cálculo limite, ou seja, o momento limitado pela altura útil real da viga.
Ao se fazer assim, a área de concreto comprimido não mais considerada para a
resistência da seção é “compensada” pelo acréscimo de uma armadura longitudinal próxima à
borda comprimida, que irá auxiliar o concreto no trabalho de resistência às tensões de
compressão (BASTOS, 2019). Pela Figura 6, apresenta a parcela de armadura adicional na
região comprimida devido o momento

Figura 6: Seção retangular com armadura dupla


Fonte: (BASTOS, 2019).

Em resumo, pelas recomendações de Bastos (2019), se calcula o momento limite


tracionado pela equação (4):
30

𝑑². 𝑏𝑤
𝑀𝑑,𝑙𝑖𝑚 = (4)
𝐾𝑐

Sendo Kc = Valor tabelado para C25 e x/d = 0,45 (Anexo B).


Encontra a área de aço 𝐴𝑠1 equivalente a esse momento, equação (5):

𝑀𝑑,𝑙𝑖𝑚
𝐴𝑠1 = 𝐾𝑠 . (5)
𝑑

Sendo Ks: Valor tabelado (Anexo B) de aço correspondente a linha do Kc anterior.


Calcula a área de aço adicional 𝐴𝑠2 tracionada que resistirá a diferença do momento
atuante de cálculo com o momento limite tracionado através da equação (6):

𝛥𝑀
𝐴𝑠2 = (6)
(𝑑 − 𝑑 ′ )𝑓𝑦𝑑

Assim, encontra-se a área de aço total tracionada para a armadura dupla, equação (7):

𝐴𝑠,𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 = 𝐴𝑠1 + 𝐴𝑠2 (7)

Verifica-se também a parcela 𝐴𝑠′2 que será adicionada na região comprimida


conforme equação (8):

𝛥𝑀
𝐴𝑠′2 = (8)
(𝑑 − 𝑑 ′ )𝑓𝑠𝑑′2

Sendo 𝑓𝑠𝑑′2 , a resistência ao escoamento do aço, porém trabalhada no limite de


deformação do concreto e podendo apresentar resistências inferiores ao escoamento do aço.

2.4.3.5 Armadura de pele

Segundo a NBR 6118 (ABNT,2014) a armadura de pele (Figura 7) é indicada para


vigas com alturas superiores a 60 cm, sendo composta por barras adicionais de CA-50 ou CA-
60, dispostas em cada face lateral da viga, não podendo ser espaçadas, conforme item 18.3.5,
31

NBR 6118 (ABNT, 2014) mais que um terço da altura útil (d) e/ou 20 cm e ancoradas
devidamente nos apoios.
Além disso, recomenda-se a armadura mínima lateral de 0,10% da área da seção
transversal de alma (Ac,alma) para cada face e não sendo necessário uma armadura superior a
5cm²/m por face (ABNT NBR 6118, 2014).

Figura 7: Disposição da armadura de pele A sp em cada face da viga, com e ≤ 20cm e d > 60cm
Fonte: (BASTOS, 2019).

2.4.3.6 Emendas das barras

O uso de emendas para as barras de aço é justificável em casos onde o comprimento


necessário da barra é superior ao seu comprimento comercial, que é de 12,0 m. O item 9.5 da
NBR 6118 (ABNT, 2014) apresenta os seguintes tipos de emendas:
• por traspasse (mais usual);
• por luvas com preenchimento metálicos, rosqueadas ou prensadas;
• por solda;
• por outros dispositivos devidamente justificados.
As emendas mais utilizadas são por traspasse. Em seu item 9.5.2 e subitens a NBR
6118 (ABNT, 2014) especifica quais barras podem ser emendadas e em que proporção, qual o
comprimento de traspasse e como devem ser distribuídos as armaduras transversais nesse
trecho.
32

2.4.3.7 Distribuição da armadura longitudinal

Uma das maneiras de proporcionar economia no consumo de aço é fazendo a retirada


das barras de aço longitudinais em trechos que não necessitam do seu serviço (BASTOS, 2018).
No item 18.3.2.3 da NBR 6118 (ABNT, 2014) define-se qual o ponto de início no vão em que
pode ser retirada a barra da armadura longitudinal tracionada e sua respectiva ancoragem.
A ancoragem das barras de tração se inicia no ponto onde a tensão de tração da barra
da armadura reduz e começa a ser transferida para o concreto, ou seja, quando há a transição da
tensão de tração para compressão no elemento viga, no caso a tensão nula ou σs = 0 representa
o início dela. A ancoragem começará pela extremidade da base prolongando pelo menos 10 Ø
(dez vezes o diâmetro da barra) além do ponto teórico de tensão σs nula, não podendo ser
inferior ao comprimento de ancoragem básico necessário (𝑙𝑏,𝑛𝑒𝑐 ).
Assim, na armadura longitudinal de tração dos elementos estruturais solicitados por
flexão simples, o trecho de ancoragem da barra deve ter início no ponto A (Figura 8) do
diagrama de forças Fsd = Msd/z, em que Msd é o momento solicitante de cálculo e z o braço de
alavanca (distância entre os centros de gravidade da armadura tracionada e do volume de
concreto comprimido), decalado do comprimento 𝑎𝑙 .Esse diagrama equivale ao diagrama de
forças corrigido 𝐹𝑠𝑑,𝑐𝑜𝑟 .
Se a barra não for dobrada, o trecho de ancoragem deve prolongar-se além de B (Figura
8), no mínimo 10 Ø. Se a barra for dobrada, o início do dobramento pode coincidir com o ponto
B.
Ainda pela NBR 6118 (ABNT, 2014) “Nos pontos intermediários entre A e B, o
diagrama resistente linearizado deve cobrir o diagrama solicitante (Figura 8). Se o ponto A
estiver na face do apoio, ou além dela, e a força Fsd diminuir em direção ao centro de apoio, o
trecho de ancoragem deve ser medido a partir dessa face e deve obedecer ao disposto em
2.4.3.10 item b) desse trabalho.
33

Figura 8: Cobertura do diagrama de força de tração solicitante pelo diagrama resistente


Fonte: NBR 6118 (ABNT, 2014).

2.4.3.8 Ancoragem e aderência

A ancoragem é a fixação da barra de aço no concreto, de forma a garantir que os


esforços sejam transferidos de uma barra para outra na região emendada (PINHEIRO, 2007).
Segundo a NBR 6118 (ABNT, 2014, pg 35) “todas as barras das armaduras devem ser
ancoradas, de modo que os carregamentos os quais estão submetidas sejam completamente
transmitidos para o concreto”. Tal condição só será possível se a aderência entre o aço e o
concreto for adequada, para desta forma evitar o deslizamento das barras no interior do
concreto, assegurando a transmissão dos esforços das armaduras para o concreto (SEELBACH,
2004). A ancoragem poderá ser realizada por uma das seguintes formas:
• prolongamento reto das barras;
• prolongamento reto seguido de gancho;
• armaduras transversais soldadas;
• dispositivos especiais.
Os casos mais utilizados em obras são os prolongamentos retos das barras e os
prolongamentos com gancho. Tais utilizações estão vinculadas com a facilidade em executar
essas ancoragens e os seus custos se comparados aos outros.
34

O Software CAD/TQS possui como alternativa, além dos casos usuais, a utilização de
grampos como ancoragem, porém é adotado em últimos casos quando o comprimento de
ancoragem necessário com gancho ainda é superior a largura efetiva.
Um dos fatores que influenciam na ancoragem é a resistência de aderência da barra
(fbd), que é fortemente influenciada pela situação da barra, de modo que, a ancoragem ideal só
é garantida quando a aderência é uniforme em toda sua extensão (ABNT NBR 6118, 2014).
Para Pinheiro (2007), as condições de má e boa aderência são influenciadas por dois aspectos:
• altura da camada de concreto sobre a barra, cujo peso favorece o adensamento
para as camadas inferiores;
• nível ou altura da barra em relação a base do elemento; a exsudação forma uma
camada superficial que é mais porosa que o resto do concreto, prejudicando
assim na aderência das barras superiores.
De acordo com a NBR 6118 (ABNT, 2014), considera-se como em boa situação de
aderência os trechos das barras que estejam nas seguintes posições:
a) com inclinação maior que 45º sobre a horizontal;
b) horizontais ou com inclinação menor que 45º sobre a horizontal, desde que:
• para elementos estruturais com h < 60cm, localizado no máximo 30 cm acima
da face inferior do elemento ou da junta de concretagem mais próxima;
• para elementos estruturais com h ≥ 60 cm, localizados no mínimo 30 cm abaixo
da face superior do elemento ou da junta de concretagem mais próxima.
Trechos em outras posições, e quando do uso de formas deslizantes, também devem
ser considerados em má situação quanto à aderência (ABNT NBR 6118, 2014, p.34).
De maneira geral, pode-se exemplificar as situações como apresentado na Figura 9.
35

Figura 9: Situações de boa e má aderência em peças de concreto armado


Fonte: PROMON (1976).

2.4.3.8.1 Comprimento de ancoragem básico

A NBR 6118 (ABNT, 2014) define o comprimento de ancoragem básico (𝑙𝑏 ) como o
comprimento reto de uma barra de armadura passiva necessário para ancorar a força limite
(Asfyd), transmitindo ao longo de sua extensão uma resistência de aderência uniforme com valor
igual a 𝑓𝑏𝑑 .
O comprimento de ancoragem básico é obtido pela seguinte equação (9):

Ø 𝑓𝑦𝑑 (9)
𝑙𝑏 = . ≥ 25Ø
4 𝑓𝑏𝑑
sendo:
𝑙𝑏 = comprimento reto de ancoragem básico;
Ø = diâmetro da barra de aço;
𝑓𝑦𝑑 = resistência de escoamento de cálculo do aço;
𝑓𝑏𝑑 = tensão de aderência de cálculo entre concreto e a armadura passiva.
36

Devido a constância de quase todas as variáveis, essa equação pode ser padronizada
conforme apresentado na Tabela 1.5 b) do Anexo A (PINHEIRO, 2007), que fornece o valor
de comprimento de ancoragem básico (𝑙𝑏 ) para o aço CA-50, nervurado, levando-se em
consideração a resistência do concreto, o diâmetro da barra de aço e as situações de boa ou má
aderência, com ou sem gancho na extremidade da barra.

2.4.3.8.2 Ancoragem por prolongamento reto da barra, seguido ou não de gancho

A ancoragem das barras relacionadas com a armadura de tração pode ser feita ao longo
de um comprimento reto ou utilizando ganchos para os apoios das extremidades (ABNT, 2014).
Desde que estejam de acordo com as seguintes condições do item 9.4.2.1 da NBR 6118:
• uso obrigatório de ganchos para barras lisas;
• sem gancho nas regiões onde há alternância entre solicitações de compressão
e tração;
• com ou sem gancho para os demais casos, não sendo recomendado o gancho
para barras com diâmetro maior ou igual a 32mm.

Para saber o comprimento de ancoragem necessário (lb,nec), a NBR 6118 (ABNT, 2014)
em seu item 9.4.2.5 apresenta a equação (10) que correlaciona a área efetiva de aço (𝐴𝑠,𝑒𝑓 ) com
a calculada (𝐴𝑠,𝑐𝑎𝑙𝑐 ), o comprimento de ancoragem básico ( 𝑙𝑏 ) e a existência ou não de gancho
(𝛼).
𝐴𝑠,𝑐𝑎𝑙𝑐 (10)
𝑙𝑏,𝑛𝑒𝑐 = 𝛼 𝑙𝑏 ≥ 𝑙𝑏,𝑚𝑖𝑛
𝐴𝑠,𝑒𝑓
onde:
𝛼 = 1,0 para barras sem gancho;
𝛼 = 0,7 para barras tracionadas com gancho, com cobrimento no plano normal ao do
gancho ≥ 3 Ø ou quando houver barras transversais soldadas;
𝛼 = 0,5 quando houver barras transversais soldadas e gancho com cobrimento no plano
normal ao do gancho ≥ 3 Ø;
𝑙𝑏,𝑚𝑖𝑛 = maior valor entre 0,3 𝑙𝑏 , 10 Ø e 100mm.
37

Segundo a NBR 6118 (ABNT, 2014), em seu item 9.4.2.3, os ganchos podem ser:
• semicirculares, com ponta reta de comprimento  2Ø, Figura 10 c);
• em ângulo interno de 45º, com ponta reta de comprimento  4Ø, Figura 10 b);
• em ângulo reto, com ponta reta de comprimento  8Ø, Figura 10 a);
• para barras lisas, os ganchos devem ser semicirculares.

Para Bastos (2018) a ancoragem com gancho é utilizada em apoios com pequena
dimensão na direção da armadura ancorada, sendo comumente mais utilizado o gancho em
ângulo reto.

Figura 10: Caracterização dos ganchos nas barras tracionadas: a) em ângulo reto; b) em ângulo
interno de 45º; c) semicircular
Fonte: (BASTOS, 2018).

Além disso, o diâmetro interno da curvatura dos ganchos das armaduras longitudinais
de tração deve ser igual ou maior que o estabelecido na Tabela 4.
38

Tabela 4: Diâmetro dos pinos de dobramento

Fonte: NBR 6118 (ABNT, 2014).

2.4.3.8.3 Ancoragem por barras transversais soldadas

Uma maneira de melhorar a eficiência da ancoragem das barras longitudinais é


utilizando barras transversais soldadas (Figura 11). Pelo item 9.4.2.2 da NBR 6118 (ABNT,
2014) “Podem ser utilizadas várias barras transversais soldadas para a ancoragem de barras,
desde que:
• seja o diâmetro da barra soldada superior a 60% do diâmetro da barra
longitudinal Ø𝑡 ≥ 0,6 Ø;
• a distância da barra transversal ao ponto de início da ancoragem seja ≥ 5 Ø;
• a resistência ao cisalhamento da solda supere a força mínima de 0,3 Asfyd (30%
da resistência da barra ancorada).

Figura 11: Ancoragem com barras transversais soldadas


Fonte: NBR 6118 (ABNT,2014).

Para o caso de barra transversal única, segue-se as restrições constantes no item 9.4.7.1
NBR 6118 (ABNT, 2014):
• Ø𝑡 = Ø da barra ancorada;
39

• Ø  1/6 da menor dimensão do elemento estrutural na região da ancoragem ou


25 mm;
• o espaçamento entre as barras ancoradas não seja maior que 20 Ø;
• a solda de ligação das barras seja feita nos sentidos longitudinal e transversal
das barras, contornando completamente a área de contato das barras.

2.4.3.9 Decalagem da Armadura Longitudinal

Segundo Bastos (2018), a decalagem é realizada de modo a compatibilizar o valor da


força atuante na armadura tracionada com o valor da força determinada segundo o diagrama de
momento fletores de cálculo. O método consiste em dividir em parcelas os momentos máximos
positivo e negativo de maneira que a área de aço utilizada resista proporcionalmente a essas
parcelas (SEELBACH, 2004).
A NBR 6118 (ABNT,2014) prescreve no item 17.4.2.2: “Quando a armadura
longitudinal de tração for determinada através do equilíbrio de esforços na seção normal ao eixo
do elemento estrutural, os efeitos provocados pela fissuração oblíqua podem ser substituídos
no cálculo pela decalagem do diagrama de força no banzo tracionado”.
O diagrama de momento fletor deve ser deslocado de um valor 𝑎𝑙 dependente do
modelo de cálculo adotado para o dimensionamento da armadura transversal
(SEELBACH,2004), para o Modelo de Cálculo I tem-se a expressão da equação (11):

𝑉𝑆𝑑,𝑚á𝑥 (11)
𝑎𝑙 = 𝑑 [ (1 + 𝑐𝑜𝑡𝑔 𝛼) − 𝑐𝑜𝑡𝑔 𝛼] ≤ 𝑑
2(𝑉𝑆𝑑,𝑚á𝑥 − 𝑉𝑐 )
onde:
𝑎𝑙 = d, para | Vsd,máx | ≤ |𝑉𝑐 |;
𝑎𝑙 ≥ 0,5 d, no caso geral;
𝑎𝑙 ≥ 0,2 d, para estribos inclinados a 45°;
𝑉𝑆𝑑,𝑚á𝑥 = força cortante solicitante de cálculo máxima;
𝑉𝑐 = parcela da força cortante absorvida por mecanismo complementares ao da treliça.
2 3
Sendo em flexão simples, 𝑉𝑐 = 0,09 ∗ √𝑓𝑐𝑘 𝑏𝑤 𝑑.

Com estribos verticais (𝛼 = 90°) a expressão fica, equação (12):


40

𝑑 𝑉𝑆𝑑,𝑚á𝑥 (12)
𝑎𝑙 = ≤𝑑
2 (𝑉𝑆𝑑,𝑚á𝑥 − 𝑉𝑐 )

A decalagem do diagrama de força no banzo tracionado pode também ser obtida


simplesmente empregando a força de tração, em cada seção, dada pela expressão, equação (13):

𝑀𝑆𝑑 1 𝑀𝑆𝑑,𝑚á𝑥 (13)


𝐹𝑆𝑑,𝑐𝑜𝑟 = [ + 𝑉𝑆𝑑 (𝑐𝑜𝑡𝑔 𝜃 − 𝑐𝑜𝑡𝑔 𝛼) ] ≤
𝑧 2 𝑧
onde,
𝑀𝑆𝑑,𝑚á𝑥 = é o momento fletor de cálculo máximo no trecho em análise;
𝑉𝑆𝑑 = força cortante solicitante de cálculo;
𝜃 = é o ângulo de inclinação das bielas de compressão consideradas no
dimensionamento à força cortante;
𝑧 = braço de alavanca.

2.4.3.10 Ancoragem da armadura longitudinal positiva nos apoios

A ancoragem da armadura longitudinal positiva nos apoios de vigas é um dos


principais fatores que garantem a segurança estrutural do elemento, de modo a assegurar a
ancoragem da diagonal de compressão e garantir resistência ao momento fletor que surge
devido à decalagem (BASTOS, 2018).
De acordo com o item 18.3.2.4 da NBR 6118 (ABNT, 2014): “Os esforços de tração
junto aos apoios de vigas simples ou contínuas devem ser resistidos por armaduras longitudinais
que satisfaçam a mais severa das seguintes condições”:
a) no caso de ocorrência de momentos positivos, as armaduras obtidas através do
dimensionamento da seção;
b) em apoios extremos, para garantir a ancoragem da diagonal de compressão,
armaduras capazes de resistir a uma força de tração, equação (14):

𝑎𝑙 (14)
𝐹𝑠𝑑 = ( ) 𝑉𝑑 + 𝑁𝑑
𝑑
onde,
Vd é a força cortante no apoio;
Nd é a força de tração eventualmente existente.
41

c) em apoios extremos e intermediários, por prolongamento de uma parte da armadura


de tração do vão (As,vão), correspondente ao máximo momento positivo do tramo (Mvão), de
modo que:
1
𝐴𝑠,𝑣ã𝑜 𝑠𝑒 𝑀𝑎𝑝𝑜𝑖𝑜 = 0 𝑜𝑢 𝑛𝑒𝑔𝑎𝑡𝑖𝑣𝑜 𝑒 𝑑𝑒 𝑣𝑎𝑙𝑜𝑟 | 𝑀𝑎𝑝𝑜𝑖𝑜 | ≤ 0,5 ∗ 𝑀𝑣ã𝑜
𝐴𝑠,𝑎𝑝𝑜𝑖𝑜 ≥ { 3
1
𝐴 𝑠𝑒 𝑀𝑎𝑝𝑜𝑖𝑜 = 𝑛𝑒𝑔𝑎𝑡𝑖𝑣𝑜 𝑒 𝑑𝑒 𝑣𝑎𝑙𝑜𝑟 | 𝑀𝑎𝑝𝑜𝑖𝑜 | > 0,5 ∗ 𝑀𝑣ã𝑜
4 𝑠,𝑣ã𝑜

Quando se tratar do caso a), as ancoragens devem obedecer aos critérios da Figura 11.
Para os casos de b) e c), em apoios extremos, as barras das armaduras devem ser
ancoradas a partir da face do apoio, com comprimentos iguais ou superiores ao maior dos
seguintes valores:

• lb,nec;
• (r + 5,5 Ø), onde r é o raio de curvatura dos ganchos, conforme definido na
Tabela 4;
• 60 mm.

Quando houver cobrimento da barra no trecho do gancho, medido normalmente ao


plano do gancho, de pelo menos 70 mm, e as ações acidentais não ocorrerem com grande
frequência com seu valor máximo, o primeiro dos três valores anteriores pode ser
desconsiderado, prevalecendo as duas condições restantes.
Para os casos b) e c), em apoios intermediários, o comprimento de ancoragem pode
ser igual a 10 Ø, desde que não haja qualquer possibilidade de ocorrência de momentos
positivos na região dos apoios, provocados por situações imprevistas, particularmente por
efeitos de vento e eventuais recalques. Quando essa possibilidade existir, as barras devem ser
contínuas ou emendadas sobre o apoio. A Figura 12 exemplifica tal situação, onde no ponto A
(fora do apoio), ocorre a interseção da barra com o diagrama de momento fletor decalado,
podendo, assim, ser ancorada a partir da face do apoio em 10 Ø.
42

Figura 12: Exemplificação da ancoragem em apoios intermediários com apenas momentos positivos.
Fonte: (BASTOS, 2018).

2.4.3.11 Ancoragem da armadura longitudinal negativa no apoio

Embora a NBR 6118:2014 não estabeleça nenhum critério para a ancoragem da


armadura negativa nos apoios, alguns autores referenciam a maneira como deve ser executada
essa etapa. Para LEONHARDT e MONNIG (1982) o comprimento do gancho deve-se estender
35 Ø além do centro do pino de dobramento (Figura 13).

Figura 13: Comprimento do gancho da armadura negativa no pilar


Fonte LEONHARDT e MONNIG (1982).
43

Também estabelece que os estribos do pilar nessa região deverão preencher um trecho
de 2b + h e ter um espaçamento menor ou igual a 10 cm (Figura 14).

Figura 14: Detalhamento indicado para a armadura negativa


Fonte: LEONHARDT e MONNIG (1982).

Já o Professor Jackson Antônio Carelli (CARELLI, 2011) utiliza o comprimento de


ancoragem necessário (lb,nec) como valor para o comprimento do gancho, podendo utilizar
para o cálculo da área de aço “𝐴𝑠,𝑐𝑎𝑙𝑐 ” a equação (5), substituindo o Mlim pelo momento atuante
no apoio.
Quando esse comprimento do gancho for superior à altura da viga e tiver que ocupar
o espaço de um pilar já concretado, pode-se buscar soluções alternativas para resolver o
problema de ancoragem. Carelli (2011) apresenta como solução, a utilização de um segundo
gancho na parte inferior da viga: “caso o valor de lb,nec não caiba na altura da viga
(normalmente o pilar já está concretado), pode-se adotar um gancho na extremidade da barra”.
Se ainda assim não for possível, poderá especificar no projeto a necessidade que o pilar inferior
não seja concretado em sua totalidade.
44

2.4.4 Armadura transversal

A armadura transversal (Asw) é a responsável em resistir aos esforços cortantes


cisalhantes na viga. Pode ser constituída por estribos ou estribos e barras dobradas, de modo
que envolva toda a armadura longitudinal (ABNT, 2014).
Nas regiões de maiores intensidades das forças cortantes, a situação mais favorável
para colocação dos estribos seria a 45º da linha vertical e perpendiculares às fissuras. Entretanto,
por facilidade na execução, os estribos são normalmente posicionados na direção vertical da
viga (BASTOS, 2017).
Pela NBR 6118 (ABNT, 2014) adotam-se dois modelos de cálculo para
dimensionamento da armadura à força cortante na viga, que se baseia na treliça clássica de
Ritter-Morch (Figura 15), de banzos paralelos, associado a mecanismos resistentes
complementares desenvolvidos no interior do elemento estrutural e traduzidos por uma
componente adicional Vc.
O Modelo de Cálculo I admite a angulação θ de 45º entre as bielas de compressão do
concreto com o eixo longitudinal da viga, aceitando também o valor constante para Vc,
independente da Vsd (força solicitante de cálculo) (BASTOS, 2017).

Figura 15: Exemplificação da treliça de Ritter-Morch


Fonte: PINHEIRO (2007).

Já para o Modelo de Cálculo II, a NBR 6118 (ABNT, 2014) admite que o ângulo de
compressão das diagonais (θ) varie entre 30º e 45º, de modo que a parcela Vc reduza conforme
o aumento de Vsd. “Ao admitir ângulos  inferiores a 45 a norma adota a chamada “treliça
generalizada””, a qual se opõem a treliça clássica, resultando em armaduras transversais menos
conservadoras (BASTOS, 2017).
45

2.4.4.1 Armadura transversal mínima

Para o cálculo da armadura transversal mínima, a NBR 6118 (ABNT, 2014) estabelece
em seu item 17.4.1.1.1 que “todos os elementos lineares submetidos a forças cortantes devem
conter armadura transversal mínima constituída por estribos, com taxa geométrica igual a
fornecida pela equação (15):
𝐴𝑠𝑤 𝑓𝑐𝑡,𝑚 (15)
𝜌𝑠𝑤 = ≥ 0,2
𝑏𝑤 𝑠 𝑠𝑒𝑛𝛼 𝑓𝑦𝑤𝑘
sendo:
Asw = área da seção transversal do estribo;
s = espaçamento entre os estribos na direção longitudinal;
α = inclinação do estribo em relação ao eixo longitudinal do elemento;
bw = largura média da alma;
𝑓𝑦𝑤𝑘 = Resistência de escoamento do aço.
𝑓𝑐𝑡,𝑚 = Resistência a tração do concreto, que para as classes de concreto até C50 é
calculada pela equação (16):

3
𝑓𝑐𝑡,𝑚 = 0,3√𝑓𝑐𝑘 ² com 𝑓𝑐𝑘 em MPa; (16)

2.4.4.2 Diâmetro do estribo

Pelas prescrições contidas no item 18.3.2.2 da NBR 6118 (ABNT, 2014), o diâmetro
do estribo precisa estar contido nos seguintes intervalos:
• ser maior ou igual a 5 mm e inferior a 1/10 da largura da alma da viga;
• não ser superior a 12 mm em barras lisas;
• em telas soldadas pode ser reduzido a 4,2 mm, tomando-se cuidados com a
corrosão da armadura.

2.4.4.3 Espaçamentos mínimos e máximos longitudinal e entre ramos verticais dos


estribos

Segundo o item 18.3.3.2 da NBR 6118 (ABNT, 2014) “o espaçamento mínimo entre
estribos, medido segundo o eixo longitudinal do elemento estrutural, deve ser suficiente para
46

permitir a passagem do vibrador, garantindo um bom adensamento da massa”. E, o espaçamento


máximo (smáx) deve atender às seguintes condições:
• se Vd ≤ 0,67 VRd2 , então smáx = 0,6 d ≤ 300 mm;
• se Vd > 0,67 VRd2 , então smáx = 0,3 d ≤ 200 mm.

Ainda segundo o mesmo item, o espaçamento transversal máximo (st,máx) entre ramos
sucessivos da armadura constituída por estribos é:
• se 𝑉𝑑 ≤ 0,20 𝑉𝑅𝑑2, então 𝑠𝑡,𝑚𝑎𝑥 = d ≤ 800 mm;
• se 𝑉𝑑 > 0,20 𝑉𝑅𝑑2, então 𝑠𝑡,𝑚𝑎𝑥 = 0,6 d ≤ 350 mm.

Esse espaçamento serve para definir qual o número de ramos verticais especificado
para os estribos montados nos elementos, uma vez que, em vigas com larguras elevadas
(superiores a 40 cm) terão a necessidade de aumentar o número de ramos verticais no perfil
(BASTOS, 2017).

2.4.4.4 Ancoragem do Estribo

A NBR 6118 (ABNT, 2014) estabelece em seu item 9.4.6 que “a ancoragem dos
estribos deve necessariamente ser garantida por meio de ganchos ou barras longitudinais
soldadas.”
Os ganchos dos estribos podem ser:
• Semicirculares, Figura 16 a), ou em ângulo interno de 45°, Figura 16 b), com
ponta reta de comprimento igual a 5 Ø𝑡 , porém não inferior a 5 cm;
• em ângulo reto, com ponta reta de comprimento maior ou igual a 10 Ø𝑡 , porém
não inferior a 7 cm, Figura 16 c), sendo que este tipo de gancho não pode ser
utilizado para barras e fios lisos.

O diâmetro interno da curvatura dos estribos deve ser no mínimo igual ao valor
apresentado na Tabela 5.
47

Tabela 5: Diâmetro dos pinos de dobramento para estribos

Fonte: NBR 6118 (ABNT, 2014).

Figura 16: Tipos de ganchos para o estribo: a) semicircular; b) em ângulo interno igual a 45º;
c) em ângulo reto, d) estribo com ancoragem em ângulo reto.
Fonte: BASTOS (2017).

Para o caso de ancoragem com barras transversais soldadas, deve-se garantir a


resistência ao cisalhamento da solda para uma força mínima de Asfyd e respeitando as seguintes
condições, item 9.4.6.2 da NBR 6118 (ABNT, 2014):
48

• duas barras soldadas com diâmetro Ø𝑡1 > 0,7 Ø𝑡 para estribos constituídos por
um ou dois ramos;
• uma barra soldada com diâmetro Ø𝑡1 ≥ 1,4 Ø𝑡 , para estribos de dois ramos.

A NBR 6118 (ABNT, 2014) também aceita a utilização de outros dispositivos


mecânicos se atendidas as condições do item 9.4.7.

2.4.4.5 Armadura de Suspensão

Quando há o cruzamento entre duas vigas, onde uma se apoia na outra, há a


necessidade de utilizar uma armadura adicional denominada de armadura de suspensão. O
intuito dessa armadura é de garantir a transferência dos carregamentos da viga superior para a
viga suportada (SEELBACH, 2004).
Bastos (2017) exemplifica os tipos de apoios para as cargas das vigas (Figura 17),
quando a viga é apoiada em cima de um pilar denomina-se de apoio direto, se apoiada em outra
viga chama-se de apoio indireto.

Figura 17: Apoios direto e indireto em vigas de concreto armado


Fonte: BASTOS (2017).

Em casos de apoio indireto, a NBR 6118 (ABNT, 2014), item 18.3.6, recomenda o uso
da armadura de suspensão. “Nas proximidades de cargas concentradas transmitidas à viga por
outras vigas ou elementos discretos que nela se apoiem ao longo ou em parte de sua altura, ou
fiquem nela pendurados, deve ser colocada armadura de suspensão”.
Quando a face da viga apoiada e de apoio estiverem no mesmo nível, pode-se calcular
a área de armadura de suspensão (As,susp) seguindo a equação (17) recomendada por Bastos
(2017):
49

𝑉𝑑 (17)
𝐴𝑠,𝑠𝑢𝑠𝑝 =
𝑓𝑦𝑑

Sendo, Vd a força cortante atuante de cálculo da viga apoiada na viga de apoio e fyd a
resistência de escoamento de cálculo do aço.
A armadura 𝐴𝑠,𝑠𝑢𝑠𝑝 deverá ser distribuída na região de encontro entre as duas vigas
através de estribos, podendo ser colocados todos na viga que serve de apoio ou considerando
30% da 𝐴𝑠,𝑠𝑢𝑠𝑝 na viga apoiada e o restante na viga de apoio (BASTOS, 2017). Além disso, o
espaçamento dos estribos deverá abranger um comprimento maior ou igual que a altura da viga
de apoio, e, no caso que há a utilização da armadura de suspensão na viga apoiada, também
deverá respeitar o comprimento de distribuição de metade da altura apoiada (Figura 18).

Figura 18: Detalhamento da armadura de suspensão no encontro entre as duas vigas, sendo hapoio =
altura da viga de apoio e ha = altura da viga apoiada
Fonte: BASTOS (2017).

Em casos que a viga de apoio esteja em um nível diferente que a viga apoiada, deverá
reavaliar a equação (17) para melhor se adequar a esses resultados.

2.5 SOFTWARE CAD/TQS

O software CAD/TQS é um programa utilizado para o cálculo estrutural de concreto


armado, concreto protendido, alvenaria estrutural e estruturas pré-moldadas. O seu
desenvolvimento está totalmente integrado com as normas técnicas, portanto adaptado à ABNT
50

NBR 6118:2014, fornecendo, assim, a elaboração e representação de projetos estruturais,


englobando todas as concepções estruturais do projeto, desde a análise de esforços,
dimensionamento e detalhamento de armaduras até a emissão das plantas finais (CAD/TQS,
2021).
No tratamento de vigas, o CAD/TQS UNIPRO v21 (2019) oferece recursos para o
dimensionamento, detalhamento e desenho de vigas considerando diversas situações de cálculo
de forma automática, tais como:
• variação das dimensões da viga de vão para vão (largura e altura);
• vigas com variação de seção no meio do vão, variação não linear, também são
possíveis, mas o cálculo e o detalhamento são realizados de forma aproximada;
• consideração dos diversos carregamentos provenientes do cálculo do pórtico
espacial;
• solicitações: força normal, força cortante, momento fletor e momento de torção;
• detalhamento das armaduras longitudinais de flexão, superiores e inferiores;
• detalhamento das armaduras transversais com 2, 4 ou 6 ramos;
• detalhamento da armadura lateral;
• detalhamento das armaduras complementares: porta-estribos, arranques,
grampos de ancoragem, etc.;
• representação gráfica longitudinal e em cortes dos elementos estruturais.
51

3 METODOLOGIA

O presente trabalho possui função descritiva e de caráter qualitativo (SAMPIERI,


2006), pois expressa criticamente a esquematização concebida no programa CAD/TQS v21
para o dimensionamento e detalhamento de vigas em concreto armado, combatendo suas
resoluções por meio de referenciais teóricos, comparações de resultados, e principalmente
fazendo uso das prescrições das normas brasileiras para estabelecer validações dos seus
processos.
Para que a verificação do detalhamento estrutural gerado pelo programa CAD/TQS
v.21 primeiramente fez-se o pré-dimensionamento dos elementos estruturais determinando suas
dimensões. Posteriormente fez-se o lançamento dos elementos dentro do programa, com a
introdução de pilares, vigas e lajes e também os seus valores de sobrecarga conforme a NBR
6120 - Cargas para o cálculo de estruturas de edificações (ABNT, 2019). Especificou-se o
modelo de cálculo e análise estrutural e procedeu-se o dimensionamento da estrutura.
Escolheu-se uma viga específica para aferir a questão de detalhamento, fazendo-se,
posteriormente, alterações em suas dimensões para que a peça se encaixasse em todos os itens
propostos nos objetivos específicos.
No total será verificado o detalhamento de quatro casos diferentes gerados pelo
programa CAD/TQS v.21, sendo o primeiro para a situação normal da viga, o segundo com a
adição da armadura de pele, o terceiro criando um vínculo de apoio indireto para a armadura de
suspensão e o quarto com o uso de armadura dupla, expondo as soluções encontradas e
comparando-as com as soluções abordadas na literatura, verificando também a questão
executiva. A Figura 19 apresenta um diagrama das etapas realizadas no trabalho.

Projeto Arquitetônico
Posicionamento das vigas e pilares

Pré-dimensionamento
Determinação da dimensão dos elementos

Simulação no programa CAD/TQS


Análise dos esforços, dimensionamento e detalhamento das vigas

Verificação dos resultados


Comparativo dos detalhamentos com as especificações da ABNT NBR 6118:2014

Figura 19: Diagrama das etapas para realização do trabalho


Fonte: Autoria própria.
52

3.1 PROJETO ARQUITETÔNICO E PRÉ-DIMENSIONAMENTO

Para a análise do detalhamento da viga, definiu-se primeiro o projeto arquitetônico.


No intuito de simplificar o lançamento do pórtico estrutural e trazer um modelo mais usual,
optou-se pela utilização de um projeto arquitetônico de casas populares, no caso, um projeto
padrão disponibilizado pela Caixa Econômica Federal para casas populares (CAIXA, 2006).
O modelo arquitetônico utilizado é apresentado na Figura 20, sendo uma residência
popular unifamiliar com pavimento térreo e área de 36,84m².

Figura 20: Planta baixa do projeto arquitetônico analisado


Fonte: Caixa (2006).
Também fez-se o uso dessa publicação da Caixa Econômica Federal (CAIXA, 2006)
para determinar o pré-dimensionamento das lajes e da fundação, visto que, no seu memorial
descritivo constavam as dimensões desses elementos estruturais. Como o projeto da Caixa era
em alvenaria estrutural, e o intuito neste trabalho é analisar uma estrutura em concreto armado
convencional, criaram-se vigas baldrames, pilares e vigas para o pavimento térreo.
53

As dimensões dos elementos estruturais definidas no pré-dimensionamento podem ser


observadas na Tabela 6.

Tabela 6 – Dimensões adotadas para os elementos estruturais


Elemento Dimensões (cm)
Fundação – sapatas 60 x 60
Pilares 20 x 20
Vigas baldrames 20 x 30
Vigas pavimento térreo 20 x 30
Lajes pré-fabricadas h = 12 cm
Sobrecarga 0,15 tf.m

3.2 SIMULAÇÃO NO PROGRAMA CAD/TQS

Após ter definido o projeto arquitetônico, iniciou-se a inserção dos dados dentro do
programa CAD TQS UNIPRO v.21. Dentre os critérios estabelecidos para a criação de uma
nova edificação, foi necessário escolher o modelo de cálculo, a classe de agressividade
ambiental, a resistência do concreto e o cobrimento mínimo das armaduras. Os valores adotados
estão apresentados na Tabela 7.

Tabela 7 - Parâmetro adotados na análise estrutural


Modelo de Cálculo VI – Modelo de vigas, pilares e lajes
Classe de Agressividade Ambiental II (Moderada) – ambiente urbano
fck adotado (MPa) 25
Cobrimento de vigas (mm) 30

A criação dos pavimentos dividiu-se entre fundação e térreo, fazendo-se


respectivamente o lançamento de todos os elementos estruturais. Na fundação utilizaram-se
sapatas com dimensões de 60 x 60 cm, sendo adicionadas uma para cada pilar. Na Figura 21
pode-se observar a planta de fôrmas do pavimento fundação, em que se pode ver a posição das
sapatas (S) e vigas baldrames (VB) com a localização dos pilares (P).
54

Figura 21: Planta de formas do pavimento fundação.


Fonte: CAD/TQS UNIPRO v.21.

Os pilares foram primeiramente posicionados nas extremidades da planta baixa e


posteriormente no ponto médio dos maiores vãos, de modo que, ao se lançarem as vigas do
pavimento térreo, essas constituíram-se como exemplos de vigas em apoios direto e indireto.
As dimensões de todos os pilares foram fixadas no valor de 20 x 20 cm.
No lançamento das vigas optou-se por continuar com a largura de 20 cm dos pilares e
para a altura, fez o pré-dimensionamento adotando-se a estimativa de 1/10 do comprimento da
viga (PINHEIRO, 2007). Como todas as vigas possuíam vãos com comprimentos aproximados
de três metros, fixou-se a altura (h) em 30 cm.
Após isso, ocorreu o lançamento das lajes no pavimento térreo. A laje especificada no
Cadernos Caixa (CAIXA, 2006) para a referida residência é a pré-fabricada, composta por
vigotas de 8 cm, lajotas e capa de concreto estrutural de 2 cm. Entretanto, ao repassar essas
informações para o programa, ele limitou a espessura mínima da capa em 4 cm. Tal restrição
segue a diretriz da NBR 6118 (ABNT, 2014) no item 13.2.4.2 que limita a espessura da laje a
um valor mínimo de 4 cm.
55

Também, definiu-se os critérios gerais situados na aba: “editar > edificação” que
auxilia para a realização do detalhamento com maior proximidade a NBR 6118 (ABNT, 2014).
Nestes critérios é onde se especificam o cálculo para a ancoragem, a disposição das armaduras
e informações gráficas dos desenhos. Todos os critérios configurados para esse trabalho estão
disponíveis no Apêndice A.
Fez-se o processamento global da edificação, especificando-se a análise para o
dimensionamento, detalhamento e desenho das vigas. Com isso gerou-se o relatório para cada
viga lançada, que possibilitou o estudo do detalhamento sobre a viga escolhida.
A viga de escolha foi aquela mais solicitada, ou seja, a que estava posicionada no meio
da edificação e que, também, facilita a exemplificação dos demais casos de estudo. Pela
numeração adotada no programa e apresentada na Figura 22, a viga escolhida é a V105.

Figura 22: Planta de fôrmas do pavimento térreo


Fonte: CAD/TQS UNIPRO v.21.
56

3.3 VERIFICAÇÃO DOS RESULTADOS

Trata-se da comparação do detalhamento apresentado pelo programa CAD/TQS


UNIPRO v2.1 com o especificado na NBR 6118 (ABNT, 2014) na análise de quatro casos,
apresentados a seguir. Cada caso apresenta uma particularidade no detalhamento que pode ser
estudada e interpretada pela NBR 6118:2014.

3.3.1 Viga V105

O primeiro caso de análise foi a viga com as dimensões de 20 cm de largura por 30 cm


de altura, a qual serviu de parâmetro para a investigação dos casos mais simples do
detalhamento. Com ela pode-se determinar fatores importantes para o detalhamento da
armadura longitudinal, tais como:
• determinação do comprimento final das barras;
• determinação do espaçamento entre as barras;
• determinação do número de barras que irão até os apoios;
• determinação do comprimento de ancoragem;
• determinação no escalonamento das barras;
• detalhamento das ancoragens nas extremidades;
• detalhamento da armadura transversal;
• Dimensionamento e detalhamento da armadura na representação gráfica.
Os demais casos analisados terão como referência esse modelo de viga utilizado,
podendo aproveitar os mesmos carregamentos, dimensões ou comparativos de detalhamento.
Também será estudada a viga V101 para servir como referência com o caso da armadura de
suspensão que será esclarecida posteriormente no item 3.3.4.

3.3.2 Viga V105-AP

A segunda análise será feita para o caso que demanda a armadura de pele. Sua
composição é igual à da viga de referência V105, entretanto com a altura da viga alterada para
61 cm de modo que contemple a condição da norma de que vigas com alturas superiores a 60
57

cm necessitam da armadura de pele. Logo, a viga estudada terá as dimensões 20 cm de largura


por 61 cm de altura e será denominada V105-AP.

3.3.3 Viga V105-AD

O terceiro caso de análise será a viga com armadura dupla. A composição para a
armadura dupla é feita em cima do modelo da viga de referência V105, em que se utiliza seu
diagrama de momentos fletores para determinar o momento máximo solicitante de cálculo.
Assim, é possível dimensionar a altura útil mínima para tal esforço atuante para que trabalhe
com armadura simples, de modo a adotar a altura da peça para um valor inferior a esse.
O cálculo para estimativa da altura útil mínima (dmin) é feito com a seguinte expressão
(BASTOS, 2019):

𝑀𝑑 . 𝐾𝑐
𝑑𝑚𝑖𝑛 = √
𝑏𝑤

sendo,
𝑀𝑑 o momento máximo atuante (kN.cm);
𝑏𝑤 a largura da viga (cm);
𝐾𝑐 = parâmetro tabelado (em Anexo B na Tabela A-2), para concreto C25 e relação
x/d = 0,45 (limite de ductilidade estipulado pela NBR 6118 (ABNT, 2014), é igual a 2,2.
Utilizando o relatório da viga padrão V105, o momento máximo atuante é de -2,11 tf.m
ou 2.110 kN.cm e ocorre no pilar central P5. Assim tem-se que:

𝑀𝑑 . 𝐾𝑐 1,4.2110.2,2
𝑑𝑚𝑖𝑛 = √ = √ = 18,02 𝑐𝑚
𝑏𝑤 20

Sabendo-se que a altura útil mínima precisa ser inferior à dimensão lançada no
programa, qualquer valor abaixo de h = 𝑑𝑚𝑖𝑛 + 𝑑′ = 18,02 + 3,50 = 21,52 cm é ideal para a
análise da armadura dupla. Todavia, deve-se levar em consideração que ao reduzir a altura da
viga, também se reduzirá o esforço do peso próprio, logo o momento máximo atuante será
inferior ao estipulado. Para se ter certeza adotou-se a altura da viga de 20 cm e realizou o
processamento do edifício, obtendo-se o novo valor de momento fletor máximo e a altura útil
mínima para armadura simples, que são respectivamente, -1,80 tf.m e:
58

𝑀𝑑 . 𝐾𝑐 1,4.1800.2,2
𝑑𝑚𝑖𝑛 = √ = √ = 16,65 𝑐𝑚
𝑏𝑤 20

A altura útil ‘d’ que consta no relatório da viga V105-AD indica o valor de 15,7 cm,
portanto d ≤ dmin.

3.3.4 Viga V105-AS

O quarto caso ou V105-AS é o que trata do uso da armadura de suspensão, condição


que ocorre quando uma viga se apoia sobre a outra. Para que isso fosse feito, removeu-se o pilar
P2 no pavimento térreo que apoiava a viga de referência V105, fazendo com que a mesma
apoie-se na viga V101 (Figura 23). As dimensões de ambas as vigas continuaram com a largura
de 20 cm e altura de 30 cm seguindo o indicado no modelo referência.

Figura 23: Detalhe da planta baixa com a retirada do pilar P2


Fonte: CAD/TQS UNIPRO v21.
59

Para esse caso, serão analisadas tanto a viga apoiada V105 quanto a viga de apoio
V101, denominadas de V105-AS e V101-AS, respectivamente.
A exemplificação de todos os estudos, está exposta na Tabela 8, que indica cada caso,
a sua descrição, características e dimensões utilizadas.

Tabela 8 – Especificação dos casos a serem estudados.


Vigas Dimensões
Caso Descrição Características
estudadas (cm)
V105
Projeto padrão – viga Viga como no projeto
V105 e 20 x 30
referência. Caixa
V101
Projeto padrão – viga Viga com altura
V105-AP V105-AP 20 x 61
com armadura de pele. superior a 60 cm
Projeto padrão – viga Viga com altura
V105 - AD V105-AD 20 x 20
com armadura dupla. inferior à altura mínima
V105-AS
Viga com armadura de Retirada do pilar P2 da
V105 - AS e 20 x 30
suspensão. extremidade
V101-AS
Fonte: Autoria própria.

Após analisado cada caso, serão apresentados novos desenhos das mesmas vigas com
o detalhamento julgado pelo autor como melhor adequado a NBR 6118:2014. Para isso foi
utilizado o software AutoCad o qual permite a importação dos desenhos gerados no CAD/TQS
UNIPRO v21.
60

4 RESULTADOS

4.1 VIGA V105

Considerando-se a situação da viga V105 como sendo contínua e com a existência de


dois vãos com comprimentos iguais ao longo de sua extensão, dividiu-se o seu detalhamento
em apenas um caso que será o mesmo para cada vão da viga.
Na Figura 24 apresenta-se o diagrama de momentos fletores para a viga V105 e na
Tabela 9 um resumo dos resultados gerados pelo relatório do programa CAD/TQS UNIPRO
v21. para a viga V105, ambos utilizados para a análise dos resultados.

Figura 24: Diagrama de momentos fletores da viga V105.


Fonte: CAD/TQS UNIPRO v21.

4.1.1.1 VÃO 01 – V105

Este possui no seu detalhamento longitudinal duas barras de aço contínuas de 10,0 mm
para a armadura positiva e quatro barras de aço de 10,0 mm para a armadura negativa no apoio
intermediário (P5), além do escalonamento até a região dos apoios extremos, onde há a redução
da armadura negativa para duas barras de aço de 10,0 mm (Figura 25).
A disposição construtiva das barras de aço respeita os espaçamentos mínimos
indicados no item 2.4.3.3, que estabelece para o espaçamento mínimo horizontal (𝑎ℎ ) o valor
de 22,8 mm e o espaçamento mínimo vertical (𝑎𝑣 ) de 20,0 mm, ambos os casos considerando
a utilização da brita 1 (que possui o diâmetro máximo de 19 mm) como agregado graúdo na
composição do concreto.
61

Figura 25: Desenho das armaduras na viga V105


Fonte: CAD/TQS UNIPRO v.21.

Pelo detalhamento apresentado na Figura 25 nota-se que a disposição das 4 barras da


armadura negativa em uma única camada, que resulta em um espaçamento horizontal
disponível (ah,disp) entre duas barras consecutivas de:

𝑏𝑤− 2.c –4.Ø−2.Ø𝑡 20−2.3−4.1,0−2.0,5


𝑎ℎ,𝑑𝑖𝑠𝑝 = = = 3,0 cm ≥ 2,28 cm = 𝑎ℎ
𝑛º𝑏𝑎𝑟𝑟𝑎𝑠−1 4−1

Entretanto, de acordo com o disposto no item 18.2.1 da NBR 6118 (ABNT,2014), o


espaçamento deve garantir a passagem do vibrador para o correto adensamento do concreto.
Com um espaçamento horizontal disponível de 3,0 cm, terá apenas uma opção de vibrador
comercialmente aceito, conforme a Associação Brasileira de Cimento Portland (GOULART,
2005) “A maioria dos trabalhos, utilizam-se vibradores com diâmetros que variam de 25 a 75
mm.”. Logo, ainda que correto à norma, será prejudicial para a execução, uma vez que,
restringirá o diâmetro da agulha para apenas um modelo de vibrador e não garantirá a boa
trabalhabilidade no adensamento, visto que, num espaço de 3,0 cm é difícil a imersão da agulha
sem que ocorra o contato com as ferragens da armadura.
Quanto ao espaçamento vertical, não houve existência de uma segunda camada de
barras, portanto não há necessidade de sua verificação.
62

Tabela 9: Relatório simplificado de esforços e área de aço do CAD/TQS para a viga V105.
Vão 01
Viga V105 Apoio Dimensionamento no Apoio
Esquerdo (P1) meio do vão Intermediário (P2)
Momento atuante 0,40 tf.m 1,15 tf.m 2,11 tf.m
Área de aço calculada 1,26 cm² 1,47 cm² 2,82 cm²
Área de aço efetiva 1,57 cm² 1,57 cm² 3,14 cm²
Cortante atuante 2,03 tf 0 3,05 tf
Armadura transversal calculada
ou mínima 2,80 cm²/m 2,80 cm²/m 2,80 cm²/m
Armadura transversal efetiva 3,26 cm²/m 4,16 cm²/m 3,26 cm²/m
Vão 02
Viga V105 Apoio Direito Dimensionamento no Apoio
(P3) meio do vão Intermediário (P2)
Momento atuante 0,41 tf.m 1,16 tf.m 2,11 tf.m
Área de aço calculada 1,26 cm² 1,48 cm² 2,82 cm²
Área de aço efetiva 1,57 cm² 1,57 cm² 3,14 cm²
Cortante atuante 2,03 tf 0 3,05 tf
Armadura transversal calculada
ou mínima 2,80 cm²/m 2,80 cm²/m 2,80 cm²/m
Armadura transversal efetiva 3,26 cm²/m 4,16 cm²/m 3,26 cm²/m
Fonte: Autoria própria.

4.1.1.2 Ancoragem da Armadura

O estudo da ancoragem positiva se inicia no apoio P2, pilar de extremidade, que possui
uma ancoragem de 31,0 cm, sendo desses, 17,0 cm longitudinal e outros 14 cm verticais para a
execução do gancho. A princípio tais valores estão adequados à norma, pois respeitam o espaço
disponibilizado pela largura do pilar e o comprimento mínimo do gancho de 8 Ø (Figura 10).
Entretanto, o programa não apresentou outras opções de gancho além do ângulo reto de 90°.
A adoção do gancho na ancoragem do apoio é questionável considerando que as
condições b) e c) estabelecidas no item 2.4.3.10 desse trabalho, indicam que a armadura
calculada para o apoio (𝐴𝑠,𝑎𝑝𝑜𝑖𝑜 ) será a maior entre:

𝑎𝑙 25,7
𝐹𝑠𝑑 ( 𝑑 ) 𝑉𝑑 + 𝑁𝑑 ( ) ∗ 1,4 ∗ 20,3 + 1,4 ∗ 0,1
25,7
𝑏) 𝐴𝑠,𝑎𝑝𝑜𝑖𝑜 = = = = 0,65 𝑐𝑚²
𝑓𝑦𝑑 𝑓𝑦𝑑 43,5
1 1
𝑐) 𝑃𝑎𝑟𝑎 𝑀𝑎𝑝𝑜𝑖𝑜 < 0,5 𝑀𝑣ã𝑜 , 𝑡𝑒𝑚𝑜𝑠: 𝐴𝑠,𝑎𝑝𝑜𝑖𝑜 = ∗ 𝐴𝑠,𝑣𝑎𝑜 = ∗ 1,47 = 0,49 𝑐𝑚²
3 3
63

Portanto, ao se calcular o comprimento necessário de ancoragem da armadura positiva


que chega ao apoio P2, considerando-se a redução da taxa de armadura calculada pela efetiva,
para a 𝐴𝑠,𝑎𝑝𝑜𝑖𝑜 = 0,65𝑐𝑚², tem-se que:

𝐴𝑠,𝑐𝑎𝑙𝑐 0,65
𝑙𝑏,𝑛𝑒𝑐 = 𝛼 𝑙𝑏 = 1 ∗ 37,7 ∗ = 15,68 𝑐𝑚 ≥ 𝑙𝑏,𝑚𝑖𝑛 𝑒 ≤ 𝑙𝑏𝑒
𝐴𝑠,𝑒𝑓 2 ∗ 0,785

Tal valor é inferior à largura disponível no apoio 𝑙𝑏𝑒 = 17 𝑐𝑚, portanto poderia se
definir a ancoragem com o prolongamento reto de 15,68 cm. Pelo detalhamento disposto na
Viga V105, a ancoragem da armadura positiva foi realizada com o uso de gancho a 90º (Figura
25). Com a adoção do gancho, o 𝑙𝑏,𝑛𝑒𝑐,𝑔 terá o valor equivalente a 11,3 cm, contudo esse valor
poderá ainda ser desconsiderado se houver cobrimento superior a 70 mm na região normal ao
gancho (conforme apresentado em 2.4.3.10). Pela planta de locação das vigas (Figura 22)
percebe-se a existência de continuidade em ambos os pilares P5 e P8, logo pode-se
desconsiderar o maior valor de 11,3 cm restando apenas a verificação de 𝑙𝑏,𝑛𝑒𝑐,𝑔 = 2,5Ø +5,5Ø
= 8,0 cm ≥ 6,0 cm, o que resulta em um comprimento bem inferior a 𝑙𝑏𝑒 não necessitando do
prolongamento até a extremidade da largura.
Entretanto é usual do programa detalhar a barra com gancho contemplando toda a
largura disponível do apoio, gerando assim um maior comprimento de ancoragem do que o
necessário. Pela medida realizada no detalhamento da armadura, o valor da ancoragem se
aproxima dos 17,0 cm disponíveis.
Também teve um acréscimo no comprimento vertical do gancho, o qual necessitaria
apenas a adição do diâmetro de dobramento (D) aos 8 Ø estabelecido no gancho de 90º (Figura
10), resultando num valor de (8 Ø + 5/2 Ø) ou 10,5 cm. Conforme o detalhamento, foram
utilizados 14 cm na representação desse trecho, diferenciando-se em 3,5 cm do mínimo
recomendado na NBR 6118:2014. No total a diferença entre o comprimento utilizado no
programa e o necessário foi de 𝛥 = 31,0 𝑐𝑚 − (8,0 𝑐𝑚 + 10,5 𝑐𝑚) = 11,5 𝑐𝑚, totalizando
um acréscimo de 159% na utilização do aço para a ancoragem.
Para o cálculo da ancoragem negativa nos apoios P8 e P2, recalculou-se o
comprimento de ancoragem necessário com as áreas efetiva e de cálculo da armadura negativa.
Trazendo as mesmas condições de ancoragem: barra nervurada, situação de boa aderência e
sem gancho; tem-se o seguinte valor de comprimento de ancoragem necessário:
64

𝑀𝑎𝑝𝑜𝑖𝑜 𝑐𝑚² 1,4 ∗ 400𝑘𝑁. 𝑐𝑚


𝐴𝑠,𝑐𝑎𝑙𝑐 = 𝐾𝑠 = 0,024 ( ) = 0,52 𝑐𝑚²
𝑑 𝑘𝑁 25,7 𝑐𝑚

𝐴𝑠,𝑐𝑎𝑙𝑐 0,52
𝑙𝑏,𝑛𝑒𝑐 = 𝛼 𝑙𝑏 = 1 ∗ 37,7 ∗ = 12,49 𝑐𝑚 ≥ 𝑙𝑏,𝑚𝑖𝑛 𝑒 ≥ 𝑙𝑏𝑒
𝐴𝑠,𝑒𝑓 2 ∗ 0,785

Tal valor atende ao espaço disponível de 𝑙𝑏𝑒 = 17 𝑐𝑚, logo, considerando as


recomendações do Prof. Jackson Antônio Carelli (2011), será utilizado o valor do 𝑙𝑏,𝑛𝑒𝑐 como
comprimento do gancho. Resultando assim, numa ancoragem de 17 cm para o apoio e 12,49
cm na região do gancho.
Os critérios utilizados pelo programa para a ancoragem da armadura negativa foram:
adotar como comprimento de ancoragem o valor de 38 Ø (CAD/TQS, 2019) e ancorar
normalmente até o 𝑙𝑏𝑒 disponível, utilizando-se o excedente do comprimento (𝑙𝑏,𝑛𝑒𝑐,𝑔 − 𝑙𝑏𝑒 )
como parte para o comprimento do gancho. Assim, o detalhamento resulta em 17 cm para o
apoio e 21 cm para a região do gancho conforme pode-se observar na Figura 25.

4.1.1.3 Decalagem da armadura

A decalagem da armadura aconteceu seguindo as indicações do item 2.6.4.6, onde


expressa-se que quando o esforço cortante máximo de cálculo for inferior à parcela resistente
por mecanismos complementares ao modelo de treliça: | Vsd,máx | ≤ |𝑉𝑐 |, tem-se que 𝑎𝑙 = d =
25,7 cm.
Deslocando-se o diagrama de momentos fletores dessa parcela 𝑎𝑙 , consegue-se prever
os pontos onde há a possibilidade de reduzir o comprimento das barras de aço que atendem a
cada momento. Pela Figura 26, é possível visualizar o comprimento necessário para cada trecho
da viga. Assim, pode-se dispor a armadura positiva como duas barras de 10,0 mm iniciando nos
pilares de extremidades (P8 e P2), reduzindo-se para duas barras de 8,0 mm ao aproximar do
pilar intermediário P5. Por ser um trecho muito curto de transição entre as barras de 10,0 mm e
8,0 mm, é mais viável optar por barras contínuas de 10,0 mm em todo o comprimento.
Já a armadura longitudinal negativa, percebe-se a existência de um escalonamento
iniciado no momento máximo presente no pilar intermediário P5 para o restante da viga. Logo,
a armadura sai de 4 barras de 10,0 mm da região central e se reduz a duas de 8,0 mm que
servirão como porta-estribos na extremidade respeitando a armadura mínima longitudinal de
0,90 cm² e que chega nos apoios de 0,65 cm².
65

Figura 26: Representação do momento decalado na viga V105 e dos comprimentos finais das
armaduras escalonadas
Fonte: Autoria própria.

A configuração de maior comprimento para todas as barras foi com o prolongamento


de 10 Ø além do próximo ponto de decalagem, entretanto para as barras N4 de 8,0 mm ocorreu
o prolongamento utilizando o comprimento de ancoragem ao invés de 10 Ø , pois estas estão
representando as barras após a tensão nula “σs = 0”, logo voltam a situação normal de
ancoragem que é acrescentando lb.
Ao comparar esse resultado com a decalagem feita pelo programa (Figura 25),
percebe-se uma divergência no valor de comprimento da barra N1, que apresenta um
comprimento de 60,0 cm a partir do apoio P5, esse valor corresponde ao comprimento da barra
considerando o momento decalado mas sem adicionar o acréscimo de 10 Ø além do próximo
ponto e também é inferior ao comprimento lb + 𝑎𝑙 = 63,4 cm que equivaleria ao comprimento
mínimo que essa barra poderia ter. A Figura 27 exemplifica a situação e o equívoco do programa
em prolongar apenas 60,0 cm em um trecho que necessitaria de 80,0 cm.
66

Figura 27: Detalhe da barra N2 na viga V105


Fonte: Autoria própria.

Em contrapartida, os outros comprimentos das barras N1 e N3 estão corretos com a


norma, apesar de existir a possibilidade de reduzir os seus diâmetros em trechos que não
demandariam tanta armadura longitudinal.
No Apêndice B apresenta-se o detalhamento das barras com as mudanças julgadas
necessárias pelo autor para que o detalhamento fique melhor otimizado e adequado à norma.

4.1.2 Detalhamento da armadura transversal

A distribuição da armadura transversal na Viga V105 ocorreu da mesma maneira para


os dois vãos, sendo dispostos estribos de dois ramos, com Ø𝑡 = 5,0 mm a cada 12 cm e
comprimento total de 91 cm, e, estribos de dois ramos, com Ø𝑡 = 6,3 mm a cada 15 cm, e
comprimento total de 92 cm. A princípio se estranha a mudança de bitolas e aço no meio do
tramo, uma vez que não havia necessidade de redimensionar a área da armadura transversal
para o trecho e muito menos aumentar a taxa de aço de 3,26 cm²/m para 4,16 cm²/m em uma
região onde os esforços cortantes estão diminuindo.
O detalhe da armadura transversal na Figura 25, mostra os estribos com ramos verticais
de 24 cm e horizontais de 14 cm, valores que consideram todo o espaço disponível para
execução do estribo dentro da viga garantindo o cobrimento de 3 cm necessário de cada borda.
Além disso, a execução do gancho detalhada pelo programa é em ângulo reto, que conforme a
Figura 16, devem possuir comprimento mínimo de ancoragem igual a:
67

Para barras de 5,0 mm; 𝑙𝑏𝑒,𝑡 = Ø𝑡 . 10 = 0,5.10 = 5 𝑐𝑚 ≥ 7 𝑐𝑚


Comprimento disponível para ancoragem = 91 cm – 2 x 14 cm – 2 x 24 cm = 15 cm.

E para barras de 6,3 mm; 𝑙𝑏𝑒,𝑡 = Ø𝑡 . 10 = 0,63.10 = 6,3 𝑐𝑚 ≥ 7 𝑐𝑚


Comprimento disponível para ancoragem = 92 cm – 2 x 14 cm – 2 x 24 cm = 16 cm.

A armadura transversal apresentada possui um comprimento de ancoragem disponível


de no mínimo 15 cm para execução dos dois ganchos, ou seja, 7,5 cm para cada. Esse valor é
maior que o comprimento mínimo de ancoragem e atende ao exigido pela norma.
Entretanto, o desenho detalhado da armadura transversal não apresentou nenhum valor
correspondente para o pino de dobramento na execução do gancho com ângulo reto. Conforme
Tabela 5, em bitolas inferiores a 10 mm e uso do aço CA-60 ou CA-50, o pino de dobramento
deve ter diâmetro de 3Ø𝑡 .
Para a análise dos próximos resultados, utilizou-se o diagrama dos esforços cortantes
da Viga V105 (Figura 28) e a Tabela 10 com o relatório simplificado da armadura transversal.

Figura 28: Diagrama dos esforços cortantes na viga V105


Fonte: CAD/TQS UNIPRO v.21.
68

Tabela 10: Resumo do Relatório de Esforços Cortantes do CAD/TQS para a Viga V105.
Altura
Modelo de Comprimento VSd VRd2 Vc Asw Asw,min
Faixa útil ‘d’
cálculo I (m) (tf) (tf) (tf) (cm²/m) (cm²/m)
(cm)

1 1,04 2,85 33,37 5,42 0,0 2,8 25,7


Vão 01 2 1,04 2,41 33,37 5,42 0,0 2,8 25,7
3 1,04 4,26 33,37 5,42 0,0 2,8 25,7

1 1,04 4,48 33,37 5,42 0,0 2,8 25,7


Vão 02 2 1,04 2,09 33,37 5,42 0,0 2,8 25,7
3 1,04 2,71 33,37 5,42 0,0 2,8 25,7
Fonte: Autoria própria.

Pelo relatório do dimensionamento da armadura transversal, não haveria a necessidade


de armar transversalmente a viga para resistir aos esforços cisalhantes, visto que a parcela
absorvida por Vc já será suficiente para absorver o esforço cortante máximo atuante de cálculo
(Vc ≥ Vsd). Entretanto, a NBR 6118:2014 estabelece uma taxa de armadura transversal mínima
que deve ser atendida. Conforme o item 2.4.3.2 desse trabalho, a taxa de armadura mínima para
o concreto C25 é de:

3
𝐴𝑠𝑤,𝑚𝑖𝑛 𝑓 0,3. √252
Para aço CA60: ≥ 0,2 𝑓𝑐𝑡,𝑚 . 𝑏𝑤 𝑠𝑒𝑛𝛼 = 0,2. . 20.1 = 0,0171𝑐𝑚
𝑠 𝑦𝑤𝑘 600
3
𝐴𝑠𝑤,𝑚𝑖𝑛 𝑓𝑐𝑡,𝑚 0,3. √252
Para aço CA50: ≥ 0,2 𝑓 . 𝑏𝑤 𝑠𝑒𝑛𝛼 = 0,2. . 20.1 = 0,0205𝑐𝑚
𝑠 𝑦𝑤𝑘 500

Considerando s = 100 cm, tem-se um valor de asw,min = 2,05 cm²/m. Esse valor é
inferior ao 𝑎𝑠𝑤,𝑚𝑖𝑛 calculado pelo programa que é de 2,80 cm²/m (Tabela 10) tal valor é
semelhante ao encontrado se fosse utilizado para o cálculo um valor de resistência de
escoamento do aço de 366,42 MPa, entretanto foi especificado o uso de CA-60, que possui
𝑓𝑦𝑤𝑘 = 600 𝑀𝑃𝑎, para bitolas até 5,0 mm e CA-50, com 𝑓𝑦𝑤𝑘 = 500 𝑀𝑃𝑎, para bitolas de 6,3
mm.
A taxa mínima de armadura é respeitada ao optar por estribos com dois tipos de
detalhamento, o primeiro utilizando barras de 5 mm a cada 12,0 cm, totalizando uma área de
armadura transversal de 𝑎𝑠𝑤 = 3,26 𝑐𝑚²/m e o segundo utilizando barras de 6,3 mm a cada
15,0 cm, totalizando uma área de 𝑎𝑠𝑤 = 4,16 𝑐𝑚²/m.
69

Se considerássemos valores mais próximos de 𝑎𝑠𝑤,𝑚𝑖𝑛 , poderia se ter utilizado


estribos de 2 ramos com 5,0 mm espaçados a cada 14,0 cm e:

100
𝑎𝑠𝑤 = 2 ∗ 0,196 ∗ ( ) = 2,80 𝑐𝑚²/m
14

Ou estribos de 2 ramos com 6,3 mm, espaçados de 𝑠𝑚𝑎𝑥 = 15,42 𝑐𝑚 e:

100
𝐴𝑠𝑤 = 2 ∗ 0,312 ∗ ( ) = 3,12 𝑐𝑚²/m
15,42

E ainda, ao se considerar o valor da armadura mínima de 1,71 cm²/m, tem-se a


distribuição de estribos de 2 ramos de 5,0 mm espaçados a cada 𝑠𝑚𝑎𝑥 = 15,42𝑐𝑚, totalizando
uma área de 𝑎𝑠𝑤 = 2,54 𝑐𝑚²/m. Para fins de execução, o detalhamento proposto no Apêndice
B considera números inteiros para as distâncias do espaçamento, logo o valor é de 15,0 cm.

4.1.2.1 Espaçamento dos estribos

A distribuição da armadura transversal está disposta longitudinalmente em 2 ramos


com aço CA 60 de 5 mm a cada 12,0 cm e em 2 ramos com aço CA 50 de 6,3 mm a cada 15,0
cm. Suas disposições respeitam os espaçamentos mínimo e máximo dispostos na NBR
6118:2014.
Espaçamento mínimo, considerando o diâmetro do vibrador de 5 cm:

𝑠𝑚𝑖𝑛 ≥ Ø𝑣𝑖𝑏 + 1 𝑐𝑚 = 5 cm + 1 cm = 6 cm

E, para o espaçamento máximo, sendo 𝑉𝑠𝑑 ≤ 0,67 𝑉𝑅𝑑2 :

𝑠𝑚𝑎𝑥 = 0,6 d = 0,6*25,7 = 15,42 cm ≤ 300 mm

Também foi respeitado o espaçamento transversal máximo dos estribos, e não houve
necessidade da divisão da armadura transversal em mais ramos, como pode ser observado na
verificação:
70

Como 𝑉𝑑 ≤ 0,20 𝑉𝑅𝑑2 = 4,48 tf ≤ 6,66 tf, então 𝑠𝑡,𝑚𝑎𝑥 = d = 25,7 cm ≤ 800 mm.

4.2 VIGA V101

Considerando-se a situação da viga V101 (Figura 29) como sendo contínua e com a
existência de dois vãos ao longo de sua extensão com comprimentos diferentes, dividiu-se o
seu detalhamento em dois casos, um caso para o primeiro vão, entre os pilares P1 e P2 (VÃO
01-V101) e o outro para o segundo vão, entre os pilares P2 e P3 (VÃO 02-V101).

Figura 29: Desenho das armaduras na viga V101


Fonte: CAD/TQS UNIPRO v.21.

A Figura 30 apresenta o diagrama de momentos fletores para a viga V101 e a Tabela


11 um resumo do relatório apresentado pelo CAD/TQS UNIPRO v.21 para o dimensionamento
das armaduras na Viga V101.
71

Figura 30: Diagrama de momentos fletores da viga V101.


Fonte: CAD/TQS UNIPRO v21.

Tabela 11: Relatório simplificado de esforços e área de aço do CAD/TQS para a viga V101.
Vão 01
Viga V101 Apoio
Apoio Dimensionamento no
Intermediário
Esquerdo (P1) meio do vão
(P2)
Momento atuante - 0,01 tf.m 0,12 tf.m - 0,19 tf.m
Área de aço calculada 0,22 cm² 1,17 cm² 1,49 cm²
Área de aço efetiva 0,62 cm² 1,57 cm² 1,57 cm²
Cortante atuante 0,22 tf - 0,06 tf - 0,35 tf
Armadura transversal
2,8 cm²/m 2,8 cm²/m 2,8 cm²/m
calculada ou mínima
Armadura transversal efetiva 3,26 cm²/m 3,26 cm²/m 3,26 cm²/m
Vão 02
Viga V101 Apoio
Apoio Direito Dimensionamento no
Intermediário
(P3) meio do vão
(P2)
Momento atuante - 0,01 tf.m 0,08 tf.m - 0,18 tf.m
Área de aço calculada 0,22 cm² 1,16 cm² 1,44 cm²
Área de aço efetiva 0,62 cm² 1,57cm² 1,57 cm²
Cortante atuante 0,33 tf 0,068 tf - 0,19 tf
Armadura transversal
2,8 cm²/m 2,8 cm²/m 2,8 cm²/m
calculada ou mínima
Armadura transversal efetiva 3,26 cm²/m 3,26 cm²/m 3,26 cm²/m
Fonte: Autoria própria.

4.2.1 VÃO 01 – V101

Este caso representa o vão localizado entre os pilares P1 e P2 e possui em seu


detalhamento, para a armadura positiva, duas barras de 10 mm, e para a armadura negativa,
duas barras de 6,3 mm que iniciam no pilar P1, aumentando para duas barras de 10 mm até o
pilar intermediário P2 (Figura 29).
72

Sua disposição construtiva respeita aos espaçamentos mínimo vertical (𝑎𝑣 = 2,0 cm) e
horizontal (𝑎ℎ = 2,28 cm) dispostos pela norma, inclusive com folga para a passagem de
qualquer tipo de vibrador:

𝑏𝑤− 2.c –2.Ø−2.Ø𝑡 20−2.3−2.1,0−2.0,5


𝑎ℎ,𝑑𝑖𝑠𝑝 = = = 11,0 cm ≥ 2,28 cm =𝑎ℎ
𝑛º𝑏𝑎𝑟𝑟𝑎𝑠−1 2−1

4.2.1.1 Ancoragem da armadura no pilar P1

O estudo da ancoragem positiva se inicia no apoio P1, pilar de extremidade, que possui
uma ancoragem de 31,0 cm, sendo desses, 17,0 cm longitudinal e outros 14 cm verticais para a
execução do gancho. A princípio tais valores estão adequados a norma, pois respeitam o espaço
disponibilizado pela largura do pilar e comprimento mínimo do gancho de 8 Ø (Figura 17). Da
mesma forma, o programa não apresentou outras opções de gancho além do gancho de 90º.
A adoção de gancho na ancoragem do apoio P1 é questionável considerando-se que as
condições b) e c) estabelecidas no item 2.4.3.10 desse trabalho, indicam que a armadura
calculada para o apoio (𝐴𝑠,𝑎𝑝𝑜𝑖𝑜 ) seria a maior entre:
𝑎𝑙 25,7
𝐹𝑠𝑑 ( 𝑑 ) 𝑉𝑑 + 𝑁𝑑 ( ) ∗ 1,4 ∗ 2,2 + 1,4 ∗ 0,3
25,7
𝑏) 𝐴𝑠,𝑎𝑝𝑜𝑖𝑜 = = = = 0,0806 𝑐𝑚²
𝑓𝑦𝑑 𝑓𝑦𝑑 43,5

1 1
𝑐) 𝑃𝑎𝑟𝑎 𝑀𝑎𝑝𝑜𝑖𝑜 < 0,5 𝑀𝑣ã𝑜 , 𝑡𝑒𝑚𝑜𝑠: 𝐴𝑠,𝑎𝑝𝑜𝑖𝑜 = ∗ 𝐴𝑠,𝑣𝑎𝑜 = ∗ 1,17 = 0,39 𝑐𝑚²
3 3

Portanto, ao se calcular o comprimento necessário de ancoragem positiva que chega


ao apoio P1, utilizando-se a redução da taxa de armadura calculada pela efetiva e considerando
𝐴𝑠,𝑎𝑝𝑜𝑖𝑜 = 0,39𝑐𝑚², tem-se:

𝐴𝑠,𝑐𝑎𝑙𝑐 0,39
𝑙𝑏,𝑛𝑒𝑐 = 𝛼 𝑙𝑏 = 1 ∗ 37,7 ∗ = 9,36 𝑐𝑚 ≤ 𝑙𝑏,𝑚𝑖𝑛 𝑒 ≤ 𝑙𝑏𝑒 ,
𝐴𝑠,𝑒𝑓 2 ∗ 0,785
0,3. 𝑙𝑏 = 0,3 ∗ 37,7 = 11,3 𝑐𝑚
𝑠𝑒𝑛𝑑𝑜 𝑙𝑏,𝑚𝑖𝑛 ≥ { 10 Ø = 10 ∗ 1,0 𝑐𝑚 = 10 𝑐𝑚
10 𝑐𝑚
𝑙𝑏,𝑛𝑒𝑐 = 𝑙𝑏,𝑚𝑖𝑛 = 11,3 𝑐𝑚
73

Tal valor é inferior ao espaço disponível 𝑙𝑏𝑒 = 17,0 𝑐𝑚, portanto, não haveria
necessidade de realizar a ancoragem com gancho nessa extremidade. O comprimento reto com
11,3 cm é suficiente para se adequar ao exigido na NBR 6118:2014.
Pelo detalhamento da Viga V101 (Figura 29), a ancoragem positiva no apoio P1 possui
comprimento reto de 17,0 cm e mais 14,0 cm para a realização do gancho, totalizando 31,0 cm.
Também teve um prolongamento no comprimento vertical do gancho, que necessitaria
apenas a adição do diâmetro de dobramento (D) aos 8 Ø estabelecido no gancho de 90º (Figura
10), resultando num valor de (8 Ø + 5/2 Ø), ou seja, 10,5 cm. Conforme o detalhamento, foram
utilizados 14 cm na representação desse trecho, diferenciando-se 3,5 cm do mínimo
recomendado na NBR 6118:2014. No total, a diferença entre o comprimento de ancoragem
utilizado pelo programa e o necessário foi de 𝛥 = 31 𝑐𝑚 − (11,3) = 19,7 𝑐𝑚, totalizando um
acréscimo de 274,3% na utilização do aço para a ancoragem nessa região.
Na ancoragem negativa no apoio P1 chegam duas barras com diâmetro de 6,3 mm,
com área de aço equivalente a As = 0,624 cm². Pelo cálculo da armadura mínima exigida na
NBR 6118 (ABNT, 2014):
𝑀𝑑,𝑚𝑖𝑛 = 0,8 𝑊0 𝑓𝑐𝑡𝑘,𝑠𝑢𝑝 , 𝑠𝑒𝑛𝑑𝑜
20.30³
𝐼𝑐 12 = 3000 𝑐𝑚3
𝑊0 = =
𝑦𝑡 15
3 3
𝑓𝑐𝑡𝑘,𝑠𝑢𝑝 = 0,39 √𝑓𝑐𝑘 ² = 0,39. √25² = 3,334 𝑀𝑝𝑎

𝐾𝑁
Portanto, 𝑀𝑑,𝑚𝑖𝑛 = 0,8 𝑊0 𝑓𝑐𝑡𝑘,𝑠𝑢𝑝 = 0,8.3000. 0,333 𝑐𝑚² = 800,3 𝑘𝑁. 𝑐𝑚.

Encontram-se, para esse momento, os valores do parâmetro KMD e, consequentemente,


do KZ (CARVALHO, 2004)) utilizado no cálculo da área de armadura.
𝑀𝑑 800,3
𝐾𝑀𝐷 = = = 0,0339 𝑒 𝐾𝑍 = 0,979
𝑏𝑤 . 𝑑 2 . 𝑓𝑐𝑑 20.25,72 . 1,78

𝑀𝑑 800,3
𝐴𝑠 = = = 0,73 𝑐𝑚2 ≤ 0,0015. 𝐴𝑐 = 0,90 𝑐𝑚2
𝐾𝑍. 𝑑. 𝑓𝑦𝑑 0,979.25,7.43,5

Pelo cálculo feito para a armadura mínima, a Viga V101 deveria utilizar como porta-
estribos barras de aço superiores a área de 0,90 cm². Considerando-se duas barras de mesmo
diâmetro, a menor disposição possível é utilizando-se barras de 8,0 mm, que totalizam uma área
74

de aço efetiva de 𝐴𝑠,𝑒𝑓 = 1,10 𝑐𝑚². Pelo detalhamento do (Figura 29), as barras que chegam
de 6,3 mm não satisfazem essa exigência da norma. Entretanto há uma exceção no item
17.3.5.2.1 da NBR 6118 (ABNT, 2014) que “Em elementos estruturais, exceto elementos em
balanço, cujas armaduras sejam calculadas com um momento fletor igual ou maior ao dobro de
Md, não é necessário atender à armadura mínima”, esta condição é respeitada pois as duas
barras de 6,3 mm resistirão ao Md = 14 kN.cm atuante na região posicionada.
Os critérios utilizados pelo programa para a ancoragem da armadura negativa foram:
adotar como comprimento de ancoragem o valor de 38 Ø (CAD/TQS, 2019) e ancorar
normalmente até o 𝑙𝑏𝑒 disponível, utilizando o excedente do comprimento (𝑙𝑏,𝑛𝑒𝑐,𝑔 − 𝑙𝑏𝑒 ) como
parte para o comprimento do gancho. Assim, o detalhamento resulta no valor de 17,0 cm para
o apoio e 21,0 cm para a região do gancho (respeitando o raio de dobramento de 2,5 Ø)
conforme pode-se observar na Figura 29.
Tais valores são superiores as recomendações indicadas pelos autores LEONHARDT
e MONNIG (1982) e Prof. Jackson Antônio Carelli (2011), que aconselhariam respectivamente,
para o comprimento do gancho:
35 Ø = 35.0,63 𝑐𝑚 = 22,05 𝑐𝑚
Ou
𝐴𝑠,𝑐𝑎𝑙𝑐 0,01
𝑙𝑏,𝑛𝑒𝑐 = 𝛼 𝑙𝑏 = 1,0.23,7. = 0,38 𝑐𝑚 ≤ 𝑙𝑏,𝑚𝑖𝑛 = 10,0 𝑐𝑚
𝐴𝑠,𝑒𝑓 2 ∗ 0,312
Portanto, o valor de 21,0 cm para o comprimento do gancho está de acordo com as
recomendações dos autores, tendo diferenciado 1,0 cm com a comparação de Leonhardt e
Monnig e 11,0 cm com o Prof. Jackson.
No detalhamento otimizado para a viga V101 (Apêndice C) serão considerados os
comprimentos recomendados pelo cálculo do Prof.Jackson (2011).

4.2.1.2 Ancoragem da armadura no pilar P2

A ancoragem da armadura positiva no pilar intermediário segue o estabelecido na


alínea c) do item 2.4.3.10, que diz que, para apoios intermediários, deve-se chegar o
prolongamento de uma parte da armadura de tração do vão (𝐴𝑠,𝑣𝑎𝑜 ). Considerando que o
Mapoio é superior a 0,5 Mvão, tem-se:
1 1
𝑐) 𝑃𝑎𝑟𝑎 𝑀𝑎𝑝𝑜𝑖𝑜 ≥ 0,5 𝑀𝑣ã𝑜 , 𝑡𝑒𝑚𝑜𝑠: 𝐴𝑠,𝑎𝑝𝑜𝑖𝑜 = ∗ 𝐴𝑠,𝑣𝑎𝑜 = ∗ 1,17 = 0,29 𝑐𝑚²
4 4
75

Além disso, se não houver a ocorrência de nenhum momento positivo no apoio, pode-
se ancorar a armadura positiva 10 Ø a partir da face do apoio. Como não há a ocorrência de
momentos positivos no pilar P2, poderia-se reduzir a ancoragem para (10 Ø = 10*10 mm = 10,0
cm). No entanto todas as barras da armadura positiva dessa região são contínuas logo não terão
a necessidade de ancoragem.

4.2.2 VÃO 02 – V101

Este caso representa o vão localizado entre os pilares P2 e P3 e possui em seu


detalhamento, para a armadura positiva, duas barras de 10 mm, e para a armadura negativa,
duas barras de 6,3 mm, que iniciam no pilar P3 e aumentam para duas barras de 10 mm até o
pilar intermediário P2 (Figura 29).
Sua disposição construtiva respeita aos espaçamentos mínimo vertical (𝑎𝑣 = 2,0 cm) e
horizontal (𝑎ℎ = 2,28 cm) dispostos pela norma, inclusive com espaço suficiente para a
passagem de qualquer vibrador:

𝑏𝑤 − 2.c –2.Ø−2.Ø𝑡 20−2.3−2.1,0−2.0,5


𝑎ℎ,𝑑𝑖𝑠𝑝 = = = 11,0 cm ≥ 2,28 cm =𝑎ℎ
𝑛º𝑏𝑎𝑟𝑟𝑎𝑠−1 2−1

4.2.2.1 Ancoragem da armadura no pilar P3

O estudo da ancoragem positiva inicia no apoio P3, pilar de extremidade, que possui
uma ancoragem de 31,0 cm, sendo desses, 17,0 cm longitudinal e outros 14 cm verticais para a
execução do gancho. A princípio tais valores estão adequados a norma, pois respeitam o espaço
disponibilizado pela largura do pilar e comprimento mínimo do gancho de 8 Ø (Figura 17). Da
mesma forma, o programa não apresentou outras opções de gancho além do gancho a 90º.
A adoção de gancho na ancoragem da armadura no apoio P3 é questionável
considerando que as condições b) e c) estabelecidas no item 2.4.3.10 desse trabalho, indicam
que a armadura calculada para o apoio (𝐴𝑠,𝑎𝑝𝑜𝑖𝑜 ) seria a maior entre:

𝑎𝑙 25,7
𝐹𝑠𝑑 ( 𝑑 ) 𝑉𝑑 + 𝑁𝑑 ( ) ∗ 1,4 ∗ 3,3 + 1,4 ∗ 0,3
25,7
𝑏) 𝐴𝑠,𝑎𝑝𝑜𝑖𝑜 = = = = 0,116 𝑐𝑚²
𝑓𝑦𝑑 𝑓𝑦𝑑 43,5
76

1 1
𝑐) 𝑃𝑎𝑟𝑎 𝑀𝑎𝑝𝑜𝑖𝑜 < 0,5 𝑀𝑣ã𝑜 , 𝑡𝑒𝑚𝑜𝑠: 𝐴𝑠,𝑎𝑝𝑜𝑖𝑜 = ∗ 𝐴𝑠,𝑣𝑎𝑜 = ∗ 1,16 = 0,39 𝑐𝑚²
3 3

Portanto, ao se calcular o comprimento necessário de ancoragem positiva que chega


ao apoio P3, utilizando-se a redução da taxa de armadura calculada pela efetiva considerando
𝐴𝑠,𝑎𝑝𝑜𝑖𝑜 = 0,39𝑐𝑚², tem-se que:

𝐴𝑠,𝑐𝑎𝑙𝑐 0,39
𝑙𝑏,𝑛𝑒𝑐 = 𝛼 𝑙𝑏 = 1 ∗ 37,7 ∗ = 9,36 𝑐𝑚 ≤ 𝑙𝑏,𝑚𝑖𝑛 𝑒 ≤ 𝑙𝑏𝑒 ,
𝐴𝑠,𝑒𝑓 2 ∗ 0,785
0,3. 𝑙𝑏 = 0,3 ∗ 37,7 = 11,3 𝑐𝑚
𝑠𝑒𝑛𝑑𝑜 𝑙𝑏,𝑚𝑖𝑛 ≥ { 10 Ø = 10 ∗ 1,0 𝑐𝑚 = 10 𝑐𝑚
10 𝑐𝑚
𝑙𝑏,𝑛𝑒𝑐 = 𝑙𝑏,𝑚𝑖𝑛 = 11,3 𝑐𝑚

Tal valor é inferior ao espaço disponível 𝑙𝑏𝑒 = 17,0 𝑐𝑚, portanto, não haveria
necessidade de se realizar a ancoragem com gancho nessa extremidade, apenas o comprimento
reto com 11,3 cm é suficiente para se adequar ao exigido na NBR 6118. Pelo detalhamento da
Viga V101 (Figura 29), a ancoragem da armadura positiva no apoio P3 possui o comprimento
reto de 17,0 cm e mais 14,0 cm para realização do gancho, totalizando 31,0 cm.
Também teve um prolongamento no comprimento vertical do gancho, que necessitaria
apenas a adição do diâmetro de dobramento (D) aos 8 Ø estabelecido no gancho de 90º (Figura
10), resultando em um valor de (8 Ø + 5/2 Ø) ou 10,5 cm. Conforme o detalhamento, foram
utilizados 14 cm na representação desse trecho, diferenciando 3,5 cm do mínimo recomendado
utilizando-se o estabelecido na NBR 6118:2014. No total, a diferença entre o comprimento de
ancoragem utilizado pelo programa e o necessário foi de 𝛥 = 31 𝑐𝑚 − (11,3) = 19,7 𝑐𝑚,
totalizando um acréscimo de 274,3% na utilização do aço para a ancoragem nessa região.

4.2.3 Decalagem da armadura longitudinal

A decalagem da armadura aconteceu seguindo as indicações de 2.4.3.9, onde expressa-


se que quando a cortante máxima de cálculo for inferior a parcela resistente a mecanismos
complementares ao modelo de treliça, | Vsd,máx | ≤ |𝑉𝑐 |, temos que 𝑎𝑙 = d = 25,7 cm.
77

Deslocando essa parcela 𝑎𝑙 no diagrama de momentos fletores, consegue-se prever os


pontos onde há a possibilidade de se reduzir as barras de aço que chegam. Pela Figura 31 é
possível visualizar o comprimento necessário para cada trecho da viga.

Figura 31: Representação do momento decalado na viga V101


Fonte: Autoria própria.

Ao se compararem os valores dos trechos das armaduras, percebe-se que há


divergência com o apresentado na Figura 29. Nesse caso a barra N2, da armadura negativa,
apresentou um comprimento maior que o necessário da barra feita na decalagem, aumentando
de 103,2 cm necessários para 166 cm, e contradizendo a lógica da barra N2 na viga V105 que
havia reduzido. Também teve mudanças na bitola do aço para o restante da armadura negativa
(barras N1 e N3), as quais aumentaram de 6,3 mm para 8,0 mm por conta da armadura mínima
já justificada e tendo alterações nos comprimentos que passaram de 152,69 cm para 219,2 cm,
na barra N1, e de 126,88 cm para 179,9 cm na barra N3, o que favorece na economia de aço. A
Figura 32 apresenta a diferença de comprimentos entre as barras N1 e N3 da representação do
TQS (barras azuis) com a decalada (barras laranjas) além de mostrar o comprimento de
transpasse entre as barras N1 e N2, e, N2 e N3 o qual também foi maior que o necessário.

Figura 32: Detalhe na diferença de comprimentos das barras negativas na viga V101.
Fonte: Autoria própria.
78

4.2.4 Detalhamento da armadura transversal

A distribuição da armadura transversal na Viga V101 ocorreu da mesma maneira para


os dois vãos, sendo dispostos estribos com dois ramos e Ø𝑡 = 5,0 mm a cada 12 cm, com
comprimento total de 91 cm.
O tamanho dos estribos e análise do mesmo é a mesma já apresentada para a armadura
transversal da V105, item 664.1.2.
Para a análise dos próximos resultados, utilizaram-se o diagrama dos esforços
cortantes na Viga V101 (Figura 33) e a Tabela 12 com o relatório simplificado da armadura
transversal.

Figura 33: Diagrama dos esforços cortantes na viga V101.


Fonte: CAD/TQS UNIPRO v.21.

Tabela 12: Resumo do Relatório de Esforços Cortantes para a Viga V101.


Modelo de Ângulo VSd VRd2 Vc Asw Asw,min Altura útil
cálculo I θ (tf) (tf) (tf) (cm²/m) (cm²/m) ‘d’ (cm)
Vão 01 45º 0,49 33,37 5,42 0,0 2,8 25,7
Vão 02 45 0,46 33,37 5,42 0,0 2,8 25,7
Fonte: Autoria própria.

Pelo relatório do dimensionamento da armadura transversal, não haveria a necessidade


de se armar transversalmente a viga para resistir aos esforços cisalhantes, visto que a parcela
absorvida por Vc já é suficiente para absorver o esforço cortante máximo atuante de cálculo (Vc
≥ Vsd). Entretanto, a NBR 6118:2014 estabelece uma taxa de armadura transversal mínima que
deve ser atendida. Essa explicação é a mesma já apresentada para a viga V105, item 4.1.2.
Diferindo-se na quantidade de estribos, uma vez que o tamanho dos vãos não são os mesmos
na V101 e na V105.
Sendo assim, seriam distribuídos 19 estribos no VÃO 01 e 17 estribos no VÃO 02 com
barras de 5,0 mm e espaçamento de 15,0 cm.
79

4.2.4.1 Espaçamento dos estribos

A armadura transversal foi disposta longitudinalmente em 2 ramos com aço CA 60 de


5 mm a cada 12 cm. Sua disposição respeita os espaçamentos mínimo e máximo dispostos na
NBR 6118:2014.:
Espaçamento mínimo, considerando diâmetros de vibradores até 5 cm:
𝑠𝑚𝑖𝑛 ≥ Ø𝑣𝑖𝑏 + 1 𝑐𝑚 = 5 cm + 1 cm = 6 cm.
E espaçamento máximo, sendo 𝑉𝑠𝑑 ≤ 0,67 𝑉𝑅𝑑2 :
𝑠𝑚𝑎𝑥 = 0,6 d = 0,6*25,7 = 15,42 cm ≤ 300 mm
O espaçamento transversal máximo dos estribos também foi respeitado, e não houve
necessidade da divisão da armadura transversal em mais ramos, uma vez que, estribo simples
cumpre com o exigido na norma:
Como 𝑉𝑑 ≤ 0,20 𝑉𝑅𝑑2 = 0,49 tf ≤ 6,67 tf , então 𝑠𝑡,𝑚𝑎𝑥 = d = 25,7 cm ≤ 800 mm.

4.3 VIGA V105-AP

Considerando-se a situação da viga V105-AP (Figura 34) como sendo contínua e com
a existência de dois vãos com comprimentos iguais ao longo de sua extensão, dividiu-se o seu
detalhamento em apenas um caso que será o mesmo para cada vão da viga.
80

Figura 34: Desenho das armaduras na viga V105-AP


Fonte: CAD/TQS UNIPRO v21.

A Figura 35 apresenta o diagrama de momentos fletores para a viga e a Tabela 13 um


resumo do relatório apresentado pelo CAD/TQS v.21 para o dimensionamento das armaduras
da Viga V105-AP.
81

Figura 35: Diagrama de momentos fletores da viga V105-AP


Fonte: CAD/TQS UNIPRO v.21.

Tabela 13: Relatório simplificado de esforços e área de aço do CAD/TQS para a viga V105-AP.
Vão 01
Viga V105-AP Apoio
Dimensionamento no
Apoio Esquerdo (P8) Intermediário
meio do vão
(P5)
Momento atuante -0,08 tf.m 1,44 tf.m -2,52 tf.m
Área de aço calculada 2,14 cm² 2,26 cm² 3,00 cm²
Área de aço efetiva 2,36 cm² 2,36 cm² 3,14 cm²
Cortante atuante 2,08 tf 0,357 tf -3,54 tf
Armadura transversal
2,80 cm²/m 2,80 cm²/m 2,80 cm²/m
calculada ou mínima
Armadura transversal
3,26 cm²/m 2,84 cm²/m 3,26 cm²/m
efetiva
Armadura lateral 2,44 cm²/m 2,44 cm²/m 2,44 cm²/m
Armadura lateral
3,02 cm² 3,02 cm² 3,02 cm²
efetiva
Vão 02
Viga V105-AP Apoio
Dimensionamento no
Apoio Direito (P2) Intermediário
meio do vão
(P5)
Momento atuante -0,08 tf.m 1,46 tf.m -2,52 tf.m
Área de aço calculada 2,14 cm² 2,26 cm² 3,00 cm²
Área de aço efetiva 2,36 cm² 2,36 cm² 3,14 cm²
Cortante atuante -2,09 tf 0,924 tf 3,65 tf
Armadura transversal
2,80 cm²/m 2,80 cm²/m 2,80 cm²/m
calculada ou mínima
Armadura transversal
3,26 cm²/m 2,836 cm²/m 3,26 cm²/m
efetiva
Armadura lateral 2,44 cm²/m 2,44 cm²/m 2,44 cm²/m
Armadura lateral
3,02 cm² 3,02 cm² 3,02 cm²
efetiva
Fonte: Autoria própria.
82

4.3.1 Detalhamento da armadura longitudinal

O detalhamento da armadura negativa se espelha para os dois vãos, ou seja, a


distribuição da armadura inicia nos apoios extremos (P8 e P2) com três barras de 10,0 mm e
comprimento de 228,0 cm e aumenta no apoio intermediário P5 para quatro barras de 10,0mm,
Figura 34.
A disposição construtiva respeita aos espaçamentos mínimo vertical (𝑎𝑣 = 2,0 cm) e
horizontal (𝑎ℎ = 2,28 cm) dispostos pela norma. Percebe-se um espaço horizontal disponível
(𝑎ℎ,𝑑𝑖𝑠𝑝 ) na região mais solicitada da armadura negativa, pilar P5, de:

𝑏𝑤 − 2.c –4.Ø−2.Ø𝑡 20−2.3−4.1,0−2.0,5


𝑎ℎ,𝑑𝑖𝑠𝑝 = = = 3,0 cm ≥ 2,28 cm =𝑎ℎ
𝑛º𝑏𝑎𝑟𝑟𝑎𝑠−1 4−1

Da mesma maneira que ocorreu na disposição da Viga V105, o programa resolveu


detalhar as quatro barras de 10,0 mm da armadura negativa em uma mesma camada, sendo que
estava permitida a utilização de mais de uma camada nos critérios de detalhamento. Assim
torna-se confusa a interpretação do transpasse entre as barras N1 e N2, uma vez que, se
executadas todas na mesma camada não respeitarão o espaçamento horizontal mínimo, pois
terão:
𝑏𝑤− 2.c –5.Ø−2.Ø𝑡 20−2.3−5.1,0−2.0,5
𝑎ℎ,𝑑𝑖𝑠𝑝 = = = 2,0 cm ≥ 2,28 cm =𝑎ℎ
𝑛º𝑏𝑎𝑟𝑟𝑎𝑠−1 5−1

E dificultarão mais ainda a região para o adensamento. Entretanto é bom pontuar que
é permitida a aproximação das barras para o transpasse, e que, muitas vezes a sua execução
ocorre abaixo da outra barra e não na mesma camada, porém seria interessante do programa
indicar esse detalhe executivo.

4.3.2 Ancoragem nos pilares P8 e P2

O estudo da ancoragem da armadura positiva nos pilares das extremidades se


assemelha para os dois pilares (P8 e P2), entretanto, existe uma divergência na ancoragem que
deverá ser pontuada. A princípio tais valores estão adequados à norma, pois respeitam o espaço
83

disponibilizado pela largura do pilar e comprimento mínimo do gancho de 8 Ø (Figura 10). O


programa não apresentou outras opções de angulação para o gancho além da de 90º.
Todavia, chegam nos apoios P8 e P2 três barras de 10,0 mm aparentemente em uma só
camada e com detalhamentos diferentes. Por exemplo, as barras N4, que são contínuas em toda
a extensão, possuem a ancoragem com 17,0 cm entrando no apoio e mais 14,0 cm para o gancho.
Ao contrário das barras N5 e N6 que não possuem o gancho e também apresentam valores
diferentes para o trecho reto.
Para as barras N5 e N6, o cálculo de ancoragem deveria ser o mesmo, considerando
que ambas chegam até o apoio. Contudo possui divergência em seus comprimentos de
ancoragem, sendo que a barra N5 apresenta comprimento de 12,0 cm no apoio P8 e a barra N6
um comprimento aproximado de 15,6 cm no apoio P2 (Figura 34). Mesmo assim, não se
compreende a utilização de tais valores para ancoragem, seguindo o exposto na norma.
Pelos critérios estabelecidos na norma, a armadura mínima que deverá chegar aos
apoios será a maior entre:

𝑎𝑙 56,7
𝐹𝑠𝑑 ( 𝑑 ) 𝑉𝑑 + 𝑁𝑑 ( ) ∗ 1,4 ∗ 20,9 + 1,4 ∗ 0,9
56,7
𝑏) 𝐴𝑠,𝑎𝑝𝑜𝑖𝑜 = = = = 0,70 𝑐𝑚²
𝑓𝑦𝑑 𝑓𝑦𝑑 43,5
1 1
𝑐) 𝑃𝑎𝑟𝑎 𝑀𝑎𝑝𝑜𝑖𝑜 < 0,5 𝑀𝑣ã𝑜 , 𝑡𝑒𝑚𝑜𝑠: 𝐴𝑠,𝑎𝑝𝑜𝑖𝑜 = ∗ 𝐴𝑠,𝑣𝑎𝑜 = ∗ 2,26 = 0,753 𝑐𝑚²
3 3

Assim, tem-se que a ancoragem da armadura positiva nos apoios extremos deverá
respeitar a área de aço de 𝐴𝑠,𝑎𝑝𝑜𝑖𝑜 = 0,753𝑐𝑚2 e, portanto, o comprimento de ancoragem
necessário será de:

𝐴𝑠,𝑐𝑎𝑙𝑐 0,753
𝑙𝑏,𝑛𝑒𝑐 = 𝛼 𝑙𝑏 = 1 ∗ 37,7 ∗ = 12,00 𝑐𝑚 ≥ 𝑙𝑏,𝑚𝑖𝑛 𝑒 ≤ 𝑙𝑏𝑒
𝐴𝑠,𝑒𝑓 3 ∗ 0,785

Se todas as barras que chegam nos apoios extremos fossem detalhadas da mesma
maneira que a barra N5, já estariam de acordo com a norma, pois cumpririam com o
comprimento de ancoragem necessário de 12,0 cm. Porém, é usual do programa detalhar pelo
menos duas barras chegando nos apoios com gancho e ocupando toda a largura do pilar.
Para a ancoragem da armadura negativa nos apoios, conforme a Figura 36, o programa
detalhou 17,0 cm para o trecho reto e outros 40,0 cm para o gancho.
84

Figura 36: Detalhe ancoragem da armadura negativa no apoio P8


Fonte: Autoria própria.

Tais valores são superiores às recomendações indicadas pelos autores LEONHARDT


e MONNIG (1982) e Prof. Jackson Antônio Carelli (2011), que aconselham, respectivamente,
para o comprimento do gancho:

35 Ø = 35.1,0 𝑐𝑚 = 35,0 𝑐𝑚
e
𝑀𝑎𝑝𝑜𝑖𝑜 𝑐𝑚² 1,4 ∗ 80𝑘𝑁. 𝑐𝑚
𝐴𝑠,𝑐𝑎𝑙𝑐 = 𝐾𝑠 = 0,024 ( ) = 0,05 𝑐𝑚²
𝑑 𝑘𝑁 56,7 𝑐𝑚
𝐴𝑠,𝑐𝑎𝑙𝑐 0,05
𝑙𝑏,𝑛𝑒𝑐 = 𝛼 𝑙𝑏 = 1,0.53,8. = 1,14 𝑐𝑚 ≤ 𝑙𝑏,𝑚𝑖𝑛 = 16,1 𝑐𝑚
𝐴𝑠,𝑒𝑓 3 ∗ 0,785
A indicação que consta no manual do CAD/TQS para ancoragem da armadura
negativa, se definido “K16=1” é:
Comprimento de ancoragem 𝑙𝑏2:
38Ø = 38.1,0 = 38,0 𝑐𝑚
𝑙𝑏2 ≥ {
𝑙𝑏 𝑒𝑚 𝑟𝑒𝑔𝑖ã𝑜 𝑑𝑒 𝑚á 𝑎𝑑𝑒𝑟ê𝑛𝑐𝑖𝑎 = 53,8 𝑐𝑚
i) Se (bw – c) ≥ 𝑙𝑏2, temos uma ancoragem reta com comprimento 𝑙𝑏2.
ii) Se (bw – c) ≤ 𝑙𝑏2, temos ancoragem com gancho, sendo utilizada uma parcela
de 𝑙𝑏2 no comprimento 𝑙𝑏,𝑑𝑖𝑠𝑝 e o restante para o gancho, não podendo o valor
do gancho ser inferior a 13 Ø.

Portanto, pela indicação do manual CAD/TQS, o comprimento do gancho seria:

𝑙𝑔𝑎𝑛𝑐ℎ𝑜 = 𝑙𝑏2 − (𝑏𝑤 − 𝑐) = 53,8 − 17,0 = 36,8 𝑐𝑚


Ou
𝑙𝑔𝑎𝑛𝑐ℎ𝑜 = 𝑙𝑏2 − (𝑏𝑤 − 𝑐) = 38 − 17,0 = 21 𝑐𝑚

Ainda assim, esses valores não representam os 40,0 cm indicados no detalhamento.


85

4.3.3 Armadura de pele

Para vigas com alturas superiores a 60 cm, a norma indica a utilização de armaduras
laterais ou também denominadas armadura de pele. Observando-se a Figura 34 nota-se que o
programa detalhou a armadura lateral da viga V105-AP com 3 barras de 8,0 mm em cada lado,
especificando o raio de dobramento da barra e sua ancoragem nos apoios extremos, os quais
estão corretos com a norma.
A utilização de barras com diâmetro de 8,0 mm está associada (pelos critérios do
programa) com o aço CA-50. Esse aço é permitido no emprego da armadura lateral, logo a
análise da viga será direcionada para o dimensionamento, espaçamento e ancoragem da
armadura de pele.
O espaçamento das barras laterais (e) não pode ser superior a 20 cm ou d/3, portanto:

𝑑 56,7 𝑐𝑚
𝑒 ≤ {3 = = 18,9 𝑐𝑚 ; 𝑒 ≤ 18,90 𝑐𝑚
3
20 𝑐𝑚

sendo o espaçamento efetivo de:


𝑒𝑒𝑓 = 𝑎𝑣,𝑑𝑖𝑠𝑝 = 12,40 𝑐𝑚 ≤ 18,90 𝑐𝑚

Portanto o espaçamento é inferior ao máximo permitido e respeita a diretrizes da NBR


6118 (ABNT, 2014).

Para o cálculo da armadura de pele, tem-se:

0,1
𝐴𝑝𝑒𝑙𝑒 = 0,1%. 𝐴𝑐,𝑎𝑙𝑚𝑎 = . 20.61 = 1,22 𝑐𝑚2 𝑒𝑚 𝑐𝑎𝑑𝑎 𝑓𝑎𝑐𝑒 𝑙𝑎𝑡𝑒𝑟𝑎𝑙
100
𝐴𝑝𝑒𝑙𝑒,𝑒𝑓 = 3 ∗ 0,503 = 1,51 𝑐𝑚2 ≥ 1,22 𝑐𝑚²

Existiriam outros arranjos para a armadura lateral tais como:


- 4 barras de 6,3 mm, e área total de 1,25 cm² que se aproximaria mais da 𝐴𝑝𝑒𝑙𝑒
calculada;
- 2 barras de 10,0 mm e área total de 1,57 cm² que facilitaria na execução e dificultaria
para o comprimento de ancoragem.
86

Porém, essas são escolhas relativas e que não diminuem a opção de uma ou outra.
Para a ancoragem da armadura de pele, a norma especifica que as barras devem ser
devidamente ancoradas, porém não estabelece nenhum critério a ser utilizado. Sendo assim,
considerou no cálculo o comprimento de ancoragem necessário dessas barras, assim haverá
duas situações, a ancoragem das barras que estão na situação de boa aderência e as barras que
estão localizadas na zona de má aderência. Calculando os dois casos temos o comprimento de
ancoragem necessário de:

Para má aderência:
𝐴𝑠,𝑐𝑎𝑙𝑐 1,22
𝑙𝑏,𝑛𝑒𝑐 = 𝛼 𝑙𝑏 = 1 ∗ 43,0 ∗ = 34,7 𝑐𝑚 ≥ 𝑙𝑏,𝑚𝑖𝑛 𝑒 ≥ 𝑙𝑏𝑒
𝐴𝑠,𝑒𝑓 1,51
Para boa aderência:
𝐴𝑠,𝑐𝑎𝑙𝑐 1,22
𝑙𝑏,𝑛𝑒𝑐 = 𝛼 𝑙𝑏 = 1 ∗ 30,1 ∗ = 24,3 𝑐𝑚 ≥ 𝑙𝑏,𝑚𝑖𝑛 𝑒 ≥ 𝑙𝑏𝑒
𝐴𝑠,𝑒𝑓 1,51

Tal valor é superior ao comprimento disponível de 17,0 cm, desta forma utiliza-se
outra maneira de reduzir o comprimento necessário, a utilização de gancho. Assim:

Para má aderência: 𝑙𝑏,𝑛𝑒𝑐,𝑔 = 0,7. 34,7 = 24,3 𝑐𝑚 ≥ 𝑙𝑏,𝑚𝑖𝑛 𝑒 ≤ 𝑙𝑏𝑒


Para boa aderência: 𝑙𝑏,𝑛𝑒𝑐,𝑔 = 0,7. 24,3 = 17,0 𝑐𝑚 ≥ 𝑙𝑏,𝑚𝑖𝑛 𝑒 ≤ 𝑙𝑏𝑒

Assim, o detalhamento apresentado está correto com o calculado para a zona de boa
aderência, o qual utiliza todo o espaço disponível do pilar (17,0 cm) para ancoragem, especifica
o raio de dobramento (R=2) para o gancho e persiste em prolongar 14,0 cm no comprimento do
gancho mesmo quando utilizado uma barra de diâmetro menor que as anteriores. Para as barras
de 8,0 mm o comprimento do gancho seria de (8Ø + 2,5Ø) ou 8,4 cm.

4.3.4 Decalagem da armadura

A decalagem da armadura segue as indicações do item 2.4.3.9, em que quando o


esforço cortante máximo de cálculo for inferior à parcela resistente a mecanismos
complementares no modelo de treliça: | Vsd,máx | ≤ |𝑉𝑐 |, tem-se 𝑎𝑙 = d = 56,7 cm.
87

Deslocando-se o diagrama de momento fletor da parcela 𝑎𝑙 , consegue-se prever os


pontos onde há a possibilidade de redução do comprimento das barras de aço necessárias para
cada momento fletor. Na Figura 37 é possível visualizar o comprimento necessário para cada
trecho da viga. Assim, tem-se a disposição da a armadura negativa em quatro barras de 10,0
mm que iniciam no pilar intermediário P5 e são decaladas em pares de 2 até o ponto de momento
nulo no gráfico, sendo ambas possuindo o maior comprimento com o acréscimo de lb . O
restante da armadura, que chegará nos pilares da extremidade P8 e P2, será apenas para respeitar
a armadura mínima e, que pelo cálculo do item 2.4.3.2, é de:

0,15
𝐴𝑠,𝑚𝑖𝑛 = 0,15%. 𝐴𝑐 = . 20.61 = 1,83 𝑐𝑚²
100

Chega-se a uma área próxima à 𝐴𝑠,𝑚𝑖𝑛 utilizando-se um arranjo de duas barras de


10,0 mm e mais uma de 6,3 mm totalizando a área de aço de:

𝐴𝑠 = 2 ∗ 0,785 + 1 ∗ 0,312 = 1,88 𝑐𝑚².

Assim, essa região pode ser executada aproveitando a continuidade de duas barras de
10,0 mm que saem do pilar P5 e acrescentando a barra de 6,3 mm na região final. Na
representação foi realizada apenas o transpasse da barra N1, pois as outras duas barras que
chegam serão da composição N2.
88

Figura 37: Representação do momento decalado na viga V105-AP


Fonte: Autoria própria.

Ao se comparar com o resultado obtido com a utilização do programa (Figura 34),


percebe-se a discrepância de valores no escalonamento da barra N3, que apresenta comprimento
de 90,0 cm a partir da face do pilar P5. Esse valor é inferior ao comprimento mínimo que a
barra decalada poderia ter, ou seja, é inferior à parcela 𝑎𝑙 + 𝑙𝑏 = 56,7 + 53,8 = 110,5 cm.
Pela análise comparativa do diagrama decalado, a única conclusão que se chega é a de que a
barra N3 teve consideração da parcela 𝑎𝑙 , mas desconsiderou o prolongamento para o
comprimento de ancoragem 𝑙𝑏 ou de 10 Ø, caso semelhante ao ocorrido na viga V105.
Essa mesma consideração também acontece para as três barras N1, as quais possuem
o comprimento interditado até o momento nulo do diagrama decalado, sem a consideração do
comprimento de ancoragem. A Figura 38 exemplifica o problema relatado.
89

Figura 38: Comparativo das barras N1 e N3 com o diagrama decalado na viga V105 -AP
Fonte: Autoria própria.

Em relação a barra N2, ocorreu um aumento do que o comprimento necessário


decalado, são essas interações que dificultam na interpretação escolhida pelo programa.
Já na armadura longitudinal positiva, percebe-se a existência de um escalonamento das
barras N5 que saem dos pilares das extremidades, porém não necessitam chegar até o pilar P5,
pois pelo diagrama podem ser terminadas prolongando 10 Ø do ponto da barra N4. Nesse
detalhamento o programa apresentou um resultado coerente, dando valores de comprimento
semelhantes ao decalado.
No Apêndice D apresenta as correções e adequações realizadas pelo autor para o
detalhamento da viga V105-AP.

4.3.5 Detalhamento da Armadura Transversal

A distribuição da armadura transversal na Viga V105-AP ocorreu da mesma maneira


para os dois vãos, sendo dispostos estribos de dois ramos, com Ø𝑡 = 5,0 mm a cada 12 cm e
comprimento total de 153,0 cm, e, estribos de dois ramos, com Ø𝑡 = 6,3 mm a cada 22,0 cm,
e comprimento total de 154 cm. A princípio se estranha a mudança de bitolas e aço no meio do
perfil, uma vez que, não havia necessidade de se redimensionar a área da armadura transversal
90

por não apresentar esforços necessários de dimensionamento. Porém, ao contrário do ocorrido


na Viga V105, que aumentou a taxa de aço na região menos solicitada, a viga V105-AP
demonstrou maior coerência, pois, reduziu o aço de 3,26 cm²/m para 2,84 cm²/m na região onde
os esforços cortantes estão diminuindo.
O detalhe da armadura transversal na Figura 34 mostra o tamanho de ambos os tipos
de estribos iguais, com ramos verticais de 55,0 cm e horizontais de 14,0 cm, valores que
correspondem às dimensões da peça descontando-se o cobrimento de 3,0 cm necessário em
cada borda. Além disso, a execução do gancho detalhada pelo programa é feita com ângulo
reto, que de acordo com a Figura 16, devem possuir comprimento mínimo de ancoragem de:

Para barras de 5,0 mm: 𝑙𝑏𝑒,𝑡 = Ø𝑡 . 10 = 0,5.10 = 5 𝑐𝑚 ≥ 7 𝑐𝑚


Comprimento disponível para os ganchos = 153 cm – 2 x 14 cm – 2 x 55 cm = 15 cm.

E, para barras de 6,3 mm:𝑙𝑏𝑒,𝑡 = Ø𝑡 . 10 = 0,5.10 = 5 𝑐𝑚 ≥ 7 𝑐𝑚


Comprimento disponível para os ganchos = 154 cm – 2 x 14 cm – 2 x 55 cm = 16 cm.

Pela armadura transversal apresentada, a ancoragem possui comprimento disponível


para a execução dos dois ganchos de 15 cm, ou seja, 7,5 cm para cada. Esse valor é maior que
o comprimento mínimo de ancoragem de 7,0 cm e atende ao exigido pela norma.
Entretanto, o desenho detalhado da armadura transversal não apresentou nenhum valor
correspondente para o pino de dobramento na execução do gancho com ângulo reto. Conforme
Tabela 5, em bitolas inferiores a 10 mm e uso do aço CA-60 ou CA-50, o pino de dobramento
deve ter diâmetro de 3Ø𝑡 = 18,9 mm ou 15,0 mm para os respectivos aços.
Para a análise dos próximos resultados, utilizaram-se o diagrama dos esforços
cortantes na Viga V105-AP (Figura 34) e a Tabela 14 com o relatório simplificado da armadura
transversal.

Figura 39: Diagrama dos esforços cortantes na viga V105-AP


Fonte: CAD/TQS UNIPRO v.21.
91

Tabela 14: Resumo do Relatório de Esforços Cortantes do CAD/TQS para a Viga V105-AP
Modelo Altura
Comprimento VSd VRd2 Vc Asw Asw,min
de Faixa útil ‘d’
(m) (tf) (tf) (tf) (cm²/m) (cm²/m)
cálculo I (cm)
1 1,04 2,95 73,54 11,95 0,0 2,8 56,7
Vão 01 2 1,04 2,86 73,54 11,95 0,0 2,8 56,7
3 1,04 4,96 73,54 11,95 0,0 2,8 56,7
1 1,04 5,11 73,54 11,95 0,0 2,8 56,7
Vão 02 2 1,04 2,55 73,54 11,95 0,0 2,8 56,7
3 1,04 2,81 73,54 11,95 0,0 2,8 56,7
Fonte: Autoria própria.

Pelo relatório do dimensionamento da armadura transversal, não haveria a necessidade


de armar transversalmente a viga para resistir aos esforços cisalhantes, visto que a parcela
absorvida por Vc já é suficiente para absorver o esforço cortante máximo atuante de cálculo (Vc
≥ Vsd). Entretanto, a NBR 6118:2014 estabelece uma taxa de armadura transversal mínima que
deve ser atendida. Conforme o capítulo 2.4.4.1 desse trabalho, a taxa de armadura mínima para
o concreto C25, dependendo do tipo de aço, é de:

3
𝐴𝑠𝑤 𝑓 0,3. √252
Para aço CA-60: 𝑠
≥ 0,2 𝑓𝑐𝑡,𝑚 . 𝑏𝑤 𝑠𝑒𝑛𝛼 = 0,2. 600
. 20.1 = 0,0171𝑐𝑚
𝑦𝑤𝑘

3
𝐴𝑠𝑤 𝑓 0,3. √252
E, para aço CA-50: ≥ 0,2 𝑓𝑐𝑡,𝑚 . 𝑏𝑤 𝑠𝑒𝑛𝛼 = 0,2. . 20.1 = 0,0205𝑐𝑚
𝑠 𝑦𝑤𝑘 500

Considerando-se o espaçamento longitudinal s = 100 cm, tem-se uma taxa de


𝐴𝑠𝑤,𝑚𝑖𝑛 = 2,05𝑐𝑚2 /𝑚. Esse valor é inferior ao 𝐴𝑠𝑤,𝑚𝑖𝑛 calculado pelo programa, o qual pela
Tabela 14, entregou uma taxa de 𝐴𝑠𝑤,𝑚𝑖𝑛 = 2,80 𝑐𝑚2 /𝑚, tal valor é semelhante ao encontrado
se usássemos para o cálculo a resistência de escoamento do aço de 366,42 MPa, entretanto foi
especificado o uso de CA-60, que possui 𝑓𝑦𝑤𝑘 = 600 𝑀𝑃𝑎, para bitolas até 5,0 mm e CA-50,
com 𝑓𝑦𝑤𝑘 = 500 𝑀𝑃𝑎, para bitolas de 6,3 mm.
A taxa mínima da armadura transversal é respeitada ao se optar por estribos com dois
tipos de dimensionamento, o primeiro utilizando barras de 5 mm a cada 12,0 cm, totalizando
92

uma área de armadura transversal de 𝑎𝑠𝑤 = 3,26 𝑐𝑚²/m e o segundo utilizando barras de 6,3
mm a cada 22,0 cm, totalizando uma área de 𝑎𝑠𝑤 = 2,86 𝑐𝑚²/m e se aproximando muito do
mínimo indicado pelo relatório.
Considerando-se valores mais próximos de 𝑎𝑠𝑤,𝑚𝑖𝑛 , utilizam-se estribos de 2 ramos
com 5,0 mm espaçados a cada 14,0 cm e área de:

100
𝑎𝑠𝑤 = 2 ∗ 0,196 ∗ ( ) = 2,80 𝑐𝑚²/m
14

Ou estribos de 2 ramos com 6,3 mm espaçados a cada 22,28 cm com área de:

100
𝑎𝑠𝑤 = 2 ∗ 0,312 ∗ ( ) = 2,80 𝑐𝑚²/m
22,28

E ainda, considerando-se o valor da armadura mínima calculada de 1,71 cm²/m, um


arranjo com estribos de 2 ramos de 5,0 mm espaçados a cada 22,92 cm, totalizando a área
mínima de 𝑎𝑠𝑤 = 1,71 𝑐𝑚²/m, seria suficiente.

4.3.5.1 Espaçamento dos estribos

A distribuição da armadura transversal está disposta longitudinalmente em 2 ramos


com aço CA 60 de 5 mm a cada 12,0 cm e em 2 ramos com aço CA 50 de 6,3 mm a cada 22,0
cm. Suas disposições respeitam os espaçamentos mínimo e máximo dispostos na NBR
6118:2014, que estabelece os valores de:

Espaçamento mínimo, considerando o diâmetro do vibrador de 5 cm:

𝑆𝑚𝑖𝑛 ≥ Ø𝑣𝑖𝑏 + 1 𝑐𝑚 = 5 cm + 1 cm = 6 cm

E espaçamento máximo, sendo 𝑉𝑠𝑑 ≤ 0,67 𝑉𝑅𝑑2 :

𝑆𝑚𝑎𝑥 = 0,6 d = 0,6*56,7 = 34,02 cm ≤ 300 mm


93

Também foi respeitado o espaçamento transversal máximo dos estribos, em que não
houve necessidade da divisão da armadura transversal em mais ramos, ou seja, estribos simples
atendem o espaçamento máximo permitido, que é de:

Se: 𝑉𝑑 ≤ 0,20 𝑉𝑅𝑑2 = 5,11 tf ≤ 14,71 tf, então 𝑆𝑡,𝑚𝑎𝑥 = d = 56,7 cm ≤ 800 mm.

4.4 VIGA V105-AS

Considerando a situação da viga V105-AS, detalhada na Figura 40, que contem apoios
diretos e indiretos, ou seja, o primeiro trecho apoiado diretamente nos pilares P8 e P5 e o
segundo diretamente no pilar P5 e indiretamente na viga (V101-AS), decidiu-se separar a sua
análise em dois vãos. O primeiro caso sendo denominado de “Vão 01” e que abrange o
comprimento entre os pilares P8 e P5. E o segundo caso denominado de “Vão 02”
compreendendo a extensão do pilar P5 até a viga V101-AS.

Figura 40: Desenho da armadura da viga V105-AS


Fonte: CAD/TQS UNIPRO v.21.

Na Figura 41 pode-se observar o diagrama de momentos fletores para a viga V105-AS


e na Tabela 15 um resumo dos resultados gerados pelo relatório do programa para a viga que
serão utilizados na análise dos resultados.
94

Figura 41: Diagrama de momentos fletores da viga V105.


Fonte: CAD/TQS UNIPRO v21.

Tabela 15: Relatório simplificado de esforços e área de aço do CAD/TQS para a viga V105-AS.
Vão 01
Viga V105-AS Apoio Esquerdo Apoio
Meio do vão
(P8) Intermediário (P5)
Momento atuante - 0,27 tf.m 1,00 tf.m - 2,74 tf.m
Área de aço calculada 1,26 cm² 1,30 cm² 3,71 cm²
Área de aço efetiva 1,57 cm² 1,57 cm² 4,02 cm²
Cortante atuante 1,80 tf 0,4 tf -3,27 tf
Armadura transversal
2,80 cm²/m 2,80 cm²/m 2,80 cm²/m
calculada ou mínima
Armadura transversal
3,26 cm²/m 4,16 cm²/m 3,26 cm²/m
efetiva
Vão 02
Viga V105-AS Apoio Direito Apoio
Meio do vão
(V101-AS) Intermediário (P5)
Momento atuante 0 1,06 tf.m - 2,94 tf.m
Área de aço calculada 0 1,35 cm² 4,01 cm²
Área de aço efetiva 0,62 cm² 1,57 cm² 4,02 cm²
Cortante atuante - 1,46 tf 1,08 tf 3,54 tf
Armadura transversal
2,80 cm²/m 2,80 cm²/m 2,80 cm²/m
calculada ou mínima
Armadura transversal
3,26 cm²/m 4,16 cm²/m 3,26 cm²/m
efetiva
Fonte: Autoria própria.

4.4.1.1 VÃO 01 – V105-AS

A distribuição da armadura longitudinal consiste em duas barras de aço contínuas de


10,0 mm para a armadura positiva e duas barras de aço de 10,0 mm iniciando no pilar P8
passando para duas barras de 16,0 mm ao se aproximar do pilar P5 para a armadura negativa.
A disposição construtiva das barras de aço respeita aos espaçamentos mínimos
indicados no item 2.4.4.3, que estabelece para o espaçamento mínimo horizontal (𝑎ℎ ) o valor
95

de 22,8 mm, considerando a utilização da brita 1, como agregado graúdo na composição do


concreto, que possui o diâmetro máximo característico de 19 mm. Pelo detalhamento da Figura
40 percebe-se a disposição das barras da armadura negativa em uma mesma camada. Para essa
distribuição espaçamento horizontal disponível entre duas barras consecutivas é de:
𝑏𝑤 − 2.c –2.Ø−2.Ø𝑡 20−2.3−2.1,6−2.0,6,3
𝑎ℎ,𝑑𝑖𝑠𝑝 = = = 9,54 cm ≥ 2,28 cm = 𝑎ℎ
𝑛º𝑏𝑎𝑟𝑟𝑎𝑠−1 2−1
Quanto ao espaçamento vertical, não houve existência de uma segunda camada de
barras.
Logo, as verificações apresentam espaçamento superiores ao determinado pela norma.

4.4.1.2 Ancoragem das Armaduras no pilar P8

O estudo da ancoragem positiva se inicia no apoio P8, pilar de extremidade, que possui
uma ancoragem de 31,0 cm, sendo desses, 17,0 cm longitudinal e outros 14 cm verticais para a
execução do gancho. A princípio tais valores estão adequados à norma, pois respeitam o espaço
disponibilizado pela largura do pilar e comprimento mínimo do gancho de 8 Ø (Figura 10).
A adoção do gancho na ancoragem do apoio é questionável considerando que as
condições b) e c) estabelecidas no item 2.4.3.10 desse trabalho, indicam que a armadura que
deve chegar no apoio (𝐴𝑠,𝑎𝑝𝑜𝑖𝑜 ) deve ser a maior entre:

𝑎𝑙 25,7
𝐹𝑠𝑑 ( 𝑑 ) 𝑉𝑑 + 𝑁𝑑 ( ) ∗ 1,4 ∗ 18,0 + 1,4 ∗ 0,06
25,7
𝑏) 𝐴𝑠,𝑎𝑝𝑜𝑖𝑜 = = = = 0,58 𝑐𝑚2
𝑓𝑦𝑑 𝑓𝑦𝑑 43,5
1 1
𝑐) 𝑃𝑎𝑟𝑎 𝑀𝑎𝑝𝑜𝑖𝑜 < 0,5 𝑀𝑣ã𝑜 , 𝑡𝑒𝑚𝑜𝑠: 𝐴𝑠,𝑎𝑝𝑜𝑖𝑜 = ∗ 𝐴𝑠,𝑣𝑎𝑜 = ∗ 1,30 = 0,43𝑐𝑚²
3 3

Portanto, ao se calcular o comprimento necessário de ancoragem positiva que deve


chega ao apoio P8, pode-se usar a redução da taxa de armadura calculada pela efetiva.
Considerando 𝐴𝑠,𝑎𝑝𝑜𝑖𝑜 = 0,58 𝑐𝑚2, tem-se que:

𝐴𝑠,𝑐𝑎𝑙𝑐 0,58
𝑙𝑏,𝑛𝑒𝑐 = 𝛼 𝑙𝑏 = 1 ∗ 37,7 ∗ = 13,93 𝑐𝑚 ≥ 𝑙𝑏,𝑚𝑖𝑛 𝑒 ≤ 𝑙𝑏𝑒
𝐴𝑠,𝑒𝑓 2 ∗ 0,785

Tal valor é inferior à largura disponível no apoio 𝑙𝑏𝑒 = 17,0 𝑐𝑚, portanto, poderia-se
definir a ancoragem com o prolongamento reto de 13,93 cm. Pelo detalhamento apresentado
96

para a Viga V105-AS, a ancoragem da armadura positiva foi realizada com o uso de gancho a
90º. Com a adoção do gancho, o 𝑙𝑏,𝑛𝑒𝑐,𝑔 reduz para 11,3 cm. Contudo, esse valor pode ser
desconsiderado, uma vez que o cobrimento na região normal ao gancho é superior a 70 mm
(conforme apresentado em 2.4.3.10). Restando-se, apenas, a verificação de 𝑙𝑏,𝑛𝑒𝑐,𝑔 = 2,5Ø
+5,5Ø = 8,0 cm ≥ 6,0 cm, o que resulta em um comprimento bem inferior a 𝑙𝑏𝑒 não necessitando
do prolongamento até a extremidade da largura. Entretanto é usual do programa detalhar a barra
com gancho contemplando toda a largura disponível do apoio, gerando assim um maior
comprimento de ancoragem do que o necessário.
Também teve um acréscimo no comprimento vertical do gancho, o qual necessitaria
apenas a adição do diâmetro de dobramento (D) aos 8 Ø estabelecido no gancho de 90º (Figura
10), resultando em um valor de (8 Ø + 5/2 Ø) ou 10,5 cm. Conforme o detalhamento, foram
utilizados 14 cm na representação desse trecho, diferenciando 3,5 cm do mínimo recomendado
na NBR 6118:2014. No total a diferença entre o comprimento utilizado no programa e o
necessário foi de 𝛥 = 31,0 𝑐𝑚 − (8,0 𝑐𝑚 + 10,5) = 12,5 𝑐𝑚, totalizando um acréscimo de
167,6% da quantidade de aço usada para a ancoragem.
Para o cálculo da ancoragem negativa no apoio P8, recalculou-se o comprimento de
ancoragem necessário com as áreas efetiva e de cálculo da armadura negativa. Trazendo-se as
mesmas condições de ancoragem: barra nervurada, situação de boa aderência e sem gancho;
tem-se o seguinte valor de comprimento:
𝑀𝑎𝑝𝑜𝑖𝑜 𝑐𝑚² 1,4 ∗ 270𝑘𝑁. 𝑐𝑚
𝐴𝑠,𝑐𝑎𝑙𝑐 = 𝐾𝑠 = 0,024 ( ) = 0,35 𝑐𝑚²
𝑑 𝑘𝑁 25,7 𝑐𝑚
𝐴𝑠,𝑐𝑎𝑙𝑐 0,35
𝑙𝑏,𝑛𝑒𝑐 = 𝛼 𝑙𝑏 = 1 ∗ 37,7 ∗ = 8,40 𝑐𝑚 ≤ 𝑙𝑏,𝑚𝑖𝑛 = 11,30 𝑐𝑚
𝐴𝑠,𝑒𝑓 2 ∗ 0,785

Tal valor atende ao espaço disponível por 𝑙𝑏𝑒 = 17 𝑐𝑚, logo, considerando-se as
recomendações do Prof. Jackson Antônio Carelli (2011), será utilizado o valor do 𝑙𝑏,𝑚𝑖𝑛 como
comprimento do gancho. Resultando assim, numa ancoragem de 17,0 cm para o apoio e 11,30
cm na região do gancho.
Os critérios utilizados pelo programa para a ancoragem da armadura negativa foram:
adotar como comprimento de ancoragem o valor de 38 Ø (CAD/TQS, 2019) e ancorar
normalmente até o 𝑙𝑏𝑒 disponível, utilizando-se o excedente do comprimento (𝑙𝑏,𝑛𝑒𝑐,𝑔 − 𝑙𝑏𝑒 )
como parte para o comprimento do gancho. Assim, o detalhamento resulta em 17 cm para o
apoio e 21 cm para a região do gancho conforme apresentado na Figura 40.
97

4.4.1.3 VÃO 02– V105-AS

A distribuição da armadura longitudinal consiste em duas barras de aço contínuas de


10,0 mm para a armadura positiva e duas barras de aço de 6,3 mm a partir da viga V101-AS
que passam para duas barras de 16,0 mm ao se aproximar do pilar P5 para a armadura negativa.
Os espaçamentos seguem a mesma configuração do Vão 01, com:

𝑏𝑤 − 2.c –2.Ø−2.Ø𝑡 20−2.3−2.1,6−2.0,6,3


𝑎ℎ,𝑑𝑖𝑠𝑝 = = = 9,54 cm ≥ 2,28 cm = 𝑎ℎ
𝑛º𝑏𝑎𝑟𝑟𝑎𝑠−1 2−1

Logo também estão adequados com a norma.

4.4.1.4 Ancoragem das armaduras no apoio da viga V101-AS

A ancoragem positiva se inicia no apoio V101-AS, viga de extremidade, que possui


uma ancoragem de 31,0 cm, sendo desses, 17,0 cm longitudinal e outros 14 cm verticais para a
execução do gancho. A princípio tais valores estão adequados à norma, pois respeitam o espaço
disponibilizado pela largura do pilar e o comprimento mínimo do gancho de 8 Ø (Figura 10).
A opção pelo uso do gancho na ancoragem do apoio é questionável considerando que
as condições b) e c) estabelecidas no item 2.4.3.10 desse trabalho, indicam que a armadura
necessária calculada para o apoio (𝐴𝑠,𝑎𝑝𝑜𝑖𝑜 ) é a maior entre:

𝑎𝑙 25,7
𝐹𝑠𝑑 ( 𝑑 ) 𝑉𝑑 + 𝑁𝑑 ( ) ∗ 1,4 ∗ 14,6 + 1,4 ∗ 0,06
25,7
𝑏) 𝐴𝑠,𝑎𝑝𝑜𝑖𝑜 = = = = 0,48 𝑐𝑚2
𝑓𝑦𝑑 𝑓𝑦𝑑 43,5
1 1
𝑐) 𝑃𝑎𝑟𝑎 𝑀𝑎𝑝𝑜𝑖𝑜 < 0,5 𝑀𝑣ã𝑜 , 𝑡𝑒𝑚𝑜𝑠: 𝐴𝑠,𝑎𝑝𝑜𝑖𝑜 = ∗ 𝐴𝑠,𝑣𝑎𝑜 = ∗ 1,35 = 0,45 𝑐𝑚²
3 3

Portanto, ao se calcular o comprimento necessário de ancoragem positivo que chega


ao apoio V101-AS, utilizando-se a redução da taxa de armadura calculada pela efetiva,
considerando-se 𝐴𝑠,𝑎𝑝𝑜𝑖𝑜 = 0,48 𝑐𝑚2 , tem-se que:

𝐴𝑠,𝑐𝑎𝑙𝑐 0,48
𝑙𝑏,𝑛𝑒𝑐 = 𝛼 𝑙𝑏 = 1 ∗ 37,7 ∗ = 11,53 𝑐𝑚 ≥ 𝑙𝑏,𝑚𝑖𝑛 𝑒 ≤ 𝑙𝑏𝑒
𝐴𝑠,𝑒𝑓 2 ∗ 0,785
98

Logo, não terá a necessidade de execução do gancho na ancoragem das armaduras


positivas que chegam nos apoios das extremidades.
Além disso, o valor da armadura que chega no apoio V101-AS no relatório da viga
V105-AS não apresenta o mesmo resultado que o calculado 𝐴𝑠,𝑎𝑝𝑜𝑖𝑜 = 0,48 𝑐𝑚2. O que é
interessante, porque nos outros casos analisados a área de aço calculada era similar ao
apresentado no relatório. Pelo relatório V105-AS, deve-se chegar no apoio V101-AS uma área
de aço equivalente a 0,61 cm², entretanto não se indicam os valores utilizados para esse cálculo,
e, considerando-se apenas os valores dos diagramas fornecidos do programa, volta-se para o
resultado da condição b).
A ancoragem da armadura negativa na viga de apoio V101-AS, se considerasse as
recomendações de LEONHARDT E MONNIG (1982) e do Prof. Jackson (2011), teria um
comprimento vertical de:
35 Ø = 35.0,63 𝑐𝑚 = 22,05 𝑐𝑚;
ou
𝐴𝑠,𝑐𝑎𝑙𝑐 0,01
𝑙𝑏,𝑛𝑒𝑐 = 𝛼 𝑙𝑏 = 1,0.23,7. = 3,77 𝑐𝑚 ≤ 𝑙𝑏,𝑚𝑖𝑛 = 10,0 𝑐𝑚
𝐴𝑠,𝑒𝑓 2 ∗ 0,314

Esses valores são semelhantes aos 15,0 cm apresentado pelo programa, portanto, pode-
se dizer que essa região de ancoragem na viga V101-AS está de acordo com o recomendado.

4.4.1.5 Decalagem da armadura

A decalagem da armadura seguiu as indicações do item 2.4.3.9, em que se expressa


que quando a cortante máxima de cálculo for inferior à parcela resistente aos mecanismos
complementares ao modelo de treliça: | Vsd,máx | ≤ |𝑉𝑐 |, tem-se que 𝑎𝑙 = d = 25,7 cm.
Deslocando-se o diagrama de momentos fletores desta parcela 𝑎𝑙 , conseguem-se
prever os pontos onde há a possibilidade de se reduzir as barras de aço adotadas para absorver
os momentos solicitantes. Na Figura 42 pode-se visualizar o comprimento necessário para cada
trecho da viga.
Assim, tem-se que a disposição da armadura positiva possui o maior comprimento com
o prolongamento de 10 Ø em duas barras de 10,0 mm, do que acrescentar lbnec, a diferença
entre os dois critérios para o comprimento é quase mínima, pois um apresentou o valor de 251,9
cm e o outro 250,7 cm, iniciando no pilar de extremidade P8 e reduzindo seus valores ao se
aproximar do pilar intermediário P5. Para a armadura mínima 𝐴𝑠,𝑚𝑖𝑛 = 0,90 𝑐𝑚2 /𝑚, por ser
99

um trecho curto de transição entre as barras de 10,0 mm e a armadura mínima, é mais viável
optar por barras contínuas de 10,0 mm em todo o comprimento.
Já nas armaduras longitudinais negativas percebe-se a existência de um escalonamento
iniciado no momento máximo presente no pilar intermediário P5 para o restante da viga. Logo,
a armadura sai de duas barras de 16,0 mm da região central e se reduz a duas de 8,0 mm que
servirão como porta-estribos na extremidade respeitando a armadura mínima longitudinal de
0,90 cm² e a armadura que chega nos apoios de 0,58 cm². Pode-se reduzir a armadura que chega
na viga V101-AS para barras de 6,3 mm conforme o detalhamento do programa (Figura 40),
pois nessa região não há a ocorrência de nenhum momento negativo e ainda é superior a
armadura que deve chegar no apoio.

Figura 42: Representação do momento decalado na viga V105-AS


Fonte: Autoria própria.

Ao se comparar o detalhamento dimensionado para a viga decalada (Apêndice E) com


o fornecido pelo programa (Figura 40), percebe-se algumas incoerências de valores
principalmente na armadura negativa. Exemplos como o comprimento das barras N3 de 16,0
mm que possui um prolongamento de 129,0 cm além do pilar P5, representa valor semelhante
ao momento decalado da viga, porém sem a consideração do comprimento de ancoragem ou
avanço de 10 Ø. Além disso, o comprimento de traspasse entre as barras N3 e N2 (Figura 43),
considerado pelo programa, é de aproximadamente 20,42 cm, o que se questiona se é a
ancoragem correta do trecho.
100

Figura 43: Detalhe do traspasse entre as barras N2 e N3 da viga V105-AS


Fonte: Autoria própria.

Em contrapartida, na região entre os pilares P8 e P5 há um acréscimo de 211,0 cm no


comprimento da barra N3 no detalhamento gerado pelo programa, valor bem superior aos 135,0
cm necessários para a barra N3 decalada. Portanto, entre os pilares P8 e P5 há um
dimensionamento favorecendo a segurança e entre o pilar P5 e a viga V101-AS um
comprimento que se questiona estar correto.
No Apêndice E apresenta-se o detalhamento das barras com as mudanças julgadas
necessárias pelo autor para que fique melhor otimizado e adequado à norma.

4.4.2 Detalhamento da armadura transversal

A distribuição da armadura transversal na Viga V105-AS (Figura 40) ocorreu da


mesma maneira para os dois vãos, sendo dispostos estribos de dois ramos, com Ø𝑡 = 5,0 mm
a cada 12 cm e comprimento total de 91 cm nas extremidades dos vãos, e estribos de dois ramos,
com Ø𝑡 = 6,3 mm a cada 15 cm, e comprimento total de 92 cm, no meio do vão. A princípio
se estranha a mudança de bitolas e aço no meio do vão, uma vez que, não há necessidade de se
redimensionar a área da armadura transversal para o trecho e muito menos aumentar a taxa de
aço de 3,26 cm²/m para 4,16 cm²/m em uma região onde os esforços cortantes estão diminuindo.
O detalhamento do comprimento da armadura transversal (Figura 40), apresenta
estribos com ramos verticais de 24 cm e horizontais de14 cm. Tais valores ocupam todo o
espaço disponível para execução do estribo dentro da viga sem prejudicar o cobrimento de 3
cm necessário em cada borda. Além disso, a execução do gancho detalhada pelo programa é
em ângulo reto. Conforme a Figura 16, esses ganchos devem possuir comprimento mínimo de
ancoragem de:

Para barras de 5,0 mm, 𝑙𝑏𝑒,𝑡 = Ø𝑡 . 10 = 0,5.10 = 5 𝑐𝑚 ≥ 7 𝑐𝑚


Comprimento disponível para o gancho= 91 cm – 2 x 14 cm – 2 x 24 cm = 15 cm.
101

E, para barras de 6,3 mm, 𝑙𝑏𝑒,𝑡 = Ø𝑡 . 10 = 0,5.10 = 5 𝑐𝑚 ≥ 7 𝑐𝑚


Comprimento disponível para o gancho = 92 cm – 2 x 14 cm – 2 x 24 cm = 16 cm.

Pela armadura transversal apresentada, a ancoragem possui um comprimento


disponível de 15 cm para execução dos dois ganchos, ou seja, 7,5 cm para cada. Esse valor é
maior que o comprimento mínimo de ancoragem e atende ao exigido pela norma.
Entretanto, o desenho detalhado da armadura transversal não apresentou nenhum valor
correspondente para o pino de dobramento na execução do gancho com ângulo reto. Conforme
Tabela 5, em bitolas inferiores a 10 mm e uso do aço CA-60 ou CA-50, o pino de dobramento
deve ter diâmetro de 3Ø𝑡 .
Para a análise dos próximos resultados, utilizou o diagrama dos esforços cortantes da
Viga V105-AS (Figura 44) e a Tabela 16 com o relatório simplificado da armadura transversal.

Figura 44: Diagrama dos esforços cortantes na viga V105-AS


Fonte: CAD/TQS UNIPRO v.21.

Tabela 16: Resumo do Relatório de Esforços Cortantes do CAD/TQS para a Viga V105-AS.
Altura
Modelo de Comprimento VSd VRd2 Vc Asw Asw,min
Faixa útil ‘d’
cálculo I (m) (tf) (tf) (tf) (cm²/m) (cm²/m)
(cm)

1 1,04 2,53 33,37 5,42 0,0 2,8 25,7


Vão 01 2 1,04 -2,74 33,37 5,42 0,0 2,8 25,7
3 1,04 -4,61 33,37 5,42 0,0 2,8 25,7

1 1,04 4,95 33,37 5,42 0,0 2,8 25,7


Vão 02 2 1,04 2,57 33,37 5,42 0,0 2,8 25,7
3 1,04 -2,04 33,37 5,42 0,0 2,8 25,7
Fonte: Autoria própria.

Pelo relatório do dimensionamento da armadura transversal, não haveria a necessidade


de armar transversalmente a viga para resistir aos esforços cisalhantes, visto que a parcela
102

absorvida por Vc já é suficiente para resistir o esforço cortante máximo atuante de cálculo (Vc
≥ Vsd). Entretanto, a NBR 6118:2014 estabelece uma taxa de armadura transversal mínima que
deve ser atendida. Conforme o capítulo 2.4.3.2 desse trabalho, a taxa de armadura mínima para
o concreto C25 é de:

3
𝐴𝑠𝑤 𝑓 0,3. √252
≥ 0,2 𝑓𝑐𝑡,𝑚 . 𝑏𝑤 𝑠𝑒𝑛𝛼 = 0,2. . 20.1 = 0,0171𝑐𝑚, para o aço CA-60.
𝑠 𝑦𝑤𝑘 600
3
𝐴𝑠𝑤 𝑓 0,3. √252
≥ 0,2 𝑓𝑐𝑡,𝑚 . 𝑏𝑤 𝑠𝑒𝑛𝛼 = 0,2. . 20.1 = 0,0205𝑐𝑚, para o aço CA-50.
𝑠 𝑦𝑤𝑘 500

Considerando-se s = 100cm tem-se uma taxa mínima de armadura 𝑎𝑠𝑤,𝑚𝑖𝑛 =


2,05𝑐𝑚2 /𝑚

Esse valor é inferior ao 𝑎𝑠𝑤,𝑚𝑖𝑛 calculado pelo programa, que pela Tabela 10, forneceu
uma taxa de 𝑎𝑠𝑤,𝑚𝑖𝑛 = 2,80 𝑐𝑚2 /𝑚. Tal valor é semelhante ao encontrado se fosse usada para
o cálculo a resistência de escoamento do aço de 366,42 MPa, entretanto foi especificado o uso
de CA-60, que possui 𝑓𝑦𝑤𝑘 = 600 𝑀𝑃𝑎, para bitolas até 5,0 mm e CA-50, com 𝑓𝑦𝑤𝑘 =
500 𝑀𝑃𝑎, para bitolas de 6,3 mm.
A taxa mínima de armadura é respeitada ao optar por estribos com dois tipos de
detalhamento, o primeiro utilizando barras de 5 mm a cada 12,0 cm, totalizando uma área de
armadura transversal de 𝑎𝑠𝑤 = 3,26 𝑐𝑚²/m e o segundo utilizando-se barras de 6,3 mm a cada
15,0 cm, totalizando uma área de 𝑎𝑠𝑤 = 4,16 𝑐𝑚²/m.
Considerando-se o valor da armadura mínima calculada de 1,71 cm²/m poderia optar
pela distribuição de estribos de 2 ramos com 5,0 mm espaçados a cada 𝑠𝑚𝑎𝑥 = 15,42𝑐𝑚
totalizando uma área de 𝑎𝑠𝑤 = 2,54 𝑐𝑚²/m. Para fins de execução, o detalhamento proposto
no Apêndice E, considera apenas números inteiros para as distâncias do espaçamento, logo o
valor é de 15,0 cm.

4.4.2.1 Espaçamento longitudinal dos estribos

A distribuição da armadura transversal está disposta longitudinalmente em 2 ramos


com aço CA 60 de 5 mm a cada 12,0 cm e em 2 ramos com aço CA 50 de 6,3 mm a cada 15,0
cm. Suas disposições respeitam os espaçamentos mínimo e máximo dispostos na NBR
6118:2014, os quais estabelecem os valores de:
103

Espaçamento mínimo, considerando o diâmetro do vibrador de 5 cm:


𝑆𝑚𝑖𝑛 ≥ Ø𝑣𝑖𝑏 + 1 𝑐𝑚 = 5 cm + 1 cm = 6 cm.

E, para o espaçamento máximo, sendo 𝑉𝑠𝑑 ≤ 0,67 𝑉𝑅𝑑2 :


𝑆𝑚𝑎𝑥 = 0,6 d = 0,6*25,7 = 15,42 cm ≤ 300 mm.

Também foi respeitado o espaçamento transversal máximo dos estribos. Não há a


necessidade da divisão da armadura transversal em mais ramos, uma vez que, cumpre com o
exigido na norma:

Se: 𝑉𝑑 ≤ 0,20 𝑉𝑅𝑑2 = 4,48 tf ≤ 6,66 tf, então 𝑠𝑡,𝑚𝑎𝑥 = d = 25,7 cm ≤ 800 mm.

4.4.2.2 Armadura de suspensão

O programa não apresentou nenhuma informação sobre a armadura de suspensão no


relatório da viga V105-AS, e pelo desenho na Figura 40, o trecho da viga aproximando-se do
apoio em V101-AS ficou sem a representação da taxa de armadura transversal.
Apesar da escassez de dados para esse tópico no relatório V105-AS, é possível, que a
armadura de suspensão seja armada apenas na viga de apoio, ou seja, o detalhamento pode estar
presente no relatório da viga V101-AS.
Entretanto, em uma das recomendações de Bastos (2017), a armadura de suspensão
pode ser distribuída em 30% para a viga apoiada e 70% na de apoio. Seguindo essa
recomendação tem-se uma taxa para a armadura de suspensão na viga V105-AS de:

𝑉𝑑 20,4 𝑘𝑁
𝐴𝑠,𝑠𝑢𝑠𝑝 = 0,3 = 0,3. = 0,14 𝑐𝑚2
𝑓𝑦𝑑 43,5 𝑘𝑁/𝑐𝑚²

Sendo que essa área de aço 𝐴𝑠,𝑠𝑢𝑠𝑝 deve abranger um comprimento igual ou superior
à metade da altura da viga, “h/2 = 15 cm”. Pelo detalhamento gerado pelo autor no Apêndice
E, decidiu-se optar pela adição de um estribo de dois ramos de 5 mm na região de apoio com a
viga V101-AS, fornecendo 0,392 cm²,
104

4.5 VIGA V101-AS

Considerando-se a situação da viga V101-AS (Figura 45) como apoiada nos pilares P1
e P3, com um vão de 5,77 m, dividiu-se o seu detalhamento em um único caso, denominado
Vão V101-AS.

Figura 45: Desenho da armadura da viga V101-AS


Fonte: CAD/TQS UNIPRO v.21.

Na Figura 46 apresenta-se o diagrama de momentos fletores para a viga V101-AS e na


Tabela 17 um resumo do relatório apresentado pelo CAD/TQS v.21 para o dimensionamento
das armaduras da Viga V101-AS.
105

Figura 46: Diagrama de momentos fletores da viga V101-AS.


Fonte: CAD/TQS UNIPRO v21.

Tabela 17: Relatório simplificado de esforços e área de aço do CAD/TQS para a viga V101-AS.
Vão 01
Viga V101-AS Apoio
Meio do vão Apoio Direito (P3)
Esquerdo (P1)
Momento atuante -0,80 tf.m 1,84 tf.m -0,84 tf.m
Área de aço calculada 1,42 cm² 2,36 cm² 1,42 cm²
Área de aço efetiva 1,57 cm² 2,355 cm² 1,57 cm²
Cortante atuante 1,28 tf - -1,30 tf
Armadura transversal calculada
2,80 cm²/m 2,80 cm²/m 2,80 cm²/m
ou mínima
Armadura transversal efetiva 3,26 cm²/m 4,16 cm²/m 3,26 cm²/m
Fonte: Autoria própria.

4.5.1 VÃO 01 – V101-AS

Este caso representa o vão localizado entre os pilares P1 e P3 e possui em seu


detalhamento duas barras de 10 mm contínuas em toda a extensão para a armadura positiva, e,
no meio do vão uma terceira barra de 10,0 mm, uma vez que neste ponto tem-se o
descarregamento da V105-AS. E, para a armadura negativa, duas barras de 10,0 mm nas
extremidades, traspassadas para duas barras de 6,3 mm no meio do vão.
Sua disposição construtiva respeita aos espaçamentos mínimo vertical (𝑎𝑣 = 2,0 cm) e
horizontal (𝑎ℎ = 2,28 cm) dispostos pela norma. Pelas resoluções abaixo percebe-se um espaço
horizontal disponível (𝑎ℎ,𝑑𝑖𝑠𝑝 ) de:
𝑏𝑤 − 2.c –3.Ø−2.Ø𝑡 20−2.3−3.1,0−2.0,63
𝑎ℎ,𝑑𝑖𝑠𝑝 = = = 4,87 cm ≥ 2,28 cm =𝑎ℎ
𝑛º𝑏𝑎𝑟𝑟𝑎𝑠−1 3−1
106

Espaçamento que permite, com certa folga, a passagem do vibrador para o correto
adensamento do concreto armado.

4.5.1.1 Ancoragem das armaduras nos apoios

O estudo da ancoragem positiva se inicia no apoio P1, pilar de extremidade, que possui
uma ancoragem total de 33,0 cm, sendo desses, 17,0 cm longitudinal e outros 16,0 cm verticais
para a execução do gancho. A princípio tais valores estão adequados à norma, pois respeitam o
espaço disponibilizado pela largura do pilar e o comprimento mínimo do gancho de 8 Ø (Figura
10). Em comparação com a viga V101, ainda que os esforços tenham mudado, a armadura
positiva que chega no apoio da extremidade continua a mesma, entretanto a ancoragem nesse
detalhamento aumentou o comprimento para a execução do gancho, o que é um ponto a ser
observado. E da mesma forma que para a viga V101, o programa não apresentou outras opções
de gancho além do gancho a 90º.
A opção pelo uso do gancho na ancoragem do apoio P1 é questionável considerando-
se as condições b) e c) estabelecidas no item 2.4.3.10 desse trabalho, em que a armadura que
deve chegar no apoio (𝐴𝑠,𝑎𝑝𝑜𝑖𝑜 ) é a maior entre:

𝑎𝑙 25,7
𝐹𝑠𝑑 ( 𝑑 ) 𝑉𝑑 + 𝑁𝑑 ( ) ∗ 1,4 ∗ 13,0 + 1,4 ∗ 0,3
25,7
𝑏) 𝐴𝑠,𝑎𝑝𝑜𝑖𝑜 = = = = 0,43 𝑐𝑚²
𝑓𝑦𝑑 𝑓𝑦𝑑 43,5
1 1
𝑐) 𝑃𝑎𝑟𝑎 𝑀𝑎𝑝𝑜𝑖𝑜 < 0,5 𝑀𝑣ã𝑜 , 𝑡𝑒𝑚𝑜𝑠: 𝐴𝑠,𝑎𝑝𝑜𝑖𝑜 = ∗ 𝐴𝑠,𝑣𝑎𝑜 = ∗ 2,36 = 0,79 𝑐𝑚²
3 3

Ao se calcular o comprimento necessário de ancoragem positiva que chega aos apoios


P1 e P3, pode-se utilizar a redução da taxa de armadura calculada pela efetiva e considerando-
se 𝐴𝑠,𝑎𝑝𝑜𝑖𝑜 = 0,79 𝑐𝑚², tem-se que:

𝐴𝑠,𝑐𝑎𝑙𝑐 0,79
𝑙𝑏,𝑛𝑒𝑐 = 𝛼 𝑙𝑏 = 1 ∗ 37,7 ∗ = 19,59 𝑐𝑚 ≥ 𝑙𝑏,𝑚𝑖𝑛 𝑒 ≥ 𝑙𝑏𝑒
𝐴𝑠,𝑒𝑓 2 ∗ 0,785

Tal valor é superior ao espaço disponível 𝑙𝑏𝑒 = 17,0 𝑐𝑚, portanto há a necessidade de
estudar outras alternativas para reduzir o comprimento de ancoragem. Utilizando-se a adoção
de gancho, tem-se que o comprimento de ancoragem com gancho reduz para:
107

𝐴𝑠,𝑐𝑎𝑙𝑐 0,79
𝑙𝑏,𝑛𝑒𝑐,𝑔 = 𝛼 𝑙𝑏 = 0,7 ∗ 37,7 ∗ 2∗0,785 = 13,71 𝑐𝑚 ≤ 𝑙𝑏,𝑚𝑖𝑛 𝑒 ≤ 𝑙𝑏𝑒 .
𝐴𝑠,𝑒𝑓

Logo a armadura positiva nos pilares P1 e P3 terá ao menos um comprimento reto de


13,71 cm e mais 10,5 cm para a execução do gancho à 90º.
Pelo detalhamento da Viga V101-AS (Figura 45), a ancoragem positiva nos apoios P1
e P3 tem comprimento reto de 17,0 cm e 16,0 cm, respectivamente, para a realização do gancho,
totalizando 33,0 cm. É comum que o programa faça a ancoragem abrangendo todo a largura
disponível no pilar de apoio, (nesse caso 𝑙𝑏,𝑑𝑖𝑠𝑝 = 17,0 𝑐𝑚). Entretanto, o caso incomum do
programa, foi gerar o detalhamento do gancho com 16,0 cm de comprimento, sendo que o
necessário são 10,5 cm e, em todas as outras vigas analisadas que possuíam armadura positiva
com barras de 10,0 mm, o programa detalhou a dobra vertical com 14,0 cm.
No total, a diferença entre o comprimento de ancoragem utilizado pelo programa e o
necessário foi de 𝛥 = 33 𝑐𝑚 − (12,65) = 20,35𝑐𝑚, totalizando um acréscimo de 260,9% na
utilização do aço para a ancoragem nessa região.
Para a ancoragem negativa nos apoios P1 e P3, chegam duas barras com diâmetro de
10,0 mm com área de aço equivalente à As = 1,57 cm².
Pelo cálculo feito para a armadura mínima, a Viga V101-AS deveria utilizar como
porta-estribos barras de aço em número suficiente para atender à área de 0,90 cm².
Considerando-se duas barras de mesmo diâmetro, a menor dimensão possível são barras de 8,0
mm, totalizando uma área de aço efetiva de 𝐴𝑠,𝑒𝑓 = 1,10 𝑐𝑚². Pelo detalhamento da Figura 45,
as barras de 6,3 mm que estão localizadas no meio do vão não satisfazem essa exigência da
norma. Entretanto há uma exceção no item 17.3.5.2.1 da NBR 6118 (ABNT, 2014) que “Em
elementos estruturais, exceto elementos em balanço, cujas armaduras sejam calculadas com um
momento fletor igual ou maior ao dobro de Md, não é necessário atender à armadura mínima”,
esta condição é respeitada pois as duas barras de 6,3 mm resistirão ao Md = 0,0 KN.cm atuante
na região posicionada.
Os critérios utilizados pelo programa para a ancoragem da armadura negativa foram:
adotar como comprimento de ancoragem o valor de 38 Ø (CAD/TQS, 2019) e ancorar
normalmente até o 𝑙𝑏𝑒 disponível, utilizando-se o excedente do comprimento (𝑙𝑏,𝑛𝑒𝑐,𝑔 − 𝑙𝑏𝑒 )
como parte do comprimento do gancho. Assim, o detalhamento resulta no valor de 17,0 cm
para os apoios (P1 e P3) e 21,0 cm para a região do gancho (respeitando o raio de dobramento
de 2,5 Ø), conforme apresentado na Figura 45. Este resultado é levemente inferior se comparado
108

com as recomendações dos autores LEONHARDT e MONNIG (1982) e Prof. Jackson Antônio
Carelli (2011) que aconselham respectivamente:
35 Ø = 35.1,00 𝑐𝑚 = 35,0 𝑐𝑚
Ou
𝑀𝑎𝑝𝑜𝑖𝑜 𝑐𝑚² 1,4 ∗ 800𝑘𝑁. 𝑐𝑚
𝐴𝑠,𝑐𝑎𝑙𝑐 = 𝐾𝑠 = 0,023 ( ) = 1,00 𝑐𝑚²
𝑑 𝑘𝑁 25,7 𝑐𝑚
𝐴𝑠,𝑐𝑎𝑙𝑐 1,00
𝑙𝑏,𝑛𝑒𝑐 = 𝛼 𝑙𝑏 = 1,0.37,7. = 24,0 𝑐𝑚
𝐴𝑠,𝑒𝑓 2 ∗ 0,785

Assim poderia ter realizada a ancoragem utilizando toda a altura disponível da viga
hdisp = 14,0 cm conforme o cálculo do Prof. Jackson.

4.5.2 Decalagem da armadura longitudinal

A decalagem da armadura seguiu as indicações de 2.4.3.9, onde se expressa que


quando a cortante máxima de cálculo for inferior à parcela resistente aos mecanismos
complementares ao modelo de treliça: | Vsd,máx | ≤ |𝑉𝑐 |, tem-se que 𝑎𝑙 = d = 25,7 cm.
Deslocando-se o diagrama de momentos fletores dessa parcela 𝑎𝑙 , consegue-se prever
os pontos onde há a possibilidade de se reduzir os comprimentos finais das barras de aço
necessárias para absorver os esforços de momentos fletores. Na Figura 49 é possível se
visualizar o comprimento necessário para cada trecho da viga. Assim tem-se a disposição da
armadura positiva em duas barras de 10,0 mm iniciando nos pilares das extremidades (P1 e P3)
e aumentando para duas barras de 10,0 mm ao se aproximar do meio do vão. Ao se comparar o
comprimento dessas duas barras adicionais no meio do vão com a N4 do Apêndice F percebe-
se a não consideração do trecho 10 Ø, que já se repetiu em outros detalhamentos.
Dando continuidade, como armadura longitudinal negativa tem-se duas barras de 10,0
mm que se iniciam nos pilares das extremidades e são reduzidas para duas barras de 8,0 mm no
meio do vão, onde servirão apenas como porta-estribos respeitando a armadura mínima
calculada de 0,90 cm²/m.
109

Figura 47: Representação do momento decalado na viga V101-AS


Fonte: Autoria própria.

A armadura longitudinal negativa também possui pontos a serem comentados,


começando pelas armaduras N2 das extremidades, que possuem 14,5 cm a mais que a armadura
da decalagem realizada e não soube identificar ou apontar o motivo. Ao contrário do que ocorre
nas barras de N1, que essas sim, param no comprimento 𝑎𝑙 (Figura 48) e não possuem
acréscimo para o comprimento de ancoragem ou 10 Ø, portanto, é o mesmo caso que ocorreu
na armadura positiva (N4) e nas outras vigas analisadas.

Figura 48: Comparativo entre as barras N1 e N4 no diagrama decalado


Fonte: Autoria própria.
110

4.5.3 Detalhamento da armadura transversal

A distribuição da armadura transversal na Viga V101-AS possui dois arranjos, o


primeiro (N5) disposto com estribos de dois ramos e Ø𝑡 = 5,0 mm a cada 12 cm e comprimento
total de 91 cm, e o segundo (N6), disposto com estribos de dois ramos e Ø𝑡 = 6,3 mm a cada
15 cm e comprimento total de 92 cm
O detalhe da armadura transversal na Figura 45, mostra os estribos com ramos verticais
de 24 cm e horizontais de 14 cm, valores esses condizentes que as dimensões da viga sem
prejudicar o cobrimento de 3 cm necessário em cada borda. Além disso, a execução do gancho
detalhada pelo programa é em ângulo reto, que como observado na Figura 16, devem possuir
comprimento mínimo de ancoragem de:

𝑙𝑏𝑒,𝑡 = Ø𝑡 . 10 = 0,5.10 = 5 𝑐𝑚 ≥ 7 𝑐𝑚

Comprimento disponível ao gancho (N5) = 91 cm – 2 x 14 cm – 2 x 24 cm = 15 cm.


Comprimento disponível ao gancho (N6) = 92 cm – 2 x 14 cm – 2 x 24 cm = 16 cm.

Pela armadura transversal apresentada, a ancoragem possui um comprimento


disponível de 15 e 16 cm para execução dos dois ganchos, ou seja, esse valor é maior que o
comprimento mínimo de ancoragem e atende ao exigido pela norma.
Entretanto, o desenho detalhado para a armadura transversal não apresentou nenhum
valor correspondente para o pino de dobramento na execução do gancho com ângulo reto.
Conforme pode ser observado na Tabela 5, para bitolas inferiores a 10 mm e uso do aço
CA-60 e CA-50, o pino de dobramento deve ter diâmetro de 3Ø𝑡 .
Para a análise dos próximos resultados, utilizaram-se o diagrama dos esforços
cortantes na Viga V101-AS (Figura 49) e a Tabela 18 com o relatório simplificado da armadura
transversal.

Figura 49: Diagrama dos esforços cortantes na viga V101-AS.


Fonte: CAD/TQS UNIPRO v.21.
111

Tabela 18: Resumo do Relatório de Esforços Cortantes do CAD/TQS para a Viga V101-AS.
Modelo de Ângulo VSd VRd2 Vc Asw Asw,min Altura útil
cálculo I θ (tf) (tf) (tf) (cm²/m) (cm²/m) ‘d’ (cm)
45º 1,71 33,37 5,42 0,0 2,80 25,7
Vão 01 45º 1,52 33,37 5,42 0,0 2,80 25,7
45º 1,86 33,37 5,42 0,0 2,80 25,7
Fonte: Autoria própria.

Pelo relatório do dimensionamento da armadura transversal, não haveria a necessidade


de armar transversalmente a viga para resistir aos esforços cisalhantes, visto que a parcela
absorvida por Vc já é suficiente para deter o cortante máximo atuante de cálculo (Vc ≥ Vsd).
Entretanto, a NBR 6118:2014 estabelece uma taxa de armadura transversal mínima que deve
ser atendida. Conforme o capítulo 2.4.4.1 desse trabalho, a taxa de armadura mínima para o
concreto C25 é de:
3
𝐴𝑠𝑤 𝑓𝑐𝑡,𝑚 0,3. √252
≥ 0,2 . 𝑏𝑤 𝑠𝑒𝑛𝛼 = 0,2. . 20.1 = 0,0171𝑐𝑚
𝑠 𝑓𝑦𝑤𝑘 600
Considerando-se s = 100 cm, tem-se uma taxa de 𝑎𝑠𝑤,𝑚𝑖𝑛 = 1,71𝑐𝑚2 /𝑚.

Esse valor é inferior ao 𝑎𝑠𝑤,𝑚𝑖𝑛 calculado pelo programa, que pela Tabela 18, é de
𝑎𝑠𝑤,𝑚𝑖𝑛 = 2,80 𝑐𝑚2 /𝑚. Tal valor seria encontrado se fosse considerada a resistência de
escoamento do aço como sendo 𝑓𝑦𝑤𝑘 = 366 𝑀𝑃𝑎, entretanto foi especificado o uso de CA-60,
que possui 𝑓𝑦𝑤𝑘 = 600 𝑀𝑃𝑎, para bitolas até 5,0 mm.
Mesmo considerando-se o valor da taxa mínima de armadura apresentada pelo
programa, ambas as taxas são respeitadas, pois detalharam a armadura transversal com barras
de 5 mm a cada 12 cm, totalizando uma área de armadura transversal de 𝑎𝑠𝑤 = 3,26 𝑐𝑚²/m.
O arranjo que melhor se aproxima da armadura mínima calculada 𝑎𝑠𝑤,𝑚𝑖𝑛 =
1,71𝑐𝑚2 /𝑚 é utilizando-se estribo de dois ramos com aço CA-60 e barras de 5,0 mm
espaçadas a 𝑠𝑚𝑎𝑥 = 15,42 𝑐𝑚 totalizando uma área de aço de 𝐴𝑠𝑤 = 2,54 𝑐𝑚2 /𝑚.

4.5.3.1 Espaçamento dos estribos

A armadura transversal foi disposta longitudinalmente em dois ramos com aço CA-60
de 5,0 mm a cada 12,0 cm e em dois ramos com aço CA-50 de 6,3 mm a cada 15,0 cm. Sua
112

disposição respeita os espaçamentos mínimo e máximo dispostos na NBR 6118:2014, os quais


estabelecem os valores de:

Espaçamento mínimo, considerando diâmetros de vibradores até 5 cm:


𝑠𝑚𝑖𝑛 ≥ Ø𝑣𝑖𝑏 + 1 𝑐𝑚 = 5 cm + 1 cm = 6 cm

E, para o espaçamento máximo, sendo 𝑉𝑠𝑑 ≤ 0,67 𝑉𝑅𝑑2 :


𝑠𝑚𝑎𝑥 = 0,6 d = 0,6*25,7 = 15,42 cm ≤ 300 mm

Também foi respeitado o espaçamento transversal máximo dos estribos. Não houve a
necessidade da divisão da armadura transversal em mais ramos, uma vez que foi cumprido o
exigido na norma, que é:

sendo 𝑉𝑑 ≤ 0,20 𝑉𝑅𝑑2 → 0,49 tf ≤ 6,67 tf , então 𝑠𝑡,𝑚𝑎𝑥 = d = 25,7 cm ≤ 800 mm.

4.5.3.2 Armadura de suspensão

Para a armadura de suspensão, o programa citou a armadura necessária no relatório de


cálculo da viga V101-AS, porém não especificou nada do detalhamento da armadura de
suspensão no desenho gerado, apenas indicou a localização da viga V101-AS na V105-AS e
vice-versa, sem detalhar o cuidado da armadura transversal nessa região ou apontar qual viga
está apoiada em qual.
Considerando-se a força cortante atuante da viga apoiada de:

𝑉𝑑 = 1,4 ∗ 1,45 = 2,04 𝑡𝑓 𝑜𝑢 20,4 𝑘𝑁

E, utilizando-se a Equação 17, tem-se que a armadura de suspensão deve ser:

𝑉𝑑 20,4 𝑘𝑁
𝐴𝑠𝑤,𝑠𝑢𝑠𝑝 = = = 0,47 𝑐𝑚2 .
𝑓𝑦𝑑 43,5 𝑘𝑁/𝑐𝑚²

Que deve ser distribuída longitudinalmente em um comprimento igual ou inferior à


altura da viga de apoio, ou seja, em um espaço de até 30 cm. Considerando-se que toda a
113

distribuição da armadura de suspensão está disposta na viga de apoio, a taxa de aço equivalente
deveria ser:
0,47 0,47
𝐴𝑠𝑤,𝑠𝑢𝑠𝑝 = = = 1,56 𝑐𝑚2 /𝑚.
ℎ𝑎𝑝𝑜𝑖𝑜 0,3

Esse valor é inferior aos 4,16 cm²/m que chegam na região da viga apoiada V105-AS,
portanto, o programa, por mais que não tenha detalhado a armadura de suspensão, pode ter
considerado essa armadura no cálculo da armadura transversal. No relatório gerado pelo
programa consta apenas a indicação da armadura de suspensão 𝑎𝑠𝑤,𝑠𝑢𝑠𝑝 = 1,00 𝑐𝑚2 /𝑚 e a

armadura que chega 𝑎𝑠𝑤,𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 = 2,80 𝑐𝑚2 /𝑚. A Figura 50 mostra a parte do relatório que
fala sobre a armadura de suspensão.

Figura 50: informações sobre a armadura de suspensão no relatório da viga V101 -AS
Fonte: CAD/TQS UNIPRO v21.

No manual do TQS, o cálculo da área de aço para a armadura de suspensão é realizado


da seguinte forma:

Para ℎ𝑎𝑝𝑜𝑖𝑜 ≤ ℎ𝑎𝑝𝑜𝑖𝑎𝑑𝑎 tem-se que:

𝐹𝑠𝑢𝑠𝑝 ℎ𝑎𝑝𝑜𝑖𝑜 1 (1,4∗14,6) 30 1


𝐴𝑠𝑤,𝑠𝑢𝑠𝑝 = .ℎ . (𝐵 = . 30 . (0,20+0,257) = 1,03 𝑐𝑚2 /𝑚.
𝑓𝑦𝑑 𝑎𝑝𝑜𝑖𝑎𝑑𝑎 𝑤,𝑎𝑝𝑜𝑖𝑜 +𝑑) 43,5

O valor calculado condiz com o apresentado no relatório e ainda indica que foi
utilizada a armadura mínima de 2,80 cm²/m para esse trecho. Entretanto, utiliza-se em sua
equação o valor de (𝑏𝑤,𝑎𝑝𝑜𝑖𝑜 + 𝑑), o que leva a crer que esse, seria o espaço utilizado no
programa para a colocação da armadura de suspensão.
Nas recomendações de BASTOS (2017), a armadura de suspensão não pode ser
espaçada em uma área superior à altura da viga de apoio (hapoio), portanto, se a distância
114

(𝑏𝑤,𝑎𝑝𝑜𝑖𝑜 + 𝑑) for para esse propósito, estaria em conflito com o recomendado por Bastos,
porém pela NBR 6118:2014 não há nenhuma indicação do espaço em que deve ser distribuída
a armadura, apenas que deve ser colocada.

4.6 VIGA V105-AD

Considerando a situação da viga V105-AD como sendo contínua e com a existência


de dois vãos com comprimentos iguais ao longo de sua extensão, dividiu-se o seu detalhamento
em apenas um caso que será o mesmo para cada vão da viga.
Na Figura 51 apresenta-se o diagrama de momentos fletores gerado pelo programa
CAD/TQS para a viga V105-AD e na Tabela 19 um resumo do relatório dos resultados,
também gerado pelo programa para a viga V105-AD, ambos utilizados para a análise dos
resultados.

Figura 51: Diagrama de momentos fletores da viga V105-AD.


Fonte: CAD/TQS UNIPRO v21.

Tabela 19: Relatório simplificado de esforços e área de aço do CAD/TQS para a viga V105-AD.
Vão 01
Viga V105-AD Apoio Esquerdo Meio do
Apoio Intermediário (P5)
(P8) vão
Momento atuante -0,80 tf.m 0,95 tf.m -1,80 tf.m
Área de aço calculada 1,70 cm² 1,96 cm² 4,38 cm²
Área de aço efetiva 2,355 cm² 2,355 cm² 4,91 cm²
Cortante atuante 2,19 tf - -2,80 tf
Armadura transversal
2,80 cm²/m 2,80 cm²/m 2,80 cm²/m
calculada ou mínima
Armadura transversal efetiva 3,92 cm²/m 3,92 cm²/m 3,92 cm²/m
115

Vão 02
Viga V105-AD Meio do
Apoio Direito (P2) Apoio Intermediário (P5)
vão
Momento atuante -0,81 tf.m 0,94 tf.m -1,80 tf.m
Área de aço calculada 1,73 cm² 1,94 cm² 4,37 cm²
Área de aço efetiva 2,355 cm² 2,355 cm² 4,91 cm²
Cortante atuante -2,07 tf - 2,95 tf
Armadura transversal
2,80 cm²/m 2,80 cm²/m 2,80 cm²/m
calculada ou mínima
Armadura transversal efetiva 3,92 cm²/m 3,92 cm²/m 3,92 cm²/m
Fonte: Autoria própria.

4.6.1.1 Armadura dupla

Devida a redução da altura da viga V105-AD, criou-se um caso de dimensionamento


sobre o domínio 4 nos momentos negativos presente no pilar P5, para conter o momento
solicitado e voltar a estar entre os domínios 2 e 3, realizou-se a adição da armadura dupla.
Pelo cálculo de Bastos (2019), na equação (4), o momento fletor limite que a seção
tracionada consegue absorver com armadura simples é de:

𝑑². 𝑏𝑤 15,72 . 20
𝑀𝑑,𝑙𝑖𝑚 = = = 2240 𝑘𝑁. 𝑐𝑚 𝑜𝑢 2,24 𝑡𝑓. 𝑚
𝐾𝑐 2,2

considerando-se d = 15,7 cm, Kc = 2,2 (Tabela A-2) e 𝑏𝑤 = 20,0 cm.

Portanto a primeira parcela da área de aço “𝐴𝑠1 ” é igual a:

𝑀𝑑,𝑙𝑖𝑚 2240
𝐴𝑠1 = 𝐾𝑠 . = 0,028. = 4,00 𝑐𝑚²
𝑑 15,7

sendo Ks = 0,028, utilizando aço CA-50 e Bx = 0,45 (Anexo B - Tabela A-2).

Cálculo da armadura adicional “𝐴𝑠2 ”:

𝛥𝑀 = 𝑀𝑑 − 𝑀𝑑,𝑙𝑖𝑚 = 1,4 ∗ 1,8 − 2,24 = 0,28 𝑡𝑓. 𝑚


𝛥𝑀
𝐴𝑠2 =
(𝑑 − 𝑑 ′ )𝑓𝑦𝑑
116

Estimando-se o uso de barras longitudinais de 16,0 mm, o valor de d’será de:

Ø 1,6
𝑑′ = + Ø𝑡 + 𝑐 = + 0,5 + 3 = 4,3 𝑐𝑚
2 2

280 𝑘𝑁. 𝑐𝑚
𝐴𝑠2 = = 0,57 𝑐𝑚²
(15,7𝑐𝑚 − 4,3𝑐𝑚). 43,5 𝑘𝑁/𝑐𝑚²

Portanto a armadura longitudinal de aço resistente a tração será igual a:

𝐴𝑠,𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 = 𝐴𝑠1 + 𝐴𝑠2 = 4,0 + 0,57 = 4,57 𝑐𝑚²

E para a armadura longitudinal comprimida teria o acréscimo de:


𝛥𝑀
𝐴𝑠′2 =
(𝑑 − 𝑑 ′ )𝑓𝑠𝑑′2

E 𝑓𝑠𝑑′2 como sendo a tensão do aço (que é equivalente a 435 MPa) reduzida em conta
da deformação gerada nessas barras que não estarão trabalhando na deformação máxima, pois
estão localizadas dentro do limite do concreto. A tensão do aço aumenta linearmente até o
porcentual de deformação de εs= 0,207% e após isso se mantêm igual até a deformação limite
εs= 1,0%. Como o valor calculado foi de ε’s=0,136%, realiza-se a interpolação com εs= 0,207%
e chega-se a 𝑓𝑠𝑑′2 = 285,7 MPa. Logo:

280 𝑘𝑁. 𝑐𝑚
𝐴𝑠′2 = = 0,86 𝑐𝑚²
(15,7𝑐𝑚 − 4,3𝑐𝑚). 28,57 𝑘𝑁/𝑐𝑚²

Comparando com a área de aço 4,91 cm² presente no pilar P5 (Tabela 19), percebe-se
que a disposição confere com a armadura necessária no dimensionamento. Entretanto, o valor
calculado presente no relatório gerado pelo programa para a viga V105-AD apresenta a área de
aço igual a 𝐴𝑠 = 4,38 𝑐𝑚² e não considera nenhuma área de aço para armadura adicional 𝐴𝑠2 .
Pela Figura 52 mostra a parte do relatório que indica o dimensionamento da armadura
117

longitudinal da viga na região do pilar P5, onde 𝐴𝑠 = área de aço longitudinal e 𝐴𝑠 ′= área de
aço adicional na armadura negativa.

Figura 52: Detalhe do relatório com a indicação da área de aço para o dimensionamento no pilar P5
Fonte: CAD/TQS UNIPRO v21.

4.6.1.2 VÃOS – V105-AD

A viga de armadura dupla V105-AD, possui no seu detalhamento longitudinal, para a


armadura positiva duas barras de aço contínuas de 10,0 mm (N4) e mais uma barra de 10,0 mm
para atender ao momento máximo, ou seja, mais ao centro dos vãos, e para a armadura negativa
quatro barras de aço de 12,5 mm que iniciam no apoio intermediário (P5) e são escalonadas em
direção à região dos apoios extremos, onde há a redução da área de aço da armadura negativa
para cinco barras de aço de 10,0 mm (Figura 53).
A disposição construtiva das barras de aço respeita os espaçamentos mínimos
indicados no item 2.4.3.3 deste trabalho, que estabelece para o espaçamento mínimo horizontal
(𝑎ℎ ) o valor de 22,8 mm e o espaçamento mínimo vertical (𝑎𝑣 ) de 20,0 mm, ambos os casos
considerando a utilização da brita 1 (que possui o diâmetro máximo de 19 mm) como agregado
graúdo na composição do concreto.
118

Figura 53: Desenho das armaduras na viga V105-AD


Fonte: CAD/TQS UNIPRO v.21.

Pelo detalhamento apresentado na Figura 53 nota-se que a pior disposição são com as
4 barras da armadura negativa N1 em uma única camada, que resulta em um espaçamento
horizontal disponível (ah,disp) entre duas barras consecutivas de:

𝑏𝑤− 2.c –4.Ø−2.Ø𝑡 20−2.3−4.1,0−2.0,5


𝑎ℎ,𝑑𝑖𝑠𝑝 = = = 3,0 cm ≥ 2,28 cm = 𝑎ℎ
𝑛º𝑏𝑎𝑟𝑟𝑎𝑠−1 4−1

Entre todos os casos analisados, esse foi o primeiro caso que apresentou a distribuição
das barras em mais de uma camada. Conforme pode ser visto na Figura 53, as barras N1 e N3
estão distribuídas em duas camadas, o que indica um sinal que o programa possui preocupação
com o espaçamento mínimo. Entretanto, da mesma maneira que o caso da viga V105, o seu
espaçamento não garante a passagem do vibrador, sendo que existem vibradores com diâmetros
de 25 a 75 mm (GOULART, 2005).
De maneira análoga, poderia ter distribuído as barras de N1 em duas camadas, mas com
três barras na primeira camada e outras duas na segunda camada o que garantiria um
espaçamento disponível de:
119

𝑏𝑤− 2.c –3.Ø−2.Ø𝑡 20−2.3−3.1,0−2.0,5


𝑎ℎ,𝑑𝑖𝑠𝑝 = = = 5,0 cm ≥ 2,28 cm = 𝑎ℎ
𝑛º𝑏𝑎𝑟𝑟𝑎𝑠−1 3−1
Além disso, se questiona o dimensionamento desse trecho, pois cinco barras de 10,0
mm suportaria um momento superior ao calculado, sendo que nessa região não há a necessidade
de colocação da armadura dupla visto que o momento limite calculado chega a ser o dobro do
existente nos apoios P8 e P2.
Quanto ao espaçamento vertical, não houve a indicação de nenhum detalhe para a
disposição da segunda camada na armadura negativa. Pelo “Corte A” representado na Figura
53, poderia ter sido feita a recomendação do espaçamento vertical entre as barras. Para melhor
analise deste item, exportou-se o desenho gerado pelo programa CAD/TQS da viga V105-AD
para o programa Autocad, mediu-se os valores representado no Corte A, e teve-se uma distância
de 0,75 cm entre as barras conforme apresentado na Figura 54. Claramente a esquematização
do corte é meramente ilustrativa.

Figura 54: Medição do Corte A no desenho da viga V105-AD


Fonte: Autoria própria.

A NBR 6118:2014 estabelece para o caso em questão o valor de 2,0 cm para o


espaçamento vertical mínimo entre as barras, conforme item 2.4.3.3 deste trabalho.

4.6.1.3 Ancoragem da armadura

O estudo da ancoragem positiva se inicia nos apoios P2 e P8, pilares de extremidade,


que possuem uma ancoragem de 26,0 cm, sendo desses, 17,0 cm longitudinal e outros 9,0 cm
verticais para a execução do gancho. A princípio tais valores estão adequados à norma, pois
respeitam o espaço disponibilizado pela largura do pilar e o comprimento mínimo do gancho
de 8 Ø (Figura 10). Entretanto, se houvesse a consideração do raio de dobramento no
120

comprimento do gancho, teríamos uma barra com 8 Ø + 2,5Ø = 10,5 cm resultando num
comprimento maior que o apresentando no desenho.
A adoção do gancho na ancoragem do apoio depende da consideração das condições
b) e c) estabelecidas no item 2.4.3.10 desse trabalho, que indicam que a armadura calculada
para o apoio (𝐴𝑠,𝑎𝑝𝑜𝑖𝑜 ) será a maior entre:

Para o pilar P2:


𝑎𝑙 15,7
𝐹𝑠𝑑 ( 𝑑 ) 𝑉𝑑 + 𝑁𝑑 ( ) ∗ 1,4 ∗ 20,7 + 1,4 ∗ 0,1
15,7
𝑏) 𝐴𝑠,𝑎𝑝𝑜𝑖𝑜 = = = = 0,67 𝑐𝑚²
𝑓𝑦𝑑 𝑓𝑦𝑑 43,5
1 1
𝑐) 𝑃𝑎𝑟𝑎 𝑀𝑎𝑝𝑜𝑖𝑜 < 0,5 𝑀𝑣ã𝑜 , 𝑡𝑒𝑚𝑜𝑠: 𝐴𝑠,𝑎𝑝𝑜𝑖𝑜 = ∗ 𝐴𝑠,𝑣𝑎𝑜 = ∗ 1,73 = 0,58 𝑐𝑚²
3 3

E, para o pilar P8:


𝑎𝑙 15,7
𝐹𝑠𝑑 ( 𝑑 ) 𝑉𝑑 + 𝑁𝑑 ( ) ∗ 1,4 ∗ 21,9 + 1,4 ∗ 0,06
15,7
𝑏) 𝐴𝑠,𝑎𝑝𝑜𝑖𝑜 = = = = 0,71 𝑐𝑚²
𝑓𝑦𝑑 𝑓𝑦𝑑 43,5
1 1
𝑐) 𝑃𝑎𝑟𝑎 𝑀𝑎𝑝𝑜𝑖𝑜 < 0,5 𝑀𝑣ã𝑜 , 𝑡𝑒𝑚𝑜𝑠: 𝐴𝑠,𝑎𝑝𝑜𝑖𝑜 = ∗ 𝐴𝑠,𝑣𝑎𝑜 = ∗ 1,70 = 0,57 𝑐𝑚²
3 3

Portanto, ao calcular o comprimento necessário de ancoragem da armadura positiva que


chega ao apoio P2, considerando-se a redução da taxa de armadura calculada pela efetiva, para
a 𝐴𝑠,𝑎𝑝𝑜𝑖𝑜 = 0,67 𝑐𝑚², tem-se que:

𝐴𝑠,𝑐𝑎𝑙𝑐 0,67
𝑙𝑏,𝑛𝑒𝑐 = 𝛼 𝑙𝑏 = 1 ∗ 37,7 ∗ = 10,73 𝑐𝑚 ≤ 𝑙𝑏,𝑚𝑖𝑛 𝑒 ≤ 𝑙𝑏𝑒
𝐴𝑠,𝑒𝑓 3 ∗ 0,785

Tal valor é inferior à largura disponível no apoio 𝑙𝑏𝑒 = 17 𝑐𝑚 e 𝑙𝑏,𝑚𝑖𝑛 = 11,3 𝑐𝑚,
portanto poder-se-ia definir a ancoragem com o prolongamento reto de 11,3 cm. Pelo
detalhamento disposto na Viga V105-AD, a ancoragem da armadura positiva foi realizada com
o uso de gancho a 90º (Figura 53). Com a adoção do gancho, o 𝑙𝑏,𝑛𝑒𝑐,𝑔 terá o valor equivalente
a 11,3 cm, contudo esse valor poderá ainda ser desconsiderado se houver cobrimento superior
a 70 mm na região normal ao gancho (conforme apresentado em 2.4.3.10). Pela planta de
locação das vigas (Figura 22) percebe-se a existência de continuidade em ambos os pilares P5
e P8, logo pode-se desconsiderar o maior valor de 11,3 cm restando apenas a verificação de
121

𝑙𝑏,𝑛𝑒𝑐,𝑔 = 2,5Ø +5,5Ø = 8,0 cm ≥ 6,0 cm, o que resulta em um comprimento bem inferior a
𝑙𝑏𝑒 não necessitando do prolongamento até a extremidade da largura.
Entretanto é usual do programa detalhar a barra com gancho contemplando toda a
largura disponível do apoio, gerando assim um maior comprimento de ancoragem do que o
necessário. Pela medida realizada no detalhamento da armadura, o valor da ancoragem se
aproxima dos 17,0 cm disponíveis.
Também teve um acréscimo no comprimento vertical do gancho, o qual necessitaria
apenas a adição do diâmetro de dobramento (D) aos 8 Ø estabelecido no gancho de 90º (Figura
10), resultando em um valor de (8 Ø + 5/2 Ø) ou 10,5 cm. Conforme o detalhamento, foram
utilizados 9,0 cm na representação desse trecho, diferenciando-se em 3,5 cm do mínimo
recomendado na NBR 6118:2014. No total a diferença entre o comprimento utilizado no
programa e o necessário foi de 𝛥 = 26,0 𝑐𝑚 − (11,3 𝑐𝑚) = 17,7 𝑐𝑚, totalizando um
acréscimo de 230% na utilização do aço para a ancoragem.
Para o cálculo da ancoragem negativa nos apoios P8 e P2, recalculou-se o
comprimento de ancoragem necessário com as áreas efetiva e de cálculo da armadura negativa.
Trazendo as mesmas condições de ancoragem: barra nervurada, situação de boa aderência e
sem gancho; tem-se o seguinte valor de comprimento de ancoragem necessário:

𝑀𝑎𝑝𝑜𝑖𝑜 𝑐𝑚² 1,4 ∗ 800𝑘𝑁. 𝑐𝑚


𝐴𝑠,𝑐𝑎𝑙𝑐 = 𝐾𝑠 = 0,024 ( ) = 1,71 𝑐𝑚²
𝑑 𝑘𝑁 15,7 𝑐𝑚
𝐴𝑠,𝑐𝑎𝑙𝑐 1,71
𝑙𝑏,𝑛𝑒𝑐 = 𝛼 𝑙𝑏 = 1 ∗ 37,7 ∗ = 16,44𝑐𝑚 ≥ ℎ𝑑𝑖𝑠𝑝 = 14,0 𝑐𝑚
𝐴𝑠,𝑒𝑓 5 ∗ 0,785

Recalcula o comprimento de ancoragem utilizando o artifício do gancho:

𝐴𝑠,𝑐𝑎𝑙𝑐 1,71
𝑙𝑏,𝑛𝑒𝑐,𝑔 = 𝛼 𝑙𝑏 = 0,7 ∗ 37,7 ∗ = 11,51𝑐𝑚 ≤ ℎ𝑑𝑖𝑠𝑝 = 14,0 𝑐𝑚
𝐴𝑠,𝑒𝑓 5 ∗ 0,785

Tal valor atende a altura disponível da viga ℎ𝑑𝑖𝑠𝑝 = 14 𝑐𝑚, logo, considerando as
recomendações do Prof. Jackson Antônio Carelli (2011), será ancorada toda a altura disponível
da viga e acrescentando um gancho na parte inferior. Resultando assim, numa ancoragem de
17,0 cm para o apoio, 14,0 cm na altura da viga e outros 8,0 cm para o gancho inferior.
A ancoragem utilizada pelo programa vai contra as próprias indicações do manual do
TQS, que indica no critério “K16=1” que:
122

Comprimento de ancoragem 𝑙𝑏2:


38Ø = 38.1,0 = 38,0 𝑐𝑚
𝑙𝑏2 ≥ {
𝑙𝑏 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑖𝑑𝑒𝑟𝑎𝑛𝑑𝑜 𝑠𝑒𝑚𝑝𝑟𝑒 𝑒𝑚 𝑟𝑒𝑔𝑖ã𝑜 𝑑𝑒 𝑚á 𝑎𝑑𝑒𝑟ê𝑛𝑐𝑖𝑎 = 53,8 𝑐𝑚
iii) Se (bw – c) ≥ 𝑙𝑏2, tem-se uma ancoragem reta com comprimento 𝑙𝑏2.
iv) Se (bw – c) ≤ 𝑙𝑏2, tem-se ancoragem com gancho, sendo utilizada uma parcela
de 𝑙𝑏2 no comprimento 𝑙𝑏,𝑑𝑖𝑠𝑝 e o restante para o gancho, não podendo o valor
do gancho ser inferior a 13 Ø.

Portanto, pela indicação do manual CAD/TQS, o comprimento do gancho seria:

𝑙𝑔𝑎𝑛𝑐ℎ𝑜 = 𝑙𝑏2 − (𝑏𝑤 − 𝑐) = 38 − 17,0 = 21 𝑐𝑚

E não podendo ser inferior a 13 Ø ou 13,0 cm. Logo o comprimento de 11,0 cm não se
justifica pelo manual do CAD/TQS pois desrespeita o cálculo de 21,0 cm e também não obedece
ao gancho mínimo de 13,0 cm e também não está de acordo com o recomendado pelo Prof.
Jackson.

4.6.1.4 Decalagem da armadura

A decalagem da armadura aconteceu seguindo-se as indicações do item 2.6.4.6 deste


trabalho, onde expressa que quando o esforço cortante máximo de cálculo for superior à parcela
resistente a um mecanismo complementares ao modelo de treliça: | Vsd,máx | ≥ |𝑉𝑐 |, utiliza-se
a equação (11):
𝑉𝑆𝑑,𝑚á𝑥
𝑎𝑙 = 𝑑 [ (1 + 𝑐𝑜𝑡𝑔 𝛼) − 𝑐𝑜𝑡𝑔 𝛼] ≤ 𝑑
2(𝑉𝑆𝑑,𝑚á𝑥 − 𝑉𝑐 )
4,13𝑡𝑓
𝑎𝑙 = 15,7 [ (1 + 𝑐𝑜𝑡𝑔 90) − 𝑐𝑜𝑡𝑔 90] ≤ 𝑑
2. (4,13 − 3,31𝑡𝑓)
𝑎𝑙 = 39,53 𝑐𝑚 ≤ 15,7 𝑐𝑚.

Logo, a parcela deslocada será igual a d = 15,7 cm.


Deslocando-se o diagrama de momentos fletores dessa parcela 𝑎𝑙 , conseguem-se
prever os pontos onde há a possibilidade de se reduzir o comprimento das barras de aço que
atendem à cada momento. Pela Figura 55, é possível visualizar o comprimento necessário para
cada trecho da viga. Assim, pode-se dispor a armadura positiva como duas barras de 10,0 mm
123

iniciando nos pilares das extremidades (P8 e P2), aumentando-se para três barras de 10,0 mm
no meio dos vãos e voltando a reduzir para duas ao aproximar do pilar intermediário P5. Por
ser um trecho muito curto de transição entre as barras de 10,0 mm, é mais viável optar por
barras contínuas de 10,0 mm em todo o comprimento.
Já para a armadura longitudinal negativa, percebe-se a existência de um escalonamento
iniciado no momento máximo presente no pilar intermediário P5 para o restante da viga. Logo,
a armadura sai de 4 barras de 12,5 mm do pilar central e reduz-se a cinco barras de 10,0 mm
nos apoios das extremidades.

Figura 55: Representação do momento decalado na viga V105-AD e dos comprimentos finais das
armaduras escalonadas
Fonte: Autoria própria.

Ao se comparar esse resultado com a decalagem feita pelo programa (Figura 53)
percebe-se uma divergência no valor de comprimento da barra N3, que apresenta um
comprimento de 62,0 cm a partir do apoio P5, esse valor é inferior que o mínimo necessário
para o comprimento da barra decalada que apresentou 76,0 cm para essa parte e ainda, se
comparado apenas com lb + 𝑎𝑙 = 62,8 cm também teria um resultado inferior. Logo acredita-se
que prolongamento não está de acordo com o especificado na norma. Em contrapartida, a barra
N2 teve um comprimento muito superior ao da barra decalada, diferenciando aproximadamente
160,0 cm. Em consequência desse maior comprimento, as barras N1 de ambos os apoios
124

possuem comprimento menor que o calculado e também se questiona na necessidade de chegar


cinco barras de 10,0 mm nas extremidades, uma vez que não há influência no dimensionamento,
porém pode comprometer o comprimento necessário de ancoragem negativa nos apoios P8 e
P2.
Em contrapartida, o comprimento da barra N5 se aproxima muito com o comprimento
decalado, diferenciando em 6,0 cm, o que é justificável se considerar as variações de importação
e exportação do desenho para o software Autocad.
No Apêndice G apresenta-se o detalhamento das barras com as mudanças julgadas
necessárias pelo autor para que o detalhamento fique melhor otimizado e adequado à norma.

4.6.2 Detalhamento da armadura transversal

A distribuição da armadura transversal na Viga V105-AD ocorreu da mesma maneira


para os dois vãos, sendo dispostos estribos de dois ramos, com Ø𝑡 = 5,0 mm a cada 10 cm e
comprimento total de 71 cm. A princípio esse valor está adequado com a norma.
O detalhe da armadura transversal na Figura 53, mostra os estribos com ramos verticais
de 14 cm e horizontais de 14 cm, valores que consideram todo o espaço disponível para
execução do estribo dentro da viga garantindo o cobrimento de 3 cm necessário em cada borda.
Além disso, a execução do gancho detalhada pelo programa é em ângulo reto, que conforme a
Figura 16, deve possuir comprimento mínimo de ancoragem igual a:

Para barras de 5,0 mm; 𝑙𝑏𝑒,𝑡 = Ø𝑡 . 10 = 0,5.10 = 5 𝑐𝑚 ≥ 7 𝑐𝑚


Comprimento disponível para ancoragem = 71 cm – 2 x 14 cm – 2 x 14 cm = 15 cm.

A armadura transversal apresentada possui um comprimento de ancoragem disponível


de no mínimo 15 cm para execução dos dois ganchos, ou seja, 7,5 cm para cada. Esse valor é
maior que o comprimento mínimo de ancoragem e atende ao exigido pela norma.
Entretanto, o desenho detalhado da armadura transversal não apresentou nenhum valor
correspondente para o pino de dobramento na execução do gancho com ângulo reto. Conforme
Tabela 5, em bitolas inferiores a 10 mm e uso do aço CA-60, o pino de dobramento deve ter
diâmetro de 3Ø𝑡 .
125

Para a análise dos próximos resultados, utilizou-se o diagrama dos esforços cortantes
da Viga V105-AD (Figura 56) e a Tabela 20 com o relatório simplificado da armadura
transversal.

Figura 56: Diagrama dos esforços cortantes na viga V105-AD


Fonte: CAD/TQS UNIPRO v.21.

Tabela 20: Resumo do Relatório de Esforços Cortantes do CAD/TQS para a Viga V105-AD.
Altura
Modelo de Comprimento VSd VRd2 Vc Asw Asw,min
Faixa útil ‘d’
cálculo I (m) (tf) (tf) (tf) (cm²/m) (cm²/m)
(cm)

Vão 01 1 3,12 3,97 20,41 3,31 1,1 2,8 15,7

Vão 02 2 3,12 4,13 20,41 3,31 1,3 2,8 15,7


Fonte: Autoria própria.

Pelo relatório do dimensionamento da armadura transversal, há a necessidade de armar


transversalmente a viga para resistir aos esforços cisalhantes. Entretanto o cálculo dessa
armadura ainda é inferior à taxa mínima de armadura transversal. Conforme o capítulo 2.4.3.2
desse trabalho, a taxa de armadura mínima para o concreto C25 é de:

Para aço CA50:


3
𝐴𝑠𝑤,𝑚𝑖𝑛 𝑓𝑐𝑡,𝑚 0,3. √252
≥ 0,2 . 𝑏𝑤 𝑠𝑒𝑛𝛼 = 0,2. . 20.1 = 0,0171𝑐𝑚
𝑠 𝑓𝑦𝑤𝑘 600

Considerando s = 100 cm, tem-se um valor de asw,min = 1,71 cm²/m. Esse valor é
inferior ao 𝑎𝑠𝑤,𝑚𝑖𝑛 calculado pelo programa que é de 2,80 cm²/m (Tabela 10).
A taxa mínima de armadura é respeitada ao se optar por estribos utilizando barras de
5 mm a cada 10,0 cm, totalizando uma área de armadura transversal de 𝑎𝑠𝑤 = 3,92 𝑐𝑚²/m.
Se considerássemos valores mais próximos de 𝑎𝑠𝑤,𝑚𝑖𝑛 , poderia ter utilizado estribos
de 2 ramos com 5,0 mm espaçados a cada 14,0 cm e:
126

100
𝑎𝑠𝑤 = 2 ∗ 0,196 ∗ ( ) = 2,80 𝑐𝑚²/m
14

E ainda, ao se considerar o valor da armadura mínima de 1,71 cm²/m, tem-se a


distribuição de estribos de 2 ramos de 5,0 mm espaçados a cada 𝑠𝑚𝑎𝑥 = 15,42𝑐𝑚, totalizando
uma área de 𝑎𝑠𝑤 = 2,54 𝑐𝑚²/m. Para fins de execução, o detalhamento proposto no Apêndice
G considera números inteiros para as distâncias do espaçamento, logo o valor é de 15,0 cm.

4.6.2.1 Espaçamento dos estribos

A distribuição da armadura transversal está disposta longitudinalmente em 2 ramos


com aço CA 60 de 5 mm a cada 10,0 cm e em 2 ramos com aço. Sua disposição entra em
conflito com os espaçamentos mínimo e máximo dispostos na NBR 6118:2014. Onde:
Espaçamento mínimo, considerando o diâmetro do vibrador de 5 cm:

𝑠𝑚𝑖𝑛 ≥ Ø𝑣𝑖𝑏 + 1 𝑐𝑚 = 5 cm + 1 cm = 6 cm

E, para o espaçamento máximo, sendo 𝑉𝑠𝑑 ≤ 0,67 𝑉𝑅𝑑2 :

𝑠𝑚𝑎𝑥 = 0,6 d = 0,6*25,7 = 9,42 cm ≤ 300 mm

Percebe-se que o espaçamento máximo será de 9,42 cm e o detalhado pelo programa


possui 10,0 cm, portanto nesse ponto há uma incoerência do programa com a norma,
desrespeitando a recomendação dela.
Também há divergência com o espaçamento transversal máximo entre ramos dos
estribos sucessivos, que conforme a verificação do item 2.4.4.3 desse trabalho será:

Para 𝑉𝑑 ≥ 0,20 𝑉𝑅𝑑2 ,


𝑠𝑡,𝑚𝑎𝑥 = 4,13 tf ≤ 4,08 tf, então 𝑠𝑡,𝑚𝑎𝑥 = 0,6d = 9,42 cm ≤ 800 mm.

Pelo detalhamento na Figura 25, o espaçamento entre ramos é de 14,0 cm para as duas
direções, o que não confere com a recomendação da norma. O ideal seria criar mais uma
ramificação na armadura transversal, para que o espaçamento de 14,0 cm se divida em dois
127

espaços de 7,0 cm. O desenho apresentando no Apêndice G trará mais detalhes sobre a divisão
dos ramos dessa armadura.

4.7 ANÁLISE GERAL DOS RESULTADOS

Na Tabela 21 apresenta-se um quadro resumo dos resultados analisados, demonstrando


quais análises o programa detalhou de maneira correta e quais casos deixou detalhes passíveis
de discussão e que são questionáveis.

Tabela 21: Validação dos resultados com o apresentado na NBR 6118:2014.


Detalhamento Vigas
V105- V105- V101- V105-
Análises V105 V101
AP AS AS AD
Distribuição das barras
Armadura Longitudinal

Ancoragem da armadura

Decalagem da armadura

Armadura de pele

Armadura dupla

Armadura mínima
Transversal
Armadura

Espaçamento dos estribos


Ancoragem da armadura
Armadura de suspensão

Legenda
Não se Aplica Correto Questionável
Fonte: Autoria própria.

De maneira geral, verifica-se que:


• A distribuição das barras longitudinais no corte gerado na viga V105, possui
um espaçamento superior ao mínimo recomendado pela norma, porém pode
trazer problemas com a execução do adensamento do concreto. Quanto a viga
V101, os espaçamentos estão de acordo;
128

• A ancoragem da armadura longitudinal positiva realizada nos apoios extremos


utilizou valores superiores ao necessário e padronizou para todos os casos;
• A ancoragem da armadura longitudinal negativa, por mais que a norma não
estabeleça valores para essa ancoragem, esteve de acordo com as
recomendações de outros autores, portanto, também pode ser validada;
• A decalagem possui incoerências no comprimento necessário de algumas
barras, principalmente aquelas localizadas no pilar intermediário e que possui
escalonamento para as extremidades da viga. Teve ocorrência de barras com
valores inferiores ao estipulado na decalagem (caso da barra N2 na viga V105)
e que podem comprometer a transmissão dos esforços da barra ao concreto e
sua devida ancoragem;
• A armadura transversal possuiu um “superdimensionamento” para a armadura
mínima calculada. Fixando o mesmo valor na taxa de aço tanto para os estribos
com aço CA-50 quanto para CA-60, o que não faz sentido. Esse detalhe
poderia ter sido otimizado conforme apresentado nos desenhos em anexo;
• O espaçamento entre os estribos da armadura transversal também poderia ser
melhorado, pois a proposta apresentada pelo programa tinha taxas de aço
superiores a armadura mínima que já estava superdimensionada. Como por
exemplo a mudança de estribos para 6,3 mm c/15 cm que possui valor igual a
4,16 cm²/m;
• O comprimento de ancoragem da armadura transversal está correto, tendo em
alguns casos uma folga maior que a necessária, entretanto não foram
especificados nos desenhos os pinos de dobramentos para os estribos com CA-
50 e CA-60.
Quando analisados os demais casos, essas conclusões ainda se mantêm verdadeiras,
portanto, os pontos mais críticos no detalhamento gerado pelo programa CAD/TQS UNIPRO
v.21 são em relação à distribuição das barras longitudinais e decalagem da armadura.
Em relação à armadura de pele, o programa realizou o dimensionamento e distribuição
da armadura conforme as diretrizes da NBR 6118:2014, sem apresentar nenhum erro e ainda
realizando a ancoragem dessa armadura com a mesma resolução que utilizaram para a
ancoragem da armadura positiva. Como a norma não estabelece critérios para a ancoragem
correta da armadura de pele, acredita-se que esteja certa.
129

A falta de esclarecimentos da norma também comprometeu a análise da armadura de


suspensão, uma vez que a mesma possui diretrizes apenas para o cálculo da área de aço que
deve ser utilizada e não recomenda como será a sua distribuição e em qual/quais vigas deve ser
disposta (na viga de apoio, na viga apoiada ou uma parte em cada uma). Logo, qualquer solução
apresentada pelo programa nesse detalhamento não poderia ser julgada como errada, e apenas
pôde-se comparar com o recomendado em outras literaturas. Se conferida com a recomendação
de Bastos (2017), o cálculo apresentado no manual do CAD/TQS não estaria adequado, pois a
distribuição da armadura de suspensão estaria distribuída em um espaço superior à altura da
viga de apoio. Mas, novamente, é difícil identificar se isso é um detalhamento apropriado ou
errado sem a imposição da norma.
Em relação a viga V105-AD, percebe-se que quando aumenta a complexidade do
detalhamento, maior é a chance do programa apresentar dados discutíveis e que podem não
cumprir com o exigido na norma. Nesse caso, havia limitações para o comprimento de
ancoragem, dimensionamento da armadura longitudinal e dimensão da armadura transversal.
Ao comparar com os outros casos, os seus valores foram contra ao que era esperado, como por
exemplo a redução do comprimento do gancho nas armaduras negativa e positiva dos apoios
extremos, a distribuição da armadura transversal não respeitando o espaçamento máximo e
entre outros detalhes.
130

5 CONCLUSÃO

Com a avaliação dos resultados conseguiu-se interpretar alguns comportamentos do


programa em relação aos detalhamentos gerados. A princípio, com as análises feitas nas vigas
de referência, percebe-se que o programa consegue entregar detalhamentos condizentes com a
norma, seja para a parte de ancoragem, distribuição das armaduras longitudinal ou transversal.
Entretanto, ao aumentar o grau de complexidade demandada para gerar o detalhamento
da viga, começam a surgir valores que não satisfazem as diretrizes da norma e, em alguns casos,
até as próprias recomendações do manual do CAD/TQS.
Essas oscilações do programa eram esperadas, pois a programação de softwares é feita
de maneira lógica, ou seja, funcionam com etapas automática sem que haja um filtro para
interpretação dos resultados, assim agilizam no processo de automação, porém pecam em senso
crítico. E se pecam no senso crítico, necessitam que alguém execute essa função. Por isso que
a importância do profissional ainda é ressaltada, saber como funciona o comportamento do
programa e entender que possui limitações ajudaria a resolver casos como esses estudados,
apesar de ser uma etapa mínima do projeto estrutural e não acontecer com tanta ocorrência, já
serve como sinal de alerta para quais fases do detalhamento precisa prestar atenção ao utilizar
o programa CAD/TQS.
A seguir segue outros comentários sobre o programa que foram analisados ao decorrer
do trabalho:
• Embora o programa apresente o desenho das vigas individualmente e com certo
nível de detalhes, o seu detalhamento ainda peca em alguns quesitos, seja no
dimensionamento, na precisão do desenho gerado ou na falta de informações
para execução correta da armadura.
• A sua interface é limitada e não muito acessível para realizar alterações nos
desenhos das armaduras, também há “imperfeições” nos desenhos gerados que
podem ser problemas da própria plataforma.
• Os desenhos gerados não são 100% precisos, ao importá-los para softwares do
tipo CAD, como o AutoCAD, percebem-se variações nos comprimentos dos
vãos e de alguns detalhes na ancoragem, como por exemplo o desalinhamento
entre as barras retas, os ganchos que chegam no apoio, que pelo desenho não
respeitariam o cobrimento da viga especificado no projeto. Essas variações no
desenho, embora não sejam representativas, poderiam estar mais corretas com
131

o detalhamento, para que, se fosse necessário fazer a conferência ou edição da


armadura, não surgissem transtornos quanto aos valores adotados.
• Percebe-se ainda, a dependência do programa para a realização mais adequada
de detalhamento. No primeiro momento, na etapa de criação da edificação, é
necessário sim, que o engenheiro projetista insira dados pertinentes para o
correto detalhamento das vigas. No “Apêndice A” apresentam-se algumas das
configurações que impactaram diretamente nessa etapa e que não eram padrão
do programa. Logo, por mais que o programa insira o desenho de cada viga,
com informações importantes para o projeto e execução, o detalhamento está
distante de ser o ideal sem que ocorram alterações no anteprojeto e revisão após
processamento.
• O programa em muitos momentos apresentou escolha de aços maiores que a
necessária e comprimentos de ancoragens superiores ao calculado, como por
exemplo a utilização de gancho para a ancoragem da armadura positiva em
trechos que não necessitariam de gancho. Se fossemos considerar apenas o
acréscimo de consumo das ancoragens, estimaria um aumento de
aproximadamente 200% em seus valores em relação ao calculado.
• O programa apresentou variações de bitolas para o detalhamento da armadura
transversal, sendo que não havia necessidade de redimensionamento, em locais
onde os esforços cortantes diminuíam e a área da armadura transversal
aumentava. Ainda teve o dimensionamento da armadura transversal mínima
superdimensionado, apresentando valores para área de aço que chegavam a ser
o dobro do mínimo necessário.
• Quanto a decalagem do diagrama de momento fletores, percebe-se a
desconsideração nos comprimentos de ancoragem, que em vários momentos
não foram estimados para o comprimento total das barras, a falta desse
comprimento pode gerar falhas nas transferências dos esforços.
Também é interessante pontuar que alguns detalhamentos gerados não são
inteiramente culpa do programa, a norma ABNT NBR 6118:2014 também possui uma parcela
de culpa, uma vez que, suas recomendações não esclarecem todas as etapas do detalhamento,
como por exemplo, a distribuição necessária para a armadura de suspensão ou a ancoragem da
armadura de pele, ou ainda, um exemplo mais amplo, a ancoragem da armadura longitudinal
132

negativa nos apoios. São essas carências de informações que geram critérios diferentes de
detalhamento entre os programas e a norma.
Acredita-se que se desse continuidade a esse estudo, analisando outros casos de
detalhamento gerados pelo programa CAD/TQS v.21 encontraria mais incompatibilidades com
a NBR 6118:2014 e isso reforçaria a ideia dos programas servirem como complemento paras
atividades humanas e também possuírem falhas que devem ser observadas.
133

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135

ANEXO A – COMPRIMENTO DE ANCORAGEM BÁSICO

Tabela 1.5b
COMPRIMENTO DE ANCORAGEM BÁSICO (cm): CA-50
Concreto C15 C20 C25 C30 C35 C40 C45 C50
Zona de
(mm) Aderência Sem Com Sem Com Sem Com Sem Com Sem Com Sem Com Sem Com Sem Com
Má 38 26 31 22 27 19 24 17 21 15 20 14 18 13 17 12
5
Boa 26 19 22 15 19 13 17 12 15 11 14 10 13 9 12 8
Má 48 33 39 28 34 24 30 21 27 19 25 17 23 16 21 15
6,3
Boa 33 23 28 19 24 17 21 15 19 13 17 12 16 11 15 10
Má 61 42 50 35 43 30 38 27 34 24 31 22 29 20 27 19
8
Boa 42 30 35 24 30 21 27 19 24 17 22 15 20 14 19 13
Má 76 53 62 44 54 38 48 33 43 30 39 28 36 25 34 24
10
Boa 53 37 44 31 38 26 33 23 30 21 28 19 25 18 24 17
Má 95 66 78 55 67 47 60 42 54 38 49 34 45 32 42 30
12,5
Boa 66 46 55 38 47 33 42 29 38 26 34 24 32 22 30 21
Má 121 85 100 70 86 60 76 53 69 48 63 44 58 41 54 38
16
Boa 85 59 70 49 60 42 53 37 48 34 44 31 41 29 38 27
Má 151 106 125 87 108 75 95 67 86 60 79 55 73 51 68 47
20
Boa 106 74 87 61 75 53 67 47 60 42 55 39 51 36 47 33
Má 166 116 137 96 118 83 105 73 95 66 87 61 80 56 75 52
22
Boa 116 82 96 67 83 58 73 51 66 46 61 42 56 39 52 37
Má 189 132 156 109 135 94 119 83 107 75 98 69 91 64 85 59
25
Boa 132 93 109 76 94 66 83 58 75 53 69 48 64 45 59 42
Má 242 169 200 140 172 121 152 107 138 96 126 88 116 81 108 76
32
Boa 169 119 140 98 121 84 107 75 96 67 88 62 81 57 76 53
Má 329 230 271 190 234 164 207 145 187 131 171 120 158 111 147 103
40
Boa 230 161 190 133 164 115 145 102 131 92 120 84 111 77 103 72

Elaborada por Marcos Vinícius N. Moreira e Libânio M. Pinheiro

De acordo com a NBR 6118:2003

SEM e COM ganchos na extremidade


1 = 2,25; c = 1,4; s = 1,15
136

ANEXO B – PARÂMETRO K C (BASTOS, 2019)


137

APÊNDICE A – CONFIGURAÇÕES DO PROGRAMA

O programa CAD/TQS UNIPRO v21 oferece várias configurações dentro do seu


sistema, muitas delas surgem para o melhor esclarecimento no dimensionamento. Na questão
do detalhamento de vigas, os dois principais itens que deverão ser configurados estão dentro do
gerenciador na aba “Critérios” e são “Vigas” e “Desenhos de armação” (Figura 57).

Figura 57 – Menu de critérios no software CAD/TQS UNIPRO v21


Fonte: CAD/TQS UNIPRO v21.

Inicialmente no item “Vigas - Materiais”, tem-se a opção de controlar as propriedades


dos materiais e os coeficientes de ponderação no dimensionamento. Nesse menu (Figura 58)
preservaram-se os valores de fck = 25 MPa, já definido anteriormente, o cálculo do módulo de
elasticidade (E), conforme item 8.2.8 da NBR 6118 (ABNT, 2014), e os coeficientes de
ponderação γc e γs que são respectivamente 1,4 para o concreto e 1,15 para o aço.
138

Figura 58 – Menu com os critérios para os materiais das vigas


Fonte: CAD/TQS UNIPRO v21.

Prosseguiu-se com a configuração do item “Flexão – Dimensionamento”. Nessa aba,


representada na Figura 58, pode-se definir a norma a ser considerada no dimensionamento e a
limitação da altura da Linha Neutra “x/d”, considerando ou não a questão da ductilidade, o que
influencia na altura mínima e consequentemente na definição da necessidade ou não de se
utilizar armadura dupla.

Figura 59 – Menu com os critérios para o dimensionamento da viga.


Fonte: CAD/TQS UNIPRO v21.
139

Dando continuidade ao tópico, passou para o subitem “Flexão Simples”. Nele é


possível definir como será realizado o dimensionamento da armadura negativa nos apoios
extremos especificando para cada caso de vinculação (apoio direto ou indireto). O critério
escolhido para a situação de viga apoiando em viga foi aquele que apresentou como resultado
um momento negativo nulo no apoio, uma vez que, a viga apoiada não transmite esforços de
flexão para a viga de apoio, consequentemente não haverá momentos negativos tendo apenas a
necessidade da colocação de porta-estribos nessa região. Na Figura 60 aparece a marcação desse
critério (K7=6).

Figura 60 – Flexão – Dimensionamento – Critérios Flexão simples


Fonte: CAD/TQS UNIPRO v21.

No item “Flexão – Detalhamento”, o subitem “Espaçamento entre barras” (Figura 61)


apresentam-se as condições adotadas para que ocorra o espaçamento adequado entre as barras
de aço. Nele definem-se os espaçamentos mínimos das armaduras superior e inferior, o quanto
deve ser considerado para passagem do vibrador, indicado como “Espaçamento adicional para
a armadura superior” e o valor do agregado graúdo.
140

Figura 61 – Flexão - Detalhamento: Critérios Espaçamento entre barras


Fonte: CAD/TQS UNIPRO v21.

Quanto aos critérios de ancoragem, esses são definidos no subitem “Ancoragem”,


“Ancoragem de armadura” que detalha o processo de decalagem utilizado pelo software. Na
Figura 62 apresentam-se a escolhas feitas pelo autor para justificar o detalhamento das barras
longitudinais decaladas. A decalagem ocorrerá conforme consta na NBR 6118:2014 (K68=3),
sem a ocorrência de correções na decalagem do diagrama (representado com o valor de “1” que
não altera o comprimento 𝑎𝑙 decalado quando multiplicado) e adotando (K46=0) o qual otimiza
e reduz os comprimentos das barras se aproximando ao modelo da norma.

Figura 62 – Ancoragem – Critérios Ancoragem de armadura


Fonte: CAD/TQS UNIPRO v21.
141

Na continuação do subitem “Ancoragem”, em “Armadura positiva” definiu-se que


toda a ancoragem de armaduras positivas será baseada na NBR 6118:2014. Conforme Figura
63 temos a marcação desse critério denominado pelo software como (K4=1).

Figura 63 – Ancoragem - Critérios Armadura positiva


Fonte: CAD/TQS UNIPRO v21.

Esse tópico ainda apresenta outras configurações passíveis de mudanças as quais estão
presentes na Figura 64, como por exemplo, o critério “K10” que possui a escolha de obedecer
ou não ao “r + 5,5 Ø”, que considera o diâmetro mínimo de dobra dependendo do diâmetro da
barra, e impacta na decisão do programa em utilizar ancoragens com ou sem grampos. Ao optar
pela opção “K10=0” decidiu-se que o programa não utilizará grampos como alternativa para a
ancoragem nos apoios.
Também se estabeleceu no critério K47=0 que a ancoragem do diagrama decalado
ocorra normalmente conforme os seus pontos de corte, não necessitando o prolongamento das
barras até os apoios. No critério K69=1 estabeleceu-se a imposição de comprimentos
padronizados apenas para os casos de barras com dobras, dando a liberdade das barras retas e
com ganchos terem seus comprimentos mínimos adotados.
142

Figura 64 Ancoragem – Critérios Armadura positiva


Fonte: CAD/TQS UNIPRO v21.

Quanto a ancoragem da armadura negativa (Figura 65), definiu-se pela utilização de


ancoragem com barras retas ou dobras (K16=1), especificou-se a não redução dos
comprimentos de ancoragem em 33% (K34=0) e a limitação da ancoragem das dobras verticais
para que sejam reduzidas e estejam dentro da altura da viga, aumentando-se a área de aço
ancorada (K38=1).

Figura 65 – Ancoragem - Critérios Armadura negativa


Fonte: CAD/TQS UNIPRO v21.
143

Os critérios utilizados para o detalhamento da armadura de pele, subitem “Armadura


Lateral”, podem ser observados na Figura 66, que apresenta a adoção pelo dimensionamento
conforme a NBR 6118:2014 (K115=1), a especificação da altura mínima da viga para a
colocação da armadura de pele (O programa pede para indicar o valor máximo para que a altura
não seja detalhada, nesse caso todos os valores iguais ou inferiores a 60 cm não terão
detalhamento da armadura de pele) e a escolha de quais bitolas de aço utilizar no seu
dimensionamento/detalhamento.

Figura 66 – Flexão - Detalhamento – Critérios Armadura Lateral


Fonte: CAD/TQS UNIPRO v21.

Para a configuração do porta-estribo (Figura 67), justificou a escolha das bitolas no


dimensionamento do programa ao pegar como referência a tabela de flexão (critério K31=0), é
com ela que se estabeleceu o agrupamento de bitolas que servirão para o porta-estribo.
A continuação do menu de porta-estribo (Figura 68) permite especificar, no critério
K24, a adoção de bitolas maiores ou igual ao diâmetro da armadura transversal, se este for
superior ao diâmetro do porta-estribo. E, pelo critério K29=1 a utilização de dobras nos apoios
extremos das vigas com porta-estribo negativo.
144

Figura 67 – Flexão - Detalhamento – Critérios Porta Estribo – bitola


Fonte: CAD/TQS UNIPRO v21.

Figura 68 - Flexão - Detalhamento – Critérios Porta Estribo – comparação com estribos e dobras
Fonte: CAD/TQS UNIPRO v21.

Quanto as condições para a armadura transversal, inicia-se a configuração pelo


subitem “Cisalhamento e Torção” em que se escolhe o critério para dimensionamento da
armadura (K117), Figura 69. Optou-se pelo dimensionamento conforme a NBR 6118:2014.
145

Figura 69 – Critério Cisalhamento e Torção


Fonte: CAD/TQS UNIPRO v21.

Seguindo-se para “Dimensionamento” (Figura 70) estipulou-se o dimensionamento da


armadura transversal pelo Modelo de Cálculo I e fez-se a consideração da armadura de
suspensão para o caso em que a viga apoiada possui altura “a” maior ou igual a altura “h” da
viga suporte (K66=2). Sendo “a” a distância da face superior da viga de apoio com a base da
viga apoiada, e “h” a altura da viga de apoio, conforme Figura 71.

Figura 70 – Cisalhamento e Torção – Critérios Dimensionamento


Fonte: CAD/TQS UNIPRO v21.
146

Figura 71 - Representação do caso K66 para a viga de apoio (VA) com a viga suporte (V1).
Fonte: Manual CAD/TQS UNIPRO v21.

Em “Detalhamento” (Figura 72), considerou-se o critério K36=0, para a seleção de


faixas de estribo, seguindo o procedimento do manual teórico, onde a escolha é realizada através
do seguinte método:
• Desconta-se do comprimento do vão as dimensões dos pilares extremos como
comprimento efetivo para a armação;
• Divide-se o comprimento efetivo do vão em três faixas para detalhamento;
• Na região onde ocorre a presença de uma carga importante é criada uma nova
faixa para detalhamento;
• Eliminam-se as incompatibilidades físicas entre estas novas faixas assim
determinadas e chega-se à configuração final das faixas para detalhamento.
Em cada faixa selecionada as armaduras finais adotadas são as correspondentes aos
máximos valores ao longo de toda a faixa.

Figura 72 – Cisalhamento e Torção – Critérios Detalhamento – faixa de estribos


Fonte: CAD/TQS UNIPRO v21.
O mesmo acontece para a configuração dos ramos entre estribos sucessivos. O critério
K18, Figura 73, apresenta várias opções de escolha para a adoção de 2 ou mais ramos. Entre as
147

alternativas, a disposição que se assemelha aos critérios da norma e recomendação de autores é


K18=2 que permite o uso de estribos com apenas dois ramos em larguras até 32 cm.
Quantos aos espaçamentos entre estribos, Figura 74, não se alteraram os valores
padrões dispostos pelo programa para o espaçamento mínimo e máximo de estribos, pois ambos
estavam de acordo com a norma, e considerou-se no critério K49 a discretização no cálculo do
estribo por trechos do vão.

Figura 73 - Cisalhamento e Torção – Critérios Detalhamento – número de ramos


Fonte: CAD/TQS UNIPRO v21.

Figura 74 - Cisalhamento e Torção – Critérios Detalhamento – espaçamentos e uniformização


Fonte: CAD/TQS UNIPRO v21.
Para a configuração do critério “Desenhos de armação” (Figura 75), definiu no item
“Aço” a tabela de bitolas do aço com as suas respectivas resistências. Na Figura 76 apresenta a
tabela de bitolas indicada pelo software, nela tem o uso do aço CA60 para bitolas com até 5,0
148

mm e o uso de CA50 para bitolas superiores. O preenchimento das colunas “Raio dobra”, “Raio
gancho” e “Raio estribos” com o valor 0 (zero) indica que o programa utilizará os mesmos
valores apresentados na NBR 6118:2014.

Figura 75 - Entrada no critério “Desenhos de armação” pelo menu de critérios do software


Fonte: CAD/TQS UNIPRO v21.

Figura 76 – Desenhos de armação – Aço - Tabela de bitolas


Fonte: CAD/TQS UNIPRO v21.

O entendimento do software CAD/TQS com o valor 0 (zero) é demonstrado em outros


tópicos, como por exemplo na aba “Aço – Ganchos” que adota os valores de 8 Ø, 4 Ø e 2 Ø
para os respectivos ganchos de 90º, 135º e 180º quando utilizado o preenchimento zero em suas
149

células (Figura 77). E no tópico dos estribos (Figura 78) que também deixou todas as colunas
com o valor igual a zero.

Figura 77 – Desenhos de armação – Ganchos


Fonte: CAD/TQS UNIPRO v21.

Figura 78 – Desenhos de armação – Estribos


Fonte: CAD/TQS UNIPRO v.21.
150

APÊNDICE B – VIGA V105 ALTERADA


151

APÊNDICE C – VIGA V101 ALTERADA


152

APÊNDICE D – VIGA V105-AP ALTERADA


153

APÊNDICE E – VIGA V105-AS ALTERADA


154

APÊNDICE F -VIGA V101-AS ALTERADA


155

APÊNDICE G – VIGA V105-AD ALTERADA

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