PATO BRANCO
2021
MAURICIO BALDO DORIGONI
PATO BRANCO
2021
TERMO DE APROVAÇÃO
Aos meus pais, Noeli Baldo Dorigoni e Cláudio La Sale Dorigoni, que sempre
estiveram ao meu lado, apoiando ao longo de toda trajetória e me inspirarem sendo exemplos
de força, determinação e amor.
A minha irmã, Juliana Dorigoni, que soube me aconselhar e ouvir quando tive
necessidade.
A todos os meus amigos do curso de graduação que compartilharam dos inúmeros
desafios que enfrentamos desde o início da graduação até o término desse trabalho.
Aos demais amigos que me deram todo o suporte, incentivo e amparo e que sempre
me motivaram.
Agradeço a orientadora Paôla Regina Dalcanal por conduzir o meu trabalho, tendo
muita paciência e compreensão nos momentos que foram necessários.
A todo o corpo docente do curso de Engenharia Civil da UTFPR campus Pato Branco
pelo conhecimento adquirido na formação acadêmica e por servirem de modelos de inspiração.
“Nós somos o que fazemos repetidamente. Excelência, portanto, não é um ato, mas
um hábito.” – Aristóteles
RESUMO
A introdução de novas tecnologias na construção civil está interligada com os avanços na área
da informática. O uso de programas computacionais contribui na maneira de planejar, projetar,
dimensionar, executar e gerenciar obras. Na área de projetos estruturais, um dos exemplos é o
programa computacional CAD/TQS, que possui grande aplicabilidade em empresas nacionais,
auxiliando no dimensionamento, detalhamento e apresentação de projetos em concreto armado.
Entretanto, por mais completos que sejam, nenhum programa está no estágio de equacionar
adequadamente todas as variáveis presentes em um projeto, sendo assim, ainda são dependentes
do fator humano. Um dos motivos dessa dependência é a interpretação crítica dos resultados e
a conferência com as normas regulamentadoras. Portanto, é de interesse identificar os critérios
empregados pelos programas computacionais e analisar possíveis limitações para que o
profissional, ao fazer uso do programa, possa fazê-lo de maneira adequada. Acredita-se que
entre as etapas do processamento de uma edificação, o detalhamento dos elementos estruturais
pode apresentar resultados interessantes por apresentar variações nas configurações das
armaduras. Logo, o objetivo desse trabalho está em explorar a etapa do projeto estrutural, que
abrange os detalhamentos de vigas em concreto armado gerados automaticamente pelo
programa CAD/TQS, trazendo comparativos com o especificado na norma brasileira ABNT
NBR 6118 (2014), que rege o dimensionamento e o detalhamento de estruturas de concreto
armado e protendido. A metodologia consiste em lançar o projeto estrutural no software
CAD/TQS configurando os critérios de dimensionamento e detalhamento para que se
aproximem ao máximo com a NBR 6118:2014, analisando quatro casos de diferentes situações
de uma mesma viga, alterando as suas características para criar novos casos de detalhamento,
e avaliando o que o programa fornece com o que a referida norma preconiza. De maneira geral,
o programa apresentou resultados condizentes com o apresentado na norma, existiram situações
que a norma não era tão esclarecedora e o programa adotou critérios semelhantes aos de outros
autores, entretanto demonstrou ter fragilidade na escolha da configuração mais prática para
execução. Exemplos disto são a ancoragem com gancho nos apoios das extremidades, o
espaçamento das armaduras transversais e a decalagem da armadura longitudinal.
Tabela 1: Diâmetros nominais das barras e fios de aço conforme a NBR 7480 (ABNT, 2007)
.................................................................................................................................................. 22
Tabela 2: Valor do coeficiente de aderência η1 ........................................................................ 23
Tabela 3: Taxas mínimas de armadura de flexão para vigas .................................................... 27
Tabela 4: Diâmetro dos pinos de dobramento .......................................................................... 38
Tabela 5: Diâmetro dos pinos de dobramento para estribos ..................................................... 47
Tabela 6 – Dimensões adotadas para os elementos estruturais ................................................ 53
Tabela 7 - Parâmetro adotados na análise estrutural ................................................................ 53
Tabela 8 – Especificação dos casos a serem estudados. ........................................................... 59
Tabela 9: Relatório simplificado de esforços e área de aço do CAD/TQS para a viga V105. . 62
Tabela 10: Resumo do Relatório de Esforços Cortantes do CAD/TQS para a Viga V105. ..... 68
Tabela 11: Relatório simplificado de esforços e área de aço do CAD/TQS para a viga V101.
.................................................................................................................................................. 71
Tabela 12: Resumo do Relatório de Esforços Cortantes para a Viga V101. ............................ 78
Tabela 13: Relatório simplificado de esforços e área de aço do CAD/TQS para a viga V105-
AP. ............................................................................................................................................ 81
Tabela 14: Resumo do Relatório de Esforços Cortantes do CAD/TQS para a Viga V105-AP91
Tabela 15: Relatório simplificado de esforços e área de aço do CAD/TQS para a viga V105-
AS. ............................................................................................................................................ 94
Tabela 16: Resumo do Relatório de Esforços Cortantes do CAD/TQS para a Viga V105-AS.
................................................................................................................................................ 101
Tabela 17: Relatório simplificado de esforços e área de aço do CAD/TQS para a viga V101-
AS. .......................................................................................................................................... 105
Tabela 18: Resumo do Relatório de Esforços Cortantes do CAD/TQS para a Viga V101-AS.
................................................................................................................................................ 111
Tabela 19: Relatório simplificado de esforços e área de aço do CAD/TQS para a viga V105-
AD. ......................................................................................................................................... 114
Tabela 20: Resumo do Relatório de Esforços Cortantes do CAD/TQS para a Viga V105-AD.
................................................................................................................................................ 125
Tabela 21: Validação dos resultados com o apresentado na NBR 6118:2014. ...................... 127
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 14
1 INTRODUÇÃO
Devido a todos esses avanços, a noção de conceber e projetar uma estrutura mudou
drasticamente nos últimos 20 anos (COVAS, 2016). Tais alterações influenciaram para a
ampliação de normas vigentes, exemplo disso está presente na Associação Brasileira de Normas
Técnicas (ABNT) que revisou as diretrizes presentes na NBR 6118:1980 e apresentou maiores
preocupações quanto aos novos conceitos e ferramentas tecnológicas na sua reformulação em
2003 (SEELBACH,2004).
Entretanto os softwares, por mais completos que sejam, são passíveis de erros, pois
ainda não possuem total autonomia em seus equacionamentos. Não existe software sem erros,
muito menos softwares que atendam a todos os requisitos prescritos nas normas (COVAS,
2016). Os programas estruturais mais usuais, como o CAD/TQS e o Eberick, possuem níveis
de detalhamentos mais aprofundados, porém não garantem cobertura contra todos os requisitos
da norma. Isso porque, muitas etapas do dimensionamento são feitas de maneira subjetiva, ou
seja, necessitam da interpretação racional para resolvê-las. O ideal nessas situações é depender
do conhecimento e experiência do engenheiro para ajudar na interpretação dos cálculos
dimensionados, de maneira que suas habilidades se transformem em soluções e reconhecimento
para a empresa (PEREIRA, 2005).
Neste contexto, as competências exigidas para o profissional foram atualizadas, o
perfil do indivíduo moldou-se através da racionalização, reflexão e participação crítica na esfera
de produção (DELUIZ, 2004). Também é de importância do mesmo saber suas obrigações, de
modo que sua capacitação esteja atrelada a tecnologia, integrando-o ao universo digital
(SOLEDADE, 1999).
Logo, este trabalho tem por objetivo auxiliar o profissional quanto as restrições feitas
no software CAD/TQS UNIPRO v21 para o detalhamento de vigas em concreto armado
analisando possíveis situações onde o comportamento do programa não corresponderá com as
prescrições da NBR 6118:2014 ou necessite da intervenção do profissional.
A estrutura do trabalho inicia com a introdução do tema e sua importância, destacando
os tópicos a serem investigados em objetivos gerais. Posteriormente contextualiza o leitor ao
detalhamento indicado pela NBR 6118:2014 trazendo os principais capítulos que servirão como
base para a análise dos resultados. Após isso, define-se, no capítulo Metodologia, o método
adotado para a análise, detalhando os critérios utilizados no dimensionamento com o software
CAD/TQS, além das etapas de cálculo especificadas na ABNT NBR 6118:2014 para o
detalhamento de vigas. O trabalho segue com os respectivos resultados encontrados e a
conclusão sobre a validação do programa no detalhamento de vigas.
16
1.1 OBJETIVOS
1.2 JUSTIFICATIVA
2 REFERENCIAL TEÓRICO
Kaefer (1998) constata que a história do concreto armado é muito mais complexa do
que se pensa, seu desenvolvimento foi fruto de inúmeras observações presentes com a própria
civilização humana, exemplos disto estão reverenciados em construções egípcias (3000 a.C a
2500 a.C) no uso de argamassas de gipsita; na cultura Grega (800 a.C a 430 a.C) com a
utilização vinculada de ferro e pedras, mostrando compreensão entre a associação de um
material dúctil com outro frágil; no Império Romano (300 a.C a 476 d.C) pela inovação do
concreto para o uso em fundações, entre outros.
Entretanto para fins teóricos, os fundamentos estruturais do concreto armado apenas
se manifestaram em meados do século 19. Considera-se como precursor dos estudos do
concreto armado o inglês Thaddeus Hyatt, cuja publicação do artigo “An Account of Some
Experiments with Portland Cement Concrete Combined with Iron as a Building Material” em
1877 possibilitou algumas conclusões sobre o material (KAEFER, 1998), dentre elas é
importante mencionar:
• Envolvendo-se totalmente o aço com uma camada suficientemente espessa de
concreto obtém-se um material resistente ao fogo;
• A aderência entre aço e concreto é suficientemente forte para fazer com que a
armadura posicionada na parte inferior da viga trabalhe em conjunto com o
concreto comprimido na parte superior da viga;
• O coeficiente de dilatação térmica dos dois materiais é suficientemente igual,
garantindo a resistência da combinação aço-concreto quando submetida ao
fogo ou ao congelamento.
Neste experimento percebeu-se a importância do conjunto aço-concreto e da
necessidade de uma boa aderência entre os elementos, fator determinante, como bem retratado
na definição de elementos em concreto armado, item 3.1.3 da NBR 6118 (ABNT, 2014):
“aquele cujo comportamento estrutural depende da aderência entre concreto e armadura”.
Define-se então o concreto armado como um elemento estrutural composto de concreto e aço,
sendo o concreto o material predominante para resistir aos esforços de compressão, e o aço
como o material utilizado para garantir a resistência aos esforços de tração. Sua aplicação é
19
bastante difundida pelo mundo por apresentar vantagens como boa resistência, alta
durabilidade, baixo custo dos materiais, entre outros (PINHEIRO, 2007).
A ABNT NBR 8953:2015 “Concreto para fins estruturais — Classificação pela massa
específica, por grupos de resistência e consistência”, em uma de suas classificações, elenca o
concreto a partir da sua resistência característica à compressão, considerando valores acima de
20 MPa (C20) para fins estruturais. Em complemento a isso, a NBR 6118 (ABNT, 2014)
estabelece em seu item 8.2.1 que todos os concretos da classe C20 ou superior podem ser
aplicados para o uso de armadura passiva, ou seja, são aceitos para o uso em concreto armado.
O valor mínimo da resistência à compressão do concreto é especificado na Tabela 7.1
da NBR 6118 (ABNT, 2014) e depende da classe de agressividade ambiental (CAA) em que se
encontra a edificação. Por exemplo, para vigas de concreto armado em ambiente urbano (CAA
II) a resistência característica mínima do concreto à compressão, aos 28 dias, deve ser 25 MPa.
Quando não se conhece a massa específica real do material, deve-se utilizar para
efeitos de cálculo o valor de 2400 kg/m³ para o concreto simples e 2500 kg/m³ para o concreto
armado.
20
Figura 2: Diagrama Tensão x Deformação Específica do concreto não fissurado para tração
Fonte: NBR 6118 (2014).
Pelo item 8.2.8 o módulo de elasticidade do concreto deve ser obtido através de ensaios
estabelecidos na ABNT NBR 8522:2017. Quando não houver a realização do ensaio, pode-se
estimar utilizando uma expressão matemática, ou ainda, para casos mais comuns e com uso de
granito como agregado graúdo, estima-se valores tabelados, por exemplo para o concreto com
resistência de 25 MPa, tem-se o módulo de elasticidade inicial de 28 GPa.
A classificação dos aços pode ser dada por meio da sua resistência característica ao
escoamento. A ABNT NBR 7480:2007 “Aço destinado a armaduras para estruturas de
concreto armado” classifica-os, para o uso em estruturas de concreto armado, nas categorias
CA-25 e CA-50, para barras de aço, e CA-60, para os fios de aço, sendo que a sigla CA indica
aço para concreto armado e o número que segue refere-se a resistência característica do mesmo,
em kgf/mm². A referida norma também estabelece o diâmetro nominal aceito para fabricação
em cada processo de produção, como apresentado na Tabela 1.
22
Tabela 1: Diâmetros nominais das barras e fios de aço conforme a NBR 7480 (ABNT, 2007)
Diâmetro nominal (mm) Categoria do aço
Fios Barras CA - 25 CA - 50 CA - 60
2,4 - - - X
3,4 - - - X
3,8 - - - X
4,2 - - - X
4,6 - - - X
5,0 - - - X
5,5 - - - X
6,0 - - - X
- 6,3 X X -
6,4 - - - X
7,0 - - - X
8,0 8,0 X X X
9,5 - - - X
10 10 X X X
- 12,5 X X -
- 16,0 X X -
- 20,0 X X -
- 22,0 X X -
- 25,0 X X -
- 32,0 X X -
- 40,0 X X -
Fonte: Autoria própria (Adaptado da NBR 7480:2007).
Pela NBR 6118 (ABNT, 2014), vigas são elementos lineares em que a flexão é
preponderante. Fiorin (1998) também retrata as vigas como elementos estruturais de natureza
esbelta, que possuem as dimensões bem definidas, em que a largura (bw) e a altura (h) têm a
mesma ordem de grandeza e ambas são inferiores ao comprimento (l). Tem por finalidade
resistir aos esforços solicitantes de flexão, momento fletor e cortante, provenientes do peso das
paredes, lajes e ações de outras vigas. Além disso, as vigas têm importância para a segurança
do edifício, garantem estabilidade e travamento para o pórtico estrutural e buscam transferir
suas solicitações para os pilares, de modo a estabelecer o equilíbrio global do conjunto
(FIORIN, 1998).
Na NBR 6118 (ABNT, 2014) o dimensionamento e a verificação desse elemento são
tratados no capítulo 17 e o detalhamento no capítulo 18, mais especificamente no item 18.3.
24
2.4.1 Estados-limites
em que h é a altura da viga, d a altura útil, d’ a altura útil da armadura comprimida, as retas a e
b indicam, respectivamente, tração e compressão uniforme e os números 1 a 5 os domínios.
Segundo Seelbach (2004), o dimensionamento das vigas de concreto armado é
realizado entre os domínios 2, 3 e 4, entretanto, para o dimensionamento de vigas, o melhor
aproveitamento dos materiais ocorre no domínio 3. E, a NBR 6118 (ABNT, 2014) em seu item
14.6.4.3, ao recomendar que, para proporcionar o adequado comportamento dúctil em vigas, a
posição da linha neutra (x) no ELU deve obedecer ao limite de x/d ≤ 0,45 (para concretos com
fck ≤ 50 MPa), indica o ponto limite de dimensionamento neste domínio.
Os domínios servem para estabelecer o comportamento dos materiais do concreto
armado, prevendo em quais pontos ocorrerão as rupturas. Por exemplo, ao analisar o domínio
3 percebe-se que ambos os materiais estão trabalhando antes de chegar à ruptura total, ou seja,
o aço chega ao intervalo de escoamento paralelamente com a ruptura do concreto comprimido.
Esse domínio é comumente associado ao aviso prévio de ruptura, pois a flecha gerada pelo
escoamento do aço na viga de concreto armado resultará em pequenas fissurações no elemento
as quais indicarão o possível início de ruptura.
26
A altura útil (d) é considerada como a distância, em uma seção transversal, da borda
mais comprimida ao cento de gravidade da armadura longitudinal tracionada. Possui
importância na determinação da altura da viga e no respeito à ductilidade do material.
Pela NBR 6118 (ABNT ,2014) item 17.3.5.2.4: “A soma das armaduras de tração e de
compressão (As + As’), fora da zona de emendas, não pode ter valor maior que 4% da área da
seção transversal bruta de concreto (Ac), ou seja, a armadura longitudinal máxima (As,max) é
calculada pela equação (1).
𝐴𝑠,𝑚𝑎𝑥 = 4% . 𝑏𝑤 . ℎ (1)
Onde:
𝑏𝑤 representa a largura da viga;
E, ℎ representa a altura da viga.
A NBR 6118 (ABNT, 2014) também estabelece imposições quanto a área mínima de
armadura de tração. Para armaduras longitudinais de vigas, no item 17.3.5.2.1, deve ser
respeitada a taxa de armadura mínima absoluta (min = As,min/Ac) de 0,15%, e a armadura
mínima de tração (As,min deve ser determinada pelo dimensionamento da seção a um momento
fletor mínimo dado pela equação (2)
27
onde: W0 é o módulo de resistência da seção transversal bruta de concreto, relativo à fibra mais
tracionada e igual a equação (3):
𝐼𝑐
𝑊0 = (3)
𝑦𝑡
Sendo 𝐼𝑐 o momento de inércia da seção bruta de concreto e 𝑦𝑡 a distância da linha neutra até a
fibra mais tracionada da seção;
E, fctk,sup a resistência característica superior do concreto à tração, definida no item 8.2.5 da
3
NBR 6118 (ABNT, 2014): 𝑓𝑐𝑡𝑘,𝑠𝑢𝑝 = 0,39 √𝑓𝑐𝑘 ².
De maneira alternativa, pode-se considerar como atendida as taxas de armadura mínima
seguindo os valores expostos na Tabela 3.
Tabela 3: Taxas mínimas de armadura de flexão para vigas
Pela NBR 6118 (ABNT, 2014) o espaçamento mínimo livre entre as faces de duas
barras longitudinais consecutivas é disposto no item 18.3.2.2 como sendo o maior entre os
seguintes valores:
• Para espaçamentos na direção horizontal (ah):
20𝑚𝑚;
𝑎ℎ ≥{ 𝑑𝑖â𝑚𝑒𝑡𝑟𝑜 𝑑𝑎 𝑏𝑎𝑟𝑟𝑎, 𝑑𝑜 𝑓𝑒𝑖𝑥𝑒 𝑜𝑢 𝑑𝑎 𝑙𝑢𝑣𝑎;
1,2 𝑣𝑒𝑧𝑒𝑠 𝑎 𝑑𝑖𝑚𝑒𝑛𝑠ã𝑜 𝑚á𝑥𝑖𝑚𝑎 𝑑𝑜 𝑎𝑔𝑟𝑒𝑔𝑎𝑑𝑜 𝑔𝑟𝑎ú𝑑𝑜.
28
E, em seu item 18.2.1 a NBR 6118 (ABNT, 2014) especifica que: “Os espaços devem
ser projetados para a introdução do vibrador e de modo a impedir a segregação dos agregados
e a ocorrência de vazios no interior do elemento estrutural”.
A armadura dupla surge como artifício para lidar com imposições referente à altura da
viga, ou seja, quando a altura útil necessária é maior que a altura útil real do elemento. Tal
situação pode ocorrer quando se tem limitação da altura da viga, por imposições arquitetônicas
ou de projeto, ou econômicas, como no caso de momentos negativos dos apoios intermediários
de vigas contínuas resultarem em valores superiores aos momentos positivos dos vãos (Figura
5), uma vez que dimensionar a altura da viga para esse momento negativo pode se tornar
antieconômica, visto que, a altura necessária para os vãos estaria superdimensionada
(BASTOS, 2019). Em tal situação, calcular a altura da viga utilizando apenas os momentos
positivos e compensar aumentando o número de armadura na região comprimida da viga pode
se tornar uma solução viável.
29
Figura 5: Exemplificação de uma viga contínua com momento negativo superior ao positivo
Fonte: Autoria própria (Adaptado do Software Ftool).
A NBR 6118 (ABNT, 2014) aceita o uso da armadura dupla, ou como denominada
pela norma, armadura de compressão, se respeitado o item 17.2.3 “Ductilidade em vigas”. A
introdução da armadura dupla garante valores menores na posição da linha neutra (x), os quais
minimizam as chances de o elemento estar no domínio 4 (ruptura frágil sem aviso prévio).
Seelbach (2004) explica que o dimensionamento da armadura de compressão (dupla)
e uma armadura adicional de tração absorvem a diferença entre o momento de cálculo e o
momento de cálculo limite, ou seja, o momento limitado pela altura útil real da viga.
Ao se fazer assim, a área de concreto comprimido não mais considerada para a
resistência da seção é “compensada” pelo acréscimo de uma armadura longitudinal próxima à
borda comprimida, que irá auxiliar o concreto no trabalho de resistência às tensões de
compressão (BASTOS, 2019). Pela Figura 6, apresenta a parcela de armadura adicional na
região comprimida devido o momento
𝑑². 𝑏𝑤
𝑀𝑑,𝑙𝑖𝑚 = (4)
𝐾𝑐
𝑀𝑑,𝑙𝑖𝑚
𝐴𝑠1 = 𝐾𝑠 . (5)
𝑑
𝛥𝑀
𝐴𝑠2 = (6)
(𝑑 − 𝑑 ′ )𝑓𝑦𝑑
Assim, encontra-se a área de aço total tracionada para a armadura dupla, equação (7):
𝛥𝑀
𝐴𝑠′2 = (8)
(𝑑 − 𝑑 ′ )𝑓𝑠𝑑′2
NBR 6118 (ABNT, 2014) mais que um terço da altura útil (d) e/ou 20 cm e ancoradas
devidamente nos apoios.
Além disso, recomenda-se a armadura mínima lateral de 0,10% da área da seção
transversal de alma (Ac,alma) para cada face e não sendo necessário uma armadura superior a
5cm²/m por face (ABNT NBR 6118, 2014).
Figura 7: Disposição da armadura de pele A sp em cada face da viga, com e ≤ 20cm e d > 60cm
Fonte: (BASTOS, 2019).
O Software CAD/TQS possui como alternativa, além dos casos usuais, a utilização de
grampos como ancoragem, porém é adotado em últimos casos quando o comprimento de
ancoragem necessário com gancho ainda é superior a largura efetiva.
Um dos fatores que influenciam na ancoragem é a resistência de aderência da barra
(fbd), que é fortemente influenciada pela situação da barra, de modo que, a ancoragem ideal só
é garantida quando a aderência é uniforme em toda sua extensão (ABNT NBR 6118, 2014).
Para Pinheiro (2007), as condições de má e boa aderência são influenciadas por dois aspectos:
• altura da camada de concreto sobre a barra, cujo peso favorece o adensamento
para as camadas inferiores;
• nível ou altura da barra em relação a base do elemento; a exsudação forma uma
camada superficial que é mais porosa que o resto do concreto, prejudicando
assim na aderência das barras superiores.
De acordo com a NBR 6118 (ABNT, 2014), considera-se como em boa situação de
aderência os trechos das barras que estejam nas seguintes posições:
a) com inclinação maior que 45º sobre a horizontal;
b) horizontais ou com inclinação menor que 45º sobre a horizontal, desde que:
• para elementos estruturais com h < 60cm, localizado no máximo 30 cm acima
da face inferior do elemento ou da junta de concretagem mais próxima;
• para elementos estruturais com h ≥ 60 cm, localizados no mínimo 30 cm abaixo
da face superior do elemento ou da junta de concretagem mais próxima.
Trechos em outras posições, e quando do uso de formas deslizantes, também devem
ser considerados em má situação quanto à aderência (ABNT NBR 6118, 2014, p.34).
De maneira geral, pode-se exemplificar as situações como apresentado na Figura 9.
35
A NBR 6118 (ABNT, 2014) define o comprimento de ancoragem básico (𝑙𝑏 ) como o
comprimento reto de uma barra de armadura passiva necessário para ancorar a força limite
(Asfyd), transmitindo ao longo de sua extensão uma resistência de aderência uniforme com valor
igual a 𝑓𝑏𝑑 .
O comprimento de ancoragem básico é obtido pela seguinte equação (9):
Ø 𝑓𝑦𝑑 (9)
𝑙𝑏 = . ≥ 25Ø
4 𝑓𝑏𝑑
sendo:
𝑙𝑏 = comprimento reto de ancoragem básico;
Ø = diâmetro da barra de aço;
𝑓𝑦𝑑 = resistência de escoamento de cálculo do aço;
𝑓𝑏𝑑 = tensão de aderência de cálculo entre concreto e a armadura passiva.
36
Devido a constância de quase todas as variáveis, essa equação pode ser padronizada
conforme apresentado na Tabela 1.5 b) do Anexo A (PINHEIRO, 2007), que fornece o valor
de comprimento de ancoragem básico (𝑙𝑏 ) para o aço CA-50, nervurado, levando-se em
consideração a resistência do concreto, o diâmetro da barra de aço e as situações de boa ou má
aderência, com ou sem gancho na extremidade da barra.
A ancoragem das barras relacionadas com a armadura de tração pode ser feita ao longo
de um comprimento reto ou utilizando ganchos para os apoios das extremidades (ABNT, 2014).
Desde que estejam de acordo com as seguintes condições do item 9.4.2.1 da NBR 6118:
• uso obrigatório de ganchos para barras lisas;
• sem gancho nas regiões onde há alternância entre solicitações de compressão
e tração;
• com ou sem gancho para os demais casos, não sendo recomendado o gancho
para barras com diâmetro maior ou igual a 32mm.
Para saber o comprimento de ancoragem necessário (lb,nec), a NBR 6118 (ABNT, 2014)
em seu item 9.4.2.5 apresenta a equação (10) que correlaciona a área efetiva de aço (𝐴𝑠,𝑒𝑓 ) com
a calculada (𝐴𝑠,𝑐𝑎𝑙𝑐 ), o comprimento de ancoragem básico ( 𝑙𝑏 ) e a existência ou não de gancho
(𝛼).
𝐴𝑠,𝑐𝑎𝑙𝑐 (10)
𝑙𝑏,𝑛𝑒𝑐 = 𝛼 𝑙𝑏 ≥ 𝑙𝑏,𝑚𝑖𝑛
𝐴𝑠,𝑒𝑓
onde:
𝛼 = 1,0 para barras sem gancho;
𝛼 = 0,7 para barras tracionadas com gancho, com cobrimento no plano normal ao do
gancho ≥ 3 Ø ou quando houver barras transversais soldadas;
𝛼 = 0,5 quando houver barras transversais soldadas e gancho com cobrimento no plano
normal ao do gancho ≥ 3 Ø;
𝑙𝑏,𝑚𝑖𝑛 = maior valor entre 0,3 𝑙𝑏 , 10 Ø e 100mm.
37
Segundo a NBR 6118 (ABNT, 2014), em seu item 9.4.2.3, os ganchos podem ser:
• semicirculares, com ponta reta de comprimento 2Ø, Figura 10 c);
• em ângulo interno de 45º, com ponta reta de comprimento 4Ø, Figura 10 b);
• em ângulo reto, com ponta reta de comprimento 8Ø, Figura 10 a);
• para barras lisas, os ganchos devem ser semicirculares.
Para Bastos (2018) a ancoragem com gancho é utilizada em apoios com pequena
dimensão na direção da armadura ancorada, sendo comumente mais utilizado o gancho em
ângulo reto.
Figura 10: Caracterização dos ganchos nas barras tracionadas: a) em ângulo reto; b) em ângulo
interno de 45º; c) semicircular
Fonte: (BASTOS, 2018).
Além disso, o diâmetro interno da curvatura dos ganchos das armaduras longitudinais
de tração deve ser igual ou maior que o estabelecido na Tabela 4.
38
Para o caso de barra transversal única, segue-se as restrições constantes no item 9.4.7.1
NBR 6118 (ABNT, 2014):
• Ø𝑡 = Ø da barra ancorada;
39
𝑉𝑆𝑑,𝑚á𝑥 (11)
𝑎𝑙 = 𝑑 [ (1 + 𝑐𝑜𝑡𝑔 𝛼) − 𝑐𝑜𝑡𝑔 𝛼] ≤ 𝑑
2(𝑉𝑆𝑑,𝑚á𝑥 − 𝑉𝑐 )
onde:
𝑎𝑙 = d, para | Vsd,máx | ≤ |𝑉𝑐 |;
𝑎𝑙 ≥ 0,5 d, no caso geral;
𝑎𝑙 ≥ 0,2 d, para estribos inclinados a 45°;
𝑉𝑆𝑑,𝑚á𝑥 = força cortante solicitante de cálculo máxima;
𝑉𝑐 = parcela da força cortante absorvida por mecanismo complementares ao da treliça.
2 3
Sendo em flexão simples, 𝑉𝑐 = 0,09 ∗ √𝑓𝑐𝑘 𝑏𝑤 𝑑.
𝑑 𝑉𝑆𝑑,𝑚á𝑥 (12)
𝑎𝑙 = ≤𝑑
2 (𝑉𝑆𝑑,𝑚á𝑥 − 𝑉𝑐 )
𝑎𝑙 (14)
𝐹𝑠𝑑 = ( ) 𝑉𝑑 + 𝑁𝑑
𝑑
onde,
Vd é a força cortante no apoio;
Nd é a força de tração eventualmente existente.
41
Quando se tratar do caso a), as ancoragens devem obedecer aos critérios da Figura 11.
Para os casos de b) e c), em apoios extremos, as barras das armaduras devem ser
ancoradas a partir da face do apoio, com comprimentos iguais ou superiores ao maior dos
seguintes valores:
• lb,nec;
• (r + 5,5 Ø), onde r é o raio de curvatura dos ganchos, conforme definido na
Tabela 4;
• 60 mm.
Figura 12: Exemplificação da ancoragem em apoios intermediários com apenas momentos positivos.
Fonte: (BASTOS, 2018).
Também estabelece que os estribos do pilar nessa região deverão preencher um trecho
de 2b + h e ter um espaçamento menor ou igual a 10 cm (Figura 14).
Já para o Modelo de Cálculo II, a NBR 6118 (ABNT, 2014) admite que o ângulo de
compressão das diagonais (θ) varie entre 30º e 45º, de modo que a parcela Vc reduza conforme
o aumento de Vsd. “Ao admitir ângulos inferiores a 45 a norma adota a chamada “treliça
generalizada””, a qual se opõem a treliça clássica, resultando em armaduras transversais menos
conservadoras (BASTOS, 2017).
45
Para o cálculo da armadura transversal mínima, a NBR 6118 (ABNT, 2014) estabelece
em seu item 17.4.1.1.1 que “todos os elementos lineares submetidos a forças cortantes devem
conter armadura transversal mínima constituída por estribos, com taxa geométrica igual a
fornecida pela equação (15):
𝐴𝑠𝑤 𝑓𝑐𝑡,𝑚 (15)
𝜌𝑠𝑤 = ≥ 0,2
𝑏𝑤 𝑠 𝑠𝑒𝑛𝛼 𝑓𝑦𝑤𝑘
sendo:
Asw = área da seção transversal do estribo;
s = espaçamento entre os estribos na direção longitudinal;
α = inclinação do estribo em relação ao eixo longitudinal do elemento;
bw = largura média da alma;
𝑓𝑦𝑤𝑘 = Resistência de escoamento do aço.
𝑓𝑐𝑡,𝑚 = Resistência a tração do concreto, que para as classes de concreto até C50 é
calculada pela equação (16):
3
𝑓𝑐𝑡,𝑚 = 0,3√𝑓𝑐𝑘 ² com 𝑓𝑐𝑘 em MPa; (16)
Pelas prescrições contidas no item 18.3.2.2 da NBR 6118 (ABNT, 2014), o diâmetro
do estribo precisa estar contido nos seguintes intervalos:
• ser maior ou igual a 5 mm e inferior a 1/10 da largura da alma da viga;
• não ser superior a 12 mm em barras lisas;
• em telas soldadas pode ser reduzido a 4,2 mm, tomando-se cuidados com a
corrosão da armadura.
Segundo o item 18.3.3.2 da NBR 6118 (ABNT, 2014) “o espaçamento mínimo entre
estribos, medido segundo o eixo longitudinal do elemento estrutural, deve ser suficiente para
46
Ainda segundo o mesmo item, o espaçamento transversal máximo (st,máx) entre ramos
sucessivos da armadura constituída por estribos é:
• se 𝑉𝑑 ≤ 0,20 𝑉𝑅𝑑2, então 𝑠𝑡,𝑚𝑎𝑥 = d ≤ 800 mm;
• se 𝑉𝑑 > 0,20 𝑉𝑅𝑑2, então 𝑠𝑡,𝑚𝑎𝑥 = 0,6 d ≤ 350 mm.
Esse espaçamento serve para definir qual o número de ramos verticais especificado
para os estribos montados nos elementos, uma vez que, em vigas com larguras elevadas
(superiores a 40 cm) terão a necessidade de aumentar o número de ramos verticais no perfil
(BASTOS, 2017).
A NBR 6118 (ABNT, 2014) estabelece em seu item 9.4.6 que “a ancoragem dos
estribos deve necessariamente ser garantida por meio de ganchos ou barras longitudinais
soldadas.”
Os ganchos dos estribos podem ser:
• Semicirculares, Figura 16 a), ou em ângulo interno de 45°, Figura 16 b), com
ponta reta de comprimento igual a 5 Ø𝑡 , porém não inferior a 5 cm;
• em ângulo reto, com ponta reta de comprimento maior ou igual a 10 Ø𝑡 , porém
não inferior a 7 cm, Figura 16 c), sendo que este tipo de gancho não pode ser
utilizado para barras e fios lisos.
O diâmetro interno da curvatura dos estribos deve ser no mínimo igual ao valor
apresentado na Tabela 5.
47
Figura 16: Tipos de ganchos para o estribo: a) semicircular; b) em ângulo interno igual a 45º;
c) em ângulo reto, d) estribo com ancoragem em ângulo reto.
Fonte: BASTOS (2017).
• duas barras soldadas com diâmetro Ø𝑡1 > 0,7 Ø𝑡 para estribos constituídos por
um ou dois ramos;
• uma barra soldada com diâmetro Ø𝑡1 ≥ 1,4 Ø𝑡 , para estribos de dois ramos.
Em casos de apoio indireto, a NBR 6118 (ABNT, 2014), item 18.3.6, recomenda o uso
da armadura de suspensão. “Nas proximidades de cargas concentradas transmitidas à viga por
outras vigas ou elementos discretos que nela se apoiem ao longo ou em parte de sua altura, ou
fiquem nela pendurados, deve ser colocada armadura de suspensão”.
Quando a face da viga apoiada e de apoio estiverem no mesmo nível, pode-se calcular
a área de armadura de suspensão (As,susp) seguindo a equação (17) recomendada por Bastos
(2017):
49
𝑉𝑑 (17)
𝐴𝑠,𝑠𝑢𝑠𝑝 =
𝑓𝑦𝑑
Sendo, Vd a força cortante atuante de cálculo da viga apoiada na viga de apoio e fyd a
resistência de escoamento de cálculo do aço.
A armadura 𝐴𝑠,𝑠𝑢𝑠𝑝 deverá ser distribuída na região de encontro entre as duas vigas
através de estribos, podendo ser colocados todos na viga que serve de apoio ou considerando
30% da 𝐴𝑠,𝑠𝑢𝑠𝑝 na viga apoiada e o restante na viga de apoio (BASTOS, 2017). Além disso, o
espaçamento dos estribos deverá abranger um comprimento maior ou igual que a altura da viga
de apoio, e, no caso que há a utilização da armadura de suspensão na viga apoiada, também
deverá respeitar o comprimento de distribuição de metade da altura apoiada (Figura 18).
Figura 18: Detalhamento da armadura de suspensão no encontro entre as duas vigas, sendo hapoio =
altura da viga de apoio e ha = altura da viga apoiada
Fonte: BASTOS (2017).
Em casos que a viga de apoio esteja em um nível diferente que a viga apoiada, deverá
reavaliar a equação (17) para melhor se adequar a esses resultados.
3 METODOLOGIA
Projeto Arquitetônico
Posicionamento das vigas e pilares
Pré-dimensionamento
Determinação da dimensão dos elementos
Após ter definido o projeto arquitetônico, iniciou-se a inserção dos dados dentro do
programa CAD TQS UNIPRO v.21. Dentre os critérios estabelecidos para a criação de uma
nova edificação, foi necessário escolher o modelo de cálculo, a classe de agressividade
ambiental, a resistência do concreto e o cobrimento mínimo das armaduras. Os valores adotados
estão apresentados na Tabela 7.
Também, definiu-se os critérios gerais situados na aba: “editar > edificação” que
auxilia para a realização do detalhamento com maior proximidade a NBR 6118 (ABNT, 2014).
Nestes critérios é onde se especificam o cálculo para a ancoragem, a disposição das armaduras
e informações gráficas dos desenhos. Todos os critérios configurados para esse trabalho estão
disponíveis no Apêndice A.
Fez-se o processamento global da edificação, especificando-se a análise para o
dimensionamento, detalhamento e desenho das vigas. Com isso gerou-se o relatório para cada
viga lançada, que possibilitou o estudo do detalhamento sobre a viga escolhida.
A viga de escolha foi aquela mais solicitada, ou seja, a que estava posicionada no meio
da edificação e que, também, facilita a exemplificação dos demais casos de estudo. Pela
numeração adotada no programa e apresentada na Figura 22, a viga escolhida é a V105.
A segunda análise será feita para o caso que demanda a armadura de pele. Sua
composição é igual à da viga de referência V105, entretanto com a altura da viga alterada para
61 cm de modo que contemple a condição da norma de que vigas com alturas superiores a 60
57
O terceiro caso de análise será a viga com armadura dupla. A composição para a
armadura dupla é feita em cima do modelo da viga de referência V105, em que se utiliza seu
diagrama de momentos fletores para determinar o momento máximo solicitante de cálculo.
Assim, é possível dimensionar a altura útil mínima para tal esforço atuante para que trabalhe
com armadura simples, de modo a adotar a altura da peça para um valor inferior a esse.
O cálculo para estimativa da altura útil mínima (dmin) é feito com a seguinte expressão
(BASTOS, 2019):
𝑀𝑑 . 𝐾𝑐
𝑑𝑚𝑖𝑛 = √
𝑏𝑤
sendo,
𝑀𝑑 o momento máximo atuante (kN.cm);
𝑏𝑤 a largura da viga (cm);
𝐾𝑐 = parâmetro tabelado (em Anexo B na Tabela A-2), para concreto C25 e relação
x/d = 0,45 (limite de ductilidade estipulado pela NBR 6118 (ABNT, 2014), é igual a 2,2.
Utilizando o relatório da viga padrão V105, o momento máximo atuante é de -2,11 tf.m
ou 2.110 kN.cm e ocorre no pilar central P5. Assim tem-se que:
𝑀𝑑 . 𝐾𝑐 1,4.2110.2,2
𝑑𝑚𝑖𝑛 = √ = √ = 18,02 𝑐𝑚
𝑏𝑤 20
Sabendo-se que a altura útil mínima precisa ser inferior à dimensão lançada no
programa, qualquer valor abaixo de h = 𝑑𝑚𝑖𝑛 + 𝑑′ = 18,02 + 3,50 = 21,52 cm é ideal para a
análise da armadura dupla. Todavia, deve-se levar em consideração que ao reduzir a altura da
viga, também se reduzirá o esforço do peso próprio, logo o momento máximo atuante será
inferior ao estipulado. Para se ter certeza adotou-se a altura da viga de 20 cm e realizou o
processamento do edifício, obtendo-se o novo valor de momento fletor máximo e a altura útil
mínima para armadura simples, que são respectivamente, -1,80 tf.m e:
58
𝑀𝑑 . 𝐾𝑐 1,4.1800.2,2
𝑑𝑚𝑖𝑛 = √ = √ = 16,65 𝑐𝑚
𝑏𝑤 20
A altura útil ‘d’ que consta no relatório da viga V105-AD indica o valor de 15,7 cm,
portanto d ≤ dmin.
Para esse caso, serão analisadas tanto a viga apoiada V105 quanto a viga de apoio
V101, denominadas de V105-AS e V101-AS, respectivamente.
A exemplificação de todos os estudos, está exposta na Tabela 8, que indica cada caso,
a sua descrição, características e dimensões utilizadas.
Após analisado cada caso, serão apresentados novos desenhos das mesmas vigas com
o detalhamento julgado pelo autor como melhor adequado a NBR 6118:2014. Para isso foi
utilizado o software AutoCad o qual permite a importação dos desenhos gerados no CAD/TQS
UNIPRO v21.
60
4 RESULTADOS
Este possui no seu detalhamento longitudinal duas barras de aço contínuas de 10,0 mm
para a armadura positiva e quatro barras de aço de 10,0 mm para a armadura negativa no apoio
intermediário (P5), além do escalonamento até a região dos apoios extremos, onde há a redução
da armadura negativa para duas barras de aço de 10,0 mm (Figura 25).
A disposição construtiva das barras de aço respeita os espaçamentos mínimos
indicados no item 2.4.3.3, que estabelece para o espaçamento mínimo horizontal (𝑎ℎ ) o valor
de 22,8 mm e o espaçamento mínimo vertical (𝑎𝑣 ) de 20,0 mm, ambos os casos considerando
a utilização da brita 1 (que possui o diâmetro máximo de 19 mm) como agregado graúdo na
composição do concreto.
61
Tabela 9: Relatório simplificado de esforços e área de aço do CAD/TQS para a viga V105.
Vão 01
Viga V105 Apoio Dimensionamento no Apoio
Esquerdo (P1) meio do vão Intermediário (P2)
Momento atuante 0,40 tf.m 1,15 tf.m 2,11 tf.m
Área de aço calculada 1,26 cm² 1,47 cm² 2,82 cm²
Área de aço efetiva 1,57 cm² 1,57 cm² 3,14 cm²
Cortante atuante 2,03 tf 0 3,05 tf
Armadura transversal calculada
ou mínima 2,80 cm²/m 2,80 cm²/m 2,80 cm²/m
Armadura transversal efetiva 3,26 cm²/m 4,16 cm²/m 3,26 cm²/m
Vão 02
Viga V105 Apoio Direito Dimensionamento no Apoio
(P3) meio do vão Intermediário (P2)
Momento atuante 0,41 tf.m 1,16 tf.m 2,11 tf.m
Área de aço calculada 1,26 cm² 1,48 cm² 2,82 cm²
Área de aço efetiva 1,57 cm² 1,57 cm² 3,14 cm²
Cortante atuante 2,03 tf 0 3,05 tf
Armadura transversal calculada
ou mínima 2,80 cm²/m 2,80 cm²/m 2,80 cm²/m
Armadura transversal efetiva 3,26 cm²/m 4,16 cm²/m 3,26 cm²/m
Fonte: Autoria própria.
O estudo da ancoragem positiva se inicia no apoio P2, pilar de extremidade, que possui
uma ancoragem de 31,0 cm, sendo desses, 17,0 cm longitudinal e outros 14 cm verticais para a
execução do gancho. A princípio tais valores estão adequados à norma, pois respeitam o espaço
disponibilizado pela largura do pilar e o comprimento mínimo do gancho de 8 Ø (Figura 10).
Entretanto, o programa não apresentou outras opções de gancho além do ângulo reto de 90°.
A adoção do gancho na ancoragem do apoio é questionável considerando que as
condições b) e c) estabelecidas no item 2.4.3.10 desse trabalho, indicam que a armadura
calculada para o apoio (𝐴𝑠,𝑎𝑝𝑜𝑖𝑜 ) será a maior entre:
𝑎𝑙 25,7
𝐹𝑠𝑑 ( 𝑑 ) 𝑉𝑑 + 𝑁𝑑 ( ) ∗ 1,4 ∗ 20,3 + 1,4 ∗ 0,1
25,7
𝑏) 𝐴𝑠,𝑎𝑝𝑜𝑖𝑜 = = = = 0,65 𝑐𝑚²
𝑓𝑦𝑑 𝑓𝑦𝑑 43,5
1 1
𝑐) 𝑃𝑎𝑟𝑎 𝑀𝑎𝑝𝑜𝑖𝑜 < 0,5 𝑀𝑣ã𝑜 , 𝑡𝑒𝑚𝑜𝑠: 𝐴𝑠,𝑎𝑝𝑜𝑖𝑜 = ∗ 𝐴𝑠,𝑣𝑎𝑜 = ∗ 1,47 = 0,49 𝑐𝑚²
3 3
63
𝐴𝑠,𝑐𝑎𝑙𝑐 0,65
𝑙𝑏,𝑛𝑒𝑐 = 𝛼 𝑙𝑏 = 1 ∗ 37,7 ∗ = 15,68 𝑐𝑚 ≥ 𝑙𝑏,𝑚𝑖𝑛 𝑒 ≤ 𝑙𝑏𝑒
𝐴𝑠,𝑒𝑓 2 ∗ 0,785
Tal valor é inferior à largura disponível no apoio 𝑙𝑏𝑒 = 17 𝑐𝑚, portanto poderia se
definir a ancoragem com o prolongamento reto de 15,68 cm. Pelo detalhamento disposto na
Viga V105, a ancoragem da armadura positiva foi realizada com o uso de gancho a 90º (Figura
25). Com a adoção do gancho, o 𝑙𝑏,𝑛𝑒𝑐,𝑔 terá o valor equivalente a 11,3 cm, contudo esse valor
poderá ainda ser desconsiderado se houver cobrimento superior a 70 mm na região normal ao
gancho (conforme apresentado em 2.4.3.10). Pela planta de locação das vigas (Figura 22)
percebe-se a existência de continuidade em ambos os pilares P5 e P8, logo pode-se
desconsiderar o maior valor de 11,3 cm restando apenas a verificação de 𝑙𝑏,𝑛𝑒𝑐,𝑔 = 2,5Ø +5,5Ø
= 8,0 cm ≥ 6,0 cm, o que resulta em um comprimento bem inferior a 𝑙𝑏𝑒 não necessitando do
prolongamento até a extremidade da largura.
Entretanto é usual do programa detalhar a barra com gancho contemplando toda a
largura disponível do apoio, gerando assim um maior comprimento de ancoragem do que o
necessário. Pela medida realizada no detalhamento da armadura, o valor da ancoragem se
aproxima dos 17,0 cm disponíveis.
Também teve um acréscimo no comprimento vertical do gancho, o qual necessitaria
apenas a adição do diâmetro de dobramento (D) aos 8 Ø estabelecido no gancho de 90º (Figura
10), resultando num valor de (8 Ø + 5/2 Ø) ou 10,5 cm. Conforme o detalhamento, foram
utilizados 14 cm na representação desse trecho, diferenciando-se em 3,5 cm do mínimo
recomendado na NBR 6118:2014. No total a diferença entre o comprimento utilizado no
programa e o necessário foi de 𝛥 = 31,0 𝑐𝑚 − (8,0 𝑐𝑚 + 10,5 𝑐𝑚) = 11,5 𝑐𝑚, totalizando
um acréscimo de 159% na utilização do aço para a ancoragem.
Para o cálculo da ancoragem negativa nos apoios P8 e P2, recalculou-se o
comprimento de ancoragem necessário com as áreas efetiva e de cálculo da armadura negativa.
Trazendo as mesmas condições de ancoragem: barra nervurada, situação de boa aderência e
sem gancho; tem-se o seguinte valor de comprimento de ancoragem necessário:
64
𝐴𝑠,𝑐𝑎𝑙𝑐 0,52
𝑙𝑏,𝑛𝑒𝑐 = 𝛼 𝑙𝑏 = 1 ∗ 37,7 ∗ = 12,49 𝑐𝑚 ≥ 𝑙𝑏,𝑚𝑖𝑛 𝑒 ≥ 𝑙𝑏𝑒
𝐴𝑠,𝑒𝑓 2 ∗ 0,785
Figura 26: Representação do momento decalado na viga V105 e dos comprimentos finais das
armaduras escalonadas
Fonte: Autoria própria.
Tabela 10: Resumo do Relatório de Esforços Cortantes do CAD/TQS para a Viga V105.
Altura
Modelo de Comprimento VSd VRd2 Vc Asw Asw,min
Faixa útil ‘d’
cálculo I (m) (tf) (tf) (tf) (cm²/m) (cm²/m)
(cm)
3
𝐴𝑠𝑤,𝑚𝑖𝑛 𝑓 0,3. √252
Para aço CA60: ≥ 0,2 𝑓𝑐𝑡,𝑚 . 𝑏𝑤 𝑠𝑒𝑛𝛼 = 0,2. . 20.1 = 0,0171𝑐𝑚
𝑠 𝑦𝑤𝑘 600
3
𝐴𝑠𝑤,𝑚𝑖𝑛 𝑓𝑐𝑡,𝑚 0,3. √252
Para aço CA50: ≥ 0,2 𝑓 . 𝑏𝑤 𝑠𝑒𝑛𝛼 = 0,2. . 20.1 = 0,0205𝑐𝑚
𝑠 𝑦𝑤𝑘 500
Considerando s = 100 cm, tem-se um valor de asw,min = 2,05 cm²/m. Esse valor é
inferior ao 𝑎𝑠𝑤,𝑚𝑖𝑛 calculado pelo programa que é de 2,80 cm²/m (Tabela 10) tal valor é
semelhante ao encontrado se fosse utilizado para o cálculo um valor de resistência de
escoamento do aço de 366,42 MPa, entretanto foi especificado o uso de CA-60, que possui
𝑓𝑦𝑤𝑘 = 600 𝑀𝑃𝑎, para bitolas até 5,0 mm e CA-50, com 𝑓𝑦𝑤𝑘 = 500 𝑀𝑃𝑎, para bitolas de 6,3
mm.
A taxa mínima de armadura é respeitada ao optar por estribos com dois tipos de
detalhamento, o primeiro utilizando barras de 5 mm a cada 12,0 cm, totalizando uma área de
armadura transversal de 𝑎𝑠𝑤 = 3,26 𝑐𝑚²/m e o segundo utilizando barras de 6,3 mm a cada
15,0 cm, totalizando uma área de 𝑎𝑠𝑤 = 4,16 𝑐𝑚²/m.
69
100
𝑎𝑠𝑤 = 2 ∗ 0,196 ∗ ( ) = 2,80 𝑐𝑚²/m
14
100
𝐴𝑠𝑤 = 2 ∗ 0,312 ∗ ( ) = 3,12 𝑐𝑚²/m
15,42
𝑠𝑚𝑖𝑛 ≥ Ø𝑣𝑖𝑏 + 1 𝑐𝑚 = 5 cm + 1 cm = 6 cm
Também foi respeitado o espaçamento transversal máximo dos estribos, e não houve
necessidade da divisão da armadura transversal em mais ramos, como pode ser observado na
verificação:
70
Como 𝑉𝑑 ≤ 0,20 𝑉𝑅𝑑2 = 4,48 tf ≤ 6,66 tf, então 𝑠𝑡,𝑚𝑎𝑥 = d = 25,7 cm ≤ 800 mm.
Considerando-se a situação da viga V101 (Figura 29) como sendo contínua e com a
existência de dois vãos ao longo de sua extensão com comprimentos diferentes, dividiu-se o
seu detalhamento em dois casos, um caso para o primeiro vão, entre os pilares P1 e P2 (VÃO
01-V101) e o outro para o segundo vão, entre os pilares P2 e P3 (VÃO 02-V101).
Tabela 11: Relatório simplificado de esforços e área de aço do CAD/TQS para a viga V101.
Vão 01
Viga V101 Apoio
Apoio Dimensionamento no
Intermediário
Esquerdo (P1) meio do vão
(P2)
Momento atuante - 0,01 tf.m 0,12 tf.m - 0,19 tf.m
Área de aço calculada 0,22 cm² 1,17 cm² 1,49 cm²
Área de aço efetiva 0,62 cm² 1,57 cm² 1,57 cm²
Cortante atuante 0,22 tf - 0,06 tf - 0,35 tf
Armadura transversal
2,8 cm²/m 2,8 cm²/m 2,8 cm²/m
calculada ou mínima
Armadura transversal efetiva 3,26 cm²/m 3,26 cm²/m 3,26 cm²/m
Vão 02
Viga V101 Apoio
Apoio Direito Dimensionamento no
Intermediário
(P3) meio do vão
(P2)
Momento atuante - 0,01 tf.m 0,08 tf.m - 0,18 tf.m
Área de aço calculada 0,22 cm² 1,16 cm² 1,44 cm²
Área de aço efetiva 0,62 cm² 1,57cm² 1,57 cm²
Cortante atuante 0,33 tf 0,068 tf - 0,19 tf
Armadura transversal
2,8 cm²/m 2,8 cm²/m 2,8 cm²/m
calculada ou mínima
Armadura transversal efetiva 3,26 cm²/m 3,26 cm²/m 3,26 cm²/m
Fonte: Autoria própria.
Sua disposição construtiva respeita aos espaçamentos mínimo vertical (𝑎𝑣 = 2,0 cm) e
horizontal (𝑎ℎ = 2,28 cm) dispostos pela norma, inclusive com folga para a passagem de
qualquer tipo de vibrador:
O estudo da ancoragem positiva se inicia no apoio P1, pilar de extremidade, que possui
uma ancoragem de 31,0 cm, sendo desses, 17,0 cm longitudinal e outros 14 cm verticais para a
execução do gancho. A princípio tais valores estão adequados a norma, pois respeitam o espaço
disponibilizado pela largura do pilar e comprimento mínimo do gancho de 8 Ø (Figura 17). Da
mesma forma, o programa não apresentou outras opções de gancho além do gancho de 90º.
A adoção de gancho na ancoragem do apoio P1 é questionável considerando-se que as
condições b) e c) estabelecidas no item 2.4.3.10 desse trabalho, indicam que a armadura
calculada para o apoio (𝐴𝑠,𝑎𝑝𝑜𝑖𝑜 ) seria a maior entre:
𝑎𝑙 25,7
𝐹𝑠𝑑 ( 𝑑 ) 𝑉𝑑 + 𝑁𝑑 ( ) ∗ 1,4 ∗ 2,2 + 1,4 ∗ 0,3
25,7
𝑏) 𝐴𝑠,𝑎𝑝𝑜𝑖𝑜 = = = = 0,0806 𝑐𝑚²
𝑓𝑦𝑑 𝑓𝑦𝑑 43,5
1 1
𝑐) 𝑃𝑎𝑟𝑎 𝑀𝑎𝑝𝑜𝑖𝑜 < 0,5 𝑀𝑣ã𝑜 , 𝑡𝑒𝑚𝑜𝑠: 𝐴𝑠,𝑎𝑝𝑜𝑖𝑜 = ∗ 𝐴𝑠,𝑣𝑎𝑜 = ∗ 1,17 = 0,39 𝑐𝑚²
3 3
𝐴𝑠,𝑐𝑎𝑙𝑐 0,39
𝑙𝑏,𝑛𝑒𝑐 = 𝛼 𝑙𝑏 = 1 ∗ 37,7 ∗ = 9,36 𝑐𝑚 ≤ 𝑙𝑏,𝑚𝑖𝑛 𝑒 ≤ 𝑙𝑏𝑒 ,
𝐴𝑠,𝑒𝑓 2 ∗ 0,785
0,3. 𝑙𝑏 = 0,3 ∗ 37,7 = 11,3 𝑐𝑚
𝑠𝑒𝑛𝑑𝑜 𝑙𝑏,𝑚𝑖𝑛 ≥ { 10 Ø = 10 ∗ 1,0 𝑐𝑚 = 10 𝑐𝑚
10 𝑐𝑚
𝑙𝑏,𝑛𝑒𝑐 = 𝑙𝑏,𝑚𝑖𝑛 = 11,3 𝑐𝑚
73
Tal valor é inferior ao espaço disponível 𝑙𝑏𝑒 = 17,0 𝑐𝑚, portanto, não haveria
necessidade de realizar a ancoragem com gancho nessa extremidade. O comprimento reto com
11,3 cm é suficiente para se adequar ao exigido na NBR 6118:2014.
Pelo detalhamento da Viga V101 (Figura 29), a ancoragem positiva no apoio P1 possui
comprimento reto de 17,0 cm e mais 14,0 cm para a realização do gancho, totalizando 31,0 cm.
Também teve um prolongamento no comprimento vertical do gancho, que necessitaria
apenas a adição do diâmetro de dobramento (D) aos 8 Ø estabelecido no gancho de 90º (Figura
10), resultando num valor de (8 Ø + 5/2 Ø), ou seja, 10,5 cm. Conforme o detalhamento, foram
utilizados 14 cm na representação desse trecho, diferenciando-se 3,5 cm do mínimo
recomendado na NBR 6118:2014. No total, a diferença entre o comprimento de ancoragem
utilizado pelo programa e o necessário foi de 𝛥 = 31 𝑐𝑚 − (11,3) = 19,7 𝑐𝑚, totalizando um
acréscimo de 274,3% na utilização do aço para a ancoragem nessa região.
Na ancoragem negativa no apoio P1 chegam duas barras com diâmetro de 6,3 mm,
com área de aço equivalente a As = 0,624 cm². Pelo cálculo da armadura mínima exigida na
NBR 6118 (ABNT, 2014):
𝑀𝑑,𝑚𝑖𝑛 = 0,8 𝑊0 𝑓𝑐𝑡𝑘,𝑠𝑢𝑝 , 𝑠𝑒𝑛𝑑𝑜
20.30³
𝐼𝑐 12 = 3000 𝑐𝑚3
𝑊0 = =
𝑦𝑡 15
3 3
𝑓𝑐𝑡𝑘,𝑠𝑢𝑝 = 0,39 √𝑓𝑐𝑘 ² = 0,39. √25² = 3,334 𝑀𝑝𝑎
𝐾𝑁
Portanto, 𝑀𝑑,𝑚𝑖𝑛 = 0,8 𝑊0 𝑓𝑐𝑡𝑘,𝑠𝑢𝑝 = 0,8.3000. 0,333 𝑐𝑚² = 800,3 𝑘𝑁. 𝑐𝑚.
𝑀𝑑 800,3
𝐴𝑠 = = = 0,73 𝑐𝑚2 ≤ 0,0015. 𝐴𝑐 = 0,90 𝑐𝑚2
𝐾𝑍. 𝑑. 𝑓𝑦𝑑 0,979.25,7.43,5
Pelo cálculo feito para a armadura mínima, a Viga V101 deveria utilizar como porta-
estribos barras de aço superiores a área de 0,90 cm². Considerando-se duas barras de mesmo
diâmetro, a menor disposição possível é utilizando-se barras de 8,0 mm, que totalizam uma área
74
de aço efetiva de 𝐴𝑠,𝑒𝑓 = 1,10 𝑐𝑚². Pelo detalhamento do (Figura 29), as barras que chegam
de 6,3 mm não satisfazem essa exigência da norma. Entretanto há uma exceção no item
17.3.5.2.1 da NBR 6118 (ABNT, 2014) que “Em elementos estruturais, exceto elementos em
balanço, cujas armaduras sejam calculadas com um momento fletor igual ou maior ao dobro de
Md, não é necessário atender à armadura mínima”, esta condição é respeitada pois as duas
barras de 6,3 mm resistirão ao Md = 14 kN.cm atuante na região posicionada.
Os critérios utilizados pelo programa para a ancoragem da armadura negativa foram:
adotar como comprimento de ancoragem o valor de 38 Ø (CAD/TQS, 2019) e ancorar
normalmente até o 𝑙𝑏𝑒 disponível, utilizando o excedente do comprimento (𝑙𝑏,𝑛𝑒𝑐,𝑔 − 𝑙𝑏𝑒 ) como
parte para o comprimento do gancho. Assim, o detalhamento resulta no valor de 17,0 cm para
o apoio e 21,0 cm para a região do gancho (respeitando o raio de dobramento de 2,5 Ø)
conforme pode-se observar na Figura 29.
Tais valores são superiores as recomendações indicadas pelos autores LEONHARDT
e MONNIG (1982) e Prof. Jackson Antônio Carelli (2011), que aconselhariam respectivamente,
para o comprimento do gancho:
35 Ø = 35.0,63 𝑐𝑚 = 22,05 𝑐𝑚
Ou
𝐴𝑠,𝑐𝑎𝑙𝑐 0,01
𝑙𝑏,𝑛𝑒𝑐 = 𝛼 𝑙𝑏 = 1,0.23,7. = 0,38 𝑐𝑚 ≤ 𝑙𝑏,𝑚𝑖𝑛 = 10,0 𝑐𝑚
𝐴𝑠,𝑒𝑓 2 ∗ 0,312
Portanto, o valor de 21,0 cm para o comprimento do gancho está de acordo com as
recomendações dos autores, tendo diferenciado 1,0 cm com a comparação de Leonhardt e
Monnig e 11,0 cm com o Prof. Jackson.
No detalhamento otimizado para a viga V101 (Apêndice C) serão considerados os
comprimentos recomendados pelo cálculo do Prof.Jackson (2011).
Além disso, se não houver a ocorrência de nenhum momento positivo no apoio, pode-
se ancorar a armadura positiva 10 Ø a partir da face do apoio. Como não há a ocorrência de
momentos positivos no pilar P2, poderia-se reduzir a ancoragem para (10 Ø = 10*10 mm = 10,0
cm). No entanto todas as barras da armadura positiva dessa região são contínuas logo não terão
a necessidade de ancoragem.
O estudo da ancoragem positiva inicia no apoio P3, pilar de extremidade, que possui
uma ancoragem de 31,0 cm, sendo desses, 17,0 cm longitudinal e outros 14 cm verticais para a
execução do gancho. A princípio tais valores estão adequados a norma, pois respeitam o espaço
disponibilizado pela largura do pilar e comprimento mínimo do gancho de 8 Ø (Figura 17). Da
mesma forma, o programa não apresentou outras opções de gancho além do gancho a 90º.
A adoção de gancho na ancoragem da armadura no apoio P3 é questionável
considerando que as condições b) e c) estabelecidas no item 2.4.3.10 desse trabalho, indicam
que a armadura calculada para o apoio (𝐴𝑠,𝑎𝑝𝑜𝑖𝑜 ) seria a maior entre:
𝑎𝑙 25,7
𝐹𝑠𝑑 ( 𝑑 ) 𝑉𝑑 + 𝑁𝑑 ( ) ∗ 1,4 ∗ 3,3 + 1,4 ∗ 0,3
25,7
𝑏) 𝐴𝑠,𝑎𝑝𝑜𝑖𝑜 = = = = 0,116 𝑐𝑚²
𝑓𝑦𝑑 𝑓𝑦𝑑 43,5
76
1 1
𝑐) 𝑃𝑎𝑟𝑎 𝑀𝑎𝑝𝑜𝑖𝑜 < 0,5 𝑀𝑣ã𝑜 , 𝑡𝑒𝑚𝑜𝑠: 𝐴𝑠,𝑎𝑝𝑜𝑖𝑜 = ∗ 𝐴𝑠,𝑣𝑎𝑜 = ∗ 1,16 = 0,39 𝑐𝑚²
3 3
𝐴𝑠,𝑐𝑎𝑙𝑐 0,39
𝑙𝑏,𝑛𝑒𝑐 = 𝛼 𝑙𝑏 = 1 ∗ 37,7 ∗ = 9,36 𝑐𝑚 ≤ 𝑙𝑏,𝑚𝑖𝑛 𝑒 ≤ 𝑙𝑏𝑒 ,
𝐴𝑠,𝑒𝑓 2 ∗ 0,785
0,3. 𝑙𝑏 = 0,3 ∗ 37,7 = 11,3 𝑐𝑚
𝑠𝑒𝑛𝑑𝑜 𝑙𝑏,𝑚𝑖𝑛 ≥ { 10 Ø = 10 ∗ 1,0 𝑐𝑚 = 10 𝑐𝑚
10 𝑐𝑚
𝑙𝑏,𝑛𝑒𝑐 = 𝑙𝑏,𝑚𝑖𝑛 = 11,3 𝑐𝑚
Tal valor é inferior ao espaço disponível 𝑙𝑏𝑒 = 17,0 𝑐𝑚, portanto, não haveria
necessidade de se realizar a ancoragem com gancho nessa extremidade, apenas o comprimento
reto com 11,3 cm é suficiente para se adequar ao exigido na NBR 6118. Pelo detalhamento da
Viga V101 (Figura 29), a ancoragem da armadura positiva no apoio P3 possui o comprimento
reto de 17,0 cm e mais 14,0 cm para realização do gancho, totalizando 31,0 cm.
Também teve um prolongamento no comprimento vertical do gancho, que necessitaria
apenas a adição do diâmetro de dobramento (D) aos 8 Ø estabelecido no gancho de 90º (Figura
10), resultando em um valor de (8 Ø + 5/2 Ø) ou 10,5 cm. Conforme o detalhamento, foram
utilizados 14 cm na representação desse trecho, diferenciando 3,5 cm do mínimo recomendado
utilizando-se o estabelecido na NBR 6118:2014. No total, a diferença entre o comprimento de
ancoragem utilizado pelo programa e o necessário foi de 𝛥 = 31 𝑐𝑚 − (11,3) = 19,7 𝑐𝑚,
totalizando um acréscimo de 274,3% na utilização do aço para a ancoragem nessa região.
Figura 32: Detalhe na diferença de comprimentos das barras negativas na viga V101.
Fonte: Autoria própria.
78
Considerando-se a situação da viga V105-AP (Figura 34) como sendo contínua e com
a existência de dois vãos com comprimentos iguais ao longo de sua extensão, dividiu-se o seu
detalhamento em apenas um caso que será o mesmo para cada vão da viga.
80
Tabela 13: Relatório simplificado de esforços e área de aço do CAD/TQS para a viga V105-AP.
Vão 01
Viga V105-AP Apoio
Dimensionamento no
Apoio Esquerdo (P8) Intermediário
meio do vão
(P5)
Momento atuante -0,08 tf.m 1,44 tf.m -2,52 tf.m
Área de aço calculada 2,14 cm² 2,26 cm² 3,00 cm²
Área de aço efetiva 2,36 cm² 2,36 cm² 3,14 cm²
Cortante atuante 2,08 tf 0,357 tf -3,54 tf
Armadura transversal
2,80 cm²/m 2,80 cm²/m 2,80 cm²/m
calculada ou mínima
Armadura transversal
3,26 cm²/m 2,84 cm²/m 3,26 cm²/m
efetiva
Armadura lateral 2,44 cm²/m 2,44 cm²/m 2,44 cm²/m
Armadura lateral
3,02 cm² 3,02 cm² 3,02 cm²
efetiva
Vão 02
Viga V105-AP Apoio
Dimensionamento no
Apoio Direito (P2) Intermediário
meio do vão
(P5)
Momento atuante -0,08 tf.m 1,46 tf.m -2,52 tf.m
Área de aço calculada 2,14 cm² 2,26 cm² 3,00 cm²
Área de aço efetiva 2,36 cm² 2,36 cm² 3,14 cm²
Cortante atuante -2,09 tf 0,924 tf 3,65 tf
Armadura transversal
2,80 cm²/m 2,80 cm²/m 2,80 cm²/m
calculada ou mínima
Armadura transversal
3,26 cm²/m 2,836 cm²/m 3,26 cm²/m
efetiva
Armadura lateral 2,44 cm²/m 2,44 cm²/m 2,44 cm²/m
Armadura lateral
3,02 cm² 3,02 cm² 3,02 cm²
efetiva
Fonte: Autoria própria.
82
E dificultarão mais ainda a região para o adensamento. Entretanto é bom pontuar que
é permitida a aproximação das barras para o transpasse, e que, muitas vezes a sua execução
ocorre abaixo da outra barra e não na mesma camada, porém seria interessante do programa
indicar esse detalhe executivo.
𝑎𝑙 56,7
𝐹𝑠𝑑 ( 𝑑 ) 𝑉𝑑 + 𝑁𝑑 ( ) ∗ 1,4 ∗ 20,9 + 1,4 ∗ 0,9
56,7
𝑏) 𝐴𝑠,𝑎𝑝𝑜𝑖𝑜 = = = = 0,70 𝑐𝑚²
𝑓𝑦𝑑 𝑓𝑦𝑑 43,5
1 1
𝑐) 𝑃𝑎𝑟𝑎 𝑀𝑎𝑝𝑜𝑖𝑜 < 0,5 𝑀𝑣ã𝑜 , 𝑡𝑒𝑚𝑜𝑠: 𝐴𝑠,𝑎𝑝𝑜𝑖𝑜 = ∗ 𝐴𝑠,𝑣𝑎𝑜 = ∗ 2,26 = 0,753 𝑐𝑚²
3 3
Assim, tem-se que a ancoragem da armadura positiva nos apoios extremos deverá
respeitar a área de aço de 𝐴𝑠,𝑎𝑝𝑜𝑖𝑜 = 0,753𝑐𝑚2 e, portanto, o comprimento de ancoragem
necessário será de:
𝐴𝑠,𝑐𝑎𝑙𝑐 0,753
𝑙𝑏,𝑛𝑒𝑐 = 𝛼 𝑙𝑏 = 1 ∗ 37,7 ∗ = 12,00 𝑐𝑚 ≥ 𝑙𝑏,𝑚𝑖𝑛 𝑒 ≤ 𝑙𝑏𝑒
𝐴𝑠,𝑒𝑓 3 ∗ 0,785
Se todas as barras que chegam nos apoios extremos fossem detalhadas da mesma
maneira que a barra N5, já estariam de acordo com a norma, pois cumpririam com o
comprimento de ancoragem necessário de 12,0 cm. Porém, é usual do programa detalhar pelo
menos duas barras chegando nos apoios com gancho e ocupando toda a largura do pilar.
Para a ancoragem da armadura negativa nos apoios, conforme a Figura 36, o programa
detalhou 17,0 cm para o trecho reto e outros 40,0 cm para o gancho.
84
35 Ø = 35.1,0 𝑐𝑚 = 35,0 𝑐𝑚
e
𝑀𝑎𝑝𝑜𝑖𝑜 𝑐𝑚² 1,4 ∗ 80𝑘𝑁. 𝑐𝑚
𝐴𝑠,𝑐𝑎𝑙𝑐 = 𝐾𝑠 = 0,024 ( ) = 0,05 𝑐𝑚²
𝑑 𝑘𝑁 56,7 𝑐𝑚
𝐴𝑠,𝑐𝑎𝑙𝑐 0,05
𝑙𝑏,𝑛𝑒𝑐 = 𝛼 𝑙𝑏 = 1,0.53,8. = 1,14 𝑐𝑚 ≤ 𝑙𝑏,𝑚𝑖𝑛 = 16,1 𝑐𝑚
𝐴𝑠,𝑒𝑓 3 ∗ 0,785
A indicação que consta no manual do CAD/TQS para ancoragem da armadura
negativa, se definido “K16=1” é:
Comprimento de ancoragem 𝑙𝑏2:
38Ø = 38.1,0 = 38,0 𝑐𝑚
𝑙𝑏2 ≥ {
𝑙𝑏 𝑒𝑚 𝑟𝑒𝑔𝑖ã𝑜 𝑑𝑒 𝑚á 𝑎𝑑𝑒𝑟ê𝑛𝑐𝑖𝑎 = 53,8 𝑐𝑚
i) Se (bw – c) ≥ 𝑙𝑏2, temos uma ancoragem reta com comprimento 𝑙𝑏2.
ii) Se (bw – c) ≤ 𝑙𝑏2, temos ancoragem com gancho, sendo utilizada uma parcela
de 𝑙𝑏2 no comprimento 𝑙𝑏,𝑑𝑖𝑠𝑝 e o restante para o gancho, não podendo o valor
do gancho ser inferior a 13 Ø.
Para vigas com alturas superiores a 60 cm, a norma indica a utilização de armaduras
laterais ou também denominadas armadura de pele. Observando-se a Figura 34 nota-se que o
programa detalhou a armadura lateral da viga V105-AP com 3 barras de 8,0 mm em cada lado,
especificando o raio de dobramento da barra e sua ancoragem nos apoios extremos, os quais
estão corretos com a norma.
A utilização de barras com diâmetro de 8,0 mm está associada (pelos critérios do
programa) com o aço CA-50. Esse aço é permitido no emprego da armadura lateral, logo a
análise da viga será direcionada para o dimensionamento, espaçamento e ancoragem da
armadura de pele.
O espaçamento das barras laterais (e) não pode ser superior a 20 cm ou d/3, portanto:
𝑑 56,7 𝑐𝑚
𝑒 ≤ {3 = = 18,9 𝑐𝑚 ; 𝑒 ≤ 18,90 𝑐𝑚
3
20 𝑐𝑚
0,1
𝐴𝑝𝑒𝑙𝑒 = 0,1%. 𝐴𝑐,𝑎𝑙𝑚𝑎 = . 20.61 = 1,22 𝑐𝑚2 𝑒𝑚 𝑐𝑎𝑑𝑎 𝑓𝑎𝑐𝑒 𝑙𝑎𝑡𝑒𝑟𝑎𝑙
100
𝐴𝑝𝑒𝑙𝑒,𝑒𝑓 = 3 ∗ 0,503 = 1,51 𝑐𝑚2 ≥ 1,22 𝑐𝑚²
Porém, essas são escolhas relativas e que não diminuem a opção de uma ou outra.
Para a ancoragem da armadura de pele, a norma especifica que as barras devem ser
devidamente ancoradas, porém não estabelece nenhum critério a ser utilizado. Sendo assim,
considerou no cálculo o comprimento de ancoragem necessário dessas barras, assim haverá
duas situações, a ancoragem das barras que estão na situação de boa aderência e as barras que
estão localizadas na zona de má aderência. Calculando os dois casos temos o comprimento de
ancoragem necessário de:
Para má aderência:
𝐴𝑠,𝑐𝑎𝑙𝑐 1,22
𝑙𝑏,𝑛𝑒𝑐 = 𝛼 𝑙𝑏 = 1 ∗ 43,0 ∗ = 34,7 𝑐𝑚 ≥ 𝑙𝑏,𝑚𝑖𝑛 𝑒 ≥ 𝑙𝑏𝑒
𝐴𝑠,𝑒𝑓 1,51
Para boa aderência:
𝐴𝑠,𝑐𝑎𝑙𝑐 1,22
𝑙𝑏,𝑛𝑒𝑐 = 𝛼 𝑙𝑏 = 1 ∗ 30,1 ∗ = 24,3 𝑐𝑚 ≥ 𝑙𝑏,𝑚𝑖𝑛 𝑒 ≥ 𝑙𝑏𝑒
𝐴𝑠,𝑒𝑓 1,51
Tal valor é superior ao comprimento disponível de 17,0 cm, desta forma utiliza-se
outra maneira de reduzir o comprimento necessário, a utilização de gancho. Assim:
Assim, o detalhamento apresentado está correto com o calculado para a zona de boa
aderência, o qual utiliza todo o espaço disponível do pilar (17,0 cm) para ancoragem, especifica
o raio de dobramento (R=2) para o gancho e persiste em prolongar 14,0 cm no comprimento do
gancho mesmo quando utilizado uma barra de diâmetro menor que as anteriores. Para as barras
de 8,0 mm o comprimento do gancho seria de (8Ø + 2,5Ø) ou 8,4 cm.
0,15
𝐴𝑠,𝑚𝑖𝑛 = 0,15%. 𝐴𝑐 = . 20.61 = 1,83 𝑐𝑚²
100
Assim, essa região pode ser executada aproveitando a continuidade de duas barras de
10,0 mm que saem do pilar P5 e acrescentando a barra de 6,3 mm na região final. Na
representação foi realizada apenas o transpasse da barra N1, pois as outras duas barras que
chegam serão da composição N2.
88
Figura 38: Comparativo das barras N1 e N3 com o diagrama decalado na viga V105 -AP
Fonte: Autoria própria.
Tabela 14: Resumo do Relatório de Esforços Cortantes do CAD/TQS para a Viga V105-AP
Modelo Altura
Comprimento VSd VRd2 Vc Asw Asw,min
de Faixa útil ‘d’
(m) (tf) (tf) (tf) (cm²/m) (cm²/m)
cálculo I (cm)
1 1,04 2,95 73,54 11,95 0,0 2,8 56,7
Vão 01 2 1,04 2,86 73,54 11,95 0,0 2,8 56,7
3 1,04 4,96 73,54 11,95 0,0 2,8 56,7
1 1,04 5,11 73,54 11,95 0,0 2,8 56,7
Vão 02 2 1,04 2,55 73,54 11,95 0,0 2,8 56,7
3 1,04 2,81 73,54 11,95 0,0 2,8 56,7
Fonte: Autoria própria.
3
𝐴𝑠𝑤 𝑓 0,3. √252
Para aço CA-60: 𝑠
≥ 0,2 𝑓𝑐𝑡,𝑚 . 𝑏𝑤 𝑠𝑒𝑛𝛼 = 0,2. 600
. 20.1 = 0,0171𝑐𝑚
𝑦𝑤𝑘
3
𝐴𝑠𝑤 𝑓 0,3. √252
E, para aço CA-50: ≥ 0,2 𝑓𝑐𝑡,𝑚 . 𝑏𝑤 𝑠𝑒𝑛𝛼 = 0,2. . 20.1 = 0,0205𝑐𝑚
𝑠 𝑦𝑤𝑘 500
uma área de armadura transversal de 𝑎𝑠𝑤 = 3,26 𝑐𝑚²/m e o segundo utilizando barras de 6,3
mm a cada 22,0 cm, totalizando uma área de 𝑎𝑠𝑤 = 2,86 𝑐𝑚²/m e se aproximando muito do
mínimo indicado pelo relatório.
Considerando-se valores mais próximos de 𝑎𝑠𝑤,𝑚𝑖𝑛 , utilizam-se estribos de 2 ramos
com 5,0 mm espaçados a cada 14,0 cm e área de:
100
𝑎𝑠𝑤 = 2 ∗ 0,196 ∗ ( ) = 2,80 𝑐𝑚²/m
14
Ou estribos de 2 ramos com 6,3 mm espaçados a cada 22,28 cm com área de:
100
𝑎𝑠𝑤 = 2 ∗ 0,312 ∗ ( ) = 2,80 𝑐𝑚²/m
22,28
𝑆𝑚𝑖𝑛 ≥ Ø𝑣𝑖𝑏 + 1 𝑐𝑚 = 5 cm + 1 cm = 6 cm
Também foi respeitado o espaçamento transversal máximo dos estribos, em que não
houve necessidade da divisão da armadura transversal em mais ramos, ou seja, estribos simples
atendem o espaçamento máximo permitido, que é de:
Se: 𝑉𝑑 ≤ 0,20 𝑉𝑅𝑑2 = 5,11 tf ≤ 14,71 tf, então 𝑆𝑡,𝑚𝑎𝑥 = d = 56,7 cm ≤ 800 mm.
Considerando a situação da viga V105-AS, detalhada na Figura 40, que contem apoios
diretos e indiretos, ou seja, o primeiro trecho apoiado diretamente nos pilares P8 e P5 e o
segundo diretamente no pilar P5 e indiretamente na viga (V101-AS), decidiu-se separar a sua
análise em dois vãos. O primeiro caso sendo denominado de “Vão 01” e que abrange o
comprimento entre os pilares P8 e P5. E o segundo caso denominado de “Vão 02”
compreendendo a extensão do pilar P5 até a viga V101-AS.
Tabela 15: Relatório simplificado de esforços e área de aço do CAD/TQS para a viga V105-AS.
Vão 01
Viga V105-AS Apoio Esquerdo Apoio
Meio do vão
(P8) Intermediário (P5)
Momento atuante - 0,27 tf.m 1,00 tf.m - 2,74 tf.m
Área de aço calculada 1,26 cm² 1,30 cm² 3,71 cm²
Área de aço efetiva 1,57 cm² 1,57 cm² 4,02 cm²
Cortante atuante 1,80 tf 0,4 tf -3,27 tf
Armadura transversal
2,80 cm²/m 2,80 cm²/m 2,80 cm²/m
calculada ou mínima
Armadura transversal
3,26 cm²/m 4,16 cm²/m 3,26 cm²/m
efetiva
Vão 02
Viga V105-AS Apoio Direito Apoio
Meio do vão
(V101-AS) Intermediário (P5)
Momento atuante 0 1,06 tf.m - 2,94 tf.m
Área de aço calculada 0 1,35 cm² 4,01 cm²
Área de aço efetiva 0,62 cm² 1,57 cm² 4,02 cm²
Cortante atuante - 1,46 tf 1,08 tf 3,54 tf
Armadura transversal
2,80 cm²/m 2,80 cm²/m 2,80 cm²/m
calculada ou mínima
Armadura transversal
3,26 cm²/m 4,16 cm²/m 3,26 cm²/m
efetiva
Fonte: Autoria própria.
O estudo da ancoragem positiva se inicia no apoio P8, pilar de extremidade, que possui
uma ancoragem de 31,0 cm, sendo desses, 17,0 cm longitudinal e outros 14 cm verticais para a
execução do gancho. A princípio tais valores estão adequados à norma, pois respeitam o espaço
disponibilizado pela largura do pilar e comprimento mínimo do gancho de 8 Ø (Figura 10).
A adoção do gancho na ancoragem do apoio é questionável considerando que as
condições b) e c) estabelecidas no item 2.4.3.10 desse trabalho, indicam que a armadura que
deve chegar no apoio (𝐴𝑠,𝑎𝑝𝑜𝑖𝑜 ) deve ser a maior entre:
𝑎𝑙 25,7
𝐹𝑠𝑑 ( 𝑑 ) 𝑉𝑑 + 𝑁𝑑 ( ) ∗ 1,4 ∗ 18,0 + 1,4 ∗ 0,06
25,7
𝑏) 𝐴𝑠,𝑎𝑝𝑜𝑖𝑜 = = = = 0,58 𝑐𝑚2
𝑓𝑦𝑑 𝑓𝑦𝑑 43,5
1 1
𝑐) 𝑃𝑎𝑟𝑎 𝑀𝑎𝑝𝑜𝑖𝑜 < 0,5 𝑀𝑣ã𝑜 , 𝑡𝑒𝑚𝑜𝑠: 𝐴𝑠,𝑎𝑝𝑜𝑖𝑜 = ∗ 𝐴𝑠,𝑣𝑎𝑜 = ∗ 1,30 = 0,43𝑐𝑚²
3 3
𝐴𝑠,𝑐𝑎𝑙𝑐 0,58
𝑙𝑏,𝑛𝑒𝑐 = 𝛼 𝑙𝑏 = 1 ∗ 37,7 ∗ = 13,93 𝑐𝑚 ≥ 𝑙𝑏,𝑚𝑖𝑛 𝑒 ≤ 𝑙𝑏𝑒
𝐴𝑠,𝑒𝑓 2 ∗ 0,785
Tal valor é inferior à largura disponível no apoio 𝑙𝑏𝑒 = 17,0 𝑐𝑚, portanto, poderia-se
definir a ancoragem com o prolongamento reto de 13,93 cm. Pelo detalhamento apresentado
96
para a Viga V105-AS, a ancoragem da armadura positiva foi realizada com o uso de gancho a
90º. Com a adoção do gancho, o 𝑙𝑏,𝑛𝑒𝑐,𝑔 reduz para 11,3 cm. Contudo, esse valor pode ser
desconsiderado, uma vez que o cobrimento na região normal ao gancho é superior a 70 mm
(conforme apresentado em 2.4.3.10). Restando-se, apenas, a verificação de 𝑙𝑏,𝑛𝑒𝑐,𝑔 = 2,5Ø
+5,5Ø = 8,0 cm ≥ 6,0 cm, o que resulta em um comprimento bem inferior a 𝑙𝑏𝑒 não necessitando
do prolongamento até a extremidade da largura. Entretanto é usual do programa detalhar a barra
com gancho contemplando toda a largura disponível do apoio, gerando assim um maior
comprimento de ancoragem do que o necessário.
Também teve um acréscimo no comprimento vertical do gancho, o qual necessitaria
apenas a adição do diâmetro de dobramento (D) aos 8 Ø estabelecido no gancho de 90º (Figura
10), resultando em um valor de (8 Ø + 5/2 Ø) ou 10,5 cm. Conforme o detalhamento, foram
utilizados 14 cm na representação desse trecho, diferenciando 3,5 cm do mínimo recomendado
na NBR 6118:2014. No total a diferença entre o comprimento utilizado no programa e o
necessário foi de 𝛥 = 31,0 𝑐𝑚 − (8,0 𝑐𝑚 + 10,5) = 12,5 𝑐𝑚, totalizando um acréscimo de
167,6% da quantidade de aço usada para a ancoragem.
Para o cálculo da ancoragem negativa no apoio P8, recalculou-se o comprimento de
ancoragem necessário com as áreas efetiva e de cálculo da armadura negativa. Trazendo-se as
mesmas condições de ancoragem: barra nervurada, situação de boa aderência e sem gancho;
tem-se o seguinte valor de comprimento:
𝑀𝑎𝑝𝑜𝑖𝑜 𝑐𝑚² 1,4 ∗ 270𝑘𝑁. 𝑐𝑚
𝐴𝑠,𝑐𝑎𝑙𝑐 = 𝐾𝑠 = 0,024 ( ) = 0,35 𝑐𝑚²
𝑑 𝑘𝑁 25,7 𝑐𝑚
𝐴𝑠,𝑐𝑎𝑙𝑐 0,35
𝑙𝑏,𝑛𝑒𝑐 = 𝛼 𝑙𝑏 = 1 ∗ 37,7 ∗ = 8,40 𝑐𝑚 ≤ 𝑙𝑏,𝑚𝑖𝑛 = 11,30 𝑐𝑚
𝐴𝑠,𝑒𝑓 2 ∗ 0,785
Tal valor atende ao espaço disponível por 𝑙𝑏𝑒 = 17 𝑐𝑚, logo, considerando-se as
recomendações do Prof. Jackson Antônio Carelli (2011), será utilizado o valor do 𝑙𝑏,𝑚𝑖𝑛 como
comprimento do gancho. Resultando assim, numa ancoragem de 17,0 cm para o apoio e 11,30
cm na região do gancho.
Os critérios utilizados pelo programa para a ancoragem da armadura negativa foram:
adotar como comprimento de ancoragem o valor de 38 Ø (CAD/TQS, 2019) e ancorar
normalmente até o 𝑙𝑏𝑒 disponível, utilizando-se o excedente do comprimento (𝑙𝑏,𝑛𝑒𝑐,𝑔 − 𝑙𝑏𝑒 )
como parte para o comprimento do gancho. Assim, o detalhamento resulta em 17 cm para o
apoio e 21 cm para a região do gancho conforme apresentado na Figura 40.
97
𝑎𝑙 25,7
𝐹𝑠𝑑 ( 𝑑 ) 𝑉𝑑 + 𝑁𝑑 ( ) ∗ 1,4 ∗ 14,6 + 1,4 ∗ 0,06
25,7
𝑏) 𝐴𝑠,𝑎𝑝𝑜𝑖𝑜 = = = = 0,48 𝑐𝑚2
𝑓𝑦𝑑 𝑓𝑦𝑑 43,5
1 1
𝑐) 𝑃𝑎𝑟𝑎 𝑀𝑎𝑝𝑜𝑖𝑜 < 0,5 𝑀𝑣ã𝑜 , 𝑡𝑒𝑚𝑜𝑠: 𝐴𝑠,𝑎𝑝𝑜𝑖𝑜 = ∗ 𝐴𝑠,𝑣𝑎𝑜 = ∗ 1,35 = 0,45 𝑐𝑚²
3 3
𝐴𝑠,𝑐𝑎𝑙𝑐 0,48
𝑙𝑏,𝑛𝑒𝑐 = 𝛼 𝑙𝑏 = 1 ∗ 37,7 ∗ = 11,53 𝑐𝑚 ≥ 𝑙𝑏,𝑚𝑖𝑛 𝑒 ≤ 𝑙𝑏𝑒
𝐴𝑠,𝑒𝑓 2 ∗ 0,785
98
Esses valores são semelhantes aos 15,0 cm apresentado pelo programa, portanto, pode-
se dizer que essa região de ancoragem na viga V101-AS está de acordo com o recomendado.
um trecho curto de transição entre as barras de 10,0 mm e a armadura mínima, é mais viável
optar por barras contínuas de 10,0 mm em todo o comprimento.
Já nas armaduras longitudinais negativas percebe-se a existência de um escalonamento
iniciado no momento máximo presente no pilar intermediário P5 para o restante da viga. Logo,
a armadura sai de duas barras de 16,0 mm da região central e se reduz a duas de 8,0 mm que
servirão como porta-estribos na extremidade respeitando a armadura mínima longitudinal de
0,90 cm² e a armadura que chega nos apoios de 0,58 cm². Pode-se reduzir a armadura que chega
na viga V101-AS para barras de 6,3 mm conforme o detalhamento do programa (Figura 40),
pois nessa região não há a ocorrência de nenhum momento negativo e ainda é superior a
armadura que deve chegar no apoio.
Tabela 16: Resumo do Relatório de Esforços Cortantes do CAD/TQS para a Viga V105-AS.
Altura
Modelo de Comprimento VSd VRd2 Vc Asw Asw,min
Faixa útil ‘d’
cálculo I (m) (tf) (tf) (tf) (cm²/m) (cm²/m)
(cm)
absorvida por Vc já é suficiente para resistir o esforço cortante máximo atuante de cálculo (Vc
≥ Vsd). Entretanto, a NBR 6118:2014 estabelece uma taxa de armadura transversal mínima que
deve ser atendida. Conforme o capítulo 2.4.3.2 desse trabalho, a taxa de armadura mínima para
o concreto C25 é de:
3
𝐴𝑠𝑤 𝑓 0,3. √252
≥ 0,2 𝑓𝑐𝑡,𝑚 . 𝑏𝑤 𝑠𝑒𝑛𝛼 = 0,2. . 20.1 = 0,0171𝑐𝑚, para o aço CA-60.
𝑠 𝑦𝑤𝑘 600
3
𝐴𝑠𝑤 𝑓 0,3. √252
≥ 0,2 𝑓𝑐𝑡,𝑚 . 𝑏𝑤 𝑠𝑒𝑛𝛼 = 0,2. . 20.1 = 0,0205𝑐𝑚, para o aço CA-50.
𝑠 𝑦𝑤𝑘 500
Esse valor é inferior ao 𝑎𝑠𝑤,𝑚𝑖𝑛 calculado pelo programa, que pela Tabela 10, forneceu
uma taxa de 𝑎𝑠𝑤,𝑚𝑖𝑛 = 2,80 𝑐𝑚2 /𝑚. Tal valor é semelhante ao encontrado se fosse usada para
o cálculo a resistência de escoamento do aço de 366,42 MPa, entretanto foi especificado o uso
de CA-60, que possui 𝑓𝑦𝑤𝑘 = 600 𝑀𝑃𝑎, para bitolas até 5,0 mm e CA-50, com 𝑓𝑦𝑤𝑘 =
500 𝑀𝑃𝑎, para bitolas de 6,3 mm.
A taxa mínima de armadura é respeitada ao optar por estribos com dois tipos de
detalhamento, o primeiro utilizando barras de 5 mm a cada 12,0 cm, totalizando uma área de
armadura transversal de 𝑎𝑠𝑤 = 3,26 𝑐𝑚²/m e o segundo utilizando-se barras de 6,3 mm a cada
15,0 cm, totalizando uma área de 𝑎𝑠𝑤 = 4,16 𝑐𝑚²/m.
Considerando-se o valor da armadura mínima calculada de 1,71 cm²/m poderia optar
pela distribuição de estribos de 2 ramos com 5,0 mm espaçados a cada 𝑠𝑚𝑎𝑥 = 15,42𝑐𝑚
totalizando uma área de 𝑎𝑠𝑤 = 2,54 𝑐𝑚²/m. Para fins de execução, o detalhamento proposto
no Apêndice E, considera apenas números inteiros para as distâncias do espaçamento, logo o
valor é de 15,0 cm.
Se: 𝑉𝑑 ≤ 0,20 𝑉𝑅𝑑2 = 4,48 tf ≤ 6,66 tf, então 𝑠𝑡,𝑚𝑎𝑥 = d = 25,7 cm ≤ 800 mm.
𝑉𝑑 20,4 𝑘𝑁
𝐴𝑠,𝑠𝑢𝑠𝑝 = 0,3 = 0,3. = 0,14 𝑐𝑚2
𝑓𝑦𝑑 43,5 𝑘𝑁/𝑐𝑚²
Sendo que essa área de aço 𝐴𝑠,𝑠𝑢𝑠𝑝 deve abranger um comprimento igual ou superior
à metade da altura da viga, “h/2 = 15 cm”. Pelo detalhamento gerado pelo autor no Apêndice
E, decidiu-se optar pela adição de um estribo de dois ramos de 5 mm na região de apoio com a
viga V101-AS, fornecendo 0,392 cm²,
104
Considerando-se a situação da viga V101-AS (Figura 45) como apoiada nos pilares P1
e P3, com um vão de 5,77 m, dividiu-se o seu detalhamento em um único caso, denominado
Vão V101-AS.
Tabela 17: Relatório simplificado de esforços e área de aço do CAD/TQS para a viga V101-AS.
Vão 01
Viga V101-AS Apoio
Meio do vão Apoio Direito (P3)
Esquerdo (P1)
Momento atuante -0,80 tf.m 1,84 tf.m -0,84 tf.m
Área de aço calculada 1,42 cm² 2,36 cm² 1,42 cm²
Área de aço efetiva 1,57 cm² 2,355 cm² 1,57 cm²
Cortante atuante 1,28 tf - -1,30 tf
Armadura transversal calculada
2,80 cm²/m 2,80 cm²/m 2,80 cm²/m
ou mínima
Armadura transversal efetiva 3,26 cm²/m 4,16 cm²/m 3,26 cm²/m
Fonte: Autoria própria.
Espaçamento que permite, com certa folga, a passagem do vibrador para o correto
adensamento do concreto armado.
O estudo da ancoragem positiva se inicia no apoio P1, pilar de extremidade, que possui
uma ancoragem total de 33,0 cm, sendo desses, 17,0 cm longitudinal e outros 16,0 cm verticais
para a execução do gancho. A princípio tais valores estão adequados à norma, pois respeitam o
espaço disponibilizado pela largura do pilar e o comprimento mínimo do gancho de 8 Ø (Figura
10). Em comparação com a viga V101, ainda que os esforços tenham mudado, a armadura
positiva que chega no apoio da extremidade continua a mesma, entretanto a ancoragem nesse
detalhamento aumentou o comprimento para a execução do gancho, o que é um ponto a ser
observado. E da mesma forma que para a viga V101, o programa não apresentou outras opções
de gancho além do gancho a 90º.
A opção pelo uso do gancho na ancoragem do apoio P1 é questionável considerando-
se as condições b) e c) estabelecidas no item 2.4.3.10 desse trabalho, em que a armadura que
deve chegar no apoio (𝐴𝑠,𝑎𝑝𝑜𝑖𝑜 ) é a maior entre:
𝑎𝑙 25,7
𝐹𝑠𝑑 ( 𝑑 ) 𝑉𝑑 + 𝑁𝑑 ( ) ∗ 1,4 ∗ 13,0 + 1,4 ∗ 0,3
25,7
𝑏) 𝐴𝑠,𝑎𝑝𝑜𝑖𝑜 = = = = 0,43 𝑐𝑚²
𝑓𝑦𝑑 𝑓𝑦𝑑 43,5
1 1
𝑐) 𝑃𝑎𝑟𝑎 𝑀𝑎𝑝𝑜𝑖𝑜 < 0,5 𝑀𝑣ã𝑜 , 𝑡𝑒𝑚𝑜𝑠: 𝐴𝑠,𝑎𝑝𝑜𝑖𝑜 = ∗ 𝐴𝑠,𝑣𝑎𝑜 = ∗ 2,36 = 0,79 𝑐𝑚²
3 3
𝐴𝑠,𝑐𝑎𝑙𝑐 0,79
𝑙𝑏,𝑛𝑒𝑐 = 𝛼 𝑙𝑏 = 1 ∗ 37,7 ∗ = 19,59 𝑐𝑚 ≥ 𝑙𝑏,𝑚𝑖𝑛 𝑒 ≥ 𝑙𝑏𝑒
𝐴𝑠,𝑒𝑓 2 ∗ 0,785
Tal valor é superior ao espaço disponível 𝑙𝑏𝑒 = 17,0 𝑐𝑚, portanto há a necessidade de
estudar outras alternativas para reduzir o comprimento de ancoragem. Utilizando-se a adoção
de gancho, tem-se que o comprimento de ancoragem com gancho reduz para:
107
𝐴𝑠,𝑐𝑎𝑙𝑐 0,79
𝑙𝑏,𝑛𝑒𝑐,𝑔 = 𝛼 𝑙𝑏 = 0,7 ∗ 37,7 ∗ 2∗0,785 = 13,71 𝑐𝑚 ≤ 𝑙𝑏,𝑚𝑖𝑛 𝑒 ≤ 𝑙𝑏𝑒 .
𝐴𝑠,𝑒𝑓
com as recomendações dos autores LEONHARDT e MONNIG (1982) e Prof. Jackson Antônio
Carelli (2011) que aconselham respectivamente:
35 Ø = 35.1,00 𝑐𝑚 = 35,0 𝑐𝑚
Ou
𝑀𝑎𝑝𝑜𝑖𝑜 𝑐𝑚² 1,4 ∗ 800𝑘𝑁. 𝑐𝑚
𝐴𝑠,𝑐𝑎𝑙𝑐 = 𝐾𝑠 = 0,023 ( ) = 1,00 𝑐𝑚²
𝑑 𝑘𝑁 25,7 𝑐𝑚
𝐴𝑠,𝑐𝑎𝑙𝑐 1,00
𝑙𝑏,𝑛𝑒𝑐 = 𝛼 𝑙𝑏 = 1,0.37,7. = 24,0 𝑐𝑚
𝐴𝑠,𝑒𝑓 2 ∗ 0,785
Assim poderia ter realizada a ancoragem utilizando toda a altura disponível da viga
hdisp = 14,0 cm conforme o cálculo do Prof. Jackson.
𝑙𝑏𝑒,𝑡 = Ø𝑡 . 10 = 0,5.10 = 5 𝑐𝑚 ≥ 7 𝑐𝑚
Tabela 18: Resumo do Relatório de Esforços Cortantes do CAD/TQS para a Viga V101-AS.
Modelo de Ângulo VSd VRd2 Vc Asw Asw,min Altura útil
cálculo I θ (tf) (tf) (tf) (cm²/m) (cm²/m) ‘d’ (cm)
45º 1,71 33,37 5,42 0,0 2,80 25,7
Vão 01 45º 1,52 33,37 5,42 0,0 2,80 25,7
45º 1,86 33,37 5,42 0,0 2,80 25,7
Fonte: Autoria própria.
Esse valor é inferior ao 𝑎𝑠𝑤,𝑚𝑖𝑛 calculado pelo programa, que pela Tabela 18, é de
𝑎𝑠𝑤,𝑚𝑖𝑛 = 2,80 𝑐𝑚2 /𝑚. Tal valor seria encontrado se fosse considerada a resistência de
escoamento do aço como sendo 𝑓𝑦𝑤𝑘 = 366 𝑀𝑃𝑎, entretanto foi especificado o uso de CA-60,
que possui 𝑓𝑦𝑤𝑘 = 600 𝑀𝑃𝑎, para bitolas até 5,0 mm.
Mesmo considerando-se o valor da taxa mínima de armadura apresentada pelo
programa, ambas as taxas são respeitadas, pois detalharam a armadura transversal com barras
de 5 mm a cada 12 cm, totalizando uma área de armadura transversal de 𝑎𝑠𝑤 = 3,26 𝑐𝑚²/m.
O arranjo que melhor se aproxima da armadura mínima calculada 𝑎𝑠𝑤,𝑚𝑖𝑛 =
1,71𝑐𝑚2 /𝑚 é utilizando-se estribo de dois ramos com aço CA-60 e barras de 5,0 mm
espaçadas a 𝑠𝑚𝑎𝑥 = 15,42 𝑐𝑚 totalizando uma área de aço de 𝐴𝑠𝑤 = 2,54 𝑐𝑚2 /𝑚.
A armadura transversal foi disposta longitudinalmente em dois ramos com aço CA-60
de 5,0 mm a cada 12,0 cm e em dois ramos com aço CA-50 de 6,3 mm a cada 15,0 cm. Sua
112
Também foi respeitado o espaçamento transversal máximo dos estribos. Não houve a
necessidade da divisão da armadura transversal em mais ramos, uma vez que foi cumprido o
exigido na norma, que é:
sendo 𝑉𝑑 ≤ 0,20 𝑉𝑅𝑑2 → 0,49 tf ≤ 6,67 tf , então 𝑠𝑡,𝑚𝑎𝑥 = d = 25,7 cm ≤ 800 mm.
𝑉𝑑 20,4 𝑘𝑁
𝐴𝑠𝑤,𝑠𝑢𝑠𝑝 = = = 0,47 𝑐𝑚2 .
𝑓𝑦𝑑 43,5 𝑘𝑁/𝑐𝑚²
distribuição da armadura de suspensão está disposta na viga de apoio, a taxa de aço equivalente
deveria ser:
0,47 0,47
𝐴𝑠𝑤,𝑠𝑢𝑠𝑝 = = = 1,56 𝑐𝑚2 /𝑚.
ℎ𝑎𝑝𝑜𝑖𝑜 0,3
Esse valor é inferior aos 4,16 cm²/m que chegam na região da viga apoiada V105-AS,
portanto, o programa, por mais que não tenha detalhado a armadura de suspensão, pode ter
considerado essa armadura no cálculo da armadura transversal. No relatório gerado pelo
programa consta apenas a indicação da armadura de suspensão 𝑎𝑠𝑤,𝑠𝑢𝑠𝑝 = 1,00 𝑐𝑚2 /𝑚 e a
armadura que chega 𝑎𝑠𝑤,𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 = 2,80 𝑐𝑚2 /𝑚. A Figura 50 mostra a parte do relatório que
fala sobre a armadura de suspensão.
Figura 50: informações sobre a armadura de suspensão no relatório da viga V101 -AS
Fonte: CAD/TQS UNIPRO v21.
O valor calculado condiz com o apresentado no relatório e ainda indica que foi
utilizada a armadura mínima de 2,80 cm²/m para esse trecho. Entretanto, utiliza-se em sua
equação o valor de (𝑏𝑤,𝑎𝑝𝑜𝑖𝑜 + 𝑑), o que leva a crer que esse, seria o espaço utilizado no
programa para a colocação da armadura de suspensão.
Nas recomendações de BASTOS (2017), a armadura de suspensão não pode ser
espaçada em uma área superior à altura da viga de apoio (hapoio), portanto, se a distância
114
(𝑏𝑤,𝑎𝑝𝑜𝑖𝑜 + 𝑑) for para esse propósito, estaria em conflito com o recomendado por Bastos,
porém pela NBR 6118:2014 não há nenhuma indicação do espaço em que deve ser distribuída
a armadura, apenas que deve ser colocada.
Tabela 19: Relatório simplificado de esforços e área de aço do CAD/TQS para a viga V105-AD.
Vão 01
Viga V105-AD Apoio Esquerdo Meio do
Apoio Intermediário (P5)
(P8) vão
Momento atuante -0,80 tf.m 0,95 tf.m -1,80 tf.m
Área de aço calculada 1,70 cm² 1,96 cm² 4,38 cm²
Área de aço efetiva 2,355 cm² 2,355 cm² 4,91 cm²
Cortante atuante 2,19 tf - -2,80 tf
Armadura transversal
2,80 cm²/m 2,80 cm²/m 2,80 cm²/m
calculada ou mínima
Armadura transversal efetiva 3,92 cm²/m 3,92 cm²/m 3,92 cm²/m
115
Vão 02
Viga V105-AD Meio do
Apoio Direito (P2) Apoio Intermediário (P5)
vão
Momento atuante -0,81 tf.m 0,94 tf.m -1,80 tf.m
Área de aço calculada 1,73 cm² 1,94 cm² 4,37 cm²
Área de aço efetiva 2,355 cm² 2,355 cm² 4,91 cm²
Cortante atuante -2,07 tf - 2,95 tf
Armadura transversal
2,80 cm²/m 2,80 cm²/m 2,80 cm²/m
calculada ou mínima
Armadura transversal efetiva 3,92 cm²/m 3,92 cm²/m 3,92 cm²/m
Fonte: Autoria própria.
𝑑². 𝑏𝑤 15,72 . 20
𝑀𝑑,𝑙𝑖𝑚 = = = 2240 𝑘𝑁. 𝑐𝑚 𝑜𝑢 2,24 𝑡𝑓. 𝑚
𝐾𝑐 2,2
𝑀𝑑,𝑙𝑖𝑚 2240
𝐴𝑠1 = 𝐾𝑠 . = 0,028. = 4,00 𝑐𝑚²
𝑑 15,7
Ø 1,6
𝑑′ = + Ø𝑡 + 𝑐 = + 0,5 + 3 = 4,3 𝑐𝑚
2 2
280 𝑘𝑁. 𝑐𝑚
𝐴𝑠2 = = 0,57 𝑐𝑚²
(15,7𝑐𝑚 − 4,3𝑐𝑚). 43,5 𝑘𝑁/𝑐𝑚²
E 𝑓𝑠𝑑′2 como sendo a tensão do aço (que é equivalente a 435 MPa) reduzida em conta
da deformação gerada nessas barras que não estarão trabalhando na deformação máxima, pois
estão localizadas dentro do limite do concreto. A tensão do aço aumenta linearmente até o
porcentual de deformação de εs= 0,207% e após isso se mantêm igual até a deformação limite
εs= 1,0%. Como o valor calculado foi de ε’s=0,136%, realiza-se a interpolação com εs= 0,207%
e chega-se a 𝑓𝑠𝑑′2 = 285,7 MPa. Logo:
280 𝑘𝑁. 𝑐𝑚
𝐴𝑠′2 = = 0,86 𝑐𝑚²
(15,7𝑐𝑚 − 4,3𝑐𝑚). 28,57 𝑘𝑁/𝑐𝑚²
Comparando com a área de aço 4,91 cm² presente no pilar P5 (Tabela 19), percebe-se
que a disposição confere com a armadura necessária no dimensionamento. Entretanto, o valor
calculado presente no relatório gerado pelo programa para a viga V105-AD apresenta a área de
aço igual a 𝐴𝑠 = 4,38 𝑐𝑚² e não considera nenhuma área de aço para armadura adicional 𝐴𝑠2 .
Pela Figura 52 mostra a parte do relatório que indica o dimensionamento da armadura
117
longitudinal da viga na região do pilar P5, onde 𝐴𝑠 = área de aço longitudinal e 𝐴𝑠 ′= área de
aço adicional na armadura negativa.
Figura 52: Detalhe do relatório com a indicação da área de aço para o dimensionamento no pilar P5
Fonte: CAD/TQS UNIPRO v21.
Pelo detalhamento apresentado na Figura 53 nota-se que a pior disposição são com as
4 barras da armadura negativa N1 em uma única camada, que resulta em um espaçamento
horizontal disponível (ah,disp) entre duas barras consecutivas de:
Entre todos os casos analisados, esse foi o primeiro caso que apresentou a distribuição
das barras em mais de uma camada. Conforme pode ser visto na Figura 53, as barras N1 e N3
estão distribuídas em duas camadas, o que indica um sinal que o programa possui preocupação
com o espaçamento mínimo. Entretanto, da mesma maneira que o caso da viga V105, o seu
espaçamento não garante a passagem do vibrador, sendo que existem vibradores com diâmetros
de 25 a 75 mm (GOULART, 2005).
De maneira análoga, poderia ter distribuído as barras de N1 em duas camadas, mas com
três barras na primeira camada e outras duas na segunda camada o que garantiria um
espaçamento disponível de:
119
comprimento do gancho, teríamos uma barra com 8 Ø + 2,5Ø = 10,5 cm resultando num
comprimento maior que o apresentando no desenho.
A adoção do gancho na ancoragem do apoio depende da consideração das condições
b) e c) estabelecidas no item 2.4.3.10 desse trabalho, que indicam que a armadura calculada
para o apoio (𝐴𝑠,𝑎𝑝𝑜𝑖𝑜 ) será a maior entre:
𝐴𝑠,𝑐𝑎𝑙𝑐 0,67
𝑙𝑏,𝑛𝑒𝑐 = 𝛼 𝑙𝑏 = 1 ∗ 37,7 ∗ = 10,73 𝑐𝑚 ≤ 𝑙𝑏,𝑚𝑖𝑛 𝑒 ≤ 𝑙𝑏𝑒
𝐴𝑠,𝑒𝑓 3 ∗ 0,785
Tal valor é inferior à largura disponível no apoio 𝑙𝑏𝑒 = 17 𝑐𝑚 e 𝑙𝑏,𝑚𝑖𝑛 = 11,3 𝑐𝑚,
portanto poder-se-ia definir a ancoragem com o prolongamento reto de 11,3 cm. Pelo
detalhamento disposto na Viga V105-AD, a ancoragem da armadura positiva foi realizada com
o uso de gancho a 90º (Figura 53). Com a adoção do gancho, o 𝑙𝑏,𝑛𝑒𝑐,𝑔 terá o valor equivalente
a 11,3 cm, contudo esse valor poderá ainda ser desconsiderado se houver cobrimento superior
a 70 mm na região normal ao gancho (conforme apresentado em 2.4.3.10). Pela planta de
locação das vigas (Figura 22) percebe-se a existência de continuidade em ambos os pilares P5
e P8, logo pode-se desconsiderar o maior valor de 11,3 cm restando apenas a verificação de
121
𝑙𝑏,𝑛𝑒𝑐,𝑔 = 2,5Ø +5,5Ø = 8,0 cm ≥ 6,0 cm, o que resulta em um comprimento bem inferior a
𝑙𝑏𝑒 não necessitando do prolongamento até a extremidade da largura.
Entretanto é usual do programa detalhar a barra com gancho contemplando toda a
largura disponível do apoio, gerando assim um maior comprimento de ancoragem do que o
necessário. Pela medida realizada no detalhamento da armadura, o valor da ancoragem se
aproxima dos 17,0 cm disponíveis.
Também teve um acréscimo no comprimento vertical do gancho, o qual necessitaria
apenas a adição do diâmetro de dobramento (D) aos 8 Ø estabelecido no gancho de 90º (Figura
10), resultando em um valor de (8 Ø + 5/2 Ø) ou 10,5 cm. Conforme o detalhamento, foram
utilizados 9,0 cm na representação desse trecho, diferenciando-se em 3,5 cm do mínimo
recomendado na NBR 6118:2014. No total a diferença entre o comprimento utilizado no
programa e o necessário foi de 𝛥 = 26,0 𝑐𝑚 − (11,3 𝑐𝑚) = 17,7 𝑐𝑚, totalizando um
acréscimo de 230% na utilização do aço para a ancoragem.
Para o cálculo da ancoragem negativa nos apoios P8 e P2, recalculou-se o
comprimento de ancoragem necessário com as áreas efetiva e de cálculo da armadura negativa.
Trazendo as mesmas condições de ancoragem: barra nervurada, situação de boa aderência e
sem gancho; tem-se o seguinte valor de comprimento de ancoragem necessário:
𝐴𝑠,𝑐𝑎𝑙𝑐 1,71
𝑙𝑏,𝑛𝑒𝑐,𝑔 = 𝛼 𝑙𝑏 = 0,7 ∗ 37,7 ∗ = 11,51𝑐𝑚 ≤ ℎ𝑑𝑖𝑠𝑝 = 14,0 𝑐𝑚
𝐴𝑠,𝑒𝑓 5 ∗ 0,785
Tal valor atende a altura disponível da viga ℎ𝑑𝑖𝑠𝑝 = 14 𝑐𝑚, logo, considerando as
recomendações do Prof. Jackson Antônio Carelli (2011), será ancorada toda a altura disponível
da viga e acrescentando um gancho na parte inferior. Resultando assim, numa ancoragem de
17,0 cm para o apoio, 14,0 cm na altura da viga e outros 8,0 cm para o gancho inferior.
A ancoragem utilizada pelo programa vai contra as próprias indicações do manual do
TQS, que indica no critério “K16=1” que:
122
E não podendo ser inferior a 13 Ø ou 13,0 cm. Logo o comprimento de 11,0 cm não se
justifica pelo manual do CAD/TQS pois desrespeita o cálculo de 21,0 cm e também não obedece
ao gancho mínimo de 13,0 cm e também não está de acordo com o recomendado pelo Prof.
Jackson.
iniciando nos pilares das extremidades (P8 e P2), aumentando-se para três barras de 10,0 mm
no meio dos vãos e voltando a reduzir para duas ao aproximar do pilar intermediário P5. Por
ser um trecho muito curto de transição entre as barras de 10,0 mm, é mais viável optar por
barras contínuas de 10,0 mm em todo o comprimento.
Já para a armadura longitudinal negativa, percebe-se a existência de um escalonamento
iniciado no momento máximo presente no pilar intermediário P5 para o restante da viga. Logo,
a armadura sai de 4 barras de 12,5 mm do pilar central e reduz-se a cinco barras de 10,0 mm
nos apoios das extremidades.
Figura 55: Representação do momento decalado na viga V105-AD e dos comprimentos finais das
armaduras escalonadas
Fonte: Autoria própria.
Ao se comparar esse resultado com a decalagem feita pelo programa (Figura 53)
percebe-se uma divergência no valor de comprimento da barra N3, que apresenta um
comprimento de 62,0 cm a partir do apoio P5, esse valor é inferior que o mínimo necessário
para o comprimento da barra decalada que apresentou 76,0 cm para essa parte e ainda, se
comparado apenas com lb + 𝑎𝑙 = 62,8 cm também teria um resultado inferior. Logo acredita-se
que prolongamento não está de acordo com o especificado na norma. Em contrapartida, a barra
N2 teve um comprimento muito superior ao da barra decalada, diferenciando aproximadamente
160,0 cm. Em consequência desse maior comprimento, as barras N1 de ambos os apoios
124
Para a análise dos próximos resultados, utilizou-se o diagrama dos esforços cortantes
da Viga V105-AD (Figura 56) e a Tabela 20 com o relatório simplificado da armadura
transversal.
Tabela 20: Resumo do Relatório de Esforços Cortantes do CAD/TQS para a Viga V105-AD.
Altura
Modelo de Comprimento VSd VRd2 Vc Asw Asw,min
Faixa útil ‘d’
cálculo I (m) (tf) (tf) (tf) (cm²/m) (cm²/m)
(cm)
Considerando s = 100 cm, tem-se um valor de asw,min = 1,71 cm²/m. Esse valor é
inferior ao 𝑎𝑠𝑤,𝑚𝑖𝑛 calculado pelo programa que é de 2,80 cm²/m (Tabela 10).
A taxa mínima de armadura é respeitada ao se optar por estribos utilizando barras de
5 mm a cada 10,0 cm, totalizando uma área de armadura transversal de 𝑎𝑠𝑤 = 3,92 𝑐𝑚²/m.
Se considerássemos valores mais próximos de 𝑎𝑠𝑤,𝑚𝑖𝑛 , poderia ter utilizado estribos
de 2 ramos com 5,0 mm espaçados a cada 14,0 cm e:
126
100
𝑎𝑠𝑤 = 2 ∗ 0,196 ∗ ( ) = 2,80 𝑐𝑚²/m
14
𝑠𝑚𝑖𝑛 ≥ Ø𝑣𝑖𝑏 + 1 𝑐𝑚 = 5 cm + 1 cm = 6 cm
Pelo detalhamento na Figura 25, o espaçamento entre ramos é de 14,0 cm para as duas
direções, o que não confere com a recomendação da norma. O ideal seria criar mais uma
ramificação na armadura transversal, para que o espaçamento de 14,0 cm se divida em dois
127
espaços de 7,0 cm. O desenho apresentando no Apêndice G trará mais detalhes sobre a divisão
dos ramos dessa armadura.
Ancoragem da armadura
Decalagem da armadura
Armadura de pele
Armadura dupla
Armadura mínima
Transversal
Armadura
Legenda
Não se Aplica Correto Questionável
Fonte: Autoria própria.
5 CONCLUSÃO
negativa nos apoios. São essas carências de informações que geram critérios diferentes de
detalhamento entre os programas e a norma.
Acredita-se que se desse continuidade a esse estudo, analisando outros casos de
detalhamento gerados pelo programa CAD/TQS v.21 encontraria mais incompatibilidades com
a NBR 6118:2014 e isso reforçaria a ideia dos programas servirem como complemento paras
atividades humanas e também possuírem falhas que devem ser observadas.
133
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BASTOS, Paulo S.S. Estruturas de Concreto I: Flexão normal simples - Vigas. Bauru.
Universidade Estadual Paulista. 2019.
KAEFER, Luiz F. A evolução do Concreto Armado. São Paulo. Universidade de São Paulo.
1998.
SILVA, D. “O engenheiro, que as empresas querem hoje”, In: I. von Linsingen et al,
“Formação do Engenheiro: desafios da atuação docente, tendências curriculares e
questões da organização tecnológica”. Florianópolis: Editora da UFSC. 2000.
Tabela 1.5b
COMPRIMENTO DE ANCORAGEM BÁSICO (cm): CA-50
Concreto C15 C20 C25 C30 C35 C40 C45 C50
Zona de
(mm) Aderência Sem Com Sem Com Sem Com Sem Com Sem Com Sem Com Sem Com Sem Com
Má 38 26 31 22 27 19 24 17 21 15 20 14 18 13 17 12
5
Boa 26 19 22 15 19 13 17 12 15 11 14 10 13 9 12 8
Má 48 33 39 28 34 24 30 21 27 19 25 17 23 16 21 15
6,3
Boa 33 23 28 19 24 17 21 15 19 13 17 12 16 11 15 10
Má 61 42 50 35 43 30 38 27 34 24 31 22 29 20 27 19
8
Boa 42 30 35 24 30 21 27 19 24 17 22 15 20 14 19 13
Má 76 53 62 44 54 38 48 33 43 30 39 28 36 25 34 24
10
Boa 53 37 44 31 38 26 33 23 30 21 28 19 25 18 24 17
Má 95 66 78 55 67 47 60 42 54 38 49 34 45 32 42 30
12,5
Boa 66 46 55 38 47 33 42 29 38 26 34 24 32 22 30 21
Má 121 85 100 70 86 60 76 53 69 48 63 44 58 41 54 38
16
Boa 85 59 70 49 60 42 53 37 48 34 44 31 41 29 38 27
Má 151 106 125 87 108 75 95 67 86 60 79 55 73 51 68 47
20
Boa 106 74 87 61 75 53 67 47 60 42 55 39 51 36 47 33
Má 166 116 137 96 118 83 105 73 95 66 87 61 80 56 75 52
22
Boa 116 82 96 67 83 58 73 51 66 46 61 42 56 39 52 37
Má 189 132 156 109 135 94 119 83 107 75 98 69 91 64 85 59
25
Boa 132 93 109 76 94 66 83 58 75 53 69 48 64 45 59 42
Má 242 169 200 140 172 121 152 107 138 96 126 88 116 81 108 76
32
Boa 169 119 140 98 121 84 107 75 96 67 88 62 81 57 76 53
Má 329 230 271 190 234 164 207 145 187 131 171 120 158 111 147 103
40
Boa 230 161 190 133 164 115 145 102 131 92 120 84 111 77 103 72
Esse tópico ainda apresenta outras configurações passíveis de mudanças as quais estão
presentes na Figura 64, como por exemplo, o critério “K10” que possui a escolha de obedecer
ou não ao “r + 5,5 Ø”, que considera o diâmetro mínimo de dobra dependendo do diâmetro da
barra, e impacta na decisão do programa em utilizar ancoragens com ou sem grampos. Ao optar
pela opção “K10=0” decidiu-se que o programa não utilizará grampos como alternativa para a
ancoragem nos apoios.
Também se estabeleceu no critério K47=0 que a ancoragem do diagrama decalado
ocorra normalmente conforme os seus pontos de corte, não necessitando o prolongamento das
barras até os apoios. No critério K69=1 estabeleceu-se a imposição de comprimentos
padronizados apenas para os casos de barras com dobras, dando a liberdade das barras retas e
com ganchos terem seus comprimentos mínimos adotados.
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Figura 68 - Flexão - Detalhamento – Critérios Porta Estribo – comparação com estribos e dobras
Fonte: CAD/TQS UNIPRO v21.
Figura 71 - Representação do caso K66 para a viga de apoio (VA) com a viga suporte (V1).
Fonte: Manual CAD/TQS UNIPRO v21.
mm e o uso de CA50 para bitolas superiores. O preenchimento das colunas “Raio dobra”, “Raio
gancho” e “Raio estribos” com o valor 0 (zero) indica que o programa utilizará os mesmos
valores apresentados na NBR 6118:2014.
células (Figura 77). E no tópico dos estribos (Figura 78) que também deixou todas as colunas
com o valor igual a zero.