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Pré-Dimensionamento
de Estruturas em
Concreto Armado
Me. Marcos Vinício de Camargo
Esp. Dayane Jackes de Camargo

Nesta unidade, discutiremos as premissas para a determinação


de ações, que ocorrem em uma estrutura de concreto armado.
Estudaremos a determinação de cargas permanentes e variáveis,
com base em premissas normativas. Verificaremos as principais
considerações quanto às ações que as estruturas de edificações
residenciais e comerciais estão sujeitas. E, por fim, apresentaremos
os valores mínimos a serem aplicados em elementos de lajes, vigas
e pilares em concreto armado.
UNICESUMAR

Toda edificação deve ser projetada para resistir às ações as quais está sujeita. Essas ações
estão relacionadas a carregamentos permanentes e variáveis que podem ocorrer na
estrutura. Você, como engenheiro(a) civil, consegue imaginar todos os carregamentos
que podem acontecer em uma estrutura? Você saberia calcular o peso de uma parede
de alvenaria? Como as normas consideram os carregamentos em estruturas de concre-
to armado? Existe alguma consideração mínima a ser respeitada para as dimensões e
armaduras, em uma seção de concreto, em relação aos elementos de laje, vigas e pilares?
Os fundamentos e conceitos, que envolvem as ações às quais um sistema estrutu-
ral é sujeito, são de suma importância. Essas ações devem ser analisadas na etapa de
projeto arquitetônico para permitir o correto levantamento das cargas. Considerações
erradas, quanto ao carregamento de uma estrutura, podem acarretar o surgimento de
casos, como fissuras, deslocamentos excessivos e, em alguns casos, o colapso. Durante
o pré-dimensionamento, devem ser verificadas todas as condições de utilização da
estrutura, prevendo condições normais e excepcionais. Por exemplo, em garagens, é
preciso prever a ação de veículos, pois pode haver colisão com pilares na região, e isso
é fundamental para a estrutura como um todo.
Existem casos em que o carregamento para o qual a estrutura foi projetada, incial-
mente, altera-se ao longo de sua vida útil. Nestes casos, indica-se uma reavaliação da
estrutura para resistir a nova solicitação de carregamento, fazendo-se necessário a
realização de reforço estrutural. Nesta mesma linha, os elementos estruturais devem
apresentar dimensões mínimas de seção transversal bem como armaduras transversais
e longitudinais para que possam apresentar condições de ductilidade, deslocamentos,
de modo a permitir seu comportamento idealizado.
Aluno(a), você, como profissional, deve prever, no projeto de estrutura, os carrega-
mentos dessa estrutura. Isso significa também saber o seu peso, incluindo sua vedação,
bem como as premissas de dimensionamento mínimo e ações definidas pelas normas,
porque será de sua responsabilidade a durabilidade, o custo e a necessidade de manu-
tenção, durante a vida útil da obra.
Proponho a você que analise as edificações ao seu redor. Pode iniciar olhando a pa-
rede de alvenaria da sua casa, você consegue prever qual foi o tipo de bloco utilizado? O
revestimento adotado foi o mesmo para a face externa e interna? Como devo considerar a
altura para o carregamento da parede? Como é determinado o peso próprio das estrutu-
ras? Como a norma apresenta as determinações de carregamento para regiões de portas
e janelas? Qual a seção transversal mínima para as vigas e pilares? Qual o carregamento
variável considerado em um dormitório de uma edificação residencial? Os carregamentos
considerados em uma sala comercial são os mesmos considerados na arquibancada do
estádio? Anote suas considerações e hipóteses em seu diário de bordo.

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UNIDADE 6

DIÁRIO DE BORDO

Depois disso, refletiremos sobre o que consta em suas anotações. Você anotou como é realizado
o processo de levantamento de cargas em uma estrutura? Quais são as dimensões mínimas para
elementos de laje, vigas e pilares? De que maneira chegou a estas conclusões? A seguir, analisa-
remos cada item, combinado?
Para o início do pré-dimensionamento de estruturas a serem projetadas em concreto armado, faz-se
necessário, por parte do engenheiro, o conhecimento das ações a que a estrutura estará submetida. As
maneiras que as ações atuam em uma estrutura são delimitadas pela ABNT “NBR 8681:2004: Ações
e segurança nas estruturas de procedimentos”. Na referida norma, têm-se os requisitos de verificação
para estruturas usuais, na construção civil, a fim de apresentarem condições de segurança bem como
estabelecer os critérios de quantificação de ações e das resistências a serem consideradas em projeto.
Dessa maneira, pode-se definir as seguintes condições de ações a que uma estrutura estará sujeita,
conforme ABNT NBR 8681:2004:

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• Ações: causas que provocam esforços ou deformações nas estruturas.


• Ações permanentes: ações que ocorrem com intensidade constante ou pequena variação em
torno de sua média, ao longo, praticamente, de toda vida útil da construção.
• Ações variáveis: ações que ocorrem com valores que apresentam variações significativas em
torno de sua média, durante a vida útil da construção.
• Ações excepcionais: são ações com tempo de duração, extremamente, curto e com muito baixa
probabilidade de ocorrerem durante a vida da construção.
• Ações acidentais: são ações variáveis que atuam em sua construção, ao longo de seu uso.

pessoas

viga pilar pilar


viga

viga

parede
viga
pilar
parede

objetos

Pilar, viga, parede = carregamento permanente


Pessoas e objetos = carregamento variável

Figura 1 - Edificação com ações permanentes e variáveis / Fonte: Lages (2007, p. 2).

Descrição da Imagem: a Figura 1 apresenta uma edificação com multiplos pavimentos sob a ação do carregametno
de vento, mobiliário e pessoas, nota-se que parte da edificação se localiza abaixo do nível do terreno, permitindo
assim a ação do carremento horizontal do solo.

Portanto, podemos definir as ações em permanentes, variáveis e excepcionais, de acordo com sua
variabilidade no tempo. Pode-se classificá-las da seguinte maneira:

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UNIDADE 6

Ações permanentes Ações permanentes Ações variáveis Ações excepcionais


diretas indiretas
• Peso próprio dos • Protensão. • Cargas acidentais • Explosões.
elementos de cons- • Recalques de apoio. das construções. • Choques de veícu-
trução.
• Retração dos mate- • Efeitos dos ventos. los.
• Peso próprio da es- riais. • Pressões hidrostá- • Incêndios.
trutura. ticas. • Enchentes.
• Peso de equipamen- • Pressões hidrodinâ- • Sismos excepcio-
tos fixos. micas. nais.
• Peso de empuxos • Equipamentos.
devido ao peso pró-
prio de terras não
removíveis.

Tabela 1 - Ações em uma estrutura / Fonte: os autores / Diagramador: William Matos.

Para as considerações de ações sísmicas em estruturas, devem ser consideradas as referências da ABNT,
“NBR 15421:2006: Projeto de estruturas resistentes a sismos – Procedimento”.

Compreender quais ações atuarão em uma estrutura durante sua


construção e vida útil é fundamental para se manter a qualidade e
segurança da edificação. O pré-dimensionamento é um passo fun-
damental para o dimensionamento de estruturas. Sabendo disso,
eu convido você, aluno(a), para uma conversa; nela, discutiremos as
ações em estruturas e falaremos de algumas situações especiais e
problemas que podem acontecer, caso essa etapa não seja execu-
tada com atenção. Vem comigo!

Uma vez conhecidas as definições das ações as quais uma edificação poderá estar sujeita, faz-se necessá-
rio a sua determinação, de acordo com valores característicos nominais. Neste contexto, a determinação
das ações, advindas dos materiais a serem utilizados na construção, devem ser de acordo com a ABNT,
“NBR 6120:2019 - Ações para o cálculo de estruturas de edificações”. O peso próprio das estruturas de
concreto, como lajes, vigas e pilares, deve ser calculado com suas dimensões nominais dos elementos
pelo peso específico do material considerado.

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UNICESUMAR

Título: Projeto Estrutural de Edifícios de Concreto Armado um


Exemplo Completo
Autor: José Milton de Araújo
Editora: Dumas
Ano: 2009
Convido você a ler este livro que apresenta um conteúdo ilustrativo e conceitual referente
à elaboração de projetos estruturais de edificações, em concreto armado.

A ABNT NBR 6120:2019 apresenta o peso específico aparente dos materiais de construção. Na Tabela 2,
observa-se os valores de peso específico de blocos, argamassas e concretos, de acordo com a referida norma.

Peso específico aparente


Material γ ap (kN/m³)
Blocos de concreto vazados (função estrutural,
14
classes A e B ABNT NBR 6136).
Blocos cerâmicos vazados com paredes vazadas
12
(função estrutural ABNT NBR 15270-1).
Blocos cerâmicos vazados com paredes maciças
14
(função estrutural ABNT NBR 15270-1).
Blocos artificiais Blocos cerâmicos maciços. 18
e pisos
Blocos de concreto celular autoclavado (classe C25
5,5
- ABNT NBR 13438).
Blocos de vidro. 9
Bloco sílico-calcáreos. 20
Lajota cerâmica. 18
Porcelanato. 23
Argamassa de cal, cimento e areia. 19
Argamassa de cal. 12 a 18 (15)
Argamassa de cimento e areia. 19 a 23 (21)
Argamassas e
Argamassa de gesso. 12 a 18 (15)
concretos
Argamassa autonivelante. 24
Concreto simples. 24
Concreto Armado. 25
Tabela 2 - Peso específico aparente de blocos, argamassas e concretos / Fonte: ABNT NBR 6120 (2019, p. 8).

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UNIDADE 6

Uma vez conhecido o peso específico dos materiais, podemos aplicar um exemplo para o cálculo do peso
próprio de uma viga, que apresenta seção transversal de 20x55 cm. A viga se apoia em dois pilares de face
igual a 30 cm e vence um vão livre de 540 cm. A viga será projetada em concreto armado. De acordo com
a Tabela 2, podemos adotar o valor do peso específico do concreto armado igual a g ap = 25kN / m³ . De
posse destes dados, podemos determinar o peso próprio em kN/m da seguinte maneira:

Viga 20x55
A Corte A-A

55
A

30 540 30 20

Figura 2 - Viga de concreto armado / Fonte: os autores.

Descrição da Imagem: a Figura 2 apresenta uma viga apoiada em pilares. A seção do pilar possui 30 cm de com-
primento, e a viga, um comprimento total de 540 de face a face de pilar. A figura apresenta um corte A-A; no lado
direito, é possivel observar uma seção com 20 cm de base e 55 cm de altura.

Uma vez conhecida seção transversal, podemos aplicar a Equação 1:

Gk  Ac  g ap

Onde:
Gk : Peso próprio da estrutura de concreto.
Ac : Área da seção transversal de concreto.
g ap : Peso específico do material.

É obtido o peso próprio da viga de concreto armado, por metro de viga, de acordo com o que segue:

Gk  (0, 20m  0, 55m)  25(kN / m³)  2, 75kN / m

Outro fator importante é o peso dos materiais a serem utilizados nas construções. Dentre eles, podemos
citar alvenarias, que são: alvenaria em blocos de concreto ou alvenaria cerâmica de vedação. As normas
ABNT, responsáveis por apresentarem os requisitos para alvenaria estrutural, são: a “NBR 6136:2016:
Blocos vazados de concreto simples para alvenaria – Requisitos”, e a “NBR 15270-1:2017: Componentes
cerâmicos”, na “Parte 1: Blocos cerâmicos para alvenaria de vedação — Terminologia e Requisitos”. A Fi-
gura 3, a seguir, apresenta um bloco vazado de parede simples, de acordo com a ABNT NBR 6136:2016:

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Descrição da Imagem: a figura


apresenta um bloco de concre-
to, na figura é possivel observar
as dimensões de largura, altura
e comprimento.

Figura 3 - Bloco vazado de parede simples / Fonte: ABNT NBR 6136 (2016, p. 2).

A Figura 4 apresenta blocos cerâmicos de vedação com furos na horizontal e na vertical, confor-
me ABNT NBR 15270-1:2017. Estes blocos são utilizados como elementos de vedação, em que,
conhecendo suas dimensões e peso específico, é possível determinar o valor do carregamento
dos blocos de alvenaria na estrutura.

H
H

C C
L
L
Figura 4 (a) - Bloco cerâmico de vedação com furos horizontais; Figura 4 (b) - Bloco cerâmico de vedação com furos verticais.
Fonte: ABNT NBR 15270-1 (2017, p. 2).

Descrição da Imagem: as figuras apresentam dois blocos de alvenaria de vedação. A Figura 4 (a), à esquerda, apresenta
um bloco de vedação com furos horizontais, e a Figura 4 (b), à direita, bloco com furos verticais. Nas figuras, também,
observam-se as dimensões para embo, delimitados por L,C e H (largura, comprimento e altura).

Existem outros blocos cerâmicos utilizados para vedação, a Figura 5 (a) apresenta o bloco de vedação
com 6 furos horizontais, e Figura 5 (b), o bloco cerâmico maciço.

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UNIDADE 6

A B

Figura 5 (a) - Bloco cerâmico de vedação com 6 furos horizontais; Figura 5 (b) - Bloco cerâmico de vedação maciça

Descrição da Imagem: a figura da esquerda, Figura 5 (a), apresenta um bloco ceramico com 6 furos horizontais; a
figura da direita, Figura 5 (b), um bloco cerâmico maciço.

Quanto aos revestimentos, de acordo com ABCP (2002), revestimentos de argamassa devem apresentar
proteção, espessura normalmente uniforme e superfície apta a receber o acabamento de decoração
final. A Figura 6 apresenta as misturas a serem empregadas para aplicação do revestimento. Nela, é
possível observar três camadas de revestimento sendo delimitadas, como chapisco, emboço e reboco.

chapisco emboço
reboco

Figura 6 - Parede de alvenaria com revestimento constituído de chapisco, emboço e reboco / Fonte: ABCP (2002, p. 4).

Descrição da Imagem: a figura apresenta uma parede composta por alvenaria vertical. Nela, é possivel observar
camadas de chapisco, emboço e reboco.

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Conforme a ABNT, “NBR 13749:2013: Revestimento de paredes e tetos de argamassa inorgânica —


Especificação, as espessuras de revestimentos internos e externos possuem em média as medidas
indicadas, conforme a Tabela 3:

Revestimento Espessura
Parede interna 5mm ≤ e ≤ 20mm
Parede externa 20mm ≤ e ≤ 30mm
Tetos internos e externos e ≤ 20mm
Tabela 3 - Espessura de revestimentos internos e externos / Fonte: ABNT NBR 13749 (2013, p. 2)

Dessa maneira, determinaremos o peso dos elementos que compõem uma parede de alvenaria, com
os seguintes valores para os revestimentos:
• Considere paredes com blocos cerâmicos vazados para paredes vazadas, com peso específico
aparente g ap = 12kN / m³ .
• Argamassa de ligação de cal, cimento e areia com peso específico aparente de g ap = 19kN / m³
com 2,0 cm de espessura, em cada face do bloco.
• Argamassa de assentamento e ligação de cal, cimento e areia com peso específico aparente de
g ap = 19kN / m³ com 1,0 cm, na parte inferior e superior de cada bloco.

O tipo de bloco adotado foi o bloco com as seguintes dimensões, de acordo com a ABNT NBR 15270-1:2005:

Comprimento (L) = 14 cm.


Comprimento (H) = 19 cm.
Comprimento (C) = 19 cm.
H

C
L
Figura 7- Bloco de alvenaria de vedação com furos horizontais / Fonte: ABNT NBR 15270-1 (2005, p. 2).

Descrição da Imagem: a figura apresenta dois blocos de alvenaria de vedação com furos horizontais. Na figura, tam-
bém, observa-se as dimensões para embo, delimitados por L,C e H (largura, comprimento e altura).

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UNIDADE 6

Logo, a seção transversal da 2 14 2


parede, contemplando as ca-
madas de revestimento pode
ser apresentada conforme a Bloco cerâmico vazado
Figura 8, a seguir:

1
Argamassa de ligação:
Descrição da Imagem: a figura cimento, cal e areia

1
apresenta uma parede de alve-
naria de blocos ceramicos com
argamassa de revestimento
nas dua faces. A argamassa en- Argamassa de ligação:
tre os blocos possui espessura cimento, cal e areia
de 1 cm e o revestimento com
2 cm e bloco de 14 cm.

Figura 8 - Parede de alvenaria com revestimento nas duas faces.


Fonte: os autores.

Uma vez conhecido todas as espessuras de revestimentos bem como o tipo de material, o cálculo do
carregamento de alvenaria e argamassa de ligação pode ser determinado do seguinte modo:
• Carregamento de alvenaria, considerando o peso específico de blocos cerâmicos vazados:

Gk ,alv  [(0, 14  0, 19  0, 19)]  12kN / m³  0, 0606kN

• Carregamento das paredes acabadas, incluindo argamassa de 2,0 cm em cada face do bloco e
1,0 cm de argamassa de assentamento e ligação inferior e superior e frontal do bloco:

Gk ,rev,lat  [(2  0, 02  0, 19  0, 19)]  19kN / m³  0, 0274 kN

Gk ,rev,sup/inf  [(2  (0, 01  0, 14  0, 19)]  19kN / m³  0, 0101kN

Gk ,rev, frontal  [(2  (0, 01  0, 14  0, 19)]  19kN / m³  0, 0101kN

Logo, o peso total da parede, contemplando blocos cerâmicos e argamassa de assentamento e ligação,
fica com o seguinte resultado:

Gk ,total  0, 0606  0, 0274  0, 0101  0, 0101  0,1083kN

Para determinar o peso da alvenaria sobre a viga, considerando a parede acabada com 18 cm, podemos
aplicar o peso total da parede dividido pelo seu volume final, multiplicado pela espessura acabada:

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• Cálculo do volume dos blocos e argamassa mais argamassa de assentamento:

V1  14  2  2  18cm

V2  19  2  1  21cm

V3  19  2  1  21cm

• Carregamento da parede acabada com 18 cm de espessura:

0, 1083
Gk , parede   0, 18  2, 46kN / m²
(0, 18  0, 21  0, 21)

Vamos calcular o peso desta parede com altura de alvenaria de 2,70 metros sobre uma viga
biapoiada de concreto:


40


  


 
270

 
40

Figura 9 - Parede de alvenaria e esquema estático da viga / Fonte: os autores.

Descrição da Imagem: a figura da esquerda apresenta uma parade de alvenaria com altura de 270 cm, é possivel
observar que a parede se apoia em uma viga inferior com altura de 40 cm e, em sua face superior, existe uma viga com
altrua de 40 cm. Na imagem da direita, é possivel observar o esquema estática da viga que apoia a parede, observa-se
dois apoios A e B com vão efetivo representado pela letra L. Na parte superior da viga, observa-se um carregamento
representado por setas certicais vermelhas com sentido de cima para baixo.

Gk ,viga  2, 46kN / m²  2, 70m  6, 64 kN / m

Nota-se, no exemplo, a influência do peso da parede sobre a estrutura, em que foi, aqui, obtido um
valor de 2,46 kN/m², para uma parede com espessura acabada de 18 cm. Também deve se atentar em

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UNIDADE 6

desconsiderar a altura da viga superior para o cálculo dos carregamentos, uma vez que ela não aplica
carregamento sobre a viga inferior.
No entanto, na falta de determinação experimental mais rigorosa, a ABNT NBR 6120:2019 apresenta
as considerações para o peso de componentes construtivos que podem ser utilizadas com valores mí-
nimos nominais dos pesos de componentes construtivos, além do peso próprio da estrutura. A Tabela
4, a seguir, apresenta os valores indicados para alvenarias.
Os valores a serem adotadas, também, podem ser adotadas para a determinação do peso de divisórias e
caixilhos, revestimentos de pisos e impermeabilizações, telhas, telhados, regiões de enchimento, forros e dutos.

Peso – Espessura de revestimento


Espessura
por face kN/m²
Alvenaria nominal do
elemento cm
0 cm 1 cm 2 cm

ALVENARIA ESTRUTURAL

Bloco de concreto vazado 14 2,0 2,3 2,7


(Classes A e B – ABNT NBR 6136) 19 2,7 3,0 3,4

Bloco cerâmico vazado com paredes maciças


14 2,0 2,3 2,7
(Furo vertical – ABNT NBR 15270-1)

9 1,1 1,5 1,9


Bloco cerâmico vazado com paredes vazadas 11,5 1,4 1,8 2,2
(Furo vertical – ABNT NBR 15270-1) 14 1,7 2,1 2,5
19 2,3 2,7 3,1

9 1,6 2,0 2,4


11,5 2,1 2,5 2,9
Tijolo cerâmico maciço (ABNT NBR 15270-1)
14 2,5 2,9 3,3
19 3,4 3,8 4,2

9 1,1 1,5 1,9


Bloco sílico - calcário vazado
14 1,5 1,9 2,3
(Classe E - ABNT NBR 14974-1)
19 1,9 2,3 2,7

11,5 1,9 2,3 2,7


Bloco sílico - calcário perfurado
14 2,1 2,5 2,9
(Classe E, F e G - ABNT NBR 14974-1)
17,5 2,8 3,2 3,6

ALVENARIA DE VEDAÇÃO

6,5 1,0 1,4 1,8


9 1,1 1,5 1,9
Bloco de concreto vazado
11,5 1,3 1,7 2,1
(Classes C – ABNT NBR 6136)
14 1,4 1,8 2,2
19 1,8 2,2 2,6

9 0,7 1,1 1,6


Bloco cerâmico vazado 11,5 0,9 1,3 1,7
(Furo horizontal – ABNT NBR 15270-1) 14 1,1 1,5 1,9
19 1,4 1,8 2,3

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UNICESUMAR

7,5 0,5 0,8 1,3


10 0,6 1,0 1,4
Bloco de concreto celular autoclavado 12,5 0,8 1,2 1,6
(Classes C25 – ABNT NBR 13438) 15 0,9 1,3 1,7
17,5 1,1 1,5 1,9
20 1,2 1,6 2,0

Bloco de vidro
8 0,8 - -
(decorativo, sem resistência ao fogo)

NOTA: na composição de pesos de alvenarias desta tabela, foi considerado o seguinte:


- argamassa de assentamento vertical e horizontal de cal, cimento e areia com 1cm de espessura e
peso específico de 19 kN/m³;
- revestimento com peso específico médio de 19 kN/m³;
- proporção de um meio bloco para cada três blocos inteiro;
- sem preenchimento de vazios (com graute etc.).
Tabela 4 - Peso de paredes de alvenaria / Fonte: ABNT NBR 6120 (2019, p.19).

Para adotar os valores referentes aos carregamentos de paredes de DryWall, divisórias retrateis, caixilhos
e fachadas, a ABNTNBR 6120:2019 indica os valores da Tabela 5.

Espessura nominal Peso


Material
do elemento cm kN/m²
DryWall (composição: montantes metálicos, quatro chapas com
12,5 mm de espessura cada e isolamento acústico com lã de 7 a 30 0,5
rocha ou lã de vidro com 50 mm de espessura)
Divisórias retráteis (exceto divisórias com vidro) 7 a 12 0,6
Caixilhos, incluindo vidro simples (espessura 4mm):
0,2
- de alumínio;
- 0,3
- de ferro;
0,5
- que vão de piso a piso, com h ≤ 4,0 m
Fachadas com pele de vidro, fachadas unitizadas Validar conforme o caso
Tabela 5 - Peso de divisórias e caixilhos / Fonte: ABNT NBR 6120 (2019, p.12).

Para adotar os valores referentes aos carregamentos de impermeabilização, pisos elevados e reves-
timentos, a ABNTNBR 6120:2019 indica os valores da Tabela 6. Ressalta-se a importancia que este
carregamento apresenta na determinação das cargas permanentes.

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UNIDADE 6

Espessura Peso
Material
cm kN/m²

Impermeabilização com manta asfáltica simples (apenas manta com 15% 0,3 0,08
de sobreposição e pintura asfáltica, sem camada de regularização nem 0,4 0,10
proteção mecânica) 0,5 0,11
Piso levado interno com placas de aço, sem revestimento (até 30 cm de altura)
- 0,5
Piso elevado interno com placas de polipropileno, sem revestimento (até
- 0,15
30cm de altura)

Revestimento de pisos de edifícios residenciais e comerciais 5 1,0


( g ap  m  20kN / m3 ) 7 1,4

5 1,7
Revestimento de pisos de edifícios industriais ( g ap  m  34 kN / m3 )
7 2,4

Impermeabilizações em coberturas com manta asfáltica e proteção mecâni- 10 1,8


ca, sem revestimento ( g ap  m  18kN / m3 ) 15 2,7

Nota: calcular caso a caso, considerando a espessura dos componentes do revestimento de pisos e
seus respectivos pesos específicos. Na falta de informações mais precisas, podem ser considerados
os pesos específicos médios indicados.
Tabela 6 - Peso de revestimento de pisos e impermeabilizações / Fonte: ABNT NBR 6120 (2019, p. 12).

Para demais considerações de esforços permanentes, devem ser verificadas as premissas da ABNT
NBR 6120:2019. As ações variáveis devem ser consideradas para cada caso em particular, de acordo
com as peculiaridades apresentadas em projeto. Tais ações devem respeitar os valores característicos
nominais mínimos indicados na Seção 6 da ABNT NBR 6120:2019.
As estruturas a serem projetadas devem suportar as solicitações referentes às cargas variáveis. A
referida norma apresenta diversas considerações de carregamentos nominais a serem consideradas
sujeitas às categorias de utilização da estrutura, devendo ser calculadas para a categoria que apresentar
os efeitos mais desfavoráveis à estrutura.
As cargas variáveis devem ser consideradas quase-estáticas, devendo ser levadas em consideração
as cargas que podem induzir a estrutura a efeitos de ressonância. Nestes casos, consideram-se os efeitos
dinâmicos ou análise dinâmica específica.

163
UNICESUMAR

Na Tabela 7, a seguir, apresentam-se algumas das cargas variáveis usuais em edificações residenciais
e comerciais, conforme a ABNT NBR 6120:2019. Vale ressaltar que a referida norma apresenta valores
para diversos tipos de ações variáveis que as edificações estão sujeitas. Para os valores referentes aos
carregamentos variáveis em estruturas de cobertura, a ABNT NBR 6120:2019 indica os valores da
Tabela 7. Nota-se que a determinação dos carregamentos de variáveis a ser considerada, em regiões de
cobertura, deve ser, criteriosamente, analisada no projeto arquitetônico, devido à diferença dos valores
de carregamentos para regiões com acesso de pessoas.

Carga uniformemente Carga


Local distribuída concentrada
kN/m² kN
Coberturas Cargas para Com acesso apenas para 1,0 --
estruturas em concreto manutenção ou inspeção. 1,5 --
armado, mistas de aço e
Com placas de aquecimento
concreto e alvenaria es-
solar ou fotovoltaicas.
trutural. Outras cobertu-
ras: ver item 6.4 da ABNT Outros usos: conforme item
NBR 6120 (2019). pertinente desta tabela.

Tabela 7 - Cargas variaveis em coberturas / Fonte: ABNT NBR 6120 (2019, p.19).

Para os valores referentes aos carregamentos variáveis em edificações residenciais, a ABNTNBR


6120:2019 indica os valores da Tabela 8. Nota-se que os valores de carregamento variam de acordo
com o layout da edificação, regiões de corredores, entre outros.

Carga uniformemente Carga


Local distribuída concentrada
kN/m² kN
Dormitório 1,5 --
Sala, copa, cozinha 1,5 --
Sanitários 1,5 --
Despensa, área e serviço e lavanderia 2 --
Quadras esportivas 5ª --
Salão de festas, salão de jogos 3ª --
Áreas de uso comum 3ª --
Edifícios Academia 3ª --
residenciais Forros acessíveis apenas para manutenção 0,1 a,r
--
e sem estoques de materiais
Sótão 2ª --
Corredores dentro de unidades autônomas 1,5 --
Corredores de uso comum 3 --
Depósitos 3 --
Áreas técnicas -- --
Jardins -- --
Tabela 8 - Cargas variáveis em edificios residenciais / Fonte: ABNT NBR 6120 (2019, p. 20).

164
UNIDADE 6

Para os valores referentes aos carregamentos variáveis em edificações comerciais, a ABNTNBR


6120:2019 indica os valores da Tabela 9.

Carga Carga
Local uniformemente concentrada
distribuída N/m² kN
Salas e uso geral e sanitários. 2,5 --
Regiões de arquivos deslizantes. 5 --
Call center. 3 --
Edifícios comerciais,
Corredores dentro de 2,5 --
corporativos e
unidades autônomas.
de escritórios
Corredores de uso comum. 3 --
Áreas técnicas (ver item nesta tabela).
ardins (ver item nesta tabela).
Tabela 9 - Cargas variáveis em edificios comerciais / Fonte: ABNT NBR 6120 (2019, p. 21).

Os carregamentos variáveis a serem considerados em regiões de escada e passarela, também, va-


riam de acordo com a utilização da edificação, variando entre valores de 2,5 a 5 kN/m². Para os
valores referentes aos carregamentos variáveis, em escadas e passarelas a ABNTNBR 6120:2019,
indicam-se os valores da Tabela 10.

Carga Carga
Local uniformemente concentrada
distribuída N/m² kN
Hospitais 3 --
Residências, hotéis (dentro de unidades autônomas) 2,5 --
Residências, hotéis (uso comum) 3 --
Edifícios comerciais, clubes, escritórios, bibliotecas 3 --
Centros de exposição 5 --
Escadas e Centros de convenções e locais reuniões 5 --
passarelast de pessoas, teatros, igrejas
Escolas 3 --
Cinemas, centros comerciais, shopping centers 4 --
Servindo arquibancadas 5 --
Com acesso ao público 3 --
Sem acesso ao público 2,5 --
Tabela 10 - Cargas variáveis em escadas e passarelas / Fonte: ABNT NBR 6120 (2019, p. 21).

Em casos de bordas de balcões, varandas, sacadas e terraços com guarda-corpo, deve se prever um carre-
gamento variável uniforme de intensidade de 2 kN/m, além do peso próprio do guarda-corpo. A Figura
10, a seguir, apresenta a aplicação do carregamento uniforme em uma estrutura de borda em balanço.

165
UNICESUMAR

2,0 kN/m Descrição da Imagem: a figura apresenta uma laje


em concreto em balanço vinculada em uma viga de
seção retangular. Na figura, é possivel observar os
valores referentes à seção da viga, com base 20 cm
Força horizontal e altura 50 cm, a laje apresenta um valor de 12 cm
de espessura e seu máximo avanço com 110 cm. No
máximo avanço do balanço, é apliado um carrega-
mento de 2,0 kN/m.

G MUR
Uma análise que se faz pertinente é referente à
ação de forças horizontais variáveis. A ABNT NBR
6120:2019 apresenta as considerações para estru-
turas que suportam guarda-corpos, portões ou
qualquer outra barreira destinada a reter, parar,
guiar ou prevenir quedas. Podem ser estas bar-
Figura 10 - Estrura em balanço com aplicação do carregamento
uniforme no máximo avanço / Fonte: Giongo (2007, p. 43). reiras permanentes ou temporárias.

Para estas estruturas, independentemente da altura da barreira, a ABNT NBR 6120:2019 indica a consideração de
uma força horizontal a uma altura de 1,1 metro acima do piso acabado e perpendicular ao eixo longitudinal da
barreira.A Tabela 11, a seguir, apresenta força horizontal a ser aplicada de acordo com a localização da barreira.

Força horizontal
Localização da barreira
kN/m
Passarelas acessíveis apenas para inspeção e manutenção 0,4
Áreas privadas de unidades residenciais, escritórios, quartos de hotéis, quartos e
enfermarias de hospitais 1,0
Coberturas, terraços, passarelas etc., sem acesso ao público
Escadas privativas ou sem acesso ao público, escadas de emergência em edifícios 1,0
Escadas panorâmicas 2,0
Áreas com acesso público (exceto casos descritos nos itens a seguir) 1,0b
Zonas de fluxo de pessoasa em áreas de acesso público, barreiras paralelas à
2,0b
direção do fluxo das pessoas
Zonas de fluxo de pessoasa em áreas de acesso público, barreiras perpendiculares
3,0b
à direção do fluxo das pessoas
Áreas de possível acolhimento de multidões, galerias e shopping center (exceto
3,0b
dentro das lojas), plataformas de passageiros
Arquibancadas, escadas, rampas e passarelas em locais de eventos esportivos.
2,0
NOTA: por se tratar de projeto especial, é necessário consultar Normas especificas.
Área de estoque (incluindo livros e documentos) e atividades industriais 2,0
a
Compreende todas as áreas com acesso ao público e delimitadas barreiras destinadas ao tráfego de
pessoas em fluxo direcionado, incluindo rampas, passarelas e escadas.
b
Para barreiras sujeitas a eventos extremos (como superlotação, manifestações, tumultos etc.), reco-
menda-se considerar uma força horizontal igual a no mínimo 5,0 kn/m, aplicada da mesma forma que
as forças da Tabela 12 da ABNT NBR 6120.
Tabela 11 - Forças horizontais em guarda-corpos e barreiras / Fonte: ABNT NBR 6120:2019 (2019, p. 27-28).

166
UNIDADE 6

Em relação à ação do vento nas edificações, devem ser consideradas as premissas da ABNT NBR
6123:1988, a referida norma apresenta os valores para determinar os carregamentos, de acordo com
a região a que a edificação se encontra. O cálculo da ação do vento leva em conta os seguintes itens:
• Velocidade básica do vento (V0 ) , esta velocidade equivale a uma rajada com tempo de duração
de 3 segundos, excedida em média uma vez, em 50 anos, a uma altura de 10 metros do terreno
em campo aberto. Sendo considerado que a velocidade básica pode soprar em qualquer direção.

Para determinar a velocidade básica do vento, utiliza-se a Figura 11, que apresenta as isopletas da
velocidade básica do vento (V0 ) em m/s.

70° 65° 60° 55°


50°
30
45° 40°

8
3 30 35°

35

4
38 39 29
25 30
17
45 20
30
22 5°
27
15
10 30
34 35
36 33 26
10°
49 40
24

11 35 15°
30
21 2
35
9
40 46 30
5
14 20°
45 45 48
28 40 12 31 41
50 23
16 42 37
13 43
35
25°
18 40
45
47 44
32 30°
7

50
35°

40°

Figura 11 - Isopletas de velocidade básica do vento / Fonte: ABNT NBR 6123:1988 (1988, p. 6).

Descrição da Imagem: a figura apresenta o mapa do Brasil, delimitando as curvas que referentes ao vento básico
em cada região do Brasil.

167
UNICESUMAR

A velocidade básica do vento é multiplicada por fatores denominados S1 , S2 , S3 , em que cada um


desses fatores leva em consideração os seguintes itens:
• S1 – Fator topográfico, em que se analisa as variações do relevo do terreno.
• S2 – Rugosidade do terreno, dimensões da edificação e altura da edificação sobre o terreno.
• S3 – Fator estatístico que leva em consideração o grau de segurança requerido e a vida útil da
edificação.

Determinada a velocidade básica do vento bem como os fatores relacionados à topografia, rugosidade e
altura da edificação, a velocidade característica do vento pode ser encontrada a partir da equação a seguir:

Vk  V0  S1  S2  S3

Dessa maneira a determinação da pressão dinâmica do vento na edificação pode ser determinado a
partir da seguinte equação:

q  0, 613  Vk2

Onde, q : em N/m² e Vk em m/s.


Uma vez que a força do vento depende da diferença de pressão nas faces opostas da parte da edi-
ficação em estudo. Sendo os coeficientes de pressão dados para as superfícies externas e internas.
Sendo os coeficientes de pressão externa denominado C pe e coeficiente de pressão interna C pi . Logo,
a variação do coeficiente de pressão pode ser encontrada a partir da equação a seguir:

Dp  (C pe  C pi )q

O valor positivo indica uma pressão efetiva de sobrepressão externa, e o valor negativo, uma pressão
de sucção. A determinação da força de vento que atua em uma edificação leva em consideração o fator
de forma da edificação, logo a força do vento sobre uma edificação é expressa pela equação seguir.

F  (Ce  Ci )  q  A

Onde:

Ce – Coeficiente de forma externo: Ce = Fe / qA .


Ci – Coeficiente de forma interno: Ci = Fi / qA .
Fe – Força externa à edificação, agindo na superfície plana de área A .
Fi – Força interna à edificação, agindo na superfície plana de área A .

168
UNIDADE 6

As delimitações de coeficiente de pressão e forma são delimitadas de acordo


com a ABNT NBR 6123:1988. Outras verificações que devem ser analisadas
dizem respeito aos valores limites mínimos em estruturas de concreto armado,
em que, para vigas de concreto armado, devem atender às premissas de acordo
com a ABNT NBR 6118:2014.
Estruturas de concreto armado devem apresentar valores limites mínimos para
os elementos estruturais. Tais prescrições são fornecidas pela ABNT NBR 6118:2014,
que apresenta as dimensões limites para elementos de lajes, vigas e pilares. A ABNT
NBR 6118:2014 classifica vigas como elementos lineares, com preponderância da
solicitação de flexão, e apresenta as dimensões mínimas, levando em consideração
tanto os parâmetros executivos quanto as características de ductilidade em vigas.
As vigas são responsáveis por receber os esforços advindos das lajes bem como os
esforços de paredes que se apoiam sobre elas. Quando se considera a ação conjunta
entre lajes e vigas, este efeito pode ser considerado no dimensionamento, por meio
da consideração de uma largura colaborante da associação da laje junto à viga, for-
mando, assim, um elemento de seção transversal T.
De acordo com a ABNT NBR 6118 (2014), a utilização de uma viga de seção T
pode ser realizada a fim de se estabelecer as distribuições de esforços internos, tensões,
deformações e deslocamentos na estrutura. De acordo com a referida norma, uma
seção T apresenta, em sua dimensão, as considerações de largura colaborante b f ,
acrescida da largura da viga bw , acrescida de 10% da distância a , entre os pontos de
momentos nulos, para cada lado da viga que haja laje colaborante. A distância a
pode ser estimada, em função do comprimento do tramo a ser considerado, de
acordo com o apresentado:
• Viga simplesmente apoiada → a = 1, 00l
• Tramo com momento em uma só extremidade → a = 0, 75l
• Tramo com momentos nas duas extremidades → a = 0, 60l
• Tramo em balanço → a = 2, 00l

De uma maneira alternativa, a análise do valor da distância a pode ser realizado ou


verificado, por meio da análise dos diagramas de momentos fletores na estrutura.
Em caso de vigas contínuas, a largura colaborante pode ser adotada com uma largu-
ra colaborante única para todas as seções, inclusive nos apoios com momentos ne-
gativos, desde que a largura colaborante seja calculada, a partir do trecho de momen-
tos positivos, em que a largura resulte mínima. A Figura 12 apresenta as considerações
para a geometria de uma seção T:

169
UNICESUMAR

f

3  1 1

4  2

w w

f

1 0,5  2 1 0,1a
3 4 3 0,1a

3 w 1

Figura 12 - Geometria da seção T / Fonte: ABNT NBR 6118 (2014, p. 88).

Descrição da Imagem: a figura apresenta as dimensões a serem respeitadas para a construção de uma seção T
em concreto armado, observa-se as dimensões para seções T, lado a lado, e as dimensões para a seção única, com
os valores de bw para a base, bf para a mesa superior e b1 e b3 para as dimensões, descontando a base da viga.

Outra consideração a respeito dos elementos de viga se refere à determinação de seu vão efetivo, em
que as considerações de vão efetivo são apresentadas pela ABNT NBR 6118 (2014), de acordo com a
Figura 13, a seguir:

Descrição da Imagem: a ima-


gem apresenta as considera-
ções de vão efetivo em vigas,
em que se observa duas figu-
ras. A figura da esquerda apre-
senta um pilar com uma viga
 no lado direito, e a figura da
direita apresenta um pilar com
viga nos dois lados. A figura da
esquerda, ainda, apresenta a
0 0 legenda t1 para a espessura
do pilar de esquerda; na figura
da direita, a espessura do pilar
é descrita por t2, a altura da
1 2 viga é representada pela letra
h e a face de pilar a pilar pela
a) Apoio de vão extremo b) Apoio de vão intermediário simbologia l0.

Figura 13 - Considerações de vão efetivo em vigas de concreto armado.


Fonte: ABNT NBR 6118 (2014, p. 90).

170
UNIDADE 6

A equação para se determinar o vão efetivo é apresentada seguir:

lef  l0  a1  a2

Com a1 igual ao menor valor entre ( t1 / 2 e 0, 3h ) e a2 igual ao menor valor entre


( t2 / 2 e 0, 3h ), de acordo com a Figura 13. A ABNT NBR 6118:2014 apresenta as
seguintes relações para vigas isostáticas e vigas contínuas:
• relação l / h para vigas isostáticas → l / h ≥ 2, 0
• relação l / h para vigas contínuas → l / h ≥ 3, 0

l é o comprimento do vão teórico da viga, ou o dobro do comprimento do vão teó-


rico para o caso de balanços, e h é relativo à altura da viga. Para casos de vigas em
que a relação apresentada é menor, elas devem ser analisadas como vigas-paredes.
Para as dimensões mínimas referentes à seção transversal, a referida norma indica
os seguintes valores a serem respeitados, delimitando 12 cm de largura para vigas
e 15 cm para os casos de vigas; o valor das vigas não indica a utilização de larguras
menores que 12 cm. Esses limites podem ser alterados, respeitando um mínimo de
10 cm para casos excepcionais, em que devem ser respeitadas as seguintes condições:
• Alojamento das armaduras e suas interferências com as armaduras de outros
elementos estruturais, respeitando os espaçamentos e cobrimentos estabele-
cidos pela ABNT NBR 6118 (2014).
• Lançamento e vibração do concreto, de acordo com a ABNT NBR 14931
(2004).

Para a armadura, deve se levar em conta também a disposição da armadura na viga


bem como a armadura mínima na seção transversal e a armadura lateral (armadura
de pele), todas conforme prescrições normativas, em que a armadura mínima longi-
tudinal deve ser dimensionada para resistir a um momento fletor mínimo, de acordo
com a equação a seguir, respeitando uma taxa mínima de armadura de 0,15%.

M d ,min = 0, 8W0 f ctk ,sup

Onde:
W0 é o módulo de resistência da seção transversal bruta do concreto, relativo às fibras
tracionadas.
f ctk,sup é a resistência característica superior do concreto à tração.

A Tabela 12 apresenta as taxas mínimas de armadura de flexão em vigas de seção


retangular:

171
UNICESUMAR

As ,min
Forma Valores de rmin ( Ac )%
da seção
20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75 80 85 90

Retangular 0,15 0,15 0,15 0,164 0,179 0,194 0,208 0,211 0,219 0,226 0,233 0,239 0,245 0,251 0,256

Os valores estabelecidos para a taxa de armadura consideram uso de aço CA-50, d’/h =0,8 e g c = 1, 4 e
g s = 1, 15 . Caso estes valores sejam diferentes, os valores de rmin devem ser revisados.

Tabela 12 - Taxa de armadura mínima para vigas retangulares / Fonte: ABNT NBR 6118 (2014, p. 130).

Armadura lateral em vigas de concreto armado

Para as considerações de armaduras laterais, ou armadura de pele, a armadura deverá respeitar uma
relação de 0, 10% Ac,alma , em cada face da alma da viga, sendo composta por barras de CA-50 e CA-
60, com espaçamento não maior que 20 cm e, devidamente, ancorada nos apoios, não sendo necessá-
ria uma armadura superior a 5 cm²/m por face.
A armadura lateral deve ser disposta de modo que o afastamento entre as barras não ultrapasse
d / 3 e 20 cm. A utilização de armadura lateral é indicada para vigas que apresentam altura igual ou
superior a 60 cm, em que vigas com altura inferior dispensam a utilização desta armadura.
Para os casos de dimensionamento de armaduras principais de tração e de compressão, a armadura
de pele não deve ser computada nos cálculos. Para a armadura de vigas de concreto armado, devem ser
respeitados um valor para a de cisalhamento (Estribos). Assim como a armadura de flexão, também
se faz necessário o posicionamento de uma armadura mínima de cisalhamento. A equação, a seguir,
apresenta as considerações de armadura mínima de estribos em vigas de concreto armado.
Asw f ct ,m
ρsw   0, 2
bw ssenα f ywk

Onde:
Asw é a área da seção transversal dos estribos.
s é o espaçamento dos estribos, medido segundo o eixo longitudinal do elemento estrutural.
a é a inclinação dos estribos em relação ao eixo longitudinal do elemento estrutural.
bw é a largura média da alma, medida ao longo da altura útil da seção, respeitando a restrição indica-
da pelo item 17.4.1.1.2 da ABNT NBR 6118 (2014).
f ywk é a resistência característica ao escoamento do aço da armadura transversal.
f ct ,m é a resistência à tração direta em seu valor médio, de acordo com o item 8.2.5 da ABNT
NBR 6118 (2014).

172
UNIDADE 6

Para lajes maciças em concreto armado, as delimitações estabelecidas são apresentadas no item 19.3
da ABNT NBR 6118:2014. Para o caso de lajes em concreto armadas, em duas direções, ressalta-se
o mecanismo resistente, em que os valores mínimos de armaduras positivas são reduzidos, quando
comparados a elementos lineares (vigas).
A ABNT NBR 6118:2014 apresenta as considerações de armadura mínima, a fim de melhorar o
desempenho do elemento estrutural bem como sua ductilidade, controle de fissuração. A determina-
ção da armadura mínima pode ser estabelecida a partir do cálculo do momento mínimo assim como
apresentado em vigas, sendo esta armadura composta por barras de alta aderência ou telas soldadas.
Em lajes em que os apoios não apresentam continuidade com planos de lajes adjacentes ou que tenha
ligação com os elementos de apoio, deve se utilizar armadura negativa na borda, de acordo com a Tabela
13, sendo esta armadura estendida até pelo menos 0,15 do vão menor da laje, a partir da face do apoio.

Elementos es-
Elementos estruturais
truturais sem Elementos estruturais com
Armadura com armadura ativa não
armaduras armadura ativa aderente
aderente
ativas

rs  rmin  0, 5rr  0, 5rmin


Armadura
negativa rs ≥ rmin rs  rmin  r p  0, 67rmin (Ver 19.3.3.2 ABNT NBR
6118:2014)

Armadura negati-
va de bordas sem rs ≥ 0, 67rmin
continuidade

Armaduras posi-
tivas de lajes
armadas nas rs ≥ 0, 67rmin rs  0, 67rmin  rr  0, 5rmin rs  rmin  0, 5rr  0, 5rmin
duas direções

Armadura positi-
va (principal) de
lajes armadas em rs ≥ rmin rs  rmin  0, 5rr  0, 5rmin rs  rmin  0, 5rr  0, 5rmin
uma direção

As
s ≥ 20% da armadura principal
Armadura posi-
tiva (secundária) As
≥ 0, 9cm² / m
de lajes armadas s
em uma direção
rs ≥ 0, 5rmin

As Ap
Onde rs = e rs =
bw h bw h

Tabela 13 - Taxa de armadura mínima para armaduras passivas aderentes / Fonte: ABNT NBR 6118 (2014, p. 158).

173
UNICESUMAR

Para pilares em concreto armado, delimitam-se as considerações cuja a maior dimensão da seção
transversal não exceda cinco vezes a menor dimensão. Pilares com seção transversal, que ultrapassam
esta consideração, devem ser tratados como pilares-paredes, aplicando item específico para estes casos.
De acordo com Carvalho e Pinheiro (2013), a análise de pilares em concreto armado pode ser rea-
lizada em duas situações. Análise de estruturas de nós móveis, em que se realiza a análise dos pilares,
considerando os efeitos de segunda ordem, devido à não-linearidade física e geométrica. Sendo, para
casos de pilares de extremidade, a análise de esforços nodais oriundos de análise global.
Considera estruturas de nós fixos, em que se admite os pilares com elementos isolados, manifestando
os efeitos de primeira ordem. Pilares são elementos submetidos à ação de flexão composta normal ou
oblíqua, somadas a considerações de flambagem. Isso torna o estudo de dimensionamento de pilares
não muito simples. O detalhamento de pilares leva em consideração as seguintes considerações:
• Posição do pilar em planta.
• Tipo de solicitação: flexão composta normal ou oblíqua.
• Esbeltez do pilar.
• Tipo de excentricidade.
• Processo de cálculo.
Os pilares podem ser classificados com pilares de canto, extremidade e intermediários, conforme Figura 14.

Pilar de canto Pilar de extremidade Pilar intermediário


Figura 14 - Classificação de pilares quanto a sua posição / Fonte: Bastos (2008, p. 22-25).

Descrição da Imagem: a figura apresenta tres diferentes posições a quais os pilares em concreto armado podem se
posiconar. Na figura das esquerda apresenta-se um pilar com seção retangular com vigas chegando em suas duas
faces, denotando um pilar de canto. A figura intermediária apresenta um pilar posicionado intermediariamente na
face da edificação com vigas nas duas faces de menor dimensão e uma viga na face de maior juntamente com a laje.
A figura da direita apresenta um pilar com viga em todas as suas faces.

Assim como vigas e lajes, os elementos de pilares também denotam armaduras mínimas e máximas,
conforme ABNT NBR 6118:2014. A referida norma apresenta as seguintes considerações para arma-
duras longitudinais em pilares. As barras longitudinais não devem apresentar diâmetro inferior a 10
mm e nem superior a ⅛ da menor dimensão transversal. A armadura longitudinal mínima, em pilares,
pode ser obtida conforme equação a seguir:

174
UNIDADE 6

As ,min  (0, 15 N d / f yd )  0, 004 Ac

Sendo para o valor máximo de armadura longitudinal conforme equação a seguir:

As ,máx = 0, 08 Ac

Dessa maneira, podemos verificar que a maior quantidade de armadura longitudinal em um pilar es-
tabelece uma relação de 8% da área de seção transversal, considerando, inclusive, as regiões de emenda.
Neste contexto, indica-se utilizar uma relação máxima de 4%, para que, em regiões de transpasse de
armadura, não sejam ultrapassados os valores limites de 8%.
Ainda de acordo com a ABNT NBR 6118:2014, pilares em concreto armado não devem apresentar
sua menor dimensão inferior a 19 cm. Para casos especiais, pode se alterar esta dimensão para valores
entre 19 e 14 cm, no entanto a referida norma indica a multiplicação dos esforços solicitantes de cálculo
considerados no dimensionamento por um coeficiente adicional denotado por g n , em que o valor do
referido coeficiente varia de acordo com a dimensão adotada, a tabela apresenta o cálculo de g n .

B ≥ 19 18 17 16 15 14
gn 1,00 1,05 1,10 1,15 1,20 1,25

b = menor dimensão do pilar


g n  1, 95  0, 05b
Tabela 14 - Coeficente de majoração de ações para pilares com menor dimensão inferior a 19 / Fonte: ABNT NBR 6118 (2014, p. 73).

Sendo delimitado também que em qualquer seção transversal não se admite uma área inferior a 360 cm².
Agora que você já sabe quais são os carregamentos que compõem uma estrutura, de acordo com
uma análise mais criteriosa, em que o engenheiro conhece as espessuras de revestimento das paredes
bem como as considerações impostas pelas normas, que expressam as respectivas considerações a
serem adotadas. Apresentou-se, também, as considerações para diferentes tipos de blocos que podem
ser utilizados em paredes de vedação bem como o carregamento que cada um gera na estrutura que
o sustenta. Observou-se como é executado o revestimento de uma parede, e sua espessura pode ou
não ser a mesma em suas faces. Em seguida, como realiza-se o cálculo do carregamento referente ao
revestimento somado com o carregamento dos blocos de vedação. Foram apresentados os cálculos
referentes ao peso próprio das seções de concreto armado, utilizados na elaboração de projetos es-
truturais, uma vez conhecido seu peso especifico. Dessa maneira, você consegue analisar o quanto os
materiais utilizados na construção de uma edificação influenciam em seus carregamentos. Os carrega-
mentos variáveis dependem do tipo de utilização a qual a estrutura está sujeita. Também já conhece as
delimitações referentes às seções mínimas de elementos estruturais em concreto armado e armaduras
mínimas a serem utilizadas nos elementos estruturais, de acordo com a ABNT NBR 6118:2014.

175
Elaboraremos, a seguir, um mapa mental que inclua todos os itens necessários para a deter-
minação das ações que podem ocorrer em uma edificação, dentre elas, ações permanentes
e variáveis. Também, devemos considerar os elementos estruturais mais utilizados em edi-
ficações construídas em concreto armado.

Cargas acidentais

Diretas/ Indiretas Enchentes


Variáveis

Permanentes Excepcionais
Combinação de Ações ABNT NBR 8681:2004



Dimensões Limites de Conforme ABNT NBR 6118: 2014

Lajes Vigas Pilares


MAPA MENTAL

Figura 15 - Mapa mental / Fonte: os autores.

176
1. Determine o peso dos elementos que compõem uma parede de alvenaria com as se-
guintes considerações de revestimentos; em seguida, adote uma altura de parede de
2,90 m de altura. Para tanto, considere:
• Paredes com blocos cerâmicos vazados com paredes vazadas, com peso específico
aparente g ap = 12kN / m3
• Argamassa de ligação de cal, cimento e areia com peso específico aparente
de g ap = 19kN / m3 com 2,0 cm de espessura, em cada face interna e 3,0 cm
na face externa.
• Argamassa de assentamento e ligação de cal, cimento e areia com peso específico
aparente de g ap = 19kN / m3 com 1,0 cm, na parte inferior e superior de cada bloco.

AGORA É COM VOCÊ


Fonte: os autores.

Descrição da Imagem: a figura apresenta uma parede de alvenaria de blocos ceramicos com ar-
gamassa de revestimento nas dua faces. A argamassa entre os blocos possui espessura de 1 cm e
o revestimento com 3 cm e bloco de 14 cm.

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2. Ao consultar a ABNT NBR 6120: 2019, determine o peso de uma parede com 2,70m,
construída de alvenaria composta por blocos cerâmicos de vedação com 14 cm de
espessura nominal e revestimento de 2 cm, em cada face.

3. Com base nos seus conhecimentos, determine a análise dos carregamentos que podem
atuar em uma laje para um pavimento tipo de uma edificação residencial. Determine o
valor do peso próprio da estrutura, considerando uma laje maciça em concreto armado
com espessura de 12 cm de espessura. Considere carregamento de regularização com
revestimento de pisos com espessura de 5 cm, forro de gesso acartonado e a ação de
carga variável de para uma região de dormitório.

4. Uma viga de concreto armado com resistência f ck = 35MPa e seção transversal de 19


x 40 cm, de acordo com as considerações das normas ABNT NBR 6118:2014 e ABNT
NBR 6120:2019, apresente os cálculos do peso próprio da viga bem como a taxa de
armadura mínima de flexão e ao cisalhamento.
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