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ATIVIDADE PRÁTICA: OBRAS DE TERRAS E BARRAGENS

Docente: Rafael Spindola


Discente: Colomaro Silvério do Amaral Filho

Goiatuba - 2023
ATIVIDADE PRÁTICA: OBRAS DE TERRAS E BARRAGENS

Trabalho realizado para obtenção de nota na


disciplina de Obras de Terras e Barragens, do Curso
de Engenharia Civil, realizado sob a orientação do
professor Rafael Spindola.

Goiatuba – 2023
OBRAS DE TERRAS E BARRAGENS

As barragens são estruturas construídas na transversal, em meio ao curso de água, com


a finalidade de conter ou acumular uma grande quantidade de água ou de qualquer outros
materiais líquidos ou sólido, como, por exemplo, rejeitos de processos industriais. As
principais funções das barragens então ligadas à geração de energia, reserva de água, controle
de erosão e cheias, e contenção de rejeitos industriais.

Entre os tipos de barragens as mais comuns são as barragens de terra, pois podem ser
apoiadas em tipos diversos de fundação. Normalmente, são construídas com a função de
armazenar água e são divididas em dois tipos, com base nos materiais que as compõem, quais
são, homogêneo e zonado. Nas homogêneas os taludes são compostos por um único material
impermeável. Já as zoneadas possuem um núcleo constituído por material impermeável e
outras camadas constituídas por materiais mais permeáveis, que servem para proteger o
núcleo.

A vantagem das barragens de terra é a sua capacidade de adaptação ao terreno e a sua


construção que é relativamente mais simples e econômica se comparada com a construção das
barragens de concreto. São amplamente usadas em projetos hidrelétricos de grande porte.

As barragens de concreto são as mais usadas, já que são mais resistência, duráveis e
impermeáveis. Além da facilidade na construção, possuem um custo relativamente baixo.
Essas barragens podem ser do tipo convencional ou de consistência seca o que possibilita ela
ser compactada com rolos. Neste tipo de barragem, acontece o fenômeno chamado de
expansão química do concreto, uma reação dos componentes do concreto na presença da
água, ocorrendo a redução da vida útil do material. Essas barragens são frequentemente
utilizadas em projetos hidrelétricos de grande porte, como, por exemplo, na geração de
energia elétrica.

Já as barragens de enrocamento, comumente são menores, que são compostas


essencialmente por estruturas de pedra, cimento e areia. A construção é perpendicular às
ravinas, os cortes subterrâneos no solo, com a finalidade de reduzir a velocidade do
escoamento da água através da criação de degraus que reduzem a erosão. As barragens de
enrocamento são utilizadas frequentemente em locais onde o solo e as rochas naturais já
possuem uma base sólida para a construção da barragem. Elas são recomendadas para
projetos de médio e grande porte, como a geração de energia hidrelétrica e a contenção de
água.

Para a construção das barragens, são elaboradas as obras de contenção, que são
estruturas que possuem a finalidade de conter maciços de solo, água ou até mesmo rejeitos.
Essas obras são dimensionadas para aguentar pressões laterais e sobrecargas, prevenindo a
ruptura dos maciços pelo seu próprio peso ou por fatores externos. São comumente utilizadas
em obras rodoviárias, de edificações, ferroviárias, de saneamento, barragens, entre outras.

Existem vários sistemas de contenção, como as cortinas de estacas pranchas, as


paredes diafragma, os muros de arrimo e os gabiões. A escolha da solução deve levar em
consideração as características do projeto, do entorno e da geologia local. Um dos cuidados
principais a serem tomados em obras de contenção é atentar-se as características do solo,
adquiridos através de ensaios técnicos. Outros critérios a serem considerados são o tempo de
uso de equipamentos alugados, o planejamento de execução, a presença de edificações
próximas, entre outros fatores que asseguram uma obra segura, econômica e eficiente.

No dimensionamento de obras de contenções, o esforço solicitante comumente é a


parcela referente à força lateral gerada pelo peso próprio do maciço, contudo, esforços
gerados pelo peso de edificações nas proximidades não podem ser desconsiderados. Tudo faz
parte do cálculo do empuxo final, e esses pesos são chamados de sobrecarga. Diante disto,
não considerar este fator no projeto pode causar problemas na obra. De acordo com o tipo de
obra, diversas soluções de contenção podem ser aplicadas no mesmo local, como por
exemplo, uma cortina de estacas prancha poderá ser utilizada de forma não permanente para
permitir escavações no terreno e criar espaço para ser construído um muro de arrimo que será
a forma permanente de contenção na obra.

Talude é toda e qualquer superfície que esteja inclinada na horizontal, que delimita
uma massa de solo, ou qualquer outro material. Podendo ser de origem natural, como as
encostas, ou aquelas que possuem a intervenção humana, como os cortes e aterros, que por
diversas vezes são necessários na construção civil. Quando existe espaço no lugar de
construção, pode ser aceitável vencer um desnível de solo sem uma contenção. Podendo ser
feito por meio de cortes, desde que mantida a estabilidade natural do solo, para que isso
ocorra, devem ser levadas em consideração as forças resistentes do maciço, e as forças
atuantes no mesmo.
As forças resistentes são aquelas que se opõem à ação do movimento de massa, em
função da relutância ao cisalhamento do material, quando as forças atuantes são geralmente
gravitacionais ou de percolação, e estimulam o deslizamento do solo ao longo da superfície de
ruptura por meio de tensões cisalhantes mobilizadas. Desse modo, a instabilidade do talude
acontece quando as tensões cisalhantes mobilizadas se equiparam à resistência ao
cisalhamento do solo. Assim qualquer escavação deverá ser executada muito bem, e
verificada com antecedência, para que no decorrer e posteriormente as obras, não aconteça o
desabamento do terreno, colocando em risco a vida de pessoas.

Independentemente do tipo de obra de contenção, é imprescindível contar com


profissionais e empresas competentes, desde o projeto e planejamento, até finalmente a
execução. Essas obras que contam com a movimentação de terra são em grande maioria
causadoras de acidentes no ambiente de trabalho, seja por desmoronamento ou soterramento.

Nosso país é o maior consumidor de energia da América do Sul e um dos maiores


consumidores do mundo, por isso o Brasil aproveita o grande número de rios com grandes
desníveis que ele possui, como forma mais eficiente e econômica de produzir energia. Com
isso as usinas hidrelétricas se tornaram as responsáveis pela produção de mais de 80% da
energia no país. Em virtude disso, fica evidente a importância das barragens.

O sistema de drenagem interna tem função essencial de manter a estabilidade das


barragens de terra, pois tem o papel de amenizar a subpressão, domar o fluxo que é percorrido
pela barragem até um destino apropriado, além de evitar o transporte de materiais finos que
podem desencadear problemas de erosão interna. As barragens construídas em solo
compactado contam n seu interior com um filtro drenante vertical, e na fundação com um
tapete drenante horizontal. Normalmente são de brita e areia.

O elemento essencial para a segurança de uma barragem de terra é o sistema de


drenagem interna que deve ser dimensionado de maneira a alcançar a redução da pressão
neutra na área de jusante da barragem e com isso aumentar a estabilidade de jusante contra o
deslizamento, e controlar a percolação da água na face de jusante da barragem para que a água
não transporte qualquer partícula do maciço.

Existem vários tipos de sistemas de drenagem interna para barragens de terra, e o tipo
a ser aplicado para uma determinada obra vai depender de muitos fatores referentes às
permeabilidades do maciço e da fundação bem como das características dos materiais
drenantes que estarão à disposição.

Entre os principais tipo de drenagem interna, temos os drenos de pé que são
encontrados nas barragens homogêneas mais antigas, para prevenir a diminuição de
resistência do material no pé́ do talude, sendo empregados somente em barragens de baixas,
constituídas de solos homogêneos de baixa permeabilidade. Outros bastante utilizados são os
drenos longitudinais e os tapetes drenantes, por serem do tipo mais econômico eles são
constituídos por um conduto perfurado envolvido por filtros de transição, que fica
posicionado longitudinalmente em relação ao eixo da barragem, e esse sistema só́ deverá ser
adotado quando a barragem for apoiada sobre uma fundação uniforme e do maciço
compactado ser constituído por solos da mesma permeabilidade vertical e horizontal.

A cortina drenante é o tipo de drenagem montado por um dreno vertical posicionado


agilmente a jusante do eixo da barragem e prolongado para jusante por um tapete drenante
horizontal. O dreno vertical possui a vantagem de interceptar toda e qualquer fissuração do
maciço e de catalisar os fluxos que poderiam percolar por tais fissuras. Esses drenos são
comumente projetados com uma espessura que varia de 0,9 a 2,0m, sendo na maioria das
vezes fixadas por motivos de ordem construtiva.

Nas barragens mais atuais e de maiores altitudes, a cortina drenante tem grande
inclinação para montante ou para jusante. Quando para montante, ganha-se a vantagem de
excluir os riscos de trincas longitudinais na crista se tratando de barragem apoiada sobre uma
fundação rígida. Já com a inclinação para jusante se ganha a vantagem de melhoria nas
condições de estabilidade do talude de montante durante o rebaixamento rápido do
reservatório.

Para efetuar uma boa obra de contenção, é necessário ter um bom projeto que deve
contar com estudos dos materiais e das suas condições de colocação na obra, sendo crucial a
definição das jazidas dos materiais com a sua localização, zoneamento, avaliação dos volumes
disponíveis, dados sobre níveis freáticos, sazonais ou resultantes do enchimento parcial dos
reservatórios, e condições de escavação dos solos e de desmonte dos materiais rochosos.

Deve ser feito ainda a compartimentação do maciço das pedreiras, visando adotar o
procedimento de desmonte mais apropriado à obtenção da granulometria esperada, e ensaios
de laboratório sobre amostras com compacidade e teor em umidade previsíveis em todas as
fases da obra, para determinar as características de cisalhamento, permeabilidade e
deformabilidade. Na análise dos materiais para construção de barragens de aterro deve se
priorizar a atenção aos materiais com função de vedação.

Outro ponto importante nas obras de contenção são as análises de estabilidade que
deverão ocorrer em tensões efetivas, com exceção dos casos em que a análise envolva
materiais cujo comportamento se assemelha ao das argilas plásticas saturadas ou a solos que
costumam se contrair durante o cisalhamento, nesses casos devendo ser feita a análise em
tensões totais. Os parâmetros de resistência ao cisalhamento dos vários materiais envolvidos
na análise de estabilidade deverão ser obtidos de ensaios de laboratório preparados para
representar, o mais próximo possível, as condições de carregamento de campo.

Se tratando de enrocamento, quando não for viável a realização dos ensaios, serão
aplicados valores adquiridos em outros locais, com materiais parecidos, devendo ser
adaptados às condições vigentes no caso analisado. Para garantir a estabilidade ao
escorregamento, os taludes da barragem deverão ser analisados para as condições de
carregamento associadas, quais são, no final de obra, quando ocorre um rebaixamento rápido
do nível do reservatório, a uma situação de percolação estável e à ocorrência de um sismo.
Em alguns casos específicos, poderá ser necessária a verificação de outras situações de
carregamento, como, nos casos de necessidade de bermas de equilíbrio, em fases de
construção em que estas não tenham sido ainda construídas, ou em casos de escavações no pé
do talude do aterro já́ lançado da barragem.

Os coeficientes de segurança devem ser reajustados para as diferentes hipóteses de


dimensionamento, definidas para os maciços de terra e de enrocamento, associando as
condições normais de operação, assim como nas situações pouco recorrentes e os casos
excepcionais.

Os coeficientes de segurança vinculados as análises de estabilidade ao


escorregamento, empregam métodos de equilíbrio limite, que deveram ser no mínimo iguais a
1,5 para condições normais de exploração, 1,4 para a última fase da construção, e a 1,3 para
casos de rebaixamento rápido do reservatório. Nos casos excepcionais os coeficientes de
segurança devem ser, no mínimo, iguais a 1,1.

Infelizmente, a construção de barragens pode gerar impactos ao meio-ambiente, como


a alteração dos ecossistemas, já que água é vida e as barragens bloqueiam a água, essa
condição impacta a vida a jusante, tanto para os ecossistemas como para as populações. Por
muitas vezes as vazões poderão reduzir, impactando em diversas atividades como a
agricultura.

Os ecossistemas não dependem somente das águas, mas também dos sedimentos, as
grandes barragens bloqueiam os dois. Como o sólido se acumula no reservatório artificial, as
terras a jusante perdem a fertilidade e os leitos de rios podem ficar mais profundos. As
grandes barragens também geram o deslocamento de comunidades humanas, e o enchimento
de áreas para a construção do reservatório mata plantas, e provoca a morte de animais por
afogamento ou os obrigam a migrar.

Espécies aquáticas, especialmente os peixes, são alvos aos impactos das barragens,
Moran explica que a construção da barragem de Itaipu, por exemplo, resultou na perda de
aproximadamente 70% da biodiversidade, isso ocorre porque muitas espécies de peixe
dependem da condição de mobilidade com liberdade em um rio, seja para buscar alimento, ou
para retornar a piracema. As espécies mais prejudicadas são as migratórias. Esses impactos
podem gerar consequências não só para a biodiversidade, mas também para a população cuja
vida e meio de subsistência dependem desses peixes.

Os impactos na biodiversidade são geralmente altos para animais que estão ameaçados
de extinção, e não somente as espécies aquáticas. O orangotango Tapanuli por exemplo, que
é a mais rara espécie de grande primata, pode acabar desaparecendo por causa da construção
de uma barragem projetada em Sumatra, na Indonésia. Os projetos de barragens podem
literalmente eliminar espécies.

As Barragens podem gerar ainda mudanças climáticas, isso ocorre porque quando os
reservatórios são enchidos, as florestas a montante são inundadas, eliminando, então, sua
função de “sumidouros” de carbono. Conforme a vegetação alagada se decompõe, a massa
vegetal em decomposição nos reservatórios libera metano, um gás importante na produção do
efeito estufa. Esse procedimento transforma os reservatórios em fontes de emissões
especialmente os localizados em florestas tropicais, com crescimento adensado. Se estimando
que as emissões de gases do efeito estufa causadas pelas barragens é de algo em torno de um
bilhão de toneladas por ano, o que é uma fonte global significativa.

De acordo com as mudanças climáticas, e estiagens frequentes que se prolonguem


significa que as barragens captarão água em menor quantidade, resultando na diminuição da
produção de energia elétrica, para os países dependentes de hidroeletricidade isso significa
que estarão particularmente vulneráveis com o aumento das temperaturas.

Outro impacto significativo é que as barragens prejudicam a qualidade da água, já que


os reservatórios artificiais acumulam fertilizantes que chegam à água vindos das áreas ao
redor, em alguns países em desenvolvimento, a situação se agrava porque o esgoto é
descartado diretamente nos reservatórios. Toda essa poluição desencadeia a floração de algas
que absorvem o oxigênio da água, a transformando em ácida e potencialmente prejudicial
para os humanos e a fauna.

Também acontece isso em grandes lagos artificiais que a temperatura na margem é


maior que no fundo, comprometendo a qualidade da água. A água aquecida provoca o
crescimento das algas nocivas, enquanto a água do fundo, com temperatura mais baixa que é
lançada pelas turbinas geradoras, podem conter altas taxas de minerais prejudiciais
concentradas. Em muitos casos, a água dos reservatórios artificiais é tão prejudicada que é
inútil para o consumo humano.

Por fim, as barragens são geradoras do desperdício de água. Nos reservatórios com
grande quantidade água diretamente exposta ao sol, a evaporação é bem mais rápida do que
em um rio correndo naturalmente, antes da criação da barragem. Estima-se que pelo menos
cerca de 7% do total da água necessária para as atividades humanas é evaporada dos
reservatórios em todo o mundo a cada ano. A situação piora em áreas onde as temperaturas
são mais quentes.

Esses compartimentos também são um local propicio para a proliferação de diversas


espécies de plantas invasoras, e a cobertura de bancos de plantas invasoras sobre as águas leva
à evapotranspiração, que significa a transferência de água da terra para a atmosfera, por meio
da evaporação do solo e transpiração das plantas. Essa evapotranspiração é seis vezes maior
que a evaporação da água da superfície.

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