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DE CONCRETO
Engenharia Civil
RESUMO
As barragens são necessárias para reter a água de uma fonte hídrica a fim de
utiliza-la para vários fins, dentre estes o mais comum é a construção de Usinas
Hidrelétricas. As barragens podem ser classificadas como rígidas ou não rígidas,
sendo que as primeiras são representadas por barragens tipo gravidade ou do tipo
arco e as não rígidas pelas barragens de terra ou de enrocamento. As barragens de
enrocamento com face de concreto possuem diversas vantagens em relação às de
núcleo argiloso, porém a maior delas está relacionada ao cronograma construtivo,
não dependendo de fatores climáticos tanto quanto outros tipos de barragens. Para
a realização de um projeto desta amplitude existem diversos princípios a serem
seguidos a fim de garantir a segurança, economia e a minimização de impactos
ambientais, e estes princípios estão diretamente relacionados com a maneira de
coordenar e executar o empreendimento, desde a fundação da barragem até a laje
de concreto da face. Além disso, para que seja feita a execução adequada da
barragem precisam ser utilizados instrumentos medidores de deformações e juntas,
medidores de vazão de infiltração, medidores de tensão na ferragem da laje e até
mesmo piezômetros, para que a pressão neutra seja medida. Esta também deve ter
um plano de fiscalização e inspeção após a sua construção para que nenhum
imprevisto aconteça trazendo riscos para a população e para o meio ambiente.
Neste trabalho foi analisado um estudo de caso onde a barragem de enrocamento
com face de concreto de Campos Novos localizada no rio Canoas sofreu com um
grande vazamento ocorrido em 2006 mesmo antes de a mesma ser ativada, e isso
fez com que todos entrassem em estado de alerta, porém não houve registros de
danos maiores à população e ao meio ambiente.
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1. INTRODUÇÃO
Como uma constatação do marcante avanço tecnológico, vale citar que, até
o final do século XIX, havia apenas oito barragens de enrocamento construídas com
mais de 30 metros de altura. Em 1940, já havia registros de barragens com altura
variando entre 60 e 90 metros. Nos anos 50, foram construídas barragens com até
135 metros de altura (PUC-Rio).
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2. BARRAGENS
Segundo Araujo et al (apud GOMES, 2005), do ponto de vista geométrico,
uma barragem pode ser classificada: rígida e não rígida. As barragens rígidas se
subdividem, podendo ser do tipo gravidade ou do tipo arco. Já as barragens não
rígidas, ou são de terra, ou são de enrocamento.
Ainda, de acordo com a estrutura tem-se:
- Barragens rígidas do tipo gravidade:
Estrutura de contenção que se classifica como: Barragem de concreto
gravidade e Barragem de gravidade aliviada com contraforte;
- Barragens rígidas do tipo arco simples e de dupla curvatura;
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Segundo Souza (apud MASSAD (2003) p142), a maior vantagem deste tipo
de estrutura está no cronograma construtivo. Por ser construída por aterro em
enrocamento e face em concreto, sua construção independe do clima, gerando
menos atrasos quanto ao cumprimento do cronograma. Também, observou-se que
este tipo de estrutura encontra-se entre as mais econômicas, motivo pelo qual se
tem optado pela mesma recentemente no Brasil.
2.1.1.1.1. Projeto
2.1.1.1.1.1. Princípios de Projeto
Dentre os princípios de segurança, economia e minimização dos impactos
ambientais, especialmente para fins de projetos, Souza (apud MASSAD) relata
algumas condições no qual as barragens devem fornecer garantias para que não
aconteçam:
a) o transbordamento, que pode abrir brechas no corpo de barragens de
terra e de encocamento;
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2.1.1.1.1.2. Fundação
Considerando o grande gradiente hidráulico que a fundação está submetida,
o projeto de fundações de barragens tem como função, além do suporte da
barragem, o controle de percolação.
Segundo Souza (apud SHERARD (2004) p. 24), um dos principais critérios
para o projeto da fundação de uma barragem de enrocamento é evitar a ocorrência
de erosão ou pipping.
As principais técnicas do controle de percolação são:
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2.1.1.1.1.3. Plinto
O plinto é uma peça de concreto localizada no sopé de montante da
barragem cuja função é garantir a impermeabilização da interface formada entre o
plano da fundação em rocha e o fundo do maciço de enrocamento. A estanqueidade
da barragem é garantida pelo conjunto formado pela laje de concreto da face, a junta
perimetral, o plinto e as técnicas de controle da percolação de água nas fundações
(SOUZA, 2008)
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Zona 2
A zona 2 é um enrocamento fino, britado com presença moderada de areia e
finos. A largura da zona é reduzida e se localiza diretamente sob a face. O objetivo é
conseguir um suporte firme e uniforme para a laje de concreto e estabelecer uma
permeabilidade confiável baixa, tendo uma granulometria aproximada de um
material para filtro. A propriedade de semi-impermeabilidade é de grande valor nas
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proximidades das juntas perimetrais. Também para o caso de uma cheia durante a
fase de desvio do rio, é esta zona que amenizará a percolação através do maciço
em construção.
Esta zona é subdividida em 2ª e 2B. A primeira localiza-se imediatamente
abaixo da junta perimetral e possui uma granulometria capaz de reter a migração do
silte proveniente da zona 1ª, podendo conter um leve teor de cimento (3 a 4%). A
compactação é feita com compactador manual vibratório. A zona 2B refere-se a uma
porção de 4 m de largura, compactada em camadas de 30 a 50 cm de espessura
com rolo liso vibratório. Costuma-se especificar o método de compactação, ou seja,
4 a 6 passadas de um rolo de 10 ou 12 toneladas, sendo interessante determinar a
massa específica para registro e controle. Para compactar a face, utiliza-se um rolo
de menor dimensão que é puxado para cima, ao longo do talude, seguindo de mais
quatro passadas sem vibração, ou até mesmo utilizar um vibrador de placa montado
em uma retro-escavadeira. É interessante proteger a superfície contra fortes chuvas
a fim de evitar erosões. Algumas BEFC recentes introduzem uma guia de concreto
extrusada (concreto fracamente cimentado), revestindo a zona 2B, com o objetivo de
regularizar a superfície sob a laje de concreto e servir de forma para a compactação
do material da zona 2B.
Zona 3
A zona 3 é a porção do maciço e esta é dividida em 3 subzonas (3A, 3B e
3C), com a espessura das camadas crescendo para a jusante para se obter
transições de compressibilidade e permeabilidade no sentido montante-jusante.
Requer maior rigidez na porção de montante do maciço, que transmite a carga do
reservatório à fundação.
A zona 3A é uma transição entre a zona 2 e o enrocamento principal, possui
largura e espessura de camada similar à zona 2B. O objetivo principal dessa zona 3ª
é o de limitar a dimensão dos vazios e assegurar que o material da zona 2 não seja
arrastado para os grandes vazios do enrocamento principal.
Como a maior parte da carga d’água é transmitida através da porção de
montante, é desejável que a compressibilidade da zona 3B seja a mais baixa
possível para minimizar as deflexões da laje de face. As experiências mostram que
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2.1.1.1.1.6. Instrumentação
De um modo geral para o controle da estrutura da barragem é projetado e
implantado um sistema de auscultação para a medição das deformações horizontais
e verticais do corpo da barragem e da estrutura de vedação, laje (WATZKO, 2007)
Watzo (2007) cita o conjunto de instrumentação usados na Barragem de
Machadinho como exemplo de instrumentos utilizados, os quais são:
a) Medidores de deformação vertical:
Caixas Suecas;
Medidor Magnético de Recalque.
b) Medidor de deformação horizontal:
Extensômetro Múltiplo;
Marco de Assentamento Superficial;
Medidor Horizontal Magnético.
c) Medidor de junta:
Medidor de Junta Simples;
Medidor Triortogonal de Junta.
d) Deformada da laje:
Eletro Níveis;
Inclinômetro.
e) Medidor de vazão de Infiltração
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Ele é estruturado por placas metálicas nos quais são sobrepostas na vertical
e conectadas por um tudo de referência e cada aparelho tem uma diferente
composição do número de placas e isto é em função da espessura de cada camada
que se deseja medir, porém, geralmente é utilizado uma espessura de 6 metros.
Extensômetro Multiplo
Ele é composto por hastes metálicas que são fixadas no extremo e no
interior da barragem e fica livre para movimentação no outro extremo, que fica na
cabine de medição. As hastes medem as deformações horizontais do corpo da
barragem.
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Medidor de junta
Este medidor fornece a leitura dos deslocamentos relativos e absolutos entre
dois pontos e, ainda, qualifica e mede a abertura ou fechamento entre dois pontos.
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Eletro Níveis
Este instrumento mede as inflexões da laje.
Medidor de vazão
Ele mede as vazões gerais de infiltração na estrutura de barramento. Os
medires são instalados à jusante, aproveitando-se a incorporação e vedação da
ensecadeira de jusante, então, é construído uma estrutura de captação das águas
internas à barragem. Estas águas são provenientes das infiltrações pela fundação,
juntas da laje de vedação, ombreiras, e águas da pluviometria local e registrada por
fissuras e/ou trincas na laje.
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2.1.1.1.2. Acompanhamento
A questão da segurança das barragens é um fator de extrema preocupação
e importância. A necessidade e a utilização de materiais com menores resistências
sem a devida comprovação acabam tornando a obra um novo laboratório pra análise
e avaliação do desempenho. As informações obtidas da instrumentação
proporcionam meios de comparação com a situação real, sendo assim, estas tem
grande importância para a tomada de decisões em projetos e construção,
principalmente pelo controle tecnológico e a auscultação da estrutura.
A instrumentação da auscultação permite o acompanhamento praticamente
sem interrupções ao longo da vida da barragem. E além deste, as inspeções visuais
das estruturas também são imprescindíveis.
As atividades de leitura devem ser executadas por técnicos treinados e
experientes, porém as atividades de inspeção visual das instrumentações deverão
ser feitas por especialistas das áreas geotécnicas, estruturais e geológicas. Toda
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Trierveiler afirma que a população local não obtinha uma resposta oficial da
empresa sobre o que estava acontecendo com a barragem nem informações sobre
a dimensão do perigo e prejuízos que um eventual acidente poderia trazer. “A
população tem o direito de saber para estar preparada para um possível desastre”,
diz. Questionado sobre isso, o diretor da Enercan diz que todos foram avisados por
meio de um boletim difundido pela rádio local na manhã do ocorrido.”
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4. CONCLUSÃO
As barragens de enrocamento com face de concreto apresentam-se como
boa alternativa de construção quando a camada de solo permeável é
suficientemente espessa ou quando a fundação pode ser assentada em rocha. Essa
condição permite que a rigidez da estrutura seja satisfatória para suportar as
solicitações do gradiente hidráulico. Além disso, por ser composta de fragmentos de
rochas (enrocamento), sua construção independe de fatores climáticos, o que
permite que o cronograma de obra seja cumprido conforme o planejado. A
associação do enrocamento com núcleo de concreto ou argila confere versatilidade
ao tipo de aplicação da barragem, podendo variar as dimensões do barramento,
principalmente a altura, adaptando a construção da barragem a diferentes
localidades. De toda forma, além das vantagens técnicas, é preciso observar a
manutenção do barramento durante e após sua construção, para garantir o perfeito
barramento dos fluidos, evitando maiores problemas com infiltrações, problemas de
estanqueamento e até rupturas.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ARAÚJO, C. F. Construção de Barragens de Enrocamento para Contenção
de Resíduos de Mineração. São Paulo, 2011.
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