Você está na página 1de 15

Análise de possibilidades de fundações para a Ponte Salvador - Ilha de

Itaparica

Judicael da Silva Costa*


*Universidade Estadual de Feira de Santana- Bahia. Estudante de graduação de Engenharia Civil.

Este artigo objetiva analisar os tipos de fundações que podem ser utilizadas na
infraestrutura da Ponte Salvador - Ilha de Itaparica. Foram abordadas as
principais características da área em que será construída a ponte que são
relevantes para a análise do tipo de fundação e posterior escolha. Além disso,
abordou as características e funcionalidades dessas fundações, justificando a
escolha.
Palavras-chaves: Ponte Salvador - Ilha de Itaparica. Tipos de fundações.

INTRODUÇÃO
A ponte Salvador - Ilha de Itaparica atravessará a Baía de Todos os Santos e terá
em torno de 12 km de extensão. Além de trazer benefícios na infraestrutura de
transporte, de acordo com Teixeira e Sousa (2018), a construção da ponte pretende
fazer parte de um plano de desenvolvimento socioeconômico da Bahia, contribuindo
para o crescimento do Estado por vários anos, por meio de investimentos na região
do recôncavo.

Quanto à estrutura e arquitetura propostas, a ponte terá um trecho estaiado


centralizado e dois trechos de aproximação, um se aproximando partindo de
Salvador e outro partindo da Ilha de Itaparica, de acordo com o Manual Descritivo
de Projeto. Ele traz também três alternativas quanto ao trecho estaiado, sendo a
primeira alternativa, o trecho central estaiado com vão de 550 m, vãos de
aproximação de 100 m e 60 m, executados com sistema de cimbramento móvel e
gabarito vertical de 124 m no vão principal, para passar grandes estruturas. A
segunda alternativa compreende um trecho central estaiado com vão de 600 m,
Vãos de aproximação de 45 m em vigas pré-moldadas, lançadas com treliças
lançadeiras tipo Sicet, gabarito vertical de 75 m no vão principal e ponte móvel para
passagem de grandes estruturas. A terceira alternativa tem ponte principal pênsil de
750 m de vão principal, vãos de aproximação de 200 e 120 m, executados em
avanços sucessivos e gabarito vertical de 124 m no vão principal, para passagem
de grandes estruturas.

A infraestrutura de uma ponte requer estudos aprofundados da área em que estará


inserida. A fundação é a base da estrutura e é ela quem deve garantir a segurança
necessária para suportar a mesoestrutura e superestrutura. Quando a ponte é
localizada sobre o mar ou rio, há singularidades inerentes na execução da
fundação. Com a evolução tecnológica e aparecimento de modernos equipamentos
de furação e cravação, as soluções estruturais adequadas para a situação são
vastas.

Tecnologias assentes no uso de equipamentos dotados de elevadas


potências e munidos de ferramentas de corte e furação capazes do
atravessamento de formações de grande disparidade geomecânica,
aliando essa capacidade à possibilidade de atingir grandes
profundidades, quando devidamente utilizados, permitem a construção
de estruturas de fundações em locais e com características que seriam
impensáveis antes do seu aparecimento. (RAMOS, 2016, p. 1)

Antes da escolha do tipo de fundação, é necessário analisar o tipo do solo, suas


características e parâmetros de resistência e deformação para que se tenha o
mínimo de informações para escolher e dimensionar o tipo de fundação mais
adequado para determinada situação. Assim, o artigo objetiva analisar as possíveis
soluções de fundação que sejam adequadas para a ponte Salvador - Ilha de
Itaparica, buscando justificar seu uso, por meio das características de solo e demais
influências e dificuldades presentes no meio aquático.

CARACTERÍSTICAS DA ÁREA DE ESTUDO - PARÂMETROS DO SOLO

O governo do Estado da Bahia criou um site para a Ponte Salvador - Ilha de


Itaparica, o qual reserva um espaço para a divulgação dos estudos que foram feitos
para conhecer fundo e subfundo marinho da Baía de Todos os Santos. Este tópico
apresentará os resultados desses estudos, tomando como referência o Manual
Descritivo da Ponte e os Relatórios de estudo.

A geologia da Baía de Todos os Santos é caracterizada pela deposição de rochas


sedimentares que preenchem a sub-bacia sedimentar do Recôncavo, que por sua
vez ocupa a extremidade sul da grande bacia Recôncavo-Tucano-Jatobá. O formato
da bacia, bem como sua batimetria pode ser observado na Figura 1.
Superficialmente, a área em que a ponte Salvador – Ilha de Itaparica será
implantada é coberta principalmente por sedimentos de areia ou areia silto-argilosa,
conforme observado na Figura 2. (Lessa & Dias, 2009)
Figura 1 - Localização da Baía de Todos os Santos e sua respectiva batimetria. Fonte: Lessa & Dias, 2009

Figura 2 - Mapa de distribuição textural das fácies da Baía de Todos os Santos.Fonte: Lessa & Dias, 2009
Abaixo, na Figura 3, encontra-se um perfil da região, onde pode-se perceber que há
a ocorrência de rochas sedimentares com intercalações de arenitos e rochas
foliadas – folhelhos, argilitos, siltitos. (Dominguez & Bittencourt, 2009)

Figura 3 - Seção geológica transversal à sub-bacia do Recôncavo, mostrando o empilhamento das unidades
estratigráficas (fonte: apud Dominguez & Bittencourt, 2009).

De acordo com as sondagens fornecidas pelo Memorial Descritivo da Ponte, o


substrato local é caracterizado predominantemente por areia siltosa e areia argilosa,
de coloração cinza a cinza escuro. A espessura dessa camada é extremamente
variável, chegando a profundidades de 10 a 80 m para atingir o topo rochoso. Este
topo rochoso é composto basicamente de rochas sedimentares que foram descritas
nas sondagens como argilito e arenito.

Vários trechos em solo avançaram apenas por lavagem, sem registro de NSPT, com
a classificação do material sendo efetuada na bica de lavagem. No trecho em rocha,
o avanço foi por lavagem sem recuperação de amostra, com os testemunhos sendo
destruídos, com a classificação do material rochoso sendo efetuada na bica de
lavagem. Ainda, de acordo com o Memorial, para a elaboração do projeto, deverão
ser executadas sondagens mistas para melhor caracterização tanto do maciço
terroso (para caracterização do solo e obtenção de NSPT) quanto do maciço
rochoso (recuperação, RQD, graus de alteração, coerência e fraturamento). A
lâmina d’água no canal da Baía de Todos os Santos, pelas sondagens executadas,
é de até 40 m (conforme sondagem SP-18E) e chega a 60 m pela carta náutica.

FUNDAÇÕES

Construções marinhas geralmente requerem operações de riscos elevados com


eficiência, adequado design e robustos métodos de construção a serem executados.
As características relativas de diferentes sistemas de fundações também são
delineados em termos de design, construtibilidade, sendo necessário uma
cooperação entre todas partes envolvidas para considerar alternativas e
combinações dos sistemas de fundação que mais se adequem a cada situação.

Dentre alguns tipos de fundações tem se:


● Tubulão a ar comprimido;

● Caixão;

● Estaca pré-moldada;

● Estaca tipo frank.

Seleção do Sistema de Fundação

Segundo Hawkswood e Allsop (2009), a escolha do tipo de fundação está


diretamente associada a:

● Condições de saúde e segurança de trabalho submerso;

● Custo das instalações marítimas e viabilidade, construção, velocidade,


gerenciamento de riscos e custos totais;

● Condições marítimas, correntes, ondas, profundidade, amplitude de marés,


transporte de sedimentos, visibilidade, restrições ambientais, obstruções,
localização e modelagem da bacia.

● Vulnerabilidade da estrutura ao assentamento;

● Estratificação das camadas do leito marinho;

● Impactos ambientais;

● Disponibilidade dos materiais e durabilidade;

● Grau de recorrência da construção;

● Sismicidade e demais ações dinâmicas;

● Acurácia de instalação requerida.

Uma vez que a lâmina d’água pode chegar de 40 m a 60 m, é indicado o uso de


fundações profundas em que não haja limitações com o lençol freático e possam
resistir a esforços horizontais e ações dinâmicas.

Ações na Fundação

Segundo Hawkswood e Allsop (2009), às construções marítimas estão tipicamente


submetidas a cargas verticais permanentes e excepcionais, a dinâmica e impacto
das ondas (+ve;-ve), pressões internas e de elevação acionadas pelas ondas,
pressões da água, maré, abalos sísmicos, pressões da terra e cargas de vento.
Figura 4 - Cargas resultantes da ação da água. Fonte: Hawkswood e Allsop (2009)H

As fundações precisam ser projetadas para aceitar todas as cargas realistas


transmitidas pelos elementos pré-moldados. Geralmente, isso pode exigir um design
para:

● Pressões do rolamento;

● Capotagem;

● Falha no círculo deslizante e deslizante, quando apropriado

● Assentamento (geral ou relativa), deflexão de curto ou longo prazo

● Proteção contra desgaste -

● Efeitos sísmicos e outros dinâmicos (incluindo efeitos de cargas impulsivas)

● Pressões de sucção (de estratos impermeáveis devido a cargas sísmicas /


impulsivas).

● Falha no filtro, tubulação, lavagem ou sufusão (migração finos).

Às fundações descritas a seguir seguem de acordo às especificações da norma


121/2009 do DNIT.

TUBULÕES

A execução de fundações de tubulões é favorecida em obras que apresentam


cargas muito elevadas, áreas com dificuldade de aplicação de técnicas de fundação
mais mecanizadas e regiões afastadas dos grandes centros urbanos.
Faz-se a sondagem do terreno e, se o solo encontrado for argiloso, a execução de
tubulões está liberada, pois o solo argiloso é o mais apropriado para uma
fundação de tubulão, impossibilitando o risco de desmoronamento.

O concreto utilizado para fundações com tubulões também não exige especificações
mais severas. Em geral, pode ser utilizado um concreto de 20 MPa , com pedra 2,
tanto para o fuste quanto para a base. Já para o encamisamento, os anéis de
concreto cuja espessura de parede varia normalmente entre 6 e 10 cm devem ser
produzidos com pedra número 1 ou pedrisco. A camisa metálica exige tubos de aço
com até 1 cm de espessura de parede.

O método de tubulão com ar comprimido é recomendado para solos com presença


de lençol freático sem possibilidade de esgotamento, devido ao risco de
desmoronamento das paredes do fuste. Para isso, é necessário encamisar a
estrutura do fuste com tubos de aço ou anéis de concreto, e alcançar o solo
apropriado para fazer a base do tubulão.

A camisa representa uma segurança ao operário durante a descida manual em um


solo ruim e serve como apoio para a campânula (câmera), equipamento de
compressão e descompressão de ar que possibilita a atuação do parceiro abaixo do
nível da água .

Figura 5 - Tubulão de ar comprimido. Fonte: Slide Apoios das Pontes - Valentina Carreira

As dificuldades durante a execução de tubulões de ar comprimido estão


relacionadas à segurança dos operários durante a compressão e descompressão da
campânula. Por esse motivo, esse tipo de fundação vem sendo adotado apenas
para construção de pontes, viadutos e obras com grandes carregamentos. É
necessário estar atento aos procedimentos de entrada e saída de ar do
equipamento. Inspecionar os registros , os compressores e as mangueiras também
são uma medida de segurança.

Além de riscos à saúde do poceiro, o uso da campânula, da camisa e de todos os


aparatos de segurança torna a fundação com tubulões a ar comprimido um sistema
oneroso: pode ser cinco vezes mais caro do que fundações executadas a céu
aberto.

ESTACAS DE MADEIRA

O emprego de estacas de madeira é desaconselhável em fundações de pontes e


viadutos rodoviários, ficando as mesmas limitadas às fundações de escoramentos e
de pontes de serviços. Somente quando indicado em projeto e forem encontradas
condições satisfatórias sobre a conveniência de tal medida, podem ser empregadas
nas fundações de pontes e viadutos rodoviários. Neste caso, em fundações
definitivas, devem ter seus topos e cota de arrasamento abaixo do nível d'água
permanente, sendo a exigência dispensada em obras provisórias. As emendas
devem ser evitadas, bem como a sua cravação em terrenos com matacões.

ESTACAS DE AÇO

Podem ser constituídos por perfis laminados ou soldados, simples ou múltiplos,


tubos de chapas dobradas, tubos sem costura e trilhos. As emendas devem
oferecer a maior resistência possível e executadas de acordo com os detalhamentos
do projeto executivo. Devem ser praticamente retilíneas e resistir à corrosão, pela
natureza do aço ou por tratamento adequado, relacionado com o solo a atravessar.
Havendo segmento exposto ou cravado em aterro com materiais capazes de atacar
o aço, deve-se proteger com um encamisamento de concreto, pintura, proteção
catódica etc. As estacas tubulares de aço, geralmente constituídas de chapas
calandradas e soldadas, segundo a geratriz do cilindro, devem apresentar, de
preferência, extremidade inferior fechada. O concreto utilizado deve apresentar
resistência característica mínima de 12 MPa (120 kgf/cm²), armado ou não,
conforme indicado no projeto. As estacas metálicas constituídas por trilhos devem
ter seu emprego evitado. No caso de se utilizar, somente, são recomendáveis às
compostas por três trilhos soldados pelos patins. A carga admissível deve ser
considerada com uma redução de 25% em relação às estacas de seção
equivalente, compostas de perfis metálicos.

Figura 6 - Cravação de Estaca Metálica. Fonte: embrafe.com.br

ESTACAS PRÉ-MOLDADAS DE CONCRETO

As estacas pré-moldadas podem ser executadas em concreto armado vibrado,


concreto armado centrifugado ou concreto protendido e devem ter suas formas e
dimensões indicadas no projeto. As de concreto vibrado podem ser executadas no
próprio canteiro de serviço e sua fabricação deve ser feita por lotes, em áreas
protegidas das intempéries. Para fins do controle da qualidade, cada estaca deve
ser identificada pelo número do lote e data de concretagem. Todas as estacas de
um lote devem ser de um mesmo tipo.

O concreto de cada estaca deve ser lançado na fôrma, de madeira contínua,


revestida com folha metálica ou de perfil metálico, e convenientemente vibrado.
Cuidados especiais devem ser tomados para não deslocar a armadura, mantendo o
cobrimento igual ou superior a 3 cm, para obter o acabamento da face superior tão
perfeito quanto o das demais. As fôrmas devem estar em posição horizontal e sobre
plataforma indeformável, nivelada e drenada. As fôrmas laterais podem ser retiradas
24h após a concretagem, estando as estacas apoiadas em todo o comprimento, no
mínimo, pelos primeiros sete dias. As estacas devem ser empilhadas separadas
umas das outras por calços de madeira, continuando o período da cura. O sistema
adotado para transporte, armazenamento e colocação na posição de cravação nas
guias dos bate-estacas, deve impedir qualquer fratura ou estilhaçamento do
concreto.

Figura 7 - Esquema ilustrativo Estaca pré-moldada. Fonte: basicicilengineering.com

A suspensão das estacas, o apoio quando colocadas horizontalmente e o transporte


para o bate-estacas merecem cuidados especiais do executante, como providenciar
a substituição das estacas eventualmente danificadas por outras em perfeitas
condições de utilização, sem ônus adicional para o contratante.

ESTACAS DE CONCRETOS MOLDADAS NO LOCAL

A execução de estacas moldadas no local deve ser cuidadosamente acompanhada


pelo executante e pela fiscalização, impondo-se a realização de provas de carga
sob orientação do projetista, para confirmação dos elementos do projeto. As estacas
de concreto moldadas no local devem ser executadas nas posições previstas no
projeto com o auxílio de um tubo cravado até a cota exigida, o qual deve ser retirado
gradualmente à medida que se procede ao enchimento com concreto apiloado ou
comprimido. A ponta do tubo deve ser mergulhada no concreto em, no mínimo, 30
cm. Incluem-se, ainda, as estacas com fuste pré-moldado, cravadas nos bulbos com
o concreto ainda fresco, antes da retirada do tubo e, também, as estacas tubadas
cravadas nas suas posições definitivas, com o auxílio de tubos metálicos, não
recuperáveis e preenchidos com concreto.

A recuperação das camisas metálicas só pode ser realizada, quando a natureza do


solo permitir e contar com auxílio de mão-de-obra especializada. Caso contrário, o
revestimento deve permanecer definitivamente no solo, incorporado à estaca, que
passará a ser estaca tubada. Caso prevista a execução de uma base alargada
(bulbo) de concreto, deve ser executada antes do início da retirada do tubo. Sendo o
tubo recuperável ou não, a extremidade inferior da estaca deve ser aberta e a
descida conseguida por:

• fechamento da ponta por meio de uma rolha e descida do tubo por cravação;

• ponta do tubo aberta, para retirada do material terroso do seu interior por meio de
equipamento especial e descida do tubo pelo próprio peso ou por ação de uma
pequena força externa.

Ao ser cravado o tubo, recuperável ou não, no caso de sair a rolha e o tubo ser
invadido por água, lodo ou outro material, devem os mesmos ser expulsos por meio
de uma nova rolha mais compactada, ou então o tubo deve ser arrancado e cravado
novamente no mesmo local, enchendo-se o furo com areia. Antes do lançamento do
concreto, feito sem interrupção em toda a extensão da estaca, a fiscalização deve
comprovar se o interior do tubo está seco e limpo, examinando o martelo de
cravação do tubo.

No caso de estacas tubadas, o lançamento de concreto em qualquer delas somente


pode ser feito depois de cravados todos os tubos até a sua posição definitiva, num
raio de 1,50 m a partir da estaca considerada. Quando concretada uma estaca
tubada, nenhuma outra pode ser cravada a menos de 4,50 m de distância, em
qualquer direção, salvo se já tiver sido lançado o concreto há mais de 7 dias.

O lançamento do concreto dentro do tubo deve ser feito em camadas de, no


máximo, 50 cm de espessura, e somente após a colocação da armadura da estaca.
Cada camada deve ser vibrada ou fortemente compactada, antes da concretagem
da camada seguinte, procedendo-se ao lançamento ininterrupto, desde a ponta até
a cabeça da estaca, sem segregação dos materiais. O concreto empregado nas
estacas moldadas no local deve ter resistência característica mínima de 16 MPa
(160 kgf/cm²).

Os tubos podem ser soldados, caso necessário executar acréscimos, preservando a


estanqueidade do tubo para não haver penetração de água ou outro material. Os
tubos devem ser soldados de topo, em toda seção transversal, com emprego de
solda elétrica.
ESTACAS INJETADAS DE PEQUENO DIÂMETRO

As estacas injetadas de pequeno diâmetro, até 20 cm, conhecidas como


“estacas-raíz”, “microestacas” e “presso estacas”, são escavadas e concretadas no
local e utilizadas em pontes e viadutos rodoviários, principalmente, para reforço de
fundação. A escavação deve ser feita através de perfuração com equipamento
mecânico até a cota indicada no projeto, com uso ou não de lama bentonítica e
revestimento total ou parcial. Em seguida, deve ser feita a limpeza do furo e a
injeção de produtos aglutinantes sob pressão, em uma ou mais etapas, com
introdução de armadura adicional. O consumo de cimento caldado ou argamassa
deve ser, no mínimo, de 350 kg/m³ de material injetado.

Figura 8 - Concreto injetado para execução de estaca. Fonte: mapadaobra.com.br

ESTACAS MISTAS

São constituídas pela associação de dois tipos de estacas já considerados e não


deve ser permitida a associação de mais de dois tipos. Destinam-se a aterros
particularmente difíceis ou fundações com problemas especiais.

Figura 9 - Tubulão de ar comprimido + Estacas metálicas. Fonte: Slide Apoios das Pontes - Valentina
Carreira
DISCUSSÕES

O projeto da ponte que ligará Salvador à ilha de Itaparica teve como base três
alternativas de projetos, ambos com a extensão total em torno de 12 mil
quilômetros, variando a extensão do vão principal e disposição. A primeira
alternativa consiste numa ponte estaiada de vão principal de 550 m, a segunda
numa ponte estaiada de vão principal 600 m e a terceira numa ponte Pênsil de vão
principal de 750 m.

Figura 10 - Alternativa 1, 2 e 3 de projetos

Fonte: Memorial Descritivo, Governo do Estado da Bahia

Diante das soluções apresentadas, para o caso da ponte Salvador-Ilha de Itaparica,


é necessário analisar as fundações para às três partes do projeto, sendo dividida
entre a parte de salvador, a parte submersa e a parte na ilha de itaparica.

Para o caso de fundações submersas, que serão parte da estrutura dos vãos
principais, é necessário um sistema de fundações capaz de suportar esforços
horizontais, com grande capacidade de carga e que seja possível realizar o
assentamento em grandes profundidades. De acordo com os estudos geotécnicas
da região da Baía de Todos os Santos, o solo rochoso situa-se entre 40 a 60m de
profundidade, o que requer que para uma fundação cravada em rocha seja possível
um comprimento e concretagem maior que 40m.

Dito isso, recomenda-se para a região submersa fundações de estacas escavadas,


tubulões e estacas do tipo frankie que possuem maior resistência característica e
podem suportar a agressividade do meio. Deve-se haver um cuidado com tubulões
quanto à segurança e risco envolvidos na operação, uma vez que para execução da
compressão do ar há grande periculosidade para o trabalhador em grandes
profundidades.

Nas demais extensões da ponte que não estará submersa pode-se considerar os
demais tipos de estaca, como a estaca metálica, pré moldadas, tubulões,
microestacas e inclusive fundações superficiais, a depender do trecho.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A escolha do tipo de fundação requer a análise de diversos fatores, sobretudo no


custo da operação, segurança, prazo e disponibilidade de materiais. No caso da
ponte que conectará Salvador a Ilha de Itaparica os principais fatores que pautam a
decisão são a agressividade do meio que infere na durabilidade da ponte e os
esforços os quais a estrutura estará submetida, destacando-se os esforços
horizontais oriundos da ação dos ventos e movimentação de marés e ondas.

No projeto final da ponte Salvador-Itaparica foi escolhido o emprego de estacas


metálicas no trecho em solo, com posterior escavação pelo seu interior, com a
finalidade de se atingir o topo rochoso e essa decisão foi pautada principalmente
nos requisitos de durabilidade do projeto e preconizados em norma para ambientes
de agressividade marinha.

REFERÊNCIAS
DOMINGUEZ, J. M. L.; BITTENCOURT, A. C. S. P. Geologia. In: HATJE, V.;
ANDRADE, J. B. (Org.). Baía de Todos os Santos. Aspectos Oceanográficos.
Salvador: EDUFBA, 2009.

LESSA, G.; DIAS, K. Distribuição espacial das litofácies de funda da Baía de Todos
os Santos. Quat. Environ. Geosci., v. 1, 2009.
CARREIRA, Valentina Gentil. Apoios das pontes. - ppt carregar, 2018.
<https://slideplayer.com.br/slide/12081376/> Acesso em: 09 de abril de 2020.
Concretagem submersa exige soluções adequadas, 2016.
<https://www.mapadaobra.com.br/negocios/concretagem-submersa-exige-solucoes-
adequadas/> Acesso em: 09 de abril de 2020.

DEPARTAMENTO NACIONAL DE INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES.


NORMA DNIT 121: Pontes e viadutos rodoviários – Fundações Especificação de
serviço. Espírito Santo.

Governo do Estado da Bahia. Projeto Básico de Engenharia Ponte sobre a Baía de


Todos os Santos. Volume 2 - Memorial Descritivo e Projeto da Ponte. 2015.
<http://www.pontesalvadorilhadeitaparica.ba.gov.br/wp-content/uploads/ESTUDOS/P
ROJETO-DE-ENGENHARIA/01-Ponte/B-PRO-000-CD-13121-EN-RB-Ponte-MD.pdf
> Acesso em: 08 de abril de 2020.

Governo do Estado da Bahia. SERVIÇOS DE LEVANTAMENTO


SISMOBATIMÉTRICO E SONOGRÁFICO NA ÁREA DO FUTURO PROJETO DA
PONTE ENTRE SALVADOR E A ILHA DE ITAPARICA BAIA DE TODOS OS
SANTOS – BA RELATÓRIO N 02/15
<http://www.pontesalvadorilhadeitaparica.ba.gov.br/wp-content/uploads/ESTUDOS/
Hidraulica_Maritma/Batimetria-e-Sismica/RELATORIO_COPPE-Microars_02-2015.p
df> Acesso em: 08 de abril de 2020.

Governo do Estado da Bahia. CADERNO DE ESPECIFICAÇÕES TÉCNICAS


VOLUME 1 – ESPECIFICAÇÕES DOS MATERIAIS E SERVIÇOS, 2015.
<http://www.pontesalvadorilhadeitaparica.ba.gov.br/wp-content/uploads/ESTUDOS/P
ROJETO-DE-ENGENHARIA/09-Especificacoes-Tecnicas/B-PRO-000-CD-14111-EN-
RB-Especificacao.pdf> Acesso em: 09 de abril de 2020.

Fundações Pontes Submersas - Fundações.


<https://www.passeidireto.com/arquivo/53349553/fundacoes-pontes-submersas>
Acesso em: 08 de abril de 2020.

HAWKSWOOD, Martin; ALSOP, N. W. H. Foundations to precast marine structures.


Institution of Civil Engineers, Coasts, Marine Structures and Breakwaters.
Edinburgh, p. 16-18, 2009.

Você também pode gostar