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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

CENTRO DE TECNOLOGIA E GEOCIÊNCIAS


DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL

PROJETO DE BARRAGENS

Grupo: Glauber Kayron

Guilherme Borba

Hercules Negreiros

Héris Leonel

Petrônio Vaz

Tulio Henrique

Professor: Washington Amorim

Agosto/2015
Sumario
1.introdução
2.tipos de barragem
2.1.barragem de terra
2.2.função da barragem de terra
2.3.corpo da barragem
2.4.tipos de barragem de terra
2.4.1.barragem de terra homogênea
2.4.2.barragem de terra zoneada
2.4.3.barragem de terra com núcleo central ou enrocamento
2.5.fundação da barragem
3.fatores que influenciam na escolha do tipo e do local da barragem
3.1.fatores que influenciam na escolha do local
3.2.fatores que influenciam na escolha do tipo
4.metodologia
4.1.levantaento topográfico
4.2.estudos hidrológicos
4.3.estudos geológicos/geotécnicos
4.3.1.aspectos geológicos da área de estudo
5.dimensionamento
5.1.dados do projeto
5.2.informações do projeto
5.3.memorial de calculo
5.3.1.dados do maciço
5.3.2.folga
5.3.2.1.folga mínima devido a ação dos ventos e ondas
5.3.2.2.folga devido à amortização de cheias-TR 1000 anos- cheia
milenar
5.3.2.3.folga de previsão de recalque
5.4.altura total da barragem
5.5.cálculo da largura do coroamento
6.estabilidade do talude
7. rede de percolação
8.dimensionamento do sistema de drenagem interna
8.1.filtro vertical
8.2.filtro horizontal
8.3.dreno de pé
9.instrumentação
10.anexo
1. Introdução

O presente relatório, realizado pela equipe 4 do período letivo de


2015.1, descreve a metodologia e os procedimentos utilizados no projeto de
dimensionamento de uma “barragem de terra” homogênea da disciplina de
Barragens, atendendo os requisitos impostos no edital.
O trabalho abrange o detalhamento das metodologias utilizadas para
o dimensionamento, e tem como objetivo a regularização da vazão de um
corpo d’água pré-estabelecido, visando satisfazer os princípios de
economicidade e racionalização dos recursos naturais existentes, bem como
os aspectos relativos à segurança e funcionalidade da obra.
Para tanto, determinou-se uma geometria da barragem que não incorra
em instabilidade de seus taludes, nem demais problemas técnicos, tais
como: transbordamento (over to piping), vazamentos no maciço ou defeitos
nas fundações.
Foram fornecidos dados relacionados ao local escolhido para o
boqueirão, estudos iniciais da região, características do material a ser
utilizados no maciço e os dados complementares para que seja possível a
execução da barragem.
2. Tipos de Barragem

Os tipos de barragem podem ser divididos em convencionais e não


convencionais. Nas barragens convencionais podemos citar: barragem de
concreto, de terra, de enrocamento e mista. Nas não convencionais
podemos dar como exemplo: as de Gabião, de madeira e alvenaria de
pedra.

Iremos nos focar apenas na barragem de terra, por ser o tema do


nosso estudo.

2.1. Barragem de terra

Barragem é um elemento estrutural construído transversalmente à


direção de escoamento de um curso d’água, destinado à criação de um
reservatório artificial de acumulação de água.
As barragens de terra constituem uma das mais antigas realizações
humanas. São consideradas barragens de terra aquelas em que a estrutura é
fundamentalmente constituída por solo ou enrocamento. O solo é utilizado
como material de construção neste tipo de obras, sendo extraído de área
próxima da implantação da barragem.
As barragens de terra são construídas por meio da compactação do
solo, podendo ser homogêneas, quando o solo está disponível em volume
na jazida (e é de boa qualidade – baixa permeabilidade), zoneadas, quando
não há solo de boa qualidade disponível em volume, ou enrocamento (com
núcleo de concreto ou solo argiloso).
Este tipo de barragem, sob o ponto de vista ambiental, é a menos
agressiva e pode ser construída sobre fundações de baixa resistência,
deformáveis. Além disso, é relativamente barata, não exigindo pessoal
especializado, quando comparado com a equipe que executa uma barragem
de concreto. Apesar de ser mais econômica e viável em relação aos
materiais, a construção desse tipo de barragem pode ser afetada pelas
condições climáticas (execução de aterro paralisada em período chuvoso).

Barragem de terra

2.2. Função da Barragem de terra

Uma barragem tem como principais objetivos permitir a retenção de


água, obtenção de energia elétrica, controle de cheias e regularização de
vazões, abastecimento doméstico e industrial de água, irrigação, bebedouro
de animais, recreação, criação de peixes, navegação com eclusas, etc. e,
dependendo da localização da barragem, ela pode se tornar um ponto
turístico para a cidade ou município ao qual está inserida.
2.3. Corpo da Barragem

O corpo da barragem de terra pode ser homogêneo, no qual é


composto de uma única espécie de material, excluindo-se a proteção dos
taludes. Nesse caso, o material da jazida deve ser suficientemente
impermeável, quando compactado na umidade ótima obter permeabilidade
em torno de 10‾⁷, e os taludes da ordem de 1:3.
O corpo da barragem também pode ser zoneado, onde esse tipo é
representado por um núcleo central impermeável, geralmente constituído
por material argiloso, de baixa permeabilidade, envolvido por zonas de
materiais mais permeáveis que suportam e protegem o núcleo. As zonas
permeáveis consistem de areia, cascalho ou fragmentos de rocha, ou uma
mistura desses materiais.
O solo é o material mais nobre de uma barragem de terra e deve ser
coletado em uma jazida à montante da barragem, para assim evitar custos
com a recuperação de áreas degradadas e evitar o bota-fora da primeira
camada de solo da jazida.

2.4. Tipos de Barragem de terra

2.4.1. Barragem de terra homogênea


As barragens de corpo homogêneo são constituídas, totalmente, com
material (SC ou CL) considerado impermeável depois de compactado. São
apropriadas para locais que dispõem de boas condições de clima para
construção e disponibilidade de material impermeável para o corpo da
barragem. Também é viável para a existência de uma fundação flexível, de
solo, argila ou areia.

2.4.2. Barragem de terra Zoneada


As barragens zoneadas são aquelas em que parte do maciço é
construída com solo adequado (argiloso - CH) e outra parte por material
permeável (areia ou pedregulho). Assim, elas são recomendadas para serem
construídas em locais que não dispõem de solo de boa qualidade para
compor o maciço, em quantidades suficientes para a construção de todo o
corpo da barragem.

2.4.3. Barragem de terra com núcleo central ou enrocamento

A barragem de enrocamento é realizada do posicionamento de rochas


antes e depois de um núcleo argiloso impermeável (CL ou CH).
Esse tipo de barragem deve ser lançado sobre uma camada filtrante de
apoio de no mínimo 30 cm de espessura de material bem graduado, se o
material utilizado no enrocamento não apresentar granulometria que evite o
“piping”, carreamento dos finos.

2.5. Fundação da Barragem

A fundação da barragem pode ser em rocha ou em uma base flexível


de solo permeável ou impermeável. Quando em rocha, geralmente não há
problemas em relação à resistência. Já em função das perdas de água, que
podem causar erosões perigosas, há possibilidade de a rocha estar pouco a
muito fissurada, recorrendo-se a tratamentos de impermeabilização.
No caso de fundações em solos permeáveis, existe a possibilidade de
perdas excessivas de água e risco de rotura por “piping”.
Para evitar os problemas citados, é necessário estudar soluções desde
a utilização de cortinas de contenção e impermeabilização no
prolongamento do eixo longitudinal da barragem, tapetes filtrantes entre a
fundação e a base de assentamento do corpo da barragem, ou até mesmo a
execução de drenos em brita e areia em toda a zona da fundação do corpo
da barragem combinados com tapetes impermeáveis constituídos por
materiais argilosos que se estendem, por vezes, várias dezenas de metros
para montante.
Fundações em solos impermeáveis são fundações constituídas por
solos finos, suficientemente impermeáveis para ter que considerar qualquer
tratamento relativo à percolação ou a rotura por piping. Como já foi dito
anteriormente, os principais problemas em uma fundação referem-se à
estabilidade, à rotura por cisalhamento e a possibilidade de assentamentos
excessivos.
3. Fatores que influenciam na escolha do tipo e do
local da barragem

Para se escolher o tipo da barragem, é necessário um estudo


multidisciplinar, no qual vários fatores influenciam nessa decisão. Podemos
assim dizer que o estudo para escolha do tipo da barragem está em função
de:

3.1. Fatores que influenciam na escolha do local

.Fator político/finalidade.
-Sem energia elétrica não há crescimento (fator político);
-Se é para irrigação deve situar-se o mais próximo possível da área a
irrigar (finalidade);
-Se é para a produção de energia elétrica deve situar-se junto à queda
d’água (finalidade);
-Se para turismo deve estar próximo ao centro urbano (finalidade).

.fator econômico.
-Garantia de aplicação de melhor retorno e de maior segurança,
análise custo/benefício;
-Evitar local que conduza a maior desapropriação, inundação de
cidades, zonas com muitas benfeitorias, estradas, ferrovias, linhas de
transmissão, etc.

.Fator social
-Remoção de cidades a serem inundadas, mudanças de populações
rurais;
-Urgência devido a calamidades: inundações, secas, etc.;
-Promover fixação de populações, empregos.

.Fator hidrológico
-Vazão do rio x volume do reservatório (melhor aproveitamento do rio
principal e afluentes).

.Fator topográfico
-Boqueirão, evitar pontos de fuga, localização do vertedouro,
capacidade do reservatório.

.Fator Geológico/Geotécnico.
-Evitar falhas, zonas muito intemperizadas, espessos depósitos
aluvionares, instabilidades dos taludes na bacia;
-Proximidade dos materiais a serem empregados na obra.

.Fator cultural e impacto ambiental


-Preservação de sítios históricos;
-Impacto ambiental da obra: mudança no microclima, no sistema de
água do subsolo, inundação de florestas, ambientes onde vivem animais em
perigo de extinção, grande espelho d’água: evaporação e insetos.

3.2. fatores que influenciam na escolha do tipo

.Fator topográfico.
-Boqueirão estreito (barragem de concreto);
-Boqueirão aberto (barragem de terra).
.Fator Geológico/Geotécnico.
-Fundação em rocha (barragem de concreto);
-Fundação em solo (barragem de terra);
-Localização propícia para vertedouro e casa de máquinas.

.Disponibilidade de materiais.
-Existência de solos argilosos (barragem de terra);
-Utilização do material da escavação no maciço.

.Clima.
-Local com pluviometria elevada dificulta a execução de barragem de
terra;

.Disponibilidade de equipamento e mão-de-obra.


-Barragem de terra exigem mão-de-obra menos especializada.
4.metodologia

4.1. Levantamento topográfico.

Analisa as características geográficas e topográficas do curso a ser


estudado. A função desse levantamento é a de preparar plantas topográficas
que permitam verificar as secções transversais mais favoráveis, calcular a
área de inundação das secções escolhidas e obter o perfil longitudinal do
curso d’água e o comprimento do coroamento da barragem.
O método mais moderno para a obtenção de mapas topográficos é o
uso da aerofotogrametria, com o levantamento de mapas por meio de
fotografias aéreas e de pontos de controle altimétrico de campo.

4.2. Estudos Hidrológicos.

Trata-se da obtenção direta de valores de vazão através de leituras


diárias, que permitem calcular as vazões médias, diárias, mensais e anuais.
Lembrando que a potência de uma barragem é função da vazão do curso na
secção da barragem e do seu desnível, pode-se perceber a importância dos
cálculos de vazão.

4.3. Estudo Geológico/Geotécnico.


Os trabalhos realizados na área de geologia incluem, mapeamento
geológico da área, estudo da rocha da fundação, estudo dos materiais de
construção.
4.3.1 aspectos geológicos da área de estudo.
A região em estudo é constituída por rochas cristalofilianas do Pré –
Cambriano, onde se destacam duas metamórficas (gnaisse e micaxisto) e
uma ígnea (granito).
Os metamórficos têm a direção variando de NE – SW para NS, com
mergulhos respectivamente para NW e W. Recobrindo essas rochas, nas
partes de baixada, são encontradas sedimentos aluvionares, arenosos, com
espessura media de 1,6 m.
O solo residual proveniente da intemperização química dessas rochas
é pouco espesso, apresentando uma espessura máxima de 0,3 metros. Não
são encontrados talus nas encostas e as coluviões assumem quantidades
reduzidas, as quais se confundem com os próprios aluviões.
As rochas metamórficas encontram-se alteradas logo abaixo do solo
residual, principalmente o micaxisto, revelando uma baixa recuperação nas
sondagens rotativas, nos trechos mais superiores. Já o granito, apresenta-se
praticamente abaixo do solo residual, embora mais fraturado.
Observa-se, pelos estereogramas polares, que todas as rochas locais
se acham muito fraturadas, sendo presentes, nos metamórficas, dois
sistemas de fraturas de cisalhamento e um sistema de fraturas de tração. No
granito pode ser visualizado, através de estereogramas polar, apenas um
sistema de cisalhamento e um de tração.
5.dimensionamento

5.1. Dados do projeto.

Tabela 1(dados do projeto)


Tabela 2 (Características do material do maciço.)

Além destes dados ainda serão considerados:


- Curva: altura do maciço x volume do maciço

-Curva: vazão regularizada x volume armazenado

-Curva: Profundidade x Volume armazenado

-Perfil e planta do boqueirão

5.2.Informação do projeto

-Aluvião

Considerando que a espessura da camada de aluvião é relativamente


pequena, possuindo uma baixa resistência e elevada permeabilidade, optou-
se por fazer a limpeza do terreno retirando vegetação, pedras superficiais e
removendo a camada de espessura de 1,6m de aluvião arenosos e também
dos 0,3m de solo residual. Visando viabilidade e eficiência no projeto, esse
material aluvionar será utilizado como material para a execução do filtro da
barragem.

-fundação
Quanto ao tratamento que deve ser dado à fundação, para a rocha
fissurada, prossegue-se com limpeza da rocha sã, retirando tudo o que a
cobre.
Em toda a fundação, normalmente, se faz a limpeza cuidadosa e o
programa de injeções todos de uma só vez, antes de iniciar os trabalhos de
compactação.

-corpo do maciço

Com os dados da tabela 2 e o auxílio do Bureau of Reclamation


(tabela 3), encontramos, para o solo SC, um índice de vazios
correspondente a 0,48.
Com esses valores podemos calcular a porosidade do solo, o peso
específico dos grãos, o peso específico de compactação e o peso específico
saturado.

Peso específico de compactação (γcomp):


γcomp = γsec (1+ hótima)
γcomp = 1,6 x (1 + 0,11)
γcomp = 1,776 kN/m3
peso específico saturado (γsat):
γSat = γseco + n* γágua

onde n (porosidade) é:

ε
n=
( 1+ ε )
0,48
n=
( 1+0,48 )
n=0,324

5.3. Memorial de cálculo

5.3.1. dados do maciço:

-Vazão regularizada: Q = 167,00 l/s;


-Volume armazenado: V = 7.500.000,00 m³; (definido através do gráfico de
vazão regularizada versus volume armazenado, para suprir a demanda de
167,00 l/s);
-Profundidade da lâmina d’água a ser armazenada: P = 14,40 m; (através do
gráfico profundidade x volume armazenado define-se a altura da lamina
d’água da barragem, de acordo com o volume armazenado);
-Fetch do boqueirão: L = 9,2 km.

5.3.2. Folga

“Folga é a distância, medida na vertical, entre o topo do aterro e o


nível das águas no reservatório.” (Virgílio Penalva Esteves, [230]) ou seja a
folga é a altura adicional do coroamento da barragem em relação ao nível
de máxima cheia, devendo ter em conta a sismicidade da zona e também a
amplitude das ondas geradas no lago pela ação do vento.

A importância do cálculo da folga é necessária para impedir que


ocorra o escoamento sobre o coroamento, o que pode causar danos à
estrutura da barragem, além do risco associado às construções a jusante da
barragem.

Para o cálculo da folga consideramos: a ação dos ventos e ondas, à


amortização de cheias e a previsão de recalque.

5.3.2.1.Folga Mínima Devido a Ação dos Ventos e Ondas

A fórmula utilizada:

( )
2
v
f =0,75 × h+
2×g

Onde:
h = altura da onda (m)
v = velocidade de propagação da onda (m/s²);
Gaillard: v=1,5+2 ×h
g = aceleração da gravidade (m/s²)

Determinando a altura da onda (h)

A altura das ondas é determinada a partir do valor do fetch (L) -


“Comprimento máximo do reservatório normal ao eixo da barragem”. A
fórmula de Stevenson para determinação do valor de H é definida por:
L<18 Km h=0,75+0,34 × √ L−0,26 × √4 L

L>18 Km h=0,34 × √ L

Onde:
L = fetch (km)
h = altura de onda (m)
Com isto, temos em nosso caso o valor do fetch de L = 8,8km, logo:

h=0,75+0,34 × √ 9,2−0,26 × √9,2


4

h=1,328 m

Determinando a velocidade da onda (v)

Segundo a expressão de Gaillard:

v=1,5+2 ×h

Onde:

v = velocidade da onda (m/s)

h = altura da onda (m)

v=1,5+2 ×1,328

m
v=4,16
s

Então, podemos encontrar a folga mínima:

( )
2
4,16
f =0,75 ×1,31+
2× 9,81
f =1,88 m
5.3.2.2.Folga Devido à Amortização de Cheias – TR 1000
anos – Cheia Milenar

A folga devido a segurança de cheias com tempo de retorno de 1.000


anos é definida a partir do valor da vazão máxima apresentada no
histograma do boqueirão I na curva referente ao TR 1000 ANOS (em
anexo). Sendo assim a vazão de pico referente ao TR =1000 anos é QPICO =
520 m³/s.

O valor da folga é definido a partir da fórmula abaixo e da definição


da altura da lâmina d'água do vertedouro.

Q=4,43 × μ × L × √ hs
3

Onde:
hs = altura máxima da lamina d´água (m)
Q = vazão máxima de cheia para Tr = 1000 anos (m³/s)
μ = coeficiente de descarga
L = largura do vertedouro

O valor admitido para a largura do vertedouro (L) foi de L = 100m o


que forneceu uma altura de lâmina de hs

OBS: O resultado ficou dentro de uma faixa aceitável que varia de 1,5 m a
2,5 m.

5.3.2.3.Folga de Previsão de Recalque

O material do maciço sofre recalque ao adensar o que nos obriga a


admitir uma folga adicional. Em barragens de terra é comum se admitir um
recalque médio de 1% a 1,5% da altura total do maciço.
Foi considerado um recalque de 1,5% da altura total da barragem.
Sendo assim temos:

f rec=1,5 % × H 0

Onde:

H 0=H a+ Eal + E R + R

frec = folga de previsão de recalque


Onde,
Ha = altura de acumulação
Eal = espessura do aluvião
Ere = espessura do solo residual
R = f + hs; (Revanche)

1,5
f rec=( )× ( 14,4+1,88+1,77+ 1,6 )
100

f rec=0,29 m

5.4.ALTURA TOTAL DA BARRAGEM

Adotando como parâmetro inicial o Hi para poder determinar a


geometria final do maciço:

H i=H 0 + f rec

H i=14,4 +1,88+1,77+0,29+1,6 +0,30

H i=20,24 m

H B =21,00 m, altura total da barragem a ser adotada, em relação ao nível da

rocha.
5.5.CÁLCULO DA LARGURA DO COROAMENTO

O coroamento da barragem corresponde a superfície que delimita o


corpo da barragem na parte superior. A fim de facilitar a execução da
barragem, a largura de coroamento não deve ser inferior a 3 metros. Como
se trata de uma barragem de pequeno porte, seguimos as recomendações de
“Bureau of Reclamation”, temos:

 Coroamento sem circulação de veículos

HB
b= +3
5

Onde:

b = largura de coroamento da barragem (m)

HB = altura da barragem (m)

Logo,

21,00
b= +3
5

b=7,20 m

Sendo assim no projeto foi adotado uma largura de b=10,0m para o


coroamento da barragem. A fim de facilitar a drenagem no perfil
transversal, o coroamento terá uma declividade de 2% do eixo para
montante e jusante, evitando a ocorrência de erosões provocadas por águas
da chuva.
Figura 1 - Inclinação do Coroamento

6. Estabilidade do talude.

Utilizamos o software GEOSLOPE/W versão 2012, que adotando os


métodos de cálculos de Morgenstern-Price, para verificação da estabilidade
do talude da barragem em análise. Com ajuda dessa ferramenta obtemos
fatores de segurança em três casos específicos:

 Após construção da barragem (Caso 1);

 Reservatório cheio (Caso 2);


 Esvaziamento rápido (Caso 3);

Caso 1 - Após construção da barragem

Durante a construção de uma barragem de terra, à medida que as


camadas vão sendo colocadas e compactadas, a tensão total a um dado
nível vai aumentando. Esse aumento provoca, simultaneamente, pressões
intersticiais devido à compressibilidade do maciço e ao seu baixo
coeficiente de permeabilidade. Assim, os esforços atuantes são função do
peso de solo e das consequentes pressões neutras induzidas, decorrentes do
tipo de solo, teor de umidade dos solos colocados e do ritmo construtivo.

Como a construção ocorre de forma rápida podemos considerar o


ensaio triaxial UU na análise de estabilidade, ou seja, não drenado e não
adensado:
Dados c φ (º)
(Kg/cm²)
Maciço – jusante 0,17 21
Maciço –montante 0,17 21

Tabela 1 - Dados para o Caso 1

Foi obtido um coeficiente de segurança de 1,82 no paramento de


montante e de 1,62 no paramento de jusante, sendo estes superiores ao
coeficiente mínimo exigido, que é de 1,50.

Caso 2 - Reservatório Cheio

Durante o primeiro enchimento do reservatório, estabelecem-se


fluxos de percolação, constituindo progressivamente uma rede de fluxo
permanente. Uma vez que a água percola de montante para jusante, a
pressão de percolação é favorável à estabilidade do talude de montante e
desfavorável à do talude de jusante. Procedeu-se analisando o talude de
jusante e montante, ainda que o talude de montante seja extremamente
favorecido por esta situação, recebendo o efeito da pressão de água do
reservatório.

Para esta situação crítica considerou-se o ensaio triaxial CU.

Dados c φ (º)
(Kg/cm²)
Maciço – jusante 0,14 26
Maciço – montante 0,14 26

Tabela 2 - Dados para o Caso 2

Foi obtido um coeficiente de segurança de 2,17 no paramento de


montante e de 1,71 no paramento de jusante, sendo estes superiores ao
coeficiente mínimo exigido, que é de 1,50.

Caso 3 - Esvaziamento rápido

O esvaziamento rápido do reservatório corresponde a um


rebaixamento rápido do nível de água do reservatório, provocando uma
situação crítica para o maciço de montante da barragem. Utilizamos os
mesmos parâmetros de resistência do ensaio triaxial CU para a realização
da análise desta hipótese (Adensada e não drenada).
Dados c φ (º)
(Kg/cm²)
Maciço – jusante 0,14 26
Maciço – montante 0,14 26

Tabela 3 - Dados para o Caso 3

Foi obtido um coeficiente de segurança de 1,93 no paramento de


montante e de 1,73 no paramento de jusante, sendo estes superiores ao
coeficiente mínimo exigido, que é de 1,50.

*O memorial de cálculo dos fatores de segurança seguem no anexo.

7. Rede de percolação

Após a definição das dimensões finais da barragem, traçamos a rede


de percolação a ser desenvolvida no maciço da barragem composto de areia
argilosa (SC) e para os filtros consideramos os parâmetros de uma areia
mal graduada (SP), na situação de reservatório cheio, para tal foi utilizado
o artifício de “Samsioe”, que consiste no cálculo de um coeficiente que,
multiplicado pelas dimensões horizontais da barragem tem-se a geometria
apropriada para o traçado da rede de percolação, tornando uniforme os
coeficientes de permeabilidade horizontal e vertical (kh e kv), ou seja, um
meio inicialmente anisotrópico pode ser considerado agora isotrópico, haja
vista a permeabilidade na horizontal na realidade é diferente da vertical.

O cálculo deste coeficiente está demonstrado abaixo:

Aplicando o Artifício de Sansioe


Relação entre as permeabilidades verticais e horizontais do solo
kh( x )
=3,9
kv ( y )

Fator de correção das medidas horizontais

x'= (√ )ky
kx
×x

Geometria Corrigida

Feitas as correções uma nova geometria corrigida em termos da


coordenada x proporciona a geometria para a definição das linhas de
percolação da fundação e do maciço da barragem de terra.

Tabela 4 - Geometria Corrigida


Foram considerados para o projeto os seguintes valores para o nº de linhas de
fluxo e equipotenciais:
Nº de linhas de fluxo (Nf) = 4
Nº de equipotenciais (Nd) = 4

8.Dimensionamento do Sistema de Drenagem


interna

O sistema de drenagem superficial conta com uma sarjeta de seção


trapezoidal no sentido longitudinal com declividade de 1/100 e de canaletas no
sentido transversal a cada 20 metros. Estas valetas estão localizadas na berma
no paramento de jusante, com largura de 2m. Como é recomendada uma
distância mínima de 10 m entre valetas, foi adotada uma valeta na crista da
barragem, uma na meia altura do talude e uma terceira no pé do talude. Nos
contatos do maciço de jusante com os encontros, deve ser feito um canal de
drenagem.
As principais funções dos filtros são:
 Proteger o maciço contra o fenômeno do piping;
 Facilitar a drenagem, possibilitando a redução da força de percolação e
da pressão neutra;
 Selar zonas fissuradas no núcleo ou maciço;
 Dissipação das poropressões devido à compactação.

Como a barragem é de pequeno porte, porém maior que 20m, tomou-se


um filtro inclinado (para reduzir efeitos de deformações diferenciais dos
materiais) de 1m de espessura, um tapete drenante de 3,4m de espessura e
um dreno de pé.
Relativamente ao material constituinte do filtro, este deve ser um material
granular bem graduado para que as forças de percolação desenvolvidas no seu
interior sejam pequenas e se evite o carreamento de partículas do solo através
dele. Ou seja, é necessário reter os finos e possuir alto coeficiente de
permeabilidade para diminuir o gradiente hidráulico.
Partindo-se da definição que a granulometria de um filtro é função da
granulometria do material a ser protegido e ainda possuir autoestabilidade, isto
é, ser filtro de si mesmo, estudos permitiram o estabelecimento de certas
regras e alguns critérios para o seu dimensionamento que devem ser
observados:

D85 ( Filtro ) D15 ( Filtro ) D 15 ( Filtro )


≤ 5 a 40 ≤ 5 a 40 =5 a 40
Aberturamaxima D 85 ( Base ) D 15 ( Base )
deumtubodedescarga

8.1.Filtro Vertical

Para o cálculo do dimensionamento do filtro vertical foram considerados


os seguintes dados:

1 Coeficiente de permeabilidade para solos anisotrópicos = 1,165 x10-9 m/s


2 Nº de Linhas de Fluxo = 4

3 Nº de linhas de Equipotenciais = 4

4 Desnível dos níveis d’água = 14,4 m

5 Vazão que passa pelo corpo da barragem (Qc)

Nf
Qc= xhxLxK
Nd

Qc = 1,68 x 10-8 m³/s

onde foi admitida a vazão do corpo da barragem (Q c) igual à vazão do filtro (Qf).
Obtemos, pela Lei de Darcy, uma espessura de: m

Q c x Lc
Esp=
Dx K f xL

Esp=1,83 x 10−4 m

Foi adotado, para evitar contaminações de solos vizinhos, 0,6m na


largura do filtro vertical. Também foi adotada uma altura de 18,04m.
8.2.Filtro Horizontal

Para o escoamento das águas recolhidas pelo filtro vertical, projetou-


se um tapete drenante, horizontal, situado entre o pé do filtro vertical e o
dreno de pé a jusante. A vazão que o tapete deve suportar é equivalente à
soma das parcelas que percola pela fundação e pelo corpo da barragem.
A função deste é de interceptar a água que percola pelo maciço
impedindo que ele chegue até o talude de jusante e também captar a água
que venha a percolar pela fundação.

Para o tapete drenante, pode ser utilizada uma areia com coeficiente
de permeabilidade menor, uma vez que aqui não existe o risco do
carreamento do material do maciço da barragem.

Para o cálculo do dimensionamento do filtro horizontal foram


considerados os seguintes dados:

( )
0,5
Q t x Lf
e=
Kf

( )
−8 0,5
1,34 x 10 x ( 52,5 )
e=
9,2 x 10−5

e = 0,09m

Foi adotado 0,60 m de espessura do filtro horizontal para aproveitamento


do material drenante, aluvião, e redução do custo.

8.3.Dreno de Pé

O dreno de pé é uma vala trapezoidal cuja abertura deve ser feita no


sentido do aclive, servindo de saída para o sistema de drenagem interna
(coleta das águas do filtro horizontal) e deverá, no seu ápice, manter uma
diferença de 1m para a superfície superior do tapete.
Todas as transições entre solo e areia, areia e pedregulho e este
enrocamento de pé, deverão obedecer aos critérios de filtro do USACE e de
TERZAGHI.

Os drenos de pé devem possuir uma altura de 1/3 da altura total da


barragem. Além disso, devem ter inclinação de 45° dentro do talude de
jusante.

9.INSTRUMENTAÇÃO

Os instrumentos foram posicionados nos locais mais críticos no que


se refere ao desenvolvimento dos parâmetros a serem medidos. Abaixo
estão listados os instrumentos utilizados e a sua justificativa de escolha.
-PIEZÔMETRO DE TUBO ABERTO (TIPO CASAGRANDE)

Este tipo de instrumentação é constituído por um tubo PVC cuja


extremidade inferior é acoplada uma célula, trecho perfurado de tubo
envolvido com geotêxtil. A célula fica inserida em um bulbo de material
drenante e confinada num trecho limitado por uma camada selante. Em
superfície o instrumento deve ser devidamente protegido contra atos de
vandalismo. A pressão da água na região do bulbo é convertida
diretamente.

As principais vantagens deste tipo de instrumento são: elevada


confiabilidade, simplicidade, durabilidade, e custos reduzidos, bem como a
possibilidade de verificação do seu desempenho. Como desvantagens
principais estão: alto tempo de resposta para materiais de baixo valor de
permeabilidade, interferência na praça de construção, não é adequado para
determinação do poro pressões no período de construção, não permite
medição de pressões negativas, restrições de localização a montante da
linha d`água e maiores dificuldades de acesso aos terminais de leitura em
relação a outros tipos de instrumentos.

Na barragem dimensionada foram utilizados 3 piezômetros do tipo


Casagrande, onde 1 foi locado no montante e 2 na jusante. A montante
dentro da folga; Os 2 da jusante foram locados um no filtro vertical e o
outro no encontro do filtro de areia com o filtro de pé.

-MEIO FIO NO COROAMENTO

O meio fio no coroamento foi escolhido para medir os deslocamentos


superficiais horizontais e verticais do maciço, por seu baixo custo e fácil
instalação. Os deslocamentos verticais são medidos através de nivelamento
e os horizontais, através de levantamentos topográficos por processos de
triangulação. Visualmente pode ser percebido deslocamentos quando o
meio fio perde seu alinhamento.

-MEDIDOR MAGNÉTICO DE RECALQUE

O medidor de recalque escolhido para medir deslocamentos verticais


ao longo da profundidade foi o de placas magnéticas, pois apresenta
facilidade construtiva, de instalação e de reparos a danos ocorridos;
independe de serviços topográficos quando da execução das leituras; baixo
custo; sensor acessível a qualquer instante para eventuais reparos;
durabilidade; não limitação do número de placas e possibilidade da
instalação de placas na fundação, sendo, neste caso normalmente
denominadas “aranhas”; Foi instalada placa em 1 ponto.

-INCLINÔMETRO

Os inclinômetros foram escolhidos, pois possibilitam a determinação


dos componentes dos deslocamentos horizontais em duas direções
ortogonais, ao longo do comprimento do instrumento e apresenta
confiabilidade boa.

Foram instalados 2 inclinômetros, um localizado no paramento de


montante e um paramento de jusante, para acompanhamento dos
deslocamentos.

10.Anexo:
Esvaziamento rápido-jusante

Esvaziamento rápido-montante
Operação-jusante

Operação-montante
Vazio-jusante

Vazio-montante

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