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BARRAGENS

FINALIDADES DAS BARRAGENS

- GERAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA

- ABASTECIMENTO DE ÁGUA

- CONTROLE DE CHEIAS

- NAVEGAÇÃO

- IRRIGAÇÃO

- CONTENÇÃO DE REJEITOS
TIPOS

DE

BARRAGENS
TIPOS FUNDAMENTAIS DE BARRAGENS
a) Homogênea;
a) Gravidade; b) Zoneada;
I) CONCRETO b) Gravidade aliviada;
II) TERRA
(Estrutura Flexível) c) Enrocamento;
(Estrutura Rígida) c) Contrafortes; - núcleo impermeável
d) Abóboda ou casca - face impermeável
e) Concreto Rolado (CCR)

I) Concreto: - Alvenaria de pedra;


a) Gravidade Material:
- Concreto simples;
- Concreto ciclópico
Pode ter paramento de montante vertical
0.7 N.A.
N.A. Perfil Hidráulico
1 (creager)

Não vertedoura vertedoura


TIPOS FUNDAMENTAIS DE BARRAGENS
I) Concreto: N.A.
Material: - Alvenaria de pedra;
b) Gravidade Aliviada
- Concreto simples;
Pode ter paramento de montante vertical - Concreto ciclópico

Material: - Alvenaria de pedra;


c) Contrafortes
- Concreto simples;
- Concreto ciclópico

Perfil
N.A.

Planta
TIPOS FUNDAMENTAIS
DE BARRAGENS N.A.

I) Concreto:
d) Abóboda ou casca

Perfil Planta

e) Concreto rolado
Exemplos: Jucazinho:
- Ilha Solteira; - camada solta = 36 cm
- Itumbira; - compactada = 30cm;
N.A. - do Prata (Bonito); - CCR = 80 kg cimento;
- Belo Jardim; - concreto de pele = 300 kg
- Vitória de Sto Antão; - argamassa de ligação das
- Jucazinho camadas (¨bedding mix”)
próximo à parede de
montante.
Das 14 barragens mais recentes projetadas por consultora no
Recife, 12 barragens são de CCR.
TIPOS FUNDAMENTAIS DE BARRAGENS
II) Terra:
N.A.

a) Homogênea 3
SC ou CL 1
3,5
1

N.A.

b) Zoneada
GP SC CH

N.A. 0,3
c) Enrocamento 1
1,6
CL 1
1,7 ou
1 CH
enrocamento enrocamento
ESCOLHA DO LOCAL E TIPOS DE BARRAGENS

1) Fatores que influenciam na escolha do local

1.1) Fator Político / Finalidade


- Sem energia elétrica não há crescimento  Política de Crescimento;

- Finalidade: Se é para irrigação deve situar-se o mais próximo possível


da área a irrigar; se produção de energia elétrica deve situar-se junta à
queda d’água; se para turismo/lazer deve estar próximo ao centro
urbano, etc.

1.2) Fator Econômico


- Garantia de aplicação de melhor retorno e de maior segurança, análise
custo/benefício, etc;

- Evitar local que conduza a maior desapropriação, inundação de


cidades, zonas com muitas benfeitorias, estradas, ferrovias, linhas de
transmissão, etc.
ESCOLHA DO LOCAL E TIPOS DE BARRAGENS
1) Fatores que influenciam na escolha do local (cont.)

1.3) Fator Social


- Remoção de cidades a serem inundadas, mudança de populações
rurais;

- Urgência devido a calamidades: inundações, secas, etc;


- Promover fixação de populações, empregos.

1.4) Fator Hidrológico


- Vazão do rio x volume do reservatório (melhor aproveitamento do rio
principal e afluentes);

1.5) Fator Topográfico


- Boqueirão mais estreito, evitar pontos de fuga, localização do
vertedouro, capacidade do reservatório.
ESCOLHA DO LOCAL E TIPOS DE BARRAGENS
1) Fatores que influenciam na escolha do local (cont.)

1.6) Fator Geológico/Geotécnico


- Evitar falhas, zonas muito intemperizadas, espessos depósitos
aluvionares, instabilidade dos taludes na bacia (Ex: Orós, Açu, etc);

- Proximidade dos materiais a serem empregados na obra;

1.7) Fator Cultural e Impacto Ambiental


- Preservação de sítios históricos (Asauam – vale dos reis, Itaparica –
Floresta petrificada, Preta – cavernas com inscrições rupestres, etc);

- Impacto ambiental da obra: mudança no micro-clima, no sistema de


água do subsolo, inundação de florestas, ambientes onde vivem animais
em extinção, grande espelho d’água: evaporação e insetos.
2) Fatores que influenciam na escolha do tipo
2.1) Fator Topográfico
- Boqueirão estreito  barragem de concreto, aberto-terra;

2.2) Fator Geológico/Geotécnico (falhas, fissuras, mergulho,


permeabilidade, etc)
- Fundação em rocha  barragem de concreto;
- Fundação em solo  barragem de terra;
- Localização propícia para vertedouro e casa de máquinas.

2.3) Disponibilidade de Materiais


- Existência de Solos argilosos  barragem de terra;
- caso contrário  barragem de concreto;
- Utilização do material da escavação no maciço.

2.4) Clima
- Local com pluviometria elevada dificulta a execução de barragem de
terra;
2.5) Disponibilidade de equipamento e mão-de-obra
PROSPECÇÃO

GEOTÉCNICA
PROSPECÇÃO GEOTÉCNICA
“Conjunto de operações destinadas a determinar a natureza, a disposição,
os acidentes e outras características do terreno que se vai realizar a obra”.

IMPORTÂNCIA: Estudo da bacia hidráulica, fundações e áreas de


empréstimo.

OBJETIVOS:
- Descrição e classificação dos solos e rochas; profundidade, natureza e
volume;
- Caracterização das águas subterrâneas (profund., qualid. e quantidade).

TIPOS DE ESTUDOS: Escritório, campo e laboratório

FASES DE ESTUDOS:
- Preliminar (informações descritivas);
- Reconhecimento (obtenção dos dados);
- Revisão dos trabalhos realizados;
- Elaboração do programa de trabalho;
- Execução do programa;
- Relatório.
- Complementação dos estudos.
PROSPECÇÃO GEOTÉCNICA

FASES DE ESTUDOS:

1) Reconhecimento (pré-inventário) da Bacia Hidrográfica;


- Coleta de dados existentes da bacia;
- Aerofotogeologia dos rios principais;
- Sobrevôo dos rios principais;
- Relatório da Bacia Hidrográfica.
2) Inventário da Bacia Hidrográfica;
- Geologia da Bacia (mapas 1:100.000 – 1:1.000.000);
- Geologia das áreas de inundação;
- Geologia dos locais escolhidos (1:25.000);
- Geotecnia dos locais escolhidos (Fundação e Jazidas);
- Relatório do Inventário
3) Pré-viabilidade dos locais Inventariados;
- Geologia de cada eixo alternativo;
- Mapeamento Geológico e perfis geológico ao longo dos eixos;
- Condições de fundação de cada eixo;
- Materiais naturais de construção para cada eixo;
- Relatório de pré-viabilidade
PROSPECÇÃO GEOTÉCNICA
FASES DE ESTUDOS (cont.):

4) Viabilidade (Estudo do eixo escolhido)


- Geologia da bacia hidrográfica (enchentes, assoreamento, ...)
- Geologia da bacia de inundação (estanqueidade, sismicidade, estab.
Taludes)
- Geologia local (geomorfologia, estratigrafia, estrutura)
- Geotecnia local (fundações, jazidas)

5) Projeto Básico

6) Projeto executivo
- Simultaneamente com a execução da obra.
PROSPECÇÃO GEOTÉCNICA

MÉTODOS DE PROSPECÇÃO
- Poços, valas e Galerias;
- Furos de Sondagens (trados, percussão, rotativos, injeção d’água);
- Métodos Geofísicos.

COLETA DE AMOSTRAS
- Amostras deformadas de solo;
- Amostras indeformadas de solo;
- Amostras de rocha

REGISTRO DA PROSPECÇÃO

ENSAIOS
- Campo – sondagens SPT, Perda d’água, prova de carga;
- Laboratório – classificação e dados de projeto (c, , u, etc)
PROSPECÇÃO GEOTÉCNICA
1) FINALIDADE DE UMA BARRAGEM
- Abastecimento d’água – comunidade / indústria
- Irrigação;
- Controle de cheias;
- Regularização de vazões;
- Aproveitamento hidroenergéticos;
- Retenção de material sólidos;
- Recreação.

2) POSIÇÃO DE UMA BARRAGEM


- A posição depende das características hidrológicas da bacia,
topográficas e geológicas.

3) DEFINIÇÃO FINAL DO EIXO DA BARRAGEM


- Inventário;
- Viabilidade técnica-econômica;
- Projeto básico;
- Projeto executivo;
- Construção;
- Operação.
PROSPECÇÃO GEOTÉCNICA

4) FINALIDADE DOS ESTUDOS GEOTECNOLÓGICOS


- Fornecer elementos aos engenheiros projetistas, que permitam
projetar o tipo de barragem mais adequado para o local de forma mais
econômica e com segurança.

5) OBJETIVOS PRINCIPAIS DOS ESTUDOS GEOTECNOLÓGICOS

5.1 – Caracterização geotecnológica do local barrável:


- Ocorrência dos solos e rochas – resistência – deformabilidade –
permeabilidade;
- Escolha do “layout” de obras e do plano de construção;
- Definir cotas de assentamento das fundações e plano de construção;

5.2 – Disponibilidade de materiais de construção (quantidade e qualidade)


- Material terroso – granular e rochoso;
5) OBJETIVOS PRINCIPAIS DOS ESTUDOS GEOTECNOLÓGICOS (cont.)

5.3 – Caracterização geotecnológica da área do reservatório:


- Permeabilidade solo e rocha; estruturas geológicas (falhas, fraturas,
dobramentos, zonas de fulga d’água)
- Zonas potenciais de escorregamentos nas encostas marginais;
- Definição dos processos de erosão, transporte e sedimentaçãp
atuantes na bacia;
- Importância de áreas potencialmente exploráveis.
REGISTRO DA PROSPECÇÃO

Um trabalho de prospecção exigirá no seu final, e no final de cada fase,


um relatório que descreva adequadamente todos os trabalhos efetuados.

Em relação aos processos de prospecção descritos, há um certo número


de indicações gerais que deve ser anotado.:

a) Furos
Em relação a cada furo, deve proceder-se ao registro das informações a
seguir indicadas, de preferência sob a forma de quadro.

a.1) Informações de ordem geral:


- Firma
- Entidade interessada
- Número do furo
- Cota da loca do furo
- Inclinação do furo em relação à vertical e sua orientação
- Processo de furação
- Diâmetro da furação
- Diâmetros e profundidade do revestimento
- Datas de início e conclusão
- Observasões
REGISTRO DA PROSPECÇÃO

a.2) Informações de ordem geotécnica

- Descrição dos terrenos atravessados e sua profundidade abaixo da


superfície
- Espessura atravessada em cada tipo de terreno
- Cotas
- Descrição de particularidades do terreno
- Tempo útil de avanço, isto é, tempo efetivamente gasto na
perfuração de 1 metro de terreno, deduzido a tempo gasto nas
paragens para limpeza, amostragem e reparações.
- Ensaios de penetração, sua localização no furo e resultados.
- Percentagem de tarolo (furos por rotação)
- Cota a que a água subterrânea ã encontrada no furo.
- Condições em que foram colhidas amostras de água.
- Variações do nível de água (da maré, diárias ou sazonais)
- Cotas, tipos e números de referência das amostras, e respectivo
processo da colheita.

Deve juntar-se aos registros uma planta local mostrando a


disposição dos furos.
REGISTRO DA PROSPECÇÃO

b) Poços, valas e galerias e prospecção

b. 1) Informações de ordem geral;


- Firma
- Entidade interessada –Localização com plantas de referência
- Número do poço, vala ou galeria
- Cotas
- Datas de início e conclusão
- Observações

b.2) Informações de ordem geotécnica:


- Tipo de terreno
- Posição e características dos contactos, falhas, diaclases, etc.
- Direção e inclinação de cada, xistosidade, etc.
- Emergência de água
- Cotas, tipos e números de referência das amostras.

Todos estes registros visam um sistematização da apresentação dos


resultados dos trabalhos efetuados.
REGISTRO DA PROSPECÇÃO

Esquema de montagem

A água é injetada por uma bomba, medindo-se a sua


pressão p, no manômetro M, e o volume injetado, V,
num dado intervalo de tempo, t, por meio do
hidrômetro H. Um tampão de vedação limita uma
zona, de comprimento, a ensaiar.

Os resultados do ensaio permitem a obtenção de um


coeficiente de perda de água:

C = V
(t.l.p)

Expresso normalmente em litros / minutos, metro .


atmosfera
REGISTRO DA PROSPECÇÃO
O ensaio pode ser executado em diversas fases:

1)primeira fase, com pressão igual a metade da carga prevista no reservatório, H.


P¹ = 0,5 . H . §w

2) segunda fase, com pressão igual a:


P² = 1,2 . H . §w

3) eventualmente uma terceira fase, com p crescente.

Se o valor de C aumenta da primeira para a segunda fase, dispensa-se a terceira


fase. Se o valor de C for grande e não sofrer alterações, deve efetuar-se a terceira
fase, aumentando o valor de p até se verificar aumento de C.

Os tratamentos de impermeabilização requeridos (por exemplo, injeções de


cimento) depende do valor de C e da percentagem de recuperação dos tarolos de
rocha.

No caso de barragens de concreto, Lujeon recomenda intenções de


impermeabilização quando valor de C é superior a 0,1 litro/minuto . metro .
atmosfera. No caso de barragens de terra o critério poderá ser mais brando,
estando ainda, no entanto, em fase de estudo.
REGISTRO DA PROSPECÇÃO

b. 2) Solos
Além do processo anterior, poderá também ser usado o traduzido
esquematicamente na figura a seguir:

Pode ser determinado um valor do coeficiente de permeabilidade


dado pela seguinte relação, determinada por ensaios de analogia
elétrica:

K= Q O valor de H depende da posição do N.A.


5,5 . r . H
REGISTRO DA PROSPECÇÃO

A precisão dos resultados depende da homogeneidade do estrato


ensaiado e das hipóteses em que assenta a equação. Há ainda que
ter cuidado especial com a água usada, pois a presença, mesmo em
pequenas quantidades, de material fino em suspensão pode
invalidar os resultados. É desejável prever filtros e tanques de
decantação, sendo ainda conveniente o uso de água mais quente
que a água existente no terreno, a fim de evitar a libertação de ar e
conseqüentes possibilidades de entupimento, mesmo parcial.

Nos ensaios acima do nível freático é por vezes difícil manter a carga
constante; os resultados podem ser considerados satisfatórios, se o
nível de água descer apenas alguns centímetros num período de 5
minutos.
ÁGUA E SEGURANÇA

FILTROS
ÁGUA E SEGURANÇA
- Um princípio básico de projeto é produzir uma estrutura funcional a um
custo mínimo. Deve-se, no entanto, evitar que a economia no projeto e na
construção venha causar posteriormente um elevado custo de
manutenção.

- Para obter-se um custo mínimo de construção, a barragem precisa ser


projetada para a máxima utilização dos materiais disponíveis, incluindo
os materiais que serão obtidos nas escavações para as fundações,
estrutura do vertedouro, etc.

- Para que uma barragem possa ser considerada segura, ela deve
satisfazer alguns requisitos:

1 – Submersão;
2 – Estabilidade dos taludes;
3 – Cargas na fundação
4 – Fluxo d’água;
5 – Ação da onda
6 – Proteção dos taludes
7 - Terremotos
ÁGUA E SEGURANÇA

- Em função de seus objetivos, os riscos de ocorrências de água


nas barragens em regra geral são:

a) Risco de transbordamento;
b) Erosão interna ou piping;
c) Entupimento do sistema de drenagem;
d) Forças de percolação;
e) Sobrepressão nas fundações;
f) Perda d’água excessiva através das fundações;
g) Canais preferenciais de percolação não detectados através das
fundações devido ao intemperismo nas rochas e planos de
ruptura.
HIDRÁULICA DOS SOLO
FILTRO

“Se os poros de um filtro forem


bastante pequenos para impedir a fuga
de partículas referentes a D85 do solo
adjacente, também não haverá fuga das
partículas menores”

CRITÉRIOS PARA MATERIAIS DE


FILTROS:
D15( filtro )
 5 a 40 (%finos  5%)
D15(base)
D15( filtro )
5 (curvas paralelas)
D85(base)
D85( filtro )
2 (  3 polegadas )
max (tubo de dren.)
FILTRO

MÉTODOS PARA DIMENSIONAMENTO DA CAPACIDADE DE DESCARGA


DO FILTRO
LEI DE DARCY + REDE DE FLUXO

Pela lei de Darcy, com os valores de K e os dados obtidos na rede de


fluxo (h) determina-se a vazão de infiltração e a vazão no filtro.
Utilizando-se as redes de fluxo compostas pode-se chegar a soluções
hidráulicas balanceadas.
LEI DE DARCY

Q Q
K ou A
i. A K .i

REDE DE FLUXO
1 – Assume-se as dimensões e determina-se a permeabilidade;
2 – Assume-se Kf/Ks e determina-se as dimensões;
FILTRO

EXERCÍCIO: DIMENSIONAR O FILTRO DA BARRAGEM INDICADA ABAIXO

K maciço = 2,0 x 10 -7 cm/s


Qc = vazão que passa pelo corpo da barragem;
Qfv = vazão que passa pelo filtro vertical (Qfv = Qc)
FILTRO
1. Filtro Vertical

Vazão que passa pelo


corpo da barragem

2. Filtro de Pé
FILTROS

Finalidade:
- Proteger o material do maciço contra o fenômeno de “piping”;
- Facilitar a drenagem possibilitando a redução da força de percolação e da
pressão neutra;
- Selar zonas fissuradas no núcleo ou maciço.

Exigências para Materiais de Filtros:


- Os diâmetros dos vazios entre grãos devem ser suficientemente pequenos para
impedir a passagem de partículas do material protegido;

- Os vazios entre grãos devem ser suficientemente grandes para permitir a


drenagem e obter-se um bom controle das forças de percolação e das pressões
hidrostráticas.
FILTROS
FILTROS
APLICAÇÃO
TRAÇADO DA REDE DE FLUXO (ETAPAS)

1 – Centro em D, raio DF, determina-se o ponto K que é um ponto da diretriz.


Marca-se o ponto G;
2 – Determina-se o meio de FG – ponto J;
3 – Traça-se a vertical JJ’ pelo ponto J;
4 – Divide-se JJ’ e DJ’ em partes iguais (por exemplos, 5 partes)
5 – Ligam-se os pontos 1, 2, 3 e 4 de DJ’ ao ponto J e traçam-se horizontais
pelos pontos 1, 2, 3 e 4 e JJ’, até cruzar com os correspondentes de DJ’. Com
isso determinam-se pontos da parábola;
6 – Faz-se a correção de entrada (a olho) e a de saída,

Mede-se graficamente a + a. Tem-se com isto a linha de saturação;


7 – Determina-se o número de quedas, traçando-se uma vertical pelo ponto L e
dividindo-se LL’ em partes iguais (no caso, 11 quedas);
8 – Dos pontos 1, 2, 3 ... 11, de LL’ traçam-se horizontais até encontrar a linha de
saturação. Os pontos de cruzamento são pontos dos equipotenciais.
9 – Traçam-se as equipotenciais e as linhas de fluxos seguindo à regra de formar
quadrados. O número de linhas de fluxo é função do número de equipotenciais
de tal maneira que se formam quadrados;
10 – O traçado é feito na secção transformada e depois transferido p/ secção real.
Obtido o ponto de saída, L. Casagrande indica um processo para se
determinar a linha freática e a rede de fluxo. No entanto, determinado o
ponto C, pode, graficamente, traçar-se a rede de fluxo, partindo da
equipotencial CF, estabelecida à vista.

Note-se que, quando as fundações forem igualmente permeáveis,


deve estabelecer-se a rede de fluxo interessando a zona total de
escoamento.

OBSERVAÇÕES (100 BARRAGENS BRASILEIRA)

1 – A largura do filtro vertical não deve ser inferior a 80 cm devido


aos problemas de colmatação em barragens homogêneas com h>=20m;

2 – Barragens acima de 20m devem ter filtro inclinado para reduzir


efeito de deformações diferenciais dos materiais;

3 – Dreno: há conchas disponíveis no mercado com até 40 cm de


largura.
Bibliografia:

1. Cedergren, H. R., (1967) – “Seepage, Drainage and flow Nets”


John Wiley and Sons, New York.

2. Bureau of Reclamation (1977) – “Design of Small Dams”

3. Marsal, R.J & Resendia. D.N. (1975) - Presas de Tierra y


erocamiento. Ed. Limusa – Mexico.
FUNDAÇÕES

DE

BARRAGENS
FUNDAÇÕES DE BARRAGENS

As fundações podem ser :

- em rochas: granitos, gnaisse, calcário;


- em solos permeáveis: areias, pedregulho;
- em solos impermeáveis: argila, siltes.

O estudo das fundações é tão importante que se costuma dividir


a barragem em fundações e maciço.

Os locais de mais fácil barramento já foram utilizadas, os que


restam são os maior grau de dificuldade (prospecção, projeto,
execução).
FUNDAÇÕES DE BARRAGENS

A tendência atual é de construção de barragens de terra e de


grande altura:

a) facilidade de baixo custo dos equipamentos


b) aceita terrenos de fundação mais fracos
c) maior velocidade de execução
d) pessoal menos especializado
e) menor dependência de fornecedores (cimento, aço, etc)
f) permite uso de materiais menos nobres
g) economia global
FUNDAÇÕES DE BARRAGENS

As fundações devem atender duas condições:

1) Suportar as cargas transmitidas, garantindo apoio estável sob


qualquer condição de carregamento e/ou saturação.

2) estanqueidade, para evitar perdas excessivas e carreamento


(piping)

Para um adequado tratamento de fundação serão necessárias


conhecimentos de mecânica dos solos, mecânica das rochas e
utilização de ensaios de campo e de laboratório.
FUNDAÇÕES EM ROCHA

Se a rocha é sã se procederá:

a) Cuidadosa limpeza de toda capa de solo, material orgânico,


pedras e matacões soltas:

- este trabalho normalmente é iniciado por tratores de esteira


que retiram o material solto, tanto na fundação como nas
ombreiras.

- a espessura do material retirado, economicamente, vai


depender da altura/importância de barragem;

- a limpeza prossegue manualmente, com auxílio de marteletos


pneumáticos, jatos de ar e/ou de água, etc., até deixar
exposta a rocha sã.
FUNDAÇÕES EM ROCHA

b) Caso ocorram cavernas, serão preenchidas com concreto ou


solo do núcleo compactado, a depender das dimensões das
cavernas. Marsal (1975) cita preenchimento de cavernas, em
obras de vulto, com até 3.000 m³ de concreto;

c) Serão eliminados os taludes negativos e verticais, e os pontos


que dificultem a concretagem (nas barragens de concreto) ou
compactação (nas barragens de terra). Os taludes mais íngremes
serão de 1H: 10 vert;

d) Na rocha sã muito lisa se procederá ao “apicotamento”para


promover superfície rugosa, ou chapiscar com cimento. Deve-se
promover boa ligação do maciço com a fundação;

e) Caso ocorrerem fissuras, a depender da abertura das mesmas,


serão jateadas, limpas e preenchidas com uso de injeção:
- de vedação nas barragens de terra e/ou enrocamento;
- de consolidação nas barragens de concreto.
FUNDAÇÕES EM ROCHA

Em toda a fundação normalmente se faz a limpeza cuidadosa e o


programa de injeções todo, de uma só vez, antes de iniciar os
trabalhos de concretagem ou compactação.

Nas ombreiras estes trabalhos serão realizados à medida que a


barragem eleva-se, para evitar trabalhos em planos inclinados
e/ou necessidade de estruturas de sustentação para as
máquinas.

Há rochas de boa resistência, que ao serem expostas ao


ar/umidade desagregam/expandem/fissuram. Este efeito deve
ser observado para programar os trabalhos da limpeza seguidos
rapidamente de concretagem ou compactação.

Os meios injetáveis podem ser: depósitos de aluvião ou rochas.


FUNDAÇÕES EM ROCHA

De acordo c/o tipo de meio se decidirá o tipo de calda;

Calda Componentes Aplicação


Líquida Soluções de silicato de Rochas com fraturas
sódio com aditivos finas
Suspensões Água + cimento Rochas Fraturadas
Instáveis Início: 5:1
Final: 1:1
Suspensões Argila + cimento + Depósito de aluvião
Estáveis areia +produtos grosso
químicos

A penetrabilidade da calda é função: da abertura da fissura ou


da granulométrica da aluvião.
FUNDAÇÕES EM ROCHA

FATOR ÁGUA/CIMENTO:
1) Cambefort (1964) o considera função do ensaio de absorção, ou
seja:
A/C = ƒ(Lugeon) onde 1Lugeon = 1 l/min x m x 10 atm

Calda fissura Observações

Cimento potland > 0,08mm Aglutina e veda arenoso 10-2<k<10-1,


problema de fendilhamento devido a recalques

Bentonita > 0,4 Maior facilidade de penetração,não


aglutina,tem problema de carreamento

Silicatos > 0,15

Resinas > 0,1

Produtos Químicos > 0,01 Forma gel insolúvel, custo elevado, exige
técnica aprimorada, não é recomendável para
pequenas barragens
FUNDAÇÕES EM ROCHA

2) Ainda quanto ao fator água/cimento:


- baixo >ocorre sedimentação rápida e dificulta a injeção
- alto> calda penetra a grande profundidade e pode provocar o
levantamento da rocha próxima da superfície, exige atenção maior
na execução.

Qualidade dos Componentes:


* cimento: resíduos # 200 < 3% e 3,1 < g< 3,2 g/cm³
* areia: retido na # 16=0 e no máximo 5% passa na # 200

De modo geral a consistência do material a injetar é função do


tempo de escoamento, fator de sedimentação, vida útil, resistência à
compressão.

Fundamentos teóricos – Os estudos de W.J. Baker (1955) fórmula


aproximada para condições de escoriamento, e a partir delas
aplicando a teoria da elasticidade se estima a abertura da fissura em
junção da pressão aplicada.
FUNDAÇÕES EM ROCHA

H.Cambefort (1964) estima a abertura de fissuras em função das


unidades Lugeon, do comprimento ensaiado e da quantidade de
fissuras interceptadas.

Unid.Lugeon L (m) Abertura da fissura em mm

1 Fissura 10 Fissuras 100 Fissuras

100 6 0,48 0,23 0,11


3 0,39 0,18 0,08

10 6 0,23 0,11 0,05


3 0,18 0,08 0,04

1 6 0,11 0,05 0,022


3 0,08 0,04 0,018
FUNDAÇÕES EM ROCHA
Pressão de Injeção kg/cm2
h (m) Cambefort U.S.B.R.

10 16 2
20 70 4

Outro critério: 1 psi por cada pé de profundidade.

Cortinas:
- Uma ou mais linhas de injeção abaixo do núcleo impermeável.

- A profundidade geralmente é de ½ da altura hidráulica da barragem e são


injetadas desde a superfície ou de galerias.

- Casagrande (1961) e outros autores criticam fortemente a colocação de


uma só linha de injeção, considerando – as inoperantes desnecessárias.

Tapetes de Injeção:
Às vezes são necessários devido ao forte fissuramento da rocha de
fundação, em alguns casos tão intenso que torna necessário o recobrimento
prévio com placa de concreto para permitir os trabalhos de injeção.
FUNDAÇÕES EM ROCHA
DRENOS:
Importantes deslizamentos e problemas de
estabilidade, jusante das barragens e/ou
abaixo delas, tem indicado nos estudos o efeito
das pressões neutras nas fissuras.

A presença de simples umidade ou saída


evidente de água, não é suficiente para avaliar
a distribuição de pressão na água.

Para o projeto dos drenos é necessário o


conhecimento do sistema de fissura da rocha.

Às vezes basta perfurar desde a superfície até


10 ou 20m de profundidade. Outras vezes é
necessário executar galerias e destas
perfurar/executar os drenos.
FUNDAÇÕES EM ROCHA

DRENOS:

O sistema final de drenos normalmente é feito após o enchimento do


reservatório e conhecimento das pressões desenvolvidas.

Na Barragem Neteahuacoyoh, com fundação em lulita fissuradas e


argilas, foram executados poços de 25cm de diâmetro e 10m de
profundidade, preenchidos com areia limpa e espaçados de 5m nas
duas direções. Acima dos drenos foi colocada capa de areia limpa, bem
graduada, com 1,5m de espessura.
FUNDAÇÕES DE BARRAGENS

Bibliografia:

1. Cambefort, H (1964) – “Injection dessols”


2. Bureau of Reclamation – normas e “Design of Small Dams”
3. Esteves, V. P (1971)- “Barragens de terra” – UFPB - Escola
Politécnica de Campina Grande
4. Marsal, R.J & Resendia. D.N. (1975) “Presas de tierra y
erocamiento”. Ed. Limusa –Mexico
FUNDAÇÕES EM SOLO

TRATAMENTO DE FUNDAÇÕES – FUNDAÇÕES EM SOLO

Observações preliminares:

1) A fundação deve garantir apoio estável sob qualquer condição de carga e


saturação.
2) Deve evitar infiltrações não controladas para prevenir perdas que
possam por em risco a própria estabilidade da estrutura assim como
afetar serialmente seu aproveitamento, pela grandeza das perdas.
3) Para o adequado tratamento da fundação é necessária aplicação dos
princípios da mecânica dos solos, das rochas, mediante ensaios de
campo e de laboratório + geologia.
4) Os resultados dos ensaios e as vistorias servirão para orientar o critérios
e decisões sobre os métodos de tratamento a serem empregados.
5) À medida que os problemas se afastam das condições sobre os métodos
de tratamento a serem empregados.
6) Quando os problemas forem complexos, somente a experiência e o bom
senso podem resolvê-los.
7) Deve-se recordar sempre que todos os problemas devem ser resolvidos
durante a construção, pois resolvê-los após a barragem encher é muito
mais dispendioso e às vezes impossível.
FUNDAÇÕES EM SOLO

Exemplo 1: Barragem no Tenesse/EU


Altura-33,6m Extensão-360m Vertedouro-Concreto
Parte de terra com 225 m de extensão
> construída em 1913/15
> após construção verificam-se infiltrações apreciaveis
> 1915/1916 e 1919/21 trabalhos tentando resolver o problema
>1963: decide-se abandonar a obra e construir outra.

Exemplo 2: Barragem Malpasset/FR com 60m de altura em casca


Largura na base = 6,91m (a 6,5m de prof. Abaixo do Rio Reyran)
Largura na crista = 1,50m

Esta barragem rompeu em 03/12/59 causando grande número de


vítimas e prejuízo, resultado de problemas na fundação, apesar do
minucioso tratamento com injeção de cimento.
FUNDAÇÕES EM SOLO
TRATAMENTO DE FUNDAÇÕES – FUNDAÇÕES EM SOLO

Observações preliminares (cont.):

8) Apesar do exemplo apresentado, função dos cuidados adotados, os maiores


causas de insucessos em barragens não são fundações e sim a insuficiência
de vertedouros (30%).

Os solos de fundações podem ser:


- Permeáveis
- Impermeáveis

É evidente que o inicio dos trabalhos de projeto do tratamento de fundação


passa pelo cuidadoso programa de sondagens para identificar quais os
problemas serão enfrentados.

Alguns projetistas consideram bom tratamento de fundação em solo aquele qeu


consegue perfeita estanqueidade.

A tendência atual entretanto é admitir estanqueidade relativa, assegurando


drenagem para reduzir subpressões e erosões, como se faz para o maciço.
FUNDAÇÕES EM SOLO

PRINCIPAIS MÉTODOS PARA REDUÇÃO DA PERCOLAÇÃO PELO SOLO DE FUNDAÇÃO:

1) Execução de “cut off”- barreira impermeável

a) d=H-h
b) d≥ 3m
c) Exigências construtivas: 6<d<10m

* No início a profundidade máxima era da ordem de 10-15m, atualmente são


executados até 50m

cut off parcial (50% de espessura da camada permeável) reduz 25% Q


cut off parcial (80% de espessura da camada permeável)  reduz 50%
FUNDAÇÕES EM SOLO

PRINCIPAIS MÉTODOS PARA REDUÇÃO DA PERCOLAÇÃO PELO SOLO DE FUNDAÇÃO:

2) Execução de parede diafragma

Material Espessura Observações


Concreto 0,5 a 1,0 m - escavação com bentonita, comportamento
rígido (fissuras)

Bentonita 1,0 a 3,0 m - carreamento de material, vantagem da


deformabilidade

- Quando de bentonita, normalmente


se localiza a montante para evitar
local de maiores pressões e ter maior
caminho de percolação (no caso de
perigo de carreamento);

- “slurry trench”, paredes de


bentonita na bibliografia inglesa.
FUNDAÇÕES EM SOLO
PRINCIPAIS MÉTODOS PARA REDUÇÃO DA PERCOLAÇÃO PELO SOLO DE FUNDAÇÃO:

3) Cortina de estacas pranchas:

• Moldadas “in situ” de concreto, podendo ser tipo “secantes” ou “estacas


diafragma” escavadas com “Clam Shell”;

• Pré moldadas de madeira, concreto ou aço;

• Eficiência duvidosa devido à dificuldade no controle de execução e na vedação


com a camada impermeável se for rocha resistente.

4) Injeções de impermeabiliazação:

• Normalmente de cada cimento em três ou mais linhas de injeções paralelas ao


eixo da barragem.

• Necessitam projeto cuidadoso para determinar espaçamento, profundidade de


injeção, pressão, etc.
FUNDAÇÕES EM SOLO

PRINCIPAIS MÉTODOS PARA REDUÇÃO DA PERCOLAÇÃO PELO SOLO DE FUNDAÇÃO:

5) Tapetes impermeáveis a montante

a) Normalmente e≥1m (0,6<e<2,0);


b) e ≈ H/10 junto ao maciço
c) e = 0,6 + /100
d) Atenção especial ao ressecamento durante a execução
e) No encontro do tapete com o núcleo é aconselhável deixar solo siltoso solto para
que em caso de fissuramento a água carreia e obtura a fissura.
PORMENORES

DO

PROJETO
PORMENORES DO PROJETO

PARA ASSEGURAR UM BOM COMPORTAMENTO

a) Coroamento

b) Folgas

c) Proteção do paramento de montante

d) Proteção do parâmetro de jusante

e) Drenagem superficial
a) COROAMENTO PORMENORES DO PROJETO

Depende: Acabamento:
- Características dos solos utilizados - De acordo com as
- Comprimento mínimo da linha de percoloção características da estrada;
- Altura e importância da obra - Camada ≥ 10cm de material
- Facilidade de construção permeável
*Das características da estrada que pega
sobre a barragem Sobre elevação: Para não
ocorrer redução da folga com
Valores: os assentamentos do maciço é
- Para facilitar a construção não deve ser inferior usual adotá-la de cerca de 1%
a 3m. da altura do aterro (para
barragem construída sobre
- Fórmula de Knappen: b= 1,65 √h, onde h é a
fundação relativamente
altura barragem em metros e b a
incompressível).
largura do coroamento em metros.
- Fórmula “Bureau”: b= (h/5) + 3
PORMENORES DO PROJETO
b) FOLGAS

O transbordamento é responsável por 20% dos acidentes ocorridos com


ruptura de barragens.

- Folga normal: refere-se ao nível de retenção normal


- Folga mínima: Idem ao nível máximo das águas

- Obs: Poderão ser iguais se o projeto prevê comportas para controle de cheia
- ”Fetch”: Comprimento máximo do reservatório normal ao eixo de barragem
- O efeito da onda depende: - do ângulo de ataque da onda
- da inclinação do parâmetro
- da textura da superfície do talude

Ex: em talude de montagem de enrocamento => onda sobe numa distância


equivalente à subida de altura de 1,5 vezes sua altura inicial; se o
parâmetro for liso a subida pode dobrar ou triplicar

F = 0,75 h + v²/2g
F é a folga mínima; h a altura da onda; V a velocidade da onda; L o “fetch”

Fórmula de Stevenson para altura de ondas H:


4
p/ L ≤ 18 km H=0,75 + 0,34√L – 0,26√L
p/ L > 18 km H=0,34 √L
PORMENORES DO PROJETO
b) FOLGAS (cont.)

Formula de Molitor:
4
Para L < 30 km : H=0,75 + 0,032 . U. L – 0,27 √L
Para L> 30 km : H=0,032 √U.L

Onde: L em km (fetch); U em km/h (vel. do vento); H em m (altura da onda)

A velocidade da onda é dada pela expressão de Gaillard:


v=1,5 + 2.H (v em m/s e H em m)
Resumindo varias fórmulas que relacionam altura de onda, fetch, etc.

Fetch Altura da onda em metros para


(milha) velocidade do vento (em milhas por hora)
50 75 100

1 0,81 0,90
2,5 0,96 1,08 1,17
5 1,11 1,29 1,44
10 1,35 1,62 1,83
PORMENORES DO PROJETO
Observações:

- analisar as condições de exposição da barragem para selecionar 2


velocidades do vento, pois em locais abrigados considerar v=100m/h é
excessivamente desfavorável .

- para o projeto de pequenas barragens de terra o “Bureau” indica as folgas


normais e mínimas a adotar considerando uma proteção do paramento em
enrocamento e baseadas respectivamente , em velocidade do vento de
100 e 50 milhas/hora.
Fetch (milha) Folga normal Folga mínima
(metro) (metro)
1 1,2 0,9
1 1,5 1,2
2,5 1,8 1,5
5 2,4 1,8
10 3,0 2,1

- Recomenda-se o aumento no valor da folga quando fetch < 2,5 milhas, em locais de clima
excessivamente frio ou quente e seco, particularmente se o solo utilizado no núcleo for CH ou CL.
- Recomenda-se também um aumento de 50% dos valores tabelados se a proteção do parâmetro de
montagem for lisa.
PORMENORES DO PROJETO

C) PROTEÇÃO DO PARÂMETRO DE MONTANTE

O paramento de montante deve ser sempre protegido contra a ação destrutiva


das ondas.

As proteções podem ser de vários tipos e colocadas desde o coroamento até 6


metros abaixo do nível mínimo de retenção, terminando em uma berma de
suporte.

Se for previsto esvaziamento total do reservatório, a proteção deve ir até o pé


do talude.

Os tipos mais usuais de proteção são:

1. Enrocamento Lançado (dumped rip rap)


2. Enrocamento Arrumado (hand placed rip rap)
3. Revestimento de Concreto (simples, armado, asfáltico, etc)
4. Geossintéticos
PORMENORES DO PROJETO

C) PROTEÇÃO DO PARAMENTO DE MONTANTE

1. Enrocamento Lançado (dumped rip rap)

É este o tipo mais resistente de proteção, ainda necessita maiores volumes que o
enrocamento arrumado. Apresenta uma superfície bastante rugosa para os efeitos de
dissipação de energia das ondas adapta-se bem aos assentamentos locais ou de
fundação.

As pedras devem ser lançadas sobre uma zona material que efetue a transição
granulométrica adequada para as terras do maciço, como se tratasse de um filtro, não só
atendendo à ação das vagas mais também do esvaziamento do reservatório.

A eficácia deste sistema depende de vários fatores, como a qualidade da rocha, peso,
dimensão e forma das pedras, espessura total da proteção, inclinação dos parâmetros a
proteger, estabilidade e condições de execução da zona filtrante de apoio.

A rocha deve ser dura e densa e resistir bem a influência dos fatores climáticos. A sua
qualidade pode ser inferior dos resultados de ensaios laboratoriais. Os mais usuais
englobam determinações de peso específico, absorção, resistência à abrasão e estado de
alteração.
PORMENORES DO PROJETO

1. Enrocamento Lançado (cont.)

As pedras devem ter dimensões e pesos suficientes para resistir à ação


das ondas, não dependendo, portanto, tais fatores da altura da
barragem.

A forma das pedras deve ser tal que proporcione maior dificuldade ao
movimento. Assim, são preferíveis as formas angular às arredondadas.

A espessura de proteção deve ser compatível com a forma e peso das


pedras constituintes.
PORMENORES DO PROJETO
O “Bureau of reclamation” indica, para os casos normais, uma espessura de ordem de 1
metro. Para barragens pequenas faz depender do “fetch” a espessura mínima aceitável e a
composição de acordo com o quadro seguinte:
Fetch Espessura Composição-Percentagem de pedras de vários pesos (kg)
(milha) (Metro)

Dimensão 25% maior 45% a 75% 25% menor do


máxima que que

1 0,45 500 150 5 – 150 5


2,5 0,60 750 300 15 – 300 15
5 0,75 1250 500 25 – 500 25
10 0,90 2500 1000 50 - 100 50

Obs: A areia e pó de pedra não devem ultrapassar 5%


Estes valores aplicam-se a formas angulosas e taludes de 3:1.

Se a inclinação dos taludes for de 2:1 as espessuras indicadas devem ser aumentadas
em 15 cm, exceto a última que se mantém. Se as formas forem arredondadas deve
também aumentar-se a espessura e a dimensão das pedras ou diminuir, por vezes, a
inclinação do paramento.
PORMENORES DO PROJETO
O T.V.A (Tennesse Valley Authorithy) indica para espessura mínima de cada
pela formula.
E = C . v²
em que v é a velocidade da onda, e c um coeficiente dependente do peso
específico da rocha e da inclinação do talude:

Talude C
=2, 50g/cm³ =2, 65g/cm³ =2, 80g/cm³
12 : 1 0, 024 0, 022 0, 020
4:1 0, 027 0, 024 0, 022
3:1 0, 028 0, 025 0, 023
2:1 0, 031 0, 028 0, 026
1,5 : 1 0, 036 0, 032 0, 036
1:1 0, 047 0, 041 0, 038

Indica ainda que as pedras devem ser tais que 50% do enrocamento seja formado por
blocos com peso igual ou superior a:
P = 0, 052 . G . e²

em que P em expresso em toneladas e “e” em metros


PORMENORES DO PROJETO

O army Corps of Engineerd indica os valores do quadro seguinte:

Altura da onda Espessura mínima do D 50 mínimo (metro)


(metro) enrocamento (metro)
0 – 0,30 0, 30 0, 20
0,30 – 0,60 0, 40 0, 25
0,60 – 1,20 0, 45 0, 30
1,20 – 1,80 0, 55 0, 40
1,80 – 2,40 0, 70 0, 45
2,40 – 3,00 0, 80 0, 55

D50 representa o diâmetro mínimo de 50% de enrocamento


PORMENORES DO PROJETO

Como foi apontado, o enrocamento deve ser lançado sobre uma zona
filtrante de apoio, sempre que o material do aterro não apresentar
as características granulométricas exigidas para se evitar a
possibilidade de carreamento dos finos.

A espessura da zona filtrante deve ser da ordem de metade do


enrocamento de proteção, com um mínimo de 30 cm. O material
usado deve ser razoavelmente bem graduado, formado por
fragmentos de rocha ou pedegrulho natural, com dimensões
variando entre 3/16” e 3 ½”. 30% do material deve ter dimensão
superior a ¼”. A sua graduação pode ser estabelecida, mais
precisamente, recorrendo ao critério dos filtros.
PORMENORES DO PROJETO

Exemplo de proteção do paramento de montante por enrocamento lançado


PORMENORES DO PROJETO

C) PROTEÇÃO DO PARAMENTO DE MONTANTE


2. Enrocamento arrumado

Neste tipo, as pedras devem ser de


qualidades excelentes e serem
cuidadosamente colocadas
pretendendo-se mesmo “matar as
juntas” e colocando pedras menores
nos vazios, sempre existente.

A espessura deste tipo pode ser


metade do enrocamento lançado, com
um mínimo de 30cm. Exige-se, por
vezes, que pelo menos 50% da
superfície seja constituída por pedras
de dimensões iguais à espessura da
proteção.

Deve dispor-se também de uma zona


filtrante de apoio.
PORMENORES DO PROJETO

C) PROTEÇÃO DO PARAMENTO DE MONTANTE


3) Revestimentos de concreto

Tem sido usado, por vezes, revestimentos de concreto, que sob a forma de revestimento
monolítico quer sob a forma de placas.

Os revestimentos monolíticos, com a espessura mínima de ordem dos 20cm, são


geralmente armados com 0,3% a 0,5% de ferros, havendo ainda, por vezes, que dispor
de juntas. Este tipo de proteção tem um valor questionável, já que os inevitáveis
assentamentos que ocorrerão, irão ocasionar no seu fendilhamento, requerendo-se
portanto um elevado trabalho de manutenção.

Recorrendo as placas, estas tem dimensões que em geral não ultrapassam 1,8 x 1,8
metros, com espessuras de 1/10 da largura, não sendo usualmente armadas.

Qualquer que seja o tipo de revestimento deve assegurar uma drenagem eficiente
através dele, atendendo à situação de esvaziamento do reservatório. Como sempre, os
revestimentos devem ser colocados sobre uma zona filtrante. Podem usar-se ainda
revestimentos de concreto poroso, assente sobre camada filtrante, que tem a vantagem
de drenagem facilmente.
PORMENORES DO PROJETO
d) PROTEÇÃO DO PARÂMETRO DO JUSANTE

O parâmetro do jusante deve ser protegido contra a ação dos ventos e das chuvas.
O melhor tipo de proteção é constituído de enrocamento, com espessuras de ordem de 30cm.
Um outro tipo de proteção consiste na plantação de grama ou outra planta rasteira.

e) DRENAGEM SUPERFICIAL

Além das facilidades de drenagem superficial já apontadas para o coroamento, há que ter
ainda em atenção o parâmetro de jusante e os contactos com os encontros, sempre que a
zona de jusante ou a proteção do parâmetro não for constituída por enrocamento. Assim,
devem dispo-se de bermas no parâmetro de jusante, com diferença de cotas de ordem dos
10 metros e com larguras variáveis de 1 a 6 metros.

Nos contactos do maciço de jusante com os encontros, deve prever-se um canal de


drenagem, com revestimento de pedra, concreto ou asfalto.Estes canais colocam-se, por
vezes, também no parâmetro de jusante.Há ainda que ter em atenção o esgoto das águas de
infiltração, coletadas nos órgãos de chamada, a fim de evitar zonas de empoçamento no pá
do maciço de jusante.
PORMENORES DO PROJETO

Pode ser necessário


colocar degrau com
Atentar para a execução
outros dispositivos
cuidadosamente ao utilizar
para reduzir a
elementos moldados.
velocidade.

Bibliografia:
- Design of Small Dams - Bureau of Reclamation – Denver - 1960
- Earth Manual - Bureau of Reclamation – Denver - 1960
- Creager, Justin e Hinds-Engineering for Dasm - Wiley & Sons - New York - 1945.
TABELAS

PARA

PEQUENAS BARRAGENS
(Tabela apresentada pelo “Bureau of Reclamation” com base em mais 1.500 ensaios)

Aplicável a pequenas barragens (altura inferior a 15 m e quando ocorrer possível redução


de volume, por utilização de método mais preciso, não conduz a economia substancial)
Tabela 2: Inclinação dos Taludes de Barragens Homogêneas sobre Fundações Estáveis

Sujeitas a Símbolo do grupo


esvaziamento do solo MONTANTE JUSANTE
rápido*

GW, GP, SW, SP, Não adequado (permeável)


NÃO GC, GM, SC, SM, 2,5:1 2:1
CL, ML, 3:1 2,5:1
CH, MH 3,5:1 2,5:1

GW, GP, SW, SP, Não adequado (permeável)


SIM GC, GM, SC, SM, 3:1 2:1
CL, ML, 3,5:1 2,5:1
CH, MH 4:1 2,5:1

(Penelva Esteves, 1971)

* Velocidade mínima de descida do nível de 15 cm/dia


Taludes sugeridos para barragens zonadas

1- Núcleo mínimo para barragens sobre fundações impermeáveis ou fundações


permeáveis com valas corta-águas;

2- Núcleo mínimo para barragens sobre fundações permeáveis e sem valas corta-águas;

3- Núcleo máximo.
Tabela 3: Inclinações de Taludes de Barragens Zoneadas sobre Fundações Estáveis

TIPO Sujeitas a Solos dos Solos do MONTANTE JUSANTE


esvaziame maciços Núcleo
nto rápido Laterais
Enroc., GC, GM,
Núcleo Condição GW, GP, SC, CM,
Mínimo não crítica SW (seixo), CL, ML, 2:1 2:1
SP (seixo), CH, MH
GC, GM, 2:1 2:1
Núcleo NÃO Idem SC, SM, 2,25:1 2,25:1
Máximo CL, ML, 2,5:1 2,5:1
CH, MH 3:1 3:1
GC, GM, 2,5:1 2:1
Núcleo SIM Idem SC, SM, 2,5:1 2,25:1
Máximo CL, ML, 3:1 2,5:1
CH, MH 3,5:1 3:1

(Penelva Esteves, 1971)


No caso de fundações constituídas por solos finos saturados, com espessuras maiores
que a altura do aterro, podem seguir-se as recomendações contidas na figura abaixo e
na Tabela 4.
Tabela 4:

Inclinação dos taludes de


aterros estabilizadores
ACIDENTES

EM

BARRAGENS
ESTATÍSTICAS DE ACIDENTES EM BARRAGENS
ASCE (1933)

Barragens de Terra Barragens de Concreto Gravidade

30% - Vertedouros Inadequados 31% - Problemas c/ cut off


10% - Problemas com o cut-off 12% - falhas de projeto
12% - falhas de construção
USA (1959)
2/3 - Problemas Geológicos

ESPANHA (1961) SHERARD et al. (1963)


1620 obras – 19% apres. problemas 41% - Percolação
40% - Problemas de Fundação 28% - Submersão
23% - Vertedouros Inadequados 11% - Deslizamentos Diversos
12% - Má Construção
45% - problemas hidráulicos
GRUNER (1967) 30% - tipo de estrutura e construção
1/3 – Problemas de Fundação 7% - geologia
1/3 – Deficiência de Vertedouros 6% - ambiente
1/3 – Outras Causas 6% - consequências diversas
Levantamento da ocorrência de piping em barragens no período de 1890 a 1972
(apud Hsu, 1981)

100 Barragens Brasileiras


Piping em barragens – causas principais (apud Hsu, 1981)
ACIDENTE DA BARRAGEM DE MALPASSET
Aproximadamente 3 mil mortos em 03/12/59

- Altura da barragem = 60m;


- largura no coroamento = 1,5m;
- Largura na base = 6,9 m
- Cota da fundação = 6,5 m abaixo do leito do rio

- Projetista: André Coyne (1891-1960)


ORÇAMENTOS

DE

BARRAGENS

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