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Aula 2

 Introdução e conceitos básicos.


 Característica de resíduos de mineração e propriedades físicas associadas;
 Disposição de Resíduos sólidos de mineração;
 Drenagem Acida de Mina;

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Introdução
A mineração compreende um conjunto de actividades destinadas a pesquisar, descobrir,
mensurar, extrair, tratar ou beneficiar e transformar recursos minerais de forma a torná-los
benefícios econômicos e sociais.
As principais alterações físicas à paisagem decorrentes de suas actividades encontradas nas
aberturas das cavas, disposição de material estéril (ou inerte ou não aproveitável)
proveniente do decapeamento superficial e da disposição de rejeitos decorrentes dos
processos de tratamento ou beneficiamento. Durante a maior parte da História, a extração
de substâncias minerais se utilizou de técnicas e ferramentas rudimentares, o mesmo
acontecendo nas etapas posteriores de tratamento e beneficiamento. A geração de rejeitos e
os impactos decorrentes de sua disposição no meio ambiente eram consideradas
desprezíveis, resultando daí descartes directamente na natureza.

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Na geração de resíduos da mineração, destaca-se a existência dos resíduos sólidos de
extração (estéril) e do tratamento/beneficiamento (rejeitos). Estes resíduos, de modo
geral, podem ser pilhas de minérios pobres, estéreis, rochas, sedimentos, solos e lamas
das serrarias de mármore e granito, as polpas de decantação de efluentes, as sobras da
mineração artesanal de pedras preciosas e semipreciosas – principalmente em região de
garimpos – e finos e ultrafinos não aproveitados no beneficiamento. Os outros resíduos
resultantes da operação das plantas de mineração são, em geral, os efluentes das estações
de tratamento, os pneus, as baterias utilizadas nos veículos e maquinários, além de
sucatas e resíduos de óleo em geral, cuja disposição se dá em locais e forma a eles
adequados.

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Tecnologias de Disposição de Rejeitos
Em função do tipo de minério processado e dos tratamentos adoptados
podem ser encontrados rejeitos com variadas características geotécnicas,
físico-químicas e mineralógicas. Os rejeitos, quando de granulometria
fina, são denominados lama, e quando de granulometria grossa (acima de
0,074 mm), são denominados rejeitos granulares.
O descarte pode ser na forma a granel (transportados por meio de
caminhões ou correias transportadoras), ou na forma de polpa (mistura de
água e sólidos), transportada por meio de tubulações com a utilização de
sistemas de bombeamento ou por gravidade.

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De forma geral, é possível se dizer que os rejeitos podem ser dispostos
em:
 minas subterrâneas,
 em cavas exauridas de minas,
em pilhas,
por empilhamento a seco (método “dry stacking”),
por disposição em pasta, e
em barragens de contenção de rejeitos

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A seleção de um método ou outro para a disposição dos rejeitos depende:
da natureza do processo de mineração,
das condições geológicas e topográficas da região,
das propriedades mecânicas dos materiais,
 do poder de impacto ambiental de contaminantes dos rejeitos, e
das condições climáticas da região

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Barragens de Rejeitos
Entre os métodos de disposição, as barragens de contenção de rejeitos ainda são as
mais usadas. Essas barragens, como dito anteriormente, podem ser construídas
utilizando-se solos, estéreis ou mesmo o próprio rejeito
O grande volume de rejeitos gerados, condicionados aos custos da disposição, faz
com que seja atractiva a utilização destes materiais na construção das próprias
barragens de contenção, desde que sejam obedecidas algumas premissas, tais como:
 separação da fração grossa e fina (as propriedades geotécnicas são diferentes
entre as frações),
controle dos processos de separação (granulometria),
utilização de sistemas de drenagens eficientes, compactação dos rejeitos (aumento
da densidade e da resistência), e
proteção superficial da barragem,
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As barragens de contenção de rejeitos são estruturas construídas ao longo do
tempo visando à diluição dos custos no processo de extração mineral, por meio
de alteamentos sucessivos. Assim, um dique de partida é construído
inicialmente e a barragem passa por alteamentos ao longo de sua vida útil,
podendo ser construídas com material compactado proveniente de áreas de
empréstimo, ou com o próprio rejeito, através de três métodos:
A montante,
a jusante ou
 linha de centro.
Os métodos de alteamento por montante e pela linha de centro têm vantagens
econômicas, pois apresentam redução do custo de implantação e têm o custo
de construção e o custo operacional distribuídos no tempo. Entretanto, têm na
água dos poros do rejeito e do reservatório o principal elemento instabilizador.

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MÉTODO DE MONTANTE
O método de montante é o mais antigo, simples e econômico método de
construção de barragens. A etapa inicial na execução deste tipo de
barragem consiste na construção de um dique de partida, normalmente
de material argiloso ou enrocamento compactado. Após realizada esta
etapa, o rejeito é lançado por canhões em direção a montante da linha de
simetria do dique, formando assim a praia de deposição, que se tornará a
fundação e eventualmente fornecerá material de construção para o
próximo alteamento. Este processo continua sucessivamente até que a
cota final prevista em projecto seja atingida, o método de montante para
alteamento de barragens de rejeito é o mais econômico em curto prazo,
pois permite obter a menor relação entre volumes de areia/lama.
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Vantagens
Volume de material usado no alteamento é menor.
Menor custo de construção.
Maior velocidade de alteamento.
Facilidade de operação.
Pode ser construída em topografias muito íngremes, onde o limitante
principal é a área para disposição.

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Desvantagens
Baixa segurança.
Susceptibilidade à liquefação por sismos naturais ou por vibrações decorrentes de
ação humana, isso devido à fundação dos alteamentos ser constituída de areais
saturadas fofas não compactadas.
Quando os rejeitos não são compactados adequadamente, a superfície crítica de
deslizamento passa pelos rejeitos sedimentados.
Existe a possibilidade de “piping” devido à linha freática estar muito próxima do
talude da jusante e à não compactação dos rejeitos, ou quando ocorre concentração
de fluxo entre dois diques compactados.
Dificuldade de implementação de um sistema interno de drenagem eficiente para
controlar o nível de água dentro da barragem, constituindo um problema adicional
com reflexos na estabilidade da estrutura
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MÉTODO DE JUSANTE
No método de jusante, a etapa inicial consiste na construção de um dique de partida,
normalmente de solo sera compactado, em que os alteamentos subsequentes são
realizados para jusante do dique de partida. Este processo continua sucessivamente até
que a cota final prevista em projecto seja atingida. as vantagens envolvidas no processo
de alteamento para jusante consistem no controle do lançamento e da compactação, de
acordo com técnicas convencionais de construção. Nenhum alteamento ou parte da
barragem é construído sobre o rejeito previamente depositado. Além disso, os sistemas de
drenagem interna podem ser instalados durante a construção da barragem e prolongados
durante seu alteamento, permitindo o controle da linha de saturação na estrutura da
barragem e aumentando sua estabilidade. A barragem também pode ser projectada e
construída apresentando a resistência necessária ou requerida, inclusive resistir a qualquer
tipo de forças sísmicas, desde que projetadas para tal, já que há a possibilidade de
atendimento integral das especificações de projeto.

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Entretanto, barragens alteadas pelo método de jusante necessitam de
maiores volumes de material para construção, apresentando maiores
custos associados ao processo de ciclonagem ou ao empréstimo de
material. Além disso, com este método, a área ocupada pelo sistema de
contenção de rejeitos é muito maior, devido ao progresso da estrutura
para jusante em função do acréscimo da altura

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Vantagens:
O método é eficiente para o controle das superfícies freáticas, pela construção de
sistemas contínuos de drenagem.
Pode ser usado em lugares com vibrações e/ou alta sismicidade, já que, se
compactados os rejeitos do “underflow”, a susceptibilidade de liquefação é muito
menor.
Operação relativamente simples.
Possibilita a compactação de todo o corpo da barragem.
Maior segurança devido aos alteamentos controlados (disposição da fração grossa
dos rejeitos a jusante, sistemas de drenagem e compactação): as probabilidades de
“piping” e de rupturas horizontais são muito menores.
 O estéril proveniente da lavra pode ser utilizado, e/ou misturado nos alteamentos.

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Desvantagens
Necessidade de grandes quantidades de rejeitos nas primeiras etapas da construção.
Dependendo das caraterísticas dos rejeitos, os problemas de área se
incrementariam, devido aos taludes bastante abatidos.
Necessidade de sistemas de drenagem eficientes, havendo probabilidade de
sedimentação dos finos.
Devido à complexidade dos diques de partida e de enrocamento e aos sistemas de
drenagem, os investimentos iniciais são altos.
Em zonas de alta pluviosidade é possível que os rejeitos a jusante não possam ser
compactados adequadamente, devendo-se esperar épocas de estiagem para a
operação em cima dos rejeitos.
Não possibilita a proteção com cobertura vegetal do talude de jusante, e tampouco
drenagem superficial durante a fase construtiva, devido à superposição dos rejeito
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MÉTODO DE LINHA DE CENTRO
Barragens alteadas pelo método de linha de centro apresentam uma disposição
intermediária entre os dois métodos citados anteriormente, apresentando
vantagens dos mesmos, ao mesmo tempo em que tenta minimizar suas
desvantagens, o comportamento geotécnico do método de linha de centro se
assemelha mais a barragens alteadas para jusante, constituindo uma variação
deste método, onde o alteamento da crista é realizado de forma vertical, sendo
o eixo vertical dos alteamentos coincidente com o eixo do dique de partida.
Neste método, torna-se possível a utilização de zonas de drenagem internas em
todas as fases de alteamento, o que possibilita o controle da linha de saturação
e promove uma dissipação de poropressões, tornando o método apropriado
para utilização inclusive em áreas de alta sismicidade

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Vantagens
Facilidade na construção.
Eixo dos alteamentos constante.
Redução do volume de “underflow” necessário em relação ao método
a jusante

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Desvantagens
Necessidade de sistemas de drenagem eficientes e sistemas de
contenção a jusante (se o material do rejeito fica saturado a jusante,
pode comprometer a estabilidade do maciço).
Operação complexa; é necessário equipamento para disposição
mecânica a jusante.
Pela complexidade da operação, os investimentos globais podem ser
altos.

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Deposição em Cava Subterrânea
A deposição subterrânea pode ter certos méritos em casos especiais, nos
quais os rejeitos podem ser considerados inertes e sem perigos
potenciais. No entanto, muitos rejeitos com o tempo podem gerar
poluentes (por exemplo, a percolação d’água através dos rejeitos pode
dissolver vários poluentes metálicos, pode ocorrer oxidação do enxofre
e produção de ácidos, por redução do pH) e, portanto, contaminar águas
subterrâneas. Os rejeitos podem ser bombeados directamente na cava da
mina, ou pode-se retirar água dos mesmos para melhorar suas
características de deposição; isto depende dos métodos de extração do
minério.

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A disposição de rejeito em abertura subterrânea, seja na forma de polpa, pasta ou
até mesmo material consolidado, geralmente é feita com o método de lavra
chamado de corte e enchimento, onde o material preenche os realces gerados pela
explotação do minério. Nesse caso, são praticadas duas técnicas de preenchimento
de minas subterrâneas, escolhidas em função da demanda da operação. A primeira
corresponde à necessidade de preenchimento para formar um novo piso, a ser
utilizado para desmontar a fatia de minério imediatamente acima da área lavrada.
Neste caso, o preenchimento ocorre obrigatoriamente junto com a lavra do
minério e pode ser feito com a utilização dos rejeitos misturados com estéril e
areias (backfill ou pastefill). A segunda técnica se aplica quando o preenchimento
da câmara ou realce é necessário para garantir a manutenção permanente da
estabilidade do maciço rochoso. Neste caso o preenchimento pode se dar durante
o processo de lavra ou durante o fechamento da mina, podendo ser realizado com
argamassa constituída de rejeito (pastefill) e/ou estéril, areia e cimento, para se
obter melhores propriedades geotécnicas para a mistura.

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Disposição Conjunta – Codisposição e
Disposição Compartilhada
Com a crescente dificuldade de liberação, por parte dos órgãos ambientais, de novas áreas para a disposição
final dos resíduos de mineração, uma alternativa bastante viável seria integrar estes sistemas de disposição em
um mesmo depósito através da disposição de rejeitos e estéreis num mesmo espaço físico.
 Quando a mistura rejeito-rejeito ou rejeito-estéril for realizada previamente ou efectivada no próprio
ambiente da disposição tem-se a técnica definida por codisposição.
 Agora, quando os materiais estéreis e os rejeitos forem dispostos no mesmo espaço físico, sem precisar
misturá-los tem-se a técnica definida por disposição compartilhada.

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Disposição em Cava a Céu Aberto
A disposição em cava a céu aberto também conhecida como “disposição em pit”,
consiste em se dispor rejeito em minas exauridas ou naquelas em que ainda há
extração de minério.

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Vantagens
A facilidade de recuperação das áreas lavradas concomitante ao avanço da lavra.
Redução de impactos ambientais e visuais.
Redução de riscos.
Minimização de custos operacionais.

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Desvantagens
Logística de extração de minério devido à construção de estruturas de
contenção de rejeitos dentro da cava.
Pouco volume disponível para disposição de rejeitos dado o grande
volume ocupado pela estrutura de contenção (elevado desnível da
cava).
 Problemas de percolação e estabilidade.

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Disposição de Rejeito Filtrado
A filtragem pode ser definida como uma operação unitária de separação dos sólidos
contidos em uma suspensão aquosa mediante a passagem da polpa através de um
meio filtrante, que retém as partículas sólidas e permite a passagem do líquido. O
líquido que atravessa o meio filtrante é denominado filtrado e os sólidos retidos
constituem a torta. Para que ocorra a filtragem, é necessária a ação de uma força
incidente sobre as partículas, que pode ser obtida através de gravidade, vácuo,
pressão ou centrifugação.

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Vantagens
 Redução da água armazenada no depósito de disposição de rejeitos, reduzindo custos do sistema de
disposição, causando menor impacto ambiental. Ainda em relação ao impacto ambiental deve-se
levar em consideração a área impactada, tendo em vista a necessidade de barragens de contenção de
água.
 A recirculação de água da planta de espessamento de rejeitos para a planta de processos é possível.
 Redução da área em planta necessária para a disposição de rejeitos, o que reduz o tempo de
reabilitação futura desta área.
 Melhores condições de recuperação da área no fechamento. Devido à inclinação obtida em um
depósito de rejeitos espessados, a superfície é sujeita ao rápido escoamento e secagem, propiciando a
existência da vegetação. Além disso, as operações necessárias para a execução de uma camada de
solo superficial e revegetação de toda a área tornam-se maisfáceis e podem ser realizadas através de
técnicas convencionais, dada a boa capacidade de suporte para suportar o tráfego de veículos.
 Possibilidade de uso como material de fundação, assim como é feito para os empilhamentos
drenados e barragens alteadas para montante.

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