Este documento discute a disposição de resíduos de mineração. Ele introduz os conceitos básicos de resíduos de mineração e suas propriedades, métodos de disposição como pilhas e barragens, e os métodos de montante e jusante para construir barragens de rejeitos.
Este documento discute a disposição de resíduos de mineração. Ele introduz os conceitos básicos de resíduos de mineração e suas propriedades, métodos de disposição como pilhas e barragens, e os métodos de montante e jusante para construir barragens de rejeitos.
Este documento discute a disposição de resíduos de mineração. Ele introduz os conceitos básicos de resíduos de mineração e suas propriedades, métodos de disposição como pilhas e barragens, e os métodos de montante e jusante para construir barragens de rejeitos.
Característica de resíduos de mineração e propriedades físicas associadas; Disposição de Resíduos sólidos de mineração; Drenagem Acida de Mina;
ANA KARINA RIBEIRO 1
Introdução A mineração compreende um conjunto de actividades destinadas a pesquisar, descobrir, mensurar, extrair, tratar ou beneficiar e transformar recursos minerais de forma a torná-los benefícios econômicos e sociais. As principais alterações físicas à paisagem decorrentes de suas actividades encontradas nas aberturas das cavas, disposição de material estéril (ou inerte ou não aproveitável) proveniente do decapeamento superficial e da disposição de rejeitos decorrentes dos processos de tratamento ou beneficiamento. Durante a maior parte da História, a extração de substâncias minerais se utilizou de técnicas e ferramentas rudimentares, o mesmo acontecendo nas etapas posteriores de tratamento e beneficiamento. A geração de rejeitos e os impactos decorrentes de sua disposição no meio ambiente eram consideradas desprezíveis, resultando daí descartes directamente na natureza.
ANA KARINA RIBEIRO 2
Na geração de resíduos da mineração, destaca-se a existência dos resíduos sólidos de extração (estéril) e do tratamento/beneficiamento (rejeitos). Estes resíduos, de modo geral, podem ser pilhas de minérios pobres, estéreis, rochas, sedimentos, solos e lamas das serrarias de mármore e granito, as polpas de decantação de efluentes, as sobras da mineração artesanal de pedras preciosas e semipreciosas – principalmente em região de garimpos – e finos e ultrafinos não aproveitados no beneficiamento. Os outros resíduos resultantes da operação das plantas de mineração são, em geral, os efluentes das estações de tratamento, os pneus, as baterias utilizadas nos veículos e maquinários, além de sucatas e resíduos de óleo em geral, cuja disposição se dá em locais e forma a eles adequados.
ANA KARINA RIBEIRO 3
Tecnologias de Disposição de Rejeitos Em função do tipo de minério processado e dos tratamentos adoptados podem ser encontrados rejeitos com variadas características geotécnicas, físico-químicas e mineralógicas. Os rejeitos, quando de granulometria fina, são denominados lama, e quando de granulometria grossa (acima de 0,074 mm), são denominados rejeitos granulares. O descarte pode ser na forma a granel (transportados por meio de caminhões ou correias transportadoras), ou na forma de polpa (mistura de água e sólidos), transportada por meio de tubulações com a utilização de sistemas de bombeamento ou por gravidade.
ANA KARINA RIBEIRO 4
De forma geral, é possível se dizer que os rejeitos podem ser dispostos em: minas subterrâneas, em cavas exauridas de minas, em pilhas, por empilhamento a seco (método “dry stacking”), por disposição em pasta, e em barragens de contenção de rejeitos
ANA KARINA RIBEIRO 5
A seleção de um método ou outro para a disposição dos rejeitos depende: da natureza do processo de mineração, das condições geológicas e topográficas da região, das propriedades mecânicas dos materiais, do poder de impacto ambiental de contaminantes dos rejeitos, e das condições climáticas da região
ANA KARINA RIBEIRO 6
Barragens de Rejeitos Entre os métodos de disposição, as barragens de contenção de rejeitos ainda são as mais usadas. Essas barragens, como dito anteriormente, podem ser construídas utilizando-se solos, estéreis ou mesmo o próprio rejeito O grande volume de rejeitos gerados, condicionados aos custos da disposição, faz com que seja atractiva a utilização destes materiais na construção das próprias barragens de contenção, desde que sejam obedecidas algumas premissas, tais como: separação da fração grossa e fina (as propriedades geotécnicas são diferentes entre as frações), controle dos processos de separação (granulometria), utilização de sistemas de drenagens eficientes, compactação dos rejeitos (aumento da densidade e da resistência), e proteção superficial da barragem, ANA KARINA RIBEIRO 7 As barragens de contenção de rejeitos são estruturas construídas ao longo do tempo visando à diluição dos custos no processo de extração mineral, por meio de alteamentos sucessivos. Assim, um dique de partida é construído inicialmente e a barragem passa por alteamentos ao longo de sua vida útil, podendo ser construídas com material compactado proveniente de áreas de empréstimo, ou com o próprio rejeito, através de três métodos: A montante, a jusante ou linha de centro. Os métodos de alteamento por montante e pela linha de centro têm vantagens econômicas, pois apresentam redução do custo de implantação e têm o custo de construção e o custo operacional distribuídos no tempo. Entretanto, têm na água dos poros do rejeito e do reservatório o principal elemento instabilizador.
ANA KARINA RIBEIRO 8
MÉTODO DE MONTANTE O método de montante é o mais antigo, simples e econômico método de construção de barragens. A etapa inicial na execução deste tipo de barragem consiste na construção de um dique de partida, normalmente de material argiloso ou enrocamento compactado. Após realizada esta etapa, o rejeito é lançado por canhões em direção a montante da linha de simetria do dique, formando assim a praia de deposição, que se tornará a fundação e eventualmente fornecerá material de construção para o próximo alteamento. Este processo continua sucessivamente até que a cota final prevista em projecto seja atingida, o método de montante para alteamento de barragens de rejeito é o mais econômico em curto prazo, pois permite obter a menor relação entre volumes de areia/lama. ANA KARINA RIBEIRO 9 Vantagens Volume de material usado no alteamento é menor. Menor custo de construção. Maior velocidade de alteamento. Facilidade de operação. Pode ser construída em topografias muito íngremes, onde o limitante principal é a área para disposição.
ANA KARINA RIBEIRO 10
Desvantagens Baixa segurança. Susceptibilidade à liquefação por sismos naturais ou por vibrações decorrentes de ação humana, isso devido à fundação dos alteamentos ser constituída de areais saturadas fofas não compactadas. Quando os rejeitos não são compactados adequadamente, a superfície crítica de deslizamento passa pelos rejeitos sedimentados. Existe a possibilidade de “piping” devido à linha freática estar muito próxima do talude da jusante e à não compactação dos rejeitos, ou quando ocorre concentração de fluxo entre dois diques compactados. Dificuldade de implementação de um sistema interno de drenagem eficiente para controlar o nível de água dentro da barragem, constituindo um problema adicional com reflexos na estabilidade da estrutura ANA KARINA RIBEIRO 11 ANA KARINA RIBEIRO 12 MÉTODO DE JUSANTE No método de jusante, a etapa inicial consiste na construção de um dique de partida, normalmente de solo sera compactado, em que os alteamentos subsequentes são realizados para jusante do dique de partida. Este processo continua sucessivamente até que a cota final prevista em projecto seja atingida. as vantagens envolvidas no processo de alteamento para jusante consistem no controle do lançamento e da compactação, de acordo com técnicas convencionais de construção. Nenhum alteamento ou parte da barragem é construído sobre o rejeito previamente depositado. Além disso, os sistemas de drenagem interna podem ser instalados durante a construção da barragem e prolongados durante seu alteamento, permitindo o controle da linha de saturação na estrutura da barragem e aumentando sua estabilidade. A barragem também pode ser projectada e construída apresentando a resistência necessária ou requerida, inclusive resistir a qualquer tipo de forças sísmicas, desde que projetadas para tal, já que há a possibilidade de atendimento integral das especificações de projeto.
ANA KARINA RIBEIRO 13
Entretanto, barragens alteadas pelo método de jusante necessitam de maiores volumes de material para construção, apresentando maiores custos associados ao processo de ciclonagem ou ao empréstimo de material. Além disso, com este método, a área ocupada pelo sistema de contenção de rejeitos é muito maior, devido ao progresso da estrutura para jusante em função do acréscimo da altura
ANA KARINA RIBEIRO 14
Vantagens: O método é eficiente para o controle das superfícies freáticas, pela construção de sistemas contínuos de drenagem. Pode ser usado em lugares com vibrações e/ou alta sismicidade, já que, se compactados os rejeitos do “underflow”, a susceptibilidade de liquefação é muito menor. Operação relativamente simples. Possibilita a compactação de todo o corpo da barragem. Maior segurança devido aos alteamentos controlados (disposição da fração grossa dos rejeitos a jusante, sistemas de drenagem e compactação): as probabilidades de “piping” e de rupturas horizontais são muito menores. O estéril proveniente da lavra pode ser utilizado, e/ou misturado nos alteamentos.
ANA KARINA RIBEIRO 15
Desvantagens Necessidade de grandes quantidades de rejeitos nas primeiras etapas da construção. Dependendo das caraterísticas dos rejeitos, os problemas de área se incrementariam, devido aos taludes bastante abatidos. Necessidade de sistemas de drenagem eficientes, havendo probabilidade de sedimentação dos finos. Devido à complexidade dos diques de partida e de enrocamento e aos sistemas de drenagem, os investimentos iniciais são altos. Em zonas de alta pluviosidade é possível que os rejeitos a jusante não possam ser compactados adequadamente, devendo-se esperar épocas de estiagem para a operação em cima dos rejeitos. Não possibilita a proteção com cobertura vegetal do talude de jusante, e tampouco drenagem superficial durante a fase construtiva, devido à superposição dos rejeito ANA KARINA RIBEIRO 16 ANA KARINA RIBEIRO 17 MÉTODO DE LINHA DE CENTRO Barragens alteadas pelo método de linha de centro apresentam uma disposição intermediária entre os dois métodos citados anteriormente, apresentando vantagens dos mesmos, ao mesmo tempo em que tenta minimizar suas desvantagens, o comportamento geotécnico do método de linha de centro se assemelha mais a barragens alteadas para jusante, constituindo uma variação deste método, onde o alteamento da crista é realizado de forma vertical, sendo o eixo vertical dos alteamentos coincidente com o eixo do dique de partida. Neste método, torna-se possível a utilização de zonas de drenagem internas em todas as fases de alteamento, o que possibilita o controle da linha de saturação e promove uma dissipação de poropressões, tornando o método apropriado para utilização inclusive em áreas de alta sismicidade
ANA KARINA RIBEIRO 18
Vantagens Facilidade na construção. Eixo dos alteamentos constante. Redução do volume de “underflow” necessário em relação ao método a jusante
ANA KARINA RIBEIRO 19
Desvantagens Necessidade de sistemas de drenagem eficientes e sistemas de contenção a jusante (se o material do rejeito fica saturado a jusante, pode comprometer a estabilidade do maciço). Operação complexa; é necessário equipamento para disposição mecânica a jusante. Pela complexidade da operação, os investimentos globais podem ser altos.
ANA KARINA RIBEIRO 20
ANA KARINA RIBEIRO 21 Deposição em Cava Subterrânea A deposição subterrânea pode ter certos méritos em casos especiais, nos quais os rejeitos podem ser considerados inertes e sem perigos potenciais. No entanto, muitos rejeitos com o tempo podem gerar poluentes (por exemplo, a percolação d’água através dos rejeitos pode dissolver vários poluentes metálicos, pode ocorrer oxidação do enxofre e produção de ácidos, por redução do pH) e, portanto, contaminar águas subterrâneas. Os rejeitos podem ser bombeados directamente na cava da mina, ou pode-se retirar água dos mesmos para melhorar suas características de deposição; isto depende dos métodos de extração do minério.
ANA KARINA RIBEIRO 22
A disposição de rejeito em abertura subterrânea, seja na forma de polpa, pasta ou até mesmo material consolidado, geralmente é feita com o método de lavra chamado de corte e enchimento, onde o material preenche os realces gerados pela explotação do minério. Nesse caso, são praticadas duas técnicas de preenchimento de minas subterrâneas, escolhidas em função da demanda da operação. A primeira corresponde à necessidade de preenchimento para formar um novo piso, a ser utilizado para desmontar a fatia de minério imediatamente acima da área lavrada. Neste caso, o preenchimento ocorre obrigatoriamente junto com a lavra do minério e pode ser feito com a utilização dos rejeitos misturados com estéril e areias (backfill ou pastefill). A segunda técnica se aplica quando o preenchimento da câmara ou realce é necessário para garantir a manutenção permanente da estabilidade do maciço rochoso. Neste caso o preenchimento pode se dar durante o processo de lavra ou durante o fechamento da mina, podendo ser realizado com argamassa constituída de rejeito (pastefill) e/ou estéril, areia e cimento, para se obter melhores propriedades geotécnicas para a mistura.
ANA KARINA RIBEIRO 23
Disposição Conjunta – Codisposição e Disposição Compartilhada Com a crescente dificuldade de liberação, por parte dos órgãos ambientais, de novas áreas para a disposição final dos resíduos de mineração, uma alternativa bastante viável seria integrar estes sistemas de disposição em um mesmo depósito através da disposição de rejeitos e estéreis num mesmo espaço físico. Quando a mistura rejeito-rejeito ou rejeito-estéril for realizada previamente ou efectivada no próprio ambiente da disposição tem-se a técnica definida por codisposição. Agora, quando os materiais estéreis e os rejeitos forem dispostos no mesmo espaço físico, sem precisar misturá-los tem-se a técnica definida por disposição compartilhada.
ANA KARINA RIBEIRO 24
ANA KARINA RIBEIRO 25 ANA KARINA RIBEIRO 26 Disposição em Cava a Céu Aberto A disposição em cava a céu aberto também conhecida como “disposição em pit”, consiste em se dispor rejeito em minas exauridas ou naquelas em que ainda há extração de minério.
ANA KARINA RIBEIRO 27
Vantagens A facilidade de recuperação das áreas lavradas concomitante ao avanço da lavra. Redução de impactos ambientais e visuais. Redução de riscos. Minimização de custos operacionais.
ANA KARINA RIBEIRO 28
Desvantagens Logística de extração de minério devido à construção de estruturas de contenção de rejeitos dentro da cava. Pouco volume disponível para disposição de rejeitos dado o grande volume ocupado pela estrutura de contenção (elevado desnível da cava). Problemas de percolação e estabilidade.
ANA KARINA RIBEIRO 29
Disposição de Rejeito Filtrado A filtragem pode ser definida como uma operação unitária de separação dos sólidos contidos em uma suspensão aquosa mediante a passagem da polpa através de um meio filtrante, que retém as partículas sólidas e permite a passagem do líquido. O líquido que atravessa o meio filtrante é denominado filtrado e os sólidos retidos constituem a torta. Para que ocorra a filtragem, é necessária a ação de uma força incidente sobre as partículas, que pode ser obtida através de gravidade, vácuo, pressão ou centrifugação.
ANA KARINA RIBEIRO 30
Vantagens Redução da água armazenada no depósito de disposição de rejeitos, reduzindo custos do sistema de disposição, causando menor impacto ambiental. Ainda em relação ao impacto ambiental deve-se levar em consideração a área impactada, tendo em vista a necessidade de barragens de contenção de água. A recirculação de água da planta de espessamento de rejeitos para a planta de processos é possível. Redução da área em planta necessária para a disposição de rejeitos, o que reduz o tempo de reabilitação futura desta área. Melhores condições de recuperação da área no fechamento. Devido à inclinação obtida em um depósito de rejeitos espessados, a superfície é sujeita ao rápido escoamento e secagem, propiciando a existência da vegetação. Além disso, as operações necessárias para a execução de uma camada de solo superficial e revegetação de toda a área tornam-se maisfáceis e podem ser realizadas através de técnicas convencionais, dada a boa capacidade de suporte para suportar o tráfego de veículos. Possibilidade de uso como material de fundação, assim como é feito para os empilhamentos drenados e barragens alteadas para montante.