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TECNOLOGIA DO PARÁ
ÁREA PROFISSIONAL DE MINERAÇÃO
CURSO TÉCNICO DE MINERAÇÃO
2020
5. Deposição de estéril
INTRODUÇÃO
de estéril a serem empilhados, como também se determina o de cada material para ajuste da
configuração projetada da pilha. O estéril temporário (minério marginal) destinado ao
aproveitamento futuro deve ficar preferencialmente próximo da usina de beneficiamento para
em caso de retomada reduzir a distância de transporte. Após estes procedimentos são
projetadas pilhas que tenham capacidade para atender às necessidades levantadas,
contemplando as drenagens e acessos. Define-se uma trajetória que resulte em menor
distância de transporte, entre o ponto de origem e destino do estéril. Desta maneira, a
construção dos bota-foras leva em conta:
LOCAL DE IMPLANTAÇÃO
DIMENSÃO E FORMA
Figura 5.1 - Tipos de pilhas de estéril. Tipo 1 - geometria em vale. Tipo 2 - variante da
geometria em vale, a pilha atua como barramento. Tipo 3 - geometria em meia encosta. Tipo 4
- variante da geometria em meia encosta. Tipo 5 - geometria em altura.
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Métodos de Explotação
Professora: Marlis Elena Ramírez Requelme
GEOLOGIA E CAPACIDADE
Os bota-foras por fases proporcionam fatores de segurança mais elevados, uma vez
que os taludes finais são mais baixos. A altura total pode estar limitada por fatores associados
ao acesso aos níveis inferiores.
A construção de um dique no pé do talude com o estéril de maior dimensão e
resistência é recomendada quando os estéreis não são homogêneos e apresentam diferentes
litologias e características geotécnicas. Os materiais do dique de retenção no pé do talude
atuam como obstáculo ao escorregamento do restante material depositado.
O tipo de construção por fases ascendentes superpostas confere uma maior
estabilidade, uma vez que se diminuem os taludes finais e se obtém uma maior compactação
dos materiais. Desta maneira, constata-se que a sequência de construção de um bota-fora
incide diretamente sobre a estabilidade das referidas estruturas e sobre a economia da
operação, sendo necessário na maioria dos casos chegar-se a uma solução de compromisso
entre ambos os fatores.
CONFIGURAÇÃO DO DEPÓSITO
O estéril de mineração, de uma forma geral, é constituído por solo, rocha sã e alterada,
cujas relações recíprocas (minério ou estéril), dependem do estágio da mineração ou de
alterações no planejamento da lavra decorrente de considerações econômicas. O material
apresenta uma distribuição granulométrica ampla, com partículas de dimensões de argila
variando até matacões.
Tipos de ruptura
As rupturas observadas são condicionadas pela ação de um ou mais dos seguintes
fatores:
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a) inclinação e forma da superfície das encostas. Encostas regulares e côncavas são mais
favoráveis para deposição do que encostas convexas e irregulares. Quanto à inclinação, de
uma forma geral, encostas com 10 graus são consideradas planas, acima de 10 graus são
consideradas íngremes;
b) ocorrência de tálus e movimentos superficiais nas encostas. A sobrecarga decorrente do
lançamento de estéril sobre encostas com depósitos de tálus apresentam movimento de
rastejo, poderiam induzir ou acelerar processos de instabilização da própria pilha de estéril, e
mesmo das encostas de todo o vale;
c) surgências de água e drenagens perenes. Visto que a estabilidade é influenciada pelas
condições das pressões neutras, deve-se evitar a construção de depósitos de estéril
interceptando talvegues perenes e surgências de água significativas. Em caso alternativo, a
ação da água poderá ser minimizada através da adoção de um sistema de interceptação e
desvio dos talvegues naturais, ou através da construção de uma drenagem de base adequada;
d) porte da vegetação. Principalmente em encostas íngremes, a não remoção da vegetação
densa (mata), poderá desenvolver uma superfície mais fraca no contato do depósito de estéril
com o terreno natural. Tal superfície pode ser o condicionante de instabilidade;
e) matéria orgânica e estratos "moles". Mesmo em encostas planas a presença de camadas
fracas poderá induzir movimentações de massa ao longo da base da pilha de estéril.
Recomenda-se a remoção de solos orgânicos fracos quando estes atingem uma espessura
superior a 0,3 m. Muitas vezes, entretanto, a remoção pode representar custos elevados,
podendo ser economicamente inviável. Nesse caso a estabilidade deverá ser analisada e certos
recursos utilizados como:
- suavização de taludes e emprego de bermas de equilíbrio;
- deposição controlada em camadas de pequena espessura, minimizando-se a velocidade de
alteamento;
- deposição de material drenante sobre a fundação para facilitar o adensamento.
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S = c + ( - u ) tg
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PROCESSO CONSTRUTIVO
DESMATAMENTO
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DRENAGEM DE FUNDAÇÃO
Lei de Darcy
Qi
K=
A
i = dh / l
Onde:
dh = perda de carga,
l = comprimento talvegue,
A = área em m2.
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A maioria dos depósitos de estéreis são construídos por unidades móveis com o
basculamento direto do material nas encostas (ponta de aterro). O estéril basculado flui pela
encosta assumindo um ângulo de repouso de 37º em média para materiais não-coesivos,
ocorrendo ainda uma segregação do mesmo material, onde os fragmentos grosseiros "escoam"
para a base e os finos ficam na parte superior do talude. Isto gera um ângulo ligeiramente
mais íngreme no topo do que na base do talude.
O material é lançado em ponta de aterro, sem planejamento ordem ou controle. A pilha
(bota-fora) é construída em sua altura máxima. Neste caso o material não sofre compactação e
não há preparação da base para o seu recebimento. (Figura 5.4).
Este processo é aparentemente mais econômico, porém não atende às condições
mínimas de segurança, podendo causar escorregamento e erosão. Causa danos ao meio
ambiente que não são aceitos pelas normas técnicas e padrões legais. Reduz a distância de
transporte, porém o material não adquire compactação, nem apresenta a drenagem adequada.
Nos períodos de chuva pode romper e escorregar pela ação da saturação do maciço.
Neste método não se executa a proteção superficial contra a erosão, ficando o material
da superfície fofo e solto. Portanto, durante o período chuvoso estas pilhas irão contribuir com
um volume grande de finos para os cursos de água localizados a jusante.
Desta maneira recomenda-se estes tipos de pilha, para terrenos de fundação
relativamente competentes (bastante resistente) e que demandam pouco ou quase nenhum
trabalho de preparação e o material fosse bastante granulado e permeável.
A utilização deste processo atualmente só é justificável em casos específicos, como de
pilhas com altura máxima de 10 a 15 m, ou pilhas de estéril de granulometria grosseira
(cascalho, enrocamento), implantado sobre fundação firme, e com área de segurança a jusante
reservada a rolagem de blocos isolados. Neste caso, as distâncias de transporte iniciais são
menores, fator relevante se considerado os altos investimentos iniciais de implantação de uma
mineração.
Figura 5.4 - Pilha executada por via seca pelo método descendente.
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Figura 5.5 - Pilha executada por via seca pelo método ascendente (fase de lançamento).
Figura 5.6 - Pilha executada por via seca pelo método ascendente (fase de empilhamento e
compactação)
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Figura 5.7 - Pilha executada por via seca pelo método ascendente de bancada (fase de
lançamento).
RETALUDAMENTO DE BANCADAS
Entende-se por retaludamento o ato de quebrar o ângulo da face para valores inferiores
ao ângulo de repouso (Figuras 5.8, 5.9 e 5.10).
Após a conclusão de cada bancada, deverá ser executado o retaludamento, motivo pelo
qual se deve formar a pilha com bermas entre 10 e 12 metros, que consiste em quebrar a crista
de cada bancada para suavizar o ângulo de repouso. Esta operação tem por objetivo aumentar
a estabilidade da pilha através da compactação da superfície.
Em alguns casos dependendo do resultado da análise da estabilidade e do material que
está sendo empilhado, pode-se lançar o estéril em ponta de aterro, desde que se resguarde a
altura igual à da bancada e não maior, e se execute o retaludamento para favorecer a
compactação da superfície.
Figura 5.8 - Pilha executada por via seca pelo método ascendente (fase de retadulamento).
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Berma
Ângulo da face
10 metros
26º
6 metros 21º
ACABAMENTO
DRENAGEM SUPERFICIAL
Tipos de erosão
- Erosão laminar. Ocorre quando o escoamento da água, encosta abaixo, "lava" a superfície do
terreno como um todo, transportando as partículas sem formar canais definidos.
- Erosão em sulcos. Ocorre por concentração do fluxo d'água em caminhos preferenciais,
arrastando as partículas e aprofundando os sulcos, podendo formar ravinas com alguns metros
de profundidade.
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- volume d'água que atinge o terreno: o volume e sua distribuição no espaço e no tempo são
determinantes da velocidade dos processos erosivos;
- cobertura vegetal: o tipo determina maior ou menor proteção contra o impacto e remoção de
partículas de solo pela água;
- tipo solo/rocha: determina a suscetibilidade dos terrenos à erosão, em função de suas
características granulométricas, estruturais, de espessura etc;
- lençol freático: a profundidade do lençol nos solos é fator decisivo para o desenvolvimento
de voçorocas;
- topografia: maiores declividades determinam maiores velocidades de escoamento das águas,
aumentando sua capacidade erosiva; e maior comprimento da encosta implica maior tempo de
escoamento e, consequentemente, maior erosão.
REVEGETAÇÃO
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- compromisso empresarial;
- planejamento;
- preparo da área a ser lavrada;
- remoção da camada fértil do solo e estocagem;
- recomposição topográfica e paisagística;
- tratos a superfície final;
- revegetação.
CUSTOS
Os custos de disposição de estéril de mina estão concentrados no transporte, na
drenagem/proteção vegetal, na retenção de finos gerados por carreamento durante e após a
formação da pilha e na manutenção de drenagens ao longo dos anos. Destes custos, o mais
significativo em qualquer situação é o transporte do estéril da mina até a pilha e cuja
otimização depende mais dos equipamentos e perfis de transportes e menos do projeto ou do
método executivo da pilha. Porém os outros custos, apesar das pequenas incidências
percentuais, podem significar grandes montantes de desembolso ao longo e após a formação
da pilha. Estes custos podem ser minimizados através de um bom projeto de engenharia e de
métodos executivos apropriados.
A formação controlada de depósitos de estéreis é evidentemente mais onerosa ao
empreendimento mineiro que o simples basculamento do material nas encostas ou terrenos
adjacentes à mina. Entretanto, como benefícios, podem ser apontados, dentre outros, a
ocupação racional das áreas disponíveis, estabilidade dos taludes, controle da erosão e
drenagem, estética, possibilidade de recomposição da paisagem natural e reaproveitamento
futuro do material.
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Embora não haja razões técnicas que limitem a altura total da pilha, não é
aconselhável projetar maciços com altura superior a 200 m, devido às dificuldades e custos
operacionais elevados na execução de pilhas com grandes alturas, por não se tratar de uma
atividade definida e padronizada exigindo, em muitos casos, conhecimentos um pouco além
da mecânica de solos convencional e uma adequada qualificação da equipe envolvida.
Em casos excepcionais onde a magnitude dos volumes a dispor, conjugados com
restrições de espaço e topografia muito acidentada, pressione em favor de uma pilha muito
alta, deverão ser elaborados estudos muito minuciosos do sequenciamento de remoção e
lançamento de estéril, para estabelecer métodos alternativos que possam viabilizar a execução
segura da pilha.
Recomenda-se que a inclinação dos taludes entre bancos seja estabelecido para valores
próximos de 2H:1V (26,6º aproximadamente), de modo a facilitar a implantação da proteção
dos taludes, além de evitar pequenas rupturas que possam assorear as canaletas de drenagem.
As bermas dos bancos deverão ter uma largura tal que viabilizem trânsito e operação
de equipamentos para implantação e manutenção da proteção dos taludes e drenagem
superficial. Recomenda-se o valor mínimo de 6 m, em função de experiências prévias.
Poderão ser adotadas larguras maiores em uma ou mais bermas da pilha, caso o plano viário
global a ser estabelecido na mina assim o exija, ou para abater o ângulo geral da pilha, a ser
definido pelas verificações de estabilidade.
e) Declividade das bermas
Com o objetivo de conduzir as águas pluviais para fora da pilha, deverá ser previsto
uma declividade longitudinal mínima de 1% na berma, na direção do dispositivo coletor ou
dissipador. De forma a evitar o corrimento de água pelo talude, com a conseqüente erosão
superficial, deverá ser previsto uma declividade transversal mínima de 5% no sentido interno
(crista-pé do talude).
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O acesso às pilhas de estéril depende do sistema de acesso à mina, de tal forma que o
conjunto de rampas ao longo da lavra deve ser estrategicamente definido para que possa dar
rendimento, segurança e funcionalidade.
Deverá ser previsto, na geometria global da pilha, a incorporação e/ou interligação de
acessos, integrados ao plano viário da mina, que viabilizem a manutenção dos taludes. A
malha viária deve ser de tal forma dimensionada a atender as necessidades, procurando não se
abrir rampas sem necessidades para evitar aumento de poeira, ruídos, consumo de águas para
irrigação e processos erosivos.
DRENAGEM DE PILHAS
Para cada pilha é definido um sistema de drenagem (Figura 5.11). As bermas deverão
ter, para efeito de direcionamento do fluxo de água, inclinação de 1% descendente do centro
para as extremidades do depósito, suficiente para evitar erosões e para impedir empoçamento
da água. Para proteger a face do banco evitando que a água desça pela crista, na secção
longitudinal deve-se dotar a berma de um caimento de 3 a 5% descendente da crista do banco
inferior para o pé do banco superior. Poderá ser executada juntamente uma leira junto à crista.
(banqueta).
A inclinação transversal funcionará como uma valeta ao pé de cada bancada, onde se
recomenda que seja depositada uma leira de estéril. Não só levando em conta a questão da
estabilidade dos taludes, mas também considerando o percurso que água irá realizar sobre a
terra até o dreno, carreando assim material e provocando erosão. O estéril agirá como um
filtro e uma barreira para a quebra de energia do fluxo d'água. A água coletada deverá seguir
para drenos laterais ao depósito ou para drenos localizados na própria superfície do talude,
separados por distâncias fixas. Após a conclusão de cada bancada é conveniente cobrir os
taludes com uma fina camada de solo rico em compostos orgânicos, proveniente da limpeza
da fundação, para facilitar seu plantio.
O processo de formação da pilha por via seca pelo método ascendente permite ainda o
zoneamento interno dos materiais a serem dispostos, de forma a aproveitar ao máximo as
características de resistência e permeabilidade de cada material. Canaletas de drenagem com
dissipadores de energia devem ser construídas no entorno da pilha em terreno natural. A água
proveniente das bermas deverá ser conduzida para estas canaletas.
DRENAGEM INTERNA
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Se o material da fundação tenha alta erodibilidade, também será necessário forrar a superfície
de contato.
DRENAGEM SUPERFICIAL
Durante a evolução das pilhas, com o objetivo evitar as erosões, deverá ser dado o
caimento adequado às praças, a partir de pontos determinados, com declividade de 1%. Para
evitar que a água caia pelas faces dos taludes. As bermas deverão ser construídas com
caimento de 5% em direção ao pé da bancada superior.
Após a conclusão das bancadas e implantação do sistema de drenagem, deverão ser
executadas as descidas d’água com enrocamento para redução da velocidade da água que
poderão criar as erosões. A garantia para a eficiência do sistema de drenagem superficial é a
criação de canaletas nas praças que dirijam as águas para os pontos de descida. Em sua fase
final deverá ser providenciado o plantio de gramíneas e de plantas nativas para recobrimento
e maior proteção dos taludes e bermas.
DRENAGEM PERIFÉRICA
A drenagem periférica tem como objetivo receber as águas das descidas d’água e
lança-las na drenagem natural com o menor impacto possível. Prevê-se desta forma que
durante a evolução das pilhas serão preparadas áreas preferenciais para descidas d’água e
enrocamento no pé dos taludes. Será conveniente a construção do enrocamento com materiais
de granulometria mais grosseira e resistente, de maneira que atuem como um muro de
contenção estéril evitando que a ação das águas causem erosões.
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Drenagem de
fundo
Drenagem
Superficial
1%
1%
Drenagem
Periférica
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