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Universidade Lúrio

Faculdade de Engenharia

Disciplina:

Petróleo e Gás e Modelização de Reservatórios

Capítulo 3:

RESERVATÓRIOS DE PETRÓLEO E GÁS NATURAL


3.1. Reservatórios siliciclásticos e carbonatados

Abril | 2021 Docente: Eng.º Paulo Nguenha


3.1. Sumário

3.1. Reservatórios na Indústria do Petróleo........................................... 3

3.1.1. Histórico e objectivos da gestão de reservatórios ......................... 4

3.1.2. Reservatórios siliciclásticos e carbonatados ................................. 5

3.1.3. Rochas e Reservatórios Clásticos .................................................. 6

3.1.4. Rochas e Reservatórios Carbonatados........................................ 10


3.1.Reservatórios na Indústria do Petróleo

A Gestão de Reservatórios tem sido reconhecida nos últimos anos como uma importante área nas
operações desde a pesquisa à produção de petróleo. É a área de Engenharia de Petróleo que busca
identificar o potencial de produção das jazidas portadoras de hidrocarbonetos, procurando maximizar
a sua exploração e recuperação com menor custo possível.

Não é por coincidência que este maior interesse tenha surgido justamente durante os períodos de
crise da economia do petróleo, que começou a meio da década de 70 e início da década de 80,
resultando em margens de lucro significativamente mais baixas para as IOC – International Oil
Companies.

Neste contexto, as técnicas de gestão de reservatórios tem sido desenvolvidas ao longo dos últimos
anos com a participação de engenheiros, geólogos, geofísicos, entre outros, que buscam metodologias
para caracterizar melhor os reservatórios estudando as propriedades das rochas e os fluidos neles
contidos, o modo como os fluidos interagem dentro da rocha e o como o fluxo dos fluidos ocorre neste
meio poroso.

Nos últimos 30 anos, com o desenvolvimento da informática e para agilizar a utilização complexa de
fórmulas matemáticas, os Engenheiros de Reservatórios utilizam softwares de simulação, que
permitem baixar o custo do processamento e interpretação de dados obtendo-se uma melhor
caracterização dos reservatórios de hidrocarbonetos.

Âmbito da gestão de reservatórios


Inicia-se em paralelo com o programa de geologia, desde a aquisição até à interpretação de dados,
durante todo o programa de perfuração e também durante o período de produção de petróleo,
monitorando o comportamento do reservatório e adoptando as melhores práticas para estimular e
maximizar a exploração dos reservatórios.

3.1.1. Histórico e objectivos da gestão de reservatórios

A gestão de reservatórios de petróleo tem recebido uma atenção significativa nos últimos anos, não
só pela necessidade de caracterização inicial dos reservatórios, mas também devido à oportunidade
de recuperação de grandes quantidades remanescentes de petróleo e gás e campos petrolíferos
maduros existentes pelo mundo, particularmente nos Estados Unidos e Médio Oriente.

Historicamente, as práticas de gestão de reservatório são utilizadas exaustivamente quando há


elevados investimentos, como por exemplo, o desenvolvimento de um novo campo petrolífero ou a
recuperação de jazidas de petróleo com muito potencial remanescente.

Inicialmente, muitas pessoas consideravam a gestão de reservatórios como um sinónimo de


engenharia. Na década de 70, a engenharia de reservatórios era considerada como o componente
técnico mais importante na gestão de reservatórios. No entanto, depois de se entender também o
valor geológico do reservatório, a sinergia entre geologia e engenharia de reservatórios tornou-se
muito popular e provou ser bastante benéfica a sua aplicação.

A gestão de reservatórios avançou por várias etapas nos últimos 30 anos. As técnicas actuais são
melhores, o conhecimento acumulado das condições de reservatório aumentou, e o uso de
automação (com mainframes e computadores pessoais) tem ajudado fortemente o processamento e
a gestão de dados.

Actualmente, a gestão de reservatórios é considerada uma metodologia que procura maximizar o


valor do activo de hidrocarbonetos, porém existem empresas com diferentes entendimentos sobre
esta metodologia e, por isso, não há uma definição e objectivos genéricos aceite totalmente pela
Indústria do Petróleo.

Para a Mobil Oil, por exemplo, “a gestão de reservatórios é o guia de todos os recursos de negócios,
técnicos e operacionais apropriados para se optimizar a explotação de um reservatório desde a sua
descoberta até o seu abandono.”
Porém, podemos definir com um elevado nível de confiabilidade, que os principais objectivos da área
de gestão de reservatórios os seguintes:

Identificar e definir todos os reservatórios individuais localizados em um determinado campo e suas


propriedades físicas;
Conhecer o fluido contido no reservatório (viscosidade, composição da mistura, densidade, entre
outras...);
Conhecer as propriedades da rocha-reservatório (porosidade, permeabilidade, capilaridade,
saturação, entre outras...);
Desenvolver um modelo teórico do reservatório que traduza o comportamento passado e possibilite
a previsão futura deste reservatório (baseando-se no histórico de produção utilizando-se de modernos
simuladores de fluxo...);
Garantir a gestão do reservatório e a partir das informações, fazer previsões futuras acerca do
desempenho do reservatório durante a produção;
Estudar e conhecer os mecanismos de produção do reservatório (gás em solução, capa de gás, influxo
de água, mecanismo combinado, segregação gravitacional, etc...);
Estudar e propor método de recuperação secundária e/ ou avançada de petróleo (recuperação com
injecção de água, injecção de gás, recuperação térmica com vapor, combustão “in situ”, com acção de
polímeros, etc...);
Respeitar os factores legais, técnicos e económicos das entidades reguladores da Indústria Petrolífera.
Neste contexto, iremos conhecer os principais métodos utilizados na Gestão de Reservatórios e
conhecer quais as características que devem ser avaliadas na Gestão de Reservatórios.

3.1.2. Reservatórios siliciclásticos e carbonatados

A formação de hidrocarbonetos deve-se a vários factores como a presença de matéria orgânica e


pressões e temperaturas adequadas, e ocorre numa rocha própria designada por rocha-mãe ou rocha
geradora.

Uma vez gerados os hidrocarbonetos, estes podem permanecer na rocha geradora (reservatório não
convencional) ou migrar para uma rocha diferente com capacidade de retenção (reservatório
convencional), onde permanecem desde que exista de uma armadilha adequada.

As rochas que constituem os reservatórios são frequentemente rochas sedimentares. Essa armadilha
deve incluir uma formação de cobertura (rocha selante) que impeça a migração.

Exemplo de sistema petrolífero

Um reservatório pode ser classificado segundo a origem deposicional, litologia dominante


(carbonatada ou clástica), profundidade, espessura e área. As rochas sedimentares que mais
comummente ocorrem em reservatórios são as rochas carbonatadas e as rochas siliciclásticas.
Neste contexto, a rocha reservatório pode ser definida como rochas onde o petróleo está acumulado
em quantidades comerciais, ocupando pequenos poros e fracturas da rocha que muitas vezes se
encontra sob grandes pressões.

Entre a rocha e o poço de produção tem que ser planeado um complicado jogo de pressões, de modo
a que os hidrocarbonetos possam fluir para o poço. Este jogo irá definir em grande parte a produção
e rentabilidade do poço.

Um reservatório corresponde a uma formação limitada por algum tipo de armadilha que impede a
migração do petróleo até à superfície. O reservatório normalmente tem petróleo, gás e água nos poros
conectados.

De modo a que um reservatório seja susceptível de ser explorado tem ter uma porosidade suficiente
para conter os fluidos e permeabilidade suficiente para possibilitar a sua passagem.

Por outro lado deverá conter hidrocarbonetos em quantidades comerciais e por último deverá ter
uma pressão suficiente para permitir a deslocação dos fluidos. Esta pressão é função da profundidade
e é denominada de pressão do reservatório.

Os valores da pressão na lâmina entre o petróleo e a água são, regra geral, semelhantes à pressão
equivalente de uma coluna de água salgada aquela profundidade.

A água presente num reservatório é normalmente salgada sendo as suas características e


comportamento definidas pela concentração em sais que apresenta.

O equilíbrio de pressão da água no reservatório e das formações adjacentes irá permitir a mobilidade
do petróleo aquando da sua exploração.

A relação entre o petróleo e o gás depende em muito do grau de saturação de gás do petróleo que a
par das pressões da água é um dos mecanismos que propicia a deslocação do petróleo.

Quando existe mais gás do que o volume de petróleo consegue absorver ocorre um petróleo
supersaturado e dá-se normalmente a acumulação de gás no topo do reservatório formando um gas
cap. O gás saturado tem a vantagem de baixar a viscosidade do petróleo facilitando a sua migração.
As rochas reservatório mais comuns são os arenitos e as rochas carbonatadas.

3.1.3. Rochas e Reservatórios Clásticos

As rochas clásticas ou siliciclásticas são rochas detríticas formadas essencialmente por quartzo e
outros silicatos, como é o caso das areias. Este tipo de rochas forma-se num variado leque de
ambientes deposicionais (desde o aluvial continental ao marinho profundo, a que correspondem
estruturas sedimentares próprias.
Uma rocha sedimentar clástica é constituída por uma fracção sólida e poros, que podem estar ou não
preenchidos por fluidos intersticiais.

A fracção sólida compreende os clastos, a matriz e o cimento. A matriz corresponde a clastos muito
finos que preenchem os espaços entre os clastos de maiores dimensões. No entanto, para as diagrafias
considera-se que a matriz constitui a fracção sólida da rocha, à exceção da fracção argilosa.

Os reservatórios formados por este tipo de rocha apresentam, tipicamente, na sua composição areias
e argilas. Segundo uma classificação granulométrica, a fracção argilosa é definida como todo o
sedimento cujas partículas têm diâmetro inferior a 0,002 mm. Os componentes da fracção argilosa
incluem, para além dos minerais argilosos, silicatos não cristalizados, óxidos e hidróxidos de alumínio
e ferro, entre outros compostos.

Classificação granulométrica

Por outro lado, o argilito (mudstone) e o xisto argiloso (shale) são rochas sedimentares formadas pela
consolidação de materiais muito finos que pertencem à fracção argila e à fracção silte. O shale
caracteriza-se por apresentar laminação muito fina (xistosidade).

É muito importante definir a origem de um determinado reservatório clástico pois ao descobrir a sua
origem iremos também compreender a sua estrutura interna e dimensão.

Sabendo a sua origem iremos também obter informações importantes da sua estrutura e dimensão,
além de importantes informações acerca das suas propriedades como porosidades e permeabilidades.
Os arenitos podem ser terrestres, marinhos ou de transição.

Os reservatórios clásticos são formados por areias e argilas, sendo a qualidade do reservatório
indirectamente proporcional ao seu teor em siltes e argilas. Um importante tipo de reservatório é o
formado por areias dunares que são formadas pela acção do vento em ambientes de deserto e
ambientes costeiros. Esta acção normalmente deposita as partículas de uma forma bem calibrada
separando as granulometrias mais grosseiras das mais finas. Os elementos argilo-siltosos estão
normalmente ausentes.

Os depósitos dunares apresentam forma e estrutura interna bem definidas. Em períodos de pouco
vento apresentam formas suaves e livre de irregularidades, formas estas que se alongam no lado de
barlavento permitindo a acumulação de materiais mais finos na vertente de sotavento (“sand
avalanching”).
As camadas de areia formadas a sotavento são entrecruzadas com grande inclinação no topo e semi-
horizontal no fundo. À medida que a duna migra, a sua estrutura vai ficando cada vez mais definida.
ESTRUTURA DE UMA DUNA

Os depósitos costeiros de arenitos são caracterizados por serem bastante longos e estreitos.

A areia é normalmente bem calibrada. A acção das ondas “molda” estes depósitos numa longa faixa
de areia, desprovida de finos pela acção das ondas. Este tipo de depósitos é frequente nos campos do
lago Maracaibo.

Um outro tipo de depósito de areias é o do tipo fluvial. Estes podem-se formar em meandros.

Normalmente são depósitos de areias bem graduados formados pela diferente velocidade da água ao
longo do meandro permitindo erosão na parte exterior (maior velocidade do fluido) e deposição na
parte interior, onde a velocidade é menor.

Estes depósitos, chamados frequentemente de point bars, podem ser envolvidos por argilas e
normalmente constituem bons reservatórios.

O quarto tipo de reservatórios de arenitos corresponde aos deltáicos. Nos deltas temos a formação
de diferentes ambientes. As formações deltaicas são o resultado da acção do rio no sentido da
deposição de sedimentos e a acção das ondas do mar no sentido da erosão.
Quando a acção de deposição fluvial é preponderante temos deltas tipo Mississipi; quando a acção
das ondas é preponderante temos deltas tipo Nilo.

Qualquer um destes tipos de depósitos pode formar bons reservatórios. Além disso os depósitos
marinhos em frente do delta são normalmente ricos em matéria orgânica, formando frequentemente
argilas orgânicas com capacidade de alimentar o reservatório de origem deltáica lateralmente.

Na verdade esta classificação dos reservatórios (quanto à sua origem) acaba por ser bastante
simplista, sendo normalmente os reservatórios um pouco mais complexos. De uma maneira geral
estes podem também ser classificados em reservatórios de camadas uniformes em que normalmente
permitem correlacionar diagrafias separadas até 600 metros. Os modelos de base interpretativa são
suficientes para os modelar.
Outros tipos de reservatórios são os heterogéneos com descontinuidades e os labirínticos (muito
ligados a sistemas deltáicos), nos quais há uma ausência compreensível de relações entre diagrafias.
Aqui recorrem-se a modelos estocásticos ou híbridos de modo a se modelar convenientemente o seu
comportamento.

O modelo determinístico consiste num modelo em que todas as relações são fixas (não se incluí a
probabilidade), em que o output é um valor exacto. Por oposição, um modelo estocástico é baseado
em probabilidades e o output não é um valor fixo, mas um leque de valores possíveis.

Minerais argilosos

Os minerais argilosos são basicamente silicatos de alumínio hidratados, com magnésio ou ferro,
substituindo total ou parcialmente o alumínio. Estes minerais são divididos em quatro grupos:
caulinites, montmorilonites, ilites, clorites e micas. Cada grupo tem as suas próprias características.

Apresentam uma estrutura electrostática desequilibrada; são minerais electronegativos devido a


concentração de cargas negativas à sua superfície. Como consequência, podem adsorver e trocar
catiões.

São caracterizados também pela presença de hidrogénio (presente nos iões hidroxilos e nas moléculas
de água), potássio e alumínio.
Apesar dos minerais argilosos serem hidratados, a água presente nos poros entre os grãos não está
livre, trata-se por isso de água de composição ou água de ligação (bound water). Esta última ocupa os
interstícios das rochas argilosas saturadas devido às forças electrostáticas e às pressões capilares.

Na figura seguinte, mostra-se diferentes tipos de distribuição da fracção argilosa numa rocha detrítica
e como isso afeta a porosidade da mesma.

Esquema dos diferentes tipos de dispersão da argila


É devido às variadas propriedades que os minerais argilosos apresentam que estes têm grande
influência nas medições de diagrafias realizadas (shale effect). É de extrema importância ter em conta
este efeito, sendo que o primeiro passo na análise de diagrafias é a determinação da quantidade de
argila presente no reservatório (shale volume).

As principais consequências de um elevado volume de argila num reservatório é a diminuição da


resistividade e a má estimação da porosidade. No entanto, a influência das argilas depende muito do
seu tipo de distribuição pela formação rochosa.

A condutividade de uma rocha depende, regra geral, do conteúdo dos seus poros, pois a maior parte
dos materiais que constituem a fracção sólida da rocha são resistivos. No entanto, o balanço total da
condutividade, além de depender dessa componente «convencional», depende também da presença
de minerais argilosos.

A má estimação da porosidade está associada à grande quantidade de hidrogénio e de moléculas de


água associados aos minerais argilosos, afectando principalmente as medições das diagrafias de
neutrão, densidade e acústicas.

Estes «erros» dificultam a determinação de saturações em reservatórios de formações argilosas (shaly


formations), sendo por isso fundamental corrigir a informação relativa à porosidade e à resistividade,
quando se deteta a presença deste tipo de minerais.

Para esse fim, recorre-se a diversas fórmulas que incluem o “efeito da argila”. Além destas fórmulas,
recorre-se também a diagramas específicos (cross plot) como é o caso do uso combinado da diagrafia
de densidade e da diagrafia de neutrão, que permite avaliar o volume de argila e a porosidade neste
tipo de reservatórios.

3.1.4. Rochas e Reservatórios Carbonatados

A classificação das rochas mais comummente utilizada é a de Robert Dunham, que tem como base as
diferenças na estrutura interna e textura da rocha. Essas diferenças espelham a diversidade de
energias de deposição dos ambientes geológicos em que as rochas são geradas.

As rochas carbonatadas são formadas por grãos, matriz e cimento. Os grãos ou partículas são
constituídos por fragmentos de conchas e pequenos organismos marinhos ou por partículas
precipitadas de águas ricas em cálcio. Na figura seguinte está
representada esquematicamente a classificação de Dunham.
Classificação de Dunham de rochas carbonatadas

A matriz é constituída por lama de deposição litificada que pode ter as seguintes origens: precipitação
química, quebra de conchas de pequenos organismos marinhos em material mais fino, vestígios de
algas, entre outras origens. O cimento é um material cristalino (autógeno) que ocupa os espaços entre
a matriz e os grãos.

As rochas carbonatadas são constituídas por carbonato de cálcio (geralmente calcite) e por carbonato
de cálcio e magnésio (dolomite) e classificam-se de acordo com a maior proporção de cada um dos
constituintes (calcários calcíticos ou calcários dolomíticos). Podem ser formadas em condições
diversas como, por exemplo, em recifes (reef boundstones).

Depois de depositadas, estas rochas podem sofrem várias alterações diagenéticas, como é o caso da
recristalização, que podem alterar significativamente a sua textura e porosidade. Uma boa
percentagem dos reservatórios petrolíferos são carbonatados.
É importante conhecer o percurso deposicional da rocha/reservatório carbonatado através do
conhecimento das várias fases diagenéticas que este tipo de rocha sofre: compactação, degradação e
cimentação dos carbonatos, dolomitização, estilolitização e fracturação.

Com o decorrer destas fases a porosidade original da rocha pode ser significativamente modificada. A
compactação e cimentação induzem geralmente reduções de porosidade. A dolomitização, a
fissuração e a carsificação induzem geralmente aumento da porosidade.

O conhecimento da porosidade é extremamente importante na classificação das rochas carbonatadas


e do ambiente de deposição permitindo prever as características do reservatório petrolífero
carbonatado sendo possível criar modelos conceptuais do mesmo para simulações dinâmicas de
fluidos.

Na avaliação de reservatórios carbonatados os principais factores a ter em conta são: as litofáceis,


tipos de porosidade, posição relativa na área de deposição e sequência estratigráfica e processos
diagenéticos a que foram expostos (Pereira, 2012). Os reservatórios carbonatados, tal como os
clásticos, podem apresentar também intercalações de níveis argilosos, o que pode comprometer
alguns aspetos mais práticos da exploração do petróleo.

O estudo de reservatórios carbonatados fornece dados muito importantes acerca das características
intrínsecas dos materiais que os compõem e acerca da dimensão do reservatório em estudo. Estes
dados são fundamentais para prever o comportamento dos fluidos e a sua quantidade.

Os recifes representam frequentemente excepcionais reservatórios. Os recifes são formados por


grandes quantidades de conchas. São compostos por carbonato de cálcio resistente às ondas com uma
matriz de ramificações orgânicas formadas por plantas e animais.

Os recifes modernos têm um esqueleto de coral, embora durante o Paleozóico e Mesozóico fosse mais
comum um esqueleto de esponjas, algas e rudistas. Existem vários tipos de recifes, desde recifes de
barreira, atol ou pináculo.

Os reservatórios carbonatados podem ter origem em plataformas calcárias, formadas a partir da


precipitação de carbonato de cálcio. Existem também excelentes reservatórios formados a partir de
carstificação de formações calcárias. Nestes casos, os pequenos canais formados pela dissolução do
calcário (vugs) por águas ácidas aumentam em muito a permeabilidade da formação (permeabilidade
secundária).

Um outro tipo de reservatório carbonatado é o dolomítico. A dolomitização processa-se vulgarmente


pela percolação de águas ricas em magnésio através de formações calcárias pré- existentes. Ocorre
de seguida, uma substituição ao nível atómico em que os átomos de cálcio são substituídos por átomos
de magnésio.

Em formações geológicas pouco permeáveis (calcários micríticos ou cristalinos), esta alteração ocorre
essencialmente ao nível das descontinuidades. Os cristais de dolomite são menores, (até 13% em
volume) do que os de calcite e por isso os reservatórios dolomíticos normalmente apresentam em
profundidade melhores porosidades que os calcários e permeabilidades francamente mais elevadas
(até 10 vezes mais) em grande parte devido à fracturação.

É fundamental reconhecer o tipo de rocha em causa (litologia e textura), a fácies sedimentar (de
grande importância para definir o ambiente deposicional e batimétrico) e eventuais estruturas
sedimentares e, além disso, a história pós-sedimentação da formação.

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