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Faculdade de Engenharia
Disciplina:
Capítulo 3:
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3.2.Classificação e fluidos dos reservatórios
A classificação dos reservatórios baseia-se no tipo de fluido que é produzido na superfície, portanto
está condicionada à temperatura e à pressão a que a mistura de hidrocarbonetos existente no
reservatório estará sujeita nos equipamentos de separação primária na superfície.
Em sub-superfície o petróleo pode ser achado na fase líquida, na fase gasosa ou nas duas fases em
equilíbrio. O fluido que se encontra no estado líquido nas condições de reservatório, normalmente
produz petróleo na superfície, por isto estas jazidas são chamadas de reservatórios de petróleo.
As jazidas portadoras de gás em sub-superfície são chamadas, pelo mesmo motivo, de reservatórios
de gás. Destaque-se que os reservatórios gás podem produzir uma certa quantidade de líquido na
superfície, porém, a quantidade maior é de gás. Este líquido, não recebe o nome de petróleo, mas sim
de LNG – Gás Natural Liquefeito.
Uma substância pode apresentar-se sob diferentes formas, sem, contudo, ter a sua constituição, ou
seja, a matéria de que é feita, alterada. A água, seja na forma de gelo, de vapor ou no estado líquido
continua sendo H2O. A essas formas em que uma substância pode apresentar-se dá-se o nome de
estados físicos ou fases.
Um sistema pode se apresentar com uma ou mais fases em equilíbrio. O que caracteriza a fase é que
ela é uma parte homogênea, fisicamente distinta de um sistema e separada das demais partes por
fronteiras bem definidas.
A(s) fase(s) em que uma substância se encontra é (são) definida(s) pela condição de pressão e
temperatura a que a mesma está submetida. Isto significa que alterações nessas condições acarretam
mudanças nas fases. Ao estudo das mudanças de fases das substâncias dá-se o nome de
comportamento das fases.
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As acumulações de petróleo são submetidas a constantes alterações das condições de pressão e
temperatura em decorrência dos seus processos produtivos.
As alterações das condições acontecem tanto para o material que vai sendo retirado do interior da
jazida e conduzido para à superfície como para o material que permanece no interior da rocha.
Portanto, pode-se dizer que acontecem mudanças de fases o tempo todo durante a produção de um
reservatório de petróleo.
Desta forma o comportamento das fases é um aspecto da maior importância para o entendimento do
comportamento dos reservatórios de petróleo.
Deve ser lembrado, entretanto, que o petróleo é uma mistura de hidrocarbonetos, de modo que além
das pressões e temperaturas a que estiver submetido, o seu estado físico ou fase dependerá
fundamentalmente da sua composição.
Considere uma certa quantidade de uma substância pura, água por exemplo, nas condições de pressão
e temperatura ambientes, sujeita a um aquecimento a pressão constante, conforme esquema
seguinte:
Comportamentos das fases – H20
Na condição inicial, estágio 1 da figura, a água está no estado líquido. O incremento gradual da
temperatura do fluido, mantendo-se a pressão constante, observa-se um aumento contínuo na sua
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temperatura até um valor T2 correspondente ao estágio 2.
Neste ponto toda a substância ainda se encontra no estado líquido a menos de uma quantidade
infinitesimalmente pequena que já se encontra no estado gasoso. Essa porção de vapor está super
ampliada na representação da figura. Esta é a temperatura de ebulição ou ponto de ebulição ou ainda
ponto de bolha da substância à pressão considerada, no caso, pressão atmosférica.
Se na condição do estágio 2 for sendo cedido mais e mais calor, haverá uma vaporização progressiva
da substância, permanecendo a temperatura constante. Até que a sua última molécula seja
vaporizada, a substância permanecerá nas condições de pressão e temperatura do ponto 2.
O estágio 3 representa a situação em que toda a substância já se encontra no estado gasoso a menos
de uma porção infinitesimal que ainda se encontra no estado líquido.
As condições de pressão e temperatura são as mesmas do estágio 2, porém o estado físico é diferente.
Após a total vaporização da substância, se mais calor for cedido haverá aumento na temperatura,
obtendo-se o chamado vapor superaquecido. Esta situação está representada no estágio 4.
Seguindo-se o caminho inverso, toma-se uma certa quantidade da substância no estado de vapor (sob
as condições do estágio 4, por exemplo). Mantendo-se a pressão constante e retirando-se calor haverá
uma redução na temperatura sem, contudo, haver mudança de estado físico.
Ao se atingir o estágio 3, que é chamado de ponto de orvalho, terá início a condensação da substância,
que prosseguirá à medida que se for retirando mais calor. Até que toda a substância tenha passado
para o estado líquido não haverá redução adicional de temperatura.
A posterior retirada de mais calor causará nova redução na temperatura, ou seja, resfriamento do
fluido já então totalmente no estado líquido.
O ponto importante do processo é que, desde o instante em que a primeira molécula se vaporiza até
a vaporização da última, não há variação de temperatura. Em outras palavras, à pressão constante a
vaporização de uma substância pura se processa a uma temperatura constante. O mesmo se pode
dizer a respeito da condensação. Na verdade, para uma substância pura o ponto de orvalho coincide
com o ponto de bolha.
Para cada valor de pressão diferente em que se fizer a vaporização vai-se obter um valor diferente
para a temperatura de ebulição (ou de bolha), embora o comportamento seja semelhante.
Esses pares, pressão e sua correspondente temperatura de ebulição, podem ser representados
graficamente no chamado diagrama de fases, conforme ilustrado seguidamente:
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DIAGRAMA DE FASES – H2O
Ligando-se os pontos de bolha obtidos para diversas pressões, resulta a curva de vaporização da
substância.
Um ponto situado em cima da curva de vaporização indica um fluido com as duas fases em equilíbrio.
A curva de vaporização é limitada pelo ponto de coordenadas pressão crítica (Pc) e temperatura crítica
(Tc), denominado ponto crítico.
O ponto crítico corresponde ao maior valor de pressão em que as duas fases coexistem ou, mais
precisamente, é o ponto de pressão e temperatura em que as propriedades intensivas das fases
líquido e gás de uma substância são iguais.
As propriedades críticas, assim como várias outras propriedades das substâncias, podem ser
encontradas em tabelas, gráficos, etc., disponíveis na literatura ou internet.
O processo de vaporização também pode ser feito mantendo-se a temperatura constante e variando-
se a pressão.
Toma-se uma certa quantidade da substância no estado líquido e vai-se reduzindo a sua pressão,
mantendo-se a sua temperatura constante. A substância vai aumentando de volume até que a pressão
chega a um certo valor em que começa a haver vaporização.
Este valor de pressão é chamado de ponto de bolha. A partir desse instante, até que toda a substância
tenha se vaporizado, vai haver aumento de volume sem contudo haver alteração na pressão.
Aumentos de volume com correspondentes reduções na pressão só vão ocorrer após a total
vaporização da substância.
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O resultado de várias vaporizações à temperatura constante pode ser visto no diagrama pressão
versus volume apresentado seguidamente:
Observa-se que para uma substância pura a pressão de bolha e a pressão de orvalho coincidem.
A linha formada pela ligação dos pontos de bolha obtidos a diferentes temperaturas recebe o nome
de curva dos pontos de bolha (linha FC). A linha que liga os pontos de orvalho recebe o nome de curva
dos pontos de orvalho (linha GC).
Estas duas linhas se encontram no chamado ponto crítico (C) e delimitam uma área denominada
região de duas fases, pois aí convivem líquido e vapor em equilíbrio.
Como pode ser visto, o ponto crítico corresponde ao maior valor de pressão em que as duas fases
coexistem.
A linha que delimita a região dentro da qual coexistem líquido e vapor (FCG), formada, portanto, pelas
curvas de bolha e de orvalho, é normalmente chamada de envelope de fases ou envoltória.
Deve-se frisar que o comportamento da curva de vaporização (ou de condensação), bem como das
linhas que formam o diagrama pressão vs volume, varia de uma substância para outra.
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3.2.1.1.Reservatórios de Petróleo
Se o ponto representativo da mistura estiver sobre a curva dos pontos de bolha ou pressão de
saturação (ponto 1 do diagrama), diz-se que o petróleo é saturado em gás ou simplesmente
saturado. Nestas condições qualquer redução de pressão, acarretará vaporização de uma porção da
mistura.
O petróleo é saturado se a sua posição no diagrama de fases encontra-se a cima da curva dos pontos
da bolha (ponto R). Para que o petróleo inicie a libertação de gás, em um processo isotérmico, é
necessário uma redução da sua pressão até ao ponto 2 que se encontra sobre a curva dos pontos da
bolha.
3.2.1.2.Reservatórios de Gás
Ao se produzir a fase gasosa do petróleo, os componentes mais leves são separados dos mais pesados
em vasos separadores onde a pressão é controlada. Se neste processo de separação for produzida
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certa quantidade de líquido, o reservatório recebe o nome de “reservatório de gás húmido”. Se não
houver produção de líquido, recebe o nome de “reservatório de gás seco”.
Nos reservatórios de gás retrógrado ocorre um fenómeno muito especial com a mistura de
hidrocarbonetos.
Nas condições iniciais de temperatura e pressão a mistura encontra-se no estado gasoso, porém à
medida que a pressão vai diminuindo no interior do reservatório devido à produção, o gás
remanescente começa a condensar, ou seja uma parte do gás se liquifaz. Com a continuição da queda
de pressão, o gás que se liquifeito volta ao estado gasoso.
Este fenómeno ocorre em reservatórios de gás onde a temperatura do mesmo se encontra entre a
temperatura crítica da mistura e a cricondentérmica.
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FLUIDOS NUM RESERVATÓRIO E NA SUPERFÍCIE
As vazões são sempre expressas nas condições de superfície, como por exemplo, metro cúbico
“standard” por dia (m3 std/dia). As condições de superfície também são chamadas de condições
padrão ou condições standard. As condições padrão correspondem à pressão de 1 atm de pressão e a
20 ºC de temperatura.
3.2.2.1.Produção de petróleo
A parte que permanece líquida quando as misturas de hidrocarbonetos são levadas das condições de
reservatório até às condições de superfície é chamada de petróleo. Observe que a condição é
especificada na superfície e não no reservatório, pois é nas condições de superfície que o petróleo
será comercializado.
Alguns reservatórios portadores de gás produzem uma certa quantidade de líquido nas condições de
superfície. Porém, esse líquido não é chamado e petróleo, mas sim de LNG – Liquido de Gás Natural.
3.2.2.2.Produção de gás
O gás que produzido é proveniente de três diferentes origens. A primeira tem origem da fase gasosa
existente nas condições de pressão e temperatura de reservatório e tem o nome de “gás livre”.
A segunda é o gás que sai da solução da mistura de hidrocarbonetos que se encontra na fase liquida
nas condições de reservatório. A terceira é o gás que sai da solução de água nas condições de
reservatório. Normalmente esta terceira parcela é desprezível e não é considerada nos cálculos das
produções.
3.2.2.3.Produção de água
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Toda a rocha tem uma quantidade mínima necessária de água (saturação) para que ela consiga fluir
no meio poroso.
Se a quantidade de água existente for menor de que a necessária (saturação mínima) não haverá fluxo
de água e consequentemente não haverá produção de água da rocha.
Outras importantes fontes de água produzida são as acumulações adjacentes (aquíferos) às jazidas de
hidrocarbonetos e a proveniente de injecção devido a projectos para incrementar a recuperação de
petróleo.
Algumas relações envolvendo as vazões de petróleo, gás e água são indicadores bastante utilizados
na engenharia de reservatórios e podem revelar tanto as características como o estágio da vida
produtiva dos reservatórios. Os mais utilizados são a razão gás-óleo (GRO), a razão água-óleo (RAO) e
o BSW – Basic Sediments and Water.
A RGO – Razão Gás-Óleo é a divisão entre a vazão de gás pela vazão de petróleo, ambas mediadas nas
condições de superfície.
Uma RGO elevada pode indicar, entre outras coisas, uma elevada depleção do reservatório ou que a
fracção dos componentes mais leves e presentes na mistura de hidrocarbonetos é grande.
𝑄𝑔
𝑅𝐺𝑂 =
𝑄𝑜
A RAO – Razão Água- Óleo é a divisão entre a vazão de água pela vazão do petróleo, ambas mediadas
nas condições de superfície.
Uma RAO elevada pode indicar, entre outras coisas, a existência de um mecanismo eficiente de
manutenção de energia do reservatório (aquífero actuante) ou a necessidade de intervenção no poço
para correcção do aumento abrupto da água (cone de água).
BSW – Basic Sediments and Water é o quociente entre a vazão de água mais os sedimentos que estão
sendo produzidos e a vazão total de líquidos. O BSW fornece praticamente as mesmas informações
que a RAO.
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Estes indicadores são utilizados para caracterizar a vida produtiva de um reservatório. Os projectos de
recuperação secundária que injectam água, cedo ou tarde produzirão quantidades crescentes de
água.
No início, com pequena produção de água, mede-se o chamado BSW (basic sediments and water) que
é a fracção de água produzida, comparada com a produção total. Quando essa fracção chega aos 90%
de água, a unidade BSW perde precisão. Passa-se a usar a chamada RAO (razão água-óleo), que é a
produção de petróleo dividida pela produção de água.
A razão limite é dependente de critérios económicos. Geralmente é de 20 a 25, mas quando o petróleo
está muito caro, até 40 volumes de água por volume de petróleo é aceitável. Em relação à razão gás-
óleo (RGO), uma razão gás-óleo elevada poderá ser o indicador de numerosos componentes mais
voláteis na mistura líquida do reservatório.
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