Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
TERRENO DE FUNDAÇÃO
1. INTRODUÇÃO
Fundações são elementos estruturais com função de transmitir as cargas da estrutura ao terreno
onde ela se apoia, devendo suportar as tensões causadas pelos esforços solicitantes decorrentes do
carregamento e das reações do solo.
O solo, por sua vez, deve suportar todo o carregamento das fundações sem sofrer ruptura e sem
apresentar deformações exageradas ou diferenciais. Para tanto, as características do solo e subsolo
devem ser investigadas e avaliadas para fins de projeto e execução das fundações. A escolha do tipo
mais adequado de fundação deve ser analisada dentre os vários tipos disponíveis, em ordem
crescente de complexidade e custos.
RECALQUES DE FUNDAÇÕES DE EDIFICAÇÃO
Os recalques são provocados pela deformação terreno de fundação sob ação das cargas,
geralmente, conforme a seguir:
Recalque elástico
• Devido às deformações elásticas do solo,
• Ocorre imediatamente após a aplicação das cargas,
• Importante nos solos arenosos (e relativa importância nas argilas).
Recalque por adensamento
• Devido à expulsão da água e ar dos vazios,
• ocorre mais lentamente e depende da permeabilidade do solo,
• muito importante nos solos argilosos.
Recalque por compressão secundária
• Devido ao rearranjo estrutural causado por tensões de cisalhamento,
• ocorre muito lentamente nos solos argilosos,
• geralmente desprezado no cálculo de fundações, salvo em casos particulares, quando
assume importância decisiva.
Os recalques de um edifício apresentam diversas tendências. As principais, em geral, são:
1. Recalque total uniforme:
A estrutura experimenta um movimento de translação de um corpo rígido, todas as deformações
diferenciais são transferidas e absorvidas aos demais elementos estruturais, a edificação sofre um
recalque uniforme como se fora apoiada em um único bloco ou sapata. A Norma Brasileira
estabelece limites de deformação.
2. Recalque diferencial com rotação:
A estrutura, como um todo, experimenta um movimento de rotação de um corpo rígido, o edifício
geralmente se inclina para um dos lados.
3. Recalque diferencial acompanhado de distorção:
A estrutura não funciona como um corpo rígido, o movimento do edifício é acompanhado de
deformações angulares, de consequências graves para a estrutura e para os fechamentos (fissuras,
trincas, rupturas estruturais localizadas).
UVA – Engenharia Civil – Edificações I – Terreno de fundação – Notas de aula – 2022 2
diferenciais, pois geralmente provocam sérios danos às edificações. A ruptura do solo deve ser
impedida, pois ocorre, quase sempre, com grandes deformações e danos.
A deformação do solo ocorre devido a vários fatores, dentre os quais:
1) O Deslocamento de partículas de solo e água da zona mais comprimida para a menos
comprimida;
2) O rearranjo das partículas que escorregam entre si e ocupam os espaços vazios;
3) A expulsão da água e do ar dos poros do solo;
4) A fragmentação das partículas de solo.
A deformação se verifica, geralmente, em duas etapas:
1. Deformação Imediata: ocorre logo após o carregamento das fundações.
2. Deformação Lenta: continua a ocorrer após a deformação imediata.
O terreno de fundação deve oferecer estabilidade e segurança em relação à ruptura do solo, deve
ser imune à erosão e não sofrer deformações excessivas;
2. Quando o número de sondagens for superior a três, não devem ser distribuídas ao longo de um
mesmo alinhamento.
5.2 Profundidades das sondagens
A profundidade a ser explorada pelas sondagens de simples reconhecimento, para efeito do projeto
geotécnico, é função do tipo de edifício, das características particulares de sua estrutura, da forma
da área carregada e das condições geotécnicas e topográficas locais.
A exploração deve ser levada a profundidades tais que incluam todas as camadas impróprias ou que
sejam questionáveis como apoio de fundações, de tal forma que não venham a prejudicar a
estabilidade e o comportamento estrutural ou funcional do edifício.
As sondagens devem ser levadas até a profundidade onde o solo não seja mais significativamente
solicitado pelas cargas estruturais, fixando-se como critério aquela profundidade onde o acréscimo
de pressão no solo, devida às cargas estruturais aplicadas, for menor do que 10% da pressão
geostática efetiva.
A sondagem à percussão pode ser ela interrompida quando a sondagem atingir rocha ou camada
impenetrável ou camada de solo de compacidade ou consistência elevada, desde que as condições
geológicas locais mostrarem não haver possibilidade de se atingirem camadas menos consistentes
ou compactas.
SONDAGEM SPT – STANDARD PENETRATION TEST
O SPT é o ensaio mais executado no mundo e no Brasil. No Brasil o ensaio está normalizado pela
ABNT através da NBR 6484:1980.
A sondagem SPT tem por finalidades:
1. Conhecer as características do solo através de amostra retirada a cada metro perfurado.
2. Determinação das condições de compacidade (areias) ou consistência (argilas) em que ocorrem
os diversos tipos de solo;
3. A resistência oferecida pelo solo à cravação do amostrador a cada metro perfurado.
4. Determinação da resistência do solo estimada através de correlação a partir do SPT obtido na
sondagem.
5. A posição dos níveis d’água quando encontrados durante a perfuração.
6. Determinação da espessura das camadas constituintes do subsolo e avaliação da orientação das
superfícies que as separam.
Execução do Ensaio SPT:
1. A sondagem inicia-se escavando com emprego do trado concha ou helicoidal ou cavadeira
manual até a profundidade de 1,00 m e recolhe-se a amostra zero. O trado concha deve ter
(100±5) mm de diâmetro;
2. Prossegue-se com a escavação do segundo metro até 55 cm e daí introduz-se a sonda
(amostrador padrão);
3. Inicia-se a percussão fazendo penetrar no solo uma sonda (amostrador padrão) de 60 cm de
comprimento e 2” de diâmetro por meio de percussão utilizando-se um peso de 60 kg (martelo),
caindo de 75 cm de altura;
4. O martelo é suspenso utilizando-se de um tripé, uma roldana e um cabo. O martelo consiste de
uma massa de ferro de 60 kg de forma cilíndrica, com uma haste-guia de 1,20 m de comprimento,
UVA – Engenharia Civil – Edificações I – Terreno de fundação – Notas de aula – 2022 5
b. Não Coesivos ou arenosos – classificados segundo sua compacidade: Areias e siltes arenosos.
– Para solos das classes 4 a 9, as pressões devem ser aplicadas quando a profundidade da fundação
for menor ou igual a 1 m. Quando a fundação estiver a uma profundidade maior e for totalmente
confinada pelo terreno adjacente, os valores básicos da tabela podem ser acrescidos de 40% para
cada metro de profundidade além de 1 m, limitado ao dobro do valor fornecido na tabela.
UVA – Engenharia Civil – Edificações I – Terreno de fundação – Notas de aula – 2022 9
– Para os solos das classes 10 a 15, as pressões devem ser aplicadas a um elemento de fundação
não maior que 10 m².
– O fator de segurança mínimo aplicado sobre os valores de capacidade de carga de fundações
superficiais, obtidos por cálculo ou experimentalmente, é 3,0.
MANIFESTAÇÕES
As manifestações decorrentes do mal desempenham de uma fundação ocorrem em duas áreas
distintas:
a) Nos próprios elementos de fundação
UVA – Engenharia Civil – Edificações I – Terreno de fundação – Notas de aula – 2022 10
Estas manifestações quando ocorrem não são percebidas de imediato, pois as peças encontram-
se enterradas, e somente após a constatação de manifestações provocadas na superestrutura, se
investiga as fundações.
∙Estacas metálicas - oxidação e/ou corrosão.
∙Concreto armado - corrosão das armaduras, deformações excessivas, fissuras, trincas, rupturas,
esmagamento e deterioração do concreto e da armadura.
∙ Estacas de madeira - apodrecimento e perda de material.
b) Na superestrutura
As manifestações se apresentam na superestrutura como repercussão do mau funcionamento do
sistema de fundação, e sob a forma de danos. Estes podem ser classificados em três tipos:
1. Danos Arquitetônicos
São aqueles que atentam contra a estética e a aparência da obra, tais como as fissuras e
rachaduras em paredes e revestimentos, desaprumo da edificação, desnivelamento de piso,
etc.
Geralmente, nesta situação, verifica-se se houve estabilização do processo sem danos
estruturais e procede-se a recuperação destes elementos arquitetônicos danificados.
2. Danos Funcionais
São aqueles que afetam o funcionamento e a utilização da obra, tais como vazamentos
decorrentes de rompimento de tubulações de água e esgoto, danificação de
impermeabilizações, mal funcionamento e desgaste de elevadores devido aos desaprumos
e/ou desnivelamentos, emperramento de portas e janelas, desnivelamento de pisos, etc.
Quando o mau funcionamento da edificação atinge limites insuportáveis, faz-se necessário o
reforço de fundação.
3. Danos Estruturais
São aqueles causados à própria estrutura de sustentação da obra, como lajes, vigas e pilares, e
se manifestam através de fissuras, trincas, deformações excessivas, esmagamento, etc.
Neste caso o reforço é inevitável tendo em vista o comprometimento da estabilidade e
segurança da obra.