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Conjunto de elementos estruturais das construções, cuja finalidade é a de transmitir as cargas de superstrutura
ao terreno
Dependendo das cargas da construção e do tipo de solo em que se apoiam, as fundações podem ser superficiais
ou diretas, semi-profundas ou profundas
Asseguram a ligação entre qualquer estrutura e o terreno
Transferem as cargas das estruturas para o terreno
São elementos fundamentais na estabilidade das estruturas
Podem ser definidas como elementos estruturais de transição entre a estrutura de uma construção e o terreno
sobre o qual ela se apoia, a fim de transmitir com segurança as solicitações oriundas da construção
Fundações Diretas
Situação mais simples de fundação direta ou superficial, é o caso de uma sapata isolada, com um pilar:
o B – Menor dimensão em planta
o D – Profundidade do plano de fundação
o L – Comprimento da sapata
As cargas são transmitidas ao terreno exclusivamente pela face inferior do elemento de fundação e a pequenas
profundidades
Sapatas isoladas
o Terreno com características constantes
o Níveis de carregamento, pequenos a médios
o Superstrutura sem exigências especiais, relativas a assentamentos diferenciais
o Cargas concentradas e afastadas
Sapatas continuas
o Proximidade de várias sapatas isoladas num determinado alinhamento
o Sapata em L >> B (na prática L > 10B)
o Cargas distribuídas por elementos de painel
o Fundação de uma parede/núcleo
o Fundação de um muro de suporte
o Terrenos não uniformes
o Níveis elevados de carregamento
o Pouca capacidade resistente do terreno
NOTAS:
Reconhecimento o local e da região – Recolha de toda a informação disponível sobre as condições do terreno
(características e resistências das diversas camadas do solo) e o comportamento das estruturas na vizinhança:
o características topográficas e geológicas do local e da região;
o registo de sondagens e outras operações de prospeção anteriormente realizadas no local;
o perturbações devidas a deslocamento de terras;
o tipo de estruturas existentes e seu comportamento;
o marcas de cheias em edifícios antigos;
o níveis de água no subsolo (poços, escavações);
o cotas de afloramento de rochas;
o perfis geológicos de cortes ou escavações existentes (estradas, caminhos de ferro, pedreiras, etc.);
o colheita de amostras características, fotografias;
o informação sobre o clima, acessos, materiais de construção/equipas.;
o contactos com autoridades locais, técnicos, etc.
Recolha de documentação – cartas, artigos, etc.
Escolha da solução de fundação
o Quando as características superficiais dos terrenos satisfazem as exigências da natureza da obra, opta-se
por fundações diretas superficiais
o Normalmente não se usam fundações diferentes numa mesma obra
o No entanto, dependendo das condições do terreno e do tipo da estrutura, pode-se recorrer a soluções
mistas recorrendo a juntas
NOTA: terrenos apresentam propriedades indefinidas e não controláveis ao contrário de, por exemplo, o aço ou o
betão; não são possíveis a caracterização e definição exatas – adoção e programas suficientemente progressivos e
flexíveis para se adaptarem a eventuais circunstâncias adversas, dentro de aceitáveis limites de custos, riscos e tempo
de execução
Número e disposição das operações de prospeção – a disposição e espaçamento de poços e outras sondagens
devem revelar qualquer modificação importante na espessura, profundidade e estrutura ou propriedades das
formações interessadas.
o O número e tipo de operações variam com as dimensões e a natureza da estrutura a fundar, as
características do terreno e a existência ou não de adequados registos geológicos
Ensaio SPT – ensaio dinâmico que consiste em cravar no fundo de um furo de sondagem, devidamente limpo,
um amostrador normalizado
o A cravação é feita recorrendo-se a um pilão com 63.5 kgf que cai livremente de uma altura de mais ou
menos 76 cm, sobre um batente que por sua vez está ligado a um trem de varas, cuja ponta é um
amostrador normalizado
Preparação do terreno
o Registo de todos os elementos a preservar e eventual proteção de modo a evitar a sua deterioração
o Limpeza do terreno e retirar terra vegetal (decapagem), eventuais materiais depositados e remover ou
transplantar vegetação existente
o Recolha de informação sobre cadastro de infraestruturas existentes, caso a obra se localize em meio
urbanizado
o Eventual desvio de instalações tais como condutas de esgotos, água ou gás, cabos elétricos, etc.
o Eventual demolição de construções antigas e suas fundações
o Caso existe nível freático elevado, deverão ser implementados sistemas que possibilitem a execução da
futura escavação
o Caso o solo não apresente características satisfatórias para fundação ou circulação do equipamento
pesado, realizar técnicas de melhoramento de solos
Escavação geral
o Execução de escavação geral em conformidade com: cotas de projeto, necessidade de acesso dos
equipamentos para operações de movimentos de terras e equipamentos (retroescavadoras e camiões)
o Pequenos acertos ou escavação localizada manual, com acessórios específicos (pá para solos moles e
martelo pneumático para solos duros) ou equipamento de pequeno porte de maior precisão
o Deve recorrer-se a taludes para a execução da escavação para profundidades superiores a 1.25m
o O angulo dos taludes com a horizontal deverá variar com a natureza dos solos, entre 45º e 90º
o Para profundidades superiores a 2m, é aconselhável a execução de patamares intermédios com largura
superior a 1m e berma protegida para evitar desmoronamentos
o Na impossibilidade de realizar taludes as paredes da escavação deverão ser parcial ou totalmente
entivadas e escoradas provisoriamente, deixando um espaço livre de trabalho com 50cm
o É prudente contemplar sistemas de recolha e poços para receção de águas que afluem ao fundo da
escavação para bombagem
Implantação da fundação
o De acordo com a planimetria e altimetria definidas em projeto – recorrer em geral a apoio topográfico
o Colocar referencial a 1-2 m do perímetro exterior. Este referencial designa-se “cangalho periférico” e é
constituído por:
Vigas ou tabuas de madeira, dispostas horizontalmente e niveladas, fixadas a estacas curtas
também de madeira previamente cravadas no terreno, distanciadas entre si de cerca de 1.5 m
Varões metálicos e tabuas ou barrotes fixos ao terreno
Simplesmente argamassa no terreno ou elementos já executados.
1. Fixação dos barrotes de madeira do cangalho ao terreno
2. Marcação das faces dos elementos estruturais fundados nas sapatas
a. Definição de alinhamentos com fios de nylon tensionados e amarrados a pregos, cravados no
cangalho
b. A esquadria dos alinhamentos é garantida com teodolito esquadro ou triângulo
3. A execução dos cantos no terreno +e efetuada por intermédio de um fio-de-prumo, colocado na
interseção dos fios
4. Em fases mais avançadas da construção, as referências ao cangalho periférico podem ser transferidas
para apoio local
NOTA: remoção de terreno desagregado, regularização e compactação manual ou mecânica do fundo evita betão de
limpeza em excesso. Colocação de betão C12/15 (B15) em espessura de 5 a 10 cm
Estacas Cravadas
Vantagens
o Rapidez de execução
o Limpeza da obra
o Podem ser cravadas até à nega prevista
o O terreno na ponta fica compactado e em contacto com esta
o Estáveis em terrenos sem suto-sustentação (argilas moles, lodos)
o Possibilidade de serem recravadas quando sujeitas a levantamento do solo
o Possibilidade de inspecionar a estaca antes da cravação
o Controlo da qualidade na execução da estaca
o Resistência a ataques químicos
o O nível freático não afeta processo construtivo
o Possibilidade de cravar grandes comprimentos
o Possibilidade de execução através da água em estruturas marítimas
o Podem ser instaladas a uma cota superior à do terreno
o Podem aumentar a compacidade relativa da camada granular da fundação
o Técnica de cravação e equipamento pouco dependentes das condições “in situ”
Desvantagens
o Mais onerosas
o Dificuldade na variação e ajuste do comprimento
o Poderem ser danificadas por excessiva energia de cravação
o Inadequadas em solos contendo elementos ou blocos duros
o Espaço em estaleiro antes da cravação
o Não poderem ser cravadas com grande diâmetro ou em condições de limitação do pé-direito
o Provocam ruido, vibrações e deformação do terreno
o Perturbação do terreno que pode levar a reconsolidação e desenvolvimento de atrito negativo nas
estacas
o Subida (expulsão) de estacas anteriormente cravadas, quando a penetração da ponteira destas estacas,
na camada de apoio, não foi suficiente para mobilizar a necessária resistência às forças de levantamento
o Levantamento e perturbação do terreno envolvente pode causar dificuldades e ter repercussões nas
estruturas vizinhas
Estacas de madeira
Processo mais antigo e simples de fundações indiretas
Baixa pombalina assente sobre estacas cravadas de madeira
Utilização atual reduzida (má qualidade do material, incremento das cargas nas estruturas)
Comprimentos dos troços – troncos de árvores (> 12 m)
Posicionamento do tronco influenciada a capacidade de carga da estaca
o Resistência lateral – estaca cravada com a parte mais grossa para cima
o Resistência de ponta – estaca cravada com a parte mais grossa para baixo
Boa durabilidade e resistência ao choque
Durabilidade influenciada pelo nível freático e humidade (fungos, insetos xilófagos, térmitas, etc.)
Tratamento: atualmente produtos oleosos, no passado sais à base de zinco, etc.
Estacas metálicas
Peças esbeltas
Muito resistentes
Aço laminado ou soldado
Troços normalmente com comprimentos de 12 m
Emendas de troços por soldadura, com utilização de talas soldadas e talas aparafusadas
Utilizados essencialmente como elementos de estruturas de contenção
Vantagens
o Pouca perturbação do terreno (exceto seções tubulares com ponta obturada)
o Fail cravação em quase todos os tipos de terrenos
o Prazos de entrega reduzidos (perfis de secção comercial)
o Facilidade em executar emendas e cortes
o Possibilidade de comprimentos diferenciados
o Possibilidade de acoplagem de várias estacas
o Elevada resistência à compressão, flexão e corte
o Elevado controlo de qualidade
o Profundidade de cravação elevadas
Desvantagens
o Encurvada
o Ruido na cravação por percussão
o Vibração
o Reduzida resistência de ponta
o Custo
o Corrosão
Processo de Execução
Cravação por percussão – bate estacas com pilão de queda livre, martelo automático
Cravação por vibração – estruturas metálicas (estacas prancha cravação de tubo moldador em estacas
moldadas)
o Utilização restrita
o Areias – auxilio de injeção de água (simples ou com bentonite) a alta pressão junto à ponta da estaca
o Argilas – pré escavação com trados para minimizar vibrações e evitar levantamento do terreno
Cravação por prensagem – introdução de uma pressão na cabeça da estaca por macacos hidráulicos que regem
contra uma plataforma com sobrecargas ou contra a própria estrutura
o Sem vibração
o Sem ruido
o Pequeno porte – maior flexibilidade de utilização
o Necessita de se fixar a um maciço ou a uma estrutura existente
NOTA: solução inicialmente idealizada para reforço de fundações onde não havia pé-direito disponível para
instalar o bate estacas
o Estacas prancha – com este equipamento, o processo de cravação de uma estaca baseia-se na reação
contra 3 estacas já cravadas. O processo de remoção é o inverso
Estacas metálicas
o Seções:
Perfis em I ou H;
Tubos ocos;
Perfis compósitos;
Estacas-pranchas;
Carris reaproveitados das linhas férreas.
o Sequencia de cravação
Eleva-se o primeiro troço da estaca e é colocado dentro de um tubo de proteção;
Coloca-se o conjunto, atrás referido, em posição de cravação da estaca;
Crava-se a estaca;
No fim da cravação do primeiro troço, o segundo troço, já preparado para a soldadura, é
elevado e alinhado com o troço já cravado;
Executa-se a soldadura de topo;
Crava-se outra estaca enquanto a soldadura se processa;
Repete-se o processo até se atingir a profundidade desejada;
Verifica-se o local de cravação 24 horas depois, para verificar se houve ou não relaxação
(levantamento da estaca);
Finalmente, apara-se o topo da estaca até ao nível pretendido.
Estacas pré-fabricadas de betão
o Seções
Quadrada
Cilíndrica
Hexagonal
Octogonal
o Processo de cravação
Transporte
Armazenamento em obra
Piquetagem (negativo – local de cravação da estaca)
Verificação da verticalidade (aprumo)
Encaixe da estaca no capacete
Elevação da estava
Cravação – bate estacas com pilão de queda livre (verticalidade da estaca garantida através de
guias laterias e verificada com fios de prumo)
NOTAS:
Em areias, a cravação pode ser auxiliada pela injeção de água (simples ou com bentonite) a alta pressão junto à
ponta da estaca (jetting), aplicada através de um tubo no seu interior ou dois tubos exteriores, de modo a
desagregar o terreno e reduzir temporariamente o atrito ao longo do fuste.
Em argilas, pode ser necessário pré-escavar o furo das estacas (com trados) para reduzir as vibrações e evitar o
levantamento do terreno.
Ligação dos troços
Descabeçamento da estaca
Escavação para execução do maciço de encabeçamento
Demolição de um troço de cerca de 50 cm da cabeça da estaca (com martelos pneumáticos)
NOTA: a altura do maciço de fundação deve garantir que a rigidez deste é muito superior à das estacas, devendo ter-se
H > Φ e H > B/2. Deve garantir-se o comprimento de amarração das armaduras da estaca na vertical.
Estacas Moldadas
Processo de execução
NOTA: em geral, o betão do troço superior da estaca está fortemente contaminado com água (salgada)
Controlo de Qualidade
Micro Estacas
NOTA: solos coerentes – sem tubo de revestimento, solos incoerentes – com tubo de revestimento
Processo Construtivo
Marcação ou implantação
o Nivelamento do terreno circundante;
o Marcação no terreno do centro de cada micro estaca a executar com base nos elementos de projeto,
com auxílio de meios topográficos.
o Formas de marcação:
Cravação duma ponta de varão de aço ou madeira;
Aplicação duma tinta resistente.
Perfuração
o Colocação da ferramenta de furação (varas e bit ou trado) na cabeça de rotação da máquina;
o Faz-se coincidir o eixo da ferramenta de furação com o eixo do furo;
o Verifica-se o ângulo de ataque através de dois níveis perpendiculares, colocados na torre da máquina;
o Perfuração até à cota de projeto (vários troços da ferramenta de furação vão sendo ligados;
profundidade de furação avaliada pela quantidade de troços colocados);
o A remoção do solo é executada com jato de água se se utilizar varas e bit (que também efetua a
limpeza) ou extraída pela rosca do trado;
o Com a furação terminada, retiram-se as varas e bit ou o trado, numa operação inversa à da furação, e
limpa-se o furo.
Colocação da armadura
o Coloca-se a armadura principal (varas de 6 metros) com o auxílio
da torre da máquina e de duas chaves de grifos;
o Colocação do troço inferior (tubo TM) e, de seguida, os troços
complementares que enroscam no anterior.
Injeção
o Execução da calda
Retirar alguns sacos de cimento do estaleiro da obra e posicioná-los perto da misturadora
Colocação de água na misturadora de acordo com a relação água/cimento pretendida
Colocação de um rasga sacos na cabeça da misturadora e introdução do cimento na amassadura
Mexer manual ou mecanicamente até obter uma mistura homogénea
o Processo de selagem
Com a calda d cimento homogénea, esta é colocada no balde da bomba de injeção
Esta calda fica situada entre: Solos coerentes: o terreno e a armadura principal / tubo TM; Solos
incoerentes: o tubo de revestimento e a armadura principal / tubo TM;
A bomba de injeção começa a introduzir calda de cimento (baixa pressão), de baixo para cima,
com o auxílio de um obturador simples ou de uma mangueira;
o Processo de injeção primária
Com a calda de cimento homogénea, esta é colocada no balde da bomba de injeção;
O processo de injeção dá-se de baixo para cima ao nível das manchetes;
O obturador (simples ou duplo) é posicionado centrado com as manchetes;
A bomba de injeção começa a introduzir calda de cimento no interior do tubo TM ao nível da 1a
manchete (IRS);
Começa-se a injetar calda até a manchete abrir: a pressão no manómetro vai subindo
progressivamente até a manchete abrir; quando este fenómeno ocorre, a pressão baixa
repentinamente;
Observa-se este fenómeno no manómetro de pressão instalado à saída da bomba injetora ou na
boca da micro estaca;
Continua-se com a injeção por patamares até atingir a pressão de projeto;
Se se verificar que a pressão não sobe e que se está a gastar muito calda, suspende-se a injeção,
lava-se o furo e executa-se nova injeção no dia seguinte;
Com a injeção na 1ª manchete executada, registam-se os valores de pressão da abertura da
manchete e de injeção da calda, assim como a quantidade de calda;
Para executar a injeção da 2ª manchete, move-se o obturador duplo para a zona a injetar e
repete-se o processo;
Colocação de calda cimentícia no interior da armadura principal, sendo preenchidos os troços
acima do tubo TM;
Quando a calda afluir à boca do furo limpa e sem resíduos do terreno, dá-se por concluída a
injeção;
Eventualmente, nesta fase, poder-se-á colocar uma armadura secundária no interior do tubo
TM.
Ligação à estrutura
o Após a execução da micro estaca, escava-se o terreno até cota de fundação do maciço de
encabeçamento;
o Coloca-se um betão de limpeza na base da fundação e saneia-se a micro estaca;
o Colocação da armadura do maciço de fundação, utilizando espaçadores para garantir o recobrimento
o Colocação da armadura de arranque da superstrutura
o Betonagem do maciço
Resumo
Figura 5 - solos incoerentes