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GESTÃO DE
TRANSPORTE E
MOVIMENTAÇÃO
MISSÃO
VISÃO
EDITORIAL
de Glauco Gomes
Sistema de Gestão Ambiental / de Glauco Gomes. – Serra: Multivix, 2018.
Seja bem-vindo!
LISTA DE FIGURAS
LISTA DE QUADROS
SUMÁRIO
CONCLUSÃO 32
CONCLUSÃO 56
CONCLUSÃO 73
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO DA UNIDADE 75
4.1 A IMPORTÂNCIA DO TRANSPORTE DE CARGAS EM ÁREAS URBANAS 76
4.1.1 DISTRIBUIÇÃO DE CARGAS NAS ÁREAS URBANAS 77
4.1.2 DEFININDO A MOVIMENTAÇÃO URBANA DE CARGAS 83
4.1.3 SISTEMA DE CIRCULAÇÃO DE CARGAS 85
4.1.3.1 ELEMENTOS DO SISTEMA DE DISTRIBUIÇÃO DE CARGAS 86
4.1.4 PLANEJAMENTO E ESTRATÉGIAS PARA A DISTRIBUIÇÃO DE CARGAS UR-
BANAS 88
CONCLUSÃO 90
CONCLUSÃO 106
GLOSSÁRIO 107
SUMÁRIO
CONCLUSÃO 128
REFERÊNCIAS 129
ICONOGRAFIA
ATENÇÃO ATIVIDADES DE
APRENDIZAGEM
PARA SABER
SAIBA MAIS
ONDE PESQUISAR CURIOSIDADES
LEITURA COMPLEMENTAR
DICAS
GLOSSÁRIO QUESTÕES
MÍDIAS
ÁUDIOS
INTEGRADAS
ANOTAÇÕES CITAÇÕES
EXEMPLOS DOWNLOADS
APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA
Caro Aluno, você está iniciando a disciplina de Gestão de Transporte e Movimentação.
Nela, será abordado como a função de transportes se associa aos diversos processos
logísticos, em especial à distribuição ou à movimentação de cargas. Para tanto, serão
abordados alguns conceitos, como os de cadeia de suprimentos, logística e trans-
porte. Em relação aos transportes, será destacado o papel que eles representam na
logística atual no Brasil e no mundo, seja em operações internacionais, seja em áreas
urbanas. Também será dado destaque ao processo de escolha e caracterização dos
principais modais de transporte, os custos que compõem a atividade logística de
transporte, bem como as empresas que prestam serviços de natureza logística, os
chamados operadores logísticos.
Espera-se que, ao final desta disciplina, você esteja capacitado a compreender e refle-
tir sobre o papel dos transportes e movimentação de cargas nos processos logísticos
contemporâneos, inclusive levando em consideração as características particulares
de cada modal de transporte, operação de distribuição e os respectivos custos ope-
racionais. É esse tipo de conhecimento que vai trazer diferencial para sua atuação,
como um bom analista, coordenador ou gerente de processos logísticos. Afinal de
contas, durante sua vida profissional, você irá se deparar com a necessidade de esco-
lher entre diferentes modais de transporte, reduzir custos de movimentação e con-
tratar serviços logísticos de terceiros.
Bons estudos!
OBJETIVOS DA DISCIPLINA
UNIDADE 1
OBJETIVO
Ao final desta
unidade,
esperamos
que você:
- Avaliar os impactos da
concentração de utilização
de um único modal de
transporte na economia
nacional.
1 O PAPEL DOS
TRANSPORTES NA LOGÍSTICA
ATUAL
Olá! Nesta unidade, você terá uma introdução sobre a relação entre a gestão de trans-
portes e a logística. Entretanto, você já deve ter ouvido falar em outros termos que se
relacionam com os transportes, entre eles, tem-se a gestão da cadeia de suprimentos.
Após compreender a diferença entre este e outros termos em relação à logística, você
passará a entender como as empresas fazem uso dos transportes e com funciona sua
gestão para obter menores custos e maior produtividade.
Você vai conhecer também alguns dos principais órgãos de regulação e fiscalização
dos transportes no país. Vai entender, inclusive, como os transportes evoluíram ao
longo do tempo e se conectaram com as atividades empresariais. Ao final da unida-
de, você será apresentado ao cenário recente dos transportes no país.
Contudo, conforme ressaltado por Castiglioni et al. (2014, p. 11), ainda existe muita
confusão em torno dos conceitos relativos à logística, distribuição e aos transportes.
Para os autores, “muitos especialistas [...]restringem a abrangência da logística em-
presarial às atividades de transporte. A área de transporte merece atenção especial
no escopo da logística, pois é sabido que, sem os transportes, tanto o Brasil como o
restante do mundo, param.”
Levando essa reflexão para o nível nacional, pode-se perceber que o setor de trans-
porte desempenha um papel preponderante na criação de um alto nível de perfor-
mance nas diversas atividades econômicas. Ainda segundo Castiglioni et al. (2014), o
sistema de transportes eficiente contribui para a competição no mercado, garantin-
do a economia de escala nos processos produtivos, reduzindo assim, os preços das
mercadorias comercializadas.
Para tanto, Simchi-Levi et al. (2010) destacam aspectos como os progressos nas tec-
nologias de comunicação e transporte (por exemplo, comunicação móvel, Internet e
entrega noturna), como constantes motivadores da evolução da cadeia de suprimen-
tos e de diferentes técnicas para sua gestão eficiente.
Os níveis da chamada rede logística (outro termo utilizado pelos autores para tratar
as cadeias de suprimentos) são formados por elementos como os fornecedores, os
centros de produção (fábricas), os depósitos, os centros de distribuição (CDs) e os
atacadistas e varejistas. Além desses elementos, tem-se os já citados estoques de
matérias-primas, produtos em processo e produtos acabados que se deslocam entre
as instalações.
Os conceitos e definições apresentadas até aqui podem levar você a algumas refle-
xões. A primeira delas diz respeito à importância dada na gestão da cadeia de supri-
mentos ao papel das instalações nos custos e no processo de fabricação e distribui-
ção dos produtos comercializados. De fato, Simchi-Levi et al. (2010) destacam não só
a importância de se considerar as instalações dos fabricantes, fornecedores e clientes,
mas também dos fornecedores dos fornecedores e dos clientes dos clientes, pois es-
tas exercem considerável impacto no desempenho da cadeia.
O Brasil conta com alguns órgãos que desempenham papéis como os de coorde-
nação fiscalização, regulamentação e até conscientização das atividades relativas à
logística. Entre eles, podemos destacar:
Os tópicos a seguir apresentam o conceito de transporte, bem como uma breve des-
crição da evolução dos transportes e sua relação com a função logística.
O transporte pode ser conceituado como o ato que integra o descolamento de pes-
soas ou cargas em um dado intervalo de tempo considerando um certo trajeto. Os
transportes podem ser classificados em três categorias ou tipos: terrestres, aquáticos
e aéreos. Os transportes terrestres são subdivididos entre os modais rodoviário, ferro-
viário e dutoviário. Os transportes aquáticos ou hidroviários são subdivididos em ma-
rítimo e fluvial. Os três tipos de transporte são desenvolvidos para atender a objetivos
comerciais (transporte de cargas) e domésticos (transporte de pessoas). Nesta última
categoria, podemos destacar, por exemplo, o caso dos transportes fluviais que aten-
dem às necessidades de locomoção de comunidades ribeirinhas.
Assim como a logística como um todo passou por um grande processo de evolução,
os transportes também apresentaram consideráveis mudanças ao longo do tempo.
Essa evolução, por si só, confunde-se com a evolução do próprio homem e de suas
necessidades. Se inicialmente, o homem se locomovia unicamente a pé, à medida
que se desenvolvia, teve a oportunidade de aperfeiçoar seus meios de locomoção.
FIGURA 9 - CANOA
Com o advento da roda há aproximadamente 3.000 a.C., pode-se observar uma mu-
dança na forma como as pessoas e as cargas eram transportadas. Em linha com tal
inovação, vieram, ainda na antiguidade, os desenvolvimentos na construção das es-
tradas, principalmente em função dos avanços oriundos das civilizações egípcia e
romana. Carruagens e carroças (mesmo que rudimentares) eram os principais modos
de transporte terrestre para pessoas e cargas nesses períodos.
A partir das inovações iniciais, os modais de transporte puderam passar por atualiza-
ções e novos desenvolvimentos tal qual os conhecemos hoje em dia. As canoas pré-
-histórias deram lugar aos grandes navios que transportam milhares de contêineres
entre os continentes. O 14-Bis estabeleceu as bases para aviões com grande capa-
cidade de transporte de pessoas e cargas e que operam em grandes velocidades. O
Ford T, desenvolvido por Henry Ford, em 1896, proporcionou o desenvolvimento dos
caminhões que trafegam ao redor do mundo com as mais variadas cargas.
O Brasil historicamente apresenta uma grande inclinação (e, por conseguinte, de-
pendência) do modal rodoviário. Frequentemente, pode-se ler testemunhos de pro-
fissionais que viajam mais de 3 mil km nas rodovias brasileiras para a distribuição de
cargas das mais diversas naturezas.
Dias (2017) apresenta uma série de comparações entre o sistema de transporte bra-
sileiro e os demais países do BRICS (mesmo grupo econômico de países emergentes
formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). Na Rússia, temos uma situa-
ção em que aproximadamente 80% do volume de cargas é transportado via modal
ferroviário, consideravelmente mais barato e mais apropriado para longas distâncias.
CONCLUSÃO
Nesta unidade, você foi apresentado(a) aos conceitos iniciais da logística de trans-
porte e movimentação. Você pôde diferenciar os conceitos de logística e cadeia de
suprimentos e também compreender a relação desses dois conceitos na rotina das
transações comerciais que observamos nas empresas atuais. Adicionalmente, você
conheceu o conceito de transporte e sua evolução ao longo das eras. Esses conheci-
mentos serão muito úteis na hora de tomar decisões na gestão de transportes duran-
te sua vida profissional.
Mais do que apenas conceitos, esta unidade trouxe algumas reflexões sobre o papel
dos transportes na logística empresarial como a conhecemos e o cenário atual dos
transportes no país. Você pôde entender como o Brasil está situado quando compa-
rado com outros países emergentes. Acho que você percebeu como ainda temos um
longo caminho a percorrer em termos de gestão e utilização dos modais de transporte.
Espera-se que esta unidade tenha se mostrado uma base interessante e sólida para
estudos futuros na área de logística e que, a partir de então, você possa interpretar
a função de transporte como algo estratégico e presente no dia a dia das empresas.
Você poderá se posicionar de forma muito mais consistente enquanto profissional
sobre as escolhas do sistema de transporte da sua empresa. Bons estudos e até mais!
UNIDADE 2
OBJETIVO
Ao final desta
unidade,
esperamos
que você:
2 MODAIS DE TRANSPORTE E
INTERMODALIDADE
Considerada uma das atividades críticas da logística, o transporte representa muitas
vezes não só a ação de entrega de materiais para os elos da cadeia de suprimentos,
mas também uma forma de comunicação. Assim, é tido como de extrema relevância
para a eficiência e os resultados da cadeia de suprimentos. Dessa forma, escolher de
forma adequada o meio de transporte para realizar estas atividades toma uma pro-
porção ainda mais importante.
O transporte então, pode ser associado às diversas formas (ou modos, daí o termo
modais que será discutido mais a frente) utilizadas para a movimentação de produ-
tos. Assim, a atividade de gestão dos transportes relativa ao contexto da logística lida,
por exemplo, com questões concernentes à escolha do melhor modal de transporte,
Na visão do autor, “um sistema de transportes eficiente e barato contribui para inten-
sificar a competitividade no mercado, aumentar as economias de escala na produção
e reduzir os preços dos produtos em geral.”
De uma forma mais específica, os efeitos do sistema de transportes nos aspectos pre-
viamente citados podem ser observados da seguinte maneira:
Ressalta-se também que tão importante quanto a decisão sobre qual o tipo de mo-
dal a ser utilizado nas operações logística, é a decisão sobre a forma de contratação
do modal. Para tanto, é preciso levar em consideração a forma como a carga está
estruturada. As duas situações a seguir, direcionam tal decisão:
1. rodoviário;
2. ferroviário;
3. aquaviário
4. aéreo;
5. dutoviário.
O modal rodoviário é historicamente o mais utilizado no Brasil. Nos últimos três anos,
de acordo com a Confederação Nacional dos Transportes – CNT, esta modalidade de
transporte vem respondendo, em média, por mais de 60% de todo o volume de car-
gas transportadas no país.
Dias (2017, p. 42) destaca que nos últimos anos, houve uma grande mudan-
ça no tipo de caminhão comumente utilizado para transportar mercadorias
(principalmente as de natureza agrícolas, como os grãos) no país. Inicialmen-
te, utilizava-se composições com capacidade de 25 a 30 toneladas, em um
segundo momento mudou-se para o chamado bitrem, que carrega acima
de 40 toneladas. Depois de pouco tempo, migrou-se novamente para o ro-
dotrem, que carrega acima de 50 toneladas. O fenômeno da utilização do
bitrem e do rodotrem na logística nacional foi fortemente influenciado pelo
surgimento da concorrência com o transporte ferroviário, caracterizado pela
capacidade de transporte de grandes volumes a baixo custo.
Vantagens:
• rápido e eficaz;
Desvantagens
O modal ferroviário é tido como um dos mais antigos a operar no país. É caracteri-
zado pelo transporte de pessoas e cargas a partir de um comboio automotor. Para
tanto, circula por intermédio de uma linha férrea. É conhecido pela sua grande capa-
cidade de carga e eficiência. Normalmente, é utilizado para o transporte de cargas de
baixo valor agregado e grande volume, como minérios, produtos agrícolas, madeira
e fertilizantes.
Vantagens
Desvantagens
Para Castiglioni e Pigozzo (2014), o modal dutoviário faz uso da força da gravidade ou
a pressão mecânica para realizar o transporte de certos produtos por meio de dutos.
É uma modalidade de transporte não poluente e sem influência de congestiona-
mentos. Além disso, possui baixa restrição de funcionamento (exceto nas situações
de mudança de produtos transportados e manutenção). As principais dutovias utili-
zadas no país são do tipo (CATIGLIONI; PIGOZZO, 2014, p. 19):
Vantagens
Desvantagens
• velocidade reduzida;
• pouco flexível;
Vantagens
• velocidade de transporte.
Desvantagens
• pouco flexível;
FROTA DE VEÍCULOS
TIPO DE VEÍCULO
AUTÔNOMOS EMPRESAS COOPERATIVAS TOTAL
Caminhão leve
59.853 48.499 1.050 109.402
(3,5t a 7,99t)
Caminhão simples
212.940 219.536 3.741 436.217
(8t a 29t)
FROTA DE VEÍCULOS
TIPO DE VEÍCULO
AUTÔNOMOS EMPRESAS COOPERATIVAS TOTAL
Caminhão trator 117.657 297.333 7.789 422.779
Caminhão trator
519 1.792 57 2.368
especial
Caminhonete/ furgão
38.200 26.403 340 64.943
(1,5t a 3,49t)
Semirreboque 103.774 453.413 9.344 566.531
Semirreboque com 5ª
389 1.320 81 1.790
roda/ bitrem
Semirreboque especial 120 1.247 12 1.379
Utilitário leve (0,5t a
12.130 8.237 171 20.538
1,49t)
Veículo operacional de
441 1.375 7 1.823
apoio
Total 553.643 1.088.358 22.865 1.664.866
Os transportes inter e multimodal não figuram como novos tipos de modais, mas sim
como uma forma de integrá-los a partir de contratos de prestação de serviço.
• disponibilidade de vias;
• características do produto;
• custo total;
• segurança do sistema.
• rodo-hidroviário;
• rododutoviário;
• hidrodutoviário;
• hidroaéreo;
• aerodutoviário.
CONCLUSÃO
Esta unidade apresentou a você os principais conceitos e características de um dos
elementos mais importantes da gestão de transporte, os modais de transporte. Você
pôde compreender qual a importância desse elemento para o sistema logístico e
para a gestão da cadeia de suprimentos.
Mais do que simplesmente entender que os transportes respondem por até dois ter-
ços do custo logístico total, você pôde observar a sua importância para a eficiência
do sistema logístico e efetivamente, para a tomada de decisões estratégicas da orga-
nização.
Também foi possível conhecer um pouco mais sobre os cinco tipos de modais de
transporte comumente utilizados em operações logísticas, suas características de
composição, vantagens e desvantagens. Um destaque especial foi dado à composi-
ção da matriz de transportes de cargas no Brasil e, em especial, à alta concentração
do modal rodoviário.
UNIDADE 3
OBJETIVO
Ao final desta
unidade,
esperamos
que você:
3 TRANSPORTE
INTERNACIONAL
A logística e o transporte internacional são atividades que dão suporte, de forma
intensa, às operações que caracterizam o comércio internacional. Dessa forma, é de
extrema importância conhecer os elementos dessas atividades e como se relacio-
nam entre si. Mais que isso, é importante que você conheça algumas das rotinas da
logística internacional no contexto empresarial, por exemplo, aquelas decorrentes
das diferenças regionais entre empresas fornecedoras de serviços de transporte em
cada um dos territórios em que as empresas atuam.
De acordo com Rojas (2014), o comércio internacional pode ser definido como o in-
tercâmbio de produtos, como bens, mercadorias e serviços, entre fronteiras interna-
cionais. Ainda segundo o autor, a atividade seria composta essencialmente por dois
tipos de operações características: (i) as exportações, que seriam as vendas de produ-
tos de um país fabricante para o exterior, e (ii) as importações, que seriam as compras
de produtos necessários ao país no exterior.
Uma vez que essas atividades representam grandes entradas e saídas de capital dos
países, elas afetam diretamente o PIB (Produto Interno Bruto) de um país. Por serem
extremamente importantes para a economia, são realizadas desde os primórdios da
humanidade e impactam de forma efetiva o crescimento urbano das nações.
Vem, então, o questionamento de como esses produtos (em especial os bens físicos)
cruzam as fronteiras nacionais e como, a partir da sua comercialização, afetam a eco-
nomia dos países envolvidos. A operacionalização dessa movimentação de materiais
se dá por meio da logística internacional. Jacobs e Chase (2012) sucintamente asso-
ciam a logística internacional à gestão das funções logísticas em cenários de movi-
mentação que ocorrem em escala global. Imagine, por exemplo, uma camiseta que
é fabricada na China, transportada para ser armazenada em Portugal e, finalmente,
ser enviada e vendida nos Estados Unidos. Tem-se aqui uma situação clássica (e real)
de logística internacional.
Uma vez que tem sua atuação associada a diferentes países e territórios, é de se espe-
rar que a logística internacional seja, em certa medida, afetada pelas idiossincrasias
desses diversos territórios. Para Simchi-Levi, Kaminsky e Simchi-Levi (2010), é impor-
tante ressaltar tais diferenças e, em particular, aquelas de caráter cultural, infraes-
trutural e econômico no processo de tomada de decisão na cadeia de suprimentos
global. Dentre as diferenças regionais que podem influenciar a tomada de decisão na
cadeia de suprimentos e na logística internacional, têm-se:
Ainda segundo Corrêa (2010), o fornecimento global atua como uma ligação entre as
áreas de suprimentos e estratégia das empresas, levando essa atividade a patamares
mais altos à medida que decisões sobre a origem e as condições de compras de com-
ponentes (que agora podem vir de qualquer lugar do globo) ganham importância
não só pelo volume de custos, mas também pelo seu impacto estratégico.
• São mais capazes de lidar com mudanças rápidas nas tecnologias re-
lacionadas a produto e processo.
Corrêa (2010) destaca que, para elaborar uma estrutura de suporte ao fornecimento
global, é preciso que as empresas preencham cinco requisitos de natureza estrutural.
Apesar dos grandes impactos do fornecimento global para os resultados das empre-
sas em termos de economias de escala e qualidade nos serviços, é possível destacar
algumas características que limitam ou dificultam as atividades de fornecimento glo-
bal. Corrêa (2010) destaca, por exemplo, os custos adicionais quando comparados aos
custos de lidar apenas com fornecedores domésticos. Além dos aspectos de custo,
o autor ressalta dois conjuntos de fatores que limitam os processos de fornecimento
global: os fatores objetivos e subjetivos.
Os produtos a serem embarcados por via aérea devem ser pesados e medidos,
pois as normas da IATA estabelecem que um determinado peso não pode
superar um volume máximo. A unidade de volume equivale a 6 mil cm³/kg.
Quando esse limite é ultrapassado, o frete é calculado por volume (CASTI-
GLIONI; PIGOZZO, 2014, p. 43).
CONCLUSÃO
Nesta unidade você pôde conhecer um pouco mais sobre as atividades da logística e
do transporte internacional. Também pôde entender como essas atividades relacio-
nam-se com o comércio internacional a partir das operações de fornecimento global
e quais são os principais fatores a serem levados em consideração nessas operações,
por exemplo, o impacto de aspectos culturais e de recursos humanos dos países en-
volvidos nas operações logísticas internacionais, além da infraestrutura regional.
Por fim, você pôde aprimorar seus conhecimentos sobre modais de transporte, con-
textualizando a sua adoção à realidade da movimentação de cargas entre diferentes
países. Você agora tem a condição de associar as características de um dado modal
de transporte às especificidades do produto a ser transportado e às condições do país
ou região do cliente a ser atendido. É esse tipo de análise crítica e sistêmica que traz o
diferencial aos bons profissionais. Agora, cabe a você apurar esse senso analítico. Bons
estudos e até a próxima!
UNIDADE 4
OBJETIVO
Ao final desta
unidade,
esperamos
que você:
4 TRANSPORTE EM ÁREAS
URBANAS
Nesta unidade, você verá os principais aspectos relativos ao transporte de cargas em
meios urbanos. Será discutida inicialmente a importância da distribuição urbana de
cargas, seja em termos técnicos, como os custos logísticos e suas respectivas relações
com outros aspectos, como, por exemplo, a localização das instalações, assim como
os aspectos estratégicos e operacionais. A unidade abordará os elementos inerentes
à distribuição, como a mitigação de acidentes e extravios de mercadorias e o desem-
penho do sistema viário. Ao final, serão discutidos aspectos tanto estratégicos quanto
operacionais do sistema de distribuição de cargas em meios urbanos.
INTRODUÇÃO DA UNIDADE
Conforme as cidades vão se expandindo e seus habitantes aumentando seus níveis
de demanda, as empresas necessitam cada vez mais ajustar seus processos logísticos
para o pronto atendimento destas demandas. Um ponto que, apesar da importân-
cia, é consideravelmente escasso na literatura, é a distribuição de cargas em meios
urbanos.
Para que as empresas possam entregar seus produtos junto aos seus consumidores,
é preciso acessar estes consumidores em seus domicílios. Conforme as cidades vão
se expandindo, aumenta a complexidade na entrega de mercadorias em vias cada
vez mais congestionadas. Assim, aspectos como a infraestrutura viária das cidades e
as ações governamentais passam a ser consideradas no planejamento das atividades
logísticas empresariais.
Tão importantes e críticas para o desempenho das atividades logísticas das empresas
quanto as atividades de armazenagem e processamento de pedidos, a função de
transporte e em particular aquela realizada em meio às áreas urbanas vem ganhan-
do destaque e chamando a atenção de pesquisadores e gestores da área de logística
para a necessidade de uma melhor compreensão dos seus limites e impactos.
Para Castro (2014), levando-se em consideração que grande parte das mercadorias
comercializadas no Brasil é transportada por caminhão, os custos decorrentes das
atividades comerciais internas às cidades podem ser aproximados dos custos logísti-
cos rodoviários. Ainda segundo o autor, apenas na região Norte, onde se tem o trans-
porte fluvial de fluxos interestaduais de forma mais significativa, no transporte de
cabotagem de derivados de petróleo e no transporte ferroviário de minérios é que
podemos observar uma menor dependência do transporte rodoviário para o trans-
porte de cargas. Contudo, quando comparados ao cenário nacional, estas situações
se apresentam mais como exceção do que efetivamente como um padrão logístico
nacional.
Para Santos e Aguiar (2014), a discussão sobre a distribuição de cargas em áreas ur-
banas está fortemente relacionada à história da urbanização. Na medida em que os
bens passam a ser demandados pela população das cidades, as empresas fabricantes
e distribuidoras de bens precisam acessar e circular em espaços com grande densi-
dade populacional, inúmeras edificações e vias com baixa capacidade de circulação.
Os autores destacam que alguns dos motivos para esta dificuldade de locomoção
associada à urbanização referem-se às condições impostas pelo desenvolvimento
tecnológico da infraestrutura sanitária e dos transportes (SANTOS; AGUIAR, 2014).
Neste sentido, é preciso destacar que a distribuição de cargas em áreas urbanas não
é uma função isolada da logística. De fato, ela se relaciona intimamente com outros
aspectos do sistema logístico. O tópico anterior abordou os reflexos da distribuição
nos custos logísticos; contudo, aspectos como os volumes de estoques (nos pontos
de suprimento e de consumo) e a localização das instalações (JACOBS; CHASE, 2012)
vão direcionar como a distribuição urbana será planejada e operacionalizada.
Outro ponto que torna a movimentação de cargas urbanas peculiar e não homogê-
nea é o fato de que existem diferentes usuários para estes sistemas e com diferentes
necessidades. Os reflexos destas características podem ser observados no desenvol-
vimento econômico das cidades e nas politicas urbanas, no planejamento dos trans-
portes urbanos, na engenharia de tráfego ou de transporte.
• Redução das emissões por veículo utilitário a diesel pela introdução de contro-
le padrão de emissão veicular (tabela de Ringelmann ou controles eletrônicos
mais modernos).
• Redução dos ruídos dos caminhões pelo controle baseado em critérios e mé-
todos operacionais de checagem veicular até restrições de áreas e horários
para caminhões no meio urbano.
Ao longo dos anos 70, foram realizadas conferências em Paris (1970) e Estados
Unidos (1971) relativas à movimentação urbana de cargas. O principal resultado
destes encontros foi o reconhecimento de que os estudos realizados entre 10 e
15 anos antes negligenciaram completamente a movimentação urbana de car-
gas. Com isso, revisaram-se conceitos existentes e as recomendações em termos
de necessidade de incorporar as cargas no veio principal do planejamento do
transporte urbano.
Santos e Aguiar (2014) destacam que no período de 1973 a 1988 outras conferências
foram realizadas nos Estados Unidos, em que se destacaram os seguintes tópicos:
• A evolução das estratégias empresariais de gestão Just in Time, com seus efei-
tos nos veículos, tamanho dos carregamentos e estabelecimento de horários.
[...] a movimentação de coisas para dentro, para fora, através e dentro das áre-
as urbanas por todos os modos [...] entendendo que o transporte também re-
laciona-se com o transporte de combustível, oleodutos, tubulações de água e
esgoto, coleta e movimentação de lixo, de correspondência, serviços de movi-
mentação de caminhões não identificados com a movimentação de pessoas.
Na prática, o maior interesse se volta aos caminhões urbanos que, juntamente com
as vans, são responsáveis pela tarefa de distribuição das cargas em áreas urbanas. É
comum observar a aglomeração destes veículos em cidades de grande porte.
Para compreender o sistema urbano de cargas, seu papel e sua complexidade, San-
tos e Aguiar (2014, p. 192) destacam três tópicos:
• Processo de distribuição física das cargas urbanas, que enfoca as várias ativi-
dades internas de transporte e as várias fases de manuseio e transporte entre
um remetente (embarcador ou origem da remessa em particular) e um desti-
natário (recebedor ou destino da remessa em particular), como também dá a
descrição do gerenciamento logístico do processo.
• Papel e natureza das cargas urbanas (características principais das cargas ur-
banas), as cargas como atividade econômica, a demanda urbana por cargas,
relação entre oferta e demanda.
Os autores ainda destacam quatro parâmetros que devem ser identificados e anali-
sados:
• As características das viagens realizadas por essa frota (tipo, variação horária,
geração de viagens por uso do solo, caminhões no fluxo de tráfego).
Produto – uma descrição adequada dos produtos a serem distribuídos deve incluir,
na visão de Santos e Aguiar (2014):
• A frequência com que é despachado, que pode ter implicações para o em-
barcador, recebedor ou operador de transporte em termos de equipa- mento,
controle etc.
Rede viária – diz respeito à infraestrutura voltada à movimentação das cargas. In-
cluem-se aqui também, além do próprio sistema viário, os depósitos e terminais de
armazenagem. A especificação da rede viária inclui fatores como (SANTOS; AGUIAR,
2014):
• Capacidade interna.
Veículos – apesar do maior foco nos caminhões, quaisquer veículos destinados à dis-
tribuição de bens em meios urbanos podem figurar no sistema de distribuição urba-
na. As características dos caminhões devem incluir (SANTOS; AGUIAR, 2014):
• Melhoria das práticas urbanas de coleta e entrega: caminhos nos quais a efi-
ciência e o nível de serviço das operações urbanas de cargas podem ser me-
lhorados por meio de mudanças nas práticas operacionais (rádio ou telefone
veicular de comunicação, rastreamento veículo/carga por satélite – GPS - Glo-
bal Positioning Systems –, reserva de espaço ou espaço de tempo, técnicas de
manuseio de cargas, quantidades maiores de pedidos, padronização, docu-
mentação, coordenação de horário de trabalho etc.).
CONCLUSÃO
Assim como as atividades primárias clássicas, como, por exemplo, a armazenagem
ou o processamento de pedidos, o transporte e a distribuição de bens em áreas urba-
nas figuram como um diferencial para o desempenho do sistema logístico. Para isso,
é preciso levar em consideração fatores como a infraestrutura viária, as características
dos veículos e ações governamentais. Esse último aspecto em particular traz à discus-
são questões estratégicas como o investimento em melhorias nas vias de transporte,
o investimento em terminais e o gerenciamento de incidentes. Operacionalmente, é
preciso levar em consideração aspectos como as melhorias nas técnicas de coleta e
distribuição e o avanço na tecnologia do sistema viário e nos caminhões. Com isso,
as empresas, independente do seu porte, podem não só fechar o ciclo inerente ao
processo logístico, como também se aproximar de forma mais efetiva dos seus con-
sumidores.
UNIDADE 5
OBJETIVO
Ao final desta
unidade,
esperamos
que você:
> Identificar as
componentes do custo
de transporte.
> Relacionar as
características dos
modais de transporte
aos custos de
transporte.
5 CUSTOS DE TRANSPORTE
Tão importante quanto definir o tamanho de um armazém ou o número de estru-
turas porta-paletes de um Centro de Distribuição, os gestores da área de logística
devem constantemente acompanhar e buscar diminuir os custos de transporte. Esta
categoria de custos é extremamente importante para o desempenho logístico, res-
pondendo por até 50% dos custos logísticos de uma operação.
Nesta unidade, você conhecerá quais os fatores que devem ser levados em conside-
ração no processo de gerenciamento destes custos, como estes são formados e quais
seus componentes. Para tanto, você inicialmente compreenderá como estes custos
se relacionam com outros elementos do sistema logístico, como a armazenagem, o
suprimento e a distribuição.
Para Bowersox et al. (2014, p. 39) o transporte é uma subárea da função logística que
tem por objetivo a movimentação e o posicionamento geográfico dos estoques. Para
que suas atividades ocorram de maneira adequada, estas incorrem em custos que
compõem o custo logístico total das operações. Castiglioni e Pigozzo (2014) definem
o custo logístico como a somatória do custo de transporte, armazenagem e manu-
tenção de estoque. Logo, pensar em custo de transporte é abordar uma parcela do
custo logístico total.
Contudo, esta é uma componente de grande importância, uma vez que tradicional-
mente os custos de transporte são perceptíveis e assim, tem recebido considerável
atenção dos gestores (Bowersox et al, 2014).
• custo;
• velocidade; e,
• consistência.
Assim, a seleção do modal de transporte deve ser orientada pelo equilíbrio entre a
velocidade e o custo do serviço. Complementarmente, os gestores de transporte vêm
posicionando a consistência do transporte em um lugar de destaque. Para Bowersox
et al. (2014, p. 40):
“[...] se um envio entre dois locais leva três dias na primeira vez e seis na seguinte,
a variação inesperada pode gerar sérios problemas operacionais na cadeia de su-
primentos. Quando o transporte não é consistente, é necessário fazer estoques de
segurança para se proteger contra interrupções no serviço que têm impacto sobre o
comprometimento geral do estoque do comprador e do vendedor.”
“Uma estrutura com fábricas mais centralizadas tende a ter custos menores
de transporte de seus insumos (por as fábricas poderem estar mais próximas
de suas fontes de matérias-primas, permitindo também maior consolidação
de transporte) e custos maiores de transporte de seus produtos (por as fábri-
cas estarem mais distantes dos seus mercados). Já com uma estrutura fabril
descentralizada, a rede tende a ter custos menores de transporte de produtos
(por estarem mais próximas dos mercados), mas custos maiores de transporte
de insumos (por não ser possível grande consolidação de transportes, já que
os insumos devem ser levados a vários destinos diferentes).”
Dentre estas atividades, que são de controle da empresa (diferentemente das altera-
ções nos preços dos combustíveis, discutidas mais adiante), destacam-se:
• Planejamento de cargas.
• Administração da movimentação.
Para Bowesox et al. (2014) algumas empresas estão passando a fixar agen-
damentos antecipados no momento do fechamento do pedido de modo a
otimizar as atividades de carregamento e com isso minimizar o tempo de es-
pera e, por conseguinte, os custos de transporte. É o que pode ser observado
no sistema de carregamento utilizado pelas lojas Americanas/ Submarino.
A partir do momento em que o pedido de uma loja é fechado, o centro de
distribuição emite uma série de informações relativas ao processo de carre-
gamento dos produtos solicitados. Isto inclui por exemplo, a descrição dos
produtos, seus pesos e volumes, valores e impostos. Juntamente com estas
informações estão dados sobre o transportador que realizará a coleta, a data
e hora programados, bem como a doca em que será realizada tal operação.
Todas estas informações são geradas via sistema de gestão de armazéns e
disponibilizadas para as três partes: CD, loja e transportador.
Bowersox et al. (2014) destacam que a forma como as cargas são planejadas exercem
impacto direto na eficiência das atividades de transporte. Assim, é preciso que seja
realizado um planejamento adequado, considerando peso e volume dos produtos,
da sequência da montagem de carga de uma carreta. Além disso, é preciso consi-
derar a sequência das entregas. Ou seja, aqueles produtos que serão entregues nos
primeiros pontos de parada da rota devem ser carregados por último. Analogamente,
os últimos produtos a serem carregados devem ser acondicionados primeiro no baú
dos caminhões ou outras estruturas de acondicionamento.
Apesar de figurar como um elemento que escapa ao controle das empresas a varia-
ção no preço dos combustíveis é um fator de grande relevância nos custos dos trans-
portes. Em se tratando de um país que é fortemente influenciado pelas variações das
taxas cambiais e do valor do barril do petróleo no mercado internacional, o custo de
transporte no Brasil é muito sensível às variações nos preços dos combustíveis.
O custo dos combustíveis (e em especial do diesel) responde em média por 30% dos
custos de transporte. Assim, uma variação de 100% no valor do diesel geraria um au-
mento de 30% no custo total de transportes de uma operação (Bowersox et al., 2014,
p. 420). O principal impacto destas flutuações pode ser observado na necessidade de
constante reavaliação das cadeias de suprimento.
Ainda segundo o autor, o custo com transporte deve considerar duas características:
MODAL
Variável Ferroviário Intermodal Rodoviário Aéreo
Tamanho do Embarques Embarques Embarques Embarques
embarque maiores maiores médios menores
Rodovias
Ferrovias
• invasão da faixa de domínio nos centros urbanos e nos acessos aos portos;
• idade média elevada e quantidade insuficiente de vagões e locomotivas;
• integração operacional deficiente entre concessionários;
• malha pouco extensa para o atendimento da demanda.
Portos
Hidrovias
• restrições de calado.
Marinha Mercante
Em linha com esta situação, o autor apresenta alguns desafios em termos de infraes-
trutura colocados pelo Ministério dos Transportes. De acordo com o órgão, de modo
a enfrentar o cenário previamente descrito, é necessário que haja uma infraestrutura
capaz de (CHING, 2010, p. 197):
• Para tanto, algumas alternativas para reduzir o custo com transporte na visão
de Ching (2010) seriam:
Castiglioni e Pigozzo (2013) ressaltam que a análise dos custos de transporte deve
ser realizada tomando como base a sua relação com a operação logística como um
todo. Assim, os custos de transporte podem ser subdivididos em duas componentes:
os custos diretos e os custos indiretos.
• Depreciação do veículo.
• Remuneração do capital.
• Salário e gratificações de motoristas e ajudantes.
• Cobertura de risco (seguro ou autosseguro).
• Combustível.
• Lubrificação.
• Pneus.
• Licenciamento.
Os custos diretos podem ainda ser subdivididos em fixos ou variáveis. Para o caso
do setor de transportes, o custo variável esta variação pode ser tomada com base na
distância percorrida pelos veículos. Os custos fixos incorrem independentemente da
distância percorrida pelos veículos.
Custos fixos:
• Depreciação.
• Remuneração do capital.
Custos variáveis:
• Combustível.
• Lubrificação.
• Manutenção.
• Pneus.
• Cobertura do risco.
Catiglioni e Pigozzo (2013) destacam ainda que na função de transportes alguns es-
tudos indicam que cerca de 85% dos custos são diretos, enquanto os 15% restantes
são considerados indiretos.
Por fim, é preciso destacar que sejam diretos ou indiretos, os custos relativos ao trans-
porte figuram como uma parcela significativa dos custos logísticos totais. Da mesma
forma, é preciso dar destaque ao papel que os custos logísticos representam na eco-
nomia de uma nação.
Simchi-Levi et al. (2010, p. 39) destacam que os custos logísticos já chegaram a ex-
ceder 12% do valor do Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos. Segundo os
autores:
“Os números absolutos são gigantescos: para o ano de 1998 a quantia foi de
US$ 898 bilhões, enquanto para 2005 ela subiu para US$ 1,18 trilhão. Este
valor representa um aumento de US$ 156 bilhões sobre o valor de 1994, o
que é ainda mais surpreendente, se considerarmos que enquanto a economia
norte-americana sofria uma desaceleração em 2005, os custos com logística
aumentavam em cerca de 15%.”
Alguns dos motivos apontados para este aumento considerável (e que foi acompa-
nhado por diversos outros países) foram o aumento nos custos dos combustíveis, a
escassez de motoristas de caminhão, as limitações na capacidade ferroviária e os
custos com segurança. Facilmente, você consegue enxergar a atuação destes fatores
na realidade brasileira também.
Simchi-Levi et al. (2010) destacam ainda o impacto que os custos dos combustíveis
têm no custo de transportes. Para os autores:
Nesse sentido, é preciso que você enquanto futuro ator do sistema logístico entenda
como minimizar seus efeitos ou se antever a eles. Agora você já tem alguns subsídios
para realizar estas análises e se posicionar de forma mais assertiva na sua tomada de
decisão e na gestão dos sistemas de transporte da sua empresa.
CONCLUSÃO
Nesta unidade você foi apresentado a um dos componentes mais importantes da
tomada de decisão e da gestão dos sistemas logísticos: os custos de transportes. Estes
custos, que na verdade compõem os custos logísticos, respondem por aproximada-
mente 50% dos gastos com a atividade logística de uma empresa.
Você conheceu um pouco mais sobre os fatores que influenciam na composição des-
tes custos e como eles são afetados e afetam outros elementos do sistema logístico.
Você agora já entende, por exemplo, a relação entre os custos de transporte e a estra-
tégia de posicionamento de um número maior de centros de distribuição próximos
aos fornecedores de insumos.
Após esta unidade, você inclusive, consegue enxergar melhor como atividades com-
plementares como a manutenção e o suprimento de itens sobressalentes, como pneus
e lubrificantes, podem impactar os custos de transporte. Espera-se que você possa le-
var estes conhecimentos para uma situação prática em breve e se sair muito bem.
GLOSSÁRIO
Economia de escala é aquela que prevê a organização dos processos produ-
tivos de modo a maximizar seus fatores, garantindo assim, custos mais baixos
de produção e o aumento da produção de bens ou serviços.
Dias (2017) ressalta que tradicionalmente, o frete responde por cerca de 66%
do gasto logístico. Para se ter uma ideia, nos Estados Unidos, isso corresponde
em média a um valor entre 9 e 10% do seu Produto Interno Bruto.
UNIDADE 6
OBJETIVO
Ao final desta
unidade,
esperamos
que você:
6 OPERADORES DE
SERVIÇOS LOGÍSTICOS
Nesta unidade será abordado um importante elemento dos sistemas logísticos: os
operadores de serviços logísticos. Estas empresas trabalham em conjunto com outras
empresas da cadeia de suprimentos prestando uma diversidade de serviços logísti-
cos, principalmente, àqueles associados ao processo de armazenagem e transporte.
Você conhecerá um pouco mais das suas características operacionais e como se dão
as alianças entre estas empresas e os demais membros da cadeia de suprimentos.
Contudo, estas alianças não estão isentas de problemas ou limitações operacionais.
Assim, você conhecerá também algumas das desvantagens da adoção de operado-
res logísticos.
INTRODUÇÃO DA UNIDADE
A complexidade das operações logísticas e a competência acirrada do mercado mui-
tas vezes leva as empresas à especialização de um número reduzido das atividades
necessárias ao bom desempenho de um sistema. Assim, não é incomum observar
no mercado a situação em que empresas passam a contratar outras empresas para
a realização de algumas de suas funções logísticas. Estes prestadores de serviço são
conhecidos como operadores logísticos.
Nesta unidade, você conhecerá um pouco mais da sua atuação. Daremos destaque
às suas características, inclusive as suas desvantagens, e à forma como estas se aliam
e interagem com os demais elos da cadeia de suprimentos.
De acordo com Dias (2017, p. 321), o operador logístico consiste em uma empresa
especializada em movimentar, armazenar, transportar, processar pedidos e controlar
estoques, entre outras atividades. Para tanto, fornece tais serviços por meio de profis-
sionais treinados que podem encontrar-se no próprio operador logístico ou nas insta-
lações do cliente, a depender do tipo de contrato firmado entre as partes.
De acordo com Simchi-Levi et al. (2010, p. 322), a logística terceirizada pode ser
definida como o uso de uma empresa externa para executar toda ou parte da
gestão de armazenagem e das funções de distribuição de produtos. Os relacio-
namentos da logística terceirizada normalmente são mais complexos do que os
relacionamentos da logística tradicional: eles constituem verdadeiras alianças
estratégicas.
Por exemplo, a Ryder Dedicated Logistics hoje tem um contrato de vários anos
para o projeto, a gestão e a operação de toda a logística de entrada da Whirlpool
Corporation (SIMCHI-LEVI ET AL., 2010, p. 323).
Os operadores logísticos são atores muito importantes nas redes atuais de supri-
mento, pois representam inúmeras oportunidades para consolidação adicional
de cargas, não só dentro de uma rede de suprimentos, mas entre várias redes.
Corrêa (2012, p. 334) apresenta a Ryder como uma das principais empresas prestado-
ras de serviços logísticos do mundo. Com base no website da empresa, o autor des-
taca alguns dos principais serviços realizados, subdividindo-os em tipos de soluções:
• Operações de cross-docking.
Soluções de transporte
Soluções tecnológicas
recursos.
Oferecendo uma larga faixa de serviços logísticos, como visto, os 3PL hoje permi-
tem que as empresas escolham precisamente quais atividades logísticas terceirizar
e quais atividades logísticas manter internamente, a partir de análises que envolvem
os conceitos de competências centrais e custos de transação.
A UPS também atuou sobre o suprimento de peças e acessórios para a rede de con-
cessionárias da empresa, que é bastante pulverizada. No sistema anterior, a Harley
despachava peças e acessórios para seu centro de distribuição no estado de Wis-
consin, onde as peças eram estocadas para depois serem separadas, embaladas e
despachadas para atender aos pedidos das concessionárias. Os pedidos eram aten-
didos por transporte com LTL (menos que a carga completa do caminhão) para con-
cessionárias no país todo. Usando sua estrutura de entregas, a UPS (como ilustração,
a UPS tem, ao redor do mundo, 426 mil funcionários, 1.801 unidades operacionais
como armazéns, cross-docking, centros de triagem etc., 100.000 veículos terrestres,
262 aeronaves de carga próprias e 309 terceirizadas) começou a entregar pedidos
de menos de 600 kg diretamente para a rede de concessionárias da Harley-David-
son. Pedidos maiores eram entregues em uma unidade de cross-docking da UPS no
Missouri, onde os produtos eram paletizados no mesmo dia e enviados para as con-
cessionárias. Como resultado, os custos de estoques foram reduzidos e o tempo de
entrega de peças e acessórios foram reduzidos. A Harley está agora explorando com
a UPS formas de estender o uso desses processos mais eficentes pela UPS para seus
revendedores e concessionárias no exterior, já que a UPS está presente em mais de
200 países.
6.2.2 EXIGÊNCIAS DA LT
Para Corrêa (2012), “a empresa adquirente dos serviços precisa identificar as necessi-
dades exatas para o sucesso do relacionamento e também deve ser capaz de ofere-
cer medidas de desempenho e atender às exigências da empresa de LT”.
Corrêa (2012) destaca ainda que ambas as partes devem se comprometer com o
tempo dedicado e o esforço necessário para o sucesso do relacionamento. É preciso
entender que a aliança entre as partes deve ser uma relação mutuamente vantajosa
(comumente chamada de relação ganha-ganha). Da mesma forma, os riscos envolvi-
dos no processo devem ser compartilhados.
A comunicação eficaz também figura como um elemento essencial para que qual-
quer projeto de terceirização tenha sucesso. A empresa contratante precisa deixar
claro para os seus funcionários a real necessidade de terceirização. Em especial, o
que está sendo esperado deste processo, de forma que todos os departamentos rele-
vantes estejam no “mesmo barco” e possam se envolver de maneira mais adequada
(CORREA, 2012, p. 343). É fácil falar de aspectos gerais, mas a comunicação específica
é essencial se as duas empresas querem tirar proveito do contrato de terceirização.
Há outros aspectos importantes que devem ser discutidos acerca dos potenciais for-
necedores de logística terceirizada:
Para os autores, “este tipo de contrato melhora os níveis de serviço em cada um dos
distribuidores e diminui o estoque total do sistema”. Contudo, tais contratos só se
mostram factíveis a partir da utilização de sistemas de informação que permitam aos
distribuidores consultarem os estoques dos outros membros da cadeia e de sistemas
integrados de logística que possibilitam a entrega de peças de forma eficiente e ba-
rata.
Por exemplo, a Outra, uma grande holding holandesa com cerca de 70 subsi-
diárias do atacado de produtos elétricos, designou alguns destes como centros
de excelência em áreas específicas, como leiaute de depósitos e materiais de
pontos de venda. As outras subsidiárias, bem como os clientes, são direcionados
a estes centros de excelência para atender a pedidos em especial.
Com isso, é possível perceber que mesmo frente às diversas vantagens e desvanta-
gens associadas à integração das empresas prestadoras de serviços logísticos à ges-
tão e operacionalização das cadeias de suprimento, é preciso que o processo de im-
plementação seja realizado de forma clara, bem definida e comunicada de forma
eficiente entre as partes envolvidas. Da mesma forma, o entendimento dos limites de
atuação de cada parte, bem como o desempenho esperado para o sistema como um
todo deve estar em esclarecido e alvo de constante revisão.
CONCLUSÃO
Nesta unidade você conheceu um pouco mais sobre a atuação dos operadores logís-
ticos. Você foi apresentado à definição do termo operador logístico, bem como suas
vantagens e desvantagens. Por meio da nossa discussão e de alguns exemplos, você
pode conhecer um pouco melhor como estas empresas se integram à cadeia de su-
primentos de diferentes formas. Contudo, um destaque especial foi dado ao papel de
distribuição realizado pelos operadores logísticos.
É preciso ressaltar que esta é uma categoria de empresa muito dinâmica e que sem-
pre busca profissionais com uma boa base de conhecimento nos diversos processos
logísticos. Assim, figuram como um bom mercado de trabalho para aqueles profis-
sionais ávidos por desafios. Perceba que estes desafios não precisam estar necessa-
riamente diretamente vinculados às operações logísticas. Você pode atuar nos basti-
dores da integração entre uma empresa-cliente e um prestador de serviços logísticos,
por exemplo. Você poderia por exemplo, atuar como um consultor em uma empresa
de tecnologia da informação que produz sistemas orientados a esta integração.
REFERÊNCIAS
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE LOGÍSTICA (ABRALOG). Quem somos? Disponível em:
<http://www.abralog.org.br/website/perfil/show.asp?pgpCode=BA6C A7BE-9951-
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BOWERSOX, Donald J.; CLOSS, David J.; COOPER, M. Bixby; BOWERSOX, John C. Ges-
tão logística da cadeia de suprimentos. 4. ed. Porto Alegre: Bookman, 2014.
CASTOR, Belmiro Valverde Jobim. Estratégias para a pequena e média empresa. São
Paulo: Atlas, 2009.
BOWERSOX, Donald J., [et al.] Gestão logística da cadeia de suprimentos, 4. ed. Porto
Alegre : AMGH, 2014.
CHING, Hong Yuh. Gestão de estoques na cadeia de logística integrada: Supply chain
, 4ª edição.Grupo Gen. São Paulo.2010
EAD. MU LTIVIX.EDU.BR