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Compras,

Processamento de
Pedidos e Controle
de Estoques

MÓDULO 1
Sumário
Apresentação 4

Unidade 1 | Gestão dos Estoques 6

1 Introdução e Conceituação 7

2 Funções e Objetivos dos Estoques 8

3 Políticas de Estoque 11

4 Alguns Princípios Básicos do Controle de Estoque 13

5 Classificação dos Estoques 14

Atividades 16

Referências 17

Unidade 2 | Custos de Estoque 18

1 Tipos de Custos de Estoque 19

2 Custo por Item 20

3 Custo de Estocagem 20

4 Custos de Capital 20

5 Custos de Armazenamento 20

6 Custos de Risco 21

7 Custo de Pedidos 22

8 Custo de Falta de Estoque 24

9 Custos Associados à Capacidade 25

10 Custo Total de Estoque 25

Atividades 29

Referências 30

Unidade 3 | Níveis de Estoque 31

1 Controle de Nível de Estoque 32

2
2 Modelos de Gráficoc de Movimentação e Estoques 34

3 Regra Prática para Determinação do Estoque de Segurança 40

Glossário 41

Atividades 42

Referências 43

Gabarito 44

3
Apresentação

Prezado(a) aluno(a),

Seja bem-vindo(a) ao curso Compras, Processamento de Pedidos e Controle de


Estoques!

Neste curso, você encontrará conceitos, situações extraídas do cotidiano e, ao final de


cada unidade, atividades para a fixação do conteúdo. No decorrer dos seus estudos,
você verá ícones que têm a finalidade de orientar seus estudos, estruturar o texto e
ajudar na compreensão do conteúdo.

Este curso possui carga horária total de 35 horas e foi organizado em 8 unidades,
dividas em 3 módulos, conforme a tabela a seguir.

Módulo Unidades Carga Horária


Unidade 1 | Gestão dos Estoques 4h
Módulo 1 Unidade 2 | Custos de Estoque 4h
Unidade 3 | Níveis de Estoque 4h
Unidade 4 | Classificação ABC 4h
Unidade 5 | Lote Econômico de Compra (LEC) e
Módulo 2 4h
de Produção (LEP)
Unidade 6 | Sistemas de Controle de Estoques 4h
Unidade 7 | Métodos de Avaliação dos Estoques 5h
Modulo 3
Unidade 8 | Administração de Compras 6h

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Fique atento! Para concluir o curso, você precisa:

a) navegar por todos os conteúdos e realizar todas as atividades previstas nas


“Aulas Interativas”;

b) responder à “Avaliação final” e obter nota mínima igual ou superior a 60;

c) responder à “Avaliação de Reação”; e

d) acessar o “Ambiente do Aluno” e emitir o seu certificado.

Este curso é autoinstrucional, ou seja, sem acompanhamento de tutor. Em caso de


dúvidas, entre em contato através do e-mail suporteead@sestsenat.org.br.

Bons estudos!

5
UNIDADE 1 | GESTÃO DOS
ESTOQUES

6
Unidade 1 | Gestão dos Estoques
Nesta unidade você vai conhecer um pouco mais sobre a função e os objetivos dos
estoques, aprendendo a identificar diferentes rotinas de gerenciamento desse elemento
tão importante numa empresa.

1 Introdução e Conceituação

A proposta deste tópico é abordar um tema vital da administração de materiais: os


estoques. Como primeiro passo, julgamos essencial conceituar os estoques.

Os materiais, quando não estão em movimento, ou seja, em


fluxo, repousam armazenados em estoques. Logo, os estoques
são materiais e suprimentos que uma empresa mantém, seja
para vender ou para fornecer matérias-primas ou suprimentos
para o processo de produção.

Todas as empresas precisam manter


estoques para nunca serem pegas de
surpresa. Isto é, devem-se acumular
estoques para:

a)
Melhorar o nível de serviço
prestado.

b) Incentivar economias na produção.

c) Permitir economias de escala nas


compras e no transporte.

d) Agir como proteção contra aumentos de preços.

e) Proteger a empresa de incertezas na demanda e no tempo de ressuprimento.

f) Servir como segurança contra contingências.

7
Mas, cuidado, nunca seja pego com muito estoque! Estoque custa dinheiro. Parece
paradoxal, não acha?

Em termos financeiros, os estoques, além de muito importantes para as empresas,


normalmente são caros e representam capital investido. E, quanto maior o investimento,
maior é a responsabilidade de cada departamento dentro de uma empresa. Assim, a
função da administração de estoque é minimizar esse capital investido em estoque.
Por isso, deve planejá-lo e controlá-lo, desde o estágio da matéria-prima até o produto
acabado, entregue aos clientes.

2 Funções e Objetivos dos Estoques

O estoque funciona como regulador, tanto do fluxo de produção quanto do fluxo de


vendas. Dessa forma, as funções dos estoques são:

1. Manter a independência entre as operações, ou seja, permitir que as operações


ocorram normalmente, desde a produção até a venda final, sem que uma fique
parada esperando a outra. O estoque bem administrado tende a evitar que esta
situação de parada por dependência de outro setor ocorra.

2. Atender a variação do número de pedido do produto. Há períodos em que o


número de pedidos é maior e outros em que é quase inexistente. O setor de
estoques tem que ser bem administrado para poder atender a esses pedidos
durante todo o ano. Exemplo: no período do verão, a venda de ar condicionado é
bem maior que durante o inverno, assim como a venda de cervejas. Ao contrário,
o vinho é mais vendido no período do inverno que no verão.

3. Criar uma proteção para variações no prazo de entrega de matérias-primas.


Pode-se dizer que dificilmente as empresas conhecem com precisão o tempo
de ressuprimento de matérias-primas. Daí, para garantir a disponibilidade de
produto, é conveniente estabelecer um nível de estoque de segurança.

4. A administração de estoques deverá determinar o tamanho do lote mais


econômico a ser comprado ou a ser fabricado. Exemplo: o administrador de
estoque deve avaliar qual é a compra mais econômica: 60 peças de chuveiro, por
R$ 720,00 ou 80 peças por R$ 800,00? Na primeira opção, o custo unitário do
chuveiro é R$ 12,00 e na segunda, R$ 10,00. É um dilema!

8
5. Permitir flexibilidade na programação da produção. O estoque tem que ser capaz
de se adaptar às alterações e solicitações do setor produtivo. Manter estoques
de reserva é uma maneira de garantir o fornecimento ao setor produtivo.
Manter estoques de reserva é uma maneira de garantir o fornecimento ao setor
produtivo.

Em síntese, os estoques têm por finalidade amortecer as consequências das incertezas.

O objetivo é otimizar o investimento em estoque, aumentando


o uso eficiente dos meios de planejamento e controle,
minimizando as necessidades de capital para estoque.

Gerenciar os estoques é uma tarefa difícil. Uma das principais dificuldades é buscar
conciliar da melhor maneira possível os diferentes objetivos de cada departamento da
empresa para os estoques, sem prejudicar a operacionalidade da empresa. Explicando
melhor: a gerência financeira tem como meta minimizar estoques, uma vez que este
significa capital investido, enquanto os gerentes de produção e de vendas desejam
estoques mais elevados (o primeiro encara os estoques como um meio de ajuda para a
produção e o segundo deseja atender a todos os clientes).

Este quadro resume os conflitos interdepartamentais com relação à questão dos


estoques.

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Quadro 1: Conflitos interdepartamentais quanto aos estoques.

DEPTO.
DEPTO. DE COMPRAS
FINANCEIRO
Matéria - Prima (Alto -
Desconto sobre as
estoque) Capital investido
quantidades a serem
compradas
Perda Financeira
DEPTO.
DEPTO. PRODUÇÃO FINANCEIRO
Material em Processo (Alto -
Nenhum risco de falta Maior custo de
estoque)
de material. Grandes armazenagem
lotes de fabricação. e perdas por
obsolescência
DEPTO. VENDAS DEPTO.
FINANCEIRO
Produto acabado Entregas rápidas, boa
imagem, melhores Maior custo de
vendas armazenagem

Observa-se que a responsabilidade


das decisões sobre o estoque está
dividida entre os vários departamentos
da empresa, sendo responsabilidade
do almoxarife zelar pelas reposições
necessárias. Quando as metas dos
diferentes departamentos são
conflitantes, geralmente o departamento
que tem maior agressividade é o mais
ouvido. O sistema de gestão de estoques
deve remover estes conflitos, indicando
a necessidade real de suprimentos da
empresa.

Para isso, a gestão dos estoques não deve se preocupar apenas com o fluxo diário
de materiais entre vendas e compras, mas com a relação lógica entre cada integrante
deste fluxo, trazendo uma mudança na forma tradicional de encarar o estoque.

10
3 Políticas de Estoque

A administração central da empresa deverá determinar ao departamento (ou setor) de


controle de estoques o programa de objetivos a serem atingidos pela empresa.
Podemos definir, em diretrizes gerias, da seguinte forma:

1º. Metas da empresa quanto ao


tempo de entrega dos produtos
ao cliente. A empresa sabe que o
tempo de entrega ao cliente está
associado à sua competitividade
em relação às demais empresas
concorrentes. A manutenção do
cliente e a obtenção de novos
clientes é fator preponderante do
estabelecimento dos tempos de
entrega. O setor de controle de
estoques tem que conhecer esta política da empresa e daí se programar para
bem atender.

2º. Definição do número de almoxarifados e dos materiais a serem estocados


neles. Manter insumos ou produtos acabados gera necessidade de estabelecer
espaços. Faz parte das decisões da empresa o estabelecimento dessas
necessidades no nível mais viável economicamente possível, respeitadas as suas
condições financeiras. O setor de estoques deve saber com o que (e quanto de
espaço) vai poder contar para realizar suas atividades (ou operações).

3º. O nível de flutuação dos estoques, para atender uma alta ou baixa de vendas
ou alteração do consumo. Existe um grau de atendimento pelo setor de estoques
ao setor de produção (consumo de matéria-prima) e ao setor de vendas (produtos
acabados). Este grau de atendimento é medido em porcentagem. Ex: Ao se
determinar que se deve atender aos clientes ou ao setor de produção em 90% de
suas necessidades e que temos um consumo de matéria-prima ou venda mensal
de 700 unidades, deve-se ter disponível em estoque para fornecimento de 630
unidades, ou seja, 700 x 0,90, como mostra o gráfico.

11
Capital
Investimento

80 90 % Grau de atendimento
Gráfico 1: Grau de atendimento ao cliente em função do capital investido

A empresa também pode estabelecer uma faixa de atendimento, como no gráfico


apresentado, entre 80 e 90%.

O problema de um dimensionamento de estoque vai ser função de capital investido,


disponibilidade de estoques, custos incorridos e consumo ou demanda.

4º. Definição da rotatividade (ou giro) dos estoques. A rotatividade dos estoques é
importante, pois empresas com baixa rotatividade geram pequeno retorno ao
capital investido. Como exemplo, suponhamos que o volume de vendas seja de
R$ 1.800,00 e o capital em estoque de R$ 1.000,00. Então, a rotatividade do
estoque é:

Ou seja, para cada R$ 1,00 aplicado em estoque, retorna R$ 1,80 de venda. Se


diminuirmos 20% no capital de estoque, teremos R$ 1.000,00 – R$ 200,00 = R$ 800,00.
Logo, a nova rotatividade, ou giro, de estoque é:

Concluindo, a redução do capital em estoques em 20% faz aumentar o giro de capital


de estoques para R$ 2,25.

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Por fim, cabe dizer que as diretrizes 3 e 4, são as que merecem especial atenção do
profissional da área de estoque. Nelas será medido o capital investido em estoque.

4 Alguns Princípios Básicos do Controle de Estoque

É necessário, para organizar um setor de controle de estoques, descrever alguns


princípios básicos. São eles:

• Determinar o que deve permanecer


em estoque (número de itens);

• Determinar quando devem


ser reabastecidos os estoques
(periodicidade);

• Determinar quanto de estoque


será necessário para um período
pré-determinado (quantidade);

• Acionar as áreas de produção e compras para fabricar/comprar os itens a serem


estocados;

• Controlar os estoques em termos de valor e quantidade, fornecendo informações


sobre a posição dos estoques;

• Manter inventários periódicos para avaliação das quantidades e estado dos


materiais estocados;

• Identificar e retirar do estoque os itens obsoletos e danificados.

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5 Classificação dos Estoques

Já tratamos da finalidade dos estoques. É importante citar agora alguns outros aspectos
necessários para se montar um sistema de controle de estoque. Assim, procuraremos
classificar os vários tipos de estoque.

Normalmente, as categorias de materiais mais usuais são:

• Matéria-Prima: é o material básico necessário para a fabricação de um


determinado produto (exemplo: bobinas de aço para fabricação de automóveis);

• Produtos em Processo: são as peças ou os componentes que, de alguma forma,


já passaram por um processo de produção, mas que ainda deverão sofrer algum
tipo de modificação até o final do mesmo (exemplo: capôs dos automóveis);

• Produtos Acabados: são aqueles que já passaram pelo processo produtivo, mas
cuja venda ainda não foi concretizada (exemplo: os veículos prontos);

• Materiais Auxiliares: são os produtos que normalmente são utilizados pela área
administrativa da empresa (exemplo: materiais de escritório e de limpeza).

Resumindo

O objetivo da gestão de estoques é otimizar o investimento em estoques,


aumentando o uso eficiente dos meios da empresa, minimizando as
necessidades de capital investido.

Uma das principais dificuldades da gestão de estoques está em conciliar da


melhor maneira possível os diferentes objetivos de cada departamento da
empresa com relação aos estoques, sem prejudicar a operacionalidade da
empresa.

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As políticas de estoque devem, fundamentalmente, definir:

• Tempo de entrega dos produtos ao cliente

• Número de depósitos e/ou almoxarifes e da lista de materiais a serem


estocados neles

• Nível de flutuação dos estoques para atender uma alta ou baixa nas
vendas

• Grau de especulação dos estoques a ser utilizado

• Rotatividade dos estoques

Os princípios básicos para o Controle de Estoques são:

• Determinar número de itens, periodicidade de reabastecimento, volume


de estoque para um determinado período

• Acionar o Departamento de Compras e de Produção

• Controlar os estoques em termos de quantidade e valor

• Manter inventários periódicos e identificá-los

• Retirar itens obsoletos e danificados

Os tipos de estoques mais usuais são: matéria-prima, produtos em processo,


produtos acabados e materiais auxiliares.

Realize as atividades propostas em nosso caderno virtual e volte ao texto


da unidade sempre que necessário.

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Atividades

aa
1) Julgue verdadeiro ou falso. A gestão de estoques tem
como objetivo otimizar o investimento em estoques,
aumentando o uso eficiente dos meios da empresa,
minimizando as necessidades de capital investido.

Verdadeiro
( ) Falso
( )

2) Julgue verdadeiro ou falso. Os tipos de estoques mais


usuais são a matéria-prima, produtos em excesso, produtos
em processo e materiais auxiliares.

Verdadeiro
( ) Falso
( )

16
Referências

ARNOLD, J. R. T. Administração de materiais: uma introdução. São Paulo: Atlas, 1999.

BALLOU, R.H. Gerenciamento da cadeia de suprimentos: planejamento, organização


e logística empresarial. 4. ed. Porto Alegre: Bookman, 2001.

_______. Logística empresarial: transportes, administração de materiais e distribuição


física. São Paulo: Atlas, 1993.

CAMARGO, A. S. A.; AMARANTE, F. G. C. Gestão de estoques. Florianópolis, 1999.

DIAS, M. A. P. Administração de materiais: uma abordagem logística. São Paulo: Atlas,


1995.

GASNIER, D. Gestão de materiais: a finalidade dos estoques. Disponível em: <http://


www.amazu.com.br/PROF%20ALAN/LOGI%8DSTICA/Aula_4_A%20finalidade_dos_
estoques.pdf>. Acesso em: 13 abr. 2017.

MARTINS, P.G. et al. Administração de materiais e recursos patrimoniais. São Paulo:


Saraiva, 2000.

17
UNIDADE 2 | CUSTOS DE
ESTOQUE

18
Unidade 2 | Custos de Estoque
Nesta Unidade, você vai aprender mais sobre os custos de estoque, descobrindo como
mantê-los sem onerar o processo de produção e vendas.

1 Tipos de Custos de Estoque

Para que uma empresa possa maximizar seu lucro é necessário, entre outras coisas:

• Excelência no atendimento aos clientes

• Eficiência na operação

• Investimento mínimo em estoque

Os estoques ajudam a elevar ao máximo o atendimento aos clientes, mas, para isso, é
necessário manter alto o nível dos estoques.

Os estoques permitem que o setor de


produção trabalhe de forma eficiente.
A manutenção de estoques permite
produções mais longas, reduzindo
o número de ciclos de operação.
Permitem também que o departamento
de produção compre em quantidades
maiores, com redução de custos de
pedidos por unidade e com descontos
sobre a quantidade.

Mas tudo isso tem um preço. Manter altos níveis de estoque gera custos elevados para
uma empresa. Logo, é preciso otimizar o investimento em estoques, equilibrando com
o custo de sua manutenção.

Sendo assim, devemos voltar nossa atenção para os custos associados aos estoques.
Acompanhe a seguir os tipos de custo utilizados nas decisões sobre a gestão de
estoques.

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2 Custo por Item

O custo pago por um item comprado consiste no custo desse item e de qualquer outro
custo direto associado como, por exemplo, trazê-lo até a fábrica. Isso pode incluir
transporte, seguro e taxas aduaneiras. Quando se trata de um item fabricado na própria
empresa, incluem-se os custos de mão de obra, de material utilizado na fabricação e
ainda os custos indiretos (como, por exemplo, consumo de energia, manutenção dos
equipamentos, entre outros).

3 Custo de Estocagem

Nos custos de estocagem estão incluídas todas as despesas da empresa em função


do volume de estoque mantido. Isto é, à medida que o estoque aumenta, aumentam
também esses custos, que podem ser divididos em três grupos:

4 Custos de Capital

O dinheiro investido em estoques não está disponível para outras utilizações e por isso
representa o custo de uma oportunidade perdida. Esses custos variam em função da
taxa de juros, do crédito da empresa na praça e das oportunidades de investimentos
que a empresa pode ter.

5 Custos de Armazenamento

O armazenamento do estoque requer espaço, funcionários e equipamentos. À medida


que aumenta o estoque, aumentam também estes custos. A variação dos custos de
armazenagem deve-se ao lugar e ao tipo de armazenamento necessário.

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6 Custos de Risco

Os riscos de se manter um estoque são obsolescência (perda do calor do produto


resultante de mudança no modelo, no estilo ou do desenvolvimento tecnológico), danos
(estoque pode ser danificado enquanto é manuseado ou transportado), pequenos
furtos (mercadorias perdidas ou furtadas) e deterioração (estoque que apodrece ou
se dissipa na armazenagem). Os custos de risco podem ser baixos ou altos em função
do tipo de produto. No caso de produtos perecíveis, o risco de deterioração é bem
alto, podendo chegar perto de 100%. A possibilidade de obsolescência para os itens de
moda (ex: roupa) é alta, então seus custos de estocagem são também elevados.

Observe o quadro de Martin (2000), que apresenta um resumo das variações dos custos
de armazenagem.
Quadro 2: Variações dos custos de armazenagem

Armazenagem → quanto mais estoque → mais área necessária → mais custo de


aluguel.
Manuseio → quanto mais estoque → mais pessoas e equipamentos necessários
para manusear os estoques → mais custo de mão de obra e de equipamentos.
Perdas → quanto mais estoque → maiores as chances de perdas → mais custo de
corrente de perdas.
Obsolescência → quanto mais estoque → maiores as chances de materiais
tornarem-se obsoletos → mais custos decorrentes de materiais que não são mais
utilizados.
Furtos e roubos → quanto mais estoques → maiores as chances de materiais serem
furtados e/ou roubados → mais custos decorrentes.

Os custos de armazenagem, segundo Arnold (1999), podem ser calculados simplesmente


somando-se os custos de capital, de estocagem e de risco, como mostra o exemplo.

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Exemplo:

Uma empresa mantém um estoque anual médio de R$ 3.500.000,00. Se ela


estima que o custo de capital é de 15%, os de armazenamento são de 6% e
os custos de riscos são da ordem de 8%, quanto custa anualmente manter
este estoque?

Resposta:

Custo total de se manter o estoque = 15% + 6% + 8% = 29

Custo total de se manter o estoque = 0,29 x R$ 3.500.000,00 = R$


1.015.000,00

7 Custo de Pedidos

Esses custos estão associados ao processo de aquisição das quantidades necessárias


para reposição do estoque ou para o setor de produção da empresa. O custo de emissão
de um pedido de compra não depende da quantidade pedida: seja pedido um lote de
10 ou de 100 unidades, os custos associados à emissão do pedido são os mesmos.
Portanto, o custo anual com pedidos depende do número de pedidos emitidos nesse
período. Isto é, o custo de um pedido de compra multiplicado pelo número de pedidos
efetuados durante um ano resultará no custo total anual de pedidos, assim:

Custo Total Anual de Pedidos = Custo do Pedido x Número de Pedidos Durante o


Ano

Os custos de pedidos, segundo Ballou (1993), incluem os custos de processar pedidos


nos departamentos de compras, faturamento ou contabilidade, o custo para enviar
o pedido até o fornecedor, normalmente por correio ou mídia eletrônica, o custo de
preparação da produção ou do manuseio para atender o lote solicitado, o custo devido
a qualquer manuseio ou processamento realizado na doca de recepção e o preço da
mercadoria.

22
Como já foi dito, o custo anual com pedidos depende do número de pedidos emitidos
em um ano. Porém, podem ser reduzidos se a cada pedido forem requisitadas mais
unidades, o que resulta na emissão de menos pedidos. Entretanto, isso aumenta o
nível de estoque e também o custo anual com sua manutenção.

Um exemplo de custo de pedido é mostrado no exemplo.

Exemplo:

Uma empresa, a partir do ano anterior, computou todas as despesas do


departamento de compras, como custo de mão de obra e encargos,
materiais de escritório, aluguel das salas, correio, telefone e internet,
chegando a um valor médio de R$ 18,00 por emissão de pedidos de compras.
Determinar os custos que serão incorridos na obtenção de um item de
estoque cuja demanda anual é de 15.000 unidades, para as seguintes
políticas:

a) comprar uma única vez por ano;

b) comprar três vezes por ano;

c) comprar 10 vezes por ano.

Resposta:

Custo de pedido = R$ 18,00

Custo total anual de pedidos = custo do pedido x número de pedidos


durante o ano.

a) comprar uma única vez por ano lote = 15.000 unidades

Custo total anual de pedidos = R$ 18,00/pedido x 1 pedido/ano = R$ 18,00

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b) comprar três vezes por ano, lote = 15.000/3 = 5.000 unidades

Custo total anual de pedidos = R$ 18,00/pedido x 3 pedido/ano = R$ 54,00

c) comprar 10 vezes por ano, lote = 15.000/10 = 1.500 unidades

Custo total anual de pedidos = R$ 18,00/pedido x 10 pedido/ano = R$


180,00

Em resumo, esta tabela mostra a relação entre os custos de pedido e o estoque médio
(Q/2) mantido.
Tabela 1: Relação entre os custos de pedido e o estoque médio (Q/2)

Custo de pedido (R$) Estoque médio – Quantidade comprada/2 (unidade)


R$ 18,00 15.000/2 = 7.500,00
R$ 54,00 5.000/2 = 2.500,00
R$ 180,00 1.500/2 = 750,00

Nessa tabela, vemos a proporcionalidade inversa, isto é, quanto menor o estoque,


maior o custo de pedido. Enquanto para um estoque médio de 7.500 unidades o custo
de pedido é de R$ 18,00. Num estoque bem menor, de 750 unidades, esse custo sobe
para R$ 180,00 (10 vezes mais).

8 Custo de Falta de Estoque

São aqueles custos que ocorrem caso haja uma demanda por parte do cliente, ou por
parte do setor de produção, por algum item em falta no estoque. Podem ocorrer dois
tipos de custo de falta de estoque: custos de vendas perdidas e custos de atrasos. O
primeiro ocorre quando um cliente cancela seu pedido caso o produto desejado esteja
em falta, então o custo é estimado como o lucro perdido pela perda da venda. Os
custos de atraso referem-se aos custos incorridos entre a data do pedido não-atendido
e a data efetiva de atendimento do pedido. Eles podem ser do tipo:

a. Custos administrativos e de vendas no reprocessamento do pedido.

24
b. Custos extraordinários de
transporte e manuseio, caso o
suprimento deva ser realizado fora
do canal normal de distribuição.

A falta de estoque pode ser reduzida pela


manutenção de um estoque extra, de
forma cuidadosa e bastante controlada,
para proteger a empresa em ocasiões em
que a demanda pelo produto acabado
for maior que a prevista.

9 Custos Associados à Capacidade

Às vezes, é preciso alterar os níveis de produção. Nesses casos, poderá haver um


aumento de custos devido a horas-extras, contratações, treinamentos, turnos-extras e
demissões. Esses custos podem ser evitados nivelando a produção, ou seja, produzindo
itens em período de folga para serem vendidos nos períodos de maior procura. Porém,
essa situação aumenta o estoque, e consequentemente, seus custos, nos períodos de
folga.

10 Custo Total de Estoque

O custo total de estoque é obtido somando-se o custo de armazenagem e o custo de


pedido, assim:

Custo total de estoque = custo total de armazenagem + custo total de pedido

O setor da empresa responsável pelo controle dos estoques tem por objetivo minimizar
o custo total com estoque. Como pode ser visto no gráfico apresentado previamente,
os custos de armazenagem e o de pedido têm comportamentos “opostos”. Enquanto o
custo de armazenagem cresce conforme aumenta a quantidade em estoque, o custo
de pedido diminui com a quantidade pedida por requisição. Portanto, diminuir um

25
custo significa aumentar o outro. Logo, é necessário balancear esses custos, isto é,
encontrar o ponto ideal, ou a quantidade adequada. Esse ponto ideal é dado pela
interseção das duas curvas de custo, no ponto (Q0). A curva de custo total, em formato
de “U”, representa a soma das curvas de custos de armazenagem e de pedido. Como
pode ser visto no gráfico, o ponto mais baixo, ou mínimo, da curva de custo total
coincide com o ponto de interseção das duas curvas de custo. É esse, então, o mais
baixo custo total, ou seja, a quantidade Q0 em estoque é a que incorrerá no menor
custo total de estoque (C0).

Custo
(Valores)

Custo total

C0 Custo de
armazenagem

Custo de pedido

Q0 Quantidade
Gráfico 2: Curva de custo total de estoque

Exemplo:

Um supermercado vende um produto cuja demanda anual é de 40.000


unidades. O custo de pedido é de R$ 30,00 por pedido. Os custos anuais de
estocagem são de R$ 0,30 por unidade. Calcule o custo total decorrente de
manter os estoques para as quantidades adquiridas em lotes de 2.500,
2.600, 2.800, 3.000 e 3.200 unidades.

26
Resposta:

Demanda atual (consumo) = 40.000 unidades.

Custo de armazenagem = R$ 0,30 x Q/2 (onde Q é a quantidade a ser


comprada e o estoque médio, por definição, é calculado pela quantidade
comprada num intervalo de tempo dividido por 2).

Para adquirir 40.000 em lotes de R$ 2.500, é preciso fazer 16 pedidos


durante o ano, ou seja, 40.000/ R$ 2.500 = 16. Para R$ 2.600, é preciso fazer
15,38 pedidos; para R$ 2.800, 14,29; para R$ 3.000, 13,33 pedidos e para R$
3.200, 12,5 pedidos.

Então, calcula-se, para cada quantidade, ou lote a ser adquirido, o custo de


pedidos, multiplicando-se o custo de pedido pelo número de pedidos
durante o ano.

O custo total é obtido pela soma dos custos de armazenagem e de pedido.

Tabela 2: Custo total

Custo de Pedido
Quantidade Custo de
(custo do pedido
comprada Armazenagem Custo Total (R$)
x nº de pedidos)
(por lote) (R$)
(R$)
0,30 x 2.500/2 = R$ 375 + 480 = R$
2.500 30 x 16 = R$ 480,00
375,00 855,00
0,30 x 2.600/2 = R$ 30 x 15,38 = R$ 405 + 444,30 = R$
2.600
390,00 461,40 866,40
0,30 x 2.800/2 = R$ 30 x 14,29 = R$ 420 + 428,70 = R$
2.800
420,00 428,70 848,70
0,30 x 3.000/2 = R$ 30 x 13,33 = R$ 450 + 399,9 = R$
3.000
450,00 399,90 849,90
0,30 x 3.200/2 = R$ 30 x 12,5 = R$ 480 + 375 = R$
3.200
480,00 375,00 855,00

27
Conclui-se que a melhor quantidade a ser comprada por pedido é 2.800 unidades, pois
apresenta o menor custo total de estoque (R$ 848,70).

O gráfico ilustra o resultado do exemplo.


Custos

Custo total

848,7

Custo de
armazenagem

Custo de pedido

2500 2600 2500 3000 3200 Quantidade

Gráfico 3: Melhor quantidade a ser comprada por pedido

Resumindo

A manutenção de estoque traz vantagens à empresa, principalmente no


pronto atendimento ao cliente. Mas, para isso, há um preço, ou seja, os
custos decorrentes de sua manutenção. Cabe ao responsável pela gestão
dos estoques encontrar o ponto ideal, ou melhor dizendo, a quantidade a
ser estocada com os custos decorrentes mais adequados para a empresa.

Nas decisões sobre a gestão de estoques são utilizados os seguintes custos


relacionados: da compra do item, de estocagem, de pedidos, de falta de
estoque os associados à capacidade.

Calcula-se o custo total anual de pedidos multiplicando o custo de cada


pedido pelo número de pedidos durante o ano.

O custo total de estoque é obtido pela soma do custo total de armazenagem


e do custo total de pedido.

28
Atividades

aa
1) Julgue verdadeiro ou falso. Nas decisões sobre a gestão
de estoques são utilizados os custos da compra do item, de
estocagem, de pedidos, de falta de estoque os associados à
capacidade.

Verdadeiro
( ) Falso
( )

2) Julgue verdadeiro ou falso. A manutenção de estoque traz


vantagens à empresa, principalmente no pronto atendimento
ao cliente sendo que não existem os custos decorrentes de
sua manutenção.

Verdadeiro
( ) Falso
( )

29
Referências

ARNOLD, J. R. T. Administração de materiais: uma introdução. São Paulo: Atlas, 1999.

BALLOU, R.H. Gerenciamento da cadeia de suprimentos: planejamento, organização


e logística empresarial. 4. ed. Porto Alegre: Bookman, 2001.

_______. Logística empresarial: transportes, administração de materiais e distribuição


física. São Paulo: Atlas, 1993.

CAMARGO, A. S. A.; AMARANTE, F. G. C. Gestão de estoques. Florianópolis, 1999.

DIAS, M. A. P. Administração de materiais: uma abordagem logística. São Paulo: Atlas,


1995.

GASNIER, D. Gestão de materiais: a finalidade dos estoques. Disponível em: <http://


www.amazu.com.br/PROF%20ALAN/LOGI%8DSTICA/Aula_4_A%20finalidade_dos_
estoques.pdf>. Acesso em: 13 abr. 2017.

MARTINS, P.G. et al. Administração de materiais e recursos patrimoniais. São Paulo:


Saraiva, 2000.

30
UNIDADE 3 | NÍVEIS DE
ESTOQUE

31
Unidade 3 | Níveis de Estoque
O que é nível de estoque? E estoque mínimo? Você já ouviu falar em ressuprimento?

1 Controle de Nível de Estoque

Controlar o nível de estoques é uma tarefa difícil e quase incerta, pois nunca se tem
certeza da quantidade de itens que serão solicitados aos estoques. Para uma melhor
compreensão do controle de estoque, antes vamos apresentar algumas definições:

a) Estoque Mínimo: Define-se estoque mínimo como aquela quantidade mínima de


itens que deve existir no estoque destinada a cobrir eventuais retardamentos no
ressuprimento (como: alteração no consumo do item, atrasos no fornecimento,
rejeição de item no controle de qualidade e falhas administrativas no pedido de
compra), objetivando a garantia do funcionamento ininterrupto e eficiente do
processo produtivo, sem o risco de faltas. O estoque mínimo é uma quantidade
morta, só sendo consumida em caso de necessidade. Chamamos também de
estoque de segurança. O estoque mínimo é representado por E.Mn e o estoque
máximo, por E.Mx.

Q E.Mx

E.Mn

T
Gráfico 4: Estoque mínimo

32
b) Estoque Médio: O estoque médio (E.M.) é definido como o nível médio de
estoque em torno do qual as operações de compra e de consumo se realizaram.
O estoque médio pode ser representado com Q/2, sendo Q a quantidade que
será comprada para ser consumida. Em outras palavras, o estoque médio é a
quantidade comprada (Q) para ser consumida num dado intervalo de tempo (T)
dividida por 2.

Q/2 (E.M)

T
Gráfico 5: Estoque médio

c) Lote de Compra: O lote de compra é a quantidade de reposição do estoque, a


partir do estoque mínimo para atingir o estoque máximo (E.Mx.).

Lote de
compra

E.Mn

T
Gráfico 6: Lote de compra

33
d) Estoque Médio Ajustado para Incertezas: Por definição, o estoque médio
ajustado para incertezas é definido como a soma do estoque médio e do estoque
de segurança (estoque mínimo), isto é:

E.Ma = E. M. + E. Mn.

Suponha que uma empresa mantenha 50 unidades de uma certa matéria-prima como
estoque mínimo (segurança). Ela adquire periodicamente 150 unidades dessa matéria-
prima para ser consumida na produção. Então, o seu estoque médio ajustado para
incertezas é de 125 unidades, ou seja:

E.Mª = 150/2 + 50 = 125

2 Modelos de Gráficoc de Movimentação e Estoques

Podemos representar a movimentação (entradas e saídas) de um item no estoque por


meio de um gráfico.

a) Gráfico de Dente-de-Serra

Quantidade
180
160
Reposição

140
120
Co

Co

100
n

n
su

su

80
mo

mo

60
40
20

Tempo
J F M A M J J A
Gráfico 7: Gráfico de dente-de-serra

34
Chamamos de gráfico de dente-de-serra aquele onde se vê que o estoque iniciou na
quantidade mais alta, foi sendo consumido durante determinado tempo até chegar a
zero no quarto mês, como vimos. Estamos supondo que este consumo tenha sido igual
e uniforme mensalmente.

Quando o estoque chegou a zero, no quarto mês (abril), imediatamente foi dada
entrada no estoque uma quantidade igual à inicial (180). Com isso, o estoque retornou
à posição inicial.

Política 1
50

25

365 Dias

300

Política 2

150

365 Dias
Gráfico 8: Outro exemplo de gráfico de dente-de-serra

O ciclo descrito acima será sempre repetitivo e constante se:

a) Não houver alteração de consumo durante um período de tempo

b) Não houver esquecimento ao solicitar as compras

35
c) O fornecedor do item nunca atrasar sua entrega

d) Nenhuma entrega do fornecedor for rejeitada pelo controle de qualidade

Mas a prática mostra que estas quatro condições, juntas, não ocorrem em 100% dos
casos. Assumindo que estas ocorrências são normais, então, se deve criar um método
com a finalidade de diminuir o risco de ficar com o estoque a zero durante algum
período.

b) Dente-de-Serra com Ruptura

Quantidade
180
160
140
120
100
80
60
40
20
0
Tempo
-20 J F M A M J J A
-40
A M J
Gráfico 9: Gráfico dente-de-serra com ruptura de estoque

Nesse gráfico, vemos uma situação de dente de serra com ruptura, ou seja, ocorreu
alguma situação dentre as citadas que fez com que chegássemos ao estoque zero
ainda sem fazer a reposição do mesmo (é uma situação faltosa).

Na linha pontilhada, verifica-se que, nos meses de abril e maio, o estoque esteve a zero
e então deixou de atender a uma quantidade de 40 peças (itens) que seriam consumidas
nesse período. O administrador (ou controlador) de estoque tem que tentar impedir
esta situação, escolhendo a melhor solução possível, ou seja, a mais econômica.

36
c) Dente-de-Serra Utilizando o Estoque Mínimo

Quantidade

180
160
140
120
100
80
60
40 Estoque mínimo
20

Tempo
J F M A M J J A
Gráfico 10: Gráfico dente-de-serra com estoque mínimo

Esse gráfico mostra o seguinte: se determinássemos um ponto (ou seja, uma quantidade
de reserva para suportar os atrasos, as qualidades e as alterações de consumo) a
probabilidade de o estoque chegar a zero seria bem menor. E, com isso, a probabilidade
de não atender a produção ou ao requisitante é reduzida.

Vê-se ainda nesse gráfico que o estoque que se inicia em 180 unidades seria consumido
mês a mês, e quando chegasse em 40 unidades seria reposto em 140 unidades,
retornando assim às 180 unidades iniciais.

Essa quantidade de estoque mínimo serve como segurança para as eventualidades que
por acaso ocorressem durante o prazo de entrega do material. Novamente, deve-se
ter critério e bom senso para dimensionar o estoque de segurança, pois ele representa
capital empatado.

d) Tempo de Ressuprimento

O tempo de ressuprimento (TR) é uma informação essencial para o cálculo do estoque


mínimo (segurança). Ele mede o tempo decorrido entre a realização do pedido e a
chegada efetiva do material ao almoxarifado da empresa.

37
Você sabia que o tempo de ressuprimento pode ser
desmembrado em três partes? Vejamos:

• Emissão de Pedido: Tempo de transmissão do pedido de


compra pela empresa até ele chegar ao fornecedor.

• Preparação do Pedido: Tempo usado pelo fornecedor para


fabricar os produtos, separá-los, emitir faturamento e deixá-los
em condições de serem transportados.

• Transporte: Tempo usado para a movimentação das


mercadorias entre o fornecedor e a empresa (comprador).

Estoque máximo 1. Emissão do pedido


2. Preparação do pedido
180
3. Transporte
160
140
120
100
80
60
40
1 2 3
20

TR Tempo
Gráfico 11: Tempo de ressuprimento

Esse tempo deve ser determinado de modo mais próximo da realidade possível. As
variações ocorridas durante esse tempo podem alterar toda a estrutura do sistema de
estoques.

Determinado item necessita de um novo suprimento quando o estoque atingiu o ponto


de pedido, isto é, quando o saldo disponível estiver abaixo ou igual à determinada
quantidade chamada de ponto de pedido.

38
e) Ponto do Pedido

O Ponto de Pedido (PP) é, por definição, igual à quantidade em estoque para atender
à produção, durante o tempo de ressuprimento (PP = emissão do pedido + preparação
do pedido + transporte).

PP

C x TR
E.MN

T
TR
Gráfico 12: Ponto do pedido

Em suma, quando o nível de estoque for igual a PP, um novo pedido deve ser emitido.

Costuma-se também considerar no cálculo do PP, o somatório dos pedidos pendentes,


quer estejam em atraso ou não.

Exemplos:

1) Uma peça é consumida a uma razão de 30 por mês e seu tempo de


ressuprimento é de 2 meses. Qual será o ponto de pedido, uma vez que o
estoque mínimo deve ser de um mês de consumo?

Resposta:

PP = (30 x 2) + 30

PP = 60 + 30 = 90 unidades

39
Logo, quando o estoque chegar a 90 unidades, deverá ser emitido um pedido de
compra para que, ao fim de 60 dias (2 meses) quando atinge o estoque mínimo, a peça
chegue ao almoxarifado na quantidade comprada.

Exemplo:

2) O consumo de um item é 20 unidades por mês, o tempo de reposição de


3 meses e o estoque mínimo é de 20 unidades. Qual é o ponto de pedido?

Resposta:

PP = 20 x 3 + 20

PP = 60 + 20 = 80

3 Regra Prática para Determinação do Estoque de Segurança

Uma das mais importantes informações


para a gerência do estoque numa
empresa é a determinação do seu
estoque mínimo. O estoque mínimo é a
chave para o adequado estabelecimento
do ponto de pedido. Estabelecer um
estoque mínimo significa estabelecer
uma margem de segurança. Aqui, duas
observações devem ser feitas:

a) Se essa margem for estabelecida


baixa, acarretará custos de esgotamento – custos de não possuir materiais
disponíveis quando necessários, gerando perda de vendas, paralisação da
produção, despesas para apressar entregas;

40
b) Se essa margem for estabelecida alta, acarretará custos mortos, custos de estoque
parado, em virtude da não necessidade, em momento algum, de determinada
quantidade que está no estoque.

O estoque mínimo ou de segurança pode ser dado pela seguinte equação:

EMn = C (consumo) x K (coeficiente)

Onde:

E.Mn: o estoque mínimo

C: consumo médio

K: um coeficiente de segurança

Este coeficiente de segurança é arbitrário e é proporcional ao grau de atendimento


desejado para o item. Em outras palavras, quanto maior for este coeficiente menor
será a probabilidade de ocorrer falta de estoque.

Por exemplo: se quisermos que determinada peça tenha um grau de atendimento de


95% (K= 0,95), ou seja, queremos uma garantia de que somente em 5% das vezes o
estoque desta peça esteja a zero; sabendo que para o consumo médio mensal de 125
unidades (C), o estoque mínimo será 118,75; aplicando-se a fórmula tem-se:

E. Mn = 125 (consumo) x 0,95 (coeficiente)

E. Mn = 118,75

Glossário

Ressuprimento: Relocação de material de uma área de estocagem a granel para uma


área de estocagem de material, destinado a ordens de produção e à documentação
dessa relocação.

41
Atividades

aa
1) Julgue verdadeiro ou falso. Controlar o nível de estoques
é uma tarefa difícil e quase incerta, pois nunca se tem certeza
da quantidade de itens que serão solicitados aos estoques.

Verdadeiro
( ) Falso
( )

2) Julgue verdadeiro ou falso. Chamamos de gráfico de dente-


de-serra aquele onde se vê que o estoque iniciou na
quantidade mais baixa, foi sendo consumido durante
determinado tempo até chegar a zero no segundo mês.


Verdadeiro
( ) Falso
( )

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Referências

ARNOLD, J. R. T. Administração de materiais: uma introdução. São Paulo: Atlas, 1999.

BALLOU, R.H. Gerenciamento da cadeia de suprimentos: planejamento, organização


e logística empresarial. 4. ed. Porto Alegre: Bookman, 2001.

_______. Logística empresarial: transportes, administração de materiais e distribuição


física. São Paulo: Atlas, 1993.

CAMARGO, A. S. A.; AMARANTE, F. G. C. Gestão de estoques. Florianópolis, 1999.

DIAS, M. A. P. Administração de materiais: uma abordagem logística. São Paulo: Atlas,


1995.

GASNIER, D. Gestão de materiais: a finalidade dos estoques. Disponível em: <http://


www.amazu.com.br/PROF%20ALAN/LOGI%8DSTICA/Aula_4_A%20finalidade_dos_
estoques.pdf>. Acesso em: 13 abr. 2017.

MARTINS, P.G. et al. Administração de materiais e recursos patrimoniais. São Paulo:


Saraiva, 2000.

43
Gabarito

Questao 1 Questão 2
Unidade 1 V F
Unidade 2 V F
Unidade 3 V F

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