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Graduada em Gestão Financeira (2007) e pós-graduada em Controladoria de Empresas (2009) pela Universidade
Paulista – UNIP. Atua há mais de 30 anos na área contábil tributária de grandes e médias indústrias, bem como para
prestadores de serviços. É professora da Universidade Paulista (UNIP).
CDU 657:336.22
U514.58 – 22
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quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem
permissão escrita da Universidade Paulista.
Prof. Dr. João Carlos Di Genio
Reitor
Unip Interativa
Material Didático
Comissão editorial:
Profa. Dra. Christiane Mazur Doi
Profa. Dra. Angélica L. Carlini
Profa. Dra. Ronilda Ribeiro
Apoio:
Profa. Cláudia Regina Baptista
Profa. Deise Alcantara Carreiro
Projeto gráfico:
Prof. Alexandre Ponzetto
Revisão:
Vitor Andrade
Aline Ricciardi
Sumário
Contabilidade Tributária
APRESENTAÇÃO.......................................................................................................................................................9
INTRODUÇÃO............................................................................................................................................................9
Unidade I
1 INTRODUÇÃO À CONTABILIDADE TRIBUTÁRIA..................................................................................... 11
1.1 Conceito.................................................................................................................................................... 16
1.2 Registro..................................................................................................................................................... 16
1.3 Impostos incidentes sobre o valor agregado............................................................................. 19
2 ISS (ISSQN).......................................................................................................................................................... 19
2.1 Conceito.................................................................................................................................................... 19
2.2 Base legal para incidência do ISS................................................................................................... 20
2.3 Prestadores de serviços....................................................................................................................... 21
2.4 Fato gerador............................................................................................................................................ 21
2.5 Contribuintes e responsáveis............................................................................................................ 21
2.6 Base de cálculo....................................................................................................................................... 22
2.7 Alíquotas................................................................................................................................................... 22
2.8 Retenção do ISS..................................................................................................................................... 22
2.9 Retenção no Simples........................................................................................................................... 23
2.10 Contabilização do ISS sobre vendas de serviços.................................................................... 24
2.10.1 Contabilização do ISS sobre vendas de serviços sendo o prestador
responsável pelo recolhimento do imposto............................................................................................. 24
2.10.2 Contabilização do ISS sobre vendas de serviços sendo o tomador
responsável pelo recolhimento do imposto............................................................................................. 25
3 IPI............................................................................................................................................................................ 26
3.1 Base legal.................................................................................................................................................. 26
3.2 Competência........................................................................................................................................... 27
3.3 Incidência................................................................................................................................................. 27
3.4 Fato gerador............................................................................................................................................ 30
3.5 Contribuintes.......................................................................................................................................... 30
3.6 Definição legal de industrialização................................................................................................ 32
3.7 Princípios constitucionais.................................................................................................................. 32
3.7.1 Seletividade................................................................................................................................................ 32
3.7.2 Não cumulatividade............................................................................................................................... 32
3.8 Base de cálculo....................................................................................................................................... 33
3.8.1 Dos produtos de procedência estrangeira..................................................................................... 33
3.8.2 Dos produtos nacionais......................................................................................................................... 33
3.9 Alíquotas................................................................................................................................................... 34
3.10 Escolha de classificação fiscal de uma empresa.................................................................... 35
3.10.1 Cálculo prático....................................................................................................................................... 36
3.11 O crédito do imposto......................................................................................................................... 37
3.12 O débito do imposto.......................................................................................................................... 38
3.13 Exemplo de contabilização............................................................................................................. 39
3.14 Zona Franca de Manaus (ZFM) e Área de Livre Comércio (ALC)...................................... 43
4 EXERCÍCIOS PRÁTICOS................................................................................................................................... 45
Unidade II
5 O ICMS (IMPOSTO SOBRE CIRCULAÇÃO DE MERCADORIAS E SERVIÇOS)............................... 58
5.1 Operação própria - ICMS OP............................................................................................................ 58
5.1.1 Disposições legais.................................................................................................................................... 58
5.1.2 Incidência.................................................................................................................................................... 59
5.1.3 Não incidência.......................................................................................................................................... 60
5.1.4 Fato gerador............................................................................................................................................... 61
5.1.5 Contribuinte............................................................................................................................................... 63
5.1.6 Competência.............................................................................................................................................. 64
5.1.7 Princípios constitucionais.................................................................................................................... 64
5.1.8 Base de cálculo e alíquotas................................................................................................................. 71
5.1.9 Exemplo de contabilização de ICMS recuperável....................................................................... 79
5.1.10 Exemplo de contabilização de ICMS não recuperável............................................................ 80
5.1.11 Crédito sobre aquisição de bens do ativo imobilizado........................................................... 81
5.2 Substituição tributária - ICMS ST................................................................................................... 84
5.2.1 Conceito...................................................................................................................................................... 84
5.2.2 Tipos de substituição tributária no ICMS....................................................................................... 84
5.2.3 Contribuintes............................................................................................................................................. 85
5.2.4 Responsável............................................................................................................................................... 86
5.2.5 Casos nos quais não há a aplicação da substituição tributária............................................ 86
5.2.6 Mercadorias sujeitas à substituição tributária............................................................................ 87
5.2.7 Base de cálculo da substituição tributária.................................................................................... 87
5.2.8 Margem de valor agregado (MVA).................................................................................................... 88
5.2.9 Exemplo prático de cálculo de operações subsequentes........................................................ 88
5.2.10 Tratamento do ICMS em operações de venda para empresas da ZFM e ALC............... 90
5.3 Diferencial de alíquota - ICMS Difal............................................................................................. 91
5.3.1 Conceito...................................................................................................................................................... 92
5.3.2 Partilha do ICMS...................................................................................................................................... 93
5.3.3 Tipo de recolhimento............................................................................................................................. 93
5.3.4 Fundo de Combate à Pobreza (FCP)................................................................................................. 93
6 EXERCÍCIOS PRÁTICOS................................................................................................................................... 95
Unidade III
7 PIS E COFINS....................................................................................................................................................110
7.1 Contribuintes........................................................................................................................................110
7.2 Competência.........................................................................................................................................110
7.3 PIS e Cofins sobre a receita bruta.................................................................................................111
7.3.1 Fato gerador..............................................................................................................................................111
7.3.2 Base de cálculo........................................................................................................................................111
7.3.3 Alíquotas...................................................................................................................................................112
7.4 PIS/Pasep – folha de pagamento..................................................................................................121
7.4.1 Alíquota.....................................................................................................................................................121
7.4.2 Base de cálculo...................................................................................................................................... 122
7.5 PIS e Cofins – instituições financeiras e equiparadas..........................................................122
7.5.1 Alíquotas.................................................................................................................................................. 122
7.5.2 Base de cálculo...................................................................................................................................... 123
7.6 PIS e Cofins – monofásico...............................................................................................................123
7.6.1 Base de cálculo...................................................................................................................................... 123
7.7 Tratamento de PIS e Cofins em operações de venda para empresas
da ZFM e ALC................................................................................................................................................125
7.8 Exercício prático..................................................................................................................................126
8 EXEMPLOS DE CONTABILIZAÇÃO DE OPERAÇÕES COM MERCADORIAS E
SERVIÇOS COM TRIBUTAÇÃO........................................................................................................................131
8.1 Compra de mercadorias com incidência de ICMS, PIS e Cofins recuperáveis............131
8.2 Compra de mercadorias com incidência de IPI, ICMS, PIS e Cofins recuperáveis..............133
8.3 Compra de produtos para revenda por empresa comercial – IPI não recuperável
e ICMS, PIS e Cofins recuperáveis........................................................................................................134
8.4 Compra de bens para uso da empresa quando o IPI não é recuperável e
ICMS, PIS e Cofins são recuperáveis...................................................................................................135
8.5 Outros gastos nas compras: imposto de importação, fretes e seguros........................136
8.6 Contabilização das operações de vendas..................................................................................136
8.6.1 Impostos e contribuições incidentes sobre vendas................................................................ 136
8.6.2 Contabilização dos fatos que alteram as compras e as vendas......................................... 138
8.6.3 Abatimentos sobre compras..............................................................................................................141
8.6.4 Cálculo de ICMS sobre energia elétrica....................................................................................... 146
8.7 Estudo de caso envolvendo compra, venda e contabilização...........................................147
APRESENTAÇÃO
Nesta disciplina, vamos tratar dos assuntos relacionados à legislação fiscal e tributária em nível
federal, estadual e municipal. Veremos a aplicação dos procedimentos técnicos adequados aos cálculos
e a contabilização dos impostos de acordo com a legislação em vigor, especificamente em relação
aos conceitos de contabilidade fiscal e tributária, princípios e normas básicas da legislação tributária,
escrituração fiscal e contabilização dos tributos indiretos: IPI, ICMS e ISS, além da apuração de PIS/Pasep
e Cofins.
O material utilizado e as fontes indicadas vão contribuir para um aprofundamento maior na matéria.
Assim, o aluno poderá consultar a legislação vigente, que dará subsídios para o desenvolvimento
profissional. Por fim, serão apresentados exemplos práticos de diversas situações e estudos de casos que
facilitam a compreensão da disciplina.
INTRODUÇÃO
Estudaremos impostos sobre valor agregado ou valor adicionado que incidem em cada fase do
processo produtivo. O valor agregado de uma empresa representa o quanto de valor ela adiciona aos
insumos que adquire em determinado período; é obtido pela diferença entre as vendas e o total dos insumos
adquiridos de terceiros (matérias-primas, material de embalagem, material intermediário, mão de obra).
Esse valor será igual à soma de toda a remuneração dos esforços consumidos nas atividades da empresa. Nesse
grupo, estudaremos o ICMS (Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços) e o IPI (Imposto sobre
Produtos Industrializados).
O Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISSQN), tendo sua legislação específica, também
fará parte desta disciplina, na qual serão apresentadas formas de cálculo de impostos, retenções e
contabilização da operação.
Além do ICMS, IPI e ISS, trataremos dos impostos incidentes sobre o faturamento, PIS e Cofins,
aplicados em operações de compra e venda de mercadorias e de prestação de serviços, pois um único
evento poderá gerar a obrigação do pagamento de todos esses impostos.
9
Como seriam os preços sem a incidência dos impostos? Quais os impostos que pagamos em cada
aquisição de mercadoria? Como é calculado o ICMS na conta de energia elétrica? Todas essas perguntas
o profissional da área contábil será capaz de responder por ter conhecimento dos cálculos, da legislação,
da forma como é contabilizada e os impactos que isso vai gerar no resultado da empresa.
Por mais didático que seja este ou qualquer outro texto sobre contabilidade tributária, eles não serão
suficientes, isoladamente, para transformar o leitor num especialista na área tributária. Entretanto,
espera-se que esta disciplina estimule o aluno a buscar incessantemente mais informações sobre tributos
e sua integração com a contabilidade, pois, para profissionais dessa área, a pesquisa é uma constante,
haja vista a existência de inúmeras leis, decretos e normas que são publicados diariamente.
10
CONTABILIDADE TRIBUTÁRIA
Unidade I
1 INTRODUÇÃO À CONTABILIDADE TRIBUTÁRIA
Segundo estudo elaborado pelos economistas José Roberto Afonso e Kleber Pacheco de Castro (2019),
a carga tributária brasileira atingiu a marca de 35,17% do PIB.
O Imposto de Renda das Pessoas Jurídicas (IRPJ) representou 40% do crescimento da carga tributária
em relação aos anos anteriores; o ICMS, 30%.
O volume arrecadado pelo setor público representa aproximadamente R$ 12 mil por habitante, isto
é, são necessários quatro meses de trabalho para pagar os tributos.
Em % do PIB
35,17
30,00
25,00
20,00
2000 '02 '04 '06 '08 '10 '12 '14 '16 2018
Figura 2
Segundo a pesquisa, os estados e municípios têm contribuído para a elevação da carga tributária
em relação ao PIB, o IPTU foi apontado como a maior surpresa dessa elevação.
11
Unidade I
30
20
10
Figura 3
Observação
O Brasil já teve uma inflação galopante, muito próximo de 50% num único mês. Os preços mudavam
todos os dias, a população não conseguia comprar um produto com o mesmo preço em dois dias
diferentes. Na época, antes de 1994, era muito comum as empresas e a própria população fazerem
estoques de mercadorias, quer de suprimentos para subsistência da população, quer de estoques de
produtos para fabricação. Isso era feito para se obter um pouco de ganho, pois se tivessem que adquirir
mercadorias – por exemplo, no dia 4 de determinado mês – e depois fosse necessário adquirir mais uma
quantidade da mesma mercadoria – no dia 20 do próprio mês –, certamente o preço teria sofrido um
acréscimo de cerca de 20%.
Contudo, com a implantação do programa de estabilização econômica, por meio de um plano de longo
prazo para o controle da inflação, a economia do Brasil foi estabilizando-se. Hoje, com a estabilização,
tem-se preocupado cada vez mais com a lucratividade das empresas e com o planejamento tributário
como ferramenta para se destacar da concorrência, por meio da economia de impostos. Com isso,
visa-se à redução da carga tributária e tem-se como consequência melhor resultado financeiro para as
empresas em todos os segmentos. Tudo isso sem extrapolar o campo da licitude e sem comprometer a
qualidade e os resultados dos negócios, todos suportados por bases legais. Destaca-se que, muitas vezes,
por desconhecimento ou falta de recursos do empresariado brasileiro, deixa-se de usufruir de diversos
benefícios fiscais disponibilizados pelo governo que estão ao alcance de todos os setores.
Ainda sobre a carga tributária, podemos mencionar que o sistema tributário brasileiro é um dos
mais complexos do mundo, chegando a existir, segundo alguns tributaristas, cerca de sessenta impostos
em vigor, com diversas leis, regulamentos e normas frequentemente alteradas. Tais fatos penalizam
demasiadamente o custo da maioria das empresas e causam grandes transtornos no momento do
gerenciamento e controle contábil e financeiro dos impostos e demais tributos.
12
CONTABILIDADE TRIBUTÁRIA
2008 2009
Tributo
R$ milhões % PIB % R$ milhões % PIB %
Total da receita tributária 1.033.916.89 34.41% 100,00% 1.055.407.07 33,58% 100,00%
1 ICMS 218.459,18 7,27% 21.13% 224.027,74 7.13% 20.72%
2 Imposto de renda 193.444,52 6,44% 18.71% 192.315,02 6.12% 17.78%
Contribuição para a
3 163.355,27 5,44% 15.80% 182.008,44 5.79% 16.83%
Previdência Social
4 Cofins 119.193,60 3,97% 11.53% 115.995,84 3.69% 10.73%
5 Contribuição para FGTS 48.714,38 1.62% 4.71% 54.725,95 1.74% 5.06%
Contribuição social
6 42.748,74 1.42% 4.13% 43.583,09 1.39% 4.03%
sobre o lucro líquido
Imposto de produtos
7 36.842,95 1.23% 3.56% 27.767,44 0.88% 2.57%
industrializados
8 Contribuição para o PIS 25.728,59 0.86% 2.49% 25.816,81 0.82% 2.39%
9 ISS 21.372,01 0.71% 2.07% 22.354,48 0.71% 2.07%
10 IPVA 16.718,13 0.56% 1.62% 17.567,21 0.56% 1.62%
Imposto sobre operações
11 20.219,63 0.67% 1.96% 19.224,74 0.61% 1.78%
financeiras
13
Unidade I
2008 2009
Tributo
R$ milhões % PIB % R$ milhões % PIB %
26 ITCD 1.493,79 0.05% 0.14% 1.590,35 0.05% 0.15%
Contribuição custeio
27 1.512,86 0.05% 0.15% 1.681,26 0.05% 0.16%
pensões militares
Cota-parte ad Fr. Ren.
28 2.304,70 0.08% 0.22% 1.512,71 0.05% 0.14%
Marinha Mercante
29 Outros tributos e taxas* 7.948,76 0.26% 0.77% 8.091,20 0.26% 0.75%
30 Cide Remessas 917,91 0.03% 0.09% 1.148,81 0.04% 0.11%
Cota-parte contribuição
31 299,43 0.01% 0.03% 314,63 0.01% 0.03%
sindical
Outras contribuições
32 44,73 0.00% 0.00% 44,15 0.00% 0.00%
econômicas
Contribuição Prov.
33 sobre Movimentação 1.009,10 0.03% 0.10% (24,25) 0.00% 0.00%
Financeira
* Inclui taxas federais. Outros tributos municipais, IPMF, ITR e Fundaf
Entre todos esses impostos incidentes no Brasil, vamos nos restringir àqueles sobre valor agregado,
que são impostos federais, estaduais e municipais. Lembramos que, por mais didático que este livro-texto
ou qualquer outro texto sobre planejamento tributário possam ser, não são suficientes, isoladamente,
para que o leitor se torne um especialista em tributos e seu planejamento. Conforme afirmado
anteriormente, o assunto é complexo e constantemente alterado, portanto, cabe aos profissionais da
área ficarem atentos às alterações da legislação, pois qualquer mudança em alíquotas, forma de cálculo,
bases de cálculos etc. afeta diretamente as organizações. Não se trata apenas de aumento de alguma
alíquota de impostos que vai refletir na margem de lucros da empresa. Assim, muito provavelmente, a
população pagará esse aumento por meio da alteração de preços de todos os produtos.
Por exemplo, se o governo aumentar as alíquotas do IPI das geladeiras, automaticamente os fabricantes
repassarão esse aumento para a população. Nesse sentido, cresce sensivelmente a responsabilidade
de todos os gestores de uma empresa, principalmente das áreas de controladoria e contabilidade, pois
as empresas e os responsáveis que, por desconhecimento, emitirem declarações errôneas ou em
desacordo com as normas e legislação vigentes, poderão ser autuados, processados e até condenados
em determinados casos de comprovação de evasão fiscal.
Observação
O intuito deste material é estimular o aluno a consultar a legislação vigente e se inteirar das normas e
dos procedimentos tributários que as empresas estão obrigadas a cumprir, pesquisando, de forma incansável,
por meio de outras fontes de conhecimentos, em especial, a própria legislação tributária, tomando o
14
CONTABILIDADE TRIBUTÁRIA
devido cuidado quanto à veracidade e ao embasamento legal da informação obtida. É nesse ambiente
que deve atuar o profissional da contabilidade, objetivando o registro, o controle e o planejamento dos
tributos ocasionados pelas operações empresariais.
Saiba mais
A respeito da contabilidade tributária, Luís Martins de Oliveira et al. (2006) apresentam o seguinte quadro:
15
Unidade I
contabilidade possa acompanhar a evolução dos impostos sobre as atividades da empresa, evitando
possíveis infrações fiscais.
1.1 Conceito
Considerando os fatos até aqui apresentados, devemos entender a contabilidade tributária como
uma especialização da contabilidade geral, que tem como objetivo adequar o registro das operações
realizadas pela empresa à legislação tributária.
1.2 Registro
Os registros das operações realizadas pelas empresas são feitos nos chamados livros contábeis.
Os principais livros contábeis obrigatórios são o diário, o livro-razão, o registro de inventário, o livro
de apuração do lucro real (Lalur), o livro-caixa e o registro de duplicatas.
Para registro do ICMS e IPI das operações fiscais, são elencados a seguir os principais livros e quem
deverá escriturá-los:
• Selo especial de controle (modelo 4): produtores de cigarros, bebidas alcoólicas, relógios,
entre outros.
Esses livros, entre outros aspectos, devem ser escriturados de forma permanente, com atraso máximo
permitido de cinco dias; tudo deve ser registrado com clareza, em ordem cronológica, sem rasuras ou
emendas. Além de serem conservados no próprio estabelecimento, para exibição ao fisco, devem conter
o termo de abertura e de encerramento, bem como folhas numeradas tipograficamente na sequência.
Hoje, os sistemas integrados já são parametrizados para o registro no momento que o documento fiscal
entra na empresa.
O livro de registro de utilização de documentos fiscais e termos de ocorrência é usado para escrituração
da entrada de impressos de documentos fiscais (notas fiscais) confeccionados por estabelecimentos
gráficos, assim como para a lavratura, pelo fisco, de termos de ocorrências.
O livro de apuração do ICMS e do IPI é utilizado para o registro, de forma resumida, dos valores
totais por código fiscal (entradas e saídas) dos valores contábeis, base de cálculo e valor dos impostos
debitados e creditados. A escrituração do livro de registro de apuração do ICMS (modelo 9) é realizada
com base no período de apuração, registrando-se as compras e vendas do período. No final de cada
período, os totais dos valores contábeis e os valores fiscais referentes ao ICMS, extraídos dos livros de
17
Unidade I
registro de entradas (compras) e dos livros de registro de saídas (vendas), são transcritos no livro de
apuração do ICMS.
Para o registro do ISS, há livros específicos. Como se trata de um tributo municipal, cada município
define suas particularidades quanto ao registro. Todavia, é imprescindível buscar em cada local os
documentos necessários para atendimento à legislação.
Saiba mais
A Escrituração Fiscal Digital (EFD) é de uso obrigatório para todos os contribuintes do ICMS ou do IPI.
Destaca-se que o fisco da unidade federada do contribuinte e a Secretaria da Receita Federal do Brasil
podem dispensar tal obrigação.
A nova modalidade de escrituração passou a ser exigida a partir de junho de 2008. Contudo, por
força de um protocolo ICMS/Confaz, somente estarão obrigados os contribuintes relacionados nos
respectivos protocolos, os demais contribuintes poderão optar pela escrituração digital.
Para os estados do Amapá, Amazonas, Espírito Santo, Maranhão, Mato Grosso do Sul, Paraná, Piauí,
Rio Grande do Sul, Roraima, São Paulo e Sergipe, a obrigatoriedade é prevista a todos os estabelecimentos
dos contribuintes desde 1º de janeiro de 2014, podendo ser antecipada a critério de cada um desses
Estados. Para os demais Estados, a partir de 1º de janeiro de 2014.
18
CONTABILIDADE TRIBUTÁRIA
Os impostos sobre o valor agregado ou valor adicionado incidem em cada fase do processo produtivo.
O valor agregado de uma empresa representa o quanto de valor ela adiciona aos insumos que adquire
em um determinado período; é obtido pela diferença entre as vendas e o total dos insumos adquiridos
de terceiros (matérias-primas, material de embalagem, material intermediário, mão de obra).
Esse valor será igual à soma de toda a remuneração dos esforços consumidos nas atividades da empresa.
2 ISS (ISSQN)
2.1 Conceito
Trata-se de um tributo de competência dos municípios e incide sobre os serviços prestados pelas
empresas – pessoas jurídicas, ou pelos profissionais autônomos, desde que o fato gerador do serviço já
não seja de competência tributária do Estado ou da União.
19
Unidade I
É importante mencionar que alguns elementos são essenciais para ocorrer o fato gerador do ISS,
de forma que a inexistência de qualquer um deles torne impossível a incidência tributária. São eles:
a efetividade e habitualidade do serviço prestado, bem como a autonomia do serviço prestado, assim
entendido o serviço realizado em nome próprio e a finalidade da atividade prestada.
O ISS, mesmo sendo de competência dos municípios, é tratado na Lei Complementar n. 116
(BRASIL, 2003c), que limita a uma lista os serviços que podem ser objeto de tributação. Essa lei veio
dirimir as controvérsias em relação de onde seria devido o imposto, inclusive para controlar uma prática
de muitas empresas que haviam se mudado para cidades vizinhas às grandes metrópoles, onde a
alíquota do ISS era muito mais baixa.
A lei estipula que o local da prestação de serviço, para onde o imposto deverá ser recolhido, é o do
estabelecimento prestador dos serviços, ou, na sua falta, o local do domicílio do prestador (BRASIL, 2003c).
Contudo, para alguns tipos de serviços, a lei determina que o imposto deva ser pago a favor do
município no qual o serviço foi prestado ou no qual está localizado o tomador.
O assunto é tratado no art. 156, III, da Constituição Federal (BRASIL, 1988a) e regulamentado, em
suas normas básicas, pelo Decreto-lei n. 406/1968, que foi alterado pela Lei Complementar n. 128
(BRASIL, 2008). Assim, o ISS incide sobre os serviços relacionados na legislação básica e com modificações
efetuadas pelas Leis Complementares n. 56/1987 e n. 116/2003. Em seu art. 3º, a Lei Complementar n. 116
destaca que “o imposto é devido no local do estabelecimento ou do domicílio do prestador”, ou seja,
onde está a sede da empresa que prestou os serviços. As exceções são as expressamente mencionadas
nos incisos II a XXII do mesmo artigo (BRASIL, 2003c).
A lista dos serviços anexa ao Decreto-lei n. 406, de 31 de dezembro de 1968, com redação determinada
pelo Decreto-lei n. 834, de 8 de setembro de 1969, acompanha as Leis Complementares n. 56/1987
e n. 116/2003, que mencionam, em seu art. 1º, que o ISSQN, de competência dos municípios e do DF,
tem como fato gerador a prestação de serviços constante na lista anexa, ainda que esses serviços não
sejam constituídos como atividade preponderante do prestador.
Os serviços na lista são genéricos. Assim, para enquadrar a atividade do contribuinte na lista de serviços,
poderá haver dificuldades quando a atividade abranger mais de um serviço. Na hipótese de os
serviços prestados serem diferentes e haver possibilidade de separação, cada um desses serviços será
enquadrado no item correspondente da lista e será tributado pela alíquota individualmente para cada
atividade. Tratando-se de serviços inseparáveis, os serviços predominantes deverão ser enquadrados na
lista de serviços para fins de incidência tributária.
20
CONTABILIDADE TRIBUTÁRIA
Considera-se estabelecimento prestador de serviços o local onde são exercidas, de modo permanente
ou temporário, as atividades de prestação de serviços, sendo irrelevantes para sua caracterização as
denominações de sede, filial, agência sucursal, escritório de representação ou contato, ou quaisquer
outras que venham a ser utilizadas.
Responsável tributário é o responsável pelo pagamento do ISSQN, também conhecido como ISS.
É considerado o prestador ou tomador, dependendo do tipo de serviço executado.
Corresponde à prestação de serviços constante da lista – ou relação – anexa à Lei Complementar n. 116,
mesmo que tais serviços envolvam o fornecimento de mercadorias.
Em se tratando de retenção do ISSQN, o fato gerador que ocasiona a retenção é a emissão da nota
fiscal/documento fiscal diante dos serviços prestados constantes na lista de serviços.
• os trabalhadores avulsos;
A base de cálculo é o preço do serviço. Considera-se preço do serviço a receita bruta a ele
correspondente, sem nenhuma dedução, com exceção dos descontos e abatimentos concedidos
incondicionais, ou seja, independentemente de qualquer condição.
2.7 Alíquotas
O cálculo do imposto é o valor do serviço prestado multiplicado pela alíquota do imposto, conforme
previsto na lei de cada município. Porém, a alíquota máxima permitida é de 5%.
A alíquota do ISS dependerá do município onde a empresa estiver estabelecida, respeitados os limites
constitucionais de no mínimo 2%, conforme fixado na Emenda Constitucional n. 37/2002, em seu art. 3º,
e no máximo 5%, conforme art. 8, II, da Lei Complementar n. 116 (BRASIL, 2003c).
A retenção do ISS está prevista na Lei Complementar n. 116, arts. 3º e 6º, e abrangerá os serviços
diversos especificados nos incisos I a XXII (BRASIL, 2003c). Será realizada nos serviços prestados sempre
que o imposto for devido no local de prestação do serviço. Isso ocorre quando os serviços forem prestados
em local diferente (outro município) do estabelecimento prestador (sede, filial, escritório).
Contudo, para a retenção, o tomador de serviços – que é o contratante dos serviços para serem
executados nas dependências de forma contínua – deve ter relação constante para se caracterizar a
retenção na fonte.
22
CONTABILIDADE TRIBUTÁRIA
Com a vigência de parte tributária da lei do Super Simples, a partir de 1º de julho de 2007, surgiu
uma nova modalidade de retenção do ISS, conforme § 6º do art. 18 da Lei Complementar n. 123,
alterada pela Lei Complementar n. 128, de 2008:
23
Unidade I
O ISS devido pelas microempresas (ME) e empresas de pequeno porte (EPP) optantes pelo Simples
Nacional deve ser recolhido com os demais impostos, por meio do documento único de arrecadação (DAS),
após a aplicação das alíquotas e normas previstas na Lei Complementar n. 123 (BRASIL, 2006a).
Lembrete
Essa contabilização deverá seguir o mesmo procedimento adotado no registro do ICMS sobre vendas.
A escrituração do ISS poderá ser feita individualmente, nota fiscal por nota fiscal, no final do dia,
pela totalização das notas fiscais ou, mensalmente, com base na escrituração do livro próprio.
O tipo de serviço prestado não prevê a retenção pelo tomador. Portanto, quem deverá recolher o
imposto é o prestador do serviço, nesse caso, a PC Consertos.
Débito
Duplicatas a receber/clientes (Ativo) R$ 10.000,00
Crédito
Receita de serviços prestados (Resultado) R$ 10.000,00
Débito
ISS sobre serviços (Resultado) R$ 500,00
Crédito
ISS a pagar (Passivo) R$ 500,00
24
CONTABILIDADE TRIBUTÁRIA
Se a empresa optar pela escrituração resumida, ou seja, quando efetuar os lançamentos em partidas
mensais, o registro contábil poderá ser efetuado com base no livro fiscal destinado à apuração do
referido tributo.
Tabela 4 – DRE
A empresa Clean Up, que tem como objetivo a conservação e limpeza, prestou serviço na Andinos
Place. Elas estão localizadas em municípios diferentes. A Clean Up emitiu uma nota fiscal contra a
Andinos Place pela prestação de serviços no valor de R$ 10.000,00, sendo o ISS devido de 2%, com
vencimento à vista.
O tipo de serviço prestado prevê a retenção pelo tomador; portanto, quem deverá reter e recolher
o imposto é a Andinos Place.
Débito
Despesas com serviços de terceiros (Resultado) R$ 10.000,00
Crédito
Caixa (Ativo) R$ 9.800,00
ISS a recolher (Passivo) R$ 200,00
Contabilização pelo prestador dos serviços pelo reconhecimento da receita e recebimento do valor:
25
Unidade I
Débito
Caixa ou bancos (Ativo) R$ 9.800,00
ISS sobre serviços (Resultado) R$ 200,00
Crédito
Receita de serviços prestados R$ 10.000,00
3 IPI
Encontra-se na Constituição Federal em seu art. 153, IV (BRASIL, 1988a). Esse imposto, instituído
pelas Leis n. 4502/64 e n. 5.172/66 com posteriores alterações, está regulamento pelo Decreto n. 7.212
de 15 de junho de 2010 (BRASIL, 2010c).
O § 1º do art. 150 da Constituição (BRASIL, 1988a) faz uma ressalva a esse princípio, estipulando
que o princípio da anterioridade não se aplica ao IPI. Assim, o legislador pode estabelecer aumento
do IPI no curso do mesmo exercício financeiro. Isso significa que tais aumentos tornam-se exigíveis
com a publicação da respectiva lei ou decreto, ou ato normativo equivalente. Com relação à entrada
em vigência da instituição ou aumento do IPI, deve ser observado o princípio da noventena, no qual a
instituição ou majoração de tributo somente produzirá efeitos após noventa dias da data da publicação
da lei, conforme Emenda Constitucional n. 42 (BRASIL, 2003a).
Não cumulatividade significa que o imposto somente incidirá sobre a parcela do valor agregado no
processo de industrialização.
A taxação varia também de acordo com a política governamental de apoio e subsídios a determinados
setores. Por exemplo, o governo pode reduzir as alíquotas de IPI para a produção de máquinas agrícolas
visando subsidiar a agricultura. Nesse caso, o objetivo é baratear os alimentos para a população ou
isentar o setor de produção de bens de capital para fortalecer determinado setor industrial.
26
CONTABILIDADE TRIBUTÁRIA
Exemplo: no final de 2008, quando houve a grande crise financeira mundial, o Brasil, para estimular
o consumo interno, de forma estratégica baixou as alíquotas de IPI de produtos como veículos e
eletrodomésticos; alguns itens chegaram à alíquota zero. Isso fez com que o mercado se mantivesse
aquecido, e os reflexos da crise mundial na economia brasileira foram mínimos.
3.2 Competência
O IPI é um tributo indireto e é cobrado pela União. A Constituição Federal de 1988 define o IPI
em seu art. 153: “Compete à União instituir impostos sobre: [...] IV – Produtos industrializados [...]”
(BRASIL, 1988a).
3.3 Incidência
Conforme art. 2º do Decreto n. 7.212 (BRASIL, 2010c), o imposto incide sobre produtos industrializados,
nacionais e estrangeiros, obedecidas às especificações constantes da Tabela de Incidência do Imposto
sobre Produtos Industrializados – Tipi (Lei n. 4.502, de 30 de novembro de 1964, art. 1º, e Decreto‑lei n. 34,
de 18 de novembro de 1966, art. 1º).
27
Unidade I
O art. 4º do Decreto n. 7.212 (BRASIL, 2010c) caracteriza como industrialização qualquer operação
que modifique a natureza, o funcionamento, o acabamento, a apresentação ou a finalidade do produto,
ou o aperfeiçoe para consumo, tal como:
Ou seja, se uma empresa industrial adquirir no mercado uma caixa de parafusos contendo 100 mil
peças e dividir em cem pacotes de mil parafusos, esse processo é considerado industrialização
(acondicionamento) para fins de tributação do IPI.
Alguns produtos são imunes ao IPI, são eles: livros, jornais, periódicos e o papel destinado à sua
impressão (BRASIL, 1988a, art. 150, VI, “d”).
Figura 11
29
Unidade I
O IPI também não é cobrado na exportação de produtos industrializados. Nesse caso, a função
protecionista do tributo é nitidamente observada, pois o governo abre mão do recebimento do tributo
para incentivar a atividade da exportação que trará divisas para o país.
O IPI também não incide sobre a produção do ouro, quando esse for definido como ativo financeiro
(investimento em barras de ouro), energia elétrica, derivados de petróleo, combustíveis e minerais do país.
Observação
São duas as hipóteses principais nas quais ocorre o fato gerador do IPI:
O fato gerador não diz respeito apenas quando ocorre venda de produto, mas sim quando há a saída
do produto, seja por venda, por demonstração, ou ainda por empréstimo.
3.5 Contribuintes
O Código Tributário Nacional (CTN), Lei n. 5.172, em seu art. 51, define quem são os contribuintes do IPI:
30
CONTABILIDADE TRIBUTÁRIA
Lembrete
[...]
31
Unidade I
3.7.1 Seletividade
O art. 153, IV, parágrafo 3º, inciso I da Constituição Federal (BRASIL, 1988a) estabelece que o IPI seja
um imposto seletivo, isto é, será cobrado em função da essencialidade do produto, ou seja, quanto mais
supérfluo for o produto, maior será a incidência do imposto.
A Constituição Federal (BRASIL, 1988a), no art. 153, IV, § 3º, estabelece que o IPI seja não cumulativo,
isto é, do imposto devido em cada operação será abatido o valor pago na operação anterior.
32
CONTABILIDADE TRIBUTÁRIA
o valor que servir ou que serviria de base para o cálculo dos tributos
aduaneiros, por ocasião do despacho de importação, acrescido do montante
desses tributos e dos encargos cambiais efetivamente pagos pelo importador
ou dele exigíveis (art. 14, I, “b”);
[...]
[...]
33
Unidade I
Essa questão de não ser possível abater do valor os descontos as diferenças, mesmo que incondicionais,
é uma matéria que tem sido discutida exaustivamente, pois a legislação do IPI está indo contra
a Constituição Federal. Mesmo assim, as empresas que estão praticando a taxação do IPI sobre
os valores considerando os descontos estão sendo autuadas pelo Fisco. Ora o empresariado precisa se
posicionar de forma mais conservadora, ora menos conservadora; no caso de autuação, é preciso procurar
as brechas da lei.
3.9 Alíquotas
São várias e estão presentes na Tipi, que é a principal ferramenta para adequação dos produtos à
classificação fiscal e localização de alíquotas.
A Tipi é uma tabela na qual estão descritos todos os tipos de produtos separados por grupos e
capítulos, representados por um conjunto de oito números. Essa representação numérica (classificação
fiscal) é a Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM) e corresponde também à Nomenclatura Brasileira
de Mercadorias (NBM). É ela que estabelece qual alíquota será devida para cada produto.
34
CONTABILIDADE TRIBUTÁRIA
Saiba mais
Como podemos observar na tabela anterior, a classificação fiscal (NCM) é vital para o estabelecimento
da alíquota do IPI a ser recolhida nas operações.
Quando um produto novo é lançado no mercado, ou mesmo com a criação de uma nova empresa,
não podemos nos preocupar somente com os aspectos de aceitação no mercado, mas com a correta
adequação do produto na classificação fiscal, pois a alíquota de IPI conforme a Tipi pode interferir na
margem de lucro desse produto e torná-lo inviável à comercialização.
Não se pode confundir Tipi com NCM, pois a Tipi é uma tabela na qual constam os códigos NCM
(classificações fiscais dos produtos) com as respectivas alíquotas de IPI para cada produto, separados
por seções, capítulos etc.
Como exemplo prático, podemos citar uma empresa de cristais para decoração. Em determinado
momento, ela resolve lançar um produto novo: “lentes oftalmológicas”. Se analisarmos o capítulo ao
qual pertence esse material, veremos que é o 90. Se a produção for de lentes para óculos, poderemos
utilizar a classificação fiscal 9001.40.00 ou 9001.50.00, as alíquotas correspondentes são 0. Porém, se
35
Unidade I
a pessoa responsável por adequar a classificação fiscal não tiver o cuidado e simplesmente destacar o
produto como “outras lentes” ou “lentes” do capítulo 90, mas na posição 90.02, a alíquota será de 15%.
Com isso, teríamos um acréscimo no valor do produto de 15%, podendo torná-lo não competitivo no
mercado e inviabilizar sua produção.
No caso inverso, se a empresa fabricar lentes para câmeras fotográficas e decidir utilizar a classificação
fiscal de lentes para óculos, estará utilizando classificação errada, incorrendo em uma série de crimes
contra o fisco.
Podemos observar isso nas escolas e cursos, principalmente os de idiomas, que têm o material
destinado ao curso acondicionado em uma única embalagem. Nessa embalagem, estão contidos todos
os recursos audiovisuais necessários ao aprendizado do aluno. Assim, a classificação predominante será
a do livro, que conta com a imunidade tributária. Porém, se cada produto fosse vendido separadamente,
apenas o livro estaria imune e os CDs e demais materiais tributados. Nesse caso, a imunidade do livro foi
estendida a todos os materiais do kit.
Existe também a possibilidade de o produto ser modificado para poder se adequar numa classificação
fiscal em que a alíquota do IPI é menor. Vemos, por exemplo, o caso de perfumes e colônias, a alíquota de
perfume é 3,5 vezes a alíquota da água-de-colônia. Como a diferença é a composição, o perfume extrato
tem a NCM 3303.00.10 com alíquota de 42%, e a água-de-colônia tem a NCM 3303.00.20 de 12%,
muitas empresas optam por reduzir a concentração dos óleos essenciais na fabricação, caracterizando o
produto como água-de-colônia. Assim, a tributação pelo IPI será de 12%.
Portanto, a escolha da classificação fiscal correta pode ser considerada uma ferramenta indispensável
para garantir a lucratividade e o sucesso de um negócio que, se não for tratado com o devido cuidado
na adequação, poderá trazer consequências desastrosas para a organização.
Uma indústria que fabrica e comercializa equipamentos eletrônicos adquire matéria-prima (chapas
de aços e componentes eletrônicos) que será utilizada na fabricação de seus produtos.
A aquisição das chapas de aços tem como valor da mercadoria R$ 20.000,00 com 5% de IPI,
totalizando R$ 21.000,00. Os componentes eletrônicos foram comprados no valor de R$ 30.000,00
36
CONTABILIDADE TRIBUTÁRIA
com 10% de IPI, no total de R$ 33.000,00. Os gastos com a aquisição da matéria-prima totalizaram
R$ 54.000,00.
Após a industrialização, os produtos foram vendidos por R$ 128.000,00, sendo que sobre as vendas
incide IPI à alíquota de 10%; somados ao preço, totalizaram R$ 140.800,00.
No final do período, foi apurado o imposto a ser pago. O imposto devido é a diferença entre os
impostos devidos na saída dos produtos (débito) e entradas (créditos).
Entradas
Valor da mercadoria Alíquota IPI Total da nota fiscal
20.000,00 5% 1.000,00 21.000,00
30.000,00 10% 3.000,00 33.000,00
Saídas
Valor da mercadoria Alíquota IPI Total da nota fiscal
128.000,00 10% 12.800,00 140.800,00
Saldo a recolher (4.000,00 - 12.800,00) (8.800,00)
Uma vez que o valor do imposto incidente na saída foi de R$ 12.800,00 e o imposto creditado foi
R$ 4.000,00, o imposto devido a ser recolhido aos cofres públicos será de R$ 8.800,00.
Nas empresas industriais, o ICMS e o IPI são tributos pagos por ocasião das aquisições de
matérias‑primas, materiais de embalagens e outros materiais utilizados na fabricação ou industrialização
de produtos acabados. Esses insumos, obrigatoriamente, devem ser incorporados ou consumidos no
processo industrial ou, ainda, podem ser identificados nos produtos – por esse motivo, tais impostos
devem ser recuperados pela empresa por ocasião das vendas, desde que tais vendas sejam tributadas
pelo ICMS e pelo IPI.
Por que pagos? Porque a empresa vendedora cobra esses tributos da compradora.
37
Unidade I
• que o ICMS e o IPI estejam destacados em documento fiscal hábil, com o atendimento de todas
as exigências da legislação pertinente;
• que o documento fiscal hábil seja emitido por contribuinte em situação regular perante o fisco,
isto é, esteja inscrito na repartição competente, encontre-se em atividade no local indicado e
possibilite a comprovação dos demais dados cadastrais impressos no documento fiscal;
• que o documento fiscal hábil seja escriturado no respectivo livro de registro de entradas
(modelo 1).
O direito ao crédito do IPI extinguir-se-á no prazo de cinco anos, a partir da data de emissão pelo
fornecedor do documento hábil.
O débito do imposto se dá na saída do produto, por venda ou outra movimentação que seja tributada,
tais como empréstimo de produto de estoque, demonstração, mostruário, entre outros.
O IPI é um imposto que é calculado “por fora”. Diferentemente do ICMS, o IPI é agregado ao valor do
produto e somado no total da nota fiscal. Para melhor compreensão, observe o exemplo a seguir.
A base de cálculo do IPI será sempre a mesma quando nos referimos a tipos de destinatário. Não há
qualquer alteração se vendemos para contribuintes, não contribuinte, dentro do Estado, fora do Estado,
pessoa física etc., somente haverá alguma modificação quando existir algum benefício tributário,
como o caso de vendas para a Itaipu Binacional e alguns órgãos públicos nos quais não há incidência
desses impostos.
Por ser um imposto calculado “por fora”, ele não integrará a base de cálculo PIS e Cofins, mas poderá
integrar a base de cálculo do ICMS, isso dependerá de como a venda do produto será feita, na qual serão
analisados o destinatário e a finalidade da mercadoria.
38
CONTABILIDADE TRIBUTÁRIA
Usaremos a mesma operação citada no cálculo prático apresentado anteriormente (título 3.10.1).
Uma indústria que fabrica e comercializa equipamentos eletrônicos adquire matéria-prima (chapas de
aços e componentes eletrônicos) que será utilizada na fabricação de seus produtos.
A aquisição das chapas de aços tem como valor da mercadoria R$ 20.000,00 com 5% de IPI, totalizando
R$ 21.000,00. Os componentes eletrônicos foram comprados no valor de R$ 30.000,00 com 10% de IPI,
no total de R$ 33.000,00. Os gastos com a aquisição da matéria-prima totalizaram R$ 54.000,00.
Após a industrialização, os produtos foram vendidos por R$ 128.000,00, sendo que sobre as vendas
incide IPI à alíquota de 10%; somados ao preço, totalizaram R$ 140.800,00. Vamos adotar a venda para
consumidor final, no qual o IPI vai compor base do ICMS.
No final do período, foi apurado o imposto a ser pago. O imposto devido é a diferença entre os
impostos devidos na saída dos produtos (débito) e entradas (créditos).
Débito
Estoque/matéria-prima (Ativo) R$ 41.500,00
ICMS a recuperar (Ativo) R$ 8.500,00
IPI a recuperar (Ativo) R$ 4.000,00
Crédito
Fornecedores (Passivo) R$ 54.000,00
39
Unidade I
Débito
Clientes (Ativo) R$ 140.800,00
Crédito
Receitas de mercadorias vendidas (Resultado) R$ 140.800,00
Débito
ICMS sobre vendas (Resultado) R$ 23.936,00
IPI sobre vendas (Resultado) R$ 12.800,00
Crédito
ICMS a pagar (Passivo) R$ 23.936,00
IPI a pagar (Passivo) R$ 12.800,00
Débito
Custo dos produtos vendidos (Resultado) R$ 41.500,00
Crédito
Estoque/matéria-prima (Ativo) R$ 41.500,00
Débito
ICMS a pagar (Passivo) R$ 8.500,00
IPI a pagar (Passivo) R$ 4.000,00
Crédito
ICMS a recuperar (Ativo) R$ 8.500,00
IPI a recuperar (Ativo) R$ 4.000,00
Tabela 15 – DRE
40
CONTABILIDADE TRIBUTÁRIA
As alíquotas variam de 0 a 365%. Em nossos exemplos, resolveu-se adotar, tanto para compra como
para venda, alíquotas variáveis.
Exemplo de aplicação
Veremos, a seguir, um estudo específico de aproveitamento do crédito do IPI lançado nas notas fiscais
emitidas por fornecedores de matérias-primas e produtos intermediários, apresentado por Humberto
Bonavides Borges (2009, p. 161-164), que abrange diversas questões.
Empresa industrial, situada no estado de São Paulo, realiza o processo de industrialização de produtos
comercializados no mercado atacadista.
As vendas de alguns produtos efetuam-se com débitos do IPI. Por outro lado, a comercialização de
outros produtos está abrigada por categoria fiscal que exclui o respectivo débito desse imposto.
Para proceder à industrialização dos referidos produtos, a empresa adquire diversas matérias-primas,
produtos intermediários e insumos no mercado nacional. Na totalidade das notas fiscais emitidas pelos
respectivos fornecedores, há o lançamento do IPI.
Em face do exposto, pretende-se, com este trabalho, obter resposta à seguinte questão:
Quais os procedimentos tributários adequados ao aproveitamento do IPI lançado nas notas fiscais
emitidas pelos fornecedores de matérias-primas, produtos intermediários e insumos?
O aproveitamento do crédito do IPI lançado nas notas fiscais pertinentes às aquisições de matérias‑primas
e produtos intermediários torna-se legítimo mediante o preenchimento das seguintes condições:
Assim, com relação ao disposto no item I, apenas geram direito ao crédito do IPI as matérias-primas,
os produtos intermediários e os insumos que se integrem ao novo produto industrializado e, com relação
aos insumos, os que, embora não se integrando, sejam consumidos no processo de industrialização.
41
Unidade I
Dessa forma, estão terminantemente excluídos do direito ao crédito do IPI aqueles produtos que não
se integram ou, por outro lado, não sejam consumidos no processo de industrialização.
Contudo, quanto aos insumos consumidos no processo de industrialização, são necessárias algumas
considerações. Tais insumos somente geram o direito ao aproveitamento do crédito do IPI mediante o
cumprimento cumulativo das seguintes condições:
a) sejam consumidos em decorrência de um contato físico, isto é, de uma ação diretamente exercida
sobre o produto em fabricação ou por este diretamente sofrida; e
b) não estejam, em face dos princípios contábeis geralmente aceitos, incluídos no ativo permanente.
Esclarece a coordenação do sistema de tributação que a expressão “consumidos” deve ser entendida
em sentido amplo, abrangendo, exemplificativamente, o desgaste, o desbaste, o dano e a perda de
propriedades físicas ou químicas, desde que decorrentes de ação direta do insumo sobre o produto em
fabricação ou deste sobre o insumo.
Conclusão
Para disciplinar o aproveitamento do crédito do IPI lançado nas notas fiscais emitidas pelos
fornecedores de matérias-primas, produtos intermediários e insumos, o profissional responsável pela
área fiscal da empresa deve solicitar ao gerente do departamento de engenharia de produção um claro
e objetivo relatório que contenha as seguintes informações detalhadas:
b) discriminação dos insumos que sejam consumidos em decorrência de um contato físico, isto é, de
uma ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação ou vice-versa.
Após o recebimento do referido relatório, o profissional responsável pela área fiscal deve enviá‑lo
ao gerente do departamento de contabilidade. Esse profissional deve indicar expressamente, em
outro relatório, quais os insumos – consumidos no processo de industrialização, mediante uma ação
diretamente exercida sobre o produto em fabricação ou vice-versa – que não estejam, em face dos
princípios contábeis geralmente aceitos, incluídos no ativo permanente.
De posse dos mencionados relatórios, o responsável pela área fiscal deve proceder ao seguinte trabalho:
42
CONTABILIDADE TRIBUTÁRIA
B. Segregar os insumos em vigor que sejam consumidos em decorrência de uma ação diretamente
exercida sobre o produto em industrialização ou vice-versa e, por outro lado, não estejam, em face aos
princípios contábeis geralmente aceitos, incluídos no ativo não circulante (informações contidas nos
relatórios emitidos pelos departamentos de engenharia da produção e da contabilidade), conforme
destacado a seguir:
B1. insumos consumidos na fabricação de produtos cujas saídas serão realizadas com débito do IPI;
B2. insumos consumidos na industrialização de produtos imunes, beneficiados com alíquota zero do
IPI, ou favorecidos com isenção desse imposto;
B3. insumos consumidos na industrialização de produtos não tributados (NT) pelo IPI, conforme a
Tipi em vigor.
Em seguida, o responsável pela área fiscal deve proceder ao legítimo creditamento do IPI referente
às situações mencionadas nos itens A.1, A.2, B.1 e B.2.
Com relação ao IPI, as saídas para a ZFM são abrangidas pela isenção dos produtos nacionais que
chegam até lá para seu consumo interno, utilização ou industrialização. Esse benefício aplica-se aos
produtos nacionalizados, quando oriundos de países com os quais o Brasil mantenha tratado, acordo
ou convenção internacional, garantindo-se igualdade de tratamento entre o produto nacional e o
importado. Porém, as remessas sairão com a suspensão até que se efetive a entrada na ZFM. A isenção
está no Decreto n. 4.544/02, alterado pelo Decreto n. 7.212 (BRASIL, 2010c), cujos artigos seguem a seguir:
43
Unidade I
As saídas para as ALC, efetuadas por intermédio de entrepostos da ZFM, também terão suspensão
do IPI, nos termos do art. 99 do Regulamento do IPI (Ripi).
44
CONTABILIDADE TRIBUTÁRIA
4 EXERCÍCIOS PRÁTICOS
Questão 1
Sobre o ISS, sendo o prestador do serviço o responsável pelo recolhimento desse tributo.
Primeiro, é preciso identificar se o serviço prestado está sendo na mesma cidade sede da empresa, para
saber se o ISS deverá ser pago por quem está prestando o serviço ou por quem está recebendo o serviço.
Em seguida, é preciso identificar qual a alíquota do ISS a ser pago sobre o serviço prestado, sendo
2% como alíquota mínima e 5% como alíquota máxima.
Por fim, deve-se verificar se a operação relacionada com o serviço é à vista ou a prazo.
Para um melhor entendimento, devemos reler o enunciado da questão com atenção. Após a leitura,
conclui-se o seguinte:
• o serviço foi prestado na mesma cidade-sede da empresa, logo, o responsável pelo pagamento do
ISS é o próprio prestador do serviço;
• sendo o serviço prestado na cidade de São Paulo, a alíquota será a máxima, conforme determina
a legislação (LC n. 116 de 2003), ou seja, de 5%;
• além do ISS, a empresa do prestador do serviço terá que pagar PIS (0,65%) e Cofins (3%).
45
Unidade I
Vamos analisar cada alternativa apresentada na questão para identificarmos a resposta correta.
As alíquotas para o ISS, de acordo com a LC n. 116 de 2003, variam de 2% a 5%, dependendo da
lei do respectivo munícipio, e o prestador do serviço também terá que pagar PIS (0,65%) e
Cofins (3%), portanto, a alternativa A está incorreta.
A alíquota de 5% para o ISS está correta, porém o prestador do serviço terá que pagar a Cofins
de 3% sobre os serviços prestados, além do PIS mencionado. Assim, a alternativa B está incorreta.
As alíquotas para o ISS, de acordo com a LC n. 116 de 2003, variam de 2% a 5%, dependendo da
lei do respectivo munícipio, e o prestador do serviço também terá que pagar PIS (0,65%) e Cofins
(3%), portanto, a alternativa C está incorreta.
A alternativa D está correta, uma vez que apresenta tantos os tributos cobrados sobre uma
prestação de serviços quanto a suas alíquotas, de acordo com a legislação vigente.
Mesmo que na questão não tenham sido solicitados os lançamentos contábeis, entendemos que
convém fazê-los, assim você terá mais essas informações para seus estudos.
Vamos apresentar todos os cálculos dos tributos (ISS, PIS e Cofins) para depois efetuar os lançamentos
contábeis. Para tanto, repetiremos o enunciado.
R$ 38.400,00
x 0,05
R$ 1.920,00 → ISS
46
CONTABILIDADE TRIBUTÁRIA
R$ 38.400,00
x 0,0065
R$ 249,60 → PIS
R$ 38.400,00
x 0,03
R$ 1.152,00 → Cofins
Lançamento contábil sobre o serviço prestado, o qual foi a prazo, conforme consta no enunciado:
Para entendermos melhor o lançamento contábil referente aos serviços prestados, faremos um breve
a seu respeito.
A conta debitada com a nomenclatura de “clientes” trata-se de uma conta patrimonial, ou seja,
uma conta que representa um direito em receber o serviço prestado e, ainda, deve ser registrada no
balanço patrimonial, no grupo do ativo, subgrupo do ativo circulante, por tratar-se de uma operação
de curto prazo (conforme consta no enunciado, o serviço foi prestado no mês de março de 2018, com
vencimento para abril de 2018).
Vale ressaltar que a conta clientes poderá ser substituída por qualquer outra nomenclatura a critério
da empresa e de acordo com o seu plano de contas, desde que represente um direito, exemplificando:
contas a receber, duplicatas a receber, serviços prestados a receber, entre outras.
A conta creditada como serviços prestados indica uma receita, portanto, uma conta de resultado a
qual fará parte da DRE, justamente por evidenciar a atividade empresarial da empresa mencionada no
enunciado da questão, ou seja, o seu objeto social.
Os lançamentos contábeis sobre os tributos (ISS, PIS e Cofins) relacionados ao serviço prestado, os quais
deverão ser pagos no mês subsequente à data do serviço, vão gerar uma obrigação com esses tributos:
As contas debitadas com as nomenclaturas de “ISS”, “PIS” e “Cofins” tratam-se de contas que indicam
deduções de receitas – despesas, portanto, contas de resultados as quais farão parte da DRE.
Em relação às contas creditadas como “ISS a pagar”, “PIS a pagar” e “Cofins a pagar”, estas, por
sua vez, indicam as obrigações tributárias que a empresa assumiu ao prestar os serviços, portanto,
contas patrimoniais que farão parte do balanço patrimonial, no grupo do passivo, subgrupo do passivo
circulante, por tratarem-se de uma dívida de curto prazo, ou seja, se o serviço foi prestado no mês de
março de 2018, os tributos relacionados (ISS, PIS e Cofins) têm vencimento para o mês subsequente ao
fato gerador, assim, vencerão no mês de abril de 2018.
Para avaliar melhor as contabilizações relacionadas com os serviços prestados, deve-se abrir os
razonetes e registrar os lançamentos contábeis. Desse modo, será possível ter uma visão mais ampla
sobre as operações contábeis.
Embora não tenha sido solicitado no enunciado da questão que se elaborasse a DRE, mesmo que de
forma parcial, aqui está ela.
ISS R$ 1.920,00)
PIS sobre serviços (R$ 249,60)
Cofins sobre serviços (R$ 1.152,00)
(=) Receita líquida dos serviços prestados R$ 35.078,40
Questão 2
Sobre o ISS, sendo o tomador do serviço o responsável pelo recolhimento deste tributo:
A empresa J. Luz Ltda. prestou serviços de manutenção predial no Condomínio Coruja Ltda. no mês
de janeiro de 2018, no valor total e à vista de R$ 27.130,00. Vale informar que as duas empresas se
encontram em municípios diferentes e o ISS devido equivale a 4%. Sendo assim, é possível afirmar que:
A) O ISS será totalmente pago pela J. Luz Ltda. no mês de fevereiro de 2018.
C) O ISS deverá ser pago aos cofres públicos pelo Condomínio Coruja Ltda.
48
CONTABILIDADE TRIBUTÁRIA
Depois, deve-se identificar qual a alíquota do ISS a ser pago sobre o serviço prestado, sendo 2%
como alíquota mínima e 5% como alíquota máxima.
Por fim, é preciso verificar se a operação relacionada com o serviço é à vista ou a prazo.
A questão destaca que o serviço foi prestado em cidade diferente da sede da empresa, logo, o
responsável pelo pagamento do ISS é o tomador do serviço.
Apesar de não serem mencionadas as cidades (do prestador e tomador do serviço), é importante
saber que a alíquota máxima, conforme determina a legislação (LC n. 116 de 2003), é de 5%.
Além do ISS, a empresa prestadora do serviço terá que pagar o PIS (0,65%) e a Cofins (3%).
A) O ISS será totalmente pago pela J. Luz Ltda. no mês de fevereiro de 2018.
Sendo de munícipios diferentes, o responsável pelo pagamento do ISS será a empresa que recebeu os
serviços, ou seja, o Condomínio Coruja Ltda., e deverá ser pago no mês subsequente ao serviço realizado,
isto é, em fevereiro, portanto, a alternativa A está incorreta.
Você já notou que essa alternativa também está incorreta, conforme foi respondido na alternativa A,
ou seja, sendo de munícios diferentes, o responsável pelo pagamento do ISS será a empresa que
recebeu os serviços, isto é, o Condomínio Coruja Ltda., portanto, a alternativa b) está incorreta.
C) O ISS deverá ser pago aos cofres públicos pelo Condomínio Coruja Ltda.
Essa é a alternativa correta. Como as empresas são de munícios diferentes, o responsável pelo
pagamento do ISS será a empresa que recebeu os serviços, ou seja, o Condomínio Coruja Ltda., e deverá
ser pago no mês subsequente ao serviço realizado, isto é, em fevereiro.
As alíquotas para o ISS, de acordo com a LC n. 116 de 2003, variam de 2% a 5%, portanto, o seu
limite não é de 3%, e sim de 5%, logo, a alternativa D está incorreta.
49
Unidade I
Mesmo que a questão não tenha solicitado os lançamentos contábeis, entendemos que convém
fazê-los. Serão realizados a seguir tanto os lançamentos contábeis para a empresa que recebeu os
serviços quanto para a empresa que prestou os serviços.
A empresa que recebeu os serviços e responsável pelo pagamento do ISS foi Condomínio Coruja
Ltda. Vamos repetir o enunciado:
A empresa J. Luz Ltda. prestou serviços de manutenção predial no Condomínio Coruja Ltda., no
mês de janeiro de 2018, no valor total e à vista de R$ 27.130,00. Vale informar que as duas empresas
encontram‑se em municípios diferentes, e o ISS devido equivale a 4%. Sendo assim, é possível afirmar que:
R$ 27.130,00
x 0,04
R$ 1.085,20 → ISS
Trata-se de um lançamento contábil múltiplo, em que há uma conta a débito e duas contas a
credito, assim, a soma dos débitos e créditos deve sempre ser a mesma.
A conta debitada como “despesas com serviços de terceiros” já nos indica uma despesa, portanto,
uma conta de resultado a qual fará parte da DRE justamente por evidenciar a redução no resultado que
essa empresa terá por ter necessitado dessa despesa.
A conta creditada com a nomenclatura de “ISS a pagar” trata-se de uma conta patrimonial, ou seja,
uma conta que representa uma “obrigação” a que a empresa tomadora do serviço assumiu em relação
aos cofres públicos municipais e que deve ser registrada no balanço patrimonial do mês de janeiro, no
grupo do passivo (que representam as dívidas de uma empresa), subgrupo do circulante, por tratar-se
de uma operação a curto prazo (conforme consta no enunciado, o serviço foi prestado no mês de
janeiro de 2018, e como todo imposto vence no mês subsequente, será em fevereiro de 2018). Vale
mencionar que também é válido utilizar a nomenclatura de “ISS a recolher” em vez de “ISS a pagar”, pois
são sinônimos, ou seja, ambas representam uma dívida.
Em relação à outra conta creditada como “bancos”, por tratar-se de uma operação à vista, a empresa
está pagando no ato pelos serviços recebidos de manutenção, logo, está reduzindo o seu bem chamado
50
CONTABILIDADE TRIBUTÁRIA
de “dinheiro”, uma conta patrimonial que fica registrada também no balanço patrimonial, porém, no
grupo do ativo (que representam os bens e direitos), subgrupo do circulante. Vale ressaltar que também
poderia ter sido utilizada a conta “caixa”; a escolha não é por acaso, vai depender da situação em que
se encontra o dinheiro da empresa: em “caixa”, ou seja, na própria empresa, ou em uma conta-corrente
bancária, isto é, na conta de “bancos”. No caso do enunciado do exercício, embora não seja informado
onde está o dinheiro, subentende-se que seria muito arriscado, em termos de segurança, ter um valor
considerável no “caixa” da empresa, portanto, utilizaremos a conta de “bancos”.
O pagamento em fevereiro do ISS retido será feito pelo Condomínio Coruja Ltda. no mês de janeiro.
A conta debitada com a nomenclatura de “ISS a pagar” trata-se de uma conta patrimonial, ou seja,
uma conta que representa uma “obrigação” a que a empresa tomadora do serviço assumiu em relação
aos cofres públicos municipais e que estava registrada no balanço patrimonial do mês de janeiro, no
grupo do passivo (que representam as dívidas de uma empresa), subgrupo do circulante, por tratar-se de
uma operação a curto prazo; agora (no mês de fevereiro) está sendo paga, portanto, está sendo debitada.
Em relação à outra conta creditada como “bancos”, seu bem chamado de “dinheiro” está sendo
reduzido, uma conta patrimonial que fica registrada também no balanço patrimonial, porém, no grupo
do ativo (que representa os bens e direitos), subgrupo do circulante. Vale ressaltar que ainda poderia ter
sido utilizada a conta “caixa”; a escolha não é por acaso, vai depender da situação em que se encontra
o dinheiro da empresa: em “caixa”, ou seja, na própria empresa, ou em uma conta-corrente bancária, isto
é, na conta de “bancos”.
Para entender melhor as contabilizações que envolvem a despesa relacionada com os serviços de
terceiros e o ISS correspondente, você deve abrir os razonetes e registrar os lançamentos contábeis.
A seguir, serão apresentados os lançamentos contábeis relacionados com a empresa que prestou o
serviço, bem como os respectivos tributos envolvidos, ou seja, sobre a empresa J. Luz Ltda.
R$ 27.130,00 x 0,04
R$ 1.085,20 → ISS retido pela empresa tomadora do serviço:
51
Unidade I
Em relação à conta debitada como “bancos”, por tratar-se de uma operação à vista, a empresa está
recebendo no ato pelos serviços prestados de manutenção, porém, pelo valor líquido do ISS, uma vez
que a empresa tomadora do serviço tem a obrigação legal de reter esse tributo e recolhê-lo aos cofres
públicos municipais. Assim, o valor recebido pelo serviço prestado está aumentando o seu bem chamado
de “dinheiro”, uma conta patrimonial que fica registrada também no balanço patrimonial, porém, no
grupo do ativo (que representam os bens e direitos), subgrupo do circulante. Vale ressaltar que também
poderia ter sido utilizada a conta “caixa”; a escolha não é por acaso, vai depender da situação em que
se encontra o dinheiro da empresa: em “caixa”, ou seja, na própria empresa, ou em uma conta-corrente
bancária, isto é, na conta de “bancos”. No caso do enunciado do exercício, embora não seja informando
onde está o dinheiro, subentende-se que seria muito arriscado, em termos de segurança, ter um valor
considerável no “caixa” da empresa, portanto, utilizaremos a conta de “bancos”.
A outra conta debitada como “ISS” já nos indica uma despesa, portanto, uma conta de resultado a
qual fará parte da DRE justamente por evidenciar a redução no resultado que essa empresa terá por ter
necessitado dessa despesa.
A conta creditada com a nomenclatura de “serviços prestados” trata-se de uma conta de resultado,
ou seja, uma conta de receita que contribuirá com a formação do resultado, o qual poderá ser um lucro ou
prejuízo, a depender de todas as operações relacionadas com as despesas e/ou outras receitas do mesmo
período. Lembrando que o valor da receita a ser registrado deve ser pelo valor bruto da operação.
Além do ISS devido sobre os serviços prestados, a empresa J. Luz Ltda. terá que pagar o PIS e a
Cofins para depois efetuar os lançamentos contábeis, todos com vencimento no mês subsequente ao
fato gerador.
R$ 27.130,00 x 0,0065
R$ 176,35 → PIS
R$ 27.130,00 x 0,03
R$ 813,90 → Cofins
Observe os lançamentos contábeis sobre os tributos PIS e Cofins relacionados ao serviço prestado,
os quais deverão ser pagos no mês subsequente à data do serviço, gerando, portanto, uma obrigação
com esses tributos:
52
CONTABILIDADE TRIBUTÁRIA
As contas debitadas com as nomenclaturas de “PIS” e “Cofins” tratam-se de contas que nos indicam
deduções de receitas, ou seja, despesas, portanto, contas de resultados as quais farão parte da DRE.
Em relação às contas creditadas como “PIS a pagar” e “Cofins a pagar”, estas, por sua vez, indicam as
obrigações tributárias que a empresa assumiu ao prestar os serviços, portanto, contas patrimoniais que
farão parte do balanço patrimonial, no grupo do passivo, subgrupo do passivo circulante, por tratar-se
de uma dívida de curto prazo. Assim, se o serviço foi prestado no mês de janeiro de 2018, os tributos
relacionados (PIS e Cofins) têm vencimento para o mês subsequente ao fato gerador, ou seja, vencerão
no mês de fevereiro de 2018.
Indica-se abrir os razonetes e registrar os lançamentos contábeis para ter uma visão mais ampla
sobre as operações contábeis.
Embora não tenha sido solicitado no enunciado da questão que se elaborasse a DRE, mesmo que de
forma parcial, aqui está ela.
53
Unidade I
Resumo
54
CONTABILIDADE TRIBUTÁRIA
Por ser um imposto calculado “por fora”, não integra a base do PIS e
da Cofins, porém poderá integrar a base do ICMS, estando condicionado à
destinação que era dada ao produto pelo adquirente.
Exercícios
Questão 1. Imagine que a empresa ABC produza estatuetas de porcelana e venda a unidade por
R$ 15,00. A rede de mercados DEF fez um pedido de 300 unidades de estatuetas para a empresa ABC e,
como fez pagamento antecipado, recebeu 6% de desconto. A despesas de frete, arcadas pelo mercado
DEF, totalizaram R$ 240,00 e foram colocadas como parcela separada na nota fiscal da compra. Nessa
situação, o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) é igual a
A) R$ 4.230,00.
B) R$ 4.740,00.
C) R$ 4.470,00.
D) R$ 894,00.
E) R$ 948,00.
Análise da questão
O valor total da compra das 300 estatuetas, a R$ 15,00 a unidade sem o desconto pelo pagamento
antecipado é R$ 4.500,00 (visto que 300 x 15 = 4.500).
55
Unidade I
O desconto dado em virtude do pagamento antecipado (desconto condicional) foi de 6%. Como 6%
de R$ 4.500,00 resultam em R$ 270,00 (visto que 0,06 x 4.500 = 270), o valor total da compra com o
desconto pelo pagamento antecipado é R$ 4.230,00 (visto que 4.500 – 270 = 4.230).
A tabela a seguir resume a situação em estudo. Usa-se a alíquota de IPI de 20% sobre estatuetas e
outros objetos de ornamentação (NCM 6913.10.00).
Tabela 16
Para saber a alíquota do IPI e o código do produto (NCM), deve-se consultar a Tipi (Tabela de
Incidência do IPI, disponível em: https://bit.ly/3qXJQYD).
Questão 2. Em relação às alíquotas do Imposto Sobre Serviços (ISS), analise as afirmativas a seguir.
I – As alíquotas do ISS são estabelecidas pelo poder central e mudam em função da população de
dado município.
III – As alíquotas do ISS podem variar em virtude do município em que ocorre o fato gerador.
A) I, apenas.
B) II, apenas.
C) III, apenas.
D) II e III, apenas.
E) I, II e III.
56
CONTABILIDADE TRIBUTÁRIA
Análise da questão
O ISS substituiu o antigo ISSQN, sigla de Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza. As alíquotas do
ISS são estabelecidas pelos municípios e variam de 2% a 5%, conforme o enquadramento da empresa
e o tipo de serviço prestado. Essas alíquotas também podem mudar em função do município em que
ocorre o fato gerador.
57
Unidade II
Unidade II
5 O ICMS (IMPOSTO SOBRE CIRCULAÇÃO DE MERCADORIAS E SERVIÇOS)
O ICMS é um imposto calculado “por dentro”. Isso significa que a alíquota incide sobre o valor do
bem ou serviço, integrando o próprio valor. Explicando melhor: se um bem for adquirido por R$ 100,00 e
é tributado a 17% (apesar de haver diversas alíquotas, em nossos cálculos, vamos adotar a alíquota de
17%), o comprador pagará R$ 100,00 pela aquisição do bem e destacará na nota fiscal o valor de R$ 17,00
referente ao ICMS. Porém, o total da aquisição continua sendo R$ 100,00.
Ao analisar minuciosamente o cálculo, descobrimos que a alíquota real é bem maior que os 17%, ou
seja, na realidade, os R$ 17,00 de ICMS cobrados na operação correspondem a 20,48%. Se partirmos do
princípio de que o valor total do bem é R$ 100,00 e o ICMS é R$ 17,00, o valor líquido é de R$ 83,00.
A Constituição Federal de 1988 atribuiu aos Estados e ao Distrito Federal a competência para
regulamentar o ICMS, pelas normas gerais pela Lei Complementar n. 87 (Lei Kandir) e pelos convênios
firmados entre os Estados (BRASIL, 1996c). Essa lei e posteriores atualizações dispõem sobre o imposto
dos Estados e do Distrito Federal sobre operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações
de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação.
O fato de o ICMS ser um tributo de competência estadual implica que cada Estado tenha a sua própria
legislação relativa ao tributo. O problema é que as mercadorias circulam não só dentro dos limites
do próprio Estado, mas também dentro do território nacional, entre diversos Estados. Assim, podem
ocorrer situações em que o Estado de origem tenha legislação ou tratamento diferente dos do
Estado de destino. Esse é um dos principais motivos do alto grau de complexidade na operação desse
tributo. Além disso, há a chamada “guerra fiscal” entre os Estados, que consiste na prática de alíquotas
diferenciadas ou benefícios fiscais concedidos por alguns Estados visando atrair empresas para seu
território com o objetivo de aumentar a arrecadação e estimular o emprego naquela região.
58
CONTABILIDADE TRIBUTÁRIA
Alguns Estados, buscando um melhor controle da arrecadação dos impostos, criaram a substituição
tributária, na qual se atribui a um determinado elo da cadeia a responsabilidade de antecipar os
recolhimentos que ocorreriam nas operações subsequentes.
5.1.2 Incidência
Em seu art. 2º, a Lei Kandir dispõe que o imposto incide sobre:
De acordo com redação dada ao inciso I, § 1º do art. 2º pela Lei Complementar n. 114, com efeitos a
partir de 17 de dezembro de 2002, o imposto incide também:
59
Unidade II
ICMS
O fato gerador do ICMS está contido na Lei Complementar n. 87, art. 12, o que compreende a
circulação de mercadorias ou a prestação de determinados serviços.
O fundamento legal baseia-se em: art. 155, § 2º, da Constituição Federal de 1988, Emenda
Constitucional n. 3/93 e art. 12º da Lei Complementar n. 87/96.
62
CONTABILIDADE TRIBUTÁRIA
5.1.5 Contribuinte
Caracterizam-se como contribuinte todas as pessoas físicas ou jurídicas que, de modo habitual ou
volume que caracteriza intuito comercial, pratiquem operações relativas à circulação de mercadorias,
ou que prestem serviços de transporte interestadual ou intermunicipal e de comunicações ou
telecomunicações, ainda que as operações e as prestações se iniciem no exterior.
Luís Martins de Oliveira et al. (2006) definem o contribuinte ou responsável como parte da obrigação
tributária, assim como de qualquer outra obrigação; de um lado, há o sujeito ativo, de outro lado, o
sujeito passivo. O sujeito ativo da obrigação tributária é o ente público (União, Estado ou Município)
criador do tributo. O CTN prevê duas espécies de sujeito passivo: o contribuinte, que é quem tem a
relação pessoal e direta com a situação que constitua o respectivo fato gerador; e o responsável, que
é quem, sem revestir a condição de contribuinte (isto é, não pratica ato que enseja a ocorrência do
fato gerador), vê a obrigação de pagar o tributo por força do dispositivo legal. Diz também que o
sujeito passivo da obrigação principal é a pessoa obrigada ao pagamento do tributo ou da penalidade
pecuniária (BRASIL, 1966b).
O art. 121 do CTN define que o sujeito passivo da obrigação principal é a pessoa que está obrigada
ao pagamento do tributo ou penalidade pecuniária. Diz ainda:
Segundo a legislação, é também contribuinte a pessoa física ou jurídica que, mesmo sem habitualidade:
A legislação instituiu a figura do substituto tributário, que é aquele obrigado a calcular, cobrar e
recolher o imposto que será devido nas operações seguintes.
63
Unidade II
5.1.6 Competência
Segundo o art. 1º da Lei Kandir, compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir o imposto
sobre operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte
interestadual, intermunicipal e de comunicação, ainda que as operações e as prestações se iniciem no
exterior (BRASIL, 1996b).
Portanto, o ICMS é de competência dos Estados e do Distrito Federal, mesmo que as operações
tenham se iniciado no exterior, como importações.
• não cumulatividade, conforme o art. 155, § 2º, I, ou seja, do imposto devido em cada operação
será abatido o valor pago na operação anterior;
• seletividade, conforme art. 155, § 2º, III, ou seja, quanto mais supérfluo for o produto, maior será
a incidência do imposto.
O ICMS está regido pela não cumulatividade (BRASIL, 1988a, art. 155, § 2º, I,), compensando-se o
que for devido em cada operação à circulação de mercadorias ou prestação de serviços com montantes
cobrados nas operações anteriores por ele, por outro Estado ou pelo Distrito Federal. Consta na Lei
Complementar n. 87, em seu art. 19:
Dessa forma, o contribuinte que adquirir insumos (matéria-prima, material indireto, material de
embalagens etc.) e mercadoria para revender terá incluído em seu valor total o ICMS pago ao fornecedor.
Por ocasião da venda dessa mercadoria, tal contribuinte deverá cobrar de seu cliente o ICMS com base
no valor de venda, incluindo-se no valor total. No final do período, o imposto a ser recolhido deverá ser
calculado pela diferença entre o valor incidente no momento da venda e aquele pago ao fornecedor
na aquisição para determinar o saldo a pagar (saldo devedor), ou saldo a ser estornado nos próximos
períodos (saldo credor).
O controle dos saldos devedores e credores é realizado por meio de livros fiscais (livro de registro
de entradas, livro registro de saídas, livro de apuração do ICMS). Nesses livros, são registrados todos
os documentos hábeis – ou, simplesmente, notas fiscais – emitidos pelos contribuintes em situação
64
CONTABILIDADE TRIBUTÁRIA
regular perante o fisco e que comprovem a entrada e a saída dos produtos ou mercadorias de seu
estabelecimento, como o imposto devido destacado no corpo da nota fiscal.
Para a compensação a que se refere o primeiro item – não cumulatividade – é assegurado o crédito
do imposto anteriormente cobrado em operações que tenham resultado em entrada de mercadoria, real
ou simbólica, no estabelecimento, inclusive a destinada ao seu uso ou consumo ou ao ativo permanente,
ao recebimento de serviços de transporte interestadual e intermunicipal ou de comunicação.
Como já acentuado anteriormente, por ser o ICMS de competência dos Estados e do Distrito Federal,
cada um tem seu próprio regulamento. Contudo, há de se considerar que, de uma forma geral, dão direito
ao crédito do imposto anteriormente cobrado relativo à mercadoria que deu entrada ou à prestação de
serviço recebida, acompanhada do documento fiscal hábil, emitido por contribuinte em situação regular
perante o fisco.
Para que o contribuinte possa se aproveitar de fato do crédito fiscal do ICMS, deve saber que há
algumas hipóteses em que o crédito não poderá ser tomado:
• o documento fiscal não for a 1ª. via ou o Danfe (Documento Auxiliar da Nota Fiscal Eletrônica),
que é uma representação simplificada da NF-e;
Os insumos
Por sua vez, Natanael Martins, advogado e ex-membro do 1º Conselho de Contribuintes, tem o
seguinte entendimento:
Com todas as definições e explicações feitas por diversos juristas, é estabelecido que, para ICMS e
IPI, o insumo está ligado intimamente com a materialidade desses tributos, ligados diretamente aos
materiais utilizados na atividade industrial, como matéria-prima, material intermediário, embalagens,
combustíveis e energia elétrica consumidos no processo industrial ou usados para integrar o produto,
objeto da atividade da industrialização, própria ou de terceiros.
Entretanto, para sanar qualquer dúvida decorrente da aplicabilidade dos conceitos, o legislador
desses tributos e o Poder Judiciário delimitaram o conceito de insumos que possam ensejar o crédito.
E, com maior facilidade de apresentação do estudo, vamos nos basear nas definições do Decreto n. 45.490
(SÃO PAULO, 2000), que aprova o Regulamento do ICMS no Estado de São Paulo – RICMS-SP:
• Insumos: toda mercadoria empregada para integração de produto novo ou para consumo no
respectivo processo dessa industrialização, empregada na produção rural e na prestação de serviço
sujeito ao ICMS.
• Matéria-prima: não temos dificuldades nenhuma em identificar, uma vez que é a base no
processo industrial (exemplos: madeira na indústria de móveis, algodão na fábrica de tecidos, a
borracha na fábrica de pneus).
• Material intermediário ou secundário: esse tipo de material costuma gerar muitas dúvidas,
pois há definições como sendo o material que se consome em contato direto com o produto
que está sendo fabricado, sendo nele incorporado. Por exemplo: na fábrica de móveis, pregos,
parafusos, cera para impermeabilizar o móvel etc. A Decisão Normativa CAT n. 1 (SÃO PAULO, 2001)
relacionou vários outros exemplos de produtos intermediários, como: discos de corte, discos de
lixa, óleos de corte, estopa, oxigênio, acetileno.
• Tratamento de água efluente e afluente: a Decisão Normativa CAT n. 1 (SÃO PAULO, 2001)
admitiu o crédito dos impostos relativo aos produtos químicos usados nos tratamentos.
• Combustíveis: utilizados pela indústria no processo industrial para gerar calor ou força. Exemplo:
os derivados de petróleo, gás natural, lenha, carvão, os quais são usados para acionamento de
máquinas e equipamentos aplicados na produção.
• Veículos próprios: usados para transportar insumos e fazer entregas dos produtos acabados,
bem como empilhadeiras para movimentação dos insumos e produtos.
• Energia elétrica: o crédito do ICMS de energia elétrica é restrito, porém, nos Estados nos quais
a legislação permite, o crédito deverá ser tomado quando a energia for consumida no processo
industrial, saída do produto passível de tributação ou, nos casos de exportação, quando a
manutenção do crédito é permitida.
No caso de uma empresa que realiza operações mistas, deverá ratear a energia elétrica consumida
em cada atividade, a fim de atender o que preceitua a legislação. Uma forma de se obter esse rateio é
a elaboração, por meio de empresas de engenharia autorizadas, de laudo técnico de energia elétrica,
no qual será fixado de forma acertada o percentual utilizado na industrialização que dará direito ao
crédito do imposto.
Observação
Para os créditos nas empresas de comércio e serviços, o conceito segue na mesma linha, entretanto,
como alertado anteriormente, o assunto é complexo e não temos a pretensão de esgotá-los neste
livro‑texto, e sim explicar, de forma abrangente, para que as decisões tomadas sejam amparadas
pela legislação.
67
Unidade II
Nem sempre as aquisições de mercadorias utilizadas em uma empresa dão direito a crédito do
imposto. A seguir, descrevemos o § 1º do art. 20 da Lei Complementar n. 87:
§ 4º Deliberação dos Estados, na forma do art. 28, poderá dispor que não
se aplique, no todo ou em parte, a vedação prevista no parágrafo anterior
(BRASIL, 1996c).
68
CONTABILIDADE TRIBUTÁRIA
Conforme redação dada ao caput do § 5º do art. 20 pela Lei Complementar n. 102, os efeitos
se iniciaram a partir de 12 de julho de 2000: “§ 5º Para efeito do disposto no caput deste artigo,
relativamente aos créditos decorrentes de entrada de mercadorias no estabelecimento destinadas ao
ativo permanente, deverá ser observado” (BRASIL, 2000b).
Acrescido o inciso I ao § 5º do art. 20 pela Lei Complementar n. 102, com efeitos a partir de 12 de
julho de 2000: “I – a apropriação será feita à razão de um quarenta e oito avos por mês, devendo a
primeira fração ser apropriada no mês em que ocorrer a entrada no estabelecimento” (BRASIL, 2000b).
Acrescido o inciso II ao § 5º do art. 20 pela Lei Complementar n. 102, com efeitos a partir de 12 de
julho de 2000:
Redação dada ao inciso III do § 5º do art. 20 pela Lei Complementar n. 120, com efeitos a partir de
30 de dezembro de 2005.
Acrescido o inciso III ao § 5º do art. 20 pela Lei Complementar n. 102, com efeitos de 12 de julho de
2000 a 29 de dezembro de 2005.
Acrescido o inciso IV ao § 5º do art. 20 pela Lei Complementar n. 102, com efeitos a partir de 12 de
julho de 2000: “IV – o quociente de um quarenta e oito avos será proporcionalmente aumentado ou
diminuído, pro rata die, caso o período de apuração seja superior ou inferior a um mês” (BRASIL, 2000b).
Acrescido o inciso V ao § 5º do art. 20 pela Lei Complementar n. 102, com efeitos a partir de 12 de
julho de 2000.
Acrescido o inciso VI ao § 5º do art. 20 pela Lei Complementar n. 102, com efeitos a partir de 12 de
julho de 2000.
Acrescido o inciso VII ao § 5º do art. 20 pela Lei Complementar n. 102, com efeitos a partir de 12 de
julho de 2000.
I – produtos agropecuários;
70
CONTABILIDADE TRIBUTÁRIA
ICMS
ICMS
71
Unidade II
b) imposto de importação;
Redação dada à alínea “e”, V, do art. 13 pela Lei Complementar n. 114, com efeitos a partir de
17 de dezembro de 2002: “e) quaisquer outros impostos, taxas, contribuições e despesas aduaneiras”
(BRASIL, 2002e).
Redação dada ao caput do § 1º do art. 13 pela Lei Complementar n. 114, com efeitos a partir de
17 de dezembro de 2002: “§ 1º Integra a base de cálculo do imposto, inclusive na hipótese do inciso V
do caput deste artigo” (BRASIL, 2002e).
72
CONTABILIDADE TRIBUTÁRIA
II – o valor correspondente a:
b) frete, caso o transporte seja efetuado pelo próprio remetente ou por sua
conta e ordem e seja cobrado em separado.
Observação
73
Unidade II
Integram a base de cálculo do ICMS os descontos concedidos sob qualquer condição, assim
entendidos os que estiverem subordinados a eventos futuros e incertos.
Também integram a base de cálculo do ICMS os valores correspondentes a seguros, juros e demais
importâncias pagas, recebidas ou debitadas ao destinatário, bem como o frete, caso o transporte seja
efetuado pelo próprio remetente ou por sua conta e ordem e seja cobrado em separado.
Nas operações de saídas de mercadorias efetuadas por contribuintes do IPI, o valor desse imposto
não integrará a base de cálculo do ICMS quando a operação – realizada entre contribuintes e relativa a
74
CONTABILIDADE TRIBUTÁRIA
• o destinatário do produto não pode utilizá-lo para seu uso/consumo ou integrá-lo em seu
ativo permanente;
Exemplificando: vamos criar duas situações para o caso de uma empresa que é contribuinte e cuja
atividade é comercialização de móveis e objetos de arte, tendo adquirido mercadorias de uma indústria
contribuinte do ICMS e do IPI de cadeiras. Tomemos a aquisição de dez cadeiras ao preço unitário de
R$ 900,00, sendo que sobre a venda incide IPI de 10% e ICMS de 17%. Vamos descobrir qual o valor do
ICMS para cada situação.
Situação 1
Aquisição das dez cadeiras para comercialização cuja mercadoria irá ser contabilizada no ativo como
estoque de mercadorias para revenda. Nessa situação, teremos os seguintes cálculos:
Situação 2
Aquisição de dez cadeiras para uso na sala de reunião da diretoria, material este que vai compor seu
imobilizado. Nessa situação, teremos o seguinte cálculo:
Analisando ambos os casos, podemos observar que o destino que será dado à mercadoria pelo
comprador é que vai determinar a forma do cálculo do ICMS, se na base de cálculo entrará o valor
correspondente ao IPI ou não.
75
Unidade II
Contudo, quando a mercadoria for adquirida para consumo próprio e fizer parte do ativo imobilizado
do adquirente, o cálculo do ICMS é feito utilizando como base de cálculo o valor total da nota fiscal,
valor da mercadoria + IPI.
Esse procedimento não é porque o Estado é generoso, ele faz parte da Constituição Federal, em seu
art. 155, § 2º, XI:
Esse procedimento ocorre com qualquer produto que tenha incidência dos impostos. O que
vai diferenciar a formação da base de cálculo é a destinação que será dada à mercadoria pelo
contribuinte adquirente.
Para os casos nos quais a aquisição é feita por pessoas físicas, ou não contribuintes, o ICMS sempre
incidirá sobre o valor total da nota fiscal, ou seja, valor da mercadoria + ICMS.
5.1.8.2 Alíquotas
Alíquota é o percentual definido em lei que, aplicada sobre a base de cálculo, determina o valor total
do imposto a ser pago.
A alíquota interna do ICMS é estabelecida em cada Estado pela legislação estadual, ficando sob a
responsabilidade do Senado Federal a fixação das alíquotas interestaduais e de exportação do ICMS.
Essas alíquotas são diferenciadas entre os Estados:
• 18% nas operações internas e importações em São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro e 17% nos
demais estados;
Em relação às operações e prestações que destinem bens e serviços ao consumidor final localizado
em outro Estado, será adotada:
Para fins de ICMS, as regiões são compostas pelas seguintes Unidades da Federação (UF):
Região Norte
RR AP
Região Nordeste
AM PA MA CE RN
PB
PI
PE
AC
AC AL
RO TO SE
RO
BA
MT
DF
GO
Região
Centro-Oeste MG
MS ES
SP RJ
PR Região Sudeste
Região Sul SC
RS
77
Unidade II
A variedade de alíquotas existente é explicada pelo caráter seletivo do ICMS, valendo-se que
quanto menos essencial for o produto em circulação, maior será a carga tributária em virtude de uma
alíquota maior.
Voltamos a frisar que os produtos considerados essenciais – como cesta básica de alimentos, veículos
essenciais e até mesmo produtos do setor de informática – têm alíquotas reduzidas pela essencialidade
do produto ou por meio da implantação de políticas estaduais com o intuito de atrair empresas para o
desenvolvimento da região.
Observação
Esses bens não poderiam ser considerados como produtos ou bens supérfluos.
Em todos os nossos exemplos, resolveu-se adotar, tanto para compra como para venda, a alíquota
de 17%.
O cálculo do imposto é o “cálculo por dentro”. Estabelece o art. 6º, § 1º do RICMS (SÃO PAULO, 2000),
que o montante do ICMS integra a sua própria base de cálculo, inclusive na importação de mercadorias,
bens e serviços do exterior, constituindo o respectivo destaque no documento fiscal mera indicação
para fins de controle.
Partindo-se do valor da mercadoria + margem de lucro, para saber o valor da operação com o ICMS,
o cálculo será:
A divisão por 0,83 aplica-se nos casos em que estejamos calculando o ICMS “por dentro”, considerando
a alíquota de 17%, ou seja, é a divisão por 0,83 (1,00 – 0,17). Caso a alíquota fosse 12%, a divisão seria
por 0,88 (1,0 – 0,12) e assim sucessivamente.
78
CONTABILIDADE TRIBUTÁRIA
Para as empresas contribuintes do ICMS, o custo dos bens adquiridos deverá ser contabilizado
excluído do valor do ICMS destacado em nota fiscal de compras. Dessa forma, o bem estará registrado
em conta do ativo pelo valor de compra líquida de ICMS.
Na venda desses bens, o ICMS destacado na nota fiscal de saída deverá ser contabilizado como ajuste
da receita bruta de vendas diminuído das vendas canceladas, dos descontos e abatimentos concedidos
incondicionalmente e dos impostos incidentes sobre as vendas, sendo ICMS um desses impostos a
ser diminuído.
Débito
Estoque de mercadorias (Ativo) R$ 747,00
ICMS a recuperar (Ativo) R$ 153,00
Crédito
Fornecedores (Passivo) R$ 900,00
Débito
Clientes (Ativo) R$ 1.350,00
Crédito
Receitas de mercadorias vendidas (Resultados) R$ 1.350,00
Débito
ICMS sobre vendas (Resultados) R$ 229,50
Crédito
ICMS a pagar (Passivo) R$ 229,50
79
Unidade II
Débito
Custos de mercadorias vendidas (Resultados) R$ 747,00
Crédito
Estoque de mercadorias (Ativo) R$ 747,00
Débito
ICMS a pagar (Passivo) R$ 153,00
Crédito
ICMS a recuperar (Ativo) R$ 153,00
O ICMS devido sobre a venda (registrado no passivo circulante) e o ICMS a recuperar (em conta do
ativo circulante) devem proceder aos lançamentos de absorção dos saldos em uma conta contra a outra
ao término do período de apuração. Se o valor a recolher for maior que o valor a recuperar, deverá prevalecer
um saldo a recolher contabilizado no passivo circulante (ICMS a recolher); caso contrário, prevalecerá um
saldo a recuperar no ativo circulante (ICMS a recuperar).
Com esse lançamento, o saldo devedor do imposto no livro de apuração será de R$ 76,50. Ao apurar
o resultado do período, transferindo as contas de receitas e custos ao resultado do período, a DRE
apresentaria o seguinte lucro bruto para a operação:
Tabela 22 – DRE
Para as empresas não contribuintes do ICMS, como a maioria das prestadoras de serviços, e para
as indústrias que adquirem insumos ou matérias-primas que serão empregadas exclusivamente em
produtos cuja saída não será tributada – seja por isenção ou por não incidência – o crédito referente ao
imposto deverá ser anulado, contabilizando‑se o valor do ICMS pago na compra como parte integrante
do bem adquirido.
80
CONTABILIDADE TRIBUTÁRIA
Exemplo: empresa prestadora de serviços que adquire materiais de escritório pelo valor de R$ 2.500,00
com pagamento à vista.
Débito
Estoque e material de escrtitório (Ativo) R$ 2.500,00
Crédito
Caixa (Ativo) R$ 2.500,00
Por ser uma empresa exclusivamente prestadora de serviços, ela não é contribuinte do ICMS. Dessa
forma, todo e qualquer bem adquirido por ela, caso esteja destacado o ICMS na nota fiscal de compras,
não poderá ter seu crédito aproveitado, portanto, a empresa deverá considerar esse imposto no custo
do produto adquirido.
81
Unidade II
O que Isso quer dizer? Sempre que forem adquiridos bens para o ativo permanente, o ICMS poderá
ser creditado pelo contribuinte, mas somente 1/48 avos do crédito poderá ser utilizado mensalmente.
Adicionalmente, conforme dispõe o item II do art. 20, § 5º da Lei Complementar n. 102 (BRASIL, 2000b),
o aproveitamento de 1/48 avos mensais só poderá ser feito na proporção das operações de saída ou
prestação de serviços tributados em ICMS.
Veja um exemplo de contabilização de uma aquisição de uma central telefônica para atendimento
ao cliente pelo valor de R$ 30.000,00, com ICMS de 17%.
Débito
Equipamentos (Imobilizado) R$ 24.900,00
ICMS s/imobilizado a recuperar (Ativo) R$ 5.100,00
Crédito
Forncedores (Passivo) R$ 30.000,00
82
CONTABILIDADE TRIBUTÁRIA
Débito
ICMS a pagar (Passivo) R$ 106,25
Crédito
ICMS s/imobilizado a recuperar (Ativo) R$ 106,25
Por outro lado, se em determinado período a empresa contribuinte apresentasse o cenário a seguir
quanto às suas operações de saída, o aproveitamento do crédito de ICMS proveniente da compra de
ativo imobilizado não seria de $ 106,25 no mês, e sim 80% desse valor.
Esse controle deve ser feito por meio do controle de crédito de ICMS do ativo não circulante (Ciap),
que desde 2010 passou a ser escriturado digitalmente.
Ajuste
“III – modelo previsto pela Escrituração Fiscal Digital (EFD), instituído por
meio do Ajuste Sinief 02/09, de 3 de abril de 2009, destinado à apuração do
valor do crédito a ser mensalmente apropriado, nos termos do art. 20,
83
Unidade II
Saiba mais
A substituição tributária foi criada e implementada pelas UFs bem antes da atual Constituição Federal
por meio de convênios e protocolos celebrados entre as fazendas estaduais. Houve bastante discussão
sobre a sua inconstitucionalidade, alegando-se que não havia previsão constitucional para tal forma de
cobrança do imposto. Por conta disso, a atual Constituição Federal incorporou-a, em seu art. 150, § 7º,
legitimando-a pela Lei Complementar n. 87 (BRASIL, 1996c).
A implementação da substituição tributária do ICMS ocorreu porque foi constatado que poucos
fabricantes vendiam seus produtos a uma infinidade de distribuidores e revendedores, e estes, por sua
vez, sonegavam o ICMS. Dessa forma, os fabricantes passaram a ser tributados, pois é mais fácil fiscalizar
grandes empresas do que pessoas físicas.
5.2.1 Conceito
Como conceito, podemos definir que a substituição tributária como um mecanismo de arrecadação
de tributos utilizado pelo fisco atribuindo ao contribuinte a responsabilidade pelo pagamento do
imposto devido pelo seu cliente.
A substituição tributária pode ocorrer sobre mercadorias e serviços de transportes. Sobre mercadorias,
a substituição tributária é feita conforme exposto a seguir:
84
CONTABILIDADE TRIBUTÁRIA
Por sua vez, o ICMS sobre os serviços de transportes é devido no local no qual se inicia a prestação
dos serviços. Por essa razão, as UFs, por meio do Convênio ICMS 25 (BRASIL, 1990), estabeleceram que,
na ocasião da prestação de serviço de transporte de carga por transportador autônomo ou por empresa
transportadora de outro Estado não inscrita no cadastro de contribuintes do Estado no qual se deu o
início da prestação de serviços de transporte, a responsabilidade pelo pagamento do imposto devido,
o ICMS, poderá ser atribuída:
5.2.3 Contribuintes
É aquele que tem o imposto devido relativo às operações e prestações de serviços pagos pelo
contribuinte substituto.
85
Unidade II
5.2.4 Responsável
• da saída subsequente por ele promovida, ainda que isenta ou não tributada;
A sujeição passiva por substituição tributária aplica-se nas operações internas e interestaduais em
relação às operações subsequentes a serem realizadas pelos contribuintes substituídos, ressaltando-se
que, nas operações interestaduais em relação a algumas mercadorias, a sujeição ocorre também na
entrada de mercadorias para uso e consumo ou ativo imobilizado, quando o destinatário for contribuinte
do ICMS. Nesse caso, não incidirá a margem presumida, predefinida pelo governo.
São eles:
• Operações que destinem mercadorias a sujeito passivo por substituição da mesma mercadoria.
Por exemplo, a saída de uma fábrica de material elétrico para outra fábrica de material elétrico.
• Transferências para outro estabelecimento, desde que não seja varejista, do sujeito passivo por
substituição, hipótese em que a responsabilidade pela retenção e recolhimento do imposto recairá
sobre o estabelecimento que promover a saída da mercadoria com destino à empresa diversa.
• Nas saídas para consumidor final, salvo se a operação for interestadual e o destinatário contribuinte
do ICMS, tendo em vista que alguns protocolos/convênios dispõem sobre o regime da substituição
tributária, atribuindo a responsabilidade ao remetente em relação à entrada para uso e consumo
ou ativo imobilizado, ou seja, em relação ao diferencial de alíquotas. No caso de lâmpadas, os
estados da Bahia e do Paraná não exigem a substituição tributária, mesmo se o destinatário for
contribuinte do ICMS.
86
CONTABILIDADE TRIBUTÁRIA
Entre uma infinidade de materiais cuja sujeição nas operações está determinada nos convênios/protocolos
assinados pelos Estados ou por uma maioria, destacam-se cimento, veículos novos, lâmpadas elétricas,
lâminas de barbear, tintas e vernizes, pneumáticos, combustíveis, produtos alimentícios, bebidas
quentes, materiais de construção, ferramentas, bicicletas, cosméticos, produtos de higiene e limpeza,
brinquedos, materiais elétricos e produtos eletrônicos.
87
Unidade II
Com essas novas modalidades de cálculos, tornou-se bastante complexo para o contribuinte o
cenário de recolhimento de impostos. Este, antes de realizar uma operação comercial, deve analisar
se existem acordos firmados para o uso da substituição tributária entre o Estado no qual se localizam
o vendedor e o Estado no qual está estabelecido o comprador. Para se ter uma ideia da complexidade,
hoje, existem em média mais de duzentos protocolos e convênios, e esse número deve aumentar, porque
para os Estados a substituição tributária é a garantia de recebimento dos impostos.
A empresa Mafera Industrial Ltda., fabricante de pneus localizada no estado de São Paulo, vendeu
um lote de pneus para carros de passageiros para a empresa denominada CTOP Ltda., de Pernambuco.
Observação
Os dados aqui apresentados são meramente exemplos de cálculos;
alíquotas, MVA, convênios e demais dados são hipotéticos.
88
CONTABILIDADE TRIBUTÁRIA
Base de cálculo (ST) x ICMS (alíquota interna) – ICMS interestadual = (R$ 40.848,00 x 17 ) – 1.512,00
= 6.944,16 – 1.512,00 = 5.432,16
89
Unidade II
IPI 8.000,00
Seguro 400,00
Frete 1.200,00
A ZFM compreende Manaus, Rio Preto da Eva e Presidente Figueiredo. Por sua vez, as ALC envolvem
Macapá e Santana, no Amapá, Bonfim e Boa Vista, em Roraima, Tabatinga, no Amazonas, Guajará‑Mirim,
em Rondônia, e Brasileia, com extensão ao município de Epitaciolândia, e Cruzeiro do Sul, no Acre. A venda de
mercadorias para empresas localizadas nessas regiões possui alguns benefícios: tributos como ICMS, IPI,
PIS e Cofins terão tratamento especial.
Podemos considerar que, para efeitos fiscais, as mercadorias comercializadas para essas áreas
correspondem a uma exportação de produtos brasileiros para um país estrangeiro, sempre que a
mercadoria for para industrialização ou comercialização, exceto produtos supérfluos.
A ZFM foi instituída em 1967 com o intuito de implantar um polo de desenvolvimento industrial,
comercial e agropecuário, a fim de diminuir as desvantagens decorrentes da distância da região
amazônica. O Decreto-lei n. 288 (BRASIL, 1967) regulamenta a ZFM, que definia tal área como de livre
comércio de importação e exportação, além de fixar incentivos fiscais especiais. O governo federal
prorrogou alguns incentivos e criou outros, e o modelo de desenvolvimento da região é baseado em
incentivos fiscais e extrafiscais que criam condições de alavancar o processo de crescimento dessa área.
Estudaremos esses incentivos a seguir.
5.2.10.1 ICMS
O benefício fiscal de isenção do ICMS para a ZFM foi instituído pelo Convênio 65/88, com alterações
posteriores, inclusive o Convênio ICMS 52 (BRASIL, 1992), que estende às ALC dos estados do Amapá,
Roraima e Rondônia os benefícios do Convênio ICM 65 (BRASIL, 1988b), de 6 de dezembro de 1988.
Toda a mercadoria de origem nacional, com destino à ZFM, cuja aplicação for para o processo
produtivo (industrialização) ou comercialização (revenda), exceto produtos supérfluos, goza de isenção
do ICMS. Contudo, para que esse benefício seja concedido, é mister que o adquirente esteja registrado
na Suframa (Superintendência da ZFM), e o número de inscrição deverá constar no documento fiscal de
saída da mercadoria.
90
CONTABILIDADE TRIBUTÁRIA
Conforme orientação no site da própria Suframa, as notas fiscais devem conter o número de
inscrição na Suframa, a indicação do valor abatido do preço da mercadoria equivalente ao imposto
(ICMS) que seria devido se não houvesse a isenção indicada na nota fiscal. É preciso informar o Convênio
ICM 65 (BRASIL, 1988b), que isenta as remessas de produtos industrializados de origem nacional a
serem comercializadas ou industrializadas na área incentivada. O código do posto fiscal no qual está
subordinado o estabelecimento remetente e o valor referente ao desconto do ICMS deverão constar no
mesmo documento fiscal.
A Suframa tomou algumas ações quanto ao internamento das mercadorias na ZFM. A partir de 2006,
normatizou esse sistema com a transmissão de dados fiscais por meio do Sistema de Controle de Mercadoria
Nacional – Sinal da Suframa, que é um sistema pelo qual o remetente gera um protocolo de ingresso da
mercadoria, o PIN; depois, esse controle passa a ser conduzido pela transportadora e pelo destinatário.
Partindo-se dessa premissa, temos o ICMS, que, por se tratar de um tributo estadual, logo atenderá
às especificidades de cada Estado; o mesmo ocorrerá com os tributos federais estudados, IPI, PIS e
Cofins, cuja responsabilidade é da União.
Saiba mais
Além de operação própria e substituição tributária, o ICMS pode ser apurado e recolhido como
diferencial de alíquota.
91
Unidade II
5.3.1 Conceito
• Não abrange apenas o comércio eletrônico (e-commerce), mas todas as operações interestaduais
destinadas a consumidor final não contribuinte.
Destinatário
Operação contribuinte ou Consumidor final
interestadual não do ICMS
Figura 19
92
CONTABILIDADE TRIBUTÁRIA
Quando a EC n. 87 (BRASIL, 2015b) foi publicada, o ICMS Difal tinha seu valor partilhado entre
os estados de origem e destino, porém a partir de 2019 o valor do ICMS Difal apurado passou a ser
reservado a 100% da UF de destino.
• o contribuinte é considerado a pessoa jurídica com inscrição estadual ativa e que realiza operações
com mercadoria (indústria ou comércio);
• o não contribuinte é considerado a pessoa jurídica sem inscrição estadual, ou seja, que não realiza
operações com mercadoria ou a pessoa física.
O recolhimento do ICMS Difal deve ser efetuado por meio da Guia de Recolhimento de Tributos
Estaduais (GRNE) ou outro documento de arrecadação, de acordo com a legislação da UF de destino por
ocasião da saída do bem ou do início da prestação de serviço em relação a cada operação ou prestação
(BRASIL, 2015b, cláusula quarta).
Exemplo de aplicação
Foi realizada uma venda do estado de São Paulo para o estado do Rio Grande do Sul de mercadoria
nacional no valor de R$ 10.000,00.
O valor de R$ 600,00 será recolhido pelo remetente situado em São Paulo, através da GNRE com
destino ao estado do Rio Grande do Sul.
Observação
Foi realizada uma venda do estado de São Paulo para o estado de Minas Gerais de mercadoria
importada no valor de R$ 10.000,00.
O valor de R$ 1.400,00 será recolhido pelo remetente situado em São Paulo, através da GNRE com
destino ao estado de Minas Gerais.
Foi realizada uma venda do estado de São Paulo para o estado do Rio de Janeiro de mercadoria
nacional no valor de R$ 10.000,00.
94
CONTABILIDADE TRIBUTÁRIA
No estado do RJ, todas as mercadorias que circularem terão um adicional de 2% destinado ao FCP.
O valor de R$ 800,00 será recolhido pelo remetente, situado em São Paulo, através da GNRE com
destino ao estado do Rio de Janeiro, especificando o valor destinado ao diferencial de alíquota e ao
valor do FCP.
6 EXERCÍCIOS PRÁTICOS
De acordo com as informações apresentadas, é correto afirmar que o registro contábil a ser efetuado
para apuração do ICMS é:
95
Unidade II
Primeiro, é preciso identificar a atividade empresarial para poder classificá-la em comercial, industrial
e/ou prestação de serviços, e, assim, verificar quais os tributos poderão ser recuperados quando se tratar
de aquisições de itens por uma empresa, uma vez que nem todo item adquirido, mesmo com imposto
mencionado na nota fiscal, é passível de recuperação. Conforme estudamos, isso depende da utilização
desse mesmo material na empresa, se haverá continuidade dele (revenda e/ou utilização na produção) ou
seu consumo. Em caso de continuidade, poderá haver a recuperação; porém, em caso de consumo, não
é permitida legalmente sua recuperação.
Deve-se verificar quais tributos estão envolvidos na operação: ICMS, IPI, PIS, Cofins e ISS e, em
seguida, saber quais serão recuperáveis.
Então, é preciso observar o tipo de regime de incidência para o PIS e Cofins, ou seja, cumulativo e
não cumulativo, porque haverá diferença no valor da alíquota e também no valor a ser recuperado (ou não)
dos respectivos tributos, ou seja:
• cumulativo: em empresas tributadas pelo lucro presumido, não haverá recuperação de PIS e
Confis (alíquotas 0,65% e 3%, respectivamente);
• não cumulativo: em empresas tributadas pelo lucro real, haverá recuperação de PIS e Confis
(alíquotas 1,65% e 7,6%, respectivamente).
Lembrete
Em seguida, deve-se verificar se a operação foi à vista ou prazo, isto é, se haverá saída de recursos
financeiros de imediato ou se a empresa adquirirá uma dívida. A preocupação aqui está no registro
contábil a ser efetuado, e é vital observar se isso é solicitado em uma questão de concurso.
A questão apresentada destaca uma empresa comercial e menciona apenas o ICMS como imposto.
A empresa possui um saldo de ICMS a recuperar, ou seja, incidente sobre compras, e um saldo de
ICMS a recolher, que, por sua vez, refere-se às vendas de mercadorias. Esse é o cerne da questão, uma
vez que está sendo solicitada a apuração do ICMS.
96
CONTABILIDADE TRIBUTÁRIA
Lembrete
Impostos a recuperar envolvem um direito, logo, haverá saldo devedor
e respectivo registro no grupo do ativo do balanço patrimonial.
É vital observar com muita atenção o enunciado e o que está sendo solicitado, ou seja: apresenta‑se o
saldo de ICMS a recuperar no valor de R$ 15.000,00 e o saldo do ICMS a recolher no valor de R$ 10.000,00.
Em seguida pede-se a apuração do ICMS, o que significa dizer que deverá prevalecer somente uma
situação: ICMS a recuperar ou o ICMS a recolher.
A melhor estratégia é abrir os razonetes com os saldos apresentados e zerar o menor entre eles.
Para apurar o ICMS, deve-se debitar o ICMS a recolher pelo valor de R$ 10.000,00 e creditar ICMS a
recuperar pelo valor de R$ 10.000,00:
Embora somente tenha sido solicitada a apuração do ICMS, pode-se afirmar que, após a apuração, a
empresa terá em seu balanço patrimonial do mês de janeiro de 2016 um valor de ICMS a recuperar de
R$ 5.000,00, que será incluído na apuração do ICMS do mês subsequente, ou seja, de fevereiro de 2016.
97
Unidade II
Como esse lançamento contábil menciona que é preciso debitar a conta de ICMS a recolher no valor
de R$ 15.000,00 e um crédito em ICMS a recuperar pelo mesmo valor, basta destacar novamente os
saldos em razonetes para identificar que essa alternativa está incorreta:
15.000,00 10.000,00
Vamos registrar em razonetes as contas de acordo com a alternativa A e você verá que não fará sentido:
De fato, o lançamento contábil da alternativa A não faz sentido, uma vez que a conta de ICMS
a recuperar foi totalmente zerada, deixando a conta de ICMS a recolher com um saldo a débito no
valor de R$ 5.000,00. Em convenção contábil, é um contrassenso ter uma conta de obrigação com
saldo a débito.
Observação
98
CONTABILIDADE TRIBUTÁRIA
Nessa alternativa, nota-se de imediato o erro a crédito na conta caixa, uma vez que o enunciado
pede a apuração do ICMS, e não o seu pagamento. Assim, a alternativa está totalmente incorreta. Para
entender melhor, observe os razonetes:
Vamos registrar em razonetes as contas de acordo com a alternativa B e você verá que essa alternativa
também não fará o menor sentido:
Caixa
b) 10.000,00
Foi feito o pagamento do valor do ICMS a recolher pelo valor total dessa conta, sem ocorrer o
confronto com o ICMS a recuperar, portanto, não houve a apuração do ICMS. Além disso, a empresa
está pagando desnecessariamente o ICMS, desembolsando um valor que poderia ser utilizado em outra
operação, deixando um saldo na conta de ICMS a recuperar. Veja que o saldo da conta caixa ficou credor,
ou seja, um contrassenso contábil. Afinal, não faz sentido ter R$ 10.000,00 negativos.
Nessa alternativa, assim como na alternativa B, nota-se de imediato o erro a crédito na conta caixa,
uma vez que o enunciado pede a apuração do ICMS, e não o seu pagamento. Assim, a alternativa está
totalmente incorreta. Para entender melhor, observe os razonetes:
99
Unidade II
Vamos registrar em razonetes as contas de acordo com a alternativa C e você verá que essa alternativa
também não fará o menor sentido:
Caixa
5.000,00 c)
Foi feito o pagamento parcial do valor do ICMS a recolher, ou seja, R$ 5.000,00, permanecendo na
conta um saldo a recolher no mesmo valor, sem ocorrer o confronto com o ICMS a recuperar, portanto,
não houve a apuração do ICMS. Além disso, a empresa está pagando desnecessariamente o ICMS,
desembolsando um valor que poderia ser utilizado em outra operação, deixando um saldo na conta de
ICMS a recuperar. Veja que o saldo da conta caixa ficou credor, ou seja, um contrassenso contábil. Afinal,
não faz sentido ter R$ 5.000,00 negativos.
Nesse instante, você deve estar pensando que, por eliminação, a alternativa D está correta. Você tem
razão. Todavia, não se pode assinalar uma alternativa por eliminação, deve-se entender porque ela é a
correta. Desse modo, vamos repetir os razonetes:
Vamos registrar em razonetes as contas de acordo com a alternativa D e você verá que essa
alternativa está correta:
100
CONTABILIDADE TRIBUTÁRIA
Aqui, sim, houve a apuração do ICMS solicitado no enunciado. Ao zerar o menor saldo (no caso,
foi a conta do ICMS a recolher), restou um saldo na conta do ICMS a recuperar de R$ 5.000,00, o que
está totalmente correto, pois vai compor o balanço patrimonial, no grupo do ativo e subgrupo ativo
circulante, por se tratar de uma conta que representa um direito. Assim, o saldo será transferido para o
mês seguinte, fazendo parte da apuração do ICMS também do próximo período.
Uma sociedade empresária que possui um único estabelecimento apresentava, em 31.1.2017, após a
apuração do ICMS, um saldo de ICMS a recuperar de R$ 2.500,00.
Durante o mês de fevereiro, a sociedade empresária efetuou registros que totalizaram R$ 27.000,00
(a crédito de ICMS a recolher pelas vendas de mercadorias) e de R$ 21.600,00 (a débito de ICMS a
recuperar pela compra de mercadorias).
Primeiro, é preciso identificar a atividade empresarial para poder classificá-la em comercial, industrial
e/ou prestação de serviços, e, assim, verificar quais os tributos poderão ser recuperados quando se tratar
de aquisições de itens por uma empresa, uma vez que nem todo item adquirido, mesmo com imposto
mencionado na nota fiscal, é passível de recuperação. Conforme estudamos, isso depende da utilização
desse mesmo material na empresa, se haverá continuidade dele (revenda e ou utilização na produção) ou
seu consumo. Em caso de continuidade, poderá haver a recuperação; porém, em caso de consumo, não
é permitida legalmente sua recuperação.
Deve-se verificar quais tributos estão envolvidos na operação: ICMS, IPI, PIS, Cofins e ISS e, em
seguida, saber quais serão recuperáveis.
Então, é preciso verificar o tipo de regime de incidência para PIS e Cofins, isto é, cumulativo e não
cumulativo, porque haverá diferença no valor da alíquota e também no valor a ser recuperado (ou não)
dos respectivos tributos, ou seja:
101
Unidade II
• cumulativo: em empresas tributadas pelo lucro presumido, não haverá recuperação de PIS e
Confis (alíquotas 0,65% e 3%, respectivamente);
• não cumulativo: em empresas tributadas pelo lucro real, haverá recuperação de PIS e Confis
(alíquotas 1,65% e 7,6%, respectivamente).
Por fim, deve-se verificar se a operação foi à vista ou a prazo, ou seja, se haverá saída de recursos
financeiros de imediato ou se a empresa adquirirá uma dívida. A preocupação aqui está no registro
contábil a ser efetuado, e é vital observar se isso é solicitado em uma questão de concurso.
No enunciado, não é possível identificar que se trata de uma empresa comercial ou industrial,
menciona-se o ICMS com o imposto tanto a recuperar quanto a recolher, mas consta um saldo final no
mês de janeiro de 2017 na conta de ICMS a recuperar no valor de R$ 2.500,00, que significa um saldo
inicial para o mês de fevereiro de 2017, devendo, portanto, fazer parte da apuração do ICMS do mês de
ferreiro de 2017.
A empresa possui um valor de ICMS a recuperar, ou seja, incidentes sobre compras e um saldo
de ICMS a recolher, que, por sua vez, refere-se às vendas de mercadorias. Esse é o cerne da questão,
uma vez que está sendo solicitada a apuração do ICMS, devendo, nesse caso, considerar o saldo do
mês anterior.
Deve-se observar com muita atenção o que está sendo destacado no enunciado e o que está sendo
solicitado, ou seja: apresenta-se o saldo inicial de ICMS a recuperar no valor de R$ 2.500,00, mais um
saldo de ICMS a recuperar referente ao mês em pauta no valor de R$ 21.600,00, isto é, sobre as compras
efetuadas no período, e um saldo do ICMS a recolher no valor de R$ 27.000,00 referente às vendas
ocorridas no próprio mês da apuração. Em seguida, pede-se a apuração do ICMS, o que significa dizer
que deverá prevalecer somente uma situação: ICMS a recuperar ou ICMS a recolher.
Nesse caso, a melhor estratégia é abrir os razonetes com os saldos apresentados e zerar o menor
entre eles. Assim, temos:
SI = saldo inicial
Logo, para apurar o ICMS que está sendo solicitado, teremos que creditar o ICMS a recuperar pelo
valor de R$ 24.100,00 e debitar ICMS a recolher pelo mesmo valor de R$ 24.100,00.
102
CONTABILIDADE TRIBUTÁRIA
Embora somente tenha sido solicitada a apuração do ICMS, pode-se afirmar que após a apuração a
empresa terá em seu balanço patrimonial do mês de fevereiro de 2017 um valor de ICMS a recolher de
R$ 2.900,00, que deverá ser pago aos cofres públicos estaduais no mês subsequente à apuração.
Como esse lançamento contábil menciona que é preciso debitar a conta de ICMS a recuperar no
valor de R$ 21.600,00 e um crédito em ICMS a recolher pelo mesmo valor, basta destacar novamente os
saldos em razonetes para identificar que essa alternativa está incorreta:
Vamos registrar em razonetes as contas de acordo com a alternativa A e você verá que não
fará sentido:
O lançamento contábil da alternativa A não faz nenhum sentido, uma vez que pede para debitar
uma conta já com saldo a débito, a conta do ICMS a recuperar e, ao mesmo tempo, pede para creditar a
conta de ICMS a recolher, que também já possui um valor a crédito, alterando, assim, o valor de ambas
as contas sem nenhum critério de apuração de impostos.
103
Unidade II
A seguir, serão destacados os valores antes e após o registro da maneira proposta pela alternativa B:
Vamos registrar em razonetes as contas de acordo com a alternativa B para saber se essa alternativa
é a correta ou não.
Após transcrever o lançamento contábil proposto pela alternativa B nos respectivos razonetes das
contas do ICMS a recuperar e a recolher, chega-se à situação ora mencionada nas estratégias para
apuração do ICMS (de quaisquer outros impostos a recuperar x a recolher). Zera-se sempre o menor
saldo, nesse caso, o menor saldo está na conta do ICMS a recuperar, ou seja, o valor de R$ 24.100,00
foi transferido para a conta do ICMS a recolher, gerando um saldo a pagar de R$ 2.900,00, que fará
parte do balanço patrimonial, grupo do passivo e subgrupo circulante, evidenciando, assim, uma dívida
com terceiros.
Como já sabemos que a alternativa B é a correta, devemos saber porque as outras estão incorretas?
Vamos repetir os razonetes:
Vamos registrar em razonetes as contas de acordo com a alternativa C e você verá que essa
alternativa também não fará o menor sentido:
104
CONTABILIDADE TRIBUTÁRIA
Nota-se que o lançamento contábil da alternativa C não faz sentido, uma vez que pede para debitar
uma conta já com saldo a débito, a conta do ICMS a recuperar e, ao mesmo tempo, pede para creditar a
conta de ICMS a recolher, que também já possui um valor a crédito, alterando, assim, o valor de ambas
as contas sem nenhum critério de apuração de impostos.
Vamos registrar em razonetes as contas de acordo com a alternativa D e você verá por que essa
alternativa está incorreta:
Ao zerar o maior saldo da conta do ICMS, provocou-se uma inversão de valores, portanto, foi apurado
incorretamente na conta de ICMS a recuperar, que gerou um saldo credor para uma conta de direito,
que, por natureza, precisa ter saldo a débito.
105
Unidade II
Resumo
106
CONTABILIDADE TRIBUTÁRIA
Exercícios
A) R$ 270,00.
B) R$ 329,27.
C) R$ 300,00.
D) R$ 180,00.
E) R$ 1.230,00.
Análise da questão
Para termos o valor líquido de R$ 1.500,00 com ICMS de 18%, devemos fazer a sequência de cálculos
mostrada a seguir.
82%/100 = 0,82
R$ 1.500,00/0,82 = R$ 1.829,27
Podemos ver que 18% de R$ 1.829,27 são R$ 329,27 e que R$ 1.829,27 menos R$ 329,27 resulta
em R$ 1.500,00.
107
Unidade II
Concluímos que, para o caso em estudo, o valor do ICMS que deverá constar na nota fiscal de venda,
por ocasião do faturamento ao cliente, é igual a R$ 329,27.
Questão 2. (Cebraspe 2019, adaptada) Determinado produto, oriundo do estado de São Paulo, foi
comprado, pela internet, por consumidor final residente no estado do Rio Grande do Sul. Com relação ao
ICMS devido nessa negociação, é correto afirmar que, ao estado do Rio Grande do Sul,
A) não caberá ICMS, devendo o estado de São Paulo ficar com o valor integral de alíquota interna.
B) caberá a Difal (Diferença entre a Alíquota Interna) de ICMS do estado do Rio Grande do Sul e a
alíquota interestadual apenas se o destinatário final for contribuinte do ICMS.
D) caberá a Difal (Diferença entre a Alíquota Interna) de ICMS do estado de São Paulo e a alíquota
interestadual.
E) caberá a Difal (Diferença entre a Alíquota Interna) de ICMS do estado do Rio Grande do Sul e a
alíquota interestadual.
Análise da questão
De acordo com a Constituição Federal de 1988, “art. 1º – O inciso VII do § 2º do art. 155 passa a
vigorar com as seguintes alterações”, temos o que segue:
A Emenda Constitucional n. 87/2015, ainda sobre o mesmo assunto, esclarece que a Difal é a diferença
entre a alíquota interestadual e a alíquota interna no Estado de destino.
No caso, São Paulo é o estado remetente e Rio Grande do Sul é o estado destinatário.
A) Alternativa incorreta.
B) Alternativa incorreta.
Justificativa: nas operações para consumidor final, a Difal sempre caberá ao estado destinatário
(Rio Grande do Sul), independentemente de ser contribuinte ou não do ICMS (não apenas quando é
contribuinte).
C) Alternativa incorreta.
Justificativa: nas operações para consumidor final, ao estado destinatário (Rio Grande do Sul) só
caberá a Difal (não a integridade da alíquota interna).
D) Alternativa incorreta.
Justificativa: nas operações para consumidor final, ao estado destinatário (Rio Grande do Sul)
caberão a Difal entre a alíquota interna do ICMS do estado Rio Grande do Sul (e não São Paulo) e a
alíquota interestadual.
E) Alternativa correta.
Justificativa: nas operações para consumidor final, caberão ao estado destinatário (Rio Grande do
Sul) a Difal entre a alíquota interna do ICMS do estado do Rio Grande do Sul e a alíquota interestadual.
109
Unidade III
Unidade III
7 PIS E COFINS
PIS é a sigla para Programa de Integração Social. Cofins significa Contribuição para o Financiamento
da Seguridade Social. Ambas são contribuições sociais com funções fiscais e incidem sobre o
faturamento das empresas, tendo o PIS o objetivo de financiar o pagamento do seguro-desemprego
e do abono (anual do PIS) para os trabalhadores. Quando foi instituído, o PIS tinha a finalidade de
promover a integração social do empregado na vida e no desenvolvimento das empresas para melhorar
a distribuição de renda.
Por sua vez, a Cofins é destinada às despesas com atividades-fim das áreas da saúde, previdência e
assistência social.
7.1 Contribuintes
Os contribuintes do PIS e da Cofins são as pessoas jurídicas de direito privado, inclusive aquelas a
elas equiparadas pela legislação do Imposto de Renda, bem como as sociedades de economia mista e
suas subsidiárias.
7.2 Competência
Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma
direta ou indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos
orçamentos da União, dos Estados e do Distrito Federal, e dos Municípios e
das seguintes contribuições sociais:
b) A receita ou o faturamento.
• o auferimento de receita pelas pessoas jurídicas de direito privado e as que lhes são equiparadas
pela legislação do Imposto de Renda;
• o auferimento de receita pela pessoa jurídica de direito privado, inclusive aquelas a ela equiparadas
pela legislação do Imposto de Renda.
Lembrete
A legislação prevê basicamente duas modalidades de cálculo mensal do PIS e da Cofins incidentes
sobre o faturamento:
• destina-se exclusivamente às pessoas jurídicas tributadas com base no lucro real, sujeitas à
sistemática da não cumulatividade de que tratam as Leis n. 10.637 (BRASIL, 2002d) e 10.833
(BRASIL, 2003b), com as alterações da Lei n. 10.865 (BRASIL, 2004b).
111
Unidade III
— base de cálculo e alíquotas diferenciadas para instituições financeiras, entidades sem fins
lucrativos e pessoas jurídicas de direito público interno;
— alíquotas diferenciadas:
7.3.3 Alíquotas
Quanto à aplicação de alíquotas para PIS e Cofins, primeiro vamos estudar a base de cálculo.
O regime cumulativo é usado nas empresas tributadas pelo lucro presumido ou arbitrado; nesse
caso, não é permitida a recuperação dos impostos.
As empresas tributadas pelo lucro presumido ou com seu lucro arbitrado devem calcular PIS e Cofins
com base nas regras cumulativas, utilizando, respectivamente, as alíquotas de 0,65% e 3% sobre o total
de receitas menos as exclusões permitidas. A base será detalhada a seguir.
Total de receitas
O cálculo de PIS e Cofins tem como base inicial a totalidade das receitas da empresa. Basta considerar
no balancete o grupo receitas e informar seu total.
Contudo, existem algumas receitas não tributadas pela contribuição para o PIS e a Cofins, conforme
exposto a seguir:
• receita com vendas de mercadorias para o exterior, seja o recebimento em moeda conversível
ou não;
• renda de prestação de serviços ao exterior cujo valor recebido represente entrada de divisas;
112
CONTABILIDADE TRIBUTÁRIA
• receita de vendas para empresa comercial exportadora com o fim específico de exportação, e
essa empresa deve comprovar o embarque das mercadorias para o exterior no prazo máximo
de 180 dias;
• receitas com lucros e dividendos derivados de investimentos avaliados pelo custo de aquisição;
• receitas com revenda de produtos com tributação monofásica, como gasolina, óleo diesel,
perfumes, cosméticos, cervejas, refrigerantes e pneus;
Com relação à tributação de PIS e Cofins, a partir de 28 de maio de 2009, as empresas tributadas pelo
regime cumulativo poderão não tributar as receitas decorrentes de atividades alheias ao objeto social da pessoa
jurídica, tais como receitas financeiras, receitas de aluguéis (quando não for o objetivo da empresa).
Assim, o responsável pelo cálculo de PIS e Cofins deve ficar atento, pois o conjunto de receitas
não tributadas é bastante extenso. Um supermercado de médio porte, por exemplo, deve ter um bom
sistema de informações, que facilite o registro e o controle contábil, pois existem diversos produtos para
revenda com tributação monofásica e produtos tributados normalmente. Então, a revenda de suco de
frutas integrará a base das contribuições, enquanto a venda de água mineral não integrará, pois esse
produto foi objeto de tributação monofásica por parte da proprietária da fonte.
Quanto ao IPI, o entendimento é de que este não representa receita efetiva para o industrial, que
cobra o imposto do comerciante ou da pessoa física no momento da venda do produto. O mesmo se
aplica ao ICMS-ST.
Após considerar todas as receitas tributadas pelo PIS e pela Cofins, a empresa poderá deduzir
da base algumas despesas, especialmente aquelas apresentadas como deduções da receita bruta na
demonstração do resultado. São elas:
113
Unidade III
• vendas canceladas;
• devolução de vendas;
A base de cálculo de PIS e Cofins para todas as empresas tributadas pelo lucro presumido ou com
seu lucro arbitrado é obtida por meio da seguinte fórmula:
PIS = 0,65%
Cofins = 3%
Suponha que a Cia. Caiçara seja uma empresa comercial tributada pelo lucro presumido e que
apresentou, em janeiro de 2018, as seguintes contas de resultado:
Observe que 20% das revendas são de produtos com tributação monofásica. As devoluções e os
descontos são de produtos tributados normalmente e já estão liquidados de ICMS.
Tabela 29
Observação
O regime não cumulativo é utilizado nas empresas tributadas pelo lucro real. A empresa tributada
pelo lucro real será obrigada a usar o método não cumulativo, com um cálculo bem mais complexo em
relação às empresas tributadas pelo lucro presumido ou que tenham seu lucro arbitrado.
As empresas obrigadas ao cálculo de PIS e Cofins pelo método não cumulativo pagam as contribuições
com alíquotas de 1,65% e 7,6%, respectivamente, sobre a receita bruta da empresa e 0,65% e 4%,
respectivamente, sobre as receitas financeiras. Contudo, essas empresas podem deduzir os créditos
permitidos expressamente em lei.
O sistema de registro de créditos do PIS, inicialmente, parecia guardar similaridade com o modelo
adotado para o ICMS e IPI. Entretanto, não foi o que aconteceu na regulamentação feita por meio das
leis que instituíram o método não cumulativo para PIS e Cofins.
O legislador citou expressamente os itens que permitem crédito de PIS (e, depois, confirmou isso na
Cofins), definindo claramente, em alguns casos, os itens que não permitem crédito, como os gastos com
mão de obra.
115
Unidade III
A seguir, serão apresentadas as regras de tributação de PIS e Cofins das empresas tributadas pelo
lucro real. Destaca-se que existem empresas que, mesmo no lucro real, devem efetuar o cálculo das
contribuições de outra forma, por exemplo:
• as empresas com previsão de tributação de parte de suas receitas pelo método não cumulativo,
como o setor de telecomunicações;
Princípios constitucionais
A não cumulatividade está prevista na Lei n. 10.637 (BRASIL, 2002d) para o PIS e na Lei n. 10.833
(BRASIL, 2003b) para a Cofins.
Portanto, se a empresa contribuinte do PIS e da Cofins adquirir mercadorias que sofreram a incidência
desses tributos e que, ao serem vendidas, também sofrerão essas incidências, poderá compensar os
valores pagos desses tributos nas operações seguintes no sistema de débito e crédito.
Após considerar todas as receitas tributadas por PIS e Cofins, a empresa poderá deduzir da
base algumas despesas, especificamente aquelas apresentadas como deduções da receita bruta na
demonstração do resultado. São elas:
• vendas canceladas;
• devolução de vendas;
As devoluções de vendas tributadas pelo método cumulativo não podem ser excluídas da base das
contribuições no método não cumulativo; elas vão gerar crédito, no caso, pelas alíquotas antigas, em
12 parcelas iguais e sucessivas (BRASIL, 2004a, art. 4º, § 6º).
116
CONTABILIDADE TRIBUTÁRIA
Além das deduções tradicionais, que ocorrem na maior parte das empresas, existem outros itens que
são excluídos das bases de PIS e Cofins, sendo que a maioria desses itens ocorre em empresas tributadas
pelo lucro real. Algumas são elencadas a seguir:
• Os recursos recebidos a título de repasse, oriundos do orçamento geral da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios, pelas empresas públicas e sociedades de economia mista.
• Receitas com o fornecimento de mercadorias ou serviços para uso ou consumo de bordo em embarcações
e aeronaves em tráfego internacional, quando o pagamento for efetuado em moeda conversível.
• Receitas auferidas pelos estaleiros navais brasileiros nas atividades de construção, conservação,
modernização, conversão e reparo de embarcações pré-registradas ou registradas no Registro
Especial Brasileiro (REB), instituído pela Lei n. 9.432 (BRASIL, 1997), de 8 de janeiro de 1997.
• Receitas com frete de mercadorias transportadas entre o país e o exterior pelas embarcações
registradas no REB.
• A receita auferida pelas instituições privadas de ensino superior, com fins lucrativos ou sem fins
lucrativos, não beneficentes, que aderirem ao Prouni, decorrentes de atividades de ensino superior,
proveniente de cursos de graduação ou cursos sequenciais de formação específica.
• O IPI destacado nas notas fiscais de venda (quando incluso na receita bruta) e o ICMS cobrado
pelo vendedor na condição de substituto tributário.
• As reversões de provisões e as recuperações de créditos baixados como perda que não representem
ingresso de novas receitas.
117
Unidade III
Observação
• A parcela das receitas financeiras decorrentes da variação monetária dos direitos de créditos e das
obrigações do contribuinte, em função das taxas de câmbio, submetida à tributação, segundo o
regime de competência, relativa a períodos compreendidos no ano-calendário de 1999, excedente
ao valor da variação monetária efetivamente realizada, ainda que a operação correspondente já
tenha sido liquidada.
A partir de 26 de julho de 2004, excluem-se da base de cálculo de PIS e Cofins das agências de
publicidade e propaganda as importâncias pagas diretamente ou repassadas por estas a empresas de rádio,
televisão, jornais e revistas, sendo vedado o aproveitamento do crédito em relação às parcelas excluídas
(BRASIL, 2004c, art. 13).
118
CONTABILIDADE TRIBUTÁRIA
Lembrete
A base de cálculo das empresas tributadas pelo lucro real, regra geral, será apurada por meio do
somatório das receitas menos as deduções permitidas pelo legislador. Sobre essa base, são aplicadas
alíquotas de 7,6% para a Cofins e de 1,65% para o PIS/Pasep.
Entretanto, as empresas não precisarão pagar exatamente o valor apurado pela aplicação das alíquotas
mais elevadas criadas para o método não cumulativo. O legislador define nos normativos um conjunto
de itens que essas empresas podem utilizar como crédito para diminuir o valor das contribuições a
pagar. Para fins de simplificação, veja a explicação:
(‑) menos
Cofins = 7,6%
Créditos permitidos em lei (X) (X) = PIS e Cofins a recuperar
PIS = 1,65%
(=)igual
Os créditos representam a essência de um método não cumulativo. No Brasil, o ICMS e o IPI têm essa
característica de que o imposto pago na etapa anterior e destacado no documento fiscal é creditado
pela empresa que compra um produto para revenda ou para transformação em outro produto que
será vendido.
Contudo, o modelo utilizado para o PIS e a Cofins é algo diferente, pois a legislação separou as empresas
em dois tipos, conforme a forma de tributação. Com isso, o crédito de uma empresa compradora de um
determinado bem não representa, necessariamente, o valor pago na empresa que vendeu esse bem.
119
Unidade III
Portanto, os créditos de PIS e Cofins serão obtidos por meio da aplicação das alíquotas de 1,65% e
7,6% sobre valores expressamente determinados em lei, sem considerar a forma de tributação da empresa
vendedora. O crédito será presumido, sendo considerado como liberalidade concedida pelo legislador.
120
CONTABILIDADE TRIBUTÁRIA
Quem contribui para o PIS/Pasep sobre a folha de pagamento são as entidades previstas no art. 13
da Medida Provisória n. 2.158‑35 (BRASIL, 2001b):
II – partidos políticos;
Observação
Essas entidades são isentas da Cofins (BRASIL, 2001b, art. 14, X).
7.4.1 Alíquota
121
Unidade III
Observação
Não integram a base de cálculo os valores relativos a salário-família,
tíquete-alimentação, vale-transporte, aviso-prévio indenizado, férias e
licença-prêmio indenizadas, incentivo pago em decorrência de adesão
a Plano de Demissão Voluntária (PDV), ao FGTS pago diretamente ao
empregado decorrente de rescisão contratual e outras indenizações por
dispensa, desde que dentro dos limites legais (BRASIL, 2002b, art. 51).
Instituições financeiras, apesar de serem obrigadas à tributação pelo lucro real, são excluídas do
recolhimento de PIS e Cofins pela não cumulatividade e têm alíquotas especiais.
7.5.1 Alíquotas
PIS = 0,65%
Cofins = 4% – incidentes sobre as receitas aferidas, a partir de 1º de setembro de 2003, pelos bancos
comerciais, bancos de investimentos, bancos de desenvolvimento, caixas econômicas, sociedades
de crédito, financiamento e investimento, sociedades de crédito imobiliário, sociedades corretoras,
distribuidoras de títulos e valores mobiliários, empresas de arrendamento mercantil e cooperativas de
crédito, empresas de seguros privados e de capitalização, agentes autônomos de seguros privados
122
CONTABILIDADE TRIBUTÁRIA
(corretoras de seguro) e de crédito e entidades de previdência privada, abertas e fechadas, bem como
pessoas jurídicas que tenham por objeto a securitização de créditos imobiliários ou financeiros.
• receita bruta, considerada como o resultado positivo dos ajustes diários ocorridos no mês nas
operações realizadas em mercados futuros;
• receita bruta, considerada como a diferença positiva entre o preço de venda e o preço de compra
da moeda estrangeira nas operações de câmbio;
• as variações monetárias ativas dos direitos de crédito e das obrigações do contribuinte, em função
da taxa de câmbio ou de índices ou coeficientes aplicáveis por disposição legal ou contratual.
Saiba mais
Verifique na legislação todas as exclusões permitidas da base de cálculo.
É vedada a dedução de qualquer despesa administrativa.
BRASIL. Decreto n. 9.718, de 27 de novembro de 1998. Altera a legislação
tributária federal. Brasília, 1998b. Disponível em: https://bit.ly/3qVFVLJ.
Acesso em: 5 fev. 2021.
123
Unidade III
Serão aplicadas alíquotas de 2,20% para o PIS e 10,30% para a Cofins sobre as receitas com venda,
pelo industrial ou importador, de produtos classificados na Tipi (BRASIL, 2017) nas posições 33.03 a
33.07 e nos códigos 3401.11.90, 3401.20.10 e 9603.21.00. São exemplos de produtos incluídos na lista:
• perfumes e águas-de-colônia;
• cremes de beleza;
• xampus;
• cremes de barbear;
• desodorante;
• fio dental.
Contudo, foi concedido regime especial de utilização de crédito presumido da contribuição para
PIS e Cofins às pessoas jurídicas que procedam à industrialização ou à importação dos produtos
classificados na posição 30.03, exceto no código 3003.90.56, nos itens 3002.10.1, 3002.10.2, 3002.10.3,
3002.20.1, 3002.20.2, 3006.30.1 e 3006.30.2 e nos códigos 3001.20.90, 3001.90.10, 3001.90.90,
3002.90.20, 3002.90.92, 3002.90.99, 3005.10.10 e 3006.60.00 e na posição 30.04, exceto no código
3004.90.46, todos da Tipi (BRASIL, 2017), pelas alíquotas utilizadas no regime monofásico. Na prática,
os produtos farmacêuticos listados neste parágrafo não pagam PIS e Cofins.
demais receitas não tributadas no modelo monofásico, aplicando as alíquotas de 0,65% e 3% (se estiverem
no lucro presumido) ou 1,65% e 7,6% (se estiverem no lucro real), para PIS e Cofins, respectivamente.
A Lei n. 10.865 (BRASIL, 2004b) disciplinou que, nas importações de alguns produtos farmacêuticos,
sejam aplicadas alíquotas de 2,10% para o PIS e 9,90% para a Cofins. Nas importações de produtos de
perfumaria, de toucador ou de higiene pessoal, as alíquotas são de 2,2% e 10,30%, respectivamente.
Em relação à dedução de créditos, a Instrução Normativa SRF n. 594 (BRASIL, 2005b) esclarece
o assunto no art. 26, permitindo às empresas com tributação monofásica a dedução de créditos nos
mesmos moldes concedidos para as demais empresas tributadas pelo lucro real e submetidas ao método
não cumulativo.
7.7 Tratamento de PIS e Cofins em operações de venda para empresas da ZFM e ALC
De acordo com o art. 2º da Lei n. 10.996 (BRASIL, 2004d), as vendas destinadas à ZFM e a ALC:
125
Unidade III
§ 5º Nas notas fiscais relativas à venda de que trata o caput deste artigo,
deverá constar a expressão “Venda de mercadoria efetuada com alíquota
zero da contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins”, com a especificação
do dispositivo legal correspondente (Incluído pela Lei n. 12.350, de 20 de
dezembro de 2010).
Podemos observar que somente estão reduzidas a zero as alíquotas de PIS e Cofins quando o
adquirente for tributado pelo sistema cumulativo, não abrangendo as demais empresas, conforme
estipulado na Lei n. 12.350 (BRASIL, 2010e).
Saiba mais
Questão 1 (CFC, 2016b) Em 15.8.2016, uma sociedade empresária comprou mercadorias para revenda,
no valor de R$ 156.000,00, para pagamento em 31.8.2016. No valor de R$ 156.000,00, está incluso o ICMS
calculado à alíquota de 17%.
A empresa adota o regime de incidência cumulativo de PIS e Cofins, com as alíquotas de 0,65% e
3%, respectivamente.
126
CONTABILIDADE TRIBUTÁRIA
Primeiro, é preciso identificar a atividade empresarial para poder classificá-la em comercial, industrial
e/ou prestação de serviços, e, assim, verificar quais os tributos poderão ser recuperados quando se tratar
de aquisições de itens por uma empresa, uma vez que nem todo item adquirido, mesmo com imposto
mencionado na nota fiscal, é passível de recuperação. Conforme estudamos, isso depende da utilização
desse mesmo material na empresa, se haverá continuidade dele (revenda e/ou utilização na produção) ou
seu consumo. Em caso de continuidade, poderá haver a recuperação; porém, em caso de consumo, não
é permitida legalmente sua recuperação.
Deve-se verificar quais tributos estão envolvidos na operação: ICMS, IPI, PIS, Cofins e ISS e, em
seguida, saber quais serão recuperáveis.
Então, é preciso observar o tipo de regime de incidência para PIS e Cofins, isto é, cumulativo e não
cumulativo, porque haverá diferença no valor da alíquota e também no valor a ser recuperado (ou não)
dos respectivos tributos, ou seja:
• cumulativo: em empresas tributadas pelo lucro presumido, não haverá recuperação de PIS e
Confis (alíquotas 0,65% e 3%, respectivamente);
• não cumulativo: em empresas tributadas pelo lucro real, haverá recuperação de PIS e Confis
(alíquotas 1,65% e 7,6%, respectivamente).
Observação
Em seguida, deve-se verificar se a operação foi à vista ou prazo, isto é, se haverá saída de recursos
financeiros de imediato ou se a empresa adquirirá uma dívida. A preocupação aqui está no registro
contábil a ser efetuado.
Na questão apresentada, a empresa adquiriu mercadorias para revenda, portanto, trata-se de uma
empresa com atividade comercial. Logo, poderá recuperar o ICMS, uma vez que a mercadoria será
revendida, ou seja, circulada, portanto, não havendo consumo sobre ela na empresa adquirente.
Destaca-se que nessa questão não consta o valor do IPI, mas, se houvesse, não seria possível sua
recuperação, pois se trata de uma empresa comercial; logo, o IPI seria acrescido ao custo de aquisição.
Por se tratar do regime de incidência cumulativo de PIS e Cofins, não haverá recuperação desses
tributos; como já estão inseridos no preço das mercadorias, farão parte do custo de aquisição
das mercadorias.
Trata-se de uma operação a prazo, uma vez que a aquisição das mercadorias ocorreu em 15.8.2016
com pagamento para 31.8.2016; a empresa acaba de adquirir uma dívida com essa operação, ou seja,
uma obrigação assumida nesse momento.
A questão solicita o lançamento contábil correto dessa operação. Assim, analisaremos cada uma
das alternativas.
Como a mercadoria é para revenda, a empresa compradora terá o direito de recuperar o ICMS, o que
significa dizer que terá um direito com esse imposto. Os direitos são registrados a débito e pertencem
ao ativo, um dos grupos do balanço patrimonial (o outro grupo é o passivo). A alíquota informada no
enunciado do ICMS é de 17%. Então, como base no total da operação, será apurado o valor do ICMS:
Após identificar o ICMS como imposto recuperável e calculá-lo, teremos que apurar o valor líquido
que será registrado a débito da conta de mercadorias para revenda – estoque, que, por se tratar de um
bem, também pertence ao ativo, um dos grupos do balanço patrimonial (o outro grupo é o passivo).
O valor líquido da conta de mercadorias equivale a:
Total da operação
( - ) Imposto recuperável
( = ) Mercadorias para revenda
128
CONTABILIDADE TRIBUTÁRIA
Seguem os cálculos:
Considera-se que a operação foi a prazo, logo, não teremos de imediato a saída de um numerário
e, assim, uma dívida assumida, o que está totalmente contemplado ao registrar a crédito na conta de
fornecedores nacionais o valor total da operação, ou seja, valor que deverá ser pago no vencimento
acordado por ambas as partes – comprador/vendedor.
Após todas essas análises sobre a operação de compras de mercadorias para revenda, chega-se à
conclusão de que a alternativa A está correta, uma vez que contempla todos os valores apurados em
nossa análise.
Como destacado, a alternativa A está correta. Contudo, é importante entender o que está errado nas
outras alternativas para obter um aprendizado eficaz.
Na alternativa B, um dos erros é a falta do ICMS a recuperar, uma vez que, havendo circulação de
mercadorias, haverá sua recuperação. Por esse equívoco, já seria possível descartar a alternativa, mas há
mais erros em relação a PIS e Confins.
Conforme o enunciado, não há recuperação para o regime de incidência cumulativo para PIS e Cofins,
embora sejam informados corretamente os percentuais das alíquotas, 0,65% e 3%, respectivamente.
Portanto, é uma empresa tributada pelo lucro presumido.
Embora tenha ocorrido o registro contábil com o valor líquido a débito da conta de mercadorias
para revenda – estoque, que, por se tratar de um bem que também pertence ao ativo, um dos grupos
do balanço patrimonial (o outro grupo é o passivo), o que está incorreto é o valor da operação (e não
a conta contábil), uma vez que não se considerou o valor do ICMS recuperável e, sim, indevidamente,
foram considerados os tributos recuperáveis para PIS e Cofins.
Mesmo com o valor correto registrado contabilmente a crédito na conta de fornecedores nacionais,
que deverá ser pago no vencimento acordado por ambas as partes – comprador/vendedor, não teremos
de imediato a saída de um numerário e, assim, uma dívida assumida; não é possível ter parte do
lançamento contábil efetuado de forma certa para o registro de uma operação.
129
Unidade III
Na alternativa C, embora constem, e de maneira correta, tanto o registro contábil quanto o valor do
ICMS a recuperar, há também o PIS a recuperar, o que está totalmente indevido, uma vez que se trata
do regime de incidência cumulativo para PIS e Cofins. Assim, não há recuperação, mesmo que não tenha
sido apurada a Cofins no registro contábil, o que de fato não deve ser feito.
Embora tenha ocorrido o registro contábil com o valor líquido a débito da conta de mercadorias
para revenda – estoque, que, por tratar-se de um bem que também pertence ao ativo, um dos grupos
do balanço patrimonial (o outro grupo é o passivo), o que está incorreto é o valor da operação (e não
a conta contábil). Mesmo considerando-se o valor do ICMS como recuperável (o que está correto),
considerou‑se indevidamente o tributo do PIS como recuperável; além disso, apurou-se de forma
indevida o valor da mercadoria para revenda.
Mesmo com o valor correto registrado contabilmente a crédito na conta de fornecedores nacionais,
que deverá ser pago no vencimento acordado por ambas as partes – comprador/vendedor, não teremos
de imediato a saída de um numerário e, assim, uma dívida assumida; não é possível ter parte do
lançamento contábil efetuado de forma certa para o registro de uma operação.
Na alternativa D, embora constem de maneira correta tanto o registro contábil quanto o valor do
ICMS a recuperar, há também o PIS a recuperar e a Cofins a recuperar, o que está totalmente indevido,
uma vez que se trata do regime de incidência cumulativo para PIS e Cofins. Logo, não há recuperação.
130
CONTABILIDADE TRIBUTÁRIA
Embora tenha ocorrido o registro contábil com o valor líquido a débito da conta de mercadorias
para revenda – estoque, que, por se tratar de um bem que também pertence ao ativo, um dos grupos
do balanço patrimonial (o outro grupo é o passivo), o que está incorreto é o valor da operação (e não
a conta contábil). Mesmo considerando-se o valor do ICMS como recuperável (o que está correto),
considerou-se indevidamente o tributo do PIS como recuperável; e, assim, além de ter apresentado
essa conta indevida, apurou-se de forma indevida o valor da mercadoria para revenda.
Mesmo com o valor correto registrado contabilmente a crédito na conta de fornecedores nacionais,
que deverá ser pago no vencimento acordado por ambas as partes – comprador/vendedor, não teremos
de imediato a saída de um numerário e, assim, uma dívida assumida; não é possível ter parte do
lançamento contábil efetuado de forma correta para o registro de uma operação.
Observação
As alternativas B, C e D mencionam a recuperação de PIS e Cofins, ou
seja, totalmente erradas, por se tratar do regime de incidência cumulativo,
isto é, sem recuperação dos respectivos tributos.
8 EXEMPLOS DE CONTABILIZAÇÃO DE OPERAÇÕES COM MERCADORIAS E
SERVIÇOS COM TRIBUTAÇÃO
A seguir, serão acentuados alguns exemplos de operações para que o conteúdo estudado
fique mais claro.
8.1 Compra de mercadorias com incidência de ICMS, PIS e Cofins recuperáveis
Suponhamos uma compra de mercadorias por R$ 100.000, com incidência de ICMS à alíquota de
17% e, considerando as alíquotas do PIS a 1,65% e Cofins a 7,6%, deveremos fazer a contabilização da
seguinte forma:
Tabela 30 – Nota fiscal de compra de mercadorias
R$
1) Valor da compra 100.000
2) ICMS sobre a operação (17%) – incluso no preço 17.000
3) PIS sobre a operação (1,65%) – incluso no preço – base de cálculo 83.000 1.370
4) Cofins sobre a operação (7,6%) – inclusa no preço – base de cálculo 83.000 6.308
Valor líquido de mercadoria = 1 – (2 + 3 + 4) 75.322
131
Unidade III
Logo, esses valores pagos na compra de mercadorias representam um direito da empresa contra o
Estado (ICMS) e a União (PIS/Cofins), devendo ser reconhecidos na escrituração contábil por meio de
contas próprias, que podem ser chamadas de contas-correntes – C/C ICMS (ou ICMS a recuperar),
C/C PIS (ou PIS a recuperar) e C/C Cofins (ou Cofins a recuperar). Todas essas contas são contas de ativo,
pois significam direitos.
Quando da compra das mercadorias, são debitadas pelo valor embutido (incluído) no preço. Quando
do encerramento do período de apuração do imposto, são creditadas para a transferência de seu saldo
para as contas do passivo, ICMS a recolher, PIS a recolher e Cofins a recolher.
Débito
Mercadorias (Ativo) R$ 75.322,00
ICMS a recuperar (Ativo) R$ 17.000,00
PIS a recuperar (Ativo) R$ 1.370,00
Cofins a recuperar (Ativo) R$ 6.308,00
Crédito
Caixa (Ativo) R$ 100.000,00
Débito
Mercadorias (Ativo) R$ 75.322,00
ICMS a recuperar (Ativo) R$ 17.000,00
PIS a recuperar (Ativo) R$ 1.370,00
Cofins a recuperar (Ativo) R$ 6.308,00
Crédito
Fornecedores (Passivo) R$ 100.000,00
Observamos que muitas empresas utilizam uma única conta para substituir as contas a recuperar e
a recolher. Essa conta é denominada conta-corrente (C/C ICMS; C/C Cofins).
132
CONTABILIDADE TRIBUTÁRIA
8.2 Compra de mercadorias com incidência de IPI, ICMS, PIS e Cofins recuperáveis
A diferença do IPI em relação a ICMS, PIS e Cofins é que seu valor não está incluído no preço dos produtos.
Se o comprador dos produtos sobre os quais incidiu o IPI é contribuinte do IPI (empresa industrial ou equiparada
à industrial) e os produtos adquiridos são utilizados em seu processo de industrialização, o IPI incidente
na operação de compra poderá ser recuperado quando da venda dos bens industrializados pela empresa
(princípio da não cumulatividade).
Por exemplo: considerando uma compra de matéria-prima por R$ 100.000, com incidência de ICMS à
alíquota de 17%, do PIS a 1,65% e Cofins a 7,6%, bem como o IPI com alíquota de 30%, a contabilização
será feita da seguinte forma:
R$
1) Valor da compra 100.000
2) IPI sobre compra (30%) – não incluso no preço da matéria‑prima 30.000
3) Valor da Nota Fiscal 130.000
4) ICMS sobre a compra (17%) – incluso no preço da matéria‑prima 17.000
5) PIS sobre a operação (1,65% x R$83.000) – incluso no preço da matéria‑prima 1.370
6) Cofins sobre a operação (7,6% x R$83.000) – inclusa no preço da matéria‑prima 6.308
7) IPI sobre a compra (30%) – recuperável (neste exemplo) 30.000
8) Valor líquido da matéria‑prima = 3 – (4 + 5 + 6 + 7) 75.322
Como o IPI é recuperável nesse exemplo, seu valor não entra na base de cálculo do ICMS (BRASIL,
1988a, art. 155, § 2º, XI), do PIS (BRASIL, 2002b, art. 66, § 3º) e da Cofins (BRASIL, 2004a, art. 8º, § 3º, I).
133
Unidade III
Tabela 36 – Contabilização
Débito
Mercadorias (Ativo) R$ 75.322,00
IPI a recuperar (Ativo) R$ 30.000,00
ICMS a recuperar (Ativo) R$ 17.000,00
PIS a recuperar (Ativo) R$ 1.370,00
Cofins a recuperar (Ativo) R$ 6.308,00
Crédito
Caixa (Ativo) R$ 130.000,00
8.3 Compra de produtos para revenda por empresa comercial – IPI não
recuperável e ICMS, PIS e Cofins recuperáveis
Nesse caso, a empresa compradora não é contribuinte do IPI, pois é uma empresa comercial, ou,
mesmo sendo contribuinte, não utiliza o produto comprado em seu processo de fabricação. O IPI
incidente na operação de compra não será recuperado, portanto, integrará o custo de aquisição.
Por exemplo: a empresa Comercial Ltda. adquire, a prazo, produtos industrializados para revenda por
R$ 250.000, com IPI à alíquota de 20%, ICMS à alíquota de 17%, PIS à alíquota de 1,65% e a Cofins à
alíquota de 7,6%.
Como a empresa compradora não é contribuinte do IPI, este não será recuperável, devendo integrar
o custo de aquisição.
R$
1) Valor da compra 250.000
2) IPI sobre compra (20%) – cobrado destacadamente 50.000
3) Valor da nota fiscal 300.000
4) ICMS sobre compra (17%) – incluso no preço (17% x 250.000) 42.500
5) PIS sobre compra (1,65%) – incluso no preço (1,65% x 257.500) 4.249
6) Cofins sobre compra (7,6%) – inclusa no preço (7,6% x 257.500) 19.570
7) Valor líquido do produto = 3 – (4 + 5 + 6) 233.681
134
CONTABILIDADE TRIBUTÁRIA
Como o IPI não é recuperável, porém o produto é destinado à comercialização, seu valor (do IPI) não
entra na base de cálculo do ICMS (BRASIL, 1988a, art. 155, § 2º, XI). Entretanto, o valor do IPI integra a
base de cálculo do PIS e da Cofins, por interpretação do disposto nos art. 167, II, da Instrução Normativa 1.911,
de 11 de outubro de 2019.
Tabela 39 – Contabilização
Débito
Mercadorias (Ativo) R$ 233.681,00
ICMS a recuperar (Ativo) R$ 42.500,00
PIS a recuperar (Ativo) R$ 4.249,00
Cofins a recuperar (Ativo) R$ 19.570,00
Crédito
Fornecedores (Passivo) R$ 300.000,00
8.4 Compra de bens para uso da empresa quando o IPI não é recuperável e
ICMS, PIS e Cofins são recuperáveis
Por exemplo: uma empresa comercial adquire à vista uma máquina para seu ativo não circulante
imobilizado diretamente da indústria por R$ 50.000, com alíquota de IPI de 20%, de ICMS de 17%, de
PIS de 1,65% e da Cofins de 7,6%. Como se trata de uma aquisição para uso, e não para revenda, o IPI
não será recuperável, devendo integrar o custo de aquisição.
Máquina 50.000
IPI – 20% sobre 50.000 10.000
ICMS (17% sobre 60.000) R$ 10.200 60.000
R$
1) Valor da compra 50.000
2) IPI sobre compra (20%) – cobrado destacadamente 10.000
3) Valor da nota fiscal 60.000
4) ICMS sobre compra (17%) – incluso no preço 10.200
5) PIS sobre compra (1,65%) – incluso no preço (1,65% x 39.800) 657
6) Cofins sobre compra (7,6%) – inclusa no preço (7,6% x 39.800) 3.025
7) Valor líquido da máquina = 3 – (4 + 5 + 6) 46.118
135
Unidade III
Tabela 42 – Contabilização
Débito
Máquinas (Ativo) R$ 46.118,00
ICMS a recuperar (Ativo) R$ 10.000,00
PIS a recuperar (Ativo) R$ 657,00
Cofins a recuperar (Ativo) R$ 3.025,00
Crédito
Caixa (Ativo) R$ 60.000,00
Quanto ao imposto de importação, não existe a possibilidade de sua recuperação pelo importador.
Portanto, o importador deverá acrescer o custo de aquisição das mercadorias importadas.
Quanto aos fretes e seguros que o comprador é obrigado a pagar, seus valores devem integrar o
custo de aquisição das mercadorias compradas.
Para o registro das operações de vendas de mercadorias, são efetuados débitos de uma conta que
representa a disponibilidade (caixa ou bancos) no caso de venda à vista, ou de uma conta representativa
de um direito (clientes ou duplicatas a receber), no caso de venda a prazo. Como contrapartida, tem-se
um crédito em uma conta de receita (vendas ou receita bruta de vendas).
Considerando-se as diversas legislações (federal, estadual), quando uma empresa vende uma
mercadoria ou um produto, no preço desses bens estão embutidos impostos e contribuições sobre o
valor das vendas, tais como ICMS, PIS, Cofins, que deverão ser recolhidos aos cofres públicos.
Observamos que o IPI não integra a receita bruta, apesar de compor o preço final da nota fiscal,
conforme o Decreto n. 3.000 (BRASIL, 1999a, art. 279, § único).
136
CONTABILIDADE TRIBUTÁRIA
A conta tributos sobre vendas foi debitada, pois vai reduzir as vendas brutas. A contrapartida foi
efetuada em contas que representam obrigações da empresa com as fazendas públicas.
Dos 100.000 cobrados, somente R$ 75.322 pertencem à empresa. O restante, R$ 24.678, pertence
aos cofres públicos.
Nessa operação, o valor do IPI é de R$ 10.000, sendo a contabilização feita da seguinte forma:
D – Clientes 110.000
Pelo reconhecimento de vendas com IPI
C – Receita bruta 110.000
137
Unidade III
R$
Vendas brutas 110.000
IPI faturado (10.000)
= Receita bruta de vendas 100.000
ICMS sobre vendas (17.000)
PIS sobre vendas (1.370)
Cofins sobre vendas (6.308)
= Receita líquida de vendas 75.322
Observamos que substituímos na memória de cálculo a conta tributos sobre vendas por outras três
contas: ICMS sobre vendas, PIS sobre vendas e Cofins sobre vendas.
Devoluções de compras
Exemplo:
Compra de 100 unidades de mercadoria Y para revenda pela empresa X por R$ 10.000, à vista,
mais IPI de 10%, com ICMS de 17%, PIS de 1,65% e Cofins de 7,6%. Quando do recebimento das
mercadorias, foram verificados defeitos em 5 unidades e, por esse motivo, a empresa compradora
resolveu devolvê‑las. Assim teremos:
R$
Valor da compra 10.000
IPI sobre compra – cobrado separadamente 1.000
Valor total da nota 11.000
ICMS sobre compra – incluso no preço – base de cálculo 9.300,00 1.700
PIS sobre compra – incluso no preço – base de cálculo 9.300,00 153,45
Cofins sobre compra – inclusa no preço – base de cálculo 9.300,00 706,80
Valor líquido da mercadoria 8.439,75
138
CONTABILIDADE TRIBUTÁRIA
Como o IPI não é recuperável, porém o produto é destinado à comercialização, seu valor não entra
na base de cálculo do ICMS nem na base de cálculo de PIS e Cofins.
Tabela 48 – Contabilização
Débito
Mecadorias (Ativo) R$ 8.439,75
ICMS a recuperar (Ativo) R$ 1.700,00
PIS a recuperar (Ativo) R$ 153,45
Cofins a recuperar (Ativo) R$ 706,80
Crédito
Caixa (Ativo) R$ 11.000,00
Valor da devolução R$
Devolução da compra 500,00
IPI sobre devolução – cobrado destacadamente 50,00
Valor total da nota de devolução 550,00
ICMS sobre devolução (17% sobre 500,00) – incluso no preço 85,00
PIS sobre devolução (1,65%) – incluso no preço (1,65% x 465,00) 7,67
Cofins sobre devolução (7,6%) – inclusa no preço (7,6% x 465,00) 35,34
Valor líquido da mercadoria devolvida 421,99
139
Unidade III
Tabela 51 – Contabilização
Débito
Caixa (Ativo) R$ 550,00
Crédito
Mecadorias (Ativo) R$ 421,99
ICMS a recuperar (Ativo) R$ 85,00
PIS a recuperar (Ativo) R$ 7,67
Cofins a recuperar (Ativo) R$ 35,34
Devoluções de vendas
R$
Valor dos produtos 10.000
IPI sobre venda 10% – cobrado destacadamente 1.000
Valor total da nota de venda 11.000
ICMS sobre venda (17%) – incluso no preço 1.700
PIS sobre venda (1,65%) – incluso no preço (1,65% x 8.300,00) 136,95
Cofins sobre venda (7,6%) – inclusa no preço (7,6% x 8.300,00) 630,80
A) D – caixa R$ 11.000
C – faturamento bruto R$ 11.000
Da devolução
B) D – IPI a recolher R$ 50
D – ICMS a recolher R$ 85
D – PIS a recolher R$ 6,85
D – Cofins a recolher R$ 31,54
C – IPI faturado R$ 50
C – ICMS sobre venda R$ 85
C – PIS sobre venda R$ 6,85
C – Cofins sobre venda R$ 31,54
Note que a base de cálculo do PIS e da Cofins sobre a devolução de vendas será de R$ 415,00
(total da nota de devolução diminuídos o ICMS e IPI, que são recuperáveis na indústria).
Observamos que as devoluções de vendas constarão da DRE como parcela redutora das
vendas brutas.
Nas operações mercantis podem ocorrer situações entre a saída da mercadoria do estabelecimento
vendedor e o ingresso no estabelecimento comprador. O comprador adquire mercadoria de primeira
qualidade e recebe mercadoria de segunda qualidade, por exemplo. Então, para evitar a devolução da
mercadoria, as partes podem negociar um abatimento no preço da mercadoria.
Assim, por exemplo, a empresa Comércio de Equipamentos Ltda. compra 20 computadores para
revenda por R$ 20.000, à vista, com as seguintes alíquotas: ICMS 17%, PIS 1,65% e Cofins 7,6%.
Ao receber a mercadoria, é constatado que dois computadores estão fora das especificações técnicas
acordadas. Para que as 2 unidades não fossem devolvidas, o vendedor concedeu um abatimento no
valor total de R$ 400, que foi prontamente aceito pelo comprador.
141
Unidade III
A – Compra da mercadoria
R$
Valor da compra 20.000
ICMS sobre compra (17%) – incluso no preço 3.400
PIS sobre compra (1,65%) – incluso no preço (1,65% x 16.600,00) 273,90
Cofins sobre devolução (7,6%) – inclusa no preço (7,6% x 1.261,60
16.600,00)
Valor da nota 20.000
Valor líquido da mercadoria 15.064,50
Tabela 56 – Contabilização
Débito
Mecadorias (Ativo) R$ 15.064,50
ICMS a recuperar (Ativo) R$ 3.400,00
PIS a recuperar (Ativo) R$ 273,90
Cofins a recuperar (Ativo) R$ 1.261,60
Crédito
Caixa (Ativo) R$ 20.000,00
Observamos que não houve ajuste sobre o valor dos impostos incidentes na operação, devido a ter
sido um fato posterior à emissão da nota fiscal e que não resultou na devolução de mercadorias.
142
CONTABILIDADE TRIBUTÁRIA
Para o vendedor da mercadoria, o abatimento concedido reduz o resultado e deverá ser registrado
como uma conta de resultado, redutora da receita bruta de vendas, para apuração da receita
líquida de vendas.
Utilizamos o mesmo exemplo do item anterior, e a contabilização será feita sob o ponto de vista
do vendedor.
A – Na venda
A) D – caixa R$ 20.000
C – receita bruta de venda R$ 20.000
Os descontos comerciais são aqueles concedidos na nota fiscal, no momento da operação de compra
(obtidos) ou de venda (concedidos), em função, normalmente, do volume de vendas ou da qualidade
do comprador.
Os descontos comerciais obtidos são descontos obtidos na nota fiscal. A regra geral do
desconto comercial obtido é a sua não contabilização por parte do comprador, ou seja, a mercadoria é
contabilizada pelo seu valor líquido negociado. Entretanto, se a empresa compradora desejar, poderá
utilizar uma conta retificadora de comprar descontos comerciais obtidos. O exemplo está a seguir.
A empresa H Ltda. compra 1.000 unidades de um produto beta da indústria J pelo preço unitário de
tabela de R$ 100, mais 10% de IPI. Como a empresa H Ltda. é um excelente cliente, a indústria J concede
20% de desconto no ato da venda. A operação é à vista, com incidência de ICMS 17%, PIS 1,65% e
Cofins 7,6%.
143
Unidade III
A – Compra de produtos
R$
Valor da compra 100.000
Desconto comercial (20% sobre 100.000) (20.000)
IPI sobre compra (10% 100.000) – cobrado destacado 10.000
Valor total da nota 90.000
ICMS sobre compra (17% sobre 80.000) – incluso no preço 13.600
PIS sobre compra – incluso no preço (1,65% x 76.400,00) 1.260
Cofins sobre compra – inclusa no preço (7,6% x 76.400,00) 5.806,40
Valor líquido da mercadoria 69.333
Observamos que, como o IPI não é recuperável nesse exemplo, mas o produto é destinado à
revenda, o valor do IPI não entra na base de cálculo do ICMS (BRASIL, 1988a, art. 155, § 2º, XI). Porém,
integra a base de cálculo de PIS e Cofins, por interpretação ao disposto nos art. 167, II, da Instrução
Normativa 1.911, de 11 de outubro de 2019.
Débito
Mecadorias (Ativo) R$ 69.333,00
ICMS a recuperar (Ativo) R$ 13.600,00
PIS a recuperar (Ativo) R$ 1.260,00
Cofins a recuperar (Ativo) R$ 5.806,40
Crédito
Caixa (Ativo) R$ 90.000,00
Destaca-se que o desconto comercial não foi contabilizado pelo comprador, sendo essa a forma mais
usual de contabilização.
144
CONTABILIDADE TRIBUTÁRIA
A – Venda da mercadoria
R$
Valor da compra 100.000
Desconto comercial (20% sobre 100.000) (20.000)
IPI sobre compra (10% 100.000) – cobrado destacado 10.000
Valor total da nota 90.000
ICMS sobre compra (17% sobre 80.000) – incluso no preço 13.600
PIS sobre compra – incluso no preço (1,65% x 66.400,00) 1.095,60
Cofins sobre compra – inclusa no preço (7,6% x 66.400,00) 5.046,40
Valor líquido da mercadoria 70.258
• como o IPI não é recuperável nesse exemplo e o produto é destinado à revenda, seu valor entra
na base de cálculo do ICMS (BRASIL, 1988a, art. 155, § 2º, XI), bem como a base de cálculo (no
devedor) de PIS e Cofins;
• o valor de PIS e Cofins para o vendedor é diferente do valor para o comprador, o que ocorre por
causa da Legislação de Regência da Instrução Normativa n. 247 (BRASIL, 2002b, art. 66, § 3º) para
o comprador e art. 24 da mesma lei no caso do vendedor.
A) D – caixa R$ 90.000
D – descontos comerciais concedidos R$ 20.000
C – faturamento bruto R$ 110.000
145
Unidade III
A título de curiosidade, vamos explicar como é feito o cálculo do ICMS sobre as contas de
energia elétrica.
Esse cálculo é muito complexo e normalmente os contribuintes não entendem como é feito, inclusive
existem muitas matérias em discussão sob a inconstitucionalidade do cálculo.
Para facilitar a compreensão, vamos utilizar valores e alíquotas praticadas no estado de São Paulo e
o consumo de uma residência média.
Para a base de cálculo, será considerado o valor efetivo do consumo mais PIS e Cofins. R$ 110,60 +
R$ 1,56 + R$ 7,16 = R$ 119,32.
Esse será o valor utilizado para encontrar a nossa base de cálculo. Agora, vamos para o cálculo
propriamente dito.
Analisando a operação, constata-se que a carga tributária do ICMS não resulta em 25%. É bem
maior que isso, pois se o ponto de partida é R$ 119,32 e um ICMS de R$ 39,77, ao fazer a operação
inversa, chega-se ao percentual de 33,33%.
R$ 39,77/119,32 = 33,33%
146
CONTABILIDADE TRIBUTÁRIA
Exemplo de aplicação
Vamos analisar a operação de uma empresa fabricante que adquire mercadorias, produz e comercializa
os produtos resultantes da operação.
A empresa Industriax Ltda., estabelecida na cidade de Salvador (BA), fabrica máquinas e equipamentos
industriais de controle de qualidade para processos produtivos. Por ser optante do lucro presumido, tem
o regime de cumulatividade para PIS e Cofins e teve as seguintes operações no mês de março de 2010:
b) Na operação de saída, vamos calcular o total da nota fiscal e os impostos, contabilizar a venda e
os impostos, fazer os lançamentos de apuração dos impostos no final do período e levantar a DRE para
apuração do lucro bruto.
Comentários: como a aquisição é de material que será utilizado na fabricação de produtos que serão
comercializados posteriormente, ou seja, matéria-prima, o ICMS incide sobre o valor da mercadoria, não
entrando na base de cálculo do ICMS a parcela correspondente ao IPI.
147
Unidade III
• Efetuar a contabilização:
Comentários: por se tratar de venda para fins de consumo final, o valor do IPI integrará a base de
cálculo do ICMS; então, a alíquota incidirá sobre o total da nota fiscal, e não somente da mercadoria.
As alíquotas de PIS e Cofins, no caso de sistema cumulativo, são de 0,65% e 3%, respectivamente, e
o cálculo é feito sobre o valor da mercadoria, sem considerar o IPI.
Resumo
149
Unidade III
150
CONTABILIDADE TRIBUTÁRIA
Exercícios
Questão 1. (FCC/Sanasa 2019, adaptada) Existem dois regimes de apuração do PIS e da Cofins: o
regime cumulativo e o regime não cumulativo.
Embora os dois regimes sejam considerados contribuições sobre faturamento, há diferenças entre
eles. Em relação aos dois regimes, considere as afirmativas a seguir.
I – No regime não cumulativo, aplicam-se as alíquotas de 1,65% para PIS e de 7,6% para Cofins.
III – Para as empresas optantes pelo lucro presumido, sujeitas ao regime cumulativo, as alíquotas do
PIS e da Cofins são 0,65% e 3%, respectivamente.
A) II.
B) I e II.
C) I e III.
D) III.
E) II e III.
Análise da questão
São regimes tributários do PIS e da Cofins, o regime cumulativo e o regime não cumulativo.
As empresas optantes pelo lucro presumido devem recolher o PIS e a Cofins pelo regime cumulativo.
As empresas optantes pelo lucro real devem recolher as contribuições pelo regime não cumulativo. Quanto às
diferenças existentes entre eles, destacam-se as alíquotas e o aproveitamento de créditos. Para o regime
cumulativo, as alíquotas são 0,65% para o PIS e 3% para a Cofins. Já para o regime não cumulativo, as
alíquotas são 1,65% para o PIS e 7,6% para a Cofins. O aproveitamento de créditos é específico para
o regime não cumulativo: logo, as empresas sujeitas ao regime cumulativo não podem se utilizar do
aproveitamento do crédito.
151
Unidade III
Questão 2. A Indústria Iluminada S.A. é uma empresa que fabrica lâmpadas e está sujeita à apuração
do PIS e da Cofins pelo regime não cumulativo. A principal característica do regime não cumulativo é o
direito ao crédito nas operações anteriores que pode ser deduzido das contribuições a pagar. Ao final do
mês, para o cálculo dessas contribuições, a empresa apurou as informações a seguir.
Tabela 62
Com base nas informações apresentadas, o valor da Cofins a ser pago pela empresa deve ser de
A) R$ 4.750,00
B) R$ 5.054,00
C) R$ 5.966,00
D) R$ 1.964,00
E) R$ 7.410,00
Análise da questão
De acordo com a Lei n. 10.833 de 29.12.2003 e atualizações posteriores, o IPI e as vendas canceladas
não integram a base de cálculo da Cofins (portanto, deve haver dedução).
No tratamento dos créditos admitidos, o art. 3º da mesma lei permite que, do valor apurado, a
pessoa jurídica poderá descontar, entre outros, os créditos calculados em relação a:
152
CONTABILIDADE TRIBUTÁRIA
As despesas administrativas não admitem créditos, assim como o aluguel pago à pessoa física.
Créditos:
153
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