Você está na página 1de 123

ECONOMIA

ECONOMIA

SUMÁRIO 1
ECONOMIA

GRUPO A Faculdade Multivix está presente de norte a sul

MULTIVIX
do Estado do Espírito Santo, com unidades em
Cachoeiro de Itapemirim, Cariacica, Castelo, Nova
Venécia, São Mateus, Serra, Vila Velha e Vitória.
Desde 1999 atua no mercado capixaba,
destacando-se pela oferta de cursos de
graduação, técnico, pós-graduação e
extensão, com qualidade nas quatro áreas
do conhecimento: Agrárias, Exatas,
Humanas e Saúde, sempre primando pela
qualidade de seu ensino e pela formação
de profissionais com consciência cidadã
para o mercado de trabalho.

Atualmente, a Multivix está entre o seleto


grupo de Instituições de Ensino Superior que
possuem conceito de excelência junto ao
Ministério da Educação (MEC). Das 2109 institu-
ições avaliadas no Brasil, apenas 15% conquis-
taram notas 4 e 5, que são consideradas
conceitos de excelência em ensino.

R EE II T O R
R
Estes resultados acadêmicos colocam
todas as unidades da Multivix entre as
melhores do Estado do Espírito Santo e
entre as 50 melhores do país.

MISSÃO

Formar profissionais com consciência


cidadã para o mercado de trabalho, com elevado
padrão de qualidade, sempre mantendo a credibil-
idade, segurança e modernidade, visando à satis-
fação dos clientes e colaboradores.

VISÃO

Ser uma Instituição de Ensino Superior reconheci-


da nacionalmente como referência em qualidade
educacional.

02 SUMÁRIO
ECONOMIA

APRESENTAÇÃO Aluno (a) Multivix,

DA DIREÇÃO Estamos muito felizes por você agora fazer parte do

EXECUTIVA
maior grupo educacional de Ensino Superior do
Espírito Santo e principalmente por ter escolhido a
Multivix para fazer parte da sua trajetória profissional.

A Faculdade Multivix possui unidades em Cachoeiro


de Itapemirim, Cariacica, Castelo, Nova Venécia, São
Mateus, Serra, Vila Velha e Vitória. Desde 1999, no
mercado capixaba, destaca-se pela oferta de cursos
de graduação, pós-graduação e extensão de
qualidade nas quatro áreas do conhecimento:
Agrárias, Exatas, Humanas e Saúde, tanto na
modalidade presencial quanto a distância.

Além da qualidade de ensino já comprovada


REITOR
pelo MEC, que coloca todas as unidades do
Grupo Multivix como parte do seleto grupo das
- Instituições de Ensino Superior de excelência
no Brasil, contando com sete unidades do
Grupo entre as 100 melhores do País, a Multivix
preocupa-se bastante com o contexto da
realidade local e com o desenvolvimento do
país. E para isso, procura fazer a sua parte,
investindo em projetos sociais, ambientais e na
promoção de oportunidades para os que
sonham em fazer uma faculdade de qualidade
Prof. Tadeu Antônio de Oliveira Penina mas que precisam superar alguns obstáculos.
Diretor Executivo do Grupo Multivix
Buscamos a cada dia cumprir nossa missão que é:
“Formar profissionais com consciência cidadã para
o mercado de trabalho, com elevado padrão de
qualidade, sempre mantendo a credibilidade, segu-
rança e modernidade, visando à satisfação dos
clientes e colaboradores.”

Entendemos que a educação de qualidade sempre


foi a melhor resposta para um país crescer. Para a
Multivix, educar é mais que ensinar. É transformar o
mundo à sua volta.

Seja bem-vindo!

SUMÁRIO 03
ECONOMIA

APRESENTAÇÃO Você está prestes a iniciar o estudo da disciplina

GERAL DA
Economia. Economia é uma matéria fascinante e o
estudo dessa disciplina certamente mudará a sua

DISCIPLINA forma de ver o mundo e de se relacionar no am-


biente na qual está inserido.

Se pararmos um minuto para observar ao nosso re-


dor, é possível compreender os conceitos de econo-
mia no nosso dia a dia. Muitas vezes estamos tão
apressados com as nossas obrigações diárias e nem
percebemos que podemos usar as noções de eco-
nomia para resolver vários problemas.

Dizemos que a economia existe devido à escassez,


ou seja, a falta de recursos. Caso os recursos exis-
tissem na sociedade de forma abundante não seria
necessário pensar na melhor forma de distribuir tais
recursos. Pense, por exemplo, se você possuísse di-
nheiro e tempo de forma infinita, e tudo que você
pensasse em fazer ou em utilizar também não tives-
se limite. Nesse caso não seria necessário pensar em
economia.

Devido a existência de recursos finitos surge a ne-


cessidade de pensar em Economia. Independente
da sua profissão, classe social, ou ideologia política,
são necessárias noções de economia para resolver
problemas diários. Nesse sentido desenvolvemos
essa apostila com muito carinho pensando nos alu-
nos do curso Ead da Faculdade Multivix.

Desejamos a todos bons estudos!!!

04 SUMÁRIO
ECONOMIA

LISTA DE GRÁFICOS

> Gráfico 1: Curva de Demanda 36


> Gráfico 2: Curva de Demanda 40
> Gráfico 3: Deslocamentos da Curva de Demanda 41
> Gráfico 4: Curva de Oferta 42
> Gráfico 5: Equilíbrio de Mercado 43

SUMÁRIO 05
ECONOMIA

SUMÁRIO

UNIDADE 1 1 EVOLUÇÃO DO PENSAMENTO ECONÔMICO 12


1.1 INTRODUÇÃO A ECONOMIA 12
1.1.1 A CIÊNCIA ECONOMIA 12
1.1.2 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO PENSAMENTO ECONÔMICO 17
1.1.2.1 ANTIGUIDADE CLÁSSICA (1ª. FASE) 18
1.1.2.2 ANTIGUIDADE CLÁSSICA (2ª. FASE) 19
1.1.2.3 IDADE MÉDIA (500 A 1500) 20
1.1.2.4 MERCANTILISMO (SÉCULOS XVI A XVIII) 21
1.1.2.5 MERCANTILISMO ESPANHOL 22
1.1.2.6 MERCANTILISMO INGLÊS 22
1.1.2.7 MERCANTILISMO FRANCÊS 22
1.1.2.8 REVOLUÇÃO FILOSÓFICA E INDUSTRIAL (1750 A 1850) 23
1.1.2.9 REVOLUÇÃO/TEORIA NEOCLÁSSICA 25
1.1.3 REVOLUÇÃO KEYNESIANA E GRANDE DEPRESSÃO DE 1929. 25
1.1.3.1 REVOLUÇÃO/TEORIA NEOLIBERAL: 26
1.1.4 MODELOS ECONÔMICOS 27
1.1.4.1 PRIMEIRO MODELO: DIAGRAMA DE FLUXO CIRCULAR DA RENDA SIMPLIFICADO 27
1.1.4.2 SEGUNDO MODELO: FRONTEIRA DE POSSIBILIDADE DE PRODUÇÃO (FPP) 29
1.1.4.3 SETORES DA ECONOMIA 31
1.1.4.4 ORGANIZAÇÃO DA ATIVIDADE ECONÔMICA 31
1.1.4.5 CARACTERÍSTICAS DAS ECONOMIAS LIBERAIS DE MERCADO 32
1.1.4.6 AS ECONOMIAS CENTRALMENTE PLANIFICADAS 33
1.1.4.7 ECONOMIAS SOCIAIS DE MERCADO (MISTAS) 34

UNIDADE 2 2 OFERTA, DEMANDA E EQUILÍBRIO DE MERCADO 36


2.1 MICROECONOMIA 36
2.1.1 INTRODUÇÃO À MICROECONOMIA 36
2.1.1.1 TEORIA ELEMENTAR DA DEMANDA 36
2.1.1.1.1 CONCEITO 36
2.1.1.1.2 LEI GERAL DA DEMANDA 37
2.1.1.2 FUNÇÃO DA DEMANDA 38
2.1.1.3 TIPOS DE BENS X PREÇO DO BEM 39
2.1.1.4 DISTINÇÃO ENTRE DEMANDA E QUANTIDADE DEMANDADA 40
2.1.2 A TEORIA DA FIRMA / TEORIA DA PRODUÇÃO 45

06 SUMÁRIO
ECONOMIA

SUMÁRIO

2.1.3 TEORIA DOS CUSTOS ECONÔMICOS 49


2.1.4 TEORIA DOS RENDIMENTOS 53

UNIDADE 3 3 ESTRUTURAS DE MERCADO 55


3.1 ESTRUTURAS DE MERCADO 55
3.1.1.1 CONCORRÊNCIA PURA OU PERFEITA 55
3.1.1.2 MONOPÓLIO 56
3.1.1.3 OLIGOPÓLIO 56
3.1.1.4 CONCORRÊNCIA MONOPOLISTA 57
3.1.2 ESTRUTURA DO MERCADO DE FATORES DE PRODUÇÃO 58
3.1.2.1 CONCORRÊNCIA PERFEITA NO MERCADO DE FATORES 58
3.1.2.2 MONOPSÔNIO 58
3.1.2.3 OLIGOPSÔNIO 58
3.1.2.4 MONOPÓLIO BILATERAL 59
3.1.3 AS EMPRESAS E O MERCADO 59
3.1.3.1 CONCENTRAÇÃO ECONÔMICA NO BRASIL - O CADE 59
3.1.3.2 O QUE FAZ O CADE 61

UNIDADE 4 4 O PRODUTO INTERNO BRUTO (PIB) 66


4.1 MACROECONOMIA 66
4.1.1 MENSURAÇÃO DA ATIVIDADE ECONÔMICA 66
4.1.2 FLUXO CIRCULAR DE RENDA E PRODUTO 67
4.1.3 PRODUTO NACIONAL 67
4.1.4 DESPESA NACIONAL 70
4.1.5 POUPANÇA E INVESTIMENTOS AGREGADOS 72
4.1.6 ANÁLISE DE CENÁRIOS DA ATIVIDADE ECONÔMICA 72
4.1.7 RENDA NACIONAL 73
4.1.8 PIB PER CAPITA 74
4.1.9 PIB NOMINAL E PIB REAL 76

UNIDADE 5 5 SISTEMA MONETÁRIO E POLÍTICAS MACROECONÔMICAS 79


5.1 O SISTEMA MONETÁRIO 79

SUMÁRIO 07
ECONOMIA

SUMÁRIO

5.1.1 FUNÇÕES DA MOEDA 80


5.1.2 TIPOS DE MOEDA 81
5.1.3 A MOEDA NA ECONOMIA 81
5.1.4 O BANCO CENTRAL 83
5.1.4.1 O BANCO CENTRAL E A POLÍTICA MONETÁRIA 84
5.1.5 POLÍTICA FISCAL COMO INSTRUMENTO DE MACROECONOMIA 87
5.1.6 POLÍTICA COMERCIAL COMO INSTRUMENTO DE MACROECONOMIA 88
5.1.7 POLÍTICA CAMBIAL COMO INSTRUMENTO DE MACROECONOMIA 88
5.1.8 POLÍTICA BRASILEIRA DE COMBATE À INFLAÇÃO 89
5.1.9 O QUE DETERMINA O VALOR DA MOEDA? 90
5.1.10 FATO HISTÓRICO 92
5.1.11 O IMPOSTO INFLACIONÁRIO 92
5.1.12 CUSTOS DA INFLAÇÃO 94
5.1.13 O PLANO REAL 95

UNIDADE 6 6 O SETOR EXTERNO 102


6.1 OS FLUXOS INTERNACIONAIS DE BENS E CAPITAIS 102
6.2 RISCO PAÍS 104
6.3 POUPANÇA, INVESTIMENTO E SUA RELAÇÃO COM OS FLUXOS INTERNACIONAIS 106
6.4 TAXA DE CÂMBIO REAL E TAXA DE CÂMBIO NOMINAL 107
6.5 A INFLAÇÃO E AS TAXAS DE CÂMBIO NOMINAIS 109
6.6 COMO AS FORÇAS ATUAM NO MERCADO DE CÂMBIO 110
6.7 REGIMES CAMBIAIS 111
6.7.1 REGIME DE CÂMBIO FIXO 111
6.7.2 O REGIME DE CÂMBIO FLUTUANTE 112
6.7.3 REGIME DE CÂMBIO BRASILEIRO: FLUTUAÇÃO SUJA (DIRTY FLOATING) 113
6.7.4 O PADRÃO OURO 113
6.7.5 ABERTURA COMERCIAL 114
6.7.6 FUNDO MONETÁRIO INTERNACIONAL – FMI 116

CONCLUSÃO 121

REFERÊNCIAS 122

08 SUMÁRIO
ECONOMIA

ICONOGRAFIA

ATENÇÃO ATIVIDADES DE
APRENDIZAGEM
PARA SABER

SAIBA MAIS
ONDE PESQUISAR CURIOSIDADES

LEITURA COMPLEMENTAR
DICAS

GLOSSÁRIO QUESTÕES

MÍDIAS
ÁUDIOS
INTEGRADAS

ANOTAÇÕES CITAÇÕES

EXEMPLOS DOWNLOADS

SUMÁRIO 09
ECONOMIA

UNIDADE 1

OBJETIVO
Ao final desta
unidade,
esperamos:

• Diferenciar os vários
entendimentos possíveis da
palavra economia.

• Diferenciar aspectos
de microeconomia de
macroeconomia;

• Entender os conceitos
de tradoff e custo de
oportunidade e aplicar em
seu dia a dia;

• Compreender os modelos
econômicos de Fluxo Circular
de Renda e Fronteira de
Possibilidade de Produção;

• Analisar o sistema econômico


de um país e saber classificar
em economia de mercado,
economia centralizada, ou
economia mista;

10 SUMÁRIO
ECONOMIA

1 EVOLUÇÃO DO
PENSAMENTO ECONÔMICO

1.1 INTRODUÇÃO A ECONOMIA

1.1.1 A CIÊNCIA ECONOMIA

A palavra economia vem do termo grego oikonomía, onde oikos significa lar e nomos
significa lei, de tal modo a palavra economia pode ser compreendida como admi-
nistração do lar.

No contexto de uma casa (um lar) a família precisa tomar diversas decisões em seu
dia a dia, como por exemplo:

Qual tarefa cada


Quem cuidará da Qual aparelho
Quem preparará membro da
limpeza do de TV deverá ser
as refeições? família
ambiente? adquirido?
desempenhará?

Essas decisões precisam ser tomadas pois há necessidade de gerenciar a alocação


de recursos tendo em vista que eles são escassos. Caso os recursos fossem abundan-
tes uma família não precisaria se preocupar com qual aparelho de TV seria adquiri-
do, era só comprar o melhor disponível no mercado e o problema estaria resolvido.

No entanto, várias questões são levadas em consideração no momento de efetuar


a compra, questões como preço, qualidade, marcar, recursos disponíveis, formas de
pagamento, garantia, são importantes no momento da decisão, a fim de chegar à
conclusão de qual aparelho possui melhor custo-benefício.

SUMÁRIO 11
ECONOMIA

Assim como uma família sempre tem diversas decisões a tomar sobre como admi-
nistrar seus recursos e quem vai realizar as várias tarefas, a sociedade, como um todo,
também se depara com inúmeras decisões:

Como Para quem


O que e quanto produzir?
produzir? produzir?

O que e quanto produzir? Como produzir? Para quem produzir? São os problemas
econômicos fundamentais que a sociedade precisa resolver, tendo em vista que
os recursos são limitados e as necessidades humanas ilimitadas, ou seja, há escas-
sez de recursos.

Escassez significa que a sociedade tem menos a oferecer do que aquilo que as pes-
soas desejam ter. E Economia é o estudo da forma pela qual a sociedade administra
seus recursos escassos. De tal modo a economia só existe, pois há escassez de recursos.

Na maioria das sociedades, os recursos são alocados pelas ações combinadas de


milhões de famílias e empresas. O comportamento de uma economia reflete o com-
portamento das pessoas que formam esta economia.

A escassez de recursos implica que os agentes econômicos


enfrentam “tradeoffs”, ou seja, escolhas.

No fundo isto tem a ver com as expressões "nada é de graça", ou "there is no free lun-
ch". Para se obter algo que desejamos, em geral temos de abrir mão de algo de que
gostamos => Deve-se comparar objetivos.

Pense num casal decidindo como alocar a renda da família:

Podem comprar comida, Podem poupar parte da renda para a


roupas, viagens etc. aposentadoria ou para pagar os estudos dos filhos.

12 SUMÁRIO
ECONOMIA

No momento em que eles resolvem gastar um real num item, é menos um real dis-
ponível para as outras despesas. Isto é, existe um tradeoff entre as diversas possibili-
dades de alocação da renda familiar.

Assim como uma família, uma sociedade também se depara com tradeoffs. Um
tradeoff clássico seria "armas e manteiga". Quanto mais é gasto na defesa nacional
(armas), menos se pode gastar com bens para aumentar o padrão de vida desta so-
ciedade (manteiga).

Uma empresa de capital aberto pode enfrentar um tradeoff entre uma distribuição
de lucros através de dividendos para seus acionistas ou reter parte dos lucros para
financiar uma expansão de atividades.

A tomada de decisões exige a comparação dos custos e benefícios de vários cursos


de ação, que nem sempre são óbvios. Além de definir exatamente o que são custos
deve-se estar atento para o custo oportunidade.

O custo de oportunidade é um custo associado a uma oportunidade perdida, ou


seja, há uma oportunidade que desistimos. No estudo do conceito do custo de opor-
tunidade partimos do princípio que o ser humano é racional e sempre fará a melhor
escolha possível. A cada tradeoff “abrimos mão” de algo para selecionar uma alterna-
tiva melhor, e o que não escolhemos representa o nosso custo de oportunidade. Ou
seja, toda nova oportunidade tem um custo, e esse custo é o que deixamos para traz.

Nesse sentido, imagine um proprietário de um ponto comercial que rende um alu-


guel mensal de R$5.000,00 (cinco mil reais). Caso o proprietário decida não alugar o
ponto comercial e resolva abrir uma empresa neste endereço, qual seria o custo de
oportunidade? O custo de oportunidade está associado a uma oportunidade per-
dida, e nesse caso poderia ser expressado pelo valor monetário de R$5.000,00. Cer-
tamente o proprietário do ponto comercial tomaria essa decisão com a pretensão
de auferir lucros superiores a R$5.000,00. Partimos do princípio que o proprietário
é racional e tomou a melhor decisão possível dentro do leque de possibilidades. O
que o proprietário do ponto comercial precisa abrir mão devido a nova escolha é o
custo de oportunidade.

SUMÁRIO 13
ECONOMIA

Nem sempre o custo de oportunidade será expresso de forma quantitativa como no


exemplo acima. Algumas vezes ele aparecerá de forma qualitativa.

EXEMPLO

Suponha um estudante do curso de Administração presencial e matutino que em uma


determinada manhã quarta feira tenha decidido ir à praia. Qual é o custo de oportunida-
de do estudante diante da situação? Ou seja, qual oportunidade o estudante abriu mão
para ir à praia? Nesse caso o custo de oportunidade é participar da aula na faculdade.

Como o custo de oportunidade supõe que os indivíduos sejam racionais, considera-


mos que a melhor escolha que o estudante poderia realizar nessa manhã de quarta
feira específica seria ir à praia. No entanto essa escolha possui um custo de oportu-
nidade imediato, e que pode gerar consequências negativas em um futuro próximo.

Suponha agora um estudante que iniciou o curso de Ciências Contábeis. Ao resolver


cursar uma universidade, uma pessoa tem claramente um benefício intelectual e
melhores oportunidades de emprego ao longo da vida. E os custos? Anuidades, li-
vros e em alguns casos moradia e alimentação. Além desses custos diretos, a pessoa
tem um custo oportunidade: ao invés de estudar, ela poderia estar trabalhando e
ganhando um salário. O dinheiro dos livros e anuidades poderia estar aplicado, ren-
dendo juros.

Imagine que um jogador de futebol muito bem pago, (um jogador de seleção) es-
tivesse pensando abandonar sua carreira para estudar medicina. Certamente o seu
custo oportunidade é muito alto. Pois o salário que ele deixaria de ganhar como
jogador é muito alto. Se um outro jogador da terceira divisão resolvesse a mesma
coisa, certamente não estaria abrindo mão de um salário tão alto, logo seu custo
oportunidade é menor.

14 SUMÁRIO
ECONOMIA

A ciência que estuda a escassez é a Economia. Podemos aprofundar o estudo sobre


a Economia a partir de dois grandes ramos a saber:

MICROECONOMIA:
os microeconomistas são economis- MACROECONOMIA:
tas que buscam estudar as unidades os macroeconomistas são economistas
econômicas individuais como por ex- que estudam o comportamento dos
emplo consumidores, empresas, tra- agregados econômicos tais como: renda,
balhadores, buscando estudar o funcio- produto nacional, nível de emprego, taxa
namento do mercado (oferta e demanda) de juros, taxa de câmbio, entre outros;
para a determinação de preço;

Os economistas tentam tratar seu campo de estudo com a objetividade de um cien-


tista. Eles formulam teorias, coletam dados e depois analisam esses dados para con-
firmar ou refutar suas teorias. A essência da ciência é o método científico - a formu-
lação e o teste desapaixonado de teorias sobre o funcionamento do mundo.

Contudo, os economistas enfrentam um empecilho que torna sua tarefa mais desa-
fiadora: com frequência os experimentos no campo da economia são difíceis. Um fí-
sico que estudasse a lei da gravidade poderia deixar cair uma bolinha quantas vezes
achasse necessário para gerar os dados para sua pesquisa. Já um economista que
estudasse a correlação da política monetária de países com a inflação, não poderia
simplesmente controlar a expansão monetária para obter dados.

Assim como os astrônomos, o economista tem que se contentar com os dados que
o mundo lhe fornece e prestam bastante atenção aos experimentos naturais que a
história lhe oferece: a guerra no oriente médio e a interrupção do fluxo de petróleo
para a economia mundial, a grande depressão, a revolução industrial inglesa, a hiper
inflação alemã, a recente crise na Ásia etc. Esses episódios são valiosos, pois nos per-
mitem ver como a economia funcionou no passado e principalmente avaliar teorias
no presente.

O papel das hipóteses: A razão pela qual os economistas elaboram hipóteses é basi-
camente a mesma que surge em outra ciência. As hipóteses facilitam a compreen-
são do mundo.

Um físico, ao estudar a queda de uma bolinha de três metros de altura formula a hi-
pótese que ela estaria caindo no vácuo (para não levar em consideração o atrito com

SUMÁRIO 15
ECONOMIA

o ar). Se a bolinha estivesse caindo de um edifício de cinquenta andares, esta já não


seria uma hipótese razoável.

Um economista, para estudar o comércio internacional, por exemplo, supõe que o


mundo é constituído de dois países que produzem dois bens. O mundo real é forma-
do por diversos países e cada um deles produz milhares de bens. A hipótese permite
a concentração do pensamento. Uma vez compreendido o comércio internacional
num mundo imaginário, o economista estará em melhor posição para entender o
mundo real. A arte do pensamento científico quer seja na física ou na economia, está
em decidir quais as hipóteses formular.

1.1.2 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO PENSAMENTO


ECONÔMICO

A Economia se apresenta sob uma evolução que acompanha a história da huma-


nidade, empreendendo uma apresentação de aspectos relevantes, proporcionando
assim o que chamamos de Evolução Histórica do Pensamento Econômico.

Essa evolução se apresenta nas seguintes fases:

• Antiguidade Clássica (1ª. Fase);

• Antiguidade Clássica (2ª. Fase);

• Idade Média (500 a 1500 d.C.);

• Mercantilismo (do Século XVI a XVIII);

• Revolução Filosófica e Industrial (1750 a 1850).

Devemos considerar também, as Escolas Hedonistas – Psicológicas e Matemática ou


de Lousanne; e a Corrente do Pensamento Econômico Moderno – Keynesianismo);

16 SUMÁRIO
ECONOMIA

1.1.2.1 ANTIGUIDADE CLÁSSICA (1ª. FASE)

Podemos entendê-la sob os seguintes pontos importantes:

• Período: do ano 4000 ao ano 1000 a.C.

• Verificamos nesse período, os chamados “Tempos Bíblicos”, com os ensinamen-


tos e procedimentos relatados no Antigo Testamento (do ano 2500 ao ano 100
a.C.) e no Novo Testamento.

• Características: Atividades de subsistência e autoconsumo.

• Nota-se o aparecimento de conceitos de: propriedade, herança, salário, tributos,


moeda e práticas comerciais.

• Propriedade: Os homens deixam de ser nômades, dedicando-se às atividades


agropecuárias.

• Herança: Primazia do primogênito na distribuição. A seguir, irmãos, irmãs, ir-


mãos dos pais, filhos, filhas e demais parentes.

• Salário: Exemplos, como o do pagamento de Labão a Jacó (Gn. 29:15-20 e


30:32).

• Tributos: Corvéia (obrigação de trabalho, instituído pelo Rei Salomão), Dízimo


(em espécie), Captação (para o sustento do templo).

• Moeda: usavam-se as trocas; posteriormente, quantidades de ouro e prata; além


de moedas estrangeiras até 141 a.C.

• Práticas comerciais: Mais voltadas à agricultura, prática de descanso do solo


no 7º. ano.

SUMÁRIO 17
ECONOMIA

1.1.2.2 ANTIGUIDADE CLÁSSICA (2ª. FASE)

Podemos entendê-la sob os seguintes pontos importantes:

• Período: do ano 1000 a.C. ao ano 476 d.C.

• Este período trouxe importantes contribuições no estudo de ideias sobre rique-


za, valor econômico e moeda. Vemos pela primeira vez as expressões: econo-
mia, econômico, valor e utilidade.

• Personagens importantes: Xenofonte, Platão e Aristóteles (gregos), além dos


romanos.

• Xenofonte: Com sua obra “Os Econômicos” fala sobre a utilidade e as riquezas
econômicas, a agricultura e sua importância. A riqueza estava intimamente li-
gada às necessidades humanas. É o primeiro a utilizar as expressões economia
e econômico.

• Platão: Com sua obra “A República” e seus escritos sobre produção e riqueza e
seus limites.

• Aristóteles: Analisou a sociedade privada, foi o primeiro a formular uma teoria


sobre o dinheiro, trocas e valor, além das funções da moeda.

• De Roma: procedimentos jurídicos foram sua mais importante contribuição.


Podemos dizer que, fatos negativos de sua história foram a mola propulsora de
seu desenvolvimento. Trazendo, com sua queda, o aparecimento do Cristianis-
mo, após decreto do imperador Constantino, no ano 311.

18 SUMÁRIO
ECONOMIA

1.1.2.3 IDADE MÉDIA (500 A 1500)

Tem início em 476, com a queda do Império Romano do Ocidente (também conhe-
cida como era Medieval ou Feudalismo).

Fatos Marcantes:

• Aumento do poder da Igreja, aumento do caos social, e, desenvolvimento deter-


minado pelo retorno às atividades rurais.

• Moedas e preços substituem as trocas diretas, consolidando o sistema salarial e


servindo de começo para o capitalismo.

• A terra torna-se riqueza, transformando os proprietários num poder paralelo aos


dos soberanos.

• Grande ebulição, do ano 500 ao ano 1000 (migrações, guerras, fusões de povos
e culturas).

• Com o aumento das necessidades econômicas e políticas, começam a ser cria-


dos os países da Europa Ocidental.

• O Cristianismo se impõe, opondo-se aos pensamentos gregos e romanos (favo-


ráveis à escravidão e contrário à dignidade do trabalho).

• A Igreja passou a exercer uma influência civilizadora, disseminando as artes, o


saber e exaltando as virtudes.

SUMÁRIO 19
ECONOMIA

• Devido às dificuldades de transporte, se exercitava uma economia de autossu-


ficiência, não havendo uma preocupação com a riqueza, pois a moral religiosa
do Cristianismo continha os excessos de bens e ostentação.

• As Cruzadas são organizadas para levar os costumes e o pensamento cristão


europeu aos muçulmanos do norte da África.

1.1.2.4 MERCANTILISMO (SÉCULOS XVI A XVIII)

Fase da Renascença, onde o capitalismo começa a se configurar nas formas comer-


cial e financeira.

- Caracteriza-se como um regime de nacionalismo econômico, fazendo da acu-


mulação de riquezas o principal fim do Estado; com isso, os Estados evoluíram,
trazendo modernização e novas concepções sobre a economia e a riqueza.

Consequências importantes:

Surgimento
Aumento do da figura do Comércio passa
capital comercial empresário, ou do a ser o centro da
Modernização
pelo incremen- grande mercador, vida econômica e
da agricultura;
to do comércio para determinar a riqueza da vida
internacional; os processos social.
produtivos;

- Vem da palavra mercator porque considerava o comércio como base funda-


mental para aumento das riquezas.

- Apresenta uma preocupação com a apresentação de uma Balança Comercial


sempre favorável (daí os governos buscarem um grande acúmulo de ouro e
prata), o que fortalecia o Estado (podemos entender como sendo uma forma
inicial da prática de protecionismo).

- Se desenvolveu inicialmente na Espanha, Inglaterra e França, com impactos


que duram até os dias atuais. Podem ser entendidos assim:

20 SUMÁRIO
ECONOMIA

1.1.2.5 MERCANTILISMO ESPANHOL

- Crescimento interno pela não exportação do ouro e prata, com uma preocupa-
ção em acumular esses metais em ligotes (Bulionismo);

- Exploração das colônias, visando principalmente extrair o máximo de metais


preciosos desses locais para envio à coroa.

1.1.2.6 MERCANTILISMO INGLÊS

- Incentivo às exportações de seus produtos;

- Importações por meio de contratos, que obrigavam os países que vendiam, a


comprar produtos ingleses (forma de protecionismo).

1.1.2.7 MERCANTILISMO FRANCÊS

- Semelhante ao inglês, mas incentivava quase que exclusivamente o crescimen-


to industrial (tapetes Gobelin e porcelana de Sèvres);

- O Brasil, na época, era obrigado a comercializar com os outros países através


da coroa portuguesa, situação que foi mudada, com a vinda da família real
portuguesa (fugindo dos ataques de Napoleão Bonaparte, que naquele mo-
mento conquistava os países da Europa), o que então promoveu instalações de
indústrias, e o comércio passou a ser feito de forma direta, sem a interferência
de Portugal.

SUMÁRIO 21
ECONOMIA

1.1.2.8 REVOLUÇÃO FILOSÓFICA E INDUSTRIAL (1750 A


1850)

Característica marcante: Transformação radical nas ideias, onde, no início, se buscava


a liberdade total.

À partir daí, vemos as seguintes características:

• Melhor aproveitamento das forças naturais;

• Inovações mecânicas (como importante característica da Revolução Industrial);

• Capitalismo industrial;

• Liberdade econômica;

• Direito absoluto de propriedade;

• Racionalismo filosófico e econômico.

22 SUMÁRIO
ECONOMIA

Com essas características, as escolas filosóficas passaram então a ter as seguintes


configurações:

ESCOLA PRINCIPAIS IDEIAS

O Estado não deve interferir na prática econômica, pois a


economia deve funcionar livremente, tal como a natureza.
Fisiocrata Para essa corrente de pensamento a lei da natureza é suprema
e qualquer intervenção do Estado nos assuntos econômicos é
prejudicial.

Acredita que o Estado não deve interferir nos assuntos econômicos,


deixando o mercado atuar livremente conforme as forças de
oferta e demanda. Para essa teoria o Estado deve interferir nos
assuntos econômicos apenas quando o mercado não existir, ou
Clássica
quando não existir livre concorrência.
Para Escola Clássica é de fundamental importância que exista
a livre concorrência, pois ela é capaz de garantir a alocação de
recursos mais eficientes para a produção.

Representa o realismo, como uma reação aos pensamentos e às


leis da Escolas Fisiocrata e Clássica, de que as leis econômicas,
Pessimista
embora naturais, não traziam benefícios às populações, porque
deixava um largo campo desassistido.

Substituição de liberdades (individual, da propriedade individual


e contratual) por uma ordem, baseada num primado social em
que, a propriedade e o controle dos meios de produção, devem
estar em poder do Estado; essa visão se constitui uma reação
contra os abusos do liberalismo; na luta contra a dissociação entre
Socialista
trabalho e capital, os socialistas pretendiam uma ordem social
mais justa, com igual repartição das riquezas e das oportunidades
entre todos os participantes da produção, notadamente para os
trabalhadores, já despojados de seus instrumentos produtivos. “O
Capital”, de Marx é a mais importante obra produzida.

SUMÁRIO 23
ECONOMIA

1.1.2.9 REVOLUÇÃO/TEORIA NEOCLÁSSICA

IDEIA CENTRAL: A economia deveria partir da análise das necessidades humanas e


das leis que determinam a utilização dos recursos disponíveis, para satisfazê-las.

A Teoria Neoclássica teve início por volta de 1870 e se desenvolve até as primeiras
décadas do século XX. Essa teoria compreende a maioria dos paradigmas clássicos e
aprimora outros. Em relação a papel do Estado na regulação dos mercados as duas
teorias afirmam que é importante a não intervenção do Estado na economia (exceto
em casos especiais), a fim de se alcançar eficiência econômica.

No entanto a Teoria Neoclássica nega a Teria do valor de David Ricardo, que afirma
que o valor de troca das mercadorias é determinado pela quantidade de trabalho ne-
cessário à sua produção. Para a Teoria Neoclássica o valor do produto é algo totalmen-
te subjetivo e relaciona-se com a utilidade que o produto tem para casa indivíduo.

A Teoria neoclássica se desdobra em várias correntes (grupos) de pensamentos. Den-


tre alguns autores importantes podemos citar: Carl Menger, William Stanley Jevons,
Léon Walras, Alfred Marshall, Knut Wicksell, o Vilfredo Pareto e Irving Fisher.

1.1.3 REVOLUÇÃO KEYNESIANA E GRANDE


DEPRESSÃO DE 1929.

IDEIA CENTRAL: “A vitória de Keynes sobre os clássicos, traduz o triunfo do interven-


cionismo moderado sobre o liberalismo radical. A política econômica do Estado deve
complementar e não substituir por completo a iniciativa privada”.

John Maynard Keynes, defensor da economia neoclássica até a década de 1930, ana-
lisou a Grande Depressão em sua obra The General Theory of Employment, Interest
and Money (1936; Teoria geral do emprego, do juro e da moeda), em que formulou
as bases da teoria que, mais tarde, seria chamada de keynesiana ou keynesianismo.)
Keynes defendeu o papel regulatório do Estado na economia, através de medidas
de política monetária e fiscal, para mitigar os efeitos adversos dos ciclos econômicos
- recessão, depressão e booms econômicos. Keynes é considerado um dos pais da
moderna teoria macroeconômica.

24 SUMÁRIO
ECONOMIA

Discordou da lei de Say (que Keynes resumiu como: "a oferta cria sua própria demanda".

A escola keynesiana se fundamenta no princípio de que o ciclo econômico não é


autorregulador como pensavam os neoclássicos, uma vez que é determinado pelo
"espírito animal" dos empresários. É por esse motivo, e pela ineficiência do sistema
capitalista em empregar todos que querem trabalhar que Keynes defende a inter-
venção do Estado na economia.

O objetivo de Keynes, ao defender a intervenção do Estado na economia não é, de


modo algum, destruir o sistema capitalista de produção. Muito pelo contrário, segun-
do o autor, o capitalismo é o sistema mais eficiente que a humanidade já conheceu
(incluindo aí o socialismo). O objetivo é o aperfeiçoamento do sistema, de modo que
se una o altruísmo social (através do Estado) com os instintos do ganho individual
(através da livre iniciativa privada). Segundo o autor, a intervenção estatal na econo-
mia é necessária porque essa união não ocorre por vias naturais, graças a problemas
do livre mercado.

1.1.3.1 REVOLUÇÃO/TEORIA NEOLIBERAL:

IDEIA CENTRAL: Na política, neoliberalismo é um conjunto de ideias políticas e eco-


nômicas capitalistas que defende a não participação do estado na economia, onde
deve haver total liberdade de comércio, para garantir o crescimento econômico e
o desenvolvimento social de um país. A realidade do final do século XIX, marcada
entre outras, pela concentração de uma industrial crescente e atuação de sindicatos,
impediam a existência de uma ordem natural.

A economia deveria partir da análise das necessidades humanas e das leis que deter-
minam a utilização dos recursos disponíveis, para satisfazê-las. Se, para os Clássicos, o
valor era expressão do trabalho, para os marginalistas, o valor das coisas era atribuído
de acordo com a sua utilidade, subjetivamente.

- Novas concepções sobre a produção, escassez, formação dos custos e dos preços;

- Ao Estado era atribuído o papel de orientador e disciplinador da atividade


econômica;

- Acreditava-se na eficiência econômica baseada na livre iniciativa.

SUMÁRIO 25
ECONOMIA

1.1.4 MODELOS ECONÔMICOS

Os professores de biologia normalmente ensinam anatomia plástica usando réplicas


plásticas do corpo humano. Esses modelos têm todos os órgãos principais e permi-
tem ao professor mostrar aos alunos, de uma maneira simples, como se encaixam as
partes importantes do corpo.

Os economistas também usam modelos para apreender o funcionamento do mun-


do. Esses modelos ao invés de serem de plásticos são compostos de diagramas e
equações matemáticas. Como os modelos de anatomia, os modelos econômicos
também omitem muitos detalhes para permitir que se visualize o que é realmente
importante. Esses modelos são construídos encima das hipóteses que simplificam a
realidade para melhorar sua compreensão.

1.1.4.1 PRIMEIRO MODELO: DIAGRAMA DE FLUXO


CIRCULAR DA RENDA SIMPLIFICADO

A economia é constituída de milhões de pessoas envolvidas em muitas atividades


compra, venda, trabalho locação, produção etc. O modelo de fluxo circular de renda
simplifica tais atividades e explica em termos gerais como a economia se organiza.

Hipóteses do modelo:

- Esta economia é fechada (não há comunicação com o resto do mundo) e sem


governo;

Existem nesta economia dois tipos de tomadores de decisões: famílias e empresas;

- As empresas produzem bens e serviços usando vários insumos, tais como tra-
balho, terra e capital (prédios e máquinas), esses insumos são chamados de
fatores de produção;

- As famílias são as proprietárias de fatores de produção e consomem todos os


bens e serviços produzidos pelas empresas;

26 SUMÁRIO
ECONOMIA

Famílias e empresas interagem em dois tipos de mercado:

- No mercado de bens e serviços, as famílias são compradoras e as empresas


vendedoras.

- No mercado de fatores de produção, as famílias são vendedoras e as empresas


compradoras.

O diagrama de fluxo circular da renda oferece uma forma simples de organizar todas
as transações econômicas que ocorrem entorno das famílias e empresas.

Receita
MERCADO DE Despesa

BENS E SERVIÇOS
Bens e Bens e
Serviços Serviços

EMPRESAS VENDEM BENS FAMÍLIAS


E SERVIÇOS COMPRAM COMPRAM BENS
FATORES DE PRODUÇÃO E SERVIÇOS

Terra,
Trabalho
Capital
Insumos
MERCADO DE
FATORES DE
Salários, Renda
aluguéis, juros e PRODUÇÃO
dividendos

No circuito interno do diagrama, as empresas usam os fatores de produção para pro-


duzir bens e serviços que por sua vez são vendidos às famílias no mercado de bens
e serviços. Portanto os fatores de produção fluem das famílias para as empresas e os
bens e serviços fluem das empresas para as famílias.

O circuito externo mostra o círculo de reais. As famílias gastam reais para comprar
bens e serviços oferecidos pelas empresas. As empresas usam parte da receita de suas
vendas para pagar os fatores de produção, como por exemplo, os salários dos funcio-
nários. O que sobra é lucro dos donos das empresas, que por sua vez são membros das
famílias. Portanto, a despesa com bens e serviços flui das famílias para as empresas e
a renda, em forma de salários, aluguel e de lucros flui das empresas para as famílias.

SUMÁRIO 27
ECONOMIA

Em um fluxo circular de renda, assumindo uma economia de mercado de forma


completa, é necessário incluir os seguintes agentes econômicos: famílias, empresas,
governo (setor público), e setor externo. Todos esses agentes relacionam entre si ofe-
recendo bens, serviços, e/ou fatores de produção, compondo assim o fluxo real da
economia. A relação entre os agentes econômicos se torna possível devido a existên-
cia da moeda (fluxo monetário), que realiza o pagamento dos itens comercializados
no fluxo real.

1.1.4.2 SEGUNDO MODELO: FRONTEIRA DE


POSSIBILIDADE DE PRODUÇÃO (FPP)

A Fronteira de Possibilidades de Produção também e conhecida como Curva de Pos-


sibilidades de Produção (CPP), e como Curva de Transformação.

Hipóteses do modelo:

- Uma economia produz somente dois bens;

- Essas indústrias utilizam em conjunto todos os recursos desta economia;

- Existe uma tecnologia dada (uma para cada produto) que transforma esses in-
sumos nesses bens.

A fronteira de possibilidade de produção é um gráfico que mostra as várias combi-


nações de produto, neste caso computadores e automóveis, que a economia pode
produzir potencialmente, dados os fatores de produção e a tecnologia disponível
para as empresas que transformam estes insumos em bens.

Quantidade produzida
de computadores

3.000 D
C
2.200
A Fronteira de
2.000
possibilidades
1.000 B de produção

Quantidade produzida
0 300 600 700 1000 de automóveis

28 SUMÁRIO
ECONOMIA

Podemos observar que nesta economia, se todos os recursos forem utilizados pela
indústria automobilística são fabricados 1000 carros e nenhum computador. Isto sig-
nifica que o custo oportunidade de você fabricar 1000 carros são 3000 computado-
res. A Fronteira de Possibilidade de Produção possui o formato côncavo, e qualquer
ponto em cima da linha apresenta uma situação de pleno emprego. Na figura acima
podemos concluir que o ponto A e o ponto C encontram-se em uma situação de
pleno emprego, utilizando ao máximo todos os recursos disponíveis.

No ponto C, a economia divide totalmente seus recursos, fabricando 2200 compu-


tadores e 600 carros. Para passar do ponto C para o ponto A isto é, para aumentar a
produção de carros em 100 unidades, é necessário abrir mão de fabricar 200 compu-
tadores. Este fato é inerente à questão central da economia que é lidar com escassez.
Esta economia deve decidir como alocará seus recursos (sempre escassos no sentido
de limitados) cada unidade de recurso que ela decidir alocar para computadores é
menos uma unidade de recurso disponível para automóveis.

No ponto B está economia não está utilizando todos os seus recursos. Isso indica
uma situação de capacidade de produção ociosa, ou seja, os fatores produtivos não
estão sendo utilizados ao máximo. De tal modo, não está sendo produzido o má-
ximo de bens possíveis nessa sociedade, ou seja, há uma situação de desemprego.
Quanto mais próximo o ponto está da curva de possibilidade de produção, mais pró-
ximo de uma situação de pleno emprego a economia se encontra. Qualquer outro
ponto acima da Fronteira de Possibilidade de Produção é conhecido como ponto
intangível ou ponto de ineficiência. A FPP apresenta o máximo de produção possível,
não havendo possibilidade com os recursos disponíveis de produzir além. Ou seja, o
ponto D ultrapassa a situação de pleno emprego, sendo impossível de ser alcançado.

A linha da fronteira de possibilidade de produção representa a plena utilização dos


recursos desta economia, dado o nível tecnológico que ela possui. Para se deslocar
sobre a linha, a economia sempre enfrentará um “trade off” (terá que abrir mão de
produzir algumas unidades de um produto para ampliar a produção do outro). A
estratégia de crescimento de longo prazo visará a expansão da fronteira de possibi-
lidade de produção.

SUMÁRIO 29
ECONOMIA

1.1.4.3 SETORES DA ECONOMIA

O produto do trabalho ou a riqueza gerada nos modelos econômicos estudados aci-


ma não é totalmente aplicado no consumo. Uma das características fundamentais
da evolução do sistema econômico é a crescente distância que separa a produção
do consumo. Na antiguidade o produto e o consumo eram bem próximos. Hoje há
uma distância enorme entre o início da produção e o consumo de bens e serviços.

As atividades produtivas da sociedade contemporânea são articuladas em inúmeras


unidades produtivas que processam os fatores de produção. A organização e distri-
buição dos fatores de produção é dirigida pelos organizadores de produção.

O conjunto do sistema e suas unidades produtivas estão divididas em três grandes


setores:

• Setor Primário: engloba as atividades próximas aos recursos naturais;

• Setor Secundário: é constituído pelas atividades industriais;

• Setor Terciário: é integrado pelos serviços em geral.

As unidades produtivas buscam satisfazer as necessidades dos consumidores atra-


vés dos seguintes bens:

• Bens de consumo: destinam-se a satisfazer as necessidades dos consumidores;

• Bens de capital: destinam-se a multiplicar a eficiência do trabalho;

• Bens intermediários: São bens que sofrem transformações antes de se transfor-


marem em bens finais.

1.1.4.4 ORGANIZAÇÃO DA ATIVIDADE ECONÔMICA

As formas alternativas de organização da atividade econômica fundamentam-se em


dois pontos físicos: a concepção da propriedade e as formas de mobilização dos fa-
tores de produção. As economias liberais de mercado já confiam à iniciativa privada
a maior parte da mobilização dos recursos e tem no mercado o seu eixo básico de
regulação. Nas economias centralmente planificadas ao governo é proprietário dos
meios de produção e centraliza as decisões sobre alocação dos recursos e a produção.

30 SUMÁRIO
ECONOMIA

Nas economias mistas já se confirma a gestão empresarial


com a regulação estatal na mobilização dos recursos e na
produção.

1.1.4.5 CARACTERÍSTICAS DAS ECONOMIAS LIBERAIS


DE MERCADO

Automatismo das forças de mercado: segundo essa corrente econômica a economia


desenvolve-se melhor de acordo com a liberdade econômica de produtores e con-
sumidores.

- Como consumidores: os cidadãos têm liberdade para adquirir os bens e servi-


ços que mais lhe ajudam;

- Como produtores, os empresários têm liberdade de produzir aquilo que me-


lhor satisfaça as necessidades dos consumidores, desde que lhe traga uma re-
compensa econômica.

Os mecanismos reguladores do mercado:

- O ponto de equilíbrio entre produtores e consumidores é regulado pelo mercado.

Se há produção maior que as necessidades dos consumidores deverá haver baixa de


preço.

- Se há produção menor que as necessidades dos consumidores deverá haver


alta de preços.

- A concorrência: A disputa entre os vários agentes econômicos pelo mercado


impede que os empresários conspirem contra a ordem social e a força a colocar
no mercado produtos melhores e mais baratos.

- No processo de concorrência, alguns produtores prosperam e outros vão à ruína.

SUMÁRIO 31
ECONOMIA

Fundamentados nesses princípios, os liberais propõem as seguintes práticas na


ordem econômica:

• Governo mínimo e mínima interferência do Estado na economia;

• Livre iniciativa empresarial.

Para o Estado, deverá haver apenas três funções básicas:

• Proteger o país de agressão e invasão;

• Explicar e manter certas obras públicas de interesse geral;

• Zelar pela observação dos contratos privados.

1.1.4.6 AS ECONOMIAS CENTRALMENTE


PLANIFICADAS

Características fundamentais:

• Os estados controlam os meios de produção, as diretrizes estratégicas da eco-


nomia e a política geral do estado;

• As fábricas, os barcos, o comércio e as terras são de propriedade estatal.

O planejamento como estratégia de direção da economia. Com o plano, o estado


procura desenvolver a melhor racionalidade com a locação de recursos, planeja-se
melhor investimento e distribui-se melhor a venda.

O estado centraliza o poder político e a direção geral da economia. Estabelece


diretriz estratégica para a economia. O plano substitui o mercado. Problemas e
imperfeições:

• Burocratização excessiva imposta pela centralização;

• Pouca sensibilidade a demanda global;

• Perda da eficiência produtiva.

32 SUMÁRIO
ECONOMIA

1.1.4.7 ECONOMIAS SOCIAIS DE MERCADO (MISTAS)

Combinam o mercado, a propriedade privada com a relação do Estado.

• Nas economias mistas prevalecem as forças de mercado, porém tem-se uma


grande interferência do Estado.

ANOTAÇÕES

SUMÁRIO 33
ECONOMIA

UNIDADE 2

OBJETIVO
Ao final desta
unidade,
esperamos:

> Compreender aspectos


microeconômicos tais
como: Equilíbrio de
Mercado, Teoria da
Produção, Teoria dos
Custos Econômicos, e
Teoria dos rendimentos;
bem como aplicar esses
conceitos no contexto
empresarial.

34 SUMÁRIO
ECONOMIA

2 OFERTA, DEMANDA E
EQUILÍBRIO DE MERCADO

2.1 MICROECONOMIA

2.1.1 INTRODUÇÃO À MICROECONOMIA

É o ramo da Ciência Econômica voltada ao estudo do comportamento das unidades


de consumo representadas pelos indivíduos e/ou famílias, do estudo das empresas,
suas respectivas produções e custos e ao estudo da geração de preços dos diversos
bens, serviços e fatores produtivos. Trata-se de uma análise parcial e estática do mer-
cado. Analisa como a empresa e o consumidor interagem e decidem qual o melhor
preço e a quantidade de um determinado bem ou serviço em mercados específicos,
portanto o funcionamento da oferta e demanda na formação de preços.

2.1.1.1 TEORIA ELEMENTAR DA DEMANDA

A Teoria da Demanda é derivada da hipótese sobre a escolha do consumidor entre


diversos bens que seu orçamento permite adquirir. Essa procura individual seria de-
terminada pelo preço do bem, pelo preço de outros bens, pela renda do consumidor
e por seu gosto ou preferência.

2.1.1.1.1 CONCEITO

Demanda: é a quantidade de um determinado bem que os consumidores estão


aptos e dispostos a adquirir, em determinado período de tempo, aos diversos preços
alternativos.

SUMÁRIO 35
ECONOMIA

2.1.1.1.2 LEI GERAL DA DEMANDA

A quantidade demandada de um determinado bem é inversamente proporcional ao


seu preço, tudo o mais permanecendo constante (coeteris paribus). O que quer dizer
que: quanto mais se elevam os preços de um produto qualquer menores serão as
quantidades desejadas a serem adquiridas e vice-versa (Preço Alto – Demanda Baixa)

Representação da relação quantidade demanda/preço:

1) Escala de demanda

ALTERNATIVA DE PREÇO ($) QUANTIDADE DEMANDADA

10,00 200

20,00 100

30,00 50

2) Curva de Demanda

Curva de Demanda

35
30
25
Preço

20
15
10
5
0
0 50 100 150 200 250
Quantidade Demandada

Gráfico 1: Curva de Demanda

36 SUMÁRIO
ECONOMIA

2.1.1.2 FUNÇÃO DA DEMANDA

QD = F (P)

Qd = quantidade demandada de um determinado bem ou serviço, num dado


período de tempo.

P = preço do bem ou serviço.

A expressão significa que a quantidade demandada, Qd, é uma função f do preço P,


isto é, depende do preço P.U.

A curva de demanda é negativamente inclinada devido a relação inversa entre pre-


ço e quantidade demanda, que resultam em dois efeitos: efeito substituição e efeito
renda.

Efeito substituição: quando há o preço de um determinado bem ou serviço e existe


no mercado um outro produto ou serviço similar há o consumidor substitui aquele
que teve o preço aumentado (diminuição da quantidade demanda), passando a
consumir o produto similar que teve o preço mantido.

Efeito renda: quando o preço de um bem aumenta e a renda do consumidor per-


manece a mesma, a demanda pelo produto diminui porque o poder de compra
(renda real) do consumidor diminui. De forma análoga, uma diminuição do preço do
produto causa um aumento na renda real do consumidor.

Fatores ou aspectos determinantes da demanda

• Tipos de bens X Preço do bem;

• Preço dos outros bens (substitutos e complementares);

• Renda do consumidor;

• Gosto ou preferência do indivíduo.

SUMÁRIO 37
ECONOMIA

2.1.1.3 TIPOS DE BENS X PREÇO DO BEM

Preço do Bem: quando o preço do bem “x” aumenta, a quantidade demandada des-
te mesmo bem diminui (Lei Geral da Demanda).

a) Bem normal: é aquele cuja quantidade demandada aumenta quando aumenta-


-se a renda. Exemplo: carne de primeira.

b) Bem de luxo: ao se aumentar a renda, a quantidade demandada aumenta em


maior proporção.

c) Bem de primeira necessidade: ao se aumentar a renda, a quantidade demandada


se mantém inalterada pois, ao se tratar de algo de primeira necessidade já fazia parte
das antigas aquisições do indivíduo. Exemplo: sal.

d) Bem inferior: são aqueles cuja quantidade demandada diminui quando a renda
aumenta. Geralmente são bens para os quais há alternativas de melhor qualidade.
Exemplo: carne de segunda.

e) Bens substitutos: São aqueles bens que atendem a necessidade do consumidor


no mesmo nível de satisfação. Ex.: bem “x” e “y”; manteiga e margarina; calça jeans e
calça de sarja; entre outros. Assim, quando aumenta o preço do bem “y”, ocorre um
aumento na quantidade procurada de bem “x” e vice-versa. Lembre-se que aumenta
o preço de um dos bens e o preço do outro permanece constante.

f) Bens Complementares: São aqueles bens que dependem um do outro para satis-
fazer a necessidade do consumidor, são demandados em conjunto, necessariamen-
te. Ex.: bem “x” e bem “y”; arroz e feijão; jeans e camiseta; tênis e meia; entre outros.
Assim, aumenta o preço do bem “y” e a quantidade procurada do bem “x” diminui
e vice-versa. Lembre-se que aumenta o preço de um dos bens e o preço do outro
permanece constante.

g) Bens Independentes: aumenta o preço do bem “y” e a quantidade procurada do


bem “x” não se altera e vice-versa.

Renda do Consumidor: Em geral quando a renda do consumidor aumenta a de-


manda de um bem ou serviço também aumenta. Esta regra serve apenas para bens
normais ou superiores.

38 SUMÁRIO
ECONOMIA

Gosto ou preferência do indivíduo: A propaganda e a publicidade têm como objeti-


vo aumentar a demanda de bens e serviços influenciando as preferências dos consu-
midores, causando assim um deslocamento da curva de demanda para a direita ou
para a esquerda de acordo com a mudança no gosto ou preferência do consumidor.
Seguindo-se esse conceito, as mercadorias podem ser classificadas em bens de de-
manda elástica ou inelástica.

Os bens de demanda inelástica são os de primeira necessidade, indispensáveis à


subsistência do consumidor. Os bens de demanda elástica são aqueles que não são
indispensáveis à subsistência do consumidor. Assim são, geralmente, os bens de luxo.
Alguns fatores que influenciam a elasticidade da demanda seriam a existência de
substitutos ao bem, a variedade de usos desse bem, o seu preço em relação ao uso
global dos consumidores e o preço do bem em relação à renda dos consumidores.

Para um vendedor faz realmente muita diferença o fato de ser elástica ou não, a de-
manda com a qual ele se defronta. Se a demanda for elástica e ele reduzir o preço,
obterá mais receita. Por outro lado, se a demanda for inelástica e ele reduzir o preço,
obterá menos receita.

2.1.1.4 DISTINÇÃO ENTRE DEMANDA E QUANTIDADE


DEMANDADA

Demanda: toda a escala ou curva que relaciona os possíveis preços a determinadas


quantidades demandadas de um bem ou serviço. A demanda de um bem é altera-
da, provocando um deslocamento da reta de demanda para a direita (aumento de
demanda) ou para a esquerda (redução da demanda), quando uma das variáveis
coeteris paribus (preço do produto substituto ou complementar, renda ou gosto
e preferência do consumidor) sofre alteração. Porém, o preço do bem em estudo
permanece constante. Este deslocamento é explicado pelo efeito substituição. Alte-
ração na demanda.

Quantidade demandada: é um ponto específico na curva relacionando um preço


a uma quantidade demandada de um bem ou serviço. Sofre alterações somente
quando é modificado o preço do produto que está sendo estudado. A Demanda é
uma relação que demonstra a quantidade de um bem ou serviço que os comprado-
res estariam dispostos a adquirir, a diferentes preços de mercado. Assim, a Função

SUMÁRIO 39
ECONOMIA

Procura representa a relação entre o preço de um bem e a quantidade procurada,


mantendo-se todos os outros fatores constantes.

Quase todas as mercadorias obedecem à lei da procura decrescente, segundo a qual


a quantidade procurada diminui quando o preço aumenta. Isto se deve ao fato de os
indivíduos estarem, geralmente, mais dispostos a comprar quando os preços estão
mais baixos.

Relação de demanda para maçãs:

QUANTIDADE DEMANDADA
CONSUMIDOR PREÇO (R$ POR UNIDADE)
(MILHÕES/SEMANA)

A 10,00 50

B 8,00 100

C 6,00 200

D 4,00 400

Podemos representar a tabela acima graficamente, facilitando a compreensão. Fon

Curva de Demanda

12
10
8
Preço

6
4
2
0
0 50 100 150 200 250 300 350 400 450
Quantidade Demandada

Gráfico 2: Curva de Demanda

40 SUMÁRIO
ECONOMIA

A curva de demanda, em seu modelo simplificado, pode ser representada grafica-


mente por meio de retas. Já discutimos que quando a curva de demanda se desloca
em virtude variações, que não o preço do bem, temos uma mudança na demanda
(e não na quantidade demandada) conforme o gráfico abaixo.

O deslocamento para a esquerda apresenta


Deslocamentos da Curva uma retração da curva de demanda ocasio-
de Demanda nada, por exemplo, por uma mudança de
gosto, como algo que saiu da moda. Nesse
caso, temos uma diminuição da demanda
(curva de demanda). O deslocamento para
Preço R$

a direita apresenta uma expansão da curva


de demanda ocasionada, por exemplo, por
um aumento na renda. Enquanto a relação
da demanda descreve o comportamento
Quantidade Demandada dos compradores, a relação da oferta des-
creve o comportamento dos vendedores,
Gráfico 3: Deslocamentos da Curva de Demanda
evidenciando o quanto estariam dispostos
a vender, a um determinado preço. Os ven-
dedores possuem uma atitude diferente dos compradores, frente aos preços altos.

Se estes desalentam os consumidores, estimulam os vendedores a produzirem e


venderem mais. Portanto, quanto maior o preço maior a quantidade ofertada. A
Função Oferta nos dá a relação entre a quantidade de um bem que os produtores
desejam vender e o preço desse bem, mantendo-se o restante constante.

Relação de oferta de maçãs:

QUANTIDADE DEMANDADA
FORNECEDOR PREÇO (R$ POR UNIDADE)
(MILHÕES/SEMANA)

A 10,00 260

B 8,00 240

C 6,00 200

D 4,00 150

SUMÁRIO 41
ECONOMIA

Podemos representar a tabela graficamente, facilitando a compreensão.

Curva de Oferta

12
10
8
Preço

6
4
2
0
0 50 100 150 200 250 300 350 400 450
Quantidade Ofertada

Gráfico 4: Curva de Oferta

É possível perceber que as quantidades ofertadas aumentam à medida que os pre-


ços aumentam. São diretas as relações preço - quantidade. Assim como a curva de
demanda pode sofrer uma expansão ou uma retração, a curva de oferta também
pode sofrer uma expansão ou uma retração. Uma expansão da curva de oferta faz
com que ela se desloque para a direita. Um exemplo de expansão da curva de oferta
é o surgimento de uma nova tecnologia que permite maior produção.

Uma retração da curva de oferta faz com que ela se desloque para esquerda. Um
exemplo de retração da curva de oferta é a instabilidade climática provocando muita
chuva e destruindo parte da produção. O equilíbrio da oferta e da procura (deman-
da) num mercado concorrencial é atingido com um preço que faz igualar as forças
da oferta e procura (demanda). O preço de equilíbrio é aquele com o qual a quanti-
dade procurada é precisamente igual à quantidade oferecida. Observando o gráfico
abaixo podemos concluir que o preço de equilíbrio é R$6, e, portanto, quantidade
de equilíbrio é de 200 milhões por semana.

42 SUMÁRIO
ECONOMIA

Equilíbrio de Mercado

12
10
8
Preço

6
4
2
0
0 50 100 150 200 250 300 350 400 450
Quantidade Ofertada e Quantidade Demandada

Gráfico 5: Equilíbrio de Mercado

O ponto de encontro entre a curva de oferta e a curva de demanda chamamos de


equilíbrio de mercado. Nesse ponto o preço de demanda e de oferta, bem como a
quantidade demandada e a quantidade ofertada se igualam. Como se disse, a quan-
tidade de um produto que os compradores desejam adquirir depende do preço.
Porém a quantidade que as pessoas desejam comprar depende também de outros
fatores.

Relação entre as quantidades demandadas e o preço dos bens: levando-se em conta


apenas o preço do bem, observa-se que a demanda aumenta quando ocorre uma
diminuição no preço; quando ela diminui isso é um resultado de um aumento do
preço.

Relação entre a procura de um bem e o preço de outros bens:

Aumento no preço do bem Y ocasiona


Aumento no preço do bem Y acarreta
a queda da demanda do bem X:
em aumento na demanda do bem X:
os bens em questão, nesse caso, são
isso significa que os bens X e Y são sub-
complementares. São bens consum-
stitutos ou concorrentes. Um exemplo é
idos conjuntamente, como o café e o
a relação entre o chá e o café.
açúcar.

Até agora se viu como os deslocamentos da demanda e oferta afetam os preços. O


conceito de elasticidade - preço nos permite uma maior compreensão do sistema
de preços e das reações observadas no mercado. A elasticidade é a relação entre as

SUMÁRIO 43
ECONOMIA

diferentes quantidades de oferta e procura de certas mercadorias em função das


alterações verificadas em seus respectivos preços.

2.1.2 A TEORIA DA FIRMA / TEORIA DA PRODUÇÃO

A Teoria da Firma (TF) procura explicar o comportamento da firma quando esta de-
senvolve atividade produtiva.

Importância da Teoria da Firma:

• Serve de base para a análise das relações existentes entre produção e custos de
produção;

• Serve de apoio para analisar a demanda da firma em relação aos insumos de


que se utiliza (fatores de produção).

Conceitos básicos:

Firma ou empresa: unidade de produção que atua racionalmente, procurando ma-


ximizar seus resultados relativos à produção e lucro;

Fator de produção: bens ou serviços transformáveis em produção (mão de obra, ma-


téria prima e equipamentos).

Produção é o processo pelo qual uma firma transforma os


fatores de produção adquiridos em produtos ou serviços para
a venda no mercado. A firma compra fatores de produção
(matérias primas e insumos), combina-os segundo um
processo de produção escolhido, e vende o produto final no
mercado. Empresa é uma unidade econômica que organiza
e administra a produção de bens e serviços.

44 SUMÁRIO
ECONOMIA

A escolha do processo de produção depende de sua eficiência. A eficiência pode ser:

- Eficiência técnica: Entre dois ou mais processos de produção, é aquele que


permite produzir uma mesma quantidade de produto, utilizando menor quan-
tidade física de fatores de produção.

- Eficiência econômica: Entre dois ou mais processos de produção, é aquele que


permite produzir uma mesma quantidade de produto, com menor custo de
produção.

Em economia o prazo não está ligado diretamente ao tempo cronológico, ou seja,


operacionaliza no curto prazo e planeja o longo prazo.

Análises:

a) Curto Prazo: é o período de tempo na qual existe pelo menos um fator de pro-
dução fixo (ex.: edifício industrial e maquinaria) e um fator variável (ex.: trabalho e
matéria-prima).

Conceitos:

Fatores fixos: são aqueles cuja quantidade utilizada não varia com a realização do
processo produtivo.

Fatores variáveis: são aqueles cuja quantidade utilizada varia, de acordo com a rea-
lização do processo produtivo.

q = f (x1, x2)

onde q = quantidade de produto

x1 = fator variável

x2 = fator fixo

Produto Total (PT) = Quantidade total produzida utilizando-se uma quantidade de


fatores de produção.

Produtividade Média (PMe) = é a relação entre o nível de produto (PT) e a quantida-


de do fator de produção variável(X), ou seja: PMe = PT / X.

SUMÁRIO 45
ECONOMIA

Produtividade marginal (PMg) = é a variação absoluta do produto (∆PT), dada uma


variação absoluta na quantidade do fator de produção variável (∆X), ou seja, PMg =
∆PT / ∆X.

O formato das curvas de PMg e PMe é devido a Lei dos Rendimentos Decrescentes.

Lei dos Rendimentos Decrescentes: Aumentando-se a quantidade de um fator variá-


vel, permanecendo a quantidade dos demais fatores fixos, a produção, inicialmente,
crescerá a taxas crescentes; a seguir, depois de certa quantidade utilizada do fator
variável, passará a crescer a taxas decrescentes; continuando o incremento da utiliza-
ção do fator variável, a produção decrescerá até tornar-se negativa.

Ex.: produção de arroz (Terra e Mão de Obra) variando a Mão de Obra

TERRA MÃO DE OBRA PRODUÇÃO PRODUTIVIDADE PRODUTIVIDADE


(FATOR (FATOR TOTAL DO FATOR MÉDIA DO FATOR MARGINAL DO
FIXO) VARIÁVEL) VARIÁVEL VARIÁVEL FATOR VARIÁVEL

10 1 6 6,0 6

10 2 14 7,0 8

10 3 24 8,0 10

10 4 32 8,0 8

10 5 38 7,6 6

10 6 42 7,0 4

10 7 44 6,2 2

10 8 44 5,4 0

10 9 42 4,6 -2

46 SUMÁRIO
ECONOMIA

Isoquantas: é uma linha (curva) onde todos os pontos representam combinação de


fatores de produção que indicam a mesma quantidade produzida.

FATOR A FATOR B PRODUÇÃO TOTAL

10 10 100

10 8 100

10 6 100

10 4 100

10 2 100

Taxa Marginal de Substituição Técnica: revela qual o acréscimo de quantidade a ser


utilizada de um dos fatores, para compensar a diminuição na quantidade de outro
fator. Escala de produção: ritmo de variação da produção, respeitada certa proporção
de combinação entre os fatores.

b) Longo Prazo: Todos os fatores de produção variam. A longo prazo, interessa anali-
sar as vantagens e desvantagens de a empresa aumentar sua dimensão (tamanho),
o que implica demandar mais fatores de produção. Isto introduz os seguintes con-
ceitos:

- Rendimento de Escala: é o resultado final relativo a produtos finais obtidos por


meio da variação da utilização dos fatores de produção. Pode ser classificado da
seguinte forma:

• Rendimento Crescente de Escala: é quando todos os fatores de produção cres-


cem numa mesma proporção e a produção cresce numa proporção maior;

• Rendimento Decrescente de Escala: é quando todos os fatores de produção


crescem numa mesma proporção e a produção cresce numa proporção menor;

• Rendimento Constantes de Escala: é quando todos os fatores de produção


crescem numa mesma proporção e a produção cresce na mesma proporção.

Equilíbrio da Firma, é a situação em que a firma maximiza sua produção, para


determinado custo total.

SUMÁRIO 47
ECONOMIA

2.1.3 TEORIA DOS CUSTOS ECONÔMICOS

O objetivo básico de uma firma é a maximização de seus resultados para a realização


e continuidade de sua atividade produtiva. Assim sendo, procurará sempre obter a
máxima produção possível em face da utilização de certa combinação de fatores. A
otimização dos resultados da firma poderá ser obtida quando for possível alcançar
um dos dois objetivos seguintes:

Maximizar a produção Minimizar o custo total para


para um dado custo total. um dado nível de produção.

Em qualquer uma das situações, a firma estará maximizando ou otimizando seus


resultados.

Conceitos:

Custo Econômico = Custos Privados + Custos Externos, sendo:

Custos Privados: são todos os custos necessários para se produzir uma mercadoria,
ou seja, são os fatores internos que alteram os custos das empresas.

Matéria-prima e trabalho.

Custos Externos: são os custos que surgem por necessidade externa à produção, pe-
las interferências exógenas e que devem ser pagas devido ao processo social.

48 SUMÁRIO
ECONOMIA

Fábrica de papel no reflorestamento e curtumes no


tratamento dos resíduos.

Custo Econômico = Custos Contábeis (explícitos) + Custos de Oportunidade


(implícitos).

Custos Contábeis: Valores que a empresa desembolsa na aquisição dos fatores de


produção (matérias-primas e insumos).

Matéria-prima e tratamento de resíduos.

Custos de Oportunidade (alternativo): Valores que se perdem com os recursos em


seu melhor uso alternativo. Por outro lado, custo de oportunidade de um fator de
produção corresponde ao melhor ganho que se poderia obter empregando-se esse
fator em outra atividade que não a produção da firma. Portanto, esses valores são
estimados a partir do que poderia ser ganho, no melhor uso alternativo.

Capital em caixa na empresa e o custo de oportunidade é o que a


empresa poderia estar ganhando, se estivesse aplicado no mercado
financeiro; O custo de oportunidade de investimento na ampliação
da empresa é o dinheiro que seria empregado no mercado financei-
ro; Quando a empresa tem prédio próprio, deve imputar um custo
de oportunidade, se tivesse que alugar o prédio.

SUMÁRIO 49
ECONOMIA

Externalidades (economias externas): As externalidades podem ser definidas como


as alterações de custos e benefícios para a sociedade derivadas da produção de em-
presas, ou também como as alterações de custos e receitas da empresa devidas a
fatores externos. Uma externalidade positiva, e quando uma unidade econômica cria
benefícios para outras, sem receber pagamentos por isso. Por exemplo: uma empre-
sa treina a mão de obra, que acaba, após o treinamento, transferindo-se para outra
empresa; beleza do jardim do vizinho, que valoriza sua casa; uma nova estrada; os
comerciantes de um mesmo ramo que se localizam na mesma região.

Temos externalidades negativas (ou deseconomia externa), quando uma unidade


econômica cria custos para outras, sem pagar por isso. Por exemplo, poluição e con-
gestionamento causados por automóveis, caminhões e ônibus; uma indústria que
polui um rio e impõe custos a atividades pesqueiras.

a) Curto Prazo: é período de tempo em que existem custos fixos e custos variáveis.

Conceitos:

Custo Total (CT) = Custos Fixos (CF) + Custos Variáveis (CV).

Custos Fixos (CF): custos que independem da quantidade produzida.


Ex: Aluguéis, máquinas.

Custos Variáveis (CV): custos que dependem da quantidade produzida.


Ex: salários, matérias-primas.

Custo Médio (CMe): é o quociente entre o custo total e a quantidade produzida, ou seja:

CMe = CT / Q.

Custo Fixo Médio = CF / Q.

Custo Variável Médio = CV / Q.

50 SUMÁRIO
ECONOMIA

Custo Marginal (CMg): é a relação existente entre a variação absoluta do custo total
decorrente da variação absoluta da quantidade produzida, ou seja:

CMg = ∆CT / ∆Q.

b) Longo Prazo: é o período de tempo em que todos os custos são variáveis.

Custo Total: Custo variável de longo prazo.

Objetivo da empresa: é atingir o Tamanho Ótimo de Firma, ou seja, Custo médio


mínimo de longo prazo.

A longo prazo, não existem fatores fixos e a forma da curva de custo médio de lon-
go prazo é determinada pelas economias ou deseconomias de escala. No início, à
medida que a produção se expande, a partir de níveis muito baixos, os rendimentos
crescentes de escala causam o declínio da curva de custo médio de longo prazo.
Mas, à medida que a produção se torna maior, as deseconomias de escala passam a
prevalecer, provocando o crescimento da curva.

A produção do Tamanho ótimo não é apenas uma produção ótima para uma dada
dimensão de planta escolhida, mas revela também a melhor dimensão de planta es-
colhida, isto é, aquela que iguala nos respectivos pontos de mínimos o custo médio
de curto e longo prazo. As empresas vão tentar manter rendimentos constantes de
escala no Tamanho ótimo de Firma.

Economias de Escala: é devido a indivisibilidade de equipamentos e da própria


planta (tamanho mínimo de plantas), a indivisibilidade de financiamentos, indivi-
sibilidade de pesquisa e operações mercadológicas, preços reduzidos dos fatores
(aquisições de matérias-primas em grandes quantidades), eficiência crescente da
gerência e especialização do trabalho. Economias de Escala ocorrem quando pode-
-se dobrar o produto e o custo não chega a dobrar.

Deseconomias de Escala: é devido a perda de eficiência da gerência em assumir


crescentes atividades complexas, custos crescentes dos fatores não produtivos (aper-
feiçoamento da mão de obra) e desenvolvimento de funções subsidiárias. Desecono-
mias de Escala ocorrem quando para obter o dobro da produção é necessário que
os custos mais do que dobrem.

SUMÁRIO 51
ECONOMIA

2.1.4 TEORIA DOS RENDIMENTOS

Os rendimentos auferidos por uma firma constituem o resultado da multiplicação da


quantidade (Q) vendida do produto pelo seu respectivo preço (P) de venda, ou seja:

RT = P x Q.

Receita total de vendas ou rendimento total, é o resultado da multiplicação da quan-


tidade vendida pelo seu preço de venda.

Receita Média (RMe): é o quociente entre a receita total e a quantidade vendida, ou seja:

RMe = RT / Q. RMe = preço

Receita Marginal (RMg): é a relação existente entre a variação absoluta da receita


total decorrente da variação absoluta da quantidade vendida, ou seja:

RMg = ∆RT / ∆Q.

Lucro Total (LT): é a diferença entre a receita total e o custo total, ou seja:

LT = RT – CT.

ANOTAÇÕES

52 SUMÁRIO
ECONOMIA

UNIDADE 3

OBJETIVO
Ao final desta
unidade,
esperamos:

> Diferenciar os tipos


de estrutura de
mercado existentes, e
compreender o papel
do CADE no Sistema
Brasileiro de Defesa da
Concorrência.

SUMÁRIO 53
ECONOMIA

3 ESTRUTURAS DE MERCADO

3.1 ESTRUTURAS DE MERCADO

Nas aulas anteriores vimos, quais variáveis afetam a demanda e a oferta de bens e
serviços, e como são determinados os preços, supondo sem interferências, o merca-
do automaticamente encontra seu equilíbrio. Implicitamente, estava sendo suposta
uma estrutura específica de mercado, qual seja, a de concorrência perfeita.

As várias formas ou estruturas de mercados dependem fundamentalmente de três


características:

- número de empresas que compõe esse mercado;

- tipo do produto ( se as firmas fabricam produtos idênticos ou diferenciados);

- se existem ou não barreiras ao acesso de novas empresas nesse mercado.

A maior parte dos modelos existentes pressupõe que as empresas maximizam o


lucro total, especificamente para o caso de estruturas oligopolistas de mercado, ve-
remos que existe uma teoria alternativa, que pressupõe que a empresa maximiza o
mark-up, que é margem entre a receita e os custos diretos (ou variáveis) de produção.

3.1.1.1 CONCORRÊNCIA PURA OU PERFEITA

É um tipo de mercado em que há um grande número de vendedores (empresas),


de tal sorte uma empresa, isoladamente, por ser insignificante, não afeta os níveis de
oferta do mercado e, consequentemente, o preço de equilíbrio.

Nesse tipo de mercado devem prevalecer ainda as seguintes premissas:

- Produtos homogêneos: Não existe diferenciação entre os produtos ofertados


pelas empresas concorrentes. Exemplos: produtos agrícolas, petróleo e cobre;

- Não existem barreiras para o ingresso de empresas no mercado, ou seja, é fácil


sair e entrar nesse mercado;

54 SUMÁRIO
ECONOMIA

- Transparência do mercado: Todas as informações sobre lucros, preços etc. são


conhecidas por todos os participantes do mercado.

3.1.1.2 MONOPÓLIO

O mercado monopolista se caracteriza por apresentar condições diametralmente


opostas às da concorrência perfeita. Nele existe, de um lado, um único empresário
(empresa) dominando inteiramente a oferta e, de outro, todos os consumidores. Não
há, portanto concorrência, nem produto substituto ou concorrente. Nesse caso, ou
os consumidores se submetem às condições impostas pelo vendedor, ou simples-
mente deixaram de consumir o produto. Nessa estrutura de mercado, a curva de
demanda da empresa é a própria curva de demanda do mercado como um todo.
Ao ser exclusiva no mercado, a empresa não estará sujeita aos preços vigentes. Mas
isso não significa que poderá aumentar os preços indefinidamente.

Para a existência de monopólios, deve haver barreiras que praticamente impeçam a


entrada de novas firmas no mercado. Essas barreiras podem advir das seguintes con-
dições: Monopólio puro, elevado volume de capital, patente e controle de matérias-pri-
mas básicas, existem ainda, os monopólios institucionais ou estatais em setores con-
siderados estratégicos ou de segurança nacional (petróleo, *energia, *comunicação).

3.1.1.3 OLIGOPÓLIO

É um tipo de estrutura normalmente caracterizada por um pequeno número de em-


presas que dominam a oferta de mercado. Pode caracterizar-se como um mercado
em que há um pequeno número de empresas, como a indústria automobilística, ou
então onde há um grande número de empresas, mas poucas dominam o mercado,
como a indústria de bebidas.

O setor produtivo no Brasil é altamente oligopolizado, sendo possível encontrar inú-


meros exemplos: montadoras de veículos, setor de cosméticos, indústria de papel,
indústria farmacêutica etc.

Nos oligopólios, tanto as quantidades ofertadas quanto os preços são fixados entre
as empresas por meio de cartéis. O cartel é uma organização formal ou informal de

SUMÁRIO 55
ECONOMIA

produtores dentro de um setor que determina a política de preços para todas as em-
presas que a ele pertencem. Podemos caracterizar também tanto oligopólios com
produtos diferenciados (como a indústria automobilística) como oligopólios com
produtos homogêneos (alumínio).

3.1.1.4 CONCORRÊNCIA MONOPOLISTA

Trata-se de uma estrutura de mercado intermediária entre a concorrência perfeita e


o monopólio, mas que não se confunde com o oligopólio, pelas seguintes caracte-
rísticas:

- Número relativamente grande de empresas com certo poder concorrencial, po-


rém com segmentos de mercados e produtos diferenciados, seja por caracterís-
ticas físicas, embalagem ou prestação de serviços complementares (pós-venda);

- Margem de manobra para fixação dos preços não muito ampla, uma vez que
existem produtos substitutos no mercado.

Essas características acabam dando um pequeno poder monopolista sobre o preço


de seu produto, embora o mercado seja competitivo (daí o nome concorrência mo-
nopolista). O monopólio, oligopólio, e concorrência monopolista são estruturas de
mercados diferente da Concorrência Perfeita, e por isso conhecido como Concorrên-
cia Imperfeita.

CARACTERÍSTICAS DAS ESTRUTURAS DE MERCADOS BÁSICAS

CONDIÇÕES CONTROLE
NÚMERO DE DIFERENCIAÇÃO
ESTRUTURA DE ENTRADA SOBRE EXEMPLO
EMPRESAS DO PRODUTO
E SAÍDA O PREÇO

Concorrência Produtos
Muitos Fácil Nenhum Feira livre
Perfeita Padronizados

Concorrência Produto Relativamente


Considerável Leve Hotéis
Monopolística Diferenciado Fácil

Monopólio Um Produto único Bloqueada Forte Correios

Diferenciado
Oligopólio Poucas Difícil Considerável Automóveis
Padronizado

56 SUMÁRIO
ECONOMIA

3.1.2 ESTRUTURA DO MERCADO DE FATORES DE


PRODUÇÃO

Até aqui identificamos as estruturas de mercados de bens e serviços. O mercado de


fatores de produção – mão de obra, capital, terra e tecnologia – também apresenta
diferentes estruturas.

As estruturas no mercado de fatores de produção são resumidas a seguir:

3.1.2.1 CONCORRÊNCIA PERFEITA NO MERCADO DE


FATORES

É um mercado onde existe oferta abundante do fator de produção (por exemplo),

(Mão de obra não especializada), o que torna o preço desse fator constante. Os ofer-
tantes ou fornecedores, como são em grande número, não têm condições de obter
preços mais elevados por seus serviços.

3.1.2.2 MONOPSÔNIO

Trata-se de uma forma de mercado na qual há somente um comprador para muitos


vendedores dos serviços dos insumos. É o caso da empresa que se instala em uma
determinada cidade do interior e, por ser a única, torna-se demandante exclusiva da
mão de obra local e das cidades próximas, tendo para si a totalidade da oferta de
mão de obra.

3.1.2.3 OLIGOPSÔNIO

É um mercado onde existem poucos compradores que dominam o mercado para


muitos vendedores. Exemplo: indústria de laticínios. Em cada cidade existem dois ou
três laticínios que adquirem a maior parte do leite dos inúmeros produtores rurais
locais. A indústria automobilística, além de oligopolista no mercado de bens e servi-
ços, também é oligopsonista na compra de autopeças.

SUMÁRIO 57
ECONOMIA

3.1.2.4 MONOPÓLIO BILATERAL

O monopólio bilateral ocorre quando um monopsonista, na compra de um fator de


produção, defronta-se com um monopolista na venda deste fator. Por exemplo, só
a empresa A compra um tipo de aço que é produzido apenas pela siderúrgica B. A
empresa A é monopsonista, porque só ela compra esse tipo de aço, e a siderúrgica B
é monopolista, porque só ela vende este tipo de aço.

Nesses casos, a determinação dos preços de mercado dependerá não só de fatores


econômicos, mas do poder de barganha de ambos: o monopsonista tentando pagar
o preço mais baixo (usando a força de ser o único comprador), e o monopolista ten-
tando vender por um preço mais elevado (usando o poder de ser o único fornecedor).

3.1.3 AS EMPRESAS E O MERCADO

Muitas vezes as empresas buscam uma postura agressiva no mercado a fim de elimi-
nar a concorrência e obter maiores lucros. No entanto, sabemos da importância da
concorrência para melhorar a qualidade dos produtos bem como para causar uma
diminuição do preço.

De tal modo buscamos estudar o caso brasileiro evidenciando o papel do Conselho


Administrativo de Defesa Econômica (CADE), frente a algumas posturas adotadas
pelas empresas no mercado competitivo.

3.1.3.1 CONCENTRAÇÃO ECONÔMICA NO BRASIL - O CADE

O conceito de consolidação empresarial teve


início no Ocidente, no início do séc. XVII, na
época da dominação colonial do império
britânico. A coroa inglesa incentivou a for-
mação de um empreendimento que conso-
lidasse fatores financeiros, habilidade mer-
cantil, transporte marítimo e transformação
industrial das riquezas naturais das colônias.

58 SUMÁRIO
ECONOMIA

Surgiu então a primeira empresa holding do Ocidente, a “East India Trade Company”,
em 1604, que operou até o começo do século XIX, dominando o comércio entre as
ilhas britânicas e parte do continente asiático.

A holding pode ser definida como uma empresa que opera em vários setores da
economia. Um exemplo de holding são os zaibatsus japoneses. O zaibatsu do conde
Mitsui Bussam Kaisha, por exemplo, controlava um império econômico: finanças, se-
guros, atacado e varejo, construção civil, indústrias de mineração, alimentícia, têxtil,
química, de papel, de vidro, automobilística ótica e negócios imobiliários.

Desde o fim do século XIX, a disputa entre as empresas tomou a forma de guerra
entre Estados. Cada governo passou a aplicar barreiras tarifárias para proteger “suas
empresas” contra as estrangeiras. Dentro de cada país eram promovidos acordos de
cartéis, pelos quais várias empresas fixavam preços e dividiam mercados, com a cum-
plicidade do próprio governo. Cada país passou a cobiçar colônias, para dar às “suas
empresas” acesso privilegiado a matérias-primas e a um mercado consumidor maior.

Em 1937, foi introduzido no Congresso norte-americano um anteprojeto de lei para


controlar a formação de trustes e conglomerados monopolísticos, que com seu po-
der econômico poderiam eventualmente estrangular o livre desenvolvimento de
empresas da iniciativa privada nos Estados Unidos. Hoje ainda existe um controle
minucioso das fusões de empresas. Em alguns setores, já se permite que as com-
panhias engulam concorrentes até se tornarem gigantescas. Nesses setores, como o
das telecomunicações e o do entretenimento, chegou-se à conclusão de que com-
panhias enormes podem trabalhar com mais eficiência. Em outros setores, como o
das autopeças, a lei é mais conservadora. A Federal Trade Comission (FTC) é a insti-
tuição que zela pelo bom comportamento das companhias no mercado americano.

A grande empresa americana cresceu em regime de competição total, quase selva-


gem, e pouca ou nenhuma proteção do Estado. Nos EUA, a extensão territorial levou
ao desenvolvimento de uma nova estrutura gerencial, que permite vencer grandes
distâncias, sem prejuízo da flexibilidade tática regional. A empresa surgida a partir
daí, com comando estratégico centralizado e uma estrutura multidivisional, confe-
rindo liberdade tática a cada divisão, - as subsidiárias espalhadas pelo mundo como
extensão natural do mercado norte-americano - era a multinacional típica do início
do século até o final dos anos 60. Atualmente, oportunidades e pressões para o cres-
cimento de empreendimentos, combinadas com o alto custo de capital de terceiros,

SUMÁRIO 59
ECONOMIA

substituem a política de controle absoluto ou de estabelecimento de subsidiárias ou


filiais pelas técnicas de fusão, participação acionária e joint ventures.

A joint venture pode ser definida como uma fusão de interesses entre uma empresa
com um grupo econômico, pessoas jurídicas ou pessoas físicas que desejam expan-
dir sua base econômica com estratégias de expansão e diversificação, com propósito
explícito de lucros ou benefícios, com duração permanente ou a prazos determina-
dos. Um modelo típico de joint venture seria a transação entre o proprietário de um
terreno de excelente localização e uma empresa de construção civil, interessada em
levantar um prédio sobre o local. Ou ainda, um inventor de um novo processo, pro-
duto ou tecnologia associado a um capitalista para formar infraestrutura adequada
para a fabricação ou realização da tecnologia por meio de joint venture. Outro exem-
plo de joint venture seria um fabricante de conservas de alimentos que oferecesse
uma fusão de interesses para um fazendeiro, que controlasse a matéria-prima em
quantidade e qualidade adequadas para transformação em alimentos conservados.
Existe ainda uma certa inibição entre executivos perante a fusão empresarial por
joint venture, em caso de transferência de tecnologia ou qualquer outro ativo intan-
gível que não possui proteção legal, patentes e marcas registradas, que poderiam
ficar no domínio público, uma vez utilizado como aporte de capital para uma tran-
sação de joint venture.

3.1.3.2 O QUE FAZ O CADE

O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) funciona no Ministério da


Justiça. Negócios que implicam no controle, por uma única companhia, de mais de
20% do mercado, ou em que qualquer um dos participantes tenha faturamento
bruto anual equivalente a 100 milhões de Ufirs (R$ 88,47 milhões) ou mais, incluindo
os ocorridos no setor de serviços, têm de passar pelo crivo do Cade. Isto é o que está
previsto em lei. Os conselheiros do Cade devem autorizar ou não as fusões.

Uma das atividades do Cade envolve exames de atos de concentração econômica tais
como fusões, aquisições, joint ventures ou incorporações. Este controle no Brasil foi insti-
tuído pela Lei Federal 8.884 de junho de 1994, a lei de Defesa da Concorrência. De acor-
do com essa Lei Federal as operações como fusões, aquisições, joint ventures ou incorpo-
rações podiam ser comunicadas ao Cade depois de serem consumadas, o que fazia do
Brasil um dos únicos países do mundo a adotar um controle de estruturas a posteriori.

60 SUMÁRIO
ECONOMIA

A Lei Federal 12.529 de 30 de novembro de 2011 reestruturou o Sistema Brasileiro de


Defesa a Concorrência (SBDC). A partir dessa lei há exigência de submissão prévia ao
Cade de fusões e aquisições de empresas que possam ter efeitos anticompetitivos.

EXEMPLOS DE ATUAÇÃO DO CADE:

O caso GERDAU

Há um ano o Cade vetou a compra da Siderúrgica Pain pelo grupo Gerdau, realizada
em fevereiro de 1994, mas ainda não encontrou um caminho para executar esta deci-
são que mandou desfazer uma compra avaliada em R$ 50 milhões.

O Cade já proibiu a operação por duas vezes, em março e outubro do ano passado,
quando apreciou um pedido de reconsideração da decisão formulado pelo grupo Ger-
dau. Os conselheiros concluíram que a incorporação da Pains pelo grupo Gerdau cons-
tituiria uma nova barreira à livre concorrência no mercado de aços longos comuns (bar-
ras, fios de máquinas...). A compra da Pains aumentou a participação nesse mercado de
39,6% para 46,2%.

Em outubro, o caso Gerdau-Pains provocou uma crise no Cade: a procuradora geral do


órgão, Marusa Freire entrou na Justiça Federal com uma ação pedindo a dissolução da
compra da Siderúrgica Pains pelo grupo Gerdau.

O presidente do Cade desautorizou publicamente a procuradora, afirmando que a ini-


ciativa procuradora feria a lei de defesa da concorrência à medida que a determinação
da execução é do plenário. O advogado do grupo Gerdau disse que a decisão que
determinou a desconstituição da incorporação da Pains não é passível de execução
imediata na Justiça. “É impossível fazer as partes voltarem ao estado anterior. O ato foi
realizado no exterior, em 25 de fevereiro de 1994, entre empresas estrangeiras. O ne-
gócio nunca poderia ser anulado no Brasil. O que a lei brasileira determina é que o ato
esteja de acordo com as normas da Lei de Defesa da Concorrência."

Fonte: Conselho Administrativo de Defesa Econômica

SUMÁRIO 61
ECONOMIA

EXEMPLOS DE ATUAÇÃO DO CADE:

O caso KOLYNOS

A compra da Kolynos do Brasil pela Colgate-Palmolive norte-americana envolveu um


montante de US$ 1,040 bilhão, dos quais US$ 760 milhões relativos ao mercado brasi-
leiro. Esta aquisição provocou protestos da Procter & Gamble (P&G), também interessa-
da na compra. Em sua queixa antitruste, a P & G afirma que a combinação da Kolynos,
detendo 52% do mercado, e a Colgate, com 27% de participação, iria criar uma força
avassaladora no setor de higiene bucal (detendo 79% mercado), capaz de esmagar as
concorrentes.

No caso da Kolynos havia quatro hipóteses de pareceres: a aprovação total do negócio,


a aprovação com termo de compromisso (do tipo, durante um período de tempo a
Colgate se comprometeria a fazer investimentos preestabelecidos, a manter unidades
de produção, o que garantiria a defesa da concorrência), a reprovação parcial (o Cade
poderia determinar a venda de parte das ações da Kolynos ou a formação de “joint ven-
tures”) ou ainda a rejeição completa (quando a Colgate teria de se desfazer totalmente
das ações adquiridas). Se a Colgate não concordasse com a decisão do Cade, ela teria
três saídas: recorrer ao Cade, abrir o capital da Kolynos, ou ainda recorrer à Justiça.

Em 18 de setembro, o Cade aprovou a compra da Kolynos do Brasil pela norte-ame-


ricana Colgate-Palmolive. Depois de quase dois anos da conclusão da operação, seis
dos sete conselheiros do Cade aprovaram a compra com a condição de que a Colgate
suspenda a fabricação e a venda de cremes dentais com a marca Kolynos pelo prazo
de quatro anos.

O Cade deu ainda outras duas alternativas para a Colgate. Em vez de suspender o uso
da marca Kolynos nos cremes dentais, a companhia poderá licenciar exclusivamente
a marca para outro fabricante, pelo prazo de 20 anos (neste caso, a Colgate deve fazer
uma oferta pública, seja por meio de leilão ou publicação em jornal), ou simplesmente
vendê-la para um concorrente que não detenha mais de 1% do mercado.

Caso a Colgate aceite suspender a marca pelo prazo de 4 anos, ela está autorizada a
licenciar a marca durante este período na forma de licença para a formação de marca
dupla, com cláusula de desaparecimento gradual. Neste caso, um potencial concorren-

62 SUMÁRIO
ECONOMIA

te pode associar uma marca desconhecida à marca Kolynos, durante o prazo de quatro
anos. Neste período, de forma gradual, a marca Kolynos iria desaparecendo da emba-
lagem, até ser restituída à Colgate. Esta saída permitiria à Colgate utilizar economica-
mente a marca durante o prazo de suspensão, e também ao licenciado introduzir uma
nova marca no mercado, reduzindo os efeitos que o Cade entendeu como maléficos da
posição dominante que a Colgate obteve com a compra da Kolynos.

O Cade proibiu ainda a Colgate de vender no Brasil cremes dentais Kolynos fabrica-
dos em outros países da América Latina (a companhia poderia driblar a suspensão
de comercialização importando os próprios produtos fabricados fora do país). O Cade
não impôs restrições à utilização da marca Kolynos nos mercados de escova dental,
fio dental e enxaguante bucal. Também não fez restrição à aquisição das instalações
industriais da Kolynos em São Bernardo do Campo.

A Colgate tinha um prazo de 60 dias, a contar da data de divulgação do parecer, para


optar por uma das 3 alternativas dadas para o caso. Se ultrapassasse este prazo, teria
de arcar com uma multa diária de R$ 80 mil. A conselheira do Cade, Lucia Helena Sal-
gado e Silva recebeu no dia 25 de outubro a resposta da Colgate sobre qual o destino
que a fabricante de cremes dentais vai dar para a Kolynos. A empresa escolheu entre
as 3 alternativas dadas pelo Cade e pediu sigilo à relatora do processo sobre a opção. A
procuradora atendeu ao pedido de manutenção do sigilo a fim de se evitar a prejuízos
aos interesses comerciais da Colgate.

Fonte: Conselho Administrativo de Defesa Econômica

ANOTAÇÕES

SUMÁRIO 63
ECONOMIA

UNIDADE 4

OBJETIVO
Ao final desta
unidade,
esperamos:

> Compreender o PIB, suas


diferentes fórmulas de
cálculo, e impacto na
economia.

64 SUMÁRIO
ECONOMIA

4 O PRODUTO INTERNO
BRUTO (PIB)

4.1 MACROECONOMIA

Os macroeconomistas são cientistas que procuram explicar o funcionamento da


economia como um todo, reúnem dados sobre rendas, preços, desemprego e outras
variáveis em diferentes épocas e diferentes países. Procuram então elaborar teorias
gerais que ajudem a explicar esses dados.

A macroeconomia é, sem dúvida, uma ciência jovem e imperfeita. Contudo, atual-


mente já sabemos uma grande quantidade de coisas a respeito do funcionamento
da economia. Não estudamos macroeconomia apenas para explicar os fatos econô-
micos; também queremos aperfeiçoar a política econômica. Os instrumentos fiscais
e monetários do governo podem exercer uma influência poderosa - para o bem ou
para o mal – sobre a economia. O conhecimento da macroeconomia ajuda as auto-
ridades públicas a avaliarem políticas alternativas. Os economistas são chamados a
explicar o mundo econômico como ele é e refletir sobre como poderia ser.

4.1.1 MENSURAÇÃO DA ATIVIDADE ECONÔMICA

Um dos termos mais conhecidos em economia é o PIB (Produto Interno Bruto) que
é a soma de todos os bens e serviços produzidos em um país em determinado pe-
ríodo. Ele é utilizado para medir o desempenho econômico de um país, ou seja, o
nível de atividade econômica (produção ou consumo). Para entender a metodologia
do PIB e sua importância faz-se necessário o entendimento de alguns mecanismos
da ciência econômica. No Brasil, o PIB é calculado através da Contabilidade Social ou
Contabilidade Nacional sendo que o órgão oficial responsável pelo cálculo é o IBGE
(Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

A análise macroeconômica trata da formação e distribuição do produto e da renda


gerados pela atividade econômica, a partir do fluxo contínuo estabelecidos entre os

SUMÁRIO 65
ECONOMIA

Agentes econômicos (Famílias, Empresas, Governo e Setor Externo).

4.1.2 FLUXO CIRCULAR DE RENDA E PRODUTO

O Fluxo Circular de Renda e do Produto permite compreender como as Famílias e as


Empresas participam do processo produtivo no mercado de bens e serviços (merca-
do do produto) e no mercado dos fatores de produção. As famílias fornecem Capital,
Terra (Recursos Naturais) e Trabalho representados pelos Fatores de Produção às
Empresas. As Empresas produzem os bens e serviços que são fornecidos às Famílias.

O Fluxo Monetário e o Fluxo Real formam juntos o Fluxo Circular de Renda. As Em-
presas remuneram as Famílias com salários, aluguéis, juros e lucros pelo fornecimen-
to dos fatores de produção. Esta remuneração torna-se a Renda das Famílias. De
posse da Renda as Famílias gastam (pagam) pelos bens e serviços fornecidos pelas
empresas que geram as receitas das empresas.

Existem 3 formas de mensurar a atividade econômica (PIB):

Produto Despesa Renda

Para mensurar o PIB são considerados apenas os bens e serviços finais produzidos
em um país.

4.1.3 PRODUTO NACIONAL

A mensuração do PIB pela ótica do PRODUTO NACIONAL (PN) é o valor de todos os


bens e serviços finais, medidos a preços de mercado, produzidos em um período sendo:

n
PN = ∑ qi * pi
i =1

66 SUMÁRIO
ECONOMIA

Sendo:
PN = Produto Nacional.

q = Quantidade produzida dos bens e serviços finais.

p = Preço unitário dos bens e serviços finais.

Exemplo: Em um período um País apresentou os seguintes dados de produção e


preços:

PRODUTO TOTAL
BENS/SERVIÇOS QUANTIDADE PREÇO UNITÁRIO
(q*p)

Feijão (tonelada) 500 R$ 600,00 R$ 300.000,00

Automóveis
8100 R$ 30.000,00 R$ 3.000.000,00
(unidades)

Tarifa de ônibus
20.000,0 R$ 2,50 R$ 50.000,00
(unidades)

TOTAL R$ 3.350.000,00

O PIB total pela ótica do Produto Nacional é R$ 3.350.000,00 sendo:

PN = q Feijão * p Feijão + q Automóveis * p Automóveis + q Tarifa ônibus * p Tarifa


ônibus.

Ao medirmos a Produção Nacional do país pela ótica do produto surge o problema


de computarmos mais de uma vez um bem no PN e superestimá-lo. De tal modo,
devemos excluir os bens que são utilizados na produção de outros bens, e computar
apenas os bens e serviços finais. Por exemplo, o automóvel é um bem final, e nesse
caso, devemos desconsiderar para o cálculo do PN os componentes utilizados em
sua montagem tais como pneus e vidros, pois isso já está incluso no preço do veícu-
lo. Se incluirmos esses itens nos cálculos, podemos está cometendo o problema da
dupla contagem.

Uma solução para o problema da dupla contagem é o cálculo do Valor Adicionado


ou Valor Agregado que consiste no valor que se adiciona ao produto em cada está-
gio de produção, ou seja, é a renda adicionada por cada setor produtivo. Somando o

SUMÁRIO 67
ECONOMIA

valor adicionado em cada estágio de produção, chega-se ao produto final da econo-


mia. O valor adicionado é calculado pela diferença entre a receita de vendas, menos
o custo dos bens intermediários.

Exemplo: A Tabela abaixo apresenta o valor adicionado em cada um dos setores da


cadeia de produção do setor automobilístico em um período. Calcule o PIB pela óti-
ca do Valor Adicionado:

ETAPA/SETOR MINERADORA SIDERÚRGICA MONTADORA TOTAL

VENDAS EM
200 500 900
MILHÕES (R$)

COMPRAS
INTERMEDIÁRIAS
0 200 500
(MATÉRIA-PRIMA)
EM MILHÕES (R$)

VALOR
ADICIONADO EM 200 300 400 =900,0
MILHÕES (R$)

Na etapa inicial o setor de mineração faz a extração direta do minério de ferro da


natureza e vende seu produto por R$ 200,0 milhões. Nota-se que em função de ser
o primeiro estágio da cadeia de produção, neste caso não houve compras interme-
diárias de matéria-prima.

Na segunda etapa, o setor siderúrgico compra o minério de ferro por R$ 200,0 mi-
lhões para produção de aço. Sua produção é vendida por R$ 500,0 milhões, sendo
que nesta etapa o valor adicionado foi de R$ 300,0 milhões. Finalizando na terceira
etapa, a montadora de veículos compra o aço por R$ 500,0 milhões para produzir os
veículos. Os veículos são vendidos ao consumidor final por R$ 900,0 milhões, sendo
que nesta etapa o valor adicionado foi de R$ 400,0 milhões.

O PIB medido pelo valor adicionado é obtido por:

Valor adicionado = ∑ 200 + 300 + 400 = 900,0

68 SUMÁRIO
ECONOMIA

Assim, o PIB pela ótica do valor adicionado foi de 900,0. Pode-se notar que é o mes-
mo valor das vendas finais dos veículos pelas montadoras.

4.1.4 DESPESA NACIONAL

Na mensuração do PIB pela ótica da DESPESA NACIONAL (DN) pode-se determinar


como os agentes econômicos gastam o produto Nacional. São revelados quais são
os setores compradores do Produto Nacional. Isso significa que o produto nacional
é vendido para os quatro agentes de despesas: (Consumidores, empresas, governo e
setor externo).

DN = C + I + G + (X – M)

Sendo:

DN = Despesa Nacional = PIB

C = Consumo das Famílias (Despesas das Famílias com bens e serviços finais). Ex.:
Consumo das famílias com automóveis, geladeira, TV, Educação, Transporte público
e alimentos.

I = Investimento das Empresas (Parcela do PIB destinada ao investimento em ati-


vos que ampliam a capacidade de produção da economia). Ex.: Construção de uma
nova fábrica, Construção de um aeroporto, estradas, rodovias além de máquinas e
equipamentos para produção.

G = Gastos do Governo (Setor Público). Representa os gastos do Governo Federal,


Estadual e Municipal. Ex.: Serviços do Governo: Justiça, Educação e Saneamento.
As despesas do Governo concentram-se em Despesa de Custeio (Salários e mate-
riais para manutenção e funcionamento da máquina pública) e Despesa de Capital
(Construção de hospitais e escolas).

X = Exportação. Representa os bens e serviços produzidos dentro do País e exportados


(enviados) para fora do País. Ex.: Brasil produz minério de ferro e exporta para a China.

SUMÁRIO 69
ECONOMIA

M= Importação. Representa os bens e serviços consumidos no País mas que são im-
portados (comprados) em outros países. Ex.: Um consumidor no Brasil adquiriu um
computador comprado (importado) da China.

Algumas considerações sobre Exportações e Importações:

Saldo na Balança comercial = Exportações – Importações. Representa o saldo do


comércio de produtos do País com o resto do mundo.

Quando as Exportações são maiores que as Importações temos o Superávit Comer-


cial. Neste caso o País exportou mais do que importou.

Quando as Importações são maiores que as Exportações temos o Déficit Comercial.


Neste caso as importações são maiores que as exportações. Para ver resultados sobre
o Brasil consultar tabela abaixo.

CONTA VALOR (BILHÕES DE R$)

Consumo das famílias 250

Investimentos 55

Gastos do Governo 50

Exportações 80

Importações 60

Calcule:

1) O PIB pela ótica da Despesa Nacional.

PIB = 250 + 55 + 50 + (80-60)

PIB = 375

70 SUMÁRIO
ECONOMIA

2) O saldo na Balança comercial indicando se houve superávit ou déficit.

(X – M) = 80 – 60 = 20

Superávit de 20.

4.1.5 POUPANÇA E INVESTIMENTOS AGREGADOS

Sabe-se que o nível de investimentos é determinante para a consolidação do cres-


cimento econômico sustentado de um país. Em economias com baixa capacidade
de investimento observa-se problemas de infraestrutura como baixa capacidade de
escoamento da produção, atraso tecnológico e baixa capacidade das empresas em
ampliar a produção principalmente em cenários de aquecimento da demanda.

O que determina o nível de INVESTIMENTOS em uma economia é sua capacidade


de gerar POUPANÇA, ou seja, quanto maior a poupança, maior a capacidade de in-
vestimento, ampliando assim a capacidade produtiva e promovendo crescimento
econômico. De forma análoga, uma menor poupança proporciona uma menor ca-
pacidade de investimento, diminuição da capacidade produtiva e do crescimento
econômico.

A Poupança Agregada é formada por:

Poupança do
Poupança Privada Poupança Externa
Governo ou Setor
(Sp); (Se).
Público (Sg);

4.1.6 ANÁLISE DE CENÁRIOS DA ATIVIDADE


ECONÔMICA

A) Expansão da atividade econômica (também chamado de crescimento econômi-


co ou crescimento do PIB). Este cenário é mais atrativo para novos investimentos nas
atividades produtivas, pois sinaliza um aumento do nível de emprego, do consumo
em geral, ou seja, a empresa pode obter maior êxito ao desejar ampliar sua produção
e seu faturamento.

SUMÁRIO 71
ECONOMIA

B) Retração da atividade econômica (ou queda do PIB). Este cenário já não é tão
atrativo para novos investimentos, pois sinaliza uma retração (queda) do consumo
em geral, gerando problemas como dificuldade na obtenção de crédito, aumento
de desemprego e outros fatores. Um novo investimento por parte da empresa neste
cenário pode não corresponder às expectativas de aumento de seu faturamento.

4.1.7 RENDA NACIONAL

Outra forma utilizada pelo IBGE para identificar o PIB é através da Renda Nacional.
Por esta forma são contabilizados os rendimentos (Salários, Juros, Aluguéis e Lucros)
pagos aos fatores de produção: Recursos Naturais, Trabalho e Capital.

Salários
Recursos Naturais
Juros FATORES DE
Trabalho
Aluguéis PRODUÇÃO
Capital
Lucros REMUNERAÇÃO (pagamento)

Exemplo: no ano 2009 foram contabilizados os seguintes rendimentos pagos aos


fatores de produção em um determinado país:

CONTA VALOR (BILHÕES DE R$)

Salários 413,0

Juros 180,0

Aluguéis 244,0

Lucros 158,0

72 SUMÁRIO
ECONOMIA

O PIB pela ótica da Renda Nacional é obtido por:

RN = ∑ Salários + Juros + Aluguéis + Lucros RN = 413,0 + 180,0 + 244,0 + 158,0 = 995

4.1.8 PIB PER CAPITA

Para identificar a diferença do nível de riqueza da população de vários Países, Esta-


dos ou Municípios pode-se utilizar o conceito de PIB Per capita que é encontrado
através da divisão do PIB pelo número de habitantes.

PIB Per capita do Brasil em 2009:


PIB Per capta = PIB = R$ 3.142.969.134,00 =
Número de habitantes 191.481

R$ 16.414,00

Isto quer dizer que a renda média do PIB Brasileiro no ano 2009 foi de R$ 16.414,00.
Quanto mais desenvolvido é o País, maior é a renda per capita.

Como já determinamos anteriormente, o PIB é a soma de todos os bens e serviços


finais produzidos no País em um determinado momento. É importante destacar que
para produzir o PIB dentro do País, podem ser utilizados fatores de produção perten-
centes aos residentes e aos não residentes no país.

A matriz de uma empresa automobilística situada na França envia o


fator de produção capital (recursos financeiros) para sua filial no Brasil
para aumentar a produção de automóveis. Isto quer dizer que o ca-
pital pertence aos não residentes no Brasil. Após a produção e venda
dos veículos no Brasil, o lucro é enviado para a matriz na França, ou
seja, foi enviada renda produzida no Brasil para fora do País, neste
caso para a França.

SUMÁRIO 73
ECONOMIA

Da mesma forma o Brasil pode manter uma filial de uma construtora em um País
Africano e o lucro da construtora ser enviado para o Brasil. Desta forma o Brasil está
recebendo renda do exterior. Somando ao PIB a renda recebida do exterior e sub-
traindo a renda enviada ao exterior, tem-se o Produto Nacional Bruto (PNB), que é a
renda efetivamente pertencente aos residentes do país.

PNB = PIB + Renda recebida do exterior – Renda enviada ao exterior.

A diferença entre a renda recebida e a renda enviada ao exterior é chamada de Ren-


da Líquida do Exterior (RLE).

PNB = PIB + RLE.

No Brasil em 2010, o resultado do PIB foi de R$ 3.675.000.000.000,00 sendo que o


saldo da renda líquida enviada ao exterior foi de R$ (68.100.000.000,00), neste caso
um valor negativo, pois o Brasil enviou mais renda do que recebeu. Desta forma o
PNB é dado por:

PNB = PIB + RLE.

PNB = R$ 3.675.000.000.000,00 + R$ (68.100.000.000,00) = 3.606.900.000.000,00.

Logo, PNB < PIB no caso do Brasil, em países mais avançados o PNB é maior que
o PIB, pois estes países possuem muitas empresas multinacionais produzindo em
vários países.

74 SUMÁRIO
ECONOMIA

4.1.9 PIB NOMINAL E PIB REAL

O PIB Nominal é o PIB medido a preços correntes do próprio ano analisado.

Ex.: PIB 2010= q2010 x p2010.

O indicador mais importante de mensuração do PIB é o PIB REAL, pois este apresen-
ta essencialmente o crescimento físico da produção desconsiderando os aumentos
de preços, ou seja, desconta a inflação no período.

Para determinar o crescimento real da economia em 2010 é necessário utilizar os


preços constantes do ano 2009.

Ex.: PIB 2010 = = q2010 x p2009.

Vamos supor uma economia simplificada que existem apenas dois bens, laranjas e
maçãs. Observe o cálculo do PIB nominal do ano de 2015.

QUANTIDADE
PREÇO R$ PRODUTO
(UNIDADE)

Laranjas (quilo) 3,00 200 600

Maçãs (quilo) 4,00 300 1200

PIB 1800

Agora observe o cálculo nominal do PIB de 2016, nessa mesma economia.

QUANTIDADE
PREÇO R$ PRODUTO
(UNIDADE)

Laranjas (quilo) 3,50 220 770

Maçãs (quilo) 4,50 340 1530

PIB 2300

SUMÁRIO 75
ECONOMIA

Dizemos que o PIB é nominal, porque ele foi medido a preços do ano corrente. Uma
grande parte da elevação do PIB de 2015 para 2016 da economia acima é devido ao
aumento de preços, ou seja, a inflação, e não devido ao crescimento da produção.

Para contornar esse problema, os economistas elegem um ano como ano base, e uti-
lizam os preços desse ano para medir o PIB. Assim, é possível medir o aumento real
da produção. A tabela abaixo mostra o PIB de 2016 medido a preços de 2015. De tal
modo, é possível saber a real situação do PIB, por esse motivo chamamos de PIB Real.

QUANTIDADE
PREÇO R$ PRODUTO
(UNIDADE)

Laranjas (quilo) 3,00 220 660

Maçãs (quilo) 4,00 340 1360

PIB 2020

Na suposta economia simplificada, em 2015 o PIB foi de R$1800,00, já em 2016 foi


de R$1020,00, ou seja, houve um crescimento real de 12,22%.

ANOTAÇÕES

76 SUMÁRIO
ECONOMIA

UNIDADE 5

OBJETIVO
Ao final desta
unidade,
esperamos:

> Ao final desta unidade


esperamos que o aluno
seja capaz de:

> Compreender o
funcionamento do
Sistema Monetário
brasileiro, especificando
as funções da moeda e o
papel do Banco Central;

> Compreender as políticas


macroeconômicas e o
processo inflacionário;

SUMÁRIO 77
ECONOMIA

5 SISTEMA MONETÁRIO
E POLÍTICAS
MACROECONÔMICAS

5.1 O SISTEMA MONETÁRIO

Quando você vai ao barbeiro ou cabeleireiro a fim de cortar o cabelo, você pode efe-
tuar o pagamento por meio de um papel que nós conhecemos como dinheiro, ou
um papel com o nome do banco e sua assinatura na qual conhecemos como cheque.

O cabeleireiro fica feliz por receber esses papéis em troca de seu trabalho. A acei-
tação da parte dele provém da confiança de que, futuramente uma terceira pessoa
aceite os papéis em troca de algo que tem valor para ele. Para as pessoas em nossa
sociedade, o seu dinheiro ou cheque representa um direito futuro a bens e serviços.

O uso social da moeda nas transações é extremamente útil em sociedades grandes e


complexas. Imagine, por um instante, que não existisse qualquer item na economia
que não fosse amplamente aceito em troca de bens e serviços. Para cuidar do seu
cabelo, você deveria oferecer ao seu cabeleireiro algo de valor imediato. Por exem-
plo, você poderia se oferecer para varrer o chão do salão, ou ensinar economia para
ele. Em uma economia assim diz que o comércio exige uma dupla coincidência de
desejos, a difícil situação em que duas pessoas têm, cada uma delas, o bem ou ser-
viço que a outra deseja. Esta seria uma economia que depende do escambo e terá
dificuldades para alocar eficientemente seus recursos escassos.

Moeda é o conjunto de ativos de uma economia que as


pessoas usam regularmente para comprar bens e serviços
de outras pessoas.

78 SUMÁRIO
ECONOMIA

5.1.1 FUNÇÕES DA MOEDA

Na economia, a moeda tem três funções:

Meio de troca => é aquilo que os compradores dão aos vendedores em troca de bens
e serviço.

Unidade de conta => instrumentos que as pessoas usam para anunciar preços e
registrar débito. Quando você vai às compras, você pode observar que uma camisa
custa R$20 e um hambúrguer custa R$ 2. Mesmo se é exato dizer que uma camisa
custa 10 hambúrgueres e um hambúrguer custa 1/10 camisas, os preços nunca são
cotados desta forma. Da mesma forma, quando você toma um empréstimo no ban-
co, o montante de suas prestações futuras será medido em reais, e não em quanti-
dade de bens e serviços.

Reserva de valor => é aquilo que as pessoas podem usar para transferir poder aquisi-
tivo do presente para o futuro. Quando um vendedor aceita moeda hoje em troca de
um bem ou serviço, este vendedor pode guardar o dinheiro e tornar-se comprador
de um bem ou serviço mais adiante. Obviamente, a moeda não é a única reserva
de valor da economia. Uma pessoa pose transferir poder aquisitivo do presente para
o futuro guardando títulos, ações, objetos de arte ou até selos de correio. O termo
riqueza se refere ao total de todas as reservas de valor, incluindo tanta moeda como
ativos não monetários.

Os economistas usam o termo liquidez para descrever a facilidade com que um ati-
vo pode ser convertido no meio de troca da economia. Como a moeda é o meio de
troca da economia, ela é o mais líquido dos ativos disponíveis. Outros ativos variam
amplamente quanto à liquidez. Muitos títulos e ações podem ser vendidos rapida-
mente, com pequeno custo, de modo que são ativos relativamente líquidos. Já a
venda de uma casa, um quadro ou um selo antigo exige mais tempo e esforço.

A moeda é o ativo mais líquido, mas é uma reserva de valor imperfeita. Quando os
preços sobem, o valor da moeda cai. Esta relação entre o nível de preços e o valor da
moeda é importante para entender como a moeda afeta a economia.

SUMÁRIO 79
ECONOMIA

5.1.2 TIPOS DE MOEDA

Quando a moeda toma forma de um bem com valor intrínseco, ela é chamada de
moeda-mercadoria. A expressão valor intrínseco quer dizer que o item teria valor
mesmo se não fosse utilizado como moeda. Um exemplo de moeda mercadoria é
o ouro. O ouro tem valor intrínseco porque é utilizado na indústria e em joalheria.
Embora atualmente o ouro não seja mais usado como moeda, historicamente ele
foi, pois é relativamente fácil de transportar, de medir e de ser avaliado quanto a im-
purezas. Quando uma economia usa o ouro como moeda (ou usa papel moeda que
pode ser convertido em ouro), diz-se que opera no padrão-ouro.

Outro exemplo de moeda – mercadoria do passado era o sal. Antes de existirem ge-
ladeiras, o sal era uma mercadoria de alto valor devido sua capacidade de conservar
alimentos. O seu fácil transporte contribui para que fosse adotado como meio de
troca. A palavra salário vem de sal. Um terceiro exemplo de moeda – mercadoria são
os cigarros. Nos campos de prisioneiros durante a segunda guerra mundial, os prisio-
neiros negociavam bens e serviços usando o cigarro como reserva de valor, unidade
de conta e meio de troca.

Da mesma forma, quando a União Soviética estava se desintegrando no final da dé-


cada de 1980, os cigarros começaram a substituir os rublos como meio de troca em
Moscou. Em ambos os casos, mesmo os não – fumantes ficavam contentes em acei-
tar cigarro em troca, sabendo que poderiam utilizá-los para comprar bens e serviços.
A moeda sem valor intrínseco é denominada moeda de curso forçado ou moeda
Fiat. Isto quer dizer que o objeto que serve como moeda é moeda por decreto do
governo.

5.1.3 A MOEDA NA ECONOMIA

Como veremos, a quantidade de moeda em circulação, o chamado estoque de mo-


eda, tem grande influência sobre muitas variáveis econômicas.

Como se define a quantidade de moeda?

O ativo mais óbvio a se considerar na definição da quantidade de moeda é a moe-


da corrente - as notas de papel e moeda em poder do público. Contudo, a moeda

80 SUMÁRIO
ECONOMIA

corrente não é o único ativo que pode ser utilizado para comprar bens e serviços.
Muitas lojas aceitam cheques e cartões. A riqueza que você mantém na sua conta
corrente é quase tão prática como aquela que está na sua carteira. Podemos consi-
derar também a grande variedade de outros tipos de contas que as pessoas mantêm
nas instituições financeiras, como por exemplo, as poupanças e fundos de aplicação.
Em uma economia complexa é difícil traçar uma linha divisória entre os ativos que
podem ser chamados de “moeda” e os que não podem.

Chama-se de M1 a quantidade de papel moeda e moedas metálicas + depósitos à


vista (que podem ser movimentados por cheques). M2 seria tudo o que está incluído
em M1 mais depósitos de poupança, depósitos a curto prazo, fundos de aplicação
do mercado monetário e alguns outros itens. A classificação em “Ms” cresce quando
vão sendo incluídos ativos com menor liquidez.

Obs.: Poderia parecer natural incluir os cartões de crédito como parte do estoque de
moeda da economia. Afinal, as pessoas usam o cartão de crédito em muitas das suas
compras. Portanto, os cartões de crédito não seriam um meio de troca?

Embora a primeira vista o argumento seja persuasivo, os cartões de crédito estão


excluídos de todos os conceitos de moeda. A razão é que os cartões de crédito não
são uma forma de pagamento, mas uma forma de deferir pagamento. Quando você
paga uma refeição com cartão de crédito, o banco, que emitiu o cartão, paga ao res-
taurante o que lhe é devido. Mais tarde você terá que reembolsar o banco (talvez até
pagando um juro). Quando chega o vencimento da sua conta, você provavelmente
paga mediante um cheque a ser descontado na sua conta corrente ou via débito
automático. O saldo desta conta é parte do estoque de moeda da economia.

Mesmo que os cartões de crédito não sejam uma forma de moeda, eles são impor-
tantes na análise do sistema monetário. Pessoas que possuem cartão de crédito
podem pagar muitas de suas contas de uma vez na data de vencimento do cartão.
Em consequências, as pessoas que têm cartão mantêm em média menos dinheiro
em mãos do que aquelas que não possuem cartão de crédito.

SUMÁRIO 81
ECONOMIA

5.1.4 O BANCO CENTRAL

Sempre que uma economia depende de um sistema de moeda de curso forçado,


como é o caso da economia brasileira ou a americana, é necessário de um órgão
responsável pela regulação do sistema. No Brasil este órgão é o Banco Central e nos
EUA é o Federal Reserve, muitas vezes chamado de FED. Se você examinar uma nota
de um dólar, verificará que é denominada “nota do Federal Reserve”. O FED foi criado
em 1914, após uma série de quebradeiras dos bancos nos EUA que convenceram o
Senado da necessidade de um Banco Central para garantir a saúde do sistema ban-
cário da nação.

Duas das principais funções do Banco Central são supervisionar o sistema bancário e
regular a quantidade de moeda na economia.

Supervisão do sistema bancário => O Bacen (Banco Central) monitora as condições


financeiras das instituições financeiras e ajuda a facilitar transações bancárias com-
pensando cheques. Também age como banco dos bancos. Isto é, o Bacen faz em-
préstimos, quando os bancos precisam, eles próprios, de empréstimos, agindo como
emprestador de última instância, a fim de assegurar a estabilidade do sistema ban-
cário como um todo.

Regulação da quantidade de moeda na economia => As decisões dos formuladores


de políticas quanto à oferta de moeda constituem a política monetária.

Segundo as decisões da Comissão de Mercado Aberto do Bacen, este tem o poder


de aumentar ou diminuir a quantidade de reais na nossa economia. Além de ter o
monopólio da emissão da moeda, o principal instrumento que o Bacen possui para
alterar a oferta de moeda são operações de Mercado Aberto (de Open Market) – a
aquisição ou venda de títulos do tesouro (um título do governo é um certificado de
dívida deste).

Se a política monetária visa aumentar a liquidez do mercado, o Bacen compra títulos


que estão em poder de instituições financeiras, entregando reais a estas instituições.
Estes reais, após a aquisição, vão acabar nas mãos do público. Assim, uma operação
de compra de títulos pelo Bacen aumenta a oferta de moeda. Para reduzir a oferta, o
Bacen realiza uma operação de venda de títulos do tesouro, “enxugando” o mercado.

82 SUMÁRIO
ECONOMIA

As variações na oferta de moeda podem afetar profundamente a economia. As deci-


sões do Bacen exercem uma influência importante sobre a taxa de inflação de longo
prazo e sobre o emprego e a produção no curto prazo. Não é à toa que o presidente
do Banco Central Americano tem sido considerado como o homem mais poderoso
do planeta.

5.1.4.1 O BANCO CENTRAL E A POLÍTICA MONETÁRIA

Os objetivos de política macroeconômica tais como: alto nível de emprego; estabili-


dade de preços; distribuição equitativa de renda e crescimento econômico podem
ser alcançados por meio dos instrumentos de política macroeconômica.

Os principais instrumentos de política macroeconômica são:

Esses instrumentos são a forma que o governo utiliza para atuar sobre a capacidade
produtiva do país, a fim de alcançar os objetivos almejados. O Banco Central é res-
ponsável por executar a política monetária brasileira. Política monetária é controle
do governo, referente a quantidade de moedas e títulos públicos disponíveis na eco-
nomia.

Os principais instrumentos de política macroeconomica são:

Política
Política Política de
Política fiscal; cambial e
monetária; rendas.
comercial;

O instrumento de política monetária emissões refere-se a emissões de moedas, au-


mentando assim o estoque monetário em circulação na economia. Caso o objetivo
de política macroeconômica seja o crescimento econômico pode-se aumentar a
quantidade de emissões. No entanto, caso o objetivo da política macroeconômica
seja combater a inflação, deve-se diminuir a quantidade de moedas em circulação
na economia.

SUMÁRIO 83
ECONOMIA

Os principais instrumentos de política monetária são:

Reservas
Emissões; Open Market;
compulsórias;

Regulamentação Regulamentação
Redescontos;
sobre crédito; sobre taxa de juro.

O instrumento reservas compulsórias também é conhecido como depósito compul-


sório, e como taxa do compulsório. Tal instrumento diz respeito ao percentual sobre
os depósitos, que os bancos comerciais precisam deixar à disposição do BACEN.
Quanto maior o percentual do compulsório, menor a quantidade de dinheiro em
circulação na economia, o que ajuda a combater a inflação. Quanto menor o percen-
tual do compulsório, maior a quantidade de dinheiro em circulação na economia, o
que ajuda a promover o crescimento econômico.

Open Market refere-se a compra e vendas de títulos públicos. Títulos públicos são do-
cumentos (títulos da dívida púbica) emitidos pelo governo federal e comercializados
no mercado financeiro. De acordo com Tesouro Direto 2015 “os títulos públicos são
ativos de renda fixa, ou seja, seu rendimento pode ser dimensionado no momento
do investimento, ao contrário dos ativos de renda variável (como ações), cujo retorno
não pode ser estimado no instante da aplicação”.

Quando o governo vende títulos públicos ele retira dinheiro da economia, (os agen-
tes econômicos ficam com os títulos e o governo com o dinheiro), o que contribui
para combater a inflação. Quando o governo compra títulos públicos, ele coloca
dinheiro na economia (governo fica com os títulos e agentes econômicos com o
dinheiro), aumentando assim o estoque de moedas em circulação, e contribuindo
para o crescimento econômico. Redescontos são os empréstimos do Banco Central
concedidos aos bancos comerciais. Caso o governo necessite retirar dinheiro de cir-
culação na economia, ele pode aumentar as taxas de juro desses empréstimos. Caso
haja de necessidade injetar dinheiro no mercado, o governo pode diminuir a taxa de
juro do redesconto.

84 SUMÁRIO
ECONOMIA

O governo também pode criar linhas de crédito especiais com o objetivo de esti-
mular o crescimento econômico. Um exemplo prático foi a criação do programa do
governo federal “Minha Casa, Minha Vida”, na qual foi criada uma linha de crédito
especial para compra de imóveis de pessoas que enquadram no perfil socioeconô-
mico estipulado.

A taxa de juros básica da economia e que baliza as demais taxas de juros é conhe-
cida como taxa Selic, ou seja, taxa do sistema especial de liquidação e custódia. O
Conselho de Política Monetária (Copom) é responsável por diminuir, manter, e/ou
aumentar o valor da taxa Selic. Se o governo possuir o objetivo de promover cres-
cimento econômico, é necessário diminuir a taxa de juros para aumentar a quan-
tidade de moeda em circulação na economia. No entanto, se o governo possuir o
objetivo de combater a inflação, é necessário aumentar a taxa de juros como forma
de inibir o consumo.

Para alcançar os objetivos de política ma-


croeconômica pode-se utilizar a combina-
ção de instrumentos de política fiscal ou
a combinação de instrumentos de política
monetária ou ainda a combinação de ins-
trumentos de diferentes tipos de políticas.
Segundo Vasconcellos e Garcia 2008 pági-
IMPORTANTE LEMBRAR:
na 113, “pode-se dizer que a política fiscal
Lembramos que para utilizar
tem mais eficácia quando o objetivo é uma
os instrumentos de política
melhoria na distribuição de renda, tanto
fiscal é necessária aprovação
na taxação às rendas mais altas, como pelo do Congresso Nacional. Já
aumento dos gastos do governo com desti- os instrumentos de política
nação aos setores menos favorecido”. Para monetária não precisam
os autores, a política monetária não gera de aprovação do Congresso
Nacional, podendo ser
efeitos tão positivos, no que diz respeito
utilizados assim que a decisão
ao objetivo macroeconômico de busca por for tomada.
uma distribuição equitativa de renda.

SUMÁRIO 85
ECONOMIA

5.1.5 POLÍTICA FISCAL COMO INSTRUMENTO DE


MACROECONOMIA

Política fiscal é o conjunto de medidas adotadas pelo governo, de modo a arrecadar


receitas e pagar despesas.

Os principais instrumentos de política fiscal são:

Tributos
Gastos públicos;
(taxas, contribuições e impostos).

Em economia dividimos os tributos em taxas, contribuições e impostos. As taxas são


decorrentes do exercício do poder de polícia, ou pela utilização efetiva e/ou poten-
cial de determinado serviço público. As contribuições são cobranças decorrente, a
determinada obra pública aumentar o valor patrimonial de imóveis, localizados pró-
ximos a obra. Os impostos não possuem um fato gerador específico.

Para melhor compreensão do assunto, vamos supor que o objetivo de política eco-
nômica seja reduzir a taxa de inflação (estabilidade de preços), via política fiscal.
Quais medidas o governo deve adotar?

Sabemos que política fiscal utiliza os instrumentos gastos públicos e tributos. Caso
o governo precise combater a inflação será necessário aumentar os tributos, (pois
forçará as pessoas a gastarem menos fazendo com que os preços diminuam), e/ou
diminuir os gastos públicos (pois diminuirá a quantidade de dinheiro em circulação,
diminuindo assim a inflação). Em uma situação que o objetivo do governo seja pro-
mover crescimento econômico via política fiscal, quais medidas o governo precisa
adotar para alcançar esse objetivo?

Se o objetivo do governo for promover crescimento econômico via política fiscal, será
necessário aumentar os gastos públicos (maior quantidade de dinheiro em circula-
ção), e/ou diminuir tributos (incentivo ao consumo, gerando crescimento econômico).

As medidas adotadas pela política fiscal são importantes para alcançar objetivos de

86 SUMÁRIO
ECONOMIA

política macroeconômica. No entanto, apenas podem ser adotados após aprovação


do Congresso Nacional. Podemos citar como exemplo prático de política fiscal a
diminuição do imposto sobre produtos industrializados (IPI) dos carros zero-quilô-
metro, bem como, dos eletrodomésticos pertencentes a linha branca. O objetivo do
governo em adotar essas medidas foi promover crescimento econômico. Ou seja,
com a diminuição de tributos, há incentivo ao consumo, promovendo crescimento
econômico.

5.1.6 POLÍTICA COMERCIAL COMO INSTRUMENTO DE


MACROECONOMIA

A política comercial também conhecida como política de comércio internacional,


refere-se a atuação do governo sobre estímulo e desestímulo as importações e ex-
portações. Quando o objetivo de política macroeconômica é contrair o comércio,
podem ser utilizados os instrumentos de aumento da tarifa/taxa de e/ou cota de
exportação (restrição voluntária a exportação).

Quando o objetivo de política macroeconômica for expandir o comércio, poderá ser


utilizado os instrumentos de subsidio a importação, subsidio a exportação, expansão
voluntária das exportações. O governo também pode utilizar instrumentos como
barreiras burocráticas (obstáculos baseados em procedimentos sanitários, de segu-
rança, alfandegários), e aquisição apenas de bens nacionais por parte do governo.

5.1.7 POLÍTICA CAMBIAL COMO INSTRUMENTO DE


MACROECONOMIA

Taxa de câmbio é o preço da moeda estrangeira expresso em moeda nacional. A


expressão taxa de câmbio é utilizada para se referir a qualquer moeda estrangeira
e não apenas ao dólar, apesar de transações com dólares serem mais comuns em
nosso país. A política cambial refere-se a atuação do governo sobre a taxa de câmbio.

O Conselho Monetário Nacional define a política cambial a ser executada pelo Banco
Central. As autoridades monetárias podem fixar a taxa de câmbio ou permitir que a
taxa de câmbio flutue livremente no mercado ou ainda utilizar combinações de taxa

SUMÁRIO 87
ECONOMIA

de câmbio fixa e taxa de câmbio flutuante. No regime de câmbio fixo é estipulado o


preço da moeda pelo Banco Central, e essas são compradas e vendidas a um preço
previamente definido. Já no regime de câmbio flutuante, o preço da moeda é esta-
belecido pelo mercado, decorrente da oferta e demanda por moeda.

5.1.8 POLÍTICA BRASILEIRA DE COMBATE À INFLAÇÃO

A inflação é o aumento contínuo e generalizado no nível de preços. Em cenários in-


flacionários a moeda perde poder de compra e sofre desvalorização, ou seja, com a
mesma quantidade de dinheiro compramos uma quantidade menor de produtos.
Com a moeda desvalorizada o dólar fica mais caro, causando aumento do preço dos
produtos importados. Além disso, países com alto nível de inflação são vistos de for-
ma negativa no mercado internacional, e os investidores evitam aplicar dinheiro em
investimentos a longo prazo.

A deflação é a diminuição contínua e generalizada no nível de preços. Não devemos


confundir inflação negativa com deflação, pois a deflação ocorre quando os preços
caem durante um longo período de tempo, e não apenas durante um curto perío-
do como no caso de inflação negativa. Assim como a inflação, a deflação também
possui efeitos negativos. Em um cenário de deflação os contratos de pagamentos
continuam vigente, enquanto os preços caem, o que na pratica significa uma dimi-
nuição de renda.

Além disso, como os preços estão caindo de forma contínua, os agentes econô-
micos costumam adiar as compras, acreditando que os preços diminuirão ainda
mais. O adiamento do consumo causa queda nas vendas a curto prazo podendo
gerar consequências danosas para a economia. Além dos objetivos de alto nível
de emprego e estabilidade de preços, a política macroeconomia também possui
os objetivos de crescimento econômico e distribuição de renda socialmente justa.
Apesar de vários instrumentos de política macroeconômica poderem ser utilizados
para o combate inflacionário, no Brasil, o principal instrumento utilizado para essa
finalidade é a política monetária por meio da taxa de juros.

O Sistema de Metas de Inflação é adotado no Brasil desde 1999. Nesse sistema, o


Banco Central fixa a meta de inflação e essa pode variar pontos percentuais para
baixo ou para cima. Sempre que a inflação ameaça passar da meta, aumenta-se a

88 SUMÁRIO
ECONOMIA

taxa de juros para diminuir a circulação monetária e consequentemente diminuir a


inflação. Caso a inflação fique abaixo do estipulado, é necessário diminuir a taxa de
juros para estimular a circulação monetária e a inflação ficar dentro da meta.

De acordo com o Banco Central do Brasil, a meta de inflação do país para o ano de
2017 é de 4,5%, podendo variar 1,5 pontos percentuais para cima ou para baixo.
Espera-se que a inflação brasileira no ano de 2017 fique entre 3,0% e 6,0%. Caso a
inflação em 2017 esteja perto do teto da meta que é 6,0%, o principal instrumento
utilizado para o controle inflacionário será o aumento na taxa de juros. O inverso
também é verdadeiro, ou seja, caso a inflação em 2017 fique perto de 1,5% e com
tendências a diminuir ainda mais, será necessário diminuir a taxa de juros para au-
mentar a circulação de moeda e consequentemente a inflação.

5.1.9 O QUE DETERMINA O VALOR DA MOEDA?

Sabemos que a inflação provoca a diminuição do poder de


compra, mas o que determina o valor da moeda?

Sabemos que a inflação provoca a diminuição do poder de compra, mas o que de-
termina o valor da moeda?

A resposta desta questão como muitas outras na economia está na oferta e deman-
da por moeda.

Vejamos primeiro o lado da oferta:

Vimos anteriormente que o Banco Central, junto com o sistema bancário determina
a oferta de moeda. Para o objetivo deste capítulo podemos ignorar as complicações
introduzidas pelo sistema bancário e consideraremos a oferta de moeda uma variá-
vel controlada diretamente pelo Bacen.

SUMÁRIO 89
ECONOMIA

Examinando agora a demanda:

Há muitos determinantes para a quantidade demandada de moeda. O montante


de moeda que as pessoas mantêm em sua carteira, depende do uso que fazem de
cartões de crédito ou da facilidade de encontrar caixas automáticos. A quantidade
de moeda certamente também depende da taxa de juros que vai indicar o custo
oportunidade de manter dinheiro parado. Contudo, ao contrário de outros bens, a
moeda é mantida porque é um meio de troca.

Assim, quanto mais altos os preços dos outros bens da economia, maior a demanda
de moeda. Pense bem, você sai pela manhã para o trabalho e faz uma rápida conta
do que você vai precisar pagar naquele dia (estacionamento, almoço etc.). Depen-
dendo dos preços destes itens, você calcula o que precisa ter na carteira. Quanto
mais altos os preços, maior a demanda por moeda. O que garante que a demanda
de moeda seja igual à oferta de moeda do Banco Central? Mais adiante veremos que
no curto prazo, a taxa de juros desempenha um papel importante para garantir o
equilíbrio entre a oferta e demanda (a taxa de juros é o preço do dinheiro!).

No longo prazo, contudo a resposta é simples: Os preços se ajustam de modo a


equilibrar a oferta e demanda de moeda na economia.

Um exemplo: Efeitos de uma Injeção Monetária. Imagine que a economia esteja em


equilíbrio (oferta de moeda = demanda por moeda.). Vamos supor que o Bacen du-
plique a oferta de moeda jogando reais de helicóptero, sobre a população (ou de um
modo mais realista poderia injetar moeda através de operações de mercado aberto,
aonde ele comprasse títulos que estavam nas mãos do público).

O que aconteceria?

O consumo em geral cresceria, fazendo com que houvesse uma pressão nos preços
=> com o tempo os preços se ajustariam e a moeda perderia valor (como qualquer
produto que inunda o seu mercado!)

90 SUMÁRIO
ECONOMIA

5.1.10 FATO HISTÓRICO

Na Alemanha, em janeiro de 1921, um jornal custava 0,30 marcos. Menos de dois anos
depois, em novembro de 1922, o mesmo jornal custava 70 milhões de marcos. Todos
os preços da economia tinham aumentado da mesma forma. Este episódio retrata
um dos exemplos históricos mais espetaculares de hiperinflação. A origem da hiperin-
flação alemã está na sua derrota na primeira guerra e na obrigação de pagar pesadas
reparações aos vencedores, impostas pelo tratado de Versalhes. Ao invés de promover
um ajuste em sua economia, com austeridade, a elite alemã optou por emitir moedas
(as reparações nunca chegaram a ser totalmente quitadas). Não é uma coincidência
que o Banco Central Alemão (incorporado ao Banco Central Europeu) atualmente é
considerado o Banco Central mais conservador em matéria de política monetária.

5.1.11 O IMPOSTO INFLACIONÁRIO

Se a inflação é tão fácil de se explicar, porque os países sofrem hiperinflação? Isto é,


porque os Bancos Centrais desses países, optam por emitir tanta moeda, sabendo
que esta se desvalorizará rapidamente ao longo do tempo?

A resposta é que os governos destes países usam a criação de moeda para pagar suas
despesas. Quando o governo deseja construir estradas, pagar salários aos policiais ou fa-
zer transferências aos pobres ou idosos, precisa levantar os recursos. Em geral, o governo
o faz por meio de impostos, como os de renda ou ainda tomando emprestado do pú-
blico mediante venda de títulos. Mas, o governo pode simplesmente emitir moeda para
financiar seus gastos. Quando o governo aumenta sua receita emitindo moeda, diz-se
que está arrecadando um imposto inflacionário. Este não é um imposto como os outros,
porque não é cobrado diretamente do contribuinte. O imposto inflacionário é mais sutil.
Quando o governo emite moeda, o nível de preços da economia sobe e os reais que
estão na sua carteira ou numa conta corrente que não renda juros perdem valor.

Então, o imposto inflacionário incide sobre todos aqueles


que detêm moeda.

SUMÁRIO 91
ECONOMIA

Raciocinando sobre este imposto, percebemos que ele é bastante perverso, justa-
mente as faixas mais pobres da população é que têm mais dificuldade para comba-
tê-lo, pois não têm acesso tão fácil a depósitos remunerados ou a cartões de crédito.
A defesa mais fácil para estas classes é imediatamente consumir, como o faziam os
operários alemães depois da primeira guerra, cujas esposas esperavam na porta das
fábricas para receber o salário e correr para os mercados para transformá-los em
comida. Pergunta: Se o governo emitir mais, ele vai progressivamente arrecadando
mais imposto inflacionário, na medida que uma inflação maior significa uma maior
perda de valor da moeda?

Um segundo motivo para o governo emitir, seria um princípio da economia:

• Existe um trade off de curto prazo entre inflação e desemprego.

A explicação que os economistas dão é que este tradeoff surge porque alguns preços
demoram a se ajustar. Caso o governo diminua a quantidade de moeda na econo-
mia, sabemos que a longo prazo o resultado será uma queda no nível de preços.
Pode demorar algum tempo para que os comerciantes ajustem seus preços ou que
os sindicatos renegociem salários. Enquanto isto, a diminuição de dinheiro em circu-
lação, causará uma retração nas vendas que implicará em demissões no curto prazo.
Então, no curto prazo temos um desemprego temporário, até que os preços se ajus-
tem totalmente às mudanças.

Podemos imaginar uma situação inversa se o governo resolve aumentar a quanti-


dade de moeda em circulação. Haverá um aumento de consumo, levando a uma
queda da taxa de desemprego temporária, até que os preços se ajustem e a inflação
apareça.

Você pode imaginar como é bastante atraente para um governo, que esteja tentando
se reeleger, promover um aumento da quantidade de moeda que causará um au-
mento de bem-estar temporário da população. Quando a inflação chegar, ele já estará
reeleito. A partir desta teoria, pode-se avaliar a importância de um Banco Central inde-
pendente. O Bacen é responsável pela moeda e é ele que decide a política monetária
do país. O governo pode resolver aumentar a quantidade de moeda, mas cabe ao
presidente do Bacen negar se não achar conveniente para a economia do país.

Promover a queda de inflação não é politicamente fácil, pois implica necessaria-


mente num temporário crescimento da taxa de desemprego. O Banco Central tem

92 SUMÁRIO
ECONOMIA

a importante tarefa de zelar pelo valor da moeda, tomando as medidas necessárias


independentemente da vontade política do governo.

5.1.12 CUSTOS DA INFLAÇÃO

- O Custo da Inflação Esperada

Suponha-se que a cada mês o nível de preços aumente em 2%. Qual seria o custo de
uma tal inflação constante e previsível?

- O Custo Sola de Sapato

Para “pagar” menos imposto inflacionário, os agentes econômicos retêm em média


saldos monetários baixos e por isso terão que se dirigir com mais frequência aos ban-
cos para fazer retiradas. Eles podem, por exemplo, retirar duas vezes 50 reais no lugar
de uma vez 100 reais. Este custo se refere ao desperdício do recurso escasso tempo.
Menos tempo é menos recurso para a produção e afeta de um modo negativo o PIB.

- O Custo de Menu

Refere-se ao custo das empresas terem que alterar suas listas de preços com mais
frequência. As empresas que tiverem menus de alto custo, tendem a modificar os
preços com menos frequência, resultando numa defasagem.

- O Custo Tributário

Muitas vezes, as leis tributárias são redigidas sem se levar em conta o efeito da infla-
ção. Suponha que você compre ações hoje e vendas daqui a um ano pelo mesmo
preço real (isto é, se descontar a inflação você está vendendo pelo mesmo preço que
comprou). A questão é que o governo avalia o ganho nominal e taxa a diferença,
mesmo se não há ganho real.

- O Custo Do Planejamento Financeiro de Famílias e Empresas

Uma decisão importante, por exemplo, é a parcela da renda familiar que será des-
tinada para poupança, isso é, o que deixaremos de consumir hoje para consumir
na aposentadoria. A inflação distorce este valor no futuro, dificultando a decisão de

SUMÁRIO 93
ECONOMIA

poupança no presente. Seria muito mais simples decidir quanto poupa, se os preços
daqui a 30 anos fossem os mesmos de hoje.

- O Custo da Inflação Não Esperada

A inflação não esperada tem um efeito talvez ainda mais maléfico que a inflação
esperada: ela redistribui aleatoriamente a renda das pessoas. Os contratos de em-
préstimos especificam uma taxa de juros nominal, com base na inflação esperada.
Se a inflação registrada for diferente da esperada, o retorno real ex-post (significa
depois do tempo corrido) que o devedor paga ao credor, difere daquilo que ambas
as partes anteciparam. Se a inflação ficar acima da esperada, o devedor sai lucrando,
caso contrário o credor sai lucrando. A proteção para estes casos é firmar contratos
pós fixados, que estipulam um juro real mais a inflação que tiver ocorrido, ou que
incluam alguma forma de indexação.

- Os Custos da Hiperinflação

É comum definir hiperinflação quando a inflação supera a casa de 50% ao mês, o


que seria algo acima de 1% ao dia. Uma taxa de 50% ao mês resulta num aumento
superior a 100 vezes em 1 ano e mais de dois milhões de vezes em três anos. Em
vista disto pode se imaginar os custos de um caso extremo de inflação:

Os custos da hiperinflação são qualitativamente os mesmos descritos acima, mas,


em crises hiper inflacionárias, estes custos ficam mais evidentes pela sua gravidade.

Quando o dinheiro perde rapidamente o seu valor, os executivos acabam dedicando


muito tempo e esforço à administração do caixa de empresa, em detrimento de ati-
vidades mais importantes como decisões de produção e investimento. Isto é: o custo
sola de sapato fica altíssimo. Os custos de menu também são bem mais altos em
regimes de hiperinflação, a empresa tem que reajustar os preços tão rapidamente
que fica impossível imprimir e distribuir catálogos com preços fixos.

5.1.13 O PLANO REAL

No início da década de 1990, a estabilização permanecia um desafio resistente às


várias tentativas de eliminação da inflação. Em 1993, o então ministro da econo-
mia do governo Itamar Franco, Fernando Henrique Cardoso, implementou um plano

94 SUMÁRIO
ECONOMIA

econômico de estabilização conhecido como Plano Real, apoiado por uma equipe
de economistas, em sua maioria oriundos da PUC – RJ.

O programa de estabilização econômica, ou Plano Real, foi concebido e implemen-


tado em três etapas:

a) Estabelecimento do equilíbrio das contas do governo, objetivando eliminar a


principal causa da inflação.

b) Criação de um padrão estável de valor, a Unidade Real de Valor.

c) Emissão de uma nova moeda nacional com poder aquisitivo estável, o Real.

Distinguindo-se de maneira significativa dos planos econômicos que o precederam,


o Real não incluiu o congelamento de preços.

FASE 1: O PAI (PROGRAMA DE AÇÃO IMEDIATA) VISANDO O EQUILÍBRIO DAS


CONTAS PÚBLICAS

O PAI foi implantado em 14 de junho de 1993, durante a gestão de Itamar Franco.


Para que as finanças públicas pudessem ser equilibradas, o governo reconhecia que
seria preciso efetuar uma ampla organização do setor público e de suas relações com
a economia privada. Para tanto, o governo diagnosticava as seguintes necessidades:

- Redução dos gastos da União e aumento da eficiência no ano de 1993;

- Recuperação da receita tributária;

- Equacionamento das dívidas de estados e municípios com a União;

- Controle mais rígido dos bancos estaduais;

- Saneamento dos bancos federais;

- Aperfeiçoamento do programa de privatização, ou seja, redução da participa-


ção do governo na economia através da privatização das estatais.

O governo tomava como correto, o diagnóstico de que o desequilíbrio era decorrente


de problemas fiscais. Apontava o setor financeiro como o maior beneficiário desse
desajuste, pelo efeito das taxas de juros e inflação nas suas receitas. A partir dessas
constatações, previa-se que, quando a inflação caísse, diversas instituições financei-
ras teriam que recorrer ao Banco Central para sobreviver. Seria necessário promover
um processo de saneamento de bancos públicos e privados, de maneira a garantir a

SUMÁRIO 95
ECONOMIA

sobrevivência de um sistema bancário saudável.

As medidas do PAI foram:

- Corte orçamentário de US$6 bilhões em 1993, com prioridades definidas pelo


Executivo, a serem aprovadas pelo Legislativo.

- A proposta orçamentária de 1994 deveria ser baseada em uma estimativa rea-


lista de receita, ao invés de ser baseada no desejo de quanto o governo preten-
desse gastar.

- Encaminhamento de projeto de lei, que limitasse as despesas com os servidores


civis em 60 % da receita corrente da união, assim como estados e municípios,
o que permitiria exercer maior controle sobre os gastos com funcionalismo.

- Elaboração de projeto de lei, que definisse claramente as normas de coope-


ração da União com Estados e Municípios. Esta lei também estabeleceria a
obrigatoriedade dos estados e municípios, de se manterem em dia com seus
débitos com a União. Esta rigidez legal foi imposta, por ser um elemento essen-
cial para outras etapas do Plano Real.

Com essas medidas, o governo pretendia efetuar um ajuste fiscal nas contas públi-
cas. O aprofundamento do ajuste foi viabilizado a partir da criação do Fundo Social
de Emergência, cujo objetivo era equilibrar o orçamento e atenuar a excessiva rigidez
dos gastos da União, determinada pela constituição de 1988. Para auxiliar o governo
federal a equilibrar suas contas no biênio 1993/94, foi aprovado o Imposto Provisório
sobre Movimentação Financeira (IPMF). Este imposto seria precursor da CPMF, contri-
buição provisória sobre movimentação financeira, implantada posteriormente.

- Combate à sonegação

A evasão fiscal inviabilizava o ajuste das contas públicas. Dados da secretaria da receita
federal indicavam que, para cada cruzeiro arrecadado, outro era sonegado. Como par-
te do PAI, o governo federal iniciou uma campanha massiva de conscientização contra
sonegação, aumentou a fiscalização sobre as maiores empresas do país e passou a
atuar de um modo mais contundente na cobrança de impostos das pessoas físicas.

O objetivo expresso pelo governo para a realização desse ajuste tributário era o de fa-
zer justiça, procurando criar condições para uma futura redução das alíquotas e uma
simplificação do sistema tributário, de modo a melhorar a eficiência e a competitivi-

96 SUMÁRIO
ECONOMIA

dade da economia brasileira. Boa parte dessas medidas, no entanto, não foi levada a
cabo por diversas razões, entre as quais a inviabilidade de alguns projetos, a falta de
“vontade política” de realizá-los e o fato da reforma tributária ter sido preterida por
sucessivos “pacotes” de medidas emergenciais.

- Relacionamento com estados e municípios

O passo seguinte do programa era reestabelecer as relações financeiras entre o gover-


no federal e os outros níveis de governo. Foram definidas condições globais para o en-
dividamento público, e criadas restrições de acesso a crédito e retenções de repasses
de recursos federais para os estados e municípios em débito com instituições federais.

- Bancos estaduais

O Banco Central passaria a exercer um controle mais rígido sobre os bancos estadu-
ais, com estreito cumprimento das normas relativas ao montante mínimo de capital
dessas instituições, bem como limitação na concessão de empréstimos para entida-
des do setor público.

- Privatizações

Apesar de reconhecer a importância das empresas públicas no desenvolvimento in-


dustrial do país durante décadas, o governo considerava que sua atuação deveria ser
centralizada apenas nas áreas essenciais como saúde, educação, justiça segurança
ciência e tecnologia. Adicionalmente, a privatização das estatais revelava-se neces-
sária para se atingir o equilíbrio financeiro, uma vez que consumiam importantes
recursos. De 1982 a 1992, o Tesouro Nacional aportou recursos equivalentes a US$21
bilhões nas empresas incluídas no programa de privatização.

Com a privatização, o governo esperava transferir para o setor privado o custo da ne-
cessária modernização da infraestrutura, pré-requisito para o desenvolvimento do país.

- Medidas adicionais ao PAI

Além de procurar atingir o equilíbrio fiscal com o PAI e para que este se tornasse
duradouro, o governo reconhecia que:

(...) eram necessárias mudanças adicionais no arcabouço administrativo e financeiro


do Estado (...) envolvendo alterações na Constituição no que respeita a organização

SUMÁRIO 97
ECONOMIA

federativa, sistema tributário, elaboração do orçamento, funcionalismo, previdência


social e intervenção no domínio econômico (Ministério da Fazenda, 1994).

Para tanto, o governo encaminhou ao congresso diversas sugestões, mas, logo ficou pa-
tente a falta de entusiasmo da classe política e demais esferas do governo para com a
agenda ambiciosa de reconstrução gradual da capacidade de financiamento público.

- Transparência

O governo procurou tornar todas as ações governamentais, fossem elas federais, es-
taduais ou municipais, mais transparentes. O objetivo era procurar elevar a confiança
da população no setor público, aumentando a credibilidade do governo, o que per-
mitiria a implementação da segunda fase do Plano Real, a implementação de um
índice monetário ou unidade de conta, a URV.

FASE 2: A URV

A URV foi implementada em 27 de maio de 1994 e serviu como transição para a in-
trodução da nova moeda. O Cruzeiro Real, introduzido em 1993 por Collor, estava se
desvalorizando a taxas crescentemente elevadas. A URV foi utilizada para restaurar
a função de unidade de conta da moeda, destruída pela inflação, bem como para
referenciar preços e salários. O Banco Central emitia, diariamente, relatórios sobre
a desvalorização do Cruzeiro Real e a cotação da URV. Assim, a URV serviu para o
comércio determinar seus preços, efetuar contratos e determinar salários, indepen-
dentemente das desvalorizações provocadas pela inflação, isto é, provocou uma in-
dexação generalizada da economia.

Por motivos jurídicos e também devido à preocupação do governo com o desequi-


líbrio social, os salários e os benefícios previdenciários foram os primeiros valores
a serem convertidos a URV, seguidos por contratos e preços. Este foi um processo
cauteloso com duração de três meses e que culminou com a conversão dos preços
e tarifas do setor público.

FASE 3: A NOVA MOEDA – O REAL

Uma vez que grande parte dos valores havia sido convertida a URV, a nova moeda – o
Real - foi introduzida sem que houvesse um consenso na sociedade de que a tran-
sição já estava completada. Em 1 de julho de 1994, o governo decretou a medida
provisória do Real, acusado de render-se a objetivos eleitorais.

98 SUMÁRIO
ECONOMIA

Para manter o valor da moeda, o governo alterou radicalmente os métodos empre-


gados para definição da política monetária. Anteriormente, o Conselho Monetário
Nacional (CMN) autorizava as emissões monetárias, que deveriam ser homologadas,
em seguida pelo Congresso. A nova política implicava que o Congresso deveria es-
tabelecer regulamentos e diretrizes na forma de limites quantitativos rígidos para
emissão de moeda, que poderiam ser alterados pelo CMN em até 20%, somente em
ocasiões extraordinárias.

Adicionalmente, um teto máximo na taxa de câmbio foi introduzido; um real equi-


valia a um dólar. Nessa época, o Banco Central detinha US$40 bilhões em reservas.
É importante salientar que a taxa de câmbio não era fixa, mas as autoridades mone-
tárias tinham instruções bem rígidas quanto à manutenção do teto máximo. A va-
lorização do real frente ao dólar, ocorrida na fase inicial do plano, foi posteriormente
muito criticada, mas certamente ajudou no controle inflacionário.

A transparência e o gradualismo da implementação do Plano Real permitiu a aco-


modação dos preços relativos (não houve pacotes repentinos). A abertura da econo-
mia, iniciada em 1990, ajudou no controle de preços, na medida que introduziu a
competição externa. O ambiente de abundância de capitais internacionais também
contribui para o êxito do Real.

ANOTAÇÕES

SUMÁRIO 99
ECONOMIA

UNIDADE 6

OBJETIVO
Ao final desta
unidade,
esperamos:

> Compreender a política


externa, abordando o
risco país, o papel do
FMI e diferenciando os
regimes cambiais.

100 SUMÁRIO
ECONOMIA

6 O SETOR EXTERNO
Atualmente, se alguém decide comprar um carro novo no Brasil, pode escolher entre
um carro nacional ou importado. Se você decide tirar férias pode ir para Porto Segu-
ro ou para Disney, por exemplo.

Em cada caso a pessoa estaria participando não somente da economia brasileira,


como da economia mundial. A abertura do comércio internacional traz claros bene-
fícios: permite que pessoas se dediquem ao que produzem melhor e que possam
consumir grande variedade de bens e serviços, provenientes de todo o mundo.

6.1 OS FLUXOS INTERNACIONAIS DE BENS E


CAPITAIS

Uma economia interage de duas maneiras com as demais economias:

- Compra e venda de bens e serviços nos mercados mundiais de bens e serviços.

- Compra e venda de ativos de capital nos mercados financeiros mundiais.

Fluxo de bens e serviços:

Exportações: são constituídas por bens e serviços produzidos internamente e vendi-


dos no exterior.

Importações: são constituídas por bens e serviços produzidos no exterior e vendidos


internamente.

As exportações líquidas de um país são definidas como o valor de suas exportações,


menos o valor de suas importações (note que este valor pode ser negativo, se as im-
portações ultrapassarem as exportações).

A venda de um avião da Embraer para o exterior, aumenta o valor das exportações líqui-
das. A importação de petróleo da Venezuela, diminui o valor das exportações líquidas.

EXPORTAÇÕES LÍQUIDAS = EXPORTAÇÕES – IMPORTAÇÕES

SUMÁRIO 101
ECONOMIA

As exportações líquidas também são chamadas de Balança Comercial.

- Se, num período as exportações líquidas são positivas => O país teve um supe-
rávit comercial neste período.

- Se as exportações líquidas são negativas => O país teve um déficit comercial.

- Se as exportações líquidas são iguais a zero => O país teve neste período uma
Balança Comercial equilibrada.

Podemos listar alguns fatores que podem influir nas exportações e importações e
consequentemente na balança comercial de um país:

- Preferência do consumidor por bens produzidos internamente ou externamente;

- Preços dos bens no país e no exterior;

- Políticas do governo para o comércio internacional;

- Taxa de câmbio à qual as pessoas trocam moeda interna por moeda de outros
países.

Na medida que estas variáveis são alteradas ao longo do tempo, o comércio mundial
também se altera.

Fluxo de Capitais.

Os residentes de uma economia também participam do mercado financeiro mun-


dial. Um residente dos EUA poderia utilizar US$30.000 para comprar um carro fa-
bricado no Japão => esta transação representa um fluxo de bens. Mas, ao invés de
comprar um carro, este residente nos EUA poderia utilizar os US$30.000 para com-
prar ações da empresa japonesa que fabrica o carro => esta transação representa um
fluxo de capital. Investimento Externo Líquido: aquisição de ativos estrangeiros, por
residentes internos de um país, menos aquisição de ativos internos por residentes no
estrangeiro.

O investimento externo toma duas formas:

Se o Mc Donalds abre uma lanchonete na Rússia, isto representa um Investimento


Externo Direto. Já, se o residente nos EUA compra ações de uma empresa na Rús-
sia, isto representa um Investimento de Portfólio. A diferença está que no caso da
lanchonete, o proprietário residente nos EUA administra ativamente o investimento,

102 SUMÁRIO
ECONOMIA

enquanto que no caso da compra de ações o papel do residente nos EUA é mais
passivo. Em ambos os casos, contudo, os residentes nos EUA compraram ativos no
exterior e o investimento externo líquido aumentou.

As principais variáveis que influenciam o investimento externo líquido são:

- Taxa de juros real paga sobre os ativos externos (já descontada a inflação);

- Taxa de juros real paga sobre os ativos internos;

- Riscos econômicos e políticos percebidos da manutenção de ativos no exterior;

- Políticas de governo que afetam a propriedade de ativos internos por estrangeiros.

Vamos imaginar um investidor estrangeiro (por exemplo, um americano), que este-


ja decidindo entre comprar títulos do governo brasileiro ou do governo americano
(lembre-se que um título é na verdade um documento de dívida de um emitente).
Para tomar esta decisão, ele compara as taxas de juros reais (já descontada a proje-
ção de inflação em cada país) dos dois títulos. Quanto mais alta a taxa de juros real,
mais atrativo será o título. Entretanto, é importante igualmente para o investidor le-
var em conta o risco do governo que está emitindo o título de se tornar inadimplente
(Isto é, deixe de pagar no tempo devido, o principal e o juro). Também é relevante
para o americano levar em consideração qualquer restrição de movimentação im-
posta, no caso pelo governo brasileiro ou o risco de que estas restrições sejam criadas
no futuro.

6.2 RISCO PAÍS

Os títulos do tesouro americano (as T-Bills), são considerados ativos livre de risco. O
risco país é medido pela diferença em pontos percentuais que os títulos externos de
um determinado país têm que pagar, em relação as T-Bills, para conseguir captar
recursos no mercado internacional.

Naturalmente, quanto mais provável um futuro calote na dívida de um país, mais


o mercado exigirá de retorno para aplicar nos títulos deste país (maior risco, maior
retorno). Isto é, o risco país sobe.

- A Igualdade entre Exportações Líquidas e Investimento Externo Líquido.

SUMÁRIO 103
ECONOMIA

As exportações líquidas (balança comercial) e o investimento externo líquido me-


dem, cada um, um tipo de desequilíbrio:

Exportações líquidas (EL) => mede o desequilíbrio entre exportações e importações.

Investimento externo líquido (IEL) => mede o desequilíbrio entre os ativos estrangei-
ros comprados por residentes internos e os ativos internos comprados por residentes
no exterior.

Um fato contábil sutil, mas bastante importante explica que num dado período, para
uma economia como um todo, esses dois desequilíbrios devem se compensar => O
investimento externo líquido deve ser igual às exportações.

IEL = EL

Imagine que a Boeing (fábrica de aviões americana) venda alguns aviões para a Ja-
pan Air Lines (cia aérea japonesa). Nesta transação uma empresa americana entrega
aviões a uma empresa japonesa e, simultaneamente, a empresa japonesa paga ienes
à empresa americana.

Os EUA venderam a um estrangeiro, no caso o Japão, parte de sua produção => au-
menta as exportações líquidas (lembre-se que EL = exportações – importações). Além
disso, os EUA adquiram ativos estrangeiros (os Ienes pagos pelos aviões) => isto au-
menta o investimento externo líquido americano (IEL = compra de ativos estrangei-
ros por residentes internos - aquisição de ativos internos por residentes no exterior).

Sempre que houver uma ação modificando a balança comercial (EL), esta ação im-
plicará numa ação do mesmo montante no IEL, preservando a identidade. Esta pre-
servação da identidade IEL = EL acontece pelo fato que toda transação internacional
é uma troca. Quando um vendedor de um país transfere um bem ou serviço a um
comprador em outro país, este comprador lhe entrega algum ativo em pagamento.
O valor deste ativo é igual ao valor do bem ou serviço vendido.

104 SUMÁRIO
ECONOMIA

6.3 POUPANÇA, INVESTIMENTO E SUA RELAÇÃO


COM OS FLUXOS INTERNACIONAIS

Já foi visto como a poupança e o investimento são cruciais para o crescimento eco-
nômico de longo prazo de uma economia. Até agora, foi analisado o comporta-
mento dessas variáveis numa economia hipotética, que não se comunicava com o
exterior (uma economia fechada). Agora será visto como Poupança e Investimento se
relacionam com os Fluxos Internacionais de Bens e Capital, medidos em termos de
Exportações Líquidas (saldo da Balança Comercial) e Investimento externo líquido.

A expressão do Pib, agora que a economia é aberta é:

Aonde: Y= Pib; C = Consumo das famílias; I = Investimentos; G = Gastos do governo; EL


= Exportações Líquidas (Exportações (X) –Importações (M)).

A Poupança Nacional (S) é o que resta do Pib (Y), após se retirar o consumo das fa-
mílias (C) e os gastos do governo (G).

S=Y-C-G

Da expressão do Pib:

Y-C-G = I + EL => S = I+EL

Como, para uma economia EL = IEL

S = I+IEL

Esta expressão diz que:

Poupança = Investimento Interno + Investimento Externo Líquido.

SUMÁRIO 105
ECONOMIA

Isto significa que, tomando um país como referência (por exemplo, o Brasil) => quan-
do um residente no Brasil poupa um Real, este Real é necessariamente utilizado
para financiar a acumulação de capital internamente (no próprio Brasil) ou para
financiar a aquisição de capital no exterior.

Lembrando que capital significa, máquinas, casas, fábricas,


conhecimento humano etc.

Assim, chegamos à conclusão que quando o IEL (Investimento Externo Líquido) de


um país é negativo, isto é, quando os residentes no exterior investem neste país
mais do que os residentes deste país investem lá fora, o crescimento deste país está
sendo financiado não só com a poupança interna, mas com a poupança de outras
economias.

Juros mundial se mantenha constante, levando o país a financiar seus investimen-


tos no exterior) significa que a redução da poupança interna será financiada por
poupança externa (empréstimos externos). Como EL = S-I, a queda de S implica no
aparecimento de um déficit na Balança Comercial.

6.4 TAXA DE CÂMBIO REAL E TAXA DE CÂMBIO


NOMINAL

Taxa de Câmbio Nominal é taxa a qual se pode trocar a moeda de um país pela
moeda de outro país. Os jornais publicam diariamente a cotação da véspera do Real,
em relação as principais moedas no mundo.

106 SUMÁRIO
ECONOMIA

EXEMPLO

Você abre a Gazeta Mercantil e lê que, no câmbio comercial, 1 Dólar = 3,15 Reais. Esta
é taxa de câmbio nominal. Se, no dia seguinte 1 Dólar = 3,18 Reais, dizemos que o Real
se desvalorizou em frente ao Dólar ou que o Dólar se apreciou em relação ao Real. Se a
taxa do dia seguinte for de 1 dólar = 3,10 Reais, dizemos que o Real se valorizou ou que
o dólar se depreciou frente ao Real.

• Taxa de câmbio real é a taxa que se pode trocar os bens e serviços de um país,
pelos bens e serviços de outro país.

Exemplo: Imagine que você vai às compras e vê uma caixa de cerveja alemã que custa
o dobro de uma caixa de cerveja, da mesma qualidade, americana. Você poderia dizer
que a taxa de câmbio real é de ½ caixa de cerveja americana. Note que como no caso,
a taxa de câmbio real é expressa em termos de produtos e não de moeda. Obviamente,
ao se estudar a economia como um todo, são comparadas cestas de produtos e não
um produto individual.

Qual a importância da taxa de câmbio real?


Ela é um dos principais determinantes de quanto um país exporta.

Imagine o beneficiador do arroz Uncle Ben,s nos EUA. Ele compra sacos de arroz, tanto
no mercado interno quanto no exterior e o beneficia (com vitaminas) para se tornar o
produto, vende no mercado. Ao comprar suas sacas de arroz, ele levará em considera-
ção, entre outras coisas, a taxa de câmbio real, para ver qual o mais barato.

Uma depreciação da taxa de câmbio real do Brasil, significa que os produtos brasileiros
se tornam mais baratos que os estrangeiros. Em consequência disso, as exportações
brasileiras crescem e as importações caem, ambos os fatos contribuindo para o cresci-
mento da Balança Comercial.

SUMÁRIO 107
ECONOMIA

6.5 A INFLAÇÃO E AS TAXAS DE CÂMBIO


NOMINAIS

Se observarmos os dados relativos às taxas de câmbio e os níveis de preço em diver-


sos países, verificaremos com facilidade, a importância da inflação na explicação das
taxas de câmbio mundiais. Os exemplos mais dramáticos aparecem em períodos de
hiperinflações. O nível de preço no México subiu 2.300% entre 1983 e 1988. Em con-
sequência, a quantidade de pesos com que uma pessoa comprava 1 dólar passou de
144, em 1983 para 2281 em 1988.

A mesma relação acontece com países com inflação mais moderada. Países com
inflação mais alta tendem a ter sua moeda mais desvalorizada. Lembrando que a
inflação é um fenômeno que ocorre com causas monetárias (excesso de emissão),
pode-se concluir que a desvalorização acontece por um desequilíbrio entre oferta e
demanda, causado pelo aumento de emissão.

EXEMPLO

1 dólar americano comprava em:

1970 1995

Marcos Alemães 1970 1995

liras Italianas 1970 1995

108 SUMÁRIO
ECONOMIA

6.6 COMO AS FORÇAS ATUAM NO MERCADO DE


CÂMBIO

Tomando como referência o mercado de reais por dólar: Se há uma demanda por
dólares (pessoas oferecendo reais para comprar dólares) maior do que a oferta (pes-
soas oferecendo dólares para comprar reais) => o dólar se aprecia em relação ao real.

A demanda de dólares é pressionada quando:

- Residentes do país compram dólares para viajar ao exterior;

- Quando um comerciante ou indústria brasileira importa produtos do exterior;

- Quando um investidor estrangeiro que aplicou no mercado de capitais no Bra-


sil decide retirar sua aplicação (que está em reais) e repatriar seu capital (em
dólares);

- Quando empresas estrangeiras atuando no Brasil remetem lucros e dividendos


para o exterior (esses lucros são obtidos em reais e são convertidos em dólares
para serem remetidos ao exterior);

- A demanda de dólar é pressionada, principalmente, quando os agentes econô-


micos têm uma perspectiva de desvalorização da moeda nacional.

A oferta de dólares é pressionada:

- Quando o fluxo de turistas estrangeiros aumenta, trazendo consigo dólares que


são trocados por reais para seus gastos no Brasil;

- Quando aumentam as exportações;

- Quando empresas estrangeiras resolvem realizar investimentos diretos no Bra-


sil. Estas empresas trazem dólares que serão trocados por Reais para o investi-
mento;

- Quando um investidor estrangeiro de portfólio (ações, títulos etc.) resolve inves-


tir no mercado de capitais brasileiro;

- Quando firmas brasileiras no exterior mandam lucros e dividendos para o Brasil;

- A oferta de dólar é pressionada, principalmente, quando os agentes têm uma


perspectiva de valorização da moeda nacional.

SUMÁRIO 109
ECONOMIA

6.7 REGIMES CAMBIAIS

O Banco Central, além das funções já descritas anteriormente, é o guardião das di-
visas do país. Quando um importador brasileiro paga suas aquisições no exterior, ele
fornece reais ao Banco Central que os converte em dólares, fazendo a remessa destes
para o credor no exterior. Na situação inversa, quando um exportador brasileiro tem
crédito a receber, o importador no exterior envia dólares que são trocados por reais
pelo Bacen que paga a empresa brasileira. As reservas mantidas no Banco Central
têm um papel central nos regimes cambiais.

6.7.1 REGIME DE CÂMBIO FIXO

Neste regime, o Banco Central se compromete em manter uma certa taxa de câm-
bio, ou seja, há uma garantia que haverá compra e venda divisas (moedas estrangei-
ras) a um preço fixado pelo Bacen. No entanto, caso o país enfrente desequilíbrios
em sua balança comercial, essa taxa pode ser alterada.

O regime de câmbio fixo facilita a tomada de decisões pelos agentes econômicos.


No entanto, há necessidade do Banco Central estar preparado para situações de
excesso de demanda ou de oferta por moeda estrangeira para taxa estabelecida,
aceitando assim perda de graus de liberdade na condução da política monetária.

O Banco Central brasileiro pode comprar dólares à vontade, pois ele tem o poder de
decidir a oferta de reais, inclusive emitindo. Contudo, para vender dólares ele é limi-
tado pelas reservas de divisas estrangeiras que ele mantém (que depende dos fluxos
de capitais para o país). Assim, ele só conseguirá manter a paridade se o país tiver
reservas de divisas estrangeiras. Neste contexto é que pode acontecer um ataque
especulativo à moeda.

Vamos supor que o Bacen estivesse sob o regime de câmbio fixo e estivesse havendo
uma pressão compradora de dólares no país. O Bacen entraria vendendo dólares
para manter o câmbio. Ao fazer isto, suas reservas cairiam. Se a pressão continuasse,
ele teria que prosseguir, se desfazendo das reservas de dólares. Em dado instante, o
mercado adquire a percepção de que as reservas estão diminuindo e que o Bacen
em breve não conseguirá mais intervir no mercado, para impedir a desvalorização.

110 SUMÁRIO
ECONOMIA

Os agentes econômicos vão querer manter sua riqueza comprando dólares, antes
que o real se desvalorize. Esta atitude generalizada do mercado, aumenta em muito
a pressão de demanda por dólares, obrigando o Bacen a abandonar o regime de
taxa cambial fixa. Isto que acabou de ser descrito é o que se chama de um ataque
especulativo à moeda.

- Fato Histórico.

A desvalorização do real

O Brasil viveu uma situação como esta em fevereiro de 1999. Crises internacionais
tinham feito com que o fluxo de divisas, do para o país fosse fortemente negativo. A
percepção do mercado, apesar de empréstimos do FMI (Fundo Monetário Interna-
cional) para reforço de divisas, foi que o Banco Central não teria reservas para susten-
tar a paridade. O Brasil abandonou o sistema de taxa de câmbio fixa.

Obs.: O sistema de câmbio brasileiro em fevereiro não era exatamente o de câmbio


fixo real, mas um sistema de bandas, no qual o Bacen se comprometia a sustentar
o câmbio nominal inferior e superior, podendo o câmbio variar neste intervalo. Para
raciocinar se este regime pode ser sustentado, pode-se usar a mesma lógica vista no
caso do câmbio fixo.

6.7.2 O REGIME DE CÂMBIO FLUTUANTE

No regime de câmbio flutuante o Banco Central não interfere no mercado e a taxa


de câmbio nominal é ajustada naturalmente para equilibrar a oferta e demanda.
Aqui não existe a necessidade da manutenção por parte do Bacen de reservas altas.
Contudo, na prática, o regime de taxa flutuante puro é muito difícil de ocorrer.

- Fato Histórico.

Podemos considerar que nos EUA o regime é de flutuação pura. O FED raríssimas
vezes interfere no mercado de câmbio. Contudo, em 1999, durante a crise asiática, o
FED comprou Ienes para segurar a cotação da moeda japonesa, cuja queda acentu-
ada estava prejudicando as exportações americanas e traziam mais instabilidade ao
cenário já difícil.

SUMÁRIO 111
ECONOMIA

6.7.3 REGIME DE CÂMBIO BRASILEIRO: FLUTUAÇÃO


SUJA (DIRTY FLOATING)

O regime cambial brasileiro é conhecido como flutuação suja. Nesse sistema a taxa
de câmbio é flutuante, ou seja, determinada pela oferta e pela demanda de divisas,
no entanto, quando há necessidade o Banco Central interfere comprando ou ven-
dendo divisas. Vamos supor que o Banco Central Brasileiro se comprometesse com
uma taxa de câmbio nominal de:

1 Dólar = 3,2 Reais.

Isto significa que, se houvesse uma pressão na demanda por dólares, o Bacen deveria
entrar no mercado de câmbio vendendo dólares para equilibrar oferta e demanda.
Se, caso o contrário, houvesse uma pressão na oferta, o Bacen deveria entrar no mer-
cado de câmbio comprando dólares, novamente para equilibrar o mercado e manter
a taxa de câmbio nominal.

6.7.4 O PADRÃO OURO

Hoje, o padrão ouro não existe mais. Entretanto, convém fazer uma referência a ele
a título de conhecimento. Antes da primeira guerra mundial (1914), a economia do
mundo funcionava de acordo com o padrão ouro, o que significava que a moeda da
maior parte dos países podia ser convertida diretamente em ouro. As notas de dólar
americano, por exemplo, poderiam ser apresentadas ao tesouro americano e troca-
das aproximadamente por 1/20 onças de ouro. Da mesma forma, o tesouro britânico
poderia trocar uma libra por ¼ de onça de ouro.

Bretton Woods: em 1944, os países aliados reuniram-se em Bretton Woods para


discutir medidas econômicas, fundamentais para a paz. As resoluções, em resumo,
foram:

- Auxiliar a reconstrução das economias devastadas pela guerra;

- Volta ao padrão ouro;

112 SUMÁRIO
ECONOMIA

- Paridades monetárias estáveis;

- Eliminação dos controles cambiais.

Para atingir esses objetivos, idealizou-se a criação de dois órgãos:

- FMI - Fundo Monetário Internacional;

- Bird – Banco Internacional de Reconstrução e Desenvolvimento.

A moeda de reserva mundial agora era o dólar, já que, a economia americana após
as duas guerras tinha se tornado, definitivamente, a economia mais forte do mundo.

Até a primeira guerra a moeda reserva era a libra esterlina.

Atualmente o dólar não possui lastro em ouro, pois em 1971 o presidente america-
no Richard Nixon decidiu que não era mais necessário possuir uma reserva em ouro
para dólares emitidos. A partir de então, o dólar passou a ter sustentabilidade apenas
pela credibilidade internacional.

6.7.5 ABERTURA COMERCIAL

Nos anos 1980, a política econômica brasileira caracterizava-se pelo ajuste determi-
nado pela crise de endividamento externo. Deste modo, a política de comércio exte-
rior estivera fortemente voltada para a obtenção de superávits comerciais, por meio
de contenção de importações às exportações.

O principal instrumento de contenção das importações durante os anos 80 foram


medidas não tarifárias, dentre as quais se destacava a Lei do Similar Nacional, que
listava alguns produtos cuja importação era proibida. Além disso, havia programas
especiais de importação e licenças de importação. Todo o processo de importação
era conduzido pela carteira de comércio exterior, do Banco do Brasil, no que se refe-
ria aos aspectos regulatórios e operacionais.

A partir da segunda metade dos anos 1980, ocorreu uma generalizada abertura co-
mercial nos países latinos americanos. Em 1988, o Brasil iniciava sua reforma co-
mercial com a eliminação dos controles quantitativos e administrativos sobre suas
importações e uma proposta de redução tarifária.

SUMÁRIO 113
ECONOMIA

A abertura da economia brasileira intensificou-se a partir de 1990. O esgotamento


do modelo de substituição de importações e a crescente desregulamentação dos
mercados internacionais contribuíram para uma reestruturação da economia brasi-
leira, influenciada pela redução de tarifas de importação, que era de cerca de 40%,
em 1990, foi reduzida gradualmente até atingir seu nível mais baixo em 1995, 13%
como se observa na tabela a seguir.

Alíquotas Nominais Médias de Importação

1988 41,0 % 2003 11,5

1989 35,5 2004 10,8

1990 32,2 2005 10,7

1991 25.3 2006 10,5

1992 21,1 2007 11,4

1993 16,5 2008 11,4

1994 14,3 2009 11,4

1995 11,2 2010 11,6

1996 11,1 2011 11,6

1997 13,8 2012 11,6

1998 13,8 2013 11,6

1999 13,7 2014 11,6

2000 13,8 2015 11,6

2001 12,8 2016 11,6

2002 11,7

Fonte: Ministério da Indústria, do Comércio e do Turismo.

Em paralelo à questão conjuntural, a liberalização e a abertura econômica que se ini-


ciavam na política econômica do governo Collor, implicaram uma forte necessidade
de ajuste, por parte das empresas, para sobreviver à nova realidade.

114 SUMÁRIO
ECONOMIA

Em função do quadro de instabilidade reinante em praticamente toda década de


1980, a maior parte dos setores da economia brasileira encontrava-se em atraso tec-
nológico, em comparação com os padrões internacionais.

A carência dos serviços de infraestrutura econômica, principalmente nas áreas de ener-


gia e telecomunicações, transportes e portos. A crise fiscal do Estado também repercu-
tia na qualidade insuficiente do sistema educacional básico e na ausência de desenvol-
vimento de programas de treinamento profissional especializado. Essa carência, além
de gerar ineficiências e custos elevados, dificultava adaptação da força de trabalho a
padrões tecnológicos avançados, concorrendo para estagnação da produtividade.

6.7.6 FUNDO MONETÁRIO INTERNACIONAL – FMI

A conferência de Bretton Woods realizada depois da segunda guerra, estabeleceu


normas e princípios que necessitavam de órgãos executores. Assim, nasceu o Fundo
Monetário Internacional em julho de 1944.

Temia-se que a desorganização mundial decorrente da guerra levasse o mundo a


novos conflitos. Era necessária uma instituição que contribuísse para a estabilidade
financeira e econômica mundial.

Objetivos do FMI:

- Estabelecer paridades monetárias rígidas (abandonada após a crise do dólar em


1973);

- Eliminar os controles cambiais;

- Dar assistência aos países com problemas nos balanços de pagamentos;

- Fornecer recursos monetários aos países membros, quando justificáveis.

O Brasil e o FMI

O relacionamento do Brasil com o FMI sempre foi muito tumultuado. Havia sempre
a oposição das correntes nacionalistas e da esquerda. Entretanto, vários governos
negociaram com o fundo, como podemos ver:

SUMÁRIO 115
ECONOMIA

Juscelino Kubitschek
Em 1958 negociou um empréstimo de US$200 milhões.
Como não aceitou as condições do FMI, o empréstimo não foi
concedido e, em 1959, o Brasil rompeu as negociações com
o Fundo. Posteriormente, voltou a negociar e recebeu um
empréstimo de US$37milhões.

Jânio Quadros
Em seu governo, Castelo Branco
o Brasil recebeu Reestruturou
US$2,1bilhões. a economia
Esses recursos e obteve
vieram do FMI, financiamentos.
Tesouro Americano e
bancos particulares.

João Figueiredo
Em 1982 ocorreu a primeira crise mexicana. Os efeitos sobre
o Brasil foram muito grandes. O Brasil negociou com o FMI e
apresentou a carta de intenções. Inicialmente, ela não foi aceita.
Depois de várias reformulações, em 1983, o Fundo emprestou
US$1,6 milhões.

José Sarney
Em 1987 o governo decretou moratória unilateral, o que
dificultou entendimentos com o Fundo. Entretanto, em 1988,
com a nomeação de Mailson da Nóbrega para ministro da
fazenda, a situação alterou-se. Após ajustes econômicos, o Brasil
solicitou um empréstimo de US$1,4bilhão.

116 SUMÁRIO
ECONOMIA

Fernando Collor de Mello


Na gestão do ministro Marcílio Marques Moreira, o governo
brasileiro apresentou nova carta de intenções e, em 1992, o
Fundo abriu uma linha de crédito de US$2bilhões.

Fernando Henrique Cardoso


Em decorrência da crise asiática e moratória russa, o Brasil passou
por muitas dificuldades. Por isso, solicitou um financiamento
do FMI, que foi concedido. O valor do empréstimo era de
US$41bilhões, que seria se desembolsado em diversas parcelas.
Em 2002, a crise de crédito internacional e a crise eleitoral
levaram a um novo empréstimo de US$ 30 bilhões.

SUGESTÃO DE LEITURA

A Dívida Externa Brasileira


Dívidas não se pagam, se rolam

Delfim Netto
“A moratória é sólida tradição nacional. O primeiro debate no Congresso sobre a dívida
externa foi em junho de 1831. Havia os “contratualistas” que queriam pagar, e os calo-
teiros, que consideravam a dívida espoliativa. Desde então houve 14 moratórias, entre
formais e informais. Sob Getúlio Vargas, nada menos que quatro. Sarney contentou-se
com duas...”

Roberto Campos, artigo publicado no Estado de São Paulo, 19-7-92

SUMÁRIO 117
ECONOMIA

Os choques dos anos 80:

A tabela a seguir, apresenta os choques adversos que atingiram as economias em


desenvolvimento no começo dos anos 80.

CRESCIMENTO DO
PREÇO PREÇO REAL
PIB NOS PAÍSES TAXA REAL
PERÍODOS REAL DO DOS PRODUTOS
INDUSTRIALIZADOS PETRÓLEO DE JUROS
PRIMÁRIOS
(%)

1970-1979
3,4 45 109 -2,5
Média Anual

1980 1,3 100 100 6

1981 1,5 117 87 22

1982 -0,5 126 81 23

1983 2,3 113 89 12

Fonte: Rudiger Dornbusch e Stanley Fischer, “The World Debt Problem”, MIT, 1984.

Observe-se, em primeiro lugar, como as taxas de juros, que tinham sido negativas
durante a década de 70, se tornaram positivas e altas. Isto fez com que os pagamen-
tos dos juros sobre os empréstimos contraídos em circunstâncias favoráveis se trans-
formassem num verdadeiro pesadelo.

Além disso o preço real do petróleo subiu em relação à década passada. Isto é agra-
vado pelo fato de que os preços das mercadorias exportadas pelos países em de-
senvolvimento estavam caindo. Soma-se a isso a queda do crescimento das econo-
mias industrializadas, e teremos uma aproximação das dificuldades que os países
em desenvolvimento estavam enfrentando para gerar superávits nas suas balanças
comerciais. Tais superávits tornaram-se necessários, uma vez que os empréstimos
internacionais se contraíram, assim que os banqueiros se amedrontaram com o cres-
cimento da razão dívida/exportação dos países em desenvolvimento.

O Brasil não foi o único país a ser atingido por acontecimentos tão desfavoráveis. A
crise nos países latinos – americanos, assim como no Brasil, se deveu a uma combina-
ção de fatores. Por um lado, ela foi o resultado de políticas expansionistas, financia-

118 SUMÁRIO
ECONOMIA

das com endividamento externo. Por outro lado, tal curso de desenvolvimento ficou
difícil de ser corrigido com a escalda dos juros nos anos 80 e a queda dos preços dos
produtos primários.

No caso brasileiro, a dívida refletia em grande parte a acomodação dos choques do


petróleo de 1973 e 1979, aos programas de Investimentos das estatais e a escalada
dos juros internacionais.

De acordo com o FMI, 30 países em desenvolvimento se


encontravam em processo de renegociação de suas dívidas
em 1983.

- Em 1897, por decisão do ministro da fazenda Dílson Funaro, o Brasil decretou a


moratória; ainda em 1987, o novo ministro da fazenda Luiz Carlos Bresser Pereira,
suspendeu a moratória e iniciou entendimentos com nossos credores.

- Em 1988, houve nova moratória, com suspensão de pagamentos, incluindo nossos


débitos com o clube de Paris.

- Em 1990, a ministra da fazenda Zélia Cardoso de Mello, reiniciou as negociações


com nossos credores e apresentou a décima carta de intenções ao FMI.

- Seu sucessor, ministro Marcílio Marques Moreira, tentou novamente negociar com o
FMI, e apresentou a décima primeira carta de intenções; fez acordos com os bancos
privados e com o clube de Paris.

- Em 1993, o então ministro da fazenda Paulo Haddad, voltou a negociar com a Su-
écia, com o Japão e com o FMI.

- Em 1994, após o plano Brady que permitiu um desconto nos passivos dos países
devedores, assim como uma redução no fluxo de pagamentos de principal e juros,
um acordo foi assinado solucionando o problema e regularizando a situação brasi-
leira frente ao mercado financeiro internacional.

SUMÁRIO 119
ECONOMIA

CONCLUSÃO
Você está prestes a finalizar o estudo da disciplina Economia. Ao longo dessa apostila
aprofundamos os seguintes assuntos:

• Evolução do Pensamento Econômico;

• Oferta, Demanda e Equilíbrio de Mercado;

• Estruturas de Mercado;

• O Produto Interno Bruto;

• Sistema Monetário e Política Macroeconômica;

• O Setor Externo;

Tenho certeza que após se dedicar aos estudos dessa disciplina a sua forma de ver
o mundo foi modificada. A partir de agora você possui uma maior compreensão das
notícias econômicas divulgadas nos meios de comunicação e maior entendimento,
tanto dos mecanismos de mercado quanto do papel do governo, ao promover polí-
ticas macroeconômicas.

Modificar a forma de ver o mundo, reflete em atitudes diferentes transforma o am-


biente no qual estamos inseridos.

Espero que tenha gostado da disciplina.

Sucesso a todos!

120 SUMÁRIO
ECONOMIA

REFERÊNCIAS
ACKLEY, Gardner. Teoria Macroeconômica. 3 ed., São Paulo: Pioneira, 1989.

BACEN - BANCO CENTRAL DO BRASIL. Disponível em: http://www.bcb.gov.br/ptbr/paginas/


default.aspx. Acesso em: 02 de julho de 2017.

CADE – Conselho Administrativo de Defesa Econômica. Disponível em: http://www.cade.gov.


br/. Acesso em: 03 de setembro de 2017.

COLÉGIO WEB. Disponível em https://www.colegioweb.com.br/historia/qual-relacao-entre-o-


-mercantilismo-e-o-capitalismo.html. Acesso em 03 de setembro de 2017.

DORNBUSCH, Rudige e FISHER, Stanley. Macroeconomia. 2 Ed., São Paulo: Makron, Mcgraw-
-Hill, 1991.

GREMAUD, Amaury P. et al. Manual de Economia. 4 ed. São Paulo: Saraiva, 2004.

INFO ESCOLA. Disponível em: <http://www.infoescola.com/historia/revolucao-industrial/>.


Acesso em 03 de setembro de 2017.

MINISTÉRIO DA INDÚSTRIA, COMÉRCIO EXTERIOR E SERVIÇOS. Disponível em: http://www.


mdic.gov.br. Acesso em: 02 de julho de 2017.

MONTORO Filho, André Franco, et al, Manual de Economia: Organizadores, Diva Benevides
Pinho, Marco Antonio Sandoval de Vasconcellos. São Paulo, Saraiva. 1998.

NOGAMI, Otto. Economia. - 1.ed. rev. - Curitiba, PR : IESDE Brasil, 2012.

PASSOS, Carlos Roberto Martins, e NOGAMI, Otto. Princípios de economia: livro de exercícios.
Pioneira, 1999.

PORTAL DO PLANALTO. Disponível em: http://www2.planalto.gov.br/acervo/galeria-de-presi-


dentes>. Acesso em 03 de setembro de 2017.

RESUMOESCOLAR.Disponívelem:<https://www.resumoescolar.com.br/historia/resumo-da-al-
ta-idade-media/>. Acesso em 03 de setembro de 2017.

SUMÁRIO 121
ECONOMIA

ROSSETTI, J. P. Introdução à Economia: 14º Edição Ampliada e atualizada. São Paulo. Atlas,
1997.

SHAPIRO, Edward. Análise Macroeconômica. 2 Ed., São Paulo: Atlas, 1992.

SOUZA, Ubiratan Jorge Iório de. Macroeconomia e Política macroeconômica. Rio de Janeiro:
Ibmec, 1984.

SOUZA, Nali de J. de. Curso de Economia. São Paulo: Atlas, 2000.

VANCONCELLOS, Marco Antônio Sandoval de, GARCIA, Manuel Enriquez, Fundamentos de


Economia: São Paulo, Saraiva, 2008.

VASCONCELLOS, Marco Antonio Sandoval. Economia: micro e macro. 4. ed. São Paulo: Editora
Atlas, 2008.

VASCONCELLOS, Marco Antonio Sandoval; GARCIA, Enriquez Garcia. Fundamentos de Eco-


nomia. 3ª edição. São Paulo: Saraiva, 2008.

ROSSETTI, José Paschoal. Introdução à economia. 21. ed. São Paulo: Atlas, 2016.

NOGAMI, Otto. Princípios de economia.7. ed. São Paulo, SP: Cengage Learning, 2016.

MCGUIGAN, James R. Economia de empresas: aplicações, estratégia e táticas. 3. ed. São Pau-
lo: Cengage Learning, 2016.

VASCONCELLOS, Marco Antonio Sandoval de. Economia: micro e macro: teoria e exercícios,
glossário com os 300 principais conceitos econômicos. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2015.

LANZANA, Antonio Evaristo Teixeira. Economia brasileira: fundamentos e atualidade. 5 ed.


São Paulo: Atlas, 2017.

DIAS, Marcos de Carvalho. Economia fundamental. São Paulo: Érica, 2015.

BRITO, Osias. Guia prático de economia e finanças. São Paulo: Saraiva, 2016.

CARMO, Edgar Cândido. Economia internacional. 3ed. São Paulo, Saraiva, 2016.

122 SUMÁRIO
ECONOMIA

CONHEÇA TAMBÉM NOSSOS CURSOS DE PÓS-GRADUAÇÃO A DISTÂNCIA NAS ÁREAS DE:

SAÚDE • EDUCAÇÃO • DIREITO • GESTÃO E NEGÓCIOS

E A D. M U L T I V I X . E DU. B R

SUMÁRIO 123

Você também pode gostar