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FUNDAMENTOS EPISTEMOLÓGICO DA PEDAGOGIA

FUNDAMENTOS TEÓRICOS E
METODOLÓGICOS DA PEDAGOGIA

FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD


Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017
SUMÁRIO 1
FUNDAMENTOS
FUNDAMENTOS TEÓRICOS E EPISTEMOLÓGICO
METODOLÓGICOS DA PEDAGOGIA

GRUPO A Faculdade Multivix está presente de norte a sul

MULTIVIX
do Estado do Espírito Santo, com unidades em
Cachoeiro de Itapemirim, Cariacica, Castelo, Nova
Venécia, São Mateus, Serra, Vila Velha e Vitória.
Desde 1999 atua no mercado capixaba,
destacando-se pela oferta de cursos de
graduação, técnico, pós-graduação e
extensão, com qualidade nas quatro áreas
do conhecimento: Agrárias, Exatas,
Humanas e Saúde, sempre primando pela
qualidade de seu ensino e pela formação
de profissionais com consciência cidadã
para o mercado de trabalho.

Atualmente, a Multivix está entre o seleto


grupo de Instituições de Ensino Superior que
possuem conceito de excelência junto ao
Ministério da Educação (MEC). Das 2109 institu-
ições avaliadas no Brasil, apenas 15% conquis-
taram notas 4 e 5, que são consideradas
conceitos de excelência em ensino.

R EE II T O R
R
Estes resultados acadêmicos colocam
todas as unidades da Multivix entre as
melhores do Estado do Espírito Santo e
entre as 50 melhores do país.

MISSÃO

Formar profissionais com consciência


cidadã para o mercado de trabalho, com elevado
padrão de qualidade, sempre mantendo a credibil-
idade, segurança e modernidade, visando à satis-
fação dos clientes e colaboradores.

VISÃO

Ser uma Instituição de Ensino Superior reconheci-


da nacionalmente como referência em qualidade
educacional.

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02 SUMÁRIO
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FUNDAMENTOS TEÓRICOS E METODOLÓGICOS
EPISTEMOLÓGICO DA PEDAGOGIA
DA PEDAGOGIA

EDITORIAL

FACULDADE CAPIXABA DA SERRA • MULTIVIX

Diretor Executivo Revisão Técnica


Tadeu Antônio de Oliveira Penina Alexandra Oliveira
Alessandro Ventorin
Diretora Acadêmica Graziela Vieira Carneiro
Eliene Maria Gava Ferrão Penina Juliana Lima Barboza
Tatiana de Santana Vieira
Diretor Administrativo Financeiro
Fernando Bom Costalonga Design Editorial e Controle de Produção de Conteúdo
Carina Sabadim Veloso
Diretor Geral Maico Pagani Roncatto
Helber Barcellos da Costa Ednilson José Roncatto
Aline Ximenes Fragoso
Conselho Editorial Genivaldo Felix Soares
Eliene Maria Gava Ferrão Penina (presidente
do Conselho Editorial) NEAD – Núcleo de Educação à Distância
Kessya Penitente Fabiano Costalonga Gestão Acadêmica - Coord. Didático Pedagógico
Carina Sabadim Veloso Gestão Acadêmica - Coord. Didático Semipresencial
Patrícia de Oliveira Penina Gestão de Materiais Pedagógicos e Metodologia
Roberta Caldas Simões Coordenação Geral de EAD

Revisão de Língua Portuguesa


Leandro Siqueira Lima

BIBLIOTECA MULTIVIX (Dados de publicação na fonte)

P832f Porto, Vivia Camila Côrtes.


Fundamentos Teóricos e Metodológicos da Pedagogia / Vivia Camila Côrtes Porto. – Serra:
Multivix, 2017.

95 f.: il.; 30 cm

Inclui referências.

1. Educação. I. Faculdade Multivix - NEaD. II. Título.

CDD: 370.1

Catalogação: Biblioteca Central Anisio Teixeira – Multivix Serra


2017 • Proibida a reprodução total ou parcial. Os infratores serão processados na forma da lei.

As imagens e ilustrações utilizadas nesta apostila foram obtidas no site: http://br.freepik.com

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SUMÁRIO 03
FUNDAMENTOS
FUNDAMENTOS TEÓRICOS E EPISTEMOLÓGICO
METODOLÓGICOS DA PEDAGOGIA

APRESENTAÇÃO Aluno (a) Multivix,

DA DIREÇÃO Estamos muito felizes por você agora fazer parte do

EXECUTIVA
maior grupo educacional de Ensino Superior do
Espírito Santo e principalmente por ter escolhido a
Multivix para fazer parte da sua trajetória profissional.

A Faculdade Multivix possui unidades em Cachoeiro


de Itapemirim, Cariacica, Castelo, Nova Venécia, São
Mateus, Serra, Vila Velha e Vitória. Desde 1999, no
mercado capixaba, destaca-se pela oferta de cursos
de graduação, pós-graduação e extensão de
qualidade nas quatro áreas do conhecimento:
Agrárias, Exatas, Humanas e Saúde, tanto na
modalidade presencial quanto a distância.

Além da qualidade de ensino já comprovada


REITOR
pelo MEC, que coloca todas as unidades do
Grupo Multivix como parte do seleto grupo das
- Instituições de Ensino Superior de excelência
no Brasil, contando com sete unidades do
Grupo entre as 100 melhores do País, a Multivix
preocupa-se bastante com o contexto da
realidade local e com o desenvolvimento do
país. E para isso, procura fazer a sua parte,
investindo em projetos sociais, ambientais e na
promoção de oportunidades para os que
sonham em fazer uma faculdade de qualidade
Prof. Tadeu Antônio de Oliveira Penina mas que precisam superar alguns obstáculos.
Diretor Executivo do Grupo Multivix
Buscamos a cada dia cumprir nossa missão que é:
“Formar profissionais com consciência cidadã para
o mercado de trabalho, com elevado padrão de
qualidade, sempre mantendo a credibilidade, segu-
rança e modernidade, visando à satisfação dos
clientes e colaboradores.”

Entendemos que a educação de qualidade sempre


foi a melhor resposta para um país crescer. Para a
Multivix, educar é mais que ensinar. É transformar o
mundo à sua volta.

Seja bem-vindo!

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04 SUMÁRIO
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FUNDAMENTOS TEÓRICOS E METODOLÓGICOS
EPISTEMOLÓGICO DA PEDAGOGIA
DA PEDAGOGIA

APRESENTAÇÃO A disciplina “Fundamentos Epistemológicos da Pe-

GERAL DA
dagogia”, trata do estudo das teorias dos principais
pensadores e formuladores do conhecimento e do

DISCIPLINA ensino, procuramos compreender os princípios fun-


damentais que regem a produção do conhecimen-
to e quais os fundamentos pedagógicos, políticos e
epistemológicos que sustentam o processo ensino-
-aprendizagem.

Ao longo da disciplina, buscamos promover uma


discussão, partindo da contextualização dos atores
educacionais, destacando que a qualidade do ensi-
no brasileiro está relacionada a todos os agentes, ou
seja, todos nós que fazemos parte da comunidade
escolar, além disso, buscamos considerar os fatores
históricos, políticos, sociais e econômicos que deter-
minam as práticas educativas e seus fundamentos
no contexto da sala de aula.

Esperamos que, até o fim da disciplina, você possa:

» ampliar a compreensão sobre os princípios funda-


mentais que regem a produção do conhecimento;

» conhecer os fundamentos pedagógicos, políticos


e teóricos que sustentam o processo ensino-apren-
dizagem;

» identificar os aspectos que apontam as possi-


bilidades para a construção de propostas fun-
damentadas na concomitância da relação entre
teoria e prática;

» compreender a relevância dos diferentes paradig-


mas no processo de formação docente.

Enfim, esperamos promover reflexões sobre o as-


sunto e desejamos sucessos e bom estudos!

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FUNDAMENTOS
FUNDAMENTOS TEÓRICOS E EPISTEMOLÓGICO
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LISTA DE QUADROS

> Quadro 01: Definições de educação 11


> Quadro 02: Sentidos de educação 13
> Quadro 03: Organização da Educação Básica 15
> Quadro 04: Educação Superior 16
> Quadro 05: Qualificação profissional 18
> Quadro 06: Iluminismo 30
> Quadro 07: Filósofos do século XIX 31
> Quadro 08: Ciência 41
> Quadro 09: Teorias crítico-reprodutivistas 54

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06 SUMÁRIO
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FUNDAMENTOS TEÓRICOS E METODOLÓGICOS
EPISTEMOLÓGICO DA PEDAGOGIA
DA PEDAGOGIA

SUMÁRIO

UNIDADE 1 O CONCEITO DE EDUCAÇÃO 10


1.1 OUTROS SENTIDOS DE EDUCAÇÃO 13
1.1.1 EDUCAÇÃO NÃO FORMAL E FORMAL 14
1.2 O PAPEL DO EDUCADOR 16
1.3 A RELAÇÃO EDUCAÇÃO E SOCIEDADE 19

UNIDADE 2 ESTUDO DA EDUCAÇÃO ENQUANTO CIÊNCIA 24


2.1 PANORAMA HISTÓRICO DO PENSAMENTO PEDAGÓGICO 26

UNIDADE 3 O SURGIR DAS CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO 38


3.1 EPISTEMOLOGIA E EDUCAÇÃO 39

UNIDADE 4 A EDUCAÇÃO NA SOCIEDADE CAPITALISTA 47


4.1 PEDAGOGIA LIBERAL TECNICISTA 48

UNIDADE 5 O CONTEXTO DA PEDAGOGIA CRÍTICO-REPRODUTIVISTA 53


5.1 TEORIAS PROGRESSISTAS 56

UNIDADE 6 DESAFIOS DA EDUCAÇÃO PARA O SÉCULO XXI 60

REFERÊNCIAS 63

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SUMÁRIO 07
FUNDAMENTOS
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ICONOGRAFIA

ATENÇÃO ATIVIDADES DE
APRENDIZAGEM
PARA SABER

SAIBA MAIS
ONDE PESQUISAR CURIOSIDADES

LEITURA COMPLEMENTAR
DICAS

GLOSSÁRIO QUESTÕES

MÍDIAS
ÁUDIOS
INTEGRADAS

ANOTAÇÕES CITAÇÕES

EXEMPLOS DOWNLOADS

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08 SUMÁRIO
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UNIDADE 1

OBJETIVO
Ao final desta
unidade,
esperamos
que possa:

» estabelecer o conceito
de educação;

» definir as principais
características
profissionais do
educador;

» definir as funções do
processo educacional no
interior da sociedade;

» identificar os fatores
sociais que interferem
nos processos educativos.

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SUMÁRIO 09
FUNDAMENTOS
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O CONCEITO DE EDUCAÇÃO
Definir o conceito de educação não é um
processo fácil, pois ele sofreu alterações ao
longo do tempo. Nesse sentido, não há um
conceito único, Libâneo (2009, p. 74) nos diz
que “as definições de educação são tão varia-
das quantas são as correntes e autores que
se dedicaram ao seu estudo”.
EDUCAÇÃO

Podemos encontrar estudiosos que defen- De acordo com o dicionário


dem a educação como formação humana, Aurélio, educação é o “processo
considerando essa formação fundamental de desenvolvimento da
para a transformação da sociedade. Sobre capacidade física, intelectual
e moral da criança e do ser
essa vertente, Libâneo (2009, p. 74) nos es-
humano em geral, visando
clarece que, “O ser humano se desenvolve e
à sua melhor integração
se transforma continuamente, e a educação individual e social”.
pode atuar na configuração da personalida-
de a partir de determinadas condições inter-
nas do indivíduo”.

As definições clássicas de educação se diferenciam em dois


aspectos:

1- Se esse processo depende de disposições internas ou da


influência do ambiente circundante ou da ação recíproca
entre ambos.

2- Qual a finalidade ou ideal que se busca.

Fonte: Libâneo (2009, p. 74)

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10 SUMÁRIO
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DA PEDAGOGIA

Ainda sobre o conceito de Educação, podemos destacar algumas definições


clássicas:

Quadro 01: Definições de educação

A educação e o ensino devem adaptar-se à


natureza biológica e psicológica da criança e
às tendências de seu desenvolvimento que
Concepções naturalistas/inatistas
já estariam basicamente prontas desde o
nascimento. Os estudos de Pestalozzi expressam
bem essa concepção.

Concebe a educação como processo inerente ao


desenvolvimento humano. É pela experiência,
Concepções pragmáticas
nas interações entre organismos e meio, que o
indivíduo desenvolve suas funções cognitivas.

Concebe a educação como um processo interior


mediante o qual cada pessoa vai se aperfeiçoando,
Concepções espiritualistas
mas é necessária a adesão a verdades ensinadas
de fora, que dizem como o homem deve ser.

Nessa concepção, a educação é uma atividade


cultural dirigida à formação dos indivíduos.
Concepções culturalistas Apropriando-se dos valores culturais, o indivíduo
forma sua vida interior, sua personalidade e com
isso pode criar mais cultura.

Nessa concepção, o ambiente externo tem toda


força de atuação sobre o indivíduo para configurar
sua conduta às exigências da sociedade.
Concepções ambientalistas
Outra corrente ambientalista é a que vem do
behaviorismo, pelo qual o homem é um ser
moldável.

Nessa concepção, o homem se desenvolve tanto


biológica quanto psicologicamente na interação
Concepções interacionistas
com o ambiente, implicando a interação entre o
sujeito e o meio.

Fonte: Libâneo (2009, p.74 a 77), adaptado pela autora.

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Como vimos, encontramos diversas definições de educação. A tendência da educa-


ção contemporânea é adotar concepções interacionistas, porém cabe ressaltar que
existem várias versões das concepções interacionistas, nas quais Piaget, Wallon, Vy-
gotsky, entre outros estudiosos se diferenciam pela ênfase que dão à iniciativa do
sujeito diante do meio.

Paulo Freire (1980, p.28) nos diz que “a educação tem caráter permanente. Não há
seres educados e não educados, estamos todos nos educando. Podemos compreen-
der que, o processo educacional não está pronto, precisamos ser agentes ativos em
uma constante busca pela melhoria da qualidade da formação docente e discente.

Veremos a seguir que a educação envolve conceitos que estão além do desenvolvi-
mento individual. É necessário considerar também as relações sociais, políticas, eco-
nômicas e culturais que caracterizam uma sociedade. Conforme Libâneo (2009), as
relações sociais são marcadas por interesses de classes sociais que manifestam rela-
ções de poder, nesse contexto, podemos compreender que as funções da educação
devem ser explicadas a partir da análise das relações sociais, das formas econômicas
vigentes e dos interesses sociais.

Educação é um processo contínuo de desenvolvimento


humano.

Fonte: a autora.

Podemos considerar que a educação envolve o desenvolvimento integral do indiví-


duo, em seus aspectos cognitivo-mente, motor-corpo, espírito-emoções, consideran-
do as condições históricas e sociais da sociedade em que está inserido.

Salientamos que a sociedade atual enfatiza a importância do conceito de educa-


ção permanente ou contínua, defendendo que o processo educativo não se limita a
acontecer na infância e na juventude, já que o ser humano deve adquirir e construir
conhecimentos ao longo de toda a sua vida.

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Estamos estudando os Fundamentos Epistemológicos da


Pedagogia, ou seja, as teorias. Você sabe o que é teoria?
Conforme Moreira (2014, p.12), “teoria é uma tentativa
humana de sistematizar uma área do conhecimento, uma
maneira particular de ver as coisas, de explicar e prever
observações, de resolver problemas”.

Fonte: Moreira (2014, p.12).

1.1 OUTROS SENTIDOS DE EDUCAÇÃO

Como dissemos no início do nosso estudo, a definição de educação é ampla. Libâ-


neo nos traz outros sentidos da educação, enquanto instituição, processo e produto.
Vamos analisar cada uma dessas definições.

Quadro 02: Sentidos de educação

Corresponde à estrutura organizacional e


A educação como
administrativa, normas gerais de funcionamento e
instituição social
diretrizes pedagógicas.

Corresponde à ação educadora,às condições e


Educação como processo modos pelos quais os sujeitos incorporam meios
de se educar.

A educação tem o sentido de caracterizar


os resultados obtidos de ações educativas,
Educação como produto
a configuração de sujeito educado como
consequência de processos educativos.
Fonte: Libâneo (2009, p. 83 e 84), adaptado pela autora.

Se você imaginou a educação escolar como exemplo dessas definições de educação,


está correto, porém, não é a única, também temos a educação familiar, além de ou-
tras instituições específicas.

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É importante alertar que temos diversas modalidades educativas presentes na socie-


dade contemporânea e, conforme Libâneo (2009), não podemos restringir o sistema
educacional ao sistema de ensino, nem reduzi-lo às suas formas estritamente insti-
tucionais ou oficiais.

Independentemente de o sistema educacional avaliar a educação como produto,


ou seja, os indivíduos que estamos formando, podemos aprimorar a educação como
processo e, consequentemente, reformular a educação como instituição.

Parece simples? Não é. Toda essa transformação é complexa e repleta de desafios,


porém, é possível, depende de cada um nós envolvidos na educação.

1.1.1 EDUCAÇÃO NÃO FORMAL E FORMAL

Estamos estudando os conceitos de educação, nesse sentido, é necessário distinguir


o conceito de duas modalidades de educação: não formal e formal. No entanto, é
importante ressaltar que, as duas formas de educação são complementares.

Conforme Libâneo (2009), a educação não formal são aquelas atividades de caráter
de intencionalidade, porém, com baixo grau de estruturação e sistematização, como
equipamentos culturais de lazer, tais como museus, cinemas, praças, áreas de recre-
ação. Nas escolas, encontramos educação não formal nas feiras, visitas, encontros.

A educação formal é aquela que tem uma estrutura e organização a ser seguida.
Conforme Libâneo (2009), a educação escolar convencional é tipicamente formal.
Nesse contexto, as modalidades de educação, a distância, profissional, educação de
Jovens e Adultos, educação especial, são consideradas educação formal.

No Brasil, a educação formal é regulamentada pela Lei de Diretrizes e Bases da Edu-


cação Nacional - LDB, lei n° 9394/96. O sistema educacional brasileiro é dividido em
dois níveis de educação: Educação Básica e Educação Superior. As modalidades de
educação previstas pela legislação estão contidas nestes níveis de educação. Vamos
conhecer a estrutura do sistema educacional brasileiro?

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Quadro 03: Organização da Educação Básica

CRECHE
(0 A 3 ANOS)
EDUCAÇÃO
INFANTIL
PRÉ-ESCOLA
(3 A 5 ANOS)

ANOS INICIAIS
(1º AO 5º ANO)
ENSINO
EDUCAÇÃO BÁSICA FUNDAMENAL
ANOS FINAIS
(6º AO 9º ANO)

ENSINO MÉDIO

Fonte: LDB/1996, adaptada pela autora.

Art. 22. A educação básica tem por finalidade desenvolver o educando, as-
segurar-lhe a formação comum indispensável para o exercício da cidadania
e fornecer-lhe meios para progredir no trabalho e em estudos posteriores
(BRASIL, 1996)

É importante destacar que, o texto da LDBEN/1996 foi alterado pela Lei n. º 12.796, de 4
de abril de 2013, que dispõe sobre a educação básica obrigatória e gratuita dos 4 aos 17
anos, sendo a Educação Infantil gratuita às crianças de até 5 anos de idade (PORTO, 2014).

A Educação Infantil no Brasil compreende o atendimento às crianças de 0 a 5 anos. O


art. 32 da LDBEN, Lei nº 9.394/96, estabelece, mediante a redação da Lei 11.274/2006,
que o ensino fundamental é uma etapa da Educação Básica com matrícula obriga-
tória a partir dos seis anos de idade, e amplia a duração de de oito para nove anos. A
última etapa da Educação Básica é o ensino médio, conforme o Art. 35 da LDB, Lei
nº 9.394/96 com duração mínima de três anos.

A Educação Superior é outro nível da educação e compreende o nível de graduação


e pós-graduação. Esse nível de ensino não é obrigatório, conforme os artigos 43 a 57
da LDB 9.394/96. Veja, a seguir, o quadro que identifica esse nível de educação:

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Quadro 04: Educação Superior

» Cursos sequenciais, os quais podem ser de formação específica, (que conferem


diploma), ou de complementação de estudos, que oferecem certificado de conclusão.

» Graduação, que compreende:

- bacharelado;

- licenciatura;

- tecnológico.

» Pós-graduação, composta pelos níveis de especialização (pós-graduação lato sensu),


mestrado e doutorado (pós-graduação stricto sensu).

» Extensão, representada por cursos livres e abertos a candidatos que atendam aos
requisitos determinados pelas instituições de ensino.

Fonte: a autora.

Todos esses níveis de educação compreendem a educação formal. É importante


esclarecer que, na LDB, Lei 9.394/96, são apresentadas três modalidades de educa-
ção: Educação de Jovens e Adultos, Educação Profissional e Tecnológica e Educação
Especial. Cada modalidade possui uma legislação específica, portanto também é
considerada educação formal.

No contexto brasileiro, se destaca o Plano de Desenvolvimento da Educação – PDE. A


principal meta do PDE é uma educação básica de qualidade, tornando-se necessário
investir na educação profissional e na educação superior.

1.2 O PAPEL DO EDUCADOR

Dentro do contexto de educação, a função do docente, considerado aqui como edu-


cador, é importante para a construção efetiva do projeto pedagógico. Assim como a
educação, o papel do educador é composto por constantes transformações.

Sobre o desenvolvimento prático da função docente e da formação do professor,


Gómez (2000, p. 353) cita três perspectivas ideológicas:

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- A perspectiva tradicional que concebe o ensino como uma atividade artesanal,


e o professor/a, como um artesão.

- A perspectiva técnica que concebe o ensino como uma ciência aplicada, e o


docente, como um técnico.

- A perspectiva radical que concebe o ensino como uma atividade crítica e o do-
cente, como um profissional autônomo que investiga refletindo sobre sua prática.

A partir dos nossos estudos sobre as concepções de educação, podemos identificar tam-
bém as concepções de educador. É nesse sentido que os processos de formação do
educador devem ser considerados em relação às diferentes concepções de educação.

Podemos identificar que a concepção de educação tradicional, com foco na trans-


missão de conteúdos, requer uma estratégia didática de repetição e acumulação,
nesse contexto, o perfil do professor está propenso à exposição ordenada dos conte-
údos. Da mesma forma, o educador, na perspectiva técnica, desenvolve competên-
cias e atitudes adequadas à intervenção prática e técnica, não chegando ao conhe-
cimento científico.

Na perspectiva radical, o educador/professor reflete sobre sua prática na busca pela


compreensão dos processos de ensino e aprendizagem. A partir dessa concepção, o
educador é considerado um agente transformador que contribui para a consolida-
ção de uma sociedade mais justa. Nas palavras de Gómez (2000, p. 374):

O professor/a é ao mesmo tempo um educador e um ativista político, no sen-


tido de intervir abertamente na análise e no debate dos assuntos públicos,
assim como por sua pretensão de provocar nos alunos/as o interesse e com-
promisso crítico com os problemas coletivos.

O educador precisa conhecer e atuar no processo da construção da cidadania e con-


tribuir para o sucesso na formação dos futuros cidadãos. Assim, o papel do educador
é desenvolver uma tomada de decisão de consciência.

Você pode estar pensando que traçar um perfil do educador com a competência
necessária para a transformação social é um desafio, afinal, o professor deixa de ser o
dono do saber e passa a construir conhecimento. Se pensou assim, seu pensamento
está correto!

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Porém, alguns estudiosos defendem que o desafio da atuação do educador está na


formação. Sim! Exatamente nesta etapa em que você está inserido(a). Behrens (1996,
p. 63) nos diz que “O novo docente exigido pela sociedade na modernidade seria
desafiado a criar grandes projetos do conhecimento aliados à pesquisa. A busca de
conhecimento demandaria a criação e a participação efetiva dos alunos no processo
educativo”.

Caro(a) aluno(a), esse novo docente exigido pela contemporaneidade somos nós,
eu e você! E, para modificarmos nossa prática, necessitamos rever nossas crenças e
nossos modos de agir.

Há docentes que ainda resistem a qualquer mudança em sua prática pedagógica,


principalmente devido ao autoritarismo. No entanto, Seabra (1994) nos diz que “O
profissional do futuro (e o futuro já começou) terá como principal tarefa aprender,
pois, para executar tarefas repetitivas existem os computadores e robôs.” Você já ti-
nha pensado sobre isso?

Vejamos o que Behrens nos propõe sobre a atuação do professor/educador:

Quadro 05: Qualificação profissional

Exemplo do que os alunos desejam Características que comprometem a


de um bom professor qualidade do trabalho docente

- Domínio do conteúdo da disciplina.


- Aula expositiva em que o professor dita
- Domínio da metodologia do ensino.
a matéria.
- Bom relacionamento com os alunos.
- Falta de conhecimento dos conteúdos.
- Clareza nas explicações.
- Falta de diálogo entre professor e aluno.
- Experiência profissional.
- Falta de assiduidade e pontualidade.
- Paciência.
- Atitude autoritária ou ofensiva para com
- Compreensão.
os alunos
- Dedicação.
- Falta de compromisso com o
- Capacidade de realizar aproximações
cumprimento do conteúdo programático
da realidade do mundo atual com o
proposto.
conhecimento proposto.
- Falta de didática.
- Pontualidade.
- Assiduidade.

Fonte: Behrens ( 1996, p. 68 e 69), adaptado pela autora.

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DA PEDAGOGIA

Parecem atitudes simples? Para muitos educadores, são desafios diários a serem
aprendidos, diante da complexidade das salas de aula.

Falar de construção de conhecimento e praticar a transmissão faz ainda parte inte-


grante de nossa docência. Essa prática impõe ao aluno a repetição como única for-
ma aceitável de aprendizagem. Isto é, o aluno recebe tudo pronto, não problematiza,
não é solicitado a fazer relação com aquilo que já conhece ou a questionar a lógica
interna do que está recebendo e, assim, acaba se acomodando.

Para refletirmos sobre a prática educativa, é necessário, primeiramente, o entendi-


mento de que o processo ensino-aprendizagem não se limita apenas ao momento
de planejar, executar e avaliar.O processo de ensino-aprendizagem está intimamen-
te ligado à compreensão que se tem da realidade social

O conhecimento atual aponta para atitudes criativas, para a busca de soluções iné-
ditas, para a liderança ética, para o resgate dos valores.

1.3 A RELAÇÃO EDUCAÇÃO E SOCIEDADE

É importante refletir sobre o contexto da sociedade em que vivemos para compre-


ender a proposta dos novos paradigmas da educação. A sociedade atual, também
chamada de sociedade do conhecimento, tem como características o compartilha-
mento e a construção do conhecimento, sendo uma sociedade dinâmica e alta-
mente tecnológica.

Para atender essa característica da sociedade, são necessárias teorias inovadoras


da educação que enfatizam o envolvimento do aluno no processo educativo. Isso
implica em práticas pedagógicas que estimulam a análise, a capacidade de refle-
xão, de pesquisa e a necessidade de reconhecer a realidade. Behrens (1996) nos diz
que o desafio atual dos estudiosos é a superação da fragmentação e reprodução
do conhecimento.

Porém, em algumas situações, a educação acaba não sendo um elemento para a


mudança social, e sim um elemento fundamental para a conservação e funciona-
mento do sistema social vigente. Isso é verdade, embora exista uma relação muito
próxima entre a educação e a sociedade. Para Ney (2008, p. 16), “a educação não é

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neutra, pois é o Estado ou Educador que traça valores, princípios e objetivos espera-
dos pela educação”.

Muitos estudiosos concordam que a educação se constitui em processo de transmis-


são cultural, cuja função principal é a reprodução do sistema social. Nesse contexto,
a análise primordial precisa ser realizada no papel da escola, enquanto instituição de
reprodução ideológica do Estado.

Em contrapartida, para Dewey (1971), a educação se constitui em mecanismo dina-


mizador das sociedades, pois é através dos indivíduos que se promovem as mudan-
ças. Para o autor, a educação dá ao indivíduo a possibilidade de atuar em sociedade,
com consciência e sem reproduzir as experiências anteriores, mudando seu com-
portamento quando necessário e, com isso, produzindo mudanças no âmbito social.

Conforme Hargreaves (2004 p, 220), “uma das grandes tarefas dos educadores é aju-
dar a construir o movimento social por um sistema dinâmico e includente de edu-
cação pública na sociedade do conhecimento”, para isso, o autor traz as seguintes
sugestões:

• Reacender seus próprios propósitos e missões morais em um sistema que co-


meçou a perdê-los de vista.

• Abrir suas ações e mentes a pais e comunidades e também se envolver com


suas missões.

• Trabalhar com seus sindicatos para que se tornem agentes de sua própria mu-
dança.

• Levantar-se corajosamente contra a injustiça e a exclusão, onde quer que a ve-


jam.

• Reconhecer que têm uma responsabilidade profissional com todos, demons-


trando isto por meio de redes de cuidado de solidariedade.

O autor faz uma afirmação importante “A sociedade do conhecimento pertence a


todos nós” (HARGREAVES, 2004, p. 220). Considero que essa afirmação nos faz pen-
sar sobre a importância que cada um de nós (eu e você) tem na construção de me-
lhores escolas, melhores professores, melhores práticas.

Em outra situação, o autor nos diz: “A sociedade do conhecimento está chamando”,

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(HARGREAVES, 2004, p. 221). Analisar e compreender como e por que a sociedade


se satisfaz em reproduzir, bem como identificar quais são os mecanismos eficazes
sobre os quais se assentam o seu funcionamento, são formas possíveis de compreen-
der suas reais possibilidades de mudança. Essas análises precisam ser estabelecidas
além da análise do conflito econômico, assim como a análise da reprodução social.

A educação na sociedade do conhecimento acontece a partir da:

• Criatividade

• Flexibilidade

• Solução de problemas

• Inventividade

• Inteligência coletiva

• Confiança profissional

• Disposição para o risco

• Aperfeiçoamento permanente
(HARGREAVES, 2004, p. 46).

Constata-se, assim, que a sociedade se organiza não apenas se baseando em bens


econômicos, mas também a partir da produção de conhecimento, que, desenvolvi-
dos pela educação, direcionam os indivíduos na organização de um modo de vida e
uma concepção de mundo.

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ANOTAÇÕES

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UNIDADE 2

OBJETIVO
Ao final desta
unidade,
esperamos
que possa:

» analisar a pedagogia
enquanto ciência da
educação;

» estabelecer a
cientificidade da
pedagogia;

» contextualizar o processo
histórico do pensamento
pedagógico.

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ESTUDO DA EDUCAÇÃO
ENQUANTO CIÊNCIA

Para começar nosso estudo, precisamos esclarecer que ciência é uma palavra que
significa conhecimento, ou seja, um saber que é adquirido por meio da pesquisa e
da prática. Nesse contexto, a educação pode ser entendida como ciência, que englo-
ba os atos de ensinar e aprender.

Entre as finalidades da educação, estão a socialização de costumes, hábitos e valores.


Para Brandão (1985), não há uma forma única, nem um modelo único de educação.
O autor nos mostra que a educação está presente onde não há a escola e por toda
parte pode haver transferências de saber de uma geração a outra, em que ainda não
foi sequer criado um modelo de ensino formal e centralizado.

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Dessa forma, a evolução da educação está ligada à evolução da sociedade. Conforme


Libâneo (2009, p. 32),

A educação associa-se, pois, a processos de comunicação e interação pe-


los quais os membros de uma sociedade assimilam saberes, habilidades,
técnicas, atitudes, valores existentes no meio culturalmente organizado e,
com isso, ganham o patamar necessário para produzir outros saberes, téc-
nicas, valores, etc.

Teorias educacionais, reformas, inovações, concepções e doutrinas foram criadas e


difundidas ao longo do tempo, buscando fazer a relação entre a teoria e a prática,
questões primordiais na educação, a qual, por sua vez, busca tornar o homem su-
jeito de sua própria história, e não objeto dela. Para que tal objetivo seja alcançado,
muitos estudiosos contribuíram com teorias, estudos, pesquisas e experiências para
torná-la eficiente, estruturada e abrangente.

Ao considerar os processos formativos na sociedade, é necessário pensar a pedago-


gia como uma ciência da educação, ou seja, uma área de conhecimento da educa-
ção. Libâneo (2009) nos esclarece que a Pedagogia visa ao entendimento, global e
intencionalmente dirigido, dos problemas educativos e, para isso, recorre ao conhe-
cimento provido pelas demais ciências da educação.

Como vimos, a educação acontece em diferentes lugares e de diferentes formas,


assim também acontece com a Pedagogia. Conforme Libâneo (2009) se há muitas
práticas educativas em muitos lugares, por consequência, há também várias peda-
gogias: a pedagogia familiar, a pedagogia sindical, a pedagogia dos meios de comu-
nicação, a pedagogia escolar, entre outras. Porém, é preciso destacar que a Pedago-
gia é uma educação intencional, ou seja, busca a formação humana.

Conforme Libâneo ( 2009, p. 33), “A Pedagogia investiga


fatores que contribuem para a construção do ser humano
como membro de uma determinada sociedade, e os
processos e os meios dessa formação”. A partir desse contexto
de conhecimento, fica mais fácil entender Pedagogia como
ciência, não é mesmo?

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Certamente, não podemos pensar que a Pedagogia é a única área científica da edu-
cação, outras áreas como a Psicologia, a Economia, a Sociologia, entre outras, têm
como objeto de estudo os problemas educativos, e são consideradas importantes
para o processo educativo. É importante ressaltar que cada área possui os métodos
de investigação, por exemplo, a psicologia pode explicar a educação por conheci-
mentos comportamentais, já a economia investigará a educação a partir do contexto
econômico de um país ou região.

Voltemos ao estudo da Pedagogia. Em seu percurso histórico, essa área da educação


sofreu oscilações, em alguns momentos, é analisada como arte, em outros, como
metodologia, ou ainda como ciência da arte educativa. Recentemente, a grande
ênfase está na atuação docente e no estudo do fenômeno educativo na sua comple-
xidade e amplitude.

Porém, Libâneo (2009) ressalta que a caracterização de pedagogo stricto sensu, ou


seja, graduado em Pedagogia, é necessária para distingui-lo do profissional docente.
Essa definição é importante uma vez que os demais professores são graduados em
outras licenciaturas que não Pedagogia.

Ao conceber a Pedagogia como ciência da educação, Libâneo (2001, p. 6) a define


como “um campo de conhecimentos sobre a problemática educativa na sua totalida-
de e historicidade e, ao mesmo tempo, uma diretriz orientadora da ação educativa.”

Nesse sentido, é necessário repensar a educação e a ciência que a fundamenta para


buscar a ressignificação do espaço científico da Pedagogia.

2.1 PANORAMA HISTÓRICO DO PENSAMENTO


PEDAGÓGICO

A prática da educação está inserida na sociedade desde o início da civilização, quan-


do as comunidades primitivas entendiam que a educação deveria acontecer em
função da vida e para a vida, e a escola era a aldeia. Estamos muito acostumados
com as nossas instituições escolares, mas o fato é que a escola como instituição não
existiu em todas as sociedades.

A educação se manifestava por meio das transmissões dos valores essenciais para a

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manutenção do agrupamento social. Aranha (2006, p. 35) nos diz que “nas comuni-
dades tribais, as crianças aprendem imitando os gestos dos adultos nas atividades
diárias e nos rituais”.

Não havia um processo pedagógico definido. Havia processos sociais de aprendiza-


gem em que não existia nenhuma situação escolar institucionalizada de transferên-
cia do saber.

Com o passar do tempo, a educação primitiva, marcada pelas tradições, apropriou


-se de tendências religiosas e orientou os povos hindus, egípcios, hebreus e chineses.

Conforme Aranha (2006, p. 36), “A escrita surge como uma necessidade de adminis-
tração dos negócios, à medida que as atividades se tornam mais complexas”.

Com o desenvolvimento da sociedade, por meio da criação das cidades, da produção


e do comércio, promoveu-se uma transformação na educação concebida pelos po-
vos primitivos. Para entender esse contexto, precisamos voltar um pouco na história.
A organização social que antes era homogênea passou a ser dividida em classes pelo
trabalho, surgindo, por exemplo, os escravos; as terras de uso comum, passaram a ser
dominadas pelo Estado; o papel da mulher também passou a ter outro significado.

Nas palavras de Aranha (2006, p. 36), “O saber, antes aberto a todos, tornou-se patri-
mônio e privilégio da classe dominante. Nesse momento surgiu a escola. [...] a escola
ao elitizar o saber, tem desempenhado um papel de exclusão da maioria”.

Na Grécia, berço da cultura e da civilização ocidental, a educação era entendida


como o estímulo à competição e guerra, para assegurar a superioridade sobre as
demais regiões. A partir dessa necessidade, a educação visava à formação de um
indivíduo eficiente, com disposição para conviver em sociedade e dialogar sobre po-
lítica. Assim, recebia uma formação de corpo e mente. Nesse contexto,a retórica e a
filosofia eram enfatizadas.

Em Roma, a educação era organizada pela disciplina e justiça e entendida como


um processo de preparação de guerreiros que submeteriam as regiões conquistadas
aos mesmos hábitos e costumes de Roma. A educação romana era direcionada para
mostrar a biografia de grandes homens.

No decorrer da Idade Média, o pensamento pedagógico foi estabelecido por meio

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de uma tendência religiosa, preservada através do princípio da autoridade da Igre-


ja, que impunha normas e impostos para a sociedade. Nesse contexto, a ideologia
educacional é regida pelo poder de Cristo, o modo de produção era o feudalismo e o
corpo por sua vez era considerado pecaminoso, surge assim a escolástica como uma
corrente filosófica cristã que tenta conciliar fé e razão. A educação passa a ocupar um
lugar de destaque porque pretende dar uma orientação e um sentido ao ser huma-
no em todas as dimensões de sua formação.

Já o período conhecido como Renascimento tem o intuito de formar o homem bur-


guês, considerando apenas o clero, a nobreza e a burguesia. Segundo Aranha (2006,
p. 125), “É impressionante o interesse pela educação no Renascimento, principal-
mente pela proliferação de colégios e manuais para alunos e professores”. Ainda de
acordo com a autora, a formação intelectual voltava-se para a cultura humanística,
com atenção ao ensino de grego e latim.

Outro destaque dessa época foi o aparecimento dos colégios, ao mesmo tempo em
que surgia a nova imagem da criança e da família.

Um fato marcante desse período foi a Reforma Protestante que consequentemente


teve suas ideias espalhadas pela Europa. Conforme Aranha (2006), ao dar condições
iguais de leitura e interpretação da bíblia a todos, a educação passou a ser importan-
te instrumento para divulgação da reforma.

Para combater a expansão protestante, surgem os jesuítas, com a missão de catequi-


zar os hereges, enfatizando dogmas e tradições.

Caro(a) aluno(a), a partir desses fatos históricos, podemos perceber o valor que a edu-
cação tem em uma sociedade.

Século XVII: a pedagogia realista

Com o desenvolvimento da concepção de pensamento pedagógico moderno, se es-


tabeleceu a relação entre o pensamento e o ser. Nesse contexto, o homem moderno
foi em busca de conhecimentos antes considerados proibidos. Assim, se desenvolveu
a paixão pela razão, o estudo da natureza, bem como técnicas e artes.

A educação passa a ser norteada por princípios que a tornam mais realista.

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Nesse período, René Descartes (1596-1650), sob influência da burguesia, apresentou


o conhecimento a partir da dúvida metódica, de forma científica. Aranha (2006, p.
154), sobre essa abordagem de Descartes, afirma que: “Começou duvidando de tudo:
do senso comum, dos argumentos de autoridade, do testemunho dos sentidos, das
informações da consciência, das verdades deduzidas pelo raciocínio, da realidade do
mundo exterior e do próprio corpo.”

Outro educador, João Amos Comênio (1592-1670), conhecido como o pai da didá-
tica moderna, considerado maior educador e pedagogo do século XVII, dizia que a
escola deveria ensinar o conhecimento das coisas, evidenciando o realismo pedagó-
gico característico da época. Também salientou que o ensino deveria ser unificado,
isto é, todas as escolas deveriam ser articuladas, e a educação precisava acontecer
durante toda a vida humana.

A pedagogia realista contrariava a educação antiga, excessivamente formal


e retórica. Ao contrário, preferia o rigor das ciências da natureza, buscando
superar a tendência literária e estética própria do humanismo renascentista
(ARANHA, 2006, p. 155).

Você conhece a frase “Penso, logo existo”?

Ela surge a partir do contexto de dúvidas colocado por


Descartes.

Em meio a tantas mudanças sociais, políticas, econômicas e culturais, ter acesso à


escola tornou-se essencial para o indivíduo se adequar ao período. O acesso à forma-
ção foi motivo de luta das camadas populares, e várias ordens religiosas impulsiona-
ram essa busca pelo conhecimento.

Século das Luzes

O Iluminismo do século XVII veio para difundir a formação do cidadão por meio da
escola. Na educação, a tendência liberal e laica foi fortalecida com a busca por novos
caminhos para a aprendizagem e a autonomia do educando. Nessa perspectiva, o

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pensamento pedagógico passa a ser marcado pela criação dos sistemas nacionais
de educação, em que o Estado passou a ter uma participação maior na educação.

Os principais representantes do iluminismo foram:

Quadro 06: Iluminismo

França Inglaterra Alemanha

Voltaire
D’Alembert Newton Wolff
Diderot Reid Lessing
Helvetius Locke Baumgarten
Rousseau Hume Kant
Montesquieu

Fonte: Aranha (2006, p. 173), adaptado pela autora.

O pensamento pedagógico dessa época se fundamentava na necessidade de ofe-


recer instrução para os trabalhadores, e Emanuel Kant (1724-1804) defendeu que o
homem é o que a educação faz dele, ou seja, o homem é capaz de elevar-se median-
te esforço intelectual contínuo.

Apesar da expressão do ideal liberal, os interesses estavam voltados para a alta bur-
guesia. Havia um temor de que o acesso à educação provocasse o desequilíbrio na
ordem da sociedade.

É possível que você conheça a Enciclopédia. Muito bem, a


Enciclopédia surgiu nesse período.

Fonte: a autora.

Conforme Aranha (2006, p. 174), “No contexto do Iluminismo, não fazia mais sentido
atrelar a educação à religião, como nas escolas confessionais, nem aos interesses de
uma classe como queria a aristocracia”. Podemos perceber que esse é um novo para-
digma da educação, com a proposta de uma escola leiga, livre. Nesse contexto, surge

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também a ideia de obrigatoriedade e gratuidade do ensino.

Caro(a) aluno(a), não se engane! A ideia de obrigatoriedade no ensino não conteve


o dualismo escolar, ou seja, havia a escola para a burguesia e escola para o povo. E
como foi a educação no século XVIII no Brasil? No século XVIII, permanecia grande o
contraste entre a Europa e o Brasil. O Brasil continuava com a sua aristocracia agrária
escravista, economia agroexportadora dependente e submetido à política colonial
de pressão (ARANHA, 2006, p. 193).

O ideário do Século XIX

Se no século anterior as ideias de Kant contribuíram para a definição do projeto edu-


cacional voltado para a construção de um agir e pensar autônomo, no século XIX, os
filósofos interpretaram de diferentes formas o pensamento kantiano.

Quadro 07: Filósofos do século XIX

Defendiam que não cabe ao filósofo teorizar sobre


Positivistas (Comte)
“ideias sem conteúdo”.

Destacaram a capacidade que Kant atribuía à


Idealistas
razão de impor formas a priori ao conteúdo dado
(Fichte, Schelling e Hegel)
pela experiência.

Materialistas (Feuerbach) Influenciaram a vertente socialista.

Fonte: Aranha ( 2006, p. 204) adaptado pela autora.

O positivismo surge como uma linha teórica, criada pelo francês Auguste Comte
(1798-1857), que começou a atribuir fatores humanos às explicações dos diversos
assuntos, contrariando os princípios da razão, da teologia e da metafísica. Consoli-
dando assim a concepção que conhecemos por pensamento pedagógico positivista.

Para atender ao pensamento pedagógico positivista, foi pensado um sistema educa-


cional voltado para os acontecimentos decorrentes da Revolução Industrial, ou seja,
precisava ser prático e útil à formação humana.

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Destaca-se, nesse período, o pensador Herbert Spencer (1820-1903), que considerou


a formação científica na educação importante para que o indivíduo alcançasse um
bom desenvolvimento. Para isso, a educação precisava preparar o homem para a
vida inteira.

Já na perspectiva da educação idealista, o mundo é a manifestação da ideia, é nesse


contexto, que a educação era considerada um meio de espiritualização humana, ou
seja, a formação humana, formação de um homem integral.

Diversos pensadores no decorrer da história consideraram que a finalidade da edu-


cação está em guiar o homem no desenvolvimento dinâmico, dotando esse de ar-
mas do conhecimento, do poder de julgar e das virtudes morais. Por isso, tinham
como proposta uma educação igual para todos, mas a concepção que os socialistas
tinham da educação mostrava que isso só seria possível a partir da oposição às ideias
burguesas.

Outra perspectiva da educação eram as ideias socialistas. Enfatizamos o pensamento


pedagógico socialista de Karl Marx (1818-1883) e Frierich Engels (1820-1895), que
trataram a educação dentro do contexto das relações sociais e luta de classes.

As ideias socialistas dentro da educação também tiveram como defensor o pensador


Antonio Gramsci (1891-1937), que propôs a organização da escola e da cultura. A
escola deveria ser única, mesclando trabalho intelectual e manual.

O contexto do pensamento pedagógico socialista tem como proposta a apropriação


do saber de uma maneira solidária, não competitiva, contrapondo-se ao capitalismo.

Também defensor das ideias de Marx destaca-se Anton Makarenko (1888-1939), que
defendia a educação como uma maneira de formar trabalhadores conscientes do
seu papel político, preocupados com o bem-estar da coletividade.

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Do ponto de vista epistemológico, as ideias socialistas rejeitam os pressupostos ide-


alistas. Nesse contexto, cabe aos educadores:

- A luta pela democratização do ensino (universal) e pela escola única (não dua-
lista), isto é, sem distinção entre formar e profissionalizar;

- A valorização do pensar e do fazer, em que o saber esteja voltado para a trans-


formação do mundo;

- A desmistificação da alienação e da ideologia, ou seja, a conscientização da


classe oprimida (ARANHA, 2006, p. 209).

Principais pedagogos do século XIX:


- Pestalozzi.
- Frebel.
- Herbart.
Fonte: a autora.

Nesse período, no Brasil, ainda não existia uma política de educação planejada, exis-
tiam as aulas régias do tempo de Pombal. Com a chegada da família real ao Brasil,
as escolas foram criadas, sobretudo escolas superiores, para atender às necessidades
do momento.

Educação no século XX

O século XX foi composto por grande complexidade, foi um século de conflitos e rei-
vindicações por democracia. De forma geral, as propostas de educação pública, leiga,
gratuita e obrigatória do século anterior se reafirmaram no século XX.

Uma proposta educacional de destaque nesse período foi a Escola Nova. Essa pro-
posta nova surge com o desafio de romper com a educação tradicional. Segundo
Gadotti ( 1999 p. 142), “A teoria da Escola Nova propunha que a educação fosse ins-
tigadora da mudança social e, ao mesmo tempo, se transformasse porque a socie-
dade estava em mudança”.

Um dos defensores da escola nova foi John Dewey (1859-1952), que tratava a educa-
ção como um processo contínuo, que deveria acontecer pela ação e não pela instru-

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ção. Considerando que a educação é essencial para a vida. Para Dewey (1979, p. 83),
“A educação não é a preparação para a vida, é a própria vida (...)”.

A escola nova trata o aluno como centro. Destaca-se, nesse contexto, a médica cha-
mada Maria Montessori (1870-1952), que estimulava a atividade livre concentrada,
com base no princípio da autoeducação. A partir dos estudos de Montessori, consta-
tou-se a importância da exploração de novas técnicas para instigar os sentidos dos
alunos. Nesse sentido, o professor deve oferecer meios para a criança evoluir.

Destaca-se também, como grande colaborador do pensamento pedagógico da es-


cola nova, Jean Piaget (1896-1980), crítico da escola tradicional, atestou que a escola
tradicional não ensinava o aluno a pensar. Piaget considerava que professor preci-
sava trabalhar de acordo com as etapas do desenvolvimento mental do aluno para
obter bons resultados na aprendizagem.

A escola nova propõe o respeito à criança e traz o educador como mediador capaz
de intervir, de mostrar um caminho. No Brasil, a influência da Escola Nova estimulou
nossas primeiras reflexões pedagógicas nas décadas de 1920 a 1930.

Porém, novas inquietações surgiram e novos desafios foram levantados no que diz
respeito ao campo da educação, dando início a um novo paradigma na educação: o
pensamento pedagógico fenomenológico-existencialista.

No contexto do pensamento pedagógico fenomenológico-existencialista, a educa-


ção deveria se moldar às necessidades da sociedade em que está inserida. A filosofia
existencialista trata a criança como um ser concreto e em constante formação.

Nessa perspectiva, Georges Gusdorf analisou a relação mestre-discípulo, pois esses


buscam a verdade e em tal relação é que nasce a autoridade do mestre. Para ele, o
homem precisa de educação porque é um ser inacabado.

O pensador Carl Rogers (1902-1987), por sua vez, enfatizou a importância de


uma escola centrada no estudante, e não no professor e no conteúdo. Destacan-
do a importância da afetividade nas relações, pois o professor é um facilitador
da aprendizagem.

Celétin Freinet (1896-1966), outro teórico da contemporaneidade, se destaca com


seus ideais, que pregavam que a escola do futuro seria a escola do trabalho. Ele

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desenvolveu sua pedagogia em um cenário de profundas desigualdades sociais, re-


sultantes da Primeira e Segunda Guerra Mundial. Defende que é por meio das ex-
periências que as crianças chegarão ao conhecimento, nesse contexto, as escolas
precisam se adaptar ao meio social das crianças.

Veja que, no mundo contemporâneo, o objetivo da educação é a identidade do ho-


mem, a experiência, a crítica aos métodos tradicionais do ato de educar.

Destaca-se também Emília Ferrero, segundo a qual o construtivismo é a base para


o ato educativo, enfatizando que o educador deve respeitar os estágios de conheci-
mentos do educando para desenvolver sua prática pedagógica.

O Brasil, país de terceiro mundo, onde imperou o domínio português advindo da


colonização com a chegada dos jesuítas, que trouxeram um ensino baseado na me-
morização e na repetição mecânica, desenvolveu um otimismo de reconstruir a so-
ciedade através da educação. Novas ideias surgiram com o iluminismo, e a educação
passou a ser pensada como um meio para mudar as mentalidades das pessoas e
assim revolucionar a sociedade.

Em um cenário entremeado de burguesia no poder, entre ditaduras e redemocratiza-


ção, a educação ganha novas nuances, impulsionada por movimentos em prol da edu-
cação popular e pública. Desenvolve-se assim o pensamento pedagógico brasileiro.

Dentro desses paradigmas, muitos pensadores questionaram o que é necessário à


formação humana e citaram que só é possível uma educação democrática se houver
realmente uma sociedade democrática. Enfatizando a necessidade de um processo
de aprendizagem prazeroso e que a prática educativa deve conter um teor político.

Destaca-se, assim, a postura do educador Paulo Freire, baseada na concepção de que


educador e educando aprendem juntos numa relação dotada de muita dinâmica e
num processo de constante aperfeiçoamento. Traz à tona a discussão de que, através
da educação, formamos a autonomia intelectual do cidadão, e esse irá intervir sobre
a realidade; e com essa concepção, critica a educação da sociedade dividida em clas-
ses. Numa perspectiva contemporânea, a educação visa desenvolver no indivíduo a
autonomia, a criatividade e a socialização, o formando para a pluralidade.

A respeito da educação em seu caráter histórico e analisando todos os desafios en-


contrados no decorrer do tempo, constatamos a importância das ideias, dos pensa-

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SUMÁRIO 35
FUNDAMENTOS
FUNDAMENTOS TEÓRICOS E EPISTEMOLÓGICO
METODOLÓGICOS DA PEDAGOGIA

mentos pedagógicos; percebemos que estes estão inseridos na transformação da


sociedade e, consequentemente, do mundo e das relações existentes entre seus
indivíduos, com isso, a escola, os alunos, os professores e todos que fazem parte do
processo educacional se reorganizam na problemática de suprir as necessidades e
transformações do mundo contemporâneo.

ANOTAÇÕES

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FUNDAMENTOS TEÓRICOS E METODOLÓGICOS
EPISTEMOLÓGICO DA PEDAGOGIA
DA PEDAGOGIA

UNIDADE 3

OBJETIVO
Ao final desta
unidade,
esperamos
que possa:

» estabelecer as relações
sujeito, objeto e
conhecimento nas
perspectivas racionalista,
empirista e dialética;

» analisar os contextos
da produção de
conhecimento
científico e do ensino e
aprendizagem.

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SUMÁRIO 37
FUNDAMENTOS
FUNDAMENTOS TEÓRICOS E EPISTEMOLÓGICO
METODOLÓGICOS DA PEDAGOGIA

O SURGIR DAS CIÊNCIAS DA


EDUCAÇÃO

Você já se perguntou o que é ciência? Quais as especificidades e a relação da ciência


com a educação?

É bem possível que você já tenha feito esses questionamentos. O fato é que todos
nós nos beneficiamos do progresso da ciência e de seus instrumentos. Pense! Quan-
tos benefícios a ciência nos proporciona todos os dias?

Tenho certeza de que você terá várias respostas. Mas vamos lá! A ciência enquanto
conhecimento é sempre provisória. Ou seja, o conhecimento proporcionado pela
ciência é exato por um determinado tempo, logo surgem questionamentos e aper-
feiçoamentos, e uma nova ciência ou conhecimento surge.

Podemos entender que, ao longo da história, há uma diversificação das ciências da


educação, entre elas, a Psicologia, a Sociologia, a Filosofia e a Didática. Conforme
Libâneo (2009, p. 56),

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EPISTEMOLÓGICO DA PEDAGOGIA
DA PEDAGOGIA

Ainda que as práticas educativas hoje se encontrem bastante ampliadas, não


se reduzindo ao ensino, é pertinente reconhecer nesses elementos que cons-
tituem o pedagógico o núcleo de referência dos conhecimentos científicos,
filosóficos e técnico profissionais que compreendem a competência profissio-
nal do pedagogo.

É fundamental que os pedagogos reconheçam a relação que se estabelece entre os


sistemas de ensino, a economia, a cultura e a sociedade com o campo da ciência. Afi-
nal, todas essas áreas contribuem para o surgimento e perpetuação da a educação,
que é a sustentação do desenvolvimento humano. No entanto, o desenvolvimento é
complexo, o ser humano se desenvolve como um todo; não se podem separar seus
aspectos físico, intelectual, emocional e social.

3.1 EPISTEMOLOGIA E EDUCAÇÃO

Você sabe o que é epistemologia?

O significado da palavra epistemologia está relacionado a um estudo sobre a ciência


analisada enquanto sinônimo de conhecimento, sendo assim, uma teoria do conhe-
cimento.

Então, neste estudo, falaremos sobre conhecimento e educação. Platão foi quem ini-
ciou o estudo sobre o conhecimento ao estabelecer as três formas de conhecimento:
doxa, sofia, episteme.

Doxa: se refere ao conhecimento empírico opinativo, sensitivo.


Sofia: se refere ao conhecimento acumulado, à sabedoria.
Episteme: se refere ao conhecimento sistemático, reflexivo,
analítico.
Sendo por sua vez um conhecimento extraído da verdade
purificada das ilusões dos sentidos, definido por Platão na
Alegoria do Mito da Caverna.

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SUMÁRIO 39
FUNDAMENTOS
FUNDAMENTOS TEÓRICOS E EPISTEMOLÓGICO
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Você conhece o Mito da Caverna? Essa é uma passagem clássica da história da Filo-
sofia. Registrada no livro VI de “A República”, no qual Platão discute sobre teoria do
conhecimento, linguagem e educação na formação do Estado ideal.

A passagem expressa a imagem de prisioneiros acorrentados no interior de uma


caverna de modo que podem ver somente uma parede iluminada por uma foguei-
ra. As sombras de estátuas são projetadas na parede, e essa é a única imagem que
os prisioneiros podem enxergar. Os prisioneiros dão nomes a essas sombras, assim
como nós fazemos com os objetos e lugares, e observam a regularidade dos acon-
tecimentos. Mas, se um prisioneiro escapar das amarras, ele verá que o que permite
a visão é a fogueira e que, na verdade, os seres que dão origem às sombras são es-
tátuas.

Isso significa que os prisioneiros julgam as sombras por uma ilusão, ou seja, desco-
nhecem a verdade.

A falta do conhecimento nos leva a ser prisioneiros da caverna em muitas situações,


por exemplo, na política. Quando desconhecemos as leis, as propostas, acreditamos
no que nos é posto ou informado. Caro(a) aluno(a), a mídia faz muito bem esse papel.

É importante ressaltar que a ciência é apenas um dos tipos de conhecimento. Vejam


alguns exemplos de conhecimento:

- Conhecimento científico.

- Conhecimento filosófico.

- Conhecimento religioso.

- Conhecimento popular.

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EPISTEMOLÓGICO DA PEDAGOGIA
DA PEDAGOGIA

A ciência ao longo da história

Agora que você já refletiu sobre a importância do conhecimento, preparamos para


você um esquema dos modelos de pensamento científico. Você pode fazer uma rela-
ção dessas concepções de ciência com as concepções de educação em cada época.

Quadro 08: Ciência

RACIONALISTA EMPIRISTA CONSTRUTIVISTA

Até o final do
Até o século XIX Século XX
século XVII

INTRODUÇÃO: DEDUÇÃO E
DEDUÇÃO:
A ciência é a INDUÇÃO:
Ciência é a verdade
interpretação Ciência é uma
universal
dos fator verdade aproximada

Fonte: a autora.

Com base nas definições do quadro, constatamos que existem epistemologias, que,
por sua vez, produzem interferências na ciência em geral e na educação.

Destacamos: a metafísica, o positivismo, a fenomenologia e o materialismo históri-


co-dialético.

A Metafísica se refere ao pressuposto da existência de uma essência universal que


determina o conhecimento e a verdade. Só conhecemos a realidade se for analisada
com base em princípios universais. Utiliza o método dedutivo (do geral para o parti-
cular), com pressuposto idealista.

O Positivismo se refere à ciência fundamentada na análise dos fenômenos, par-


tindo das leis da natureza, físicas. Parte do particular, da matéria entendida
como algo dado. Enfatiza a necessidade da neutralidade, da busca da verdade
a partir da experiência.

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FUNDAMENTOS
FUNDAMENTOS TEÓRICOS E EPISTEMOLÓGICO
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Apesar da existência das diferentes concepções, percebemos que elas acabam mui-
tas vezes por se entrelaçar.

No âmbito da educação, constatamos que tanto a epistemologia quanto a educação


decorrem da concepção de sociedade, de homem e de conhecimento, por isso, as
definições de epistemologia citadas possuem estreita relação com a educação.

Historicamente, a educação sempre esteve associada à formação de certo tipo de


homem, vinculada à determinada organização social.

Com base no desenvolvimento histórico, devemos sempre analisar que concepção


de homem e de sociedade fundamenta as propostas educacionais históricas e as
emergentes, analisando ainda qual epistemologia está na base da produção do co-
nhecimento em educação.

Essas análises foram realizadas, por exemplo, pelo autor Dermeval Saviani em seu
livro “Escola e Democracia”.

De acordo com Saviani (1995), as pedagogias podem ser explicitadas segundo a


concepção burguesa (positivismo) de homem, sociedade e conhecimento. Sendo as
mesmas: pedagogia tradicional, pedagogia nova e pedagogia tecnicista. No contexto
atual, podemos acrescentar a pedagogia das competências, a pedagogia empreen-
dedora, entre outras.

Conforme estudamos, a Pedagogia Tradicional tem referência no iluminismo, se-


gundo o qual a sociedade evolui com base no uso da razão. Ela está fundamentada
na epistemologia positivista, que a concebe como redentora da humanidade. Nesse
sentido, a educação teria poder e autonomia independentemente da ordem social.
Tem como princípio que o homem é determinado pela natureza e que pode supe-
rar-se pela educação. A educação possui como foco o intelecto, a lógica, a disciplina
e o conteúdo. O centro da prática pedagógica é o professor.

A Pedagogia Nova, inspirada no pensamento de Comênios, Rousseau e outros, tem


como princípio positivista a ciência e a sociedade. Está inserida no contexto social
em que a burguesia passa da condição de revolucionária para conservadora. Os ide-
ais de igualdade, liberdade e fraternidade são reservados à burguesia e populariza-
dos no direito e na ideologia como princípios formais, ideias e não mais reais. Assim,
antes era o adulto quem determinava os princípios da educação, do dever ser, agora

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será a criança que os determinará a partir de suas necessidades existenciais. A Peda-


gogia da essência (tradicional) dá lugar à pedagogia da existência (nova) e opera-se
uma inversão básica: o centro da prática educativa passa a ser o aluno e não mais o
professor; o lógico passa a ser superado pelo psicológico; a disciplina passa a ser su-
perada pelo interesse; o conhecimento, pelo método. A criança precisa ser libertada
para desenvolver suas habilidades inatas. Difunde-se a ideia de respeito às diferenças
sem distinguir o significado de diferença e de desigualdade. Consolida-se como uma
educação voltada para a classe trabalhadora que atende aos interesses da burguesia
porque deixa tudo como está. Não faz a diferença.

No que se refere à Pedagogia Tecnicista, é mais uma concepção de educação voltada


ao ideário da burguesia. Desenvolveu-se no Brasil a partir dos anos 70, com base no
convênio MEC/USAID, sendo também fundamentada pela epistemologia positivista
e alimentada pelo pragmatismo e empirismo. Deu à educação um caráter utilitarista
e imediatista. Enfatizou a dualidade do ensino: a antiga cisão entre o pensar e o fazer;
a escola do conhecimento, voltada para as elites, e a escola do fazer, voltada para as
classes populares. Essa cisão serviu para manter e reproduzir a sociedade de classes,
e não para superá-la. Para essa concepção, o excluído, o marginalizado, não é mais o
ignorante nem o diferente. É aquele que não domina a tecnologia, os instrumentos.
O centro da prática educativa não está mais no professor nem no aluno, está na téc-
nica e na racionalização do trabalho pedagógico.

No que concerne às concepções atuais de pedagogia burguesa, essas também possuem


o sentido de legitimar a sociedade existente configurada na ordem capitalista atual. Pos-
suem princípios liberais (positivistas), difundindo a lógica empresarial para a educação,
propondo a racionalização do processo educacional concebendo a escola como uma
empresa. Essas concepções pedagógicas têm difundido a ideia de que a escola deve
educar para o mercado de trabalho. Acaba por esconder assim a realidade social, a de-
sigualdade, a injustiça, a concentração de renda, o racismo e outros problemas sociais.

No intuito de superar a pedagogia condicionada à lógica


burguesa, positivista e mercadológica, destacam-se no Brasil,
a Pedagogia da Esperança (Paulo Freire) e a Pedagogia
Histórico-Crítica (Dermeval Saviani).

Fonte: a autora.

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Na Pedagogia da Esperança, Paulo Freire mostra claramente a necessidade da es-


perança e do sonho para a existência humana e a necessária luta para fazê-la me-
lhor. Segundo o autor, a esperança é uma necessidade ontológica, pois sem ela não
podemos sequer começar o embate. Uma das tarefas do educador, com bases pro-
gressistas, é desvelar as possibilidades para a esperança, não importando os obstá-
culos. Conforme Freire (1992), a Pedagogia da Esperança se faz necessária para o
enfrentamento das “situações-limites”, ou seja, os obstáculos e barreiras que preci-
sam ser vencidos no decorrer da vida pessoal e social. Enfim, ele enfatiza o papel da
educação para a compreensão da história como possibilidade, em oposição à visão
pragmática neoliberal de futuro como inexorável. Nessa abordagem, a esperança é
o elemento fundamental para se recuperar a utopia como sonho possível e compre-
ender o futuro, o presente e o passado, como fruto das opções e decisões humanas.

A Pedagogia Histórico-Crítica possui a característica de ser revolucionária, opõe-se à


sociedade e à escola burguesa. Tem como base os pressupostos teóricos do mate-
rialismo histórico-dialético. Defende que o homem é um ser histórico que produz e
se reproduz no seu relacionamento com a natureza e com os outros homens. Nesse
contexto, o homem alienado é o homem negado. Por isso ele precisa conhecer a
realidade em que vive e tomar consciência de sua condição histórica com vistas à
libertação, enfatizando, assim, a importância do acesso ao conhecimento historica-
mente produzido

Mais uma vez, vemos o conhecimento sendo proposto como uma forma de libertação.

Defende a centralidade do ensino como forma de democratização do saber elabo-


rado, sem o qual não há libertação; explicando o homem enquanto ser histórico,
buscando por uma prática pedagógica coerente que não caia nos determinismos
e nos modismos das pedagogias burguesas. Para isso, procura distinguir o aluno
empírico do aluno concreto, sendo o aluno empírico aquele que se apresenta dian-
te do professor, na sala de aula, e o aluno concreto é entendido em sua totalidade
como ser histórico.

Constatamos, assim, que a epistemologia, a educação e a prática educativa não sur-


gem do “nada” ou possuem neutralidade, são, portanto, produções humanas desen-
volvidas historicamente que possuem comprometimento político e social.

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FUNDAMENTOS
FUNDAMENTOS TEÓRICOS E EPISTEMOLÓGICO
METODOLÓGICOS DA PEDAGOGIA

UNIDADE 4

OBJETIVO
Ao final desta
unidade,
esperamos
que possa:

» estabelecer as principais
características da
educação dentro da
sociedade capitalista;

» definir as principais
características da
pedagogia liberal
tecnicista.

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DA PEDAGOGIA

A EDUCAÇÃO NA SOCIEDADE
CAPITALISTA
Constatamos que a educação objetiva nos emoldura nas expectativas do meio social
em que vivemos.

O capitalismo surge em um contexto social em que muitos encontram-se em situ-


ação de precária condição social, e poucos, em situação privilegiada, e reforça essa
oposição, tendo na educação um mecanismo de manutenção da ordem social.

Na relação estabelecida entre os homens e a natureza e entre os homens entre si


está o trabalho. É através dele que o homem muda a natureza colocando-a a seu ser-
viço. Por meio do trabalho, o homem vive e agrega valores, que favorecem a reflexão
intelectual e a produção de meios para potencialização dos seus resultados.

Tendo como foco o aumento da produtividade, desencadeou-se uma divisão do tra-


balho e diferentes formas de propriedade, o que conduziu ao processo de desigual-
dade social.

A desigualdade social obriga os indivíduos a conduzirem suas vidas da forma como está
obrigado a fazer, como está obrigado a trabalhar e viver. A classe dominante é constru-
ída para sobressair-se, através de uma luta que é estabelecida entre as classes sociais.

No decorrer da história, a busca pelo lucro imediato fomentou e conduziu ao capita-


lismo, que ganhou forças com desenvolvimento tecnológico. Nesse contexto, houve
a necessidade de abandonar o artesanato e viver de salário nas fábricas.

Na concepção crítica, o capitalismo veio para separar o trabalhador da sua autono-


mia, a qual era exercida através do seu trabalho. Tal separação é um processo deno-
minado por Karl Marx (1818- 1883) de alienação, a qual faz com que o trabalhador
adquira uma consciência falsa do mundo em que vive, assim, a dominação de uma
classe sobre a outra é vista como um fato natural. Justificado pela ideologia, é um
sistema de ideias ordenadas de concepções, de regras e de normas que obrigam os
homens a comportarem-se conforme o sistema.

O capitalismo transformou o modo de viver, pensar e agir das classes sociais, que

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SUMÁRIO 47
FUNDAMENTOS
FUNDAMENTOS TEÓRICOS E EPISTEMOLÓGICO
METODOLÓGICOS DA PEDAGOGIA

eram divididas entre as dominadoras e as dominadas. É nesse contexto que se ma-


terializa o lucro.

A educação na sociedade capitalista se torna um elemento de manutenção da hie-


rarquia social, nesse contexto, o aluno é afastado de um sistema educacional que
visa a sua emancipação.

O fundamental é que haja educação para o ensino intelectual, o desenvolvimen-


to físico e o aprendizado profissional polivalente. A classe trabalhadora, na qual há
predominância de alunos em situação social mais inferior, conduz para a vida uma
consciência negativa da sua vida e das suas perspectivas de futuro, havendo, por-
tanto, a necessidade de um processo educativo voltado aos interesses da grande
maioria excluída.

Por isso, ao analisar e inter-relacionar a educação com o mundo do trabalho, há di-


versos estudiosos que defendem e acreditam ser a educação um meio que, de certo
modo, supera a marginalização fruto da sociedade capitalista.

4.1 PEDAGOGIA LIBERAL TECNICISTA

Caro(a) aluno(a), antes de nos aprofundarmos na pedagogia tecnicista, vamos com-


preender o significado da educação liberal. O significado da palavra liberal, vem do
sentido de “avançado”, “aberto”. Porém, a vertente “liberal” surge para justificar o sis-
tema capitalista, conforme afirma Aranha (2006 p. 194), “A educação liberal reflete os
ideais da burguesia e enfatiza o individualismo e o espírito de liberdade”.

Na educação liberal, verifica-se a predominância de uma organização social com base


na propriedade privada dos meios de produção, concebida enquanto sociedade de
classes. A educação liberal se torna uma manifestação da sociedade capitalista.

A partir dos estudos da história da educação, observamos que a educação sempre


foi um bem reservado à elite. No Brasil, a pedagogia liberal é crescente, seja em
sua forma conservadora ou renovada. Nessa concepção, a escola possui como fun-
ção preparar o indivíduo para desempenhar os diversos papéis sociais, de acordo
com as aptidões individuais que possuem, para isso, eles precisam aprender e
se adequar aos valores e às normas vigentes na sociedade de classes, através do

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EPISTEMOLÓGICO DA PEDAGOGIA
DA PEDAGOGIA

desenvolvimento cultural.

Porém, esconde com isso a realidade existente nas diferenças de classes, mesmo
difundindo a ideia de igualdade de oportunidades, não considera a desigualdade de
condições. Nas palavras de Aranha (2006 p. 194) “À medida que o desenvolvimento
do comércio e da indústria exigia maior escolarização, as crianças proletárias fre-
quentavam escolas em que tudo diferiam daquelas reservadas à classe dominante.”

Nesse modelo de escola, existe uma tendência de formar para a profissionalização


ou técnica. Nesse sentido, identificamos que, no decorrer da história, a educação
liberal iniciou-se com a pedagogia tradicional; com a hegemonia da burguesia, evo-
luiu para a pedagogia da escola nova, culminando na tendência tecnicista.

Dentro da tendência tecnicista, a educação está subordinada à sociedade e possui


como função preparar recursos humanos (mão de obra para a indústria). Assim, a so-
ciedade industrial e tecnológica estabelece as metas econômicas, sociais e políticas,
e a educação, por sua vez, treina nos alunos os comportamentos para o ajustamento
necessário para alcançar as metas estabelecidas.

Tecnicismo no Brasil

A tendência tecnicista no Brasil foi introduzida com mais ênfase a partir da década
de 1960, objetivando adequar o tema educacional à orientação político-econômica
do regime militar.

Aranha (2006, p. 232) nos relembra algumas situações desse período:

Desde a década de 1950, com a implantação da indústria de base, o Brasil


sofreu acelerada industrialização, com o consequente crescimento do setor
de serviços. No entanto, o sistema educacional vigente não tinha condições
de oferecer os recursos humanos exigidos pela expansão econômica.

Ainda nesse contexto, a tecnologia se torna o meio eficaz de obter a maximização


da produção e garantir o bom funcionamento da sociedade, e a educação é um re-
curso tecnológico fundamental. Certamente, um período de conflitos na educação
brasileira, de reformas educacionais autoritárias, que visavam atrelar o sistema edu-
cacional ao modelo econômico.

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FUNDAMENTOS TEÓRICOS E EPISTEMOLÓGICO
METODOLÓGICOS DA PEDAGOGIA

No contexto da tendência tecnicista, o papel da escola é mudar o comportamento do


aluno por meio de treinamento. Essa tendência tem como base o behaviorismo e as
técnicas de condicionamento. O objetivo da educação escolar é organizar o processo
de aquisição de habilidades, atitudes e conhecimentos específicos que sejam úteis
e necessários para integrar os indivíduos ao sistema social vigente: capitalismo. Para
isso, emprega a ciência do comportamento, ou seja, a tecnologia comportamental,
possuindo como função produzir indivíduos que sejam competentes para o mercado
de trabalho, transmitindo, para isso, informações precisas, objetivas e rápidas.

Na educação tecnicista, predominam os ideais de racionalidade, objetividade, efici-


ência e produtividade. Por sua vez, os conteúdos de ensino são as informações, prin-
cípios científicos, leis e outros, que são estabelecidos dentro de uma sequência lógi-
ca e psicológica desenvolvida por especialistas. Os conteúdos decorrem, portanto, da
ciência objetiva, sendo eliminada qualquer subjetividade. Tudo é sistematizado em
manuais, livros didáticos, módulos de ensino etc.

Por sua vez, os métodos de ensino são constituídos de procedimentos e técnicas


necessárias para o controle das condições ambientais que assegurem a transmissão/
recepção das informações. A tarefa do professor é transmitir as informações e mode-
lar as respostas apropriadas aos objetivos instrucionais preestabelecidos, bem como
assegurar o comportamento adequado para que ocorra o controle do ensino.

Nessa abordagem, o relacionamento professor-aluno é baseado nas relações es-


truturais e objetivas, em que o professor administra as condições de transmissão
da matéria (conteúdo), de acordo com uma instrução eficiente e efetiva, e o alu-
no recebe e repete as informações. O professor se torna apenas um elo entre a
verdade científica e o aluno, e portanto ambos não participam da elaboração do
programa educacional.

O relacionamento entre aluno e professor é baseado em uma comunicação técnica,


que garanta a eficácia da transmissão do conhecimento, sendo os debates, discus-
sões e questionamentos desnecessários, assim como as relações afetivas e pessoais
não fazem parte do desenvolvimento do processo ensino-aprendizagem.

Assim, o ensino se torna um processo de condicionamento através do uso do reforço


das respostas que se quer obter.

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FUNDAMENTOS
FUNDAMENTOS TEÓRICOS E EPISTEMOLÓGICO
METODOLÓGICOS DA PEDAGOGIA

UNIDADE 5

OBJETIVO
Ao final desta
unidade,
esperamos
que possa:

» estabelecer as principais
características das teorias
crítico-reprodutivistas;

» estabelecer as principais
características da
educação progressista;

» definir os pressupostos
da pedagogia
progressista que
caminham no sentido
de propiciar que o
aluno seja crítico e
ativo na sociedade
contemporânea.

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DA PEDAGOGIA

O CONTEXTO DA PEDAGOGIA
CRÍTICO-REPRODUTIVISTA
O conceito de reprodutivismo surgiu no contexto educacional em função da contra-
dição entre a tendência ingênua que afirmava ser a educação um instrumento de
promoção da igualdade entre os membros de uma comunidade e o seu verdadeiro
papel no contexto social. Na primeira situação, a escola seria um mecanismo de
democratização e universalização do saber, contribuindo assim para acabar com as
injustiças sociais e fornecendo as mesmas oportunidades de desenvolvimento aos
indivíduos de classes diferentes.

Porém, os índices de repetência e evasão mostram outra realidade, na qual a escola


exerce o papel de mera reprodutora de diferenças sociais. A partir dessa visão de es-
cola, nas décadas de 1960 e 1970, alguns teóricos chegaram a uma conclusão:

a ideia de função equalizadora da escola era ingênua, porque, em vez de


democratizar, a escola reproduz as diferenças sociais, perpetua status quo e,
por isso, é uma instituição altamente discriminadora e repressiva (ARANHA,
2006, p, 252).

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FUNDAMENTOS
FUNDAMENTOS TEÓRICOS E EPISTEMOLÓGICO
METODOLÓGICOS DA PEDAGOGIA

Nesse contexto, três correntes das teorias crítico-reprodutivistas se destacam:

Quadro 09: Teorias crítico-reprodutivistas


Teoria Autores Crítica

Consideram como Violência


Simbólica aquela exercida
pelo poder de imposição das
ideias transmitidas por meio
Violência Simbólica Bourdieu e Passeron
da comunicação cultural, da
doutrinação política e religio-
sa, das práticas esportivas, da
educação escolar.

Considera a função da escola


Escola Enquanto Aparelho
Althusser inserida no contexto da
Ideológico do Estado
sociedade capitalista.

Consideram que, se vivemos


em uma sociedade dividida
Teoria da Escola Dualista Baudelot e Establet
em classes, não é possível
haver uma escola única.

Fonte: Aranha (2006, p. 252- 256), adaptado pela autora.

A palavra violência possui o significado de violentar, forçar, coagir, existindo diversas


formas de violência, que podemos agrupar em duas: violência material e violência
simbólica. A primeira se refere à violência física, realizada através de meios materiais,
com coerção, ameaça, castigo ou uso da força física, sendo, portanto, explícita. Já a
simbólica é exercida por meio do uso de forças simbólicas, que conduzem o indiví-
duo a pensar e agir de forma sem se dar conta de que está sendo conduzido.

No que concerne à corrente relacionada à Violência Simbólica, os sociólogos fran-


ceses Pierre Bourdieu e Jean-Claude Passeron desfazem a ilusão da autonomia ab-
soluta do sistema escolar, ou seja, por trás de uma aparência neutra, a escola escola
provoca uma violência simbólica, por meio da cultura e de ideologias.

Analisando a violência simbólica, Bourdieu e Passeron concluíram que a escola é re-


flexo da sociedade, reproduzindo os privilégios existentes nesta e favorecendo os que
já são socialmente favorecidos. Nesse contexto, a escola não democratiza, e sim reafir-

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EPISTEMOLÓGICO DA PEDAGOGIA
DA PEDAGOGIA

ma privilégios já estabelecidos, mantendo a dicotomia entre as crianças que advêm


das classes sociais privilegiadas e aquelas que advêm das classes desfavorecidas.

Conforme Aranha (2006), dentro do contexto da corrente relacionada à escola en-


quanto Aparelho Ideológico do Estado, Louis Althusser (1918-1990) defende que,
dentro da sociedade capitalista, a escola concomitantemente ensina um saber prá-
tico para desenvolver a qualificação da força de trabalho e reproduz a ideologia da
classe dominante, para assim reproduzir a força de trabalho qualificada e necessária
ao sistema capitalista, tornando-se, assim, um instrumento de dominação ideológica
e um dos elementos do Aparelho Ideológico do Estado.

SAIBA MAIS

Você já ouviu falar sobre escola sem partido?

Recentemente, a discussão do projeto de lei Escola sem Partido esteve em discussão.


Muitas críticas a favor e contra foram disseminadas na mídia.

Este é um ótimo momento para a leitura de materiais sobre esse tema.

Aproveite para elaborar a sua própria crítica. Acesse o link e leia mais sobre o tema:

ACESSAR LINK

Fonte: a autora.

A corrente da Escola Dualista é parecida com a análise da escola enquanto um Apa-


relho Ideológico do Estado. Essa teoria foi estabelecida por Baudelot e Establet. Para
eles, não existe uma escola única, e sim duas totalmente antagônicas, que divergem
quanto ao número de anos de estudos, itinerários e aos fins do processo educacional.
Podem ser definidas enquanto duas grandes redes de escolaridade: Rede SS – Se-
cundária Superior, que objetiva conduzir os alunos à Universidade; Rede PP – Primá-

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SUMÁRIO 55
FUNDAMENTOS
FUNDAMENTOS TEÓRICOS E EPISTEMOLÓGICO
METODOLÓGICOS DA PEDAGOGIA

ria Profissionalizante, que acaba no primeiro grau e objetiva levar o aluno imediata-
mente ao trabalho manual. Essa divisão reafirma a divisão estabelecida socialmente
entre trabalho intelectual (Rede SS) e trabalho manual (Rede PP), contribuindo com
a manutenção da estrutura social capitalista. Nesse contexto, a escola assume duas
funções: determinar a orientação dos alunos para uma ou outra rede e inculcar a ide-
ologia burguesa para dominar os anseios de uma nova ideologia dos proletariados.

As críticas à escola são importantes, pois, por meio delas, reconhecemos as falhas en-
quanto profissionais da educação, assim, temos possibilidades de defendê-la, fazer
as mudanças que queremos e precisamos e buscar uma educação com equidade.

5.1 TEORIAS PROGRESSISTAS

O surgimento das teorias progressistas no contexto da educação veio em razão da


reação e superação da ideologia Crítico-Reprodutiva, que apesar de ter desenvolvido
uma crítica severa à Escola Tradicional e à Escola Nova, salientando o caráter ideoló-
gico da educação, acabou por se consolidar em uma postura negativista, difundindo
a sensação de impotência.

As Teorias Progressistas se destacam pela busca de um novo caminho, ou seja, um


novo paradigma de educação no qual a tendência é estabelecer uma relação entre
educação e transformação social, apresentando ainda divergências entre seus pró-
prios seguidores, pois a denominação progressismo ainda não é aceita por todos.

Possui pressupostos que considera o indivíduo responsável por sua própria história,
para isso, sua metodologia consiste em desenvolver atividades de ensino que te-
nham como centro do processo não o professor, mas o aluno que, por sua vez, se
torna sujeito de seu aprendizado, levando em consideração os seus interesses, temas
e problemas cotidianos.

A educação progressista quer formar o ser humano pelo e para o trabalho,


ou seja, recusa tanto a educação humanista tradicional que visa à aquisição
de uma cultura supérflua “de adorno” para os ricos, quanto a sonegação da
cultura erudita para os pobres (ARANHA 2006, p. 269)

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EPISTEMOLÓGICO DA PEDAGOGIA
DA PEDAGOGIA

Nesse contexto, a tarefa do educador passa a ser explicitar os problemas sociais con-
cretos e contextualizados, para que haja superação de pré-noções e preconceitos
que sempre dificultam a transformação social. O professor atua como sujeito do pro-
cesso educacional, buscando diálogo, sendo atuante na produção do conhecimento,
sendo, portanto, o mediador.

Um dos pressupostos da Pedagogia Progressista é incentivar um ensino sistêmico,


superando a fragmentação e a simples reprodução do conhecimento, desenvolven-
do uma ação pedagógica que leve à produção do conhecimento e à formação de
um sujeito crítico e inovador. Para isso, o professor deve questionar e induzir seus
alunos à crítica da realidade, proporcionando a democratização do saber.

Conforme Aranha (2006, p. 271):

De maneira geral, as bases teóricas da pedagogia progressista encontram-se


na literatura marxista, que fornece o instrumento da lógica dialética, bem
como os elementos conceituais que possibilitam a crítica ao liberalismo na
tentativa de superar a sociedade dividida em classe e as consequentes dificul-
dades para a democratização da educação.

Um dos representantes da pedagogia progressista no Brasil é Paulo Freire, que, em


sua pedagogia libertadora, apresenta uma proposta de humanização do professor,
construindo seu pensamento em favor de uma sociedade mais justa e igualitária, de
uma formação crítica e consciente aos estudantes.

De acordo com essa linha progressista, é fundamental problematizar a realidade


social vivida, que é uma forma de intervenção no mundo, uma tomada de posição
e decisão. Para realizar a construção de um conhecimento em parceria com o edu-
cando, o educador necessita dar relevância ao contexto social. Nessa concepção, o
professor é considerado uma referência aos alunos, Sendo assim, não somente as
palavras utilizadas, mas também suas condutas, têm influência direta e indireta na
relação estabelecida com seus alunos.

Após o estudo sobre a pedagogia progressista, reflita sobre as propostas dessa con-
cepção antiautoritária para a educação e quais as possibilidades de atuar em um
ensino transformador.

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FUNDAMENTOS
FUNDAMENTOS TEÓRICOS E EPISTEMOLÓGICO
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SAIBA MAIS

Entre os pioneiros da da tendência progressista se encontram:

-PISTRAK

-MAKARENCO

-ANTONIO GRAMSCIC

-CÉLESTIN FREINET

Outras correntes antiautoritárias de base socialista também


foram influenciadas, assim como os construtivistas Soviéticos.

Saiba mais sobre os principais representantes desta tendên-


cia com a leitura do livro: Filosofia da Educação, escrito por
Maria Lúcia de Arruda Aranha.

ANOTAÇÕES

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FUNDAMENTOS TEÓRICOS E METODOLÓGICOS
EPISTEMOLÓGICO DA PEDAGOGIA
DA PEDAGOGIA

UNIDADE 6

OBJETIVO
Ao final desta
unidade,
esperamos
que possa:

» estabelecer as principais
características das teorias
crítico-reprodutivistas;

» estabelecer as principais
características da
educação progressista;

» definir os pressupostos
da pedagogia
progressista que
caminham no sentido
de propiciar que o
aluno seja crítico e
ativo na sociedade
contemporânea.

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SUMÁRIO 59
FUNDAMENTOS
FUNDAMENTOS TEÓRICOS E EPISTEMOLÓGICO
METODOLÓGICOS DA PEDAGOGIA

DESAFIOS DA EDUCAÇÃO
PARA O SÉCULO XXI
Vivemos em uma sociedade que caminha a passos largos no sentido de inúmeras
mudanças, enquanto a educação algumas bases da educação continuam inseridas
em contextos que nos remete ao século passado. Aranha, ( 2006, P. 357) comenta
um grande desafio da educação para o século XXI, “Um dos paradoxos do século XXI
está, de um lado na discussão sobre as tecnologias de ponta que exigem a mudança
de paradigma da escola tradicional e, de outro, na constatação de que muitos nem
sequer tiveram acesso às primeiras letras”.

O desafio apresentado pela autora refere-se à mudança social, econômica e cultural


que vivemos, com a forte inserção da tecnologia nas nossas atividades diárias. po-
rém ainda temos a necessidade da inclusão digital.

Sobre ação pedagógica, a reflexão necessária é quanto ao modelo de ensino, em


plena era tecnológica e de informação, o processo ensino não consegue acompa-
nhar o ritmo acelerado das mudanças. Ou seja, o ensino é desenvolvido sem conside-
rar os recursos existentes na sociedade atual, ocasionado situações de intensa apatia,
desconforto e desinteresse por parte dos educandos e ainda há a necessidade de

As redes e os ambientes virtuais de aprendizagem favorecem a comunicação sem


fronteiras de espaço e tempo e integram a diversidade de culturas, denominada por
Castells (1999) como “hipertexto eletrônico”. Os conceitos de espaço e de tempo se
tornaram dominados na medida em que o espaço passou a dominar o espaço de
lugares, e o tempo intemporal substituiu o tempo cronológico predominante desde
o período industrial.

De certo modo, essas transformações geram desequilíbrios, imprecisões, provoca-


ções e dúvidas, porém a revolução desencadeada pelas tecnologias de informação e
comunicação suscita a urgência de outros predicados, conhecimentos, capacidades
profissionais, diálogos e, em consequência disso, a educação torna-se extremamente
significativa para a nova sociedade da informação, uma educação baseada em cur-
rículos que não fragmentem o conhecimento, mas, ao contrário, que possibilitem a
integração de saberes. Uma sociedade que conheça seus deveres e possa bem usu-

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FUNDAMENTOS TEÓRICOS E METODOLÓGICOS
EPISTEMOLÓGICO DA PEDAGOGIA
DA PEDAGOGIA

fruir de seus direitos. Uma sociedade que não sofra privação de liberdade.

Na contexto educacional do século XXI é urgente e necessário romper o ensino tra-


dicional e fragmentado. O momento exige inovação, ousadia, criatividade. A valoriza-
ção da postura coletiva e não a individual; a valorização das inteligências múltiplas; a
emoção e a imaginação devem ser tão importantes quanto o conhecimento técni-
co. Nesse contexto é necessário adquirir novos conhecimentos durante toda a vida.

A Escola de hoje requer um professor mais crítico, criativo, conforme Ibernón (2010,
p. 37) “Nas próximas décadas, a profissão docente deverá desenvolver-se em uma
sociedade em mudança, com alto nível tecnológico e um vertiginoso avanço do co-
nhecimento”.

Você está preparado para ser um profissional pedagogo ou


professor do século XXI? Nesse tempo, não há métodos
prontos, a necessidade de inovação é diária e incerteza é
constante.

Fonte: A autora

A escola deve pensar na diversidade do mundo em que vivemos e que as pessoas


devem estar preparadas para lidar com os múltiplos contextos da vida, concebendo
a educação como um todo. Partindo desse pressuposto, a educação do século XXI
está fundamentada nos quatro pilares do conhecimento, conforme o Relatório da
Comissão Internacional Sobre Educação para o Século XXI , coordenada por Jacques
Delors:

- aprender a conhecer;

- aprender a viver juntos;

- aprender a fazer;

- aprender a ser.

Com base nos pressupostos acima citados, enfatizamos que a educação contem-
porânea tem a finalidade de preparar os indivíduos para os diversos contextos da

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FUNDAMENTOS
FUNDAMENTOS TEÓRICOS E EPISTEMOLÓGICO
METODOLÓGICOS DA PEDAGOGIA

sociedade do conhecimento. Nesse contexto, além de conhecimento, criatividade


e habilidades é necessário formar cidadão conscientes dos seus direitos e deveres,
resgatando e consolidando o ser humano existente dentro de cada indivíduo.

Outro grande desafio da educação do século XXI, é o desenvolvimento integral do


aluno, para que assim, o mesmo possa por sua vez ter condições de atender a novas
exigências sociais e econômicas, que estão em constante transformação. Fato que
requer um novo paradigma na educação, com reformas nas políticas educacionais,
investimento na formação dos professores e repensar as práticas pedagógicas. a
integração do conhecimento com a moral e a ética construindo assim, um mundo
mais solidário e justo, superando paradigmas tradicionais.

ANOTAÇÕES

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FUNDAMENTOS TEÓRICOS E METODOLÓGICOS
EPISTEMOLÓGICO DA PEDAGOGIA
DA PEDAGOGIA

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São Paulo, 2006.

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1983.

BRANDÃO, C. Rodrigues. O que é educação. São Paulo: Abril Cultura Brasiliense,1985.

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Pedagógica. Champagnat. Curitiba, 1996.

BRASIL. Ministério de Educação e Cultura. LDB - Lei nº 9394/96, de 20 de dezembro


de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da Educação Nacional. Brasília: MEC, 1996.

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br/dmdocuments/rceb004_10.pdf acesso em 21 de jul de 2017.

CARVALHO, Adalberto Dias de. Epistemologia das ciências da educação. 2. ed. Edi-
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CASTELLS, M. A sociedade em rede – a era da informação: economia, sociedade e


cultura. 4.ed. São Paulo: Paz e Terra, 1999.

DEWEY, John. Vida e Educação. São Paulo: Edições Melhoramentos, 1971.

FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. 17ºed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1980.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa.


São Paulo, Editora Paz e Terra, 1997.

______. Educação e mudança. 22. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1998.

______. Pedagogia da esperança: um reencontro com a pedagogia do oprimido. Rio


de Janeiro, 1992. 8. ed. Editora Paz e Terra.

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SUMÁRIO 63
FUNDAMENTOS
FUNDAMENTOS TEÓRICOS E EPISTEMOLÓGICO
METODOLÓGICOS DA PEDAGOGIA

HARGREAVES, Andy. O Ensino na Sociedade do Conhecimento. Educação na Era da


Insegurança. Porto Alegre, Artmed. 2004.

LIBÂNEO, José Carlos. Pedagogia e Pedagogos, para quê? São Paulo, cortez, 2009.

LIBÂNEO, José Carlos. Pedagogia e pedagogos: inquietações e buscas. Educar. n. 17.


,p.153-176. Editora da UFPR. Curitiba, 2001.

______. Democratização da escola pública. São Paulo, Edições Loyola, 1990.

GADOTTI, Moacir. História das Idéias pedagógicas. São Paulo: Ática, 1999.

NEY, A. Política Educacional: Organização e estrutura da Educação Brasileira. Rio de


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SACRISTÁN, J.Gimeno. GOMÉZ, PÉREZ, A.I. Compreender e transformar o ensino.


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SEABRA,Carlos. Uma Educação Para Uma Nova Era. In. Tecnologia Sociedade. A re-
volução tecnológica e os novos paradigmas da sociedade. Belo Horizonte: Oficinas
de Livros. 1994.

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FUNDAMENTOS
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