Você está na página 1de 34

MATEMÁTICA FINANCEIRA

MATEMÁTICA
FINANCEIRA

AUTORIA
Janaina Giovani Noronha de Oliveira

1
MATEMÁTICA FINANCEIRA MATEMÁTICA FINANCEIRA

EDITORIAL
A Faculdade Multivix está presente de norte a sul

GRUPO do Estado do Espírito Santo, com unidades em

MULTIVIX Cachoeiro de Itapemirim, Cariacica, Castelo, Nova


Venécia, São Mateus, Serra, Vila Velha e Vitória.
Desde 1999 atua no mercado capixaba, desta- FACULDADE MULTIVIX
cando-se pela oferta de cursos de graduação,
técnico, pós-graduação e extensão, com quali- Diretor Executivo Revisão Técnica
dade nas quatro áreas do conhecimento: Tadeu Antônio de Oliveira Penina Alexandra Oliveira
Agrárias, Exatas, Humanas e Saúde, sempre Alessandro Ventorin

Diretora Acadêmica Graziela Vieira Carneiro


primando pela qualidade de seu ensino e pela
Eliene Maria Gava Ferrão Penina
formação de profissionais com consciência Design Editorial e Controle de
cidadã para o mercado de trabalho. Produção de Conteúdo
Diretor Administrativo Financeiro
REITOR Carina Sabadim Veloso
Fernando Bom Costalonga
Atualmente, a Multivix está entre o seleto grupo Maico Pagani Roncatto
de Instituições de Ensino Superior que possuem Ednilson José Roncatto
Conselho Editorial Aline Ximenes Fragoso
conceito de excelência junto ao Ministério da
Eliene Maria Gava Ferrão Penina (presidente do Conselho Editorial) Genivaldo Félix Soares
Educação (MEC). Das 2109 instituições avaliadas Kessya Penitente Fabiano Costalonga
no Brasil, apenas 15% conquistaram notas 4 e 5, Carina Sabadim Veloso Multivix Educação a Distância
Patrícia de Oliveira Penina
que são consideradas conceitos de excelência Gestão Acadêmica Coord. Didático Pedagógico
Roberta Caldas Simões Gestão Acadêmica Coord. Didático Semipresencial
em ensino.
Gestão de Materiais Pedagógicos e Metodologia
Estes resultados acadêmicos colocam todas as Direção EaD
Coordenação Acadêmica EaD
unidades da Multivix entre as melhores do
Estado do Espírito Santo e entre as 50
melhores do país.
BIBLIOTECA MULTIVIX (DADOS DE PUBLICAÇÃO NA FONTE)

MISSÃO
O48m
Oliveira, Janaina Giovani Noronha de.
Formar profissionais com consciência cidadã
Matemática financeira / Janaina Giovani Noronha de Oliveira. – Vitoria : Multivix, 2019.
para o mercado de trabalho, com elevado
padrão de qualidade, sempre mantendo a 65 f. : il. ; 30 cm

credibilidade, segurança e modernidade, Inclui referências.
visando à satisfação dos clientes e colabora-
1. Matematica aplicada 2. Matematica finaceira I.Faculdade Multivix II. Título.
dores.

CDD: 517

VISÃO Alexandra Barbosa Oliveira CRB/6 00396

Ser uma Instituição de Ensino Superior


reconhecida nacionalmente como referên- Catalogação: Biblioteca Central Anisio Teixeira – Multivix

cia em qualidade educacional. 2017 • Proibida a reprodução total ou parcial. Os infratores serão processados na forma da lei.
As imagens e ilustrações utilizadas nesta apostila foram obtidas no site: http://br.freepik.com

2 3
MATEMÁTICA FINANCEIRA MATEMÁTICA FINANCEIRA

Aluno (a) Multivix,

ICONOGRAFIA
APRESENTAÇÃO Estamos muito felizes por você agora fazer parte do

DA DIREÇÃO maior grupo educacional de Ensino Superior do

EXECUTIVA Espírito Santo e principalmente por ter escolhido a


Multivix para fazer parte da sua trajetória profissional.

A Faculdade Multivix possui unidades em Cachoeiro


de Itapemirim, Cariacica, Castelo, Nova Venécia, São
Mateus, Serra, Vila Velha e Vitória. Desde 1999, no ATENÇÃO ATIVIDADES DE
APRENDIZAGEM
mercado capixaba, destaca-se pela oferta de cursos PARA SABER
de graduação, pós-graduação e extensão de quali-
dade nas quatro áreas do conhecimento: Agrárias,
Exatas, Humanas e Saúde, tanto na modalidade
REITOR
presencial quanto a distância. SAIBA MAIS
ONDE PESQUISAR CURIOSIDADES
Além da qualidade de ensino já comprovada pelo
LEITURA COMPLEMENTAR
MEC, que coloca todas as unidades do Grupo
DICAS
Multivix como parte do seleto grupo das Institu-
ições de Ensino Superior de excelência no Brasil,
contando com sete unidades do Grupo entre as
100 melhores do País, a Multivix preocupa-se GLOSSÁRIO QUESTÕES
bastante com o contexto da realidade local e
com o desenvolvimento do país. E para isso,
Prof. Tadeu Antônio
procura fazer a sua parte, investindo em projetos
de Oliveira Penina
sociais, ambientais e na promoção de oportuni-
Diretor Executivo do dades para os que sonham em fazer uma facul-
Grupo Multivix MÍDIAS
dade de qualidade mas que precisam superar ÁUDIOS
INTEGRADAS
alguns obstáculos.

Buscamos a cada dia cumprir nossa missão


que é: “Formar profissionais com consciência
cidadã para o mercado de trabalho, com
elevado padrão de qualidade, sempre man- ANOTAÇÕES CITAÇÕES
tendo a credibilidade, segurança e moderni-
dade, visando à satisfação dos clientes e
colaboradores.”

Entendemos que a educação de qualidade


sempre foi a melhor resposta para um país EXEMPLOS DOWNLOADS
crescer. Para a Multivix, educar é mais que
ensinar. É transformar o mundo à sua volta.

Seja bem-vindo!

4 5
MATEMÁTICA FINANCEIRA MATEMÁTICA FINANCEIRA

SUMÁRIO
SUMÁRIO 1 NOÇÕES DE MATEMÁTICA
1
FINANCEIRA
NOÇÕES DE MATEMÁTICA FINANCEIRA 8
1.1 PORCENTAGEM 8
1.2 PROGRESSÃO 11
1.2.1 PROGRESSÃO ARITMÉTICA 11 Ao olhar ao seu redor, mesmo que sem nenhuma visão econômica, é possível perce-
1.2.2 PROGRESSÃO GEOMÉTRICA 13 ber facilmente que a matemática financeira está presente em diversas situações do
1.3 HP 12C 15
seu cotidiano. No mais simples ato de ir à padaria e detectar o aumento do valor do
pãozinho, realizar um empréstimo, analisar se é mais viável pagar um plano de saúde
2 JUROS SIMPLES E COMPOSTO. DESCONTOS E TAXAS 17
2.1 JUROS 17 ou a consulta particular, verificar se o salário será suficiente para o mês, estamos rea-
2.2 JUROS COMPOSTO 20
2.3 DESCONTOS 21
lizando e inferindo matematicamente sobre finanças. Ainda que não sejamos bons
2.4 TAXAS 22 investidores ou tenhamos a intenção de aplicar na bolsa de valores, ter noções de
matemática financeira é essencial para a sobrevivência econômica de todo e qual-
3 MÉTODOS DE ANÁLISE DE INVESTIMENTOS. 25 quer cidadão.
3.1 ANÁLISES DE INVESTIMENTOS 25
3.2 MÉTODOS DE ANÁLISES DE INVESTIMENTOS 25
3.2.1 TAXA MÍNIMA DE ATRATIVIDADE - TMA 26 Um dos primeiros conceitos a ser trabalhado no que tange a matemática financeira
3.2.2 PAYBACK 27
3.2.3 VALOR PRESENTE LÍQUIDO (VPL) 28 é a ideia de porcentagem.
3.2.4 TAXA INTERNA DE RETORNO (TIR) 30
3.2.5 VALOR PRESENTE LÍQUIDO ANUALIZADO (VPLA) 33

1.1 PORCENTAGEM
4 EQUIVALÊNCIA DE CAPITAIS 36
4.1 FLUXO DE CAIXA 36
4.2 INVESTIMENTO INICIAL 37
4.3 CAPITAL DE GIRO 38 Por ser amplamente utilizada em todas as áreas do conhecimento, a porcentagem
4.4 EQUIVALÊNCIA DE CAPITAIS 39
é um dos conteúdos da matemática mais conhecido. Indicada por i %, ou seja, r por
i
cento, ela representa a fração centesimal .
5 EFEITOS DA DEPRECIAÇÃO SOBRE RENDAS TRIBUTÁVEIS 43 100
5.1 RENDAS TRIBUTÁVEIS 43
5.1.1 RENDA TRIBUTÁVEIS PESSOA FÍSICA 44 Para calcular uma determinada porcentagem de um valor específico sem o auxilio
5.1.2 RENDA TRIBUTÁVEIS PESSOA JURÍDICA 46
i
5.1.3 DEPRECIAÇÃO 47 de uma boa calculadora, temos que multiplicar a fração pelo valor específico.
100
6 SISTEMAS DE AMORTIZAÇÃO 51 Mariano (2015) define a porcentagem como “uma referência em que um valor nu-
6.1 SISTEMA DE AMORTIZAÇÃO 51
mérico é dividido por 100.”
6.1.1 SISTEMA DE AMORTIZAÇÃO BULLET OU DO MONTANTE 53
6.1.2 SISTEMA PRICE OU FRANCÊS 57
6.1.3 SISTEMA DE AMORTIZAÇÃO CONSTANTE (SAC) 61 Na disciplina matemática financeira a porcentagem é utilizada na hora de estimar
6.1.4 SISTEMA DE AMORTIZAÇÃO MISTO (SAM) 64
um desconto, ou mesmo na hora de calcular matematicamente o lucro na venda de
um determinado produto.
7 REFERÊNCIAS 68

6 7
MATEMÁTICA FINANCEIRA MATEMÁTICA FINANCEIRA

Suponha que uma determinada pessoa deseja saber o valor correspondente Sabendo que o valor da gasolina por litro era equivalente a R$ 4,20 e passou a
a 16% de R$ 20,00. Multiplicamos a fração equivalente a 16% pelo valor custar R$ 4,75 na semana seguinte. Determine a porcentagem de aumento da
16 gasolina neste período.
almejado, ou seja, .20 = 3, 2 , portanto 16% de R$ 20,00 corresponde a
100
R$ 3,20. Para identificar o aumento, basta fazer a razão entre o valor final e o
inicial, ou seja,

4, 75
= 1,1310
4, 20

e da resposta subtrair 1 (que corresponde a 100% do valor inicial),

assim: 1,1310 − 1= 0,1310

Para realizar o cálculo de uma determinada porcentagem na calculadora que corresponde a 13,10% de aumento.
12c basta entrar com o valor desejado, clicar na tecla (enter), digitar a
porcentagem almejada e clicar na tecla (%). Portanto para resolver o exemplo
anterior, ou seja, estimar 16% de R$ 20,00 basta:

20 (enter) 16 (%)

FIGURA 1 - CALCULADORA 12C

Leitura Complementar

Para aprofundar seus estudos em relação as porcentagens, pesquise no


capítulo 2 do livro MARIANO, FABRICIO, Série Provas & Concursos - Matemática
Financeira para Concurso: 4ª edição. Grupo GEN,2015.

Fonte: SHUTTERSTOCK, 2014

8 9
MATEMÁTICA FINANCEIRA MATEMÁTICA FINANCEIRA

Para estimar os termos de interesse em uma PA utilizamos as equações:


1.2 PROGRESSÃO
a=
n am + (n − m)r
n
Assim como muitos cálculos e fenômenos relacionados à matemática financeira, as sn
= (a1 + an )
2
progressões são de suma importância, pois possuem características bastante pecu-
liares que nos permitem executar uma operação financeira que cresça de forma li-
Sendo:
near ou mesmo aquelas que crescem de forma multiplicativa, mantendo a propor-
cionalidade. Nesta unidade você ainda verá que essas progressões serão relacionadas a1 ⇒ o primeiro termo da PA
aos conceitos de juros simples e composto.
an ⇒ o n-ésimo termo da PA

r ⇒ é a razão entre os termos da PA

sn ⇒ a soma dos n-ésimos termos da PA

Saiba mais

Qualquer sequência numérica que tenha seus termos sucessivos adicionados


ou multiplicados sempre por um mesmo valor pode ser considerada uma
progressão. Como por exemplos:

2, 4, 6, 8, 10, 12 (somar 2 a cada elemento) Saiba mais


2, 4, 8, 16, 32, 64 (multiplicar por 2 a cada elemento) São exemplos de PA o não pagamento de uma conta de água, luz ou telefone.
Por exemplo, se uma determinada pessoa paga uma conta de luz que vence
100, 50, 25, 12.5 (multiplica por 0,5 a cada elemento)
dia 10 apenas no dia 15 ela estará somando o valor referente aos ‘juros
incidentes’ sobre a conta pelo período de 5 dias, portanto neste caso teríamos
que calcular o a5.

1.2.1 PROGRESSÃO ARITMÉTICA

A progressão aritmética é dada por uma sentença matemática que possui uma pro-
jeção contínua e linear, ou seja, os valores variam sempre na mesma razão, sendo a
razão o valor equivalente à essa oscilação entre os termos.

Portanto, podemos definir uma progressão aritmética (PA) como uma sequência nu-
mérica na qual cada termo, a partir do segundo, equivale à soma entre o anterior e a
constante (r).

10 11
MATEMÁTICA FINANCEIRA MATEMÁTICA FINANCEIRA

Portanto, podemos definir uma progressão geométrica (PG) como uma sequência
numérica na qual cada termo, a partir do segundo, equivale ao produto entre o ante-
rior e a constante (q).

Para estimar os termos de interesse em uma PG utilizamos as equações:

a=
n am × q n − m
SPara estimar a soma dos números ímpares de uma PA compreendidos entre
50 e 100 temos que: an q − a1
sn =
q −1
a1 = 51 (o primeiro termo da PA)
k +1 b
an = 99 (o n-ésimo termo da PA) q=
a

r = 2 (pois um número ímpar seguinte é o anterior mais 2)


Sendo:
Assim,
a=
n am + (n − m)r a1 ⇒ o primeiro termo da PG
= 51 + (n − 1)2
99
99 − 51 an ⇒ o n-ésimo termo da PG
(n − 1) =
2
n 24 + 1
= q ⇒ é a razão entre os termos da PG
n = 25
sn ⇒ a soma dos n-ésimos termos da PG
Aplicando então a fórmula da soma dos termos da PA, temos que:

n
sn a 1 an
2
25
s25
= (51 + 99)
2
s25 = 1875

Portanto a soma dos números ímpares compreendidos entre 50 e 100


corresponde a 1.875.
São exemplos de PG o não pagamento de um empréstimo ou financiamento
realizado junto a um banco, ou mesmo o não pagamento integral de uma
fatura de cartão de crédito. Por exemplo, se uma determinada pessoa paga a
1.2.2 PROGRESSÃO GEOMÉTRICA fatura de um cartão que vence dia 10 apenas no dia 15 ela estará somando
o valor referente aos ‘juros incidentes’ sobre a fatura a cada dia até completar
o período de 5 dias, ou seja, a cada dia será atribuído um novo valor pois o
A progressão geométrica é dada por uma sentença matemática que possui uma mesmo é calculado sob o dia anterior e não em relação ao valor inicial da
projeção multiplicativa entre os termos, ou seja, os valores variam sempre na mesma fatura, portanto neste caso teríamos que calcular o a5.
razão, sendo a razão o valor equivalente ao quociente entre os termos.

12 13
MATEMÁTICA FINANCEIRA MATEMÁTICA FINANCEIRA

1.3 HP 12C

Puccini (2017) apresenta em seus estudos que o uso da HP 12C não é apenas um
facilitador da disciplina, como também uma ferramenta imprescindível para a reali-
zação dos cálculos que respaldam o processo de tomada de decisão.

A calculadora HP 12C apresenta mais de 120 funções financeiras disponíveis e utiliza


Para visualizar 4 casas decimais na HP 12C basta clicar em (f) (4), para visualizar
a lógica da notação Polonesa inversa, ou seja, primeiro entra com os valores envolvi- 6 casas basta clicar em (f) (6) e assim por diante.
dos na operação para posteriormente entrar com a operação a ser feita.
Dentre as funções financeiras disponíveis na calculadora HP 12C, Puccini
(2017) apresenta como teclas principais:

• n – número de períodos de capitalização.

• i – taxa de juros em cada período de capitalização.

• PV – valor presente, capital inicial aplicado, principal.

• FV – valor futuro, montante no final de n períodos de capitalização.

Para efetuar as operações a seguir o procedimento na HP 12C é: • PMT – pagamentos periódicos de mesmo valor, que ocorrem no final de cada
período (END) ou no início de cada período (BEGIN).
4 + 3 = 7 ⇒ 4 (ENTER) 3 ( + )
Sendo cada uma destas funções cuidadosamente trabalhada no decorrer
10 − 2 = 8 ⇒ 10 ( ENTER) 2 ( − ) desta disciplina.

É possível encontrar no mercado, dois modelos de HP 12C, a Tradicional e a


Platinum, que diferenciam apenas pelo fato de também poder usar a notação
algébrica na Platinum (o que não é usual no que tange a aplicabilidade da
matemática financeira).

A calculadora HP 12C permite que você a configure de acordo com o seu


gosto, possibilitando que você altere ponto por virgula visando ajudar na
compreensão dos dados. Para realizar esta troca basta segurar a tecla ( . ) e em
seguida a tecla ( ON ). Esse procedimento altera ponto para virgula e vice-versa.

Também é possível definir o número de casas decimais que você quer


visualizar na tela da sua HP 12C, basta clicar em (f) e o número que
corresponde ao número de casas almejado.

14 15
MATEMÁTICA FINANCEIRA MATEMÁTICA FINANCEIRA

É possível afirmar que os juros simples são o produto entre capital, taxa e tempo,
2 JUROS SIMPLES E ou seja, o rendimento de um capital aplicado a uma determinada taxa durante um

COMPOSTO. DESCONTOS E período de tempo, e o montante é capital aplicado acrescido dos juros encontrado.

TAXAS
Portanto,
J = PV i .t

sendo:
A aplicação correta das porcentagens em conceitos como juros e tarifações é de suma
importância no mercado atual no que tange à área de finanças. Alguns elementos J o juros simples.
bastante utilizados na matemática financeira são fundamentados pelos conceitos de PV o capital aplicado, ou seja, o valor sobre o qual os juros irão incidir. É o Valor Pre-
juros simples e composto. Portanto, é essencial você tenha ciência do quanto a cla- sente – em inglês Present Value.
reza da aplicação destes conceitos pode auxiliá-lo na decisão de adquirir ou não um
empréstimo, de comprar ou não um veículo financiado, ou mesmo, no simples ato i a taxa de juros aplicada.

de entrar ou não no cheque-especial do seu banco. Nesta unidade iremos abordar a t o tempo de aplicação, ou seja, está sempre fazendo referência a uma unidade tem-
poral, como dia, mês, ano etc.
aplicação e usabilidade dos juros simples e compostos, ressaltando a diferença entre
e
eles, além de abordar temas como descontos e taxas.
V PV + J
=
sendo:
2.1 JUROS
FV o montante final, ou seja, a adição entre o capital aplicado e o juros incidido sobre
O conceito de juros surge no momento em que o homem começa a relacionar di-
o mesmo. O Valor Futuro – em inglês Future Value.
nheiro e tempo, assim houve a necessidade de mensurar a desvalorização ou valori-
zação da moeda em um determinado intervalo de tempo.
A aplicação de juros é diretamente relacionada ao conceito de porcentagem no qual
é aplicada uma taxa em um determinado valor, visando avaliar o seu comportamen-
to ao longo do tempo. Essa taxa pode ser inferida sob o valor inicial ou reavaliada
de acordo com o instante anterior, sendo estes dois comportamentos classificados
como juros simples e juros composto, respectivamente.

Juros Simples
Os juros aplicados em qualquer transação são classificados como simples quando
sua taxa é incidida sob o valor inicial, portanto o mesmo é constante em todo inter-
valo de tempo.
Puccini (2017) enfatiza que “o regime de juros simples é utilizado no mercado finan-
ceiro notadamente nas operações de curto prazo, em função da simplicidade de
cálculo e também para evitar a prática do anatocismo.”.

16 17
MATEMÁTICA FINANCEIRA MATEMÁTICA FINANCEIRA

2.2 JUROS COMPOSTO


É comum a aplicação de juros composto em diversos setores do dia a dia, ou seja,
situações nas quais os juros não incidem apenas sobre o valor inicial como também
sobre os juros acumulados, comumente chamado de juros sobre juros.
Os juros compostos são calculados levando em conta a atualização do capital, por-
Aplicando R$ 1.000,00 em uma instituição bancária que paga juros simples de
1,5% ao mês, o montante ao final de 10 meses será dado por: tanto, os valores agregados nos períodos anteriores são considerados na análise.

J = PV i .t Puccini (2017), afirma que “no regime de juros compostos, os juros de cada período
são sempre calculados sobre o saldo devedor/credor do início dos respectivos perío-
sendo:
dos, que inclui os juros vencidos e não pagos.” Assim, nesse regime de capitalização, o
J os juros simples. crescimento do capital se dá de maneira exponencial, uma vez que os juros incidem
PV = 1000 (R$ 1.000,00). sobre os juros acumulados até o instante analisado.

i = 0,015 (1,5%). É possível afirmar que o juros composto é o produto entre capital e a taxa no tempo,
t = 10 (10 meses). ou seja,

FV PV (1 + i ) t
=
portanto,
J = 1000 0 015 10 sendo:
J = 150
PV o capital aplicado, ou seja, o valor sobre o qual os juros irão incidir. Valor Presente
então, – em inglês Present Value.

FV
= PV + J
i a taxa de juros aplicada.
FV 1000 + 150
=
FV = 1150 t o tempo de aplicação, ou seja, está sempre fazendo referência a uma unidade tem-
poral, como dia, mês, ano etc.

FV o montante final, ou seja, a adição entre o capital aplicado e os juros incididos


Assim, o montante acumulado ao final dos 10 meses equivale a R$ 1150,00. sobre o mesmo.

É comum no cotidiano da aplicação da matemática financeira que a taxa de juros FV PV (1 + i ) t


=
aplicada esteja em uma unidade de tempo diferente da almejada. Assim é importan-
sendo:
te fazer a conversão adequada para garantir a idoneidade dos cálculos, não gerando
estimativas anuais com base em juros mensais.
PV = 1000 (R$ 1.000,00)

i = 1,5%

t = 10 (10 meses)

18 19
MATEMÁTICA FINANCEIRA MATEMÁTICA FINANCEIRA

portanto,

FV 1000 (1 + 0 015 ) 10
=

FV = 1160, 54

Assim, o montante acumulado ao final dos 10 meses equivale a R$ 1160,54.


Aplicando R$ 1.000,00 em uma instituição bancária que paga juros composto
de 1,5% ao mês, o montante ao final de 10 meses será dado por:
=D 50.000.(1 − 0,1)
D = 45.000, 00

Para determinar o montante acumulado na calculadora HP-12C basta: 2.4 TAXAS


entrar com PV (CHS)(PV)

t (n) Taxas são a porcentagem incidida sobre uma operação monetária que pode alterar o
seu valor, aumentando-o ou diminuindo-o. A aplicação da taxa pode variar de acordo
i (i)
com a natureza da aplicação, sendo de suma importância saber diferenciar o tipo de
e clicar em (FV)
taxa adequada visando não comprometer a análise. As taxas podem ser de natureza
ou seja, no exemplo anterior: proporcional ou equivalente.
1000 (CHS)(PV)
Duas taxas são consideradas proporcionais quando seus valores formam uma rela-
10 (n)
ção matemática direta, ou seja, uma proporcionalidade. Como por exemplo a con-
1,5 (i)
versão apenas temporal da taxa incidida na análise. Para determinar a proporcionali-
(FV)
dade basta fazer o quociente entre a taxa em análise (i ) e o período almejado (k ) , ou
seja, a taxa proporcional (ik ) é dada por:
2.3 DESCONTOS
O desconto é oferecido como um abatimento no saldo devedor quando uma pessoa i
ik =
quita uma quantia antes do período acordado, sendo essa uma das mais comuns k
aplicações da regra de juros. Ele pode ser entendido como a diferença entre o valor Sendo possível visualizar a partir desta equação que se o período da taxa almejada
devido e o valor atual, ou seja, sem a incidência dos juros no período antecipado. for menor que o período da taxa dada basta fazer o quociente entre a taxa dada e o
tempo almejado, mas se o oposto for verificado basta multiplicar a taxa dada pelo
Para determinar o valor do desconto (D) basta multiplicar o valor inicial pela diferença
tempo almejado.
(i −1) , portanto:

D P.(1 − i )
=

sendo P o preço sem o desconto.

20 21
MATEMÁTICA FINANCEIRA MATEMÁTICA FINANCEIRA

Uma pessoa que precisa de uma determinada quantia de dinheiro e tem duas Se os amigos do exemplo anterior oferecessem as taxas de 40% aa e o
opções de empréstimo com seus amigos. Ambos estão oferecendo a quantia segundo a taxa de 10% ao trimestre, essas duas taxas seriam equivalentes,
a uma taxa de juros simples. O primeiro amigo oferece o empréstimo a taxa ou seja, ambas fornecem os mesmos juros perante o capital, sendo ambas
de 40% ao ano, sendo que o segundo oferece o mesmo valor a taxa de 9% ao aplicadas à juros simples.
trimestre. Qual é a escolha mais assertiva, ou seja, mais vantajosa para a pessoa Caso esses amigos oferecessem as mesmas taxas, mas aplicando o conceito de
que necessita do empréstimo? juros composto, pegar o empréstimo com o primeiro amigo será mais viável
0, 4 do que realizar junto ao segundo. Observe que a taxa de 10% ao trimestre
Amigo 1 ⇒ 40% aa = = 0,1 ao trimestre ( 1 ano = 4 trimestres).
4 convertida para anual teremos:
Amigo 2 ⇒ 9% ao trimestre = 0,09 ao trimestre.
(1 + 0 1) = (1 + iB )
4 1

Portanto, o segundo amigo está oferecendo uma taxa de juros menor, ou seja,
1 4641= (1 + iB )
1

ele seria a escolha mais assertiva.


1 + iB =
0 4641
Duas taxas são equivalentes quando aplicadas ao mesmo capital no mesmo
Portanto, o segundo amigo oferece o empréstimo a taxa de 46,41% aa.
período de tempo, produzindo o mesmo total de juros. No juros composto, em
tempos iguais, a taxa proporcional não é equivalente, como acontece no juros
simples. Aplicada em juros composto taxas equivalentes, no mesmo período
de tempo, produzem montantes distintos. É possível obter taxas equivalentes
a partir da equação:

(1 + iA ) = (1 + iB ) B
tA t

podendo essa equação ser utilizada apenas quando há prazos em ambos os


Para determinar a taxa na HP-12C é necessário arbitrar um valor para PV e FV,
lados da igualdade no mesmo espaço de tempo, como por exemplo, 1 ano e
normalmente adotada a unidade (R$ 1,00), posteriormente,
12 meses.
entrar com 1 (CHS)(PV)
i (i)
t (n)
e clicar em (FV)
observe que a taxa almejada é a variação entre o PV e o FV, portanto,
1(-)
fornece a taxa, ou seja, no exemplo anterior:
1 (CHS)(PV)
10 (i)
4 (n)
(FV)
1(-)

22 23
MATEMÁTICA FINANCEIRA MATEMÁTICA FINANCEIRA

3 MÉTODOS DE ANÁLISE DE Antes de optar por qualquer um dos métodos de análises de

INVESTIMENTOS. investimentos, é necessário se ter em mente que o investimento


deve se pagar, se ele vai aumentar ou diminuir o capital inicial e
se existem propostas melhores para se investir.
Nesta unidade, serão abordados conceitos clássicos da matemática financeira encon-
trados no cotidiano do cenário econômico. Conceitos utilizados em toda a descrição
da disciplina, como a ideia de capital inicial, serão formalmente definidos visando
sanar qualquer dúvida que tenha ficado em relação à sua aplicação. Também serão 3.2.1 TAXA MÍNIMA DE ATRATIVIDADE - TMA
alicerçados os conceitos de análise de investimentos e fluxo de caixa.

Para estimar a viabilidade econômico-financeira na implantação ou não de um proje-


3.1 ANÁLISES DE INVESTIMENTOS to de investimento, é imprescindível estabelecer a taxa que o investidor ou a empresa
almeja obter de rendimentos, ciente de que a mesma vai descapitalizar o fluxo de
caixa do projeto. A denominamos Taxa Mínima de Atratividade (TMA), ou seja, taxa
Ao se tomar uma decisão de investimento pessoal ou profissional, é imprescindível
de desconto.
que o investidor tenha em mente questões básicas, como se o investimento se paga,
se vai aumentar o capital aplicado e se esta é a melhor alternativa de investimen- A definição dessa taxa é de extrema importância, pois, com ela, podemos avaliar a
to. Portanto, um estudo prévio das condições que antecedem o investimento, assim viabilidade ou não de um determinado projeto. Assim, comparando a TMA com a TIR
como os possíveis resultados, são vitais na escolha de como e aonde investir. (abordada no tópico 1.1.4), é possível estimar se um projeto é viável.

Diante disso, é possível definir a análise de investimentos com o emprego de técnicas A TMA pode ser determinada baseada no custo de oportunidade ou no custo de ca-
e métodos visando identificar a melhor opção para alocar um investimento dentre as pital da empresa. Portanto, se a TMA for baseada no custo de oportunidade de apli-
diversas alternativas existentes no mercado atual. cações existentes no mercado, estima-se que o projeto deve proporcionar o rendi-
mento adicionado do percentual que cobre o risco do negócio. Todavia, se a mesma
for baseada no custo de capital da empresa, estima-se que o projeto foi ponderado
3.2 MÉTODOS DE ANÁLISES DE INVESTIMENTOS pelas fontes que o financiam.

Amplamente utilizadas como ferramentas de auxílio no processo de tomada de de-


cisão ao se considerar ou não a realização de um investimento, as técnicas e métodos
de análises de investimentos possibilitam o processamento de dados, aplicações de
equações e uso real de cálculos relativos ao ativo. Sendo assim, torna-se possível infe-
rir sobre os riscos que envolvem um determinado investimento.
Saiba mais
Os métodos de análises de investimentos podem considerar ou não o valor do di-
Para aprofundar seus estudos sobre a TMA, pesquise em Puccini (2017)..
nheiro no tempo, sendo os mais comuns o payback, o Valor Presente Líquido (VPL) e
a Taxa Interna de Retorno (TIR).

24 25
MATEMÁTICA FINANCEIRA MATEMÁTICA FINANCEIRA

3.2.2 PAYBACK Quando os valores de entrada média de caixa descontados são somados até que se
igualem ao investimento inicial, em função do tempo gasto, denominamos Payback
Descontado (PD), dado por:
O payback, ou momento de retorno, é o tempo necessário para que o projeto pague
o investimento inicial, ou seja, o tempo que o investimento fornece lucro zero. Esse
 ∑valores entradas de caixa 
PD = t   = investimentoinicial
método deve sempre ser aplicado juntamente com outro método de avaliação de  (1 + i )
t

 
um investimento, sendo possível inferir se um projeto deve ou não ser rejeitado caso
o payback seja ou não inferior ao prazo estipulado. Portanto, o payback descontado nada mais é do que uma técnica mais sofisticada de
considerar o valor do dinheiro no tempo.
Dal Zot (2015) afirma que o “payback, também conhecido como prazo de retorno do
capital investido, é o período de tempo necessário para que os fluxos de caixa positi- Independentemente do tipo de payback adotado, é imprescindível avaliá-lo em re-
vos sejam suficientes para igualar o valor do investimento”. lação a outros métodos de avaliação de um negócio. Um dos critérios de decisão no
que tange a utilização do payback é que o projeto deve ser rejeitado se o seu valor for
Existem três variações quanto à classificação do payback em função de como ele superior ao prazo estipulado. Já se o valor for inferior a esse prazo, o projeto não deve
é calculado: efetivo, médio ou descontado. O médio só é recomendado quando há ser rejeitado
fluxos de caixa uniformes. O efetivo e o médio só levam em conta o payback descon-
tado.
3.2.3 VALOR PRESENTE LÍQUIDO (VPL)
Quando os valores de entrada de caixa são somados até que se igualem ao investi-
mento inicial, em função do tempo gasto, denominamos Payback Efetivo (PE), dado
por: Hoji (2014) afirma que os “Cálculos de Valor Presente Líquido (VPL) nada mais são do
que a soma de valores correntes de diversas datas futuras do fluxo de caixa descon-
tados para o valor presente”. O autor entende que os valores correntes de uma data
PE = t ( ∑valores entradas de caixa ) = investimento inicial e de outra são diferentes na data de hoje, em função das diferentes taxas de juros
efetivos de cada uma.
Quando os valores de entrada média de caixa são somados até que se igualem ao
investimento inicial, em função do tempo gasto, denominamos Payback Médio (PM), Quando o objetivo é comparar diferentes projetos, o VPL é considerado uma das me-
dado por: lhores metodologias. Sua estruturação pode ser considerada isenta de falhas e mais
robusta.
 ∑valores entradas de caixa 
PM = t   = investimentoinicial
 n O VPL é obtido pela diferença entre o valor presente das Entradas de Caixa (EC) pre-
 
vistas para cada período de intervalo de duração do projeto e o valor presente do

sendo n o tempo gasto. investimento inicial, ou seja:

Tanto o payback efetivo quanto o payback médio não levam em conta o valor do di-
SCt FCt
nheiro no tempo, ou seja, a taxa de juros. Para resolver esse fator, é utilizado o payback VPL = − I I − ∑ +∑
(1 + i ) (1 + i )
t t

descontado.

26 27
MATEMÁTICA FINANCEIRA MATEMÁTICA FINANCEIRA

sendo: 15000
FDC1 = = 13.333, 33
(1 + 0,125)
I .I . ⇒ investimento realizado no momento zero; 20000
FDC2 = = 15.802, 47
(1 + 0,125)
2

SCt ⇒ saída de caixa no momento t;


25000
FDC3 = = 17.558, 30
(1 + 0,125)
3
FCt ⇒ entrada em cada período t;
20000
FDC4 = = 12.485, 90
(1 + 0,125)
4
i ⇒ taxa utilizada para descontar os fluxos de caixa.

Matematicamente é possível afirmar que o VPL não passa de uma comparação entre Portanto,
novos investimentos e os fluxos de caixa trazidos a valor presente no tempo zero. To-
davia sua aplicação é essencial na comparação de projetos por permitir comparar o VPL=(13.333,33+15.802,47+17.558,30+12.485,90)-50.000,00=9.180,00
investimento inicial com os valores futuros.

Para resolver este exemplo na HP-12C, basta entrar com:


Determine o VPL de um investimento que possua o fluxo de caixa anual, de
acordo com a tabela a seguir, considerando a taxa utilizada para descontar os 50000 (CHS)(g)(CF0)
fluxos de caixa exigida pelo investidor equivalente a 12,5% ao ano.
15000 (g)(CFj)
QUADRO 1 - FLUXO DE CAIXA
20000 (g)(CFj)
I.I. FC1 FC2 FC3 FC4
25000 (g)(CFj)
R$ 50.000,00 R$ 15.000,00 R$ 20.000,00 R$ 25.000,00 R$ 20.000,00
20000 (g)(CFj)

12,5 (i)

(f)(NVP)
Fonte: Elaborado pela autora, 2018.

Calculando inicialmente os fluxos de caixa descontados (FDC) temos que:

FC1
FDC1 = 3.2.4 TAXA INTERNA DE RETORNO (TIR)
(1 + i )
t

A rentabilidade que um projeto apresenta para o capital nele investido é denomi-


nada Taxa Interna de Retorno (TIR). Assim, é possível afirmar que essa taxa depende
exclusivamente dos investimentos iniciais e dos retornos alcançados.

28 29
MATEMÁTICA FINANCEIRA MATEMÁTICA FINANCEIRA

Dal Zot (2015) apresenta que “assim como juros são a renda de uma aplicação finan-
ceira e a taxa de juros é a medida relativa de sua grandeza, o lucro ou retorno é a ren-
da de um investimento, e a taxa interna de retorno é a medida relativa da grandeza
do retorno”. Portanto, a TIR é a taxa que gera um valor presente líquido nulo quando
aplicada a um determinado fluxo de caixa, ou seja, VPL igual a zero. Matematicamen-
Determine a TIR para um investimento que possua o fluxo de caixa anual de acordo
te expressa por:
com a tabela a seguir.
FCt
TIR 0 = − I .I . + ∑ QUADRO 2 - INVESTIMENTO
(1 + i )
t

I.I. FC1 FC2 FC3


sendo: R$ 1.000,00 R$ 240,00 R$ 432,00 R$ 864,00

I. I. ⇒ Investimento realizado no momento zero.


Para calcular a TIR é preciso realizar o cálculo:
FCt ⇒ Entrada em cada período t.
240 432 864
i ⇒ Taxa utilizada para descontar os fluxos de caixa. + + − 1000 =
0
(1 + TIR ) (1 + TIR ) (1 + TIR )3
2

É importante ressaltar que a aceitação ou não de um projeto por meio da TIR é de-
finida pela sua comparação com a taxa utilizada para descontar os fluxos de caixa.

Todavia, teríamos que resolver uma equação do terceiro grau (nesse caso). Imagine
em situações que geram um polinômio de quinto ou sexto grau. Portanto, para resol-
ver esta situação utilizando os recursos da HP 12C.

1000 (CHS)(g)(CF0)
Determine a TIR para um investimento de R$ 500,00 com retorno após um ano no
valor de R$ 530,00:
240 (g)(CFj)
530
− 500 =
0 432 (g)(CFj)
(1 + TIR )
1

864 (g)(CFj)
530
TI
=R −1
500
(f)(IRR)
Portanto, a taxa interna de retorno é 6%.
Assim, TIR = 20%

30 31
MATEMÁTICA FINANCEIRA MATEMÁTICA FINANCEIRA

Considerando os projetos A e B, cujos fluxos anuais estão apresentados na tabela a


seguir, determine qual é mais viável financeiramente a partir do cálculo do VPLA,
considerando TMA igual a 8% ao ano.

É importante salientar que em nem todos os casos é possível estimar a TIR QUADRO 3 - PROJETO DE INVESTIMENTO
diretamente a partir da HP 12C, devido à possibilidade de existir mais de uma
resposta. Nesses casos, é necessário fornecer uma estimativa da taxa próxima Projeto I.I. FC1 FC2 FC3
ao valor procurado e utilizar as funções (RCL)(g)(R/S). A R$ 12.000,00 R$ 4.000,00 R$ 6.000,00 R$ 7.000,00

Sob a ótica da taxa interna de retorno, um determinado empreendimento é B R$ 5.000,00 R$ 2.000,00 R$ 2.000,00 R$ 5.000,00
considerado viável quando a TIR for maior do que TMA.
Calculando inicialmente os fluxos de caixa descontados (FDC) do projeto A:

FC1
FDC1 =
(1 + i )
t

3.2.5 VALOR PRESENTE LÍQUIDO ANUALIZADO (VPLA) 4000


FDC1 = = 3.703, 71
(1 + 0, 08)
6000
O Valor Presente Líquido Anualizado (VPLA), assim como a VPL, representa a expec-
FDC2 = = 5.144, 03
(1 + 0, 08)
2

tativa de lucro do projeto, porém em relação aos valores anuais. É utilizado em situa-
7000
ções cujo projeto é taxado a longo prazo, portanto o uso da VPL não seria a estimativa FDC3 = = 5.556, 82
(1 + 0, 08)
3

de cálculo mais indicado.


Portanto,

Puccini (2017) afirma que um investimento só é aceito se a sua TIR for superior ao
VPL
= ( 3 703, 71 + 5.144, 03 + 5.556, 82 ) − 12.000, 00 =
2.404, 56

VPLA. Assim, para validar um projeto, é imprescindível calcular o VPLA, ou seja, fazer
Calculando o VPLA para os projetos A e B, temos:
a razão entre as taxas:
i (1 + i )
t

i (1 + i )
t
VPLA =VPL
VPLA =VPL. (1 + i )
t
−1
(1 + i )
t
−1
Projeto A:

O VPLA permite avaliar dois ou mais projetos e inferir qual é o que apresenta maior 0 08 (1 + 0, 08 )
3

estimativa de ganho em longo prazo. VPLA = 2 404, 56. = 933, 05


(1 + 0, 08)
3
−1
Projeto B:

0 08 (1 + 0, 08 )
3

VPLA = 2 535, 69. = 983, 93


(1 + 0, 08)
3
−1

32 33
MATEMÁTICA FINANCEIRA MATEMÁTICA FINANCEIRA

Portanto o projeto B é mais viável que o projeto A pois apresenta maior VPLA.
4 EQUIVALÊNCIA DE
CAPITAIS
Olá, você sabia que para comparar dois ou mais planos de pagamentos é necessário
que os capitais sejam equivalentes? Nesta unidade iremos conceituar o que são capi-
Para resolver este exemplo na HP-12C, basta entrar com: tais equivalentes e apresentar as funções matemáticas que nos possibilitam obter a
Projeto A: equivalência entre os capitais.
12000 (CHS)(g)(CF0)
4000 (g)(CFj)
6000 (g)(CFj) 4.1 FLUXO DE CAIXA
7000 (g)(CFj)
8 (i)
(f)(NVP) Em todas as operações abordadas nesta unidade, é importante ter ciência de que
(f)(FIN)(CHS)(PV) toda e qualquer operação realizada no dia a dia de uma empresa, ou mesmo de uma
8 (i) simples organização financeira, é necessário contar com um instrumento básico de
3 (n) planejamento e controle financeiro, como o fluxo de caixa. Com o uso do fluxo de cai-
(PMT) xa é possível avaliar e projetar o saldo disponível, podendo assim, predizer eventuais
VPLA= 933,05 gastou ou possíveis aplicações.

Projeto B: Hoji (2014) apresenta em sua literatura que o “regime de caixa é um sistema de regis-
5000 (CHS)(g)(CF0) tro contábil no qual são registrados os pagamentos e recebimentos no momento em
2000 (g)(CFj) que ocorrem”. Assim, o simples ato de registrar todos os recebimentos e pagamento
2000 (g)(CFj) é entendido como realização de um fluxo de caixa, pois a partir de tais informações é
5000 (g)(CFj) possível definir qual a análise financeira que melhor se adequa a realidade dos dados,
8 (i) maximizando as chances de sucesso de qualquer projeto. Não existe uma cartilha
(f)(NVP) ideal de como proceder diante de um fluxo de caixa, pois a sua estrutura está direta-
(f)(FIN)(CHS)(PV) mente relacionada a realidade e necessidade do investidor. Todavia o primeiro passo
8 (i) é sempre lançar as “contas a pagar” e as “contas a receber” para se ter noção da real
3 (n) situação.
(PMT)
VPLA=983,93
Mariano (2015) apresenta em sua literatura que “no
Portanto, o projeto B é mais viável que o projeto A, pois apresenta maior VPLA. fluxo de caixa podemos nos deslocar e analisar o capital
em uma data focal específica e podemos comparar o
dinheiro no tempo”.

34 35
MATEMÁTICA FINANCEIRA MATEMÁTICA FINANCEIRA

Assaf (2016) define fluxo de caixa como “um


instrumento que possibilita o planejamento e o
controle dos recursos financeiros de uma empresa.”

Imagine que você tenha 80 mil reais e queira muito comprar um


carro. Todavia, você escolhe em investir o seu capital em ações de uma
4.2 INVESTIMENTO INICIAL empresa visando vende-las daqui a cinco anos por um preço mais
elevado. É possível que neste período a empresa obtenha sucesso e
você consiga resgatar no tempo estimado a quantia de 160 mil reais.
O capital aplicado visando obter rendimentos é classificado como investimento. Por- Assim você com um investimento inicial, conseguiu dobrar o seu
tanto, o investimento inicial é o capital sobre o qual vão incidir os encargos e juros do capital no período de cinco anos, mas teve que abdicar da satisfação
projeto, ou seja, denominado nesta disciplina como Valor Presente (PV). imediata de adquirir o veículo.

Hoji (2014) salienta que “o conceito de valor presente é importante na mensuração


de valores, pois ajuda a compreender ou visualizar a grandeza do valor”. Assim é pre-
ciso ter em mente que o valor inicial é apenas a primeira necessidade de recurso,
sendo sempre viável se ter bem definido um plano de ação para captar mais recursos.
4.3 CAPITAL DE GIRO

Este investimento, no caso de uma empresa, expressa o montante de capital neces-


O capital de giro pode ser entendido como o investimento necessário para um deter-
sário para a criação e inicio de operação da mesma. Ou seja, o investimento inicial é
minado empreendimento continuar operando normalmente, ou seja, um montante
utilizado para providenciar as instalações física, os equipamentos e iniciar e manter
que supra as despesas operacionais.
as atividades nos primeiros meses de existência da empresa.
É comum as empresas tratarem o capital de giro como capital de trabalho, uma vez
Hoji (2014) salienta que o investimento inicial para a abertura de uma empresa pode
que ele possibilita trabalhar com vantagens para o consumidor, como compras a pra-
ser de natureza física, ou seja, da própria pessoa que irá abrir a empresa, ou mesmo
zo, mantendo o operacional da empresa em dia, ou seja, as despesas operacionais.
de terceiros, neste caso chamados de financiadores.
É possível estimar o capital de giro através da diferença entre o montante de recur-
sos aplicados e o quanto a empresa consegue para financiar o seu capital de giro.
Assim Tosi (2015) afirma que o capital de giro é “o tradicional empréstimo em conta
De modo geral é possível classificar um investimento corrente vinculado a um contrato específico que estabelece o prazo, a taxa de juros,
como “um capital que se aplica no intuito de obter o valor e as garantias necessárias e que visa atender as necessidades de recursos das
rendimentos a prazo”, conforme apresenta Mariano empresas.”
(2015) em sua literatura.

36 37
MATEMÁTICA FINANCEIRA MATEMÁTICA FINANCEIRA

Neste tipo de empréstimo as empresas não necessitam


comprovar a destinação do recurso.

Suponha que para você o dinheiro vale 15% ao mês e que você
precisa comprar um produto que custa R$ 100,00. Para determinar
Um conceito importante no que tange capitais de qual dentre as três opções a seguir apresentadas é melhor do ponto
giro é a concepção do que é vem a ser receita e de vista financeiro para você, basta transportar todas as opções para o
despesas. Nesta disciplina são tratadas como receita mesmo período de tempo, ou seja, para o tempo 0.
todo capital gerado e como despesa todo capital
Opção 1: 10% de desconto para o pagamento a vista;
utilizado que dispenda de recursos.
Opção 2: Duas parcelas iguais, sendo uma no ato da compra e outra
após 30 dias;

Opção 3: Duas parcelas iguais, sendo quitadas 30 e 60 dias após a


4.4 EQUIVALÊNCIA DE CAPITAIS compra.

Assim podemos representar as três opções por:


Dois capitais são considerados equivalentes de possuírem a mesma taxa consideran-
do o mesmo período de tempo, ou seja, se quando transportados para um mesmo 90
Opção 1 ⇒ 0 1 2
período de tempo os dois capitais resultarem em montantes equivalentes.

50 50
Opção 2 ⇒ 0 1 2

50 50
Opção 3 ⇒ 0 1 2

Transportando as três opções para o tempo 0 para que possamos


Se a taxa de juros equivale a 10% ao mês, é possível afirmar que comparar o montante que cada uma representa no mesmo período
uma pessoa que tenha R$ 100,00 em mãos hoje terá R$ 110,00 reais de tempo, temos que:
daqui a um mês. Assim, se compararmos os montantes 100 e 110
erroneamente acreditaríamos que 110 é maior do que 100. Todavia, Opção 1: R$ 90,00
transportando os dois montantes para o mesmo período de tempo,
temos que 110 daqui a um mês equivale a mesma quantia de 100 50
hoje. Portanto, os capitais R$ 100,00 hoje e R$ 110,00 daqui a um mês Opção 2: R$ 50,00 + = 50 + 43,48 = R$ 93,48
1,15
são equivalentes.
50 50
Para compararmos montantes ao longo do tempo é necessário que Opção 3: = + = R$ 81,29
eles sejam sempre transportados para o mesmo período, não nos 1,15 1,152
permitindo fazer falsas inferências sobre qual montante representa
maior valor agregado. Portanto, a opção 3 é a mais vantajosa do ponto de vista financeiro
pois você terá que dispor de menor capital no ato da compra.

38 39
MATEMÁTICA FINANCEIRA MATEMÁTICA FINANCEIRA

Para resolver este exemplo com o auxilio da


calculadora HP 12C basta inserir:

1 (enter) 0,05 ( + )

360 (enter) 30 ( ÷ ) (YX)


Não necessariamente você precisa transportar para o tempo 0. 1 ( - ) 100 ( x )
Garantindo que os valores sejam comparados no mesmo período
de tempo, você pode realocar os valores no tempo que achar mais
conveniente.

Mariano (2015) apresenta como propriedades da equivalência de Dalzot (2015) defini que “fluxos equivalentes a uma
capitais que “no caso do pagamento de uma dívida, esta pode ser determinada taxa de juros necessariamente deixam
paga em qualquer data, bata fazermos um passeio no fluxo de caixa.” de ser equivalentes em outras taxas.”
Assim matematicamente é possível representar a equivalência entre as
taxas a partir da equação:

 prazo em dias da taxa desejada ( QUERO )



= (1 + i ) prazo em dias da taxa fornecida (TENHO ) −1 x100
ieq
 
sendo:

i� ⇒ a taxa
ieq� ⇒ a taxa equivalente

Para determinar a taxa anual equivalente a uma taxa de 5% ao mês


basta aplicar a equação de taxa equivalente, sendo i=0,05, e o prazo
em dias das taxas desejadas e fornecida equivalentes a 360 e 30,
respectivamente.

 360

= (1 + 0 05 ) 30 −1 x100
ieq
 

ieq = (1 05 ) −1 x100


12
 
ieq = 79,58% ao ano.

40 41
MATEMÁTICA FINANCEIRA MATEMÁTICA FINANCEIRA

FIGURA 2 - TRIBUTAÇÃO
5 EFEITOS DA DEPRECIAÇÃO
SOBRE RENDAS TRIBUTÁVEIS
Olá! Nesta unidade iremos trabalhar com o que são rendas tributáveis e quais os efei-
tos da depreciação delas no nosso cotidiano. O quanto elas interferem na receita no
âmbito familiar e empresarial, além de discutir o que vem a ser estes tributos e quais
os órgãos que os regulamentam.

5.1 RENDAS TRIBUTÁVEIS

Antes de conversarmos sobre os tipos de rendas tributáveis é preciso entender o que


são elas e como funcionam. Assim, existem rendimentos tributáveis de pessoa física
ou para pessoa jurídica, de acordo com o rendimento médio. Hoji (2014) salienta que
“o Imposto de Renda e Contribuição Social indica os tributos a pagar, calculados so-
bre o lucro tributável.” Portanto, é possível inferir que os rendimentos tributáveis de Fonte: SHUTTERSTOCK, 2018.

pessoas físicas ou jurídicas são taxas referentes ao montante movimentado.

Tosi (2015) apresenta em sua literatura que os tributos podem ser cobrados pelos 5.1.1 RENDA TRIBUTÁVEIS PESSOA FÍSICA
bancos nas mais diversas operações bancárias realizadas. Assim, os bancos utilizam
os recursos em trânsito de seu caixa como fonte de operação tributária. Todavia, essa
No que tange a contribuição para fins de imposto de renda de pessoas físicas, são
tributação pode ser encontrada nas mais diversas operações.
considerados rendimentos tributáveis os rendimentos provenientes do trabalho as-
salariado, além de quaisquer rendimentos obtidos através da execução de uma ativi-
dade formal ou informal que gere recursos, como bolsas de estudos.
Como os tributos estão presentes em todas as operações, é pos-
sível inferir que “do ponto de vista de um projeto de investimen-
tos, o que importa realmente é o que se ganha após os impos- Alguns exemplos de rendimentos tributáveis, mesmo como
pessoa física, são aluguéis, resgates de previdência privada,
tos”, conforme salienta Hoji (2014) em seus estudos.
aposentadorias, salários, prestação de serviços, ações judiciais,
pensões etc.
As rendas tributáveis, tanto para pessoa física quanto para pessoa jurídica, são comu-
mente observadas a partir do Imposto de Renda pago pela maioria dos brasileiros.
Assim, é de suma importância que todo cidadão declare seus rendimentos, mesmo
Esse imposto é obrigatório e equivalente a um percentual sobre os lucros obtidos e
que estes não tenham sido tributáveis, ou seja, mesmo que não tenha ocorrido reten-
demonstrados no decorrer de um ano.
ção de imposto, visando manter-se em dia com suas obrigações tributárias.

42 43
MATEMÁTICA FINANCEIRA MATEMÁTICA FINANCEIRA

FIGURA 3 - IMPOSTO DE RENDA


5.1.2 RENDA TRIBUTÁVEIS PESSOA JURÍDICA

No que tange a tributação para as pessoas Jurídicas, Hoji (2014) respalda que o Im-
posto de Renda é a diferença entre a Receita anual e a Despesa anual. Sendo que
quanto maior a despesa, menor será o lucro, o que implica em menor tarifação do
Imposto de Renda. Assim, uma “empresa precisa ser lucrativa para poder destinar
parte do lucro para função social, como pagamento de tributos”. Pois, as doações
para instituições de caridade abatem no valor devido ao Imposto de Renda.

Para recolhimento desta tributação é aplicada uma alíquota sobre o lucro, que pode
ser real, presumido ou arbitrado, de acordo com o porte da empresa e do tipo de
atividade que esta desenvolve. Portanto, toda empresa esta sujeita ao pagamento do
Imposto de Renda.

FIGURA 4 - TRIBUTAÇÃO PESSOA FÍSICA

Fonte: SHUTTERSTOCK, 2018.

Um fator importante em relação a esta tributação é que ela gera vantagens ao cida-
dão que está em dia com suas obrigações. Assim, ao declarar corretamente os seus
rendimentos o cidadão tem direito à:

• Férias;

• Gratificações, prêmios e cotas;

• Comissões e corretagens;

• Prêmio de seguro individual de vida;

• Despesas pagas para aquisição de alimentos;

Além de várias outras vantagens listadas no site oficial da Receita Federal, que é o
órgão responsável pelo recolhimento, vistoria e controle deste tipo de tributação.
Fonte: SHUTTERSTOCK, 2018.

Um outro ponto de grande importância em relação à tributação sobre Renda para pes-
Como o imposto tributado é mensurado pela diferença entre a receita das vendas, ou
soas físicas é que é possível incluir um dependente. Assim, é possível deduzir sobre o mon-
serviços prestados por uma empresa e o seu custo de produção ou serviços vendidos,
tante tributado os custos com educação e saúde da pessoa física e de seus dependentes.
é preciso entender quais são os custos reconhecidos pelo imposto de renda como

44 45
MATEMÁTICA FINANCEIRA MATEMÁTICA FINANCEIRA

custos de produção. Portanto, a matéria prima utilizada na produção, as quebras e


perdas, a depreciação do produto, o pessoal da produção e os reparos dos bens utili- A vida útil de um equipamento é de 5 anos, sendo o seu valor

zados são considerados como custo da produção e portando dedutíveis no imposto de compra à vista equivalente a $ 15.000,00, com valor resi-

de renda. dual de $ 3.000,00. Uma determinada empresa almeja adqui-


rir este equipamento visando ter um ganho líquido anual
equivalente a $ 5.000,00 nos próximos cincos anos. Ciente de que o equi-
5.1.3 DEPRECIAÇÃO pamento será depreciado linearmente no prazo de cinco anos e que a
alíquota do Imposto de Renda dessa empresa é equivalente a 35% sobre
a renda tributável. Para determinar as taxas internas de retorno desse in-
Puccini (2017) apresenta em sua literatura que “na análise de viabilidade econômica
vestimento, temos que, a priori é preciso construir o fluxo de caixa como
de um investimento, devemos inicialmente assumir que sua realização será́ alcan-
na tabela a seguir:
çada exclusivamente com recursos próprios do investidor.” Além de apresentar a de-
preciação “como uma despesa dedutível para efeito de Imposto de Renda, apesar de
QUADRO 4 - FLUXO DE CAIXA
não representar uma saída efetiva de caixa”.
FLUXO FLUXO
FLUXO DE
DE CAIXA DEPRE- DE CAIXA
Portanto, a depreciação pode ser entendida como a despesa equivalente à diminui- RENDA TRI- CAIXA DO
ANO ANTES DO CIAÇÃO APÓS O IM-
BUTÁVEL IMPOSTO
ção do valor de um bem resultante do desgaste pelo uso, ação da natureza ou obso- IMPOSTO LINEAR POSTO DE
DE RENDA
DE RENDA RENDA
lescência do item.
0 - 15.000,00 - 15.000,00
FIGURA 5 - DEPRECIAÇÃO 1 5.000,00 -2.400,00 2.600,00 - 910,00 4.090,00
2 5.000,00 -2.400,00 2.600,00 - 910,00 4.090,00
3 5.000,00 -2.400,00 2.600,00 - 910,00 4.090,00
4 5.000,00 -2.400,00 2.600,00 - 910,00 4.090,00
5 5.000,00 -2.400,00 2.600,00 - 910,00 4.090,00
Valor Resi-
3.000,00 3.000,00
dual
Soma 13.000,00 - 12.000,00 13.000,00 -4.500,00 8.450,00
TIR 23,25% 15,52%

Fonte: Puccini (2017).

É importante frisar que Puccini (2017) salienta em seu estudo que a “obtenção do
fluxo de caixa é consequência da renda tributável do investimento”, sendo esta de-
pendente das regras aprovadas pelo governo vigente. Portanto, a depreciação apre-
sentada foi obtida a partir do cálculo:
valor inicial valor residual
Depreciação anual =
prazo em anos )
15000 - 3000
Depreciação anual =
5
Fonte: SHUTTERSTOCK, 2018.
Depreciação anual = 2.4000, 00

46 47
MATEMÁTICA FINANCEIRA MATEMÁTICA FINANCEIRA

Assim, mesmo a depreciação não indicando uma saída efetiva do fluxo de caixa, ela FIGURA 6 - CONTROLE FINANCEIRO
apresenta uma influencia direta no fluxo de caixa do Imposto de Renda, uma vez que
reduz a renda tributável anual através da relação:

Renda tributável anual = 5000 − Depreciação anual


Renda tributável anual = 5000 − 2400
Renda tributável anual = 2.600, 00

Portanto, é possível inferir que o Imposto de Renda reduziu a taxa interna do inves-
timento de 23,25% ao ano, para 15,52% ao ano e que o investimento foi totalmente
realizado com capital próprio.

Hoji (2014) salienta ainda que a depreciação pode ser classificada como real ou teóri-
ca. Sendo a real aquela mensurada a partir da diferença entre o preço de um produto
Fonte: SHUTTERSTOCK, 2018.
novo e o seu valor de revenda e a depreciação teórica aquela mensurada a partir do
tempo de uso e os critérios de desvalorização. Lembrando que em ambas o tempo é
Puccini (2017) ressalta ainda que existem bens que não podem
um fator de suma importância para essa mensuração.
ser depreciados, assim como terrenos e os bens que aumentam
de valor com o passar do tempo ou mesmo que não estejam
É possível então inferir que a depreciação nada mais é do que uma redução no valor
ligados à produção ou comercialização de bens e serviços.
financeiro de um bem ou serviço no decorrer do tempo. Assim, é possível entender
que o papel da matemática financeira, no que tange a depreciação de um bem ou
serviço, é zelar para que o registro seja realizado adequadamente, visando analisar a
viabilidade da empresa, ou mesmo da pessoa física, reduzir o lucro tributável, alme-
jando assim maximizar o lucro líquido.

Tosi (2015) salienta ainda que para estimar a depreciação de um produto é preciso
avaliar o tempo de utilização deste previsto por lei, sendo possível acelerar a sua de-
preciação ao se provar sua utilização superior a este período. Lembrando ainda que a
“depreciação é uma despesa não desembolsável, uma vez que ela é apurada a partir
da entrada de um ativo permanente”. Assim, é de suma importância que o adminis-
trador acompanhe periodicamente as entradas e saídas de uma empresa para poder
utilizar corretamente a aceleração da depreciação.

48 49
MATEMÁTICA FINANCEIRA MATEMÁTICA FINANCEIRA

FIGURA 7 - AMORTIZAÇÃO
6 SISTEMAS DE
AMORTIZAÇÃO
Olá! Vamos juntos aprender um pouco mais sobre os principais sistemas de amorti-
zação utilizados no mercado brasileiro e como eles afetam as nossas vidas. Você já
parou para pensar como existem diferentes formas de se quitar um empréstimos
adquirido? Essas diferentes formas é o que chamamos de sistema de amortização,
sendo todas elas diretamente relacionadas ao saldo devedor e sobre os juros incidi-
dos sobre o montante. Vamos então mergulhar juntos na magia dos números e na
sua relação com o nosso cotidiano.

6.1 SISTEMA DE AMORTIZAÇÃO

A amortização pode ser entendida como o ato de quitar totalmente uma dívida con-
Fonte: SHUTTERSTOCK, 2018.
traída, efetuando o pagamento total incluindo a devolução do valor contratado além
dos juros embutidos no prazo estipulado. Gustavo (2001) saliente que a amortização
De acordo com Gustavo (2001) em relação ao sistema de amortização “a regra uni-
é “a efetiva redução do principal, ou seja, a diminuição real da dívida contraída”. Sen-
versal adotada pela Matemática Financeira e utilizada nas planilhas eletrônicas e cal-
do entendido como principal o montante resultante do capital adquirido acrescido
culadoras financeiras é que os pagamentos periódicos devem, em primeiro lugar, ser
dos juros embutido na transação. Dal Zot (2015) esclarece em sua literatura que
usados na liquidação dos juros do período correspondente, e os saldos, se houver,
“sistemas de amortização são diferentes formas de se pagar um empréstimo”. Assim,
devem ser aplicados na amortização do principal do financiamento”. Sendo, os prin-
podemos entender que o ato de amortizar nada mais é do que o ato de efetuar o
cipais sistemas de amortização utilizados hoje em território Nacional o (1) sistema
pagamento de uma dívida.
de amortização bullet ou do montante; (2) sistema Price ou Francês; (3) sistema de
amortização constante (SAC) e (4) sistema de amortização misto (SAM). Todavia, in-
Já Puccini (2017) relaciona o sistema de amortização ao fluxo de caixa, apresentando
dependentemente do tipo de sistema de amortização adotado é senso comum que
em sua literatura que “o fluxo de caixa das amortizações é a forma como o principal é
o valor da prestação equivale a amortização acrescida dos juros, ou seja:
devolvido ao financiador ao longo do tempo”. Assim, existem diferentes tipos de siste-
ma de amortização, todos eles relacionados a forma de quitação e ao tempo de amor-
Prestação = Amortização + Juros
tização do principal. Portanto, em um sistema de amortização de financiamento é es-
sencial a definição da forma como a qual o principal do financiamento será quitado.

50 51
MATEMÁTICA FINANCEIRA MATEMÁTICA FINANCEIRA

FIGURA 8 - AMORTIZAÇÃO NO BANCO


6.1.1 SISTEMA DE AMORTIZAÇÃO BULLET OU DO
MONTANTE

O sistema de amortização bullet ou do montante ocorre quando o principal é liqui-


dado ao final do contrato por meio de um único pagamento. Esse pagamento único
corresponde ao montante resultante do valor da amortização do principal acrescido
dos juros decorrente da operação, não existindo, portanto, nenhum outro pagamen-
to intermediário. Dal Zot (2015) nomeia este tipo de amortização, em sua literatura,
como sistema de amortização americano. Neste tipo de amortização o saldo devedor
(amortização acrescida dos juros) pode ser estimado em qualquer período de tempo
(n), através da mesma fórmula utilizada para estimar o valor futuro (FV), ou seja:

FV=PV.(1 +i)t

sendo,

Fonte: SHUTTERSTOCK, 2018.


PV � o capital, ou seja, o valor sobre o qual os juros irão incidir. Valor Presente – em
inglês Present Value;
Portanto, o demonstrativo da evolução de uma dívida, contraída no sistema de amor-
i � a taxa de juros aplicada; tização bullet, explicitando o juros, o valor da amortização e do saldo devedor em
qualquer momento pode ser descrito pela tabela a seguir, sendo SDi o saldo devedor
t � o tempo de amortização, ou seja, está sempre fazendo referência a uma unidade
no i-ésimo tempo.
temporal, como dia, mês, ano, etc;

FV � o montante final, ou seja, a adição entre o capital aplicado e o juros incidido QUADRO 5 - DEMONSTRATIVO DO SISTEMA DE AMORTIZAÇÃO BULLET

sobre o mesmo.
AMORTIZA- SALDO
Nº PAGAMENTO JUROS
ÇÃO DEVEDOR
0 - - - SD0 = PV
1 - - - SD1 = PV(1+i)1
2 - - - SD2 = PV(1+i)2

Puccini (2017) esclarece em sua literatura que esse sistema é ... ... ... ... ...
n Pn = PJ + J Jn = PV[(1 + i) - 1]
n
An = PV SDn = SDn-1-An
amplamente utilizado em empréstimos de bancos no mercado
brasileiro. Fonte: A autora

52 53
MATEMÁTICA FINANCEIRA MATEMÁTICA FINANCEIRA

Para determinar o montante na calculadora HP-12C basta:

entrar com PV (CHS)(PV)


i (i)
t (n)
Ao se contrair um empréstimo de $10.000 contratado a juros (g) (END)
de 12,5% ao ano, em uma instituição financeira para ser quita-
e clicar em (FV)
do em uma parcela única ao final de cinco anos, o montante
a ser liquidado será equivalente a: ou seja, no exemplo anterior:

Portanto, temos que: 10000 (CHS)(PV)


12,5 (i)
PV = 10.000,00
5 (n)
t = 5 anos
g) (END)
i = 0,125 (ao ano)
e clicar em (FV)
FV = ?

Assim, FV = 18020,32.
Assim, utilizando a equação:

FV = PV.(1 +i)t
Caso você ache viável é possível construir um demonstrativo de

Temos que: financiamento, conforme descrito na tabela 1, apresentando o


saldo devedor ao final de cada período. Assim,
FV = 10000.(1 + 0,125) 5

QUADRO 6 - DEMONSTRATIVO DO FINANCIAMENTO


FV = 18.020,32
PAGAMEN- AMORTIZA- SALDO DE-
Nº JUROS
TO ÇÃO VEDOR
Portanto, o montante a ser liquidado após 5 anos ao se contrair um em-
0 - - - 10.000,00
préstimo de $10.000 contratado a juros de 12,5% ao ano, em uma institui-
1 0,00 0,00 0,00 11.250,00
ção financeira para ser quitado em uma parcela única será equivalente a
2 0,00 0,00 0,00 12.656,25
$18.020,32.
3 0,00 0,00 0,00 14.238,28
4 0,00 0,00 0,00 16.018,07
5 18.020,32 8.020,32 10.000,00 -
Total 18.020,32 8.020,32 10.000,00

Fonte: A autora

54 55
MATEMÁTICA FINANCEIRA MATEMÁTICA FINANCEIRA

QUADRO 7 - DEMONSTRATIVO DO SISTEMA DE AMORTIZAÇÃO PRICE


6.1.2 SISTEMA PRICE OU FRANCÊS
AMORTIZA- SALDO DEVE-
Nº PAGAMENTO JUROS
ÇÃO DOR
O sistema Price ou Francês, recebe este nome “em homenagem ao pensador e mate- 0 - - - SD0 = PV
mático inglês Richard Price”, conforme relata Gustavo (2001) em sua literatura. Neste 1 PMT J1 = PV * i A1 = PMT - J1 SD1 = SD0 - A1

sistema, o empréstimo é amortizado em prestações iguais e imediatas, cada uma 2 PMT J2 = SD1 * i A2 = PMT - J2 SD2 = SD1 - A2

das quais contém uma parte destinada à amortização do saldo devedor e outra para ... ... ... ... ...

pagamento dos juros. Por esse sistema, os juros decrescem exponencialmente ao n PMT Jn = SDn-1 * i An = PMT - Jn SDn = SDn-1-An

longo do tempo, à mesma taxa da dívida, uma vez que são calculados sobre o saldo Fonte: A autora
devedor, que é cada vez menor. Com isso, as amortizações são cada vez maiores para
que, somadas aos juros, totalizem prestações iguais. Dal Zot (2015) salienta em sua
Ao se contrair um empréstimo de $10.000 contratado a juros
literatura que “no sistema Price, os pagamentos são iguais; o valor de cada pagamen-
de 12,5% ao ano, em uma instituição financeira para ser quita-
to é obtido pelo cálculo de uma anuidade antecipada; logo, ao montar-se o plano
do em cinco parcelas iguais e imediatas (sistema Price), o valor
financeiro, a coluna dos pagamentos deve ser a primeira a ser preenchida.”
a ser liquidado em cada parcela será equivalente a:
A quantidade de prestações neste tipo de amortização pode variar em função do con-
Portanto, temos que:
trato e são estimadas pelo quociente entre o valor presente o montante das taxas, assim:

PV PV = 10.000,00
PMT =
 (1 + i ) − 1 
t
t = 5 anos
 t  i = 0,125 (ao ano)
 (
i. 1 + i )  PMT = ?
sendo,
Assim, utilizando a equação:
PMT � o valor correspondente a parcela no t-ésimo período de tempo; PV
PMT 
 (1  i )t  1 
 i.(1  i )t 
 
Puccini (2017) esclarece em sua literatura que esse sistema é
Temos que:
amplamente utilizado em financiamentos de bens de con-
10000
sumo do mercado brasileiro como automóveis, eletrodomés- PMT 
 (1  0,125)5  1 
ticos, podendo ser também utilizado no pagamento de fi-  0,125.(1  0,125)5 
 
nanciamento imobiliário. PMT 
10000
3, 560568
PMT  2.808, 54
Portanto, o demonstrativo da evolução de uma dívida, contraída no sistema de amor-
Portanto, cada prestação ao se contrair um empréstimo de $10.000 con-
tização Price, explicitando o juros, o valor da amortização e do saldo devedor em
tratado a juros de 12,5% ao ano, em uma instituição financeira para ser
qualquer momento pode ser descrito pela tabela a seguir, sendo SDi o saldo devedor
quitado em cinco parcelas será equivalente a $2.808,54.
no i-ésimo tempo.

56 57
MATEMÁTICA FINANCEIRA MATEMÁTICA FINANCEIRA

Uma vez calculada a prestação, a HP-12c dispõe de funções


especiais que fornecem todos os valores do sistema Price,
Para determinar o valor referente a cada prestação na calcula- conforme apresentado na tabela a seguir.
dora HP-12C basta:
QUADRO 8 - CÁLCULO DO SISTEMA PRICE NA HP-12C

entrar com PV (CHS)(PV) TECLA(S) HP-12C VALOR VARIAVEL CALCULADA


i (i) f AMORT 1.250,00 Juros do 1º ano

t (n) X> <Y 1.558,54 Amortização do 1º ano


RCL PV -8.441,46 Saldo devedor do 1º ano
(g) (END)
f AMORT 1.055,18 Juros do 2º ano
e clicar em (PMT)
X> <Y 1.753,36 Amortização do 2º ano
RCL PV -6.688,10 Saldo devedor do 2º ano
ou seja, no exemplo anterior:
f AMORT 836,01 Juros do 3º ano
X> <Y 1.972,53 Amortiazação do 3º ano
10000 (CHS)(PV)
RCL PV -4.715,57 Saldo devedor do 3º ano
12,5 (i)
f AMORT 589,45 Juros do 4º ano
5 (n) X> <Y 2.219,09 Amortização do 4º ano
g) (END) RCL PV -2.496,48 Saldo devedor do 4º ano
e clicar em (PMT) f AMORT 312,06 Juros do 5º ano
X> <Y 2.496,48 Amortização do 5º ano
Assim, PMT = 2.808,54. RCL PV - Saldo devedor do 5º ano

Fonte: A autora

58 59
MATEMÁTICA FINANCEIRA MATEMÁTICA FINANCEIRA

Os demais valores desse sistema (valor da prestação -Pt; o valor dos juros pagos em
Caso você ache viável é possível construir um demonstrativo de determinada prestação -Jt e o saldo devedor açor o pagamento de determinada

financiamento, conforme descrito na tabela 3, apresentando o prestação -SDt) podem ser obtidos por meio das formulas abaixo:

saldo devedor ao final de cada período. Assim,


Pt  A 1  i (n  t  1) 
QUADRO 9 - DEMONSTRATIVO DO FINANCIAMENTO PELO SISTEMA PRICE
 t

PAGAMEN-
JUROS
AMORTIZA- SALDO DE- SDt  PV 1  
TO ÇÃO VEDOR  n
0 - - - 10.000,00
 (t  1) 
J t  PV * i 1
 n 
1 2.808,54 1.250,00 1.558,54 8.441,46
2 2.808,54 1.055,18 1.753,36 6.688,10
3 2.808,54 836,01 1.972,53 4.715,57
4 2.808,54 589,45 2.219,09 2.496,48
5 2.808,54 312,06 2.496,48 -
Total 14.042,70 4.042,70 10.000,00
Puccini (2017) esclarece em sua literatura que esse sistema é

Fonte: A autora amplamente utilizado por bancos comerciais em financia-


mentos imobiliários e, de maneira menos frequente, no pa-
gamento de empréstimos concedidos a empresas privadas
por meio de entidades governamentais.
6.1.3 SISTEMA DE AMORTIZAÇÃO CONSTANTE (SAC)
Portanto, o demonstrativo da evolução da dívida, mostrando o valor da

O sistema de amortização constante (SAC) é aquele cujo valor decresce ao longo do parcela, o valor dos juros, o valor da amortização e do saldo devedor ao
tempo, sendo cada parcela equivalente a amortização do saldo devedor acrescida final de cada período desse sistema é apresentado na tabela 6.
do pagamento de juros, com amortização fixa ao longo do tempo. Puccini (2017) sa-
QUADRO 10 - DEMONSTRATIVO DO SISTEMA DE AMORTIZAÇÃO CONSTANTE (SAC)
lienta em sua literatura que o sistema de amortização constante é “conhecido como
método hamburguês”, no qual “o financiamento é liquidado mediante o pagamento PAGAMEN- AMORTIZA- SALDO DE-
Nº JUROS
TO ÇÃO VEDOR
de prestações linearmente decrescentes”. Assim, a amortização é dada pelo quocien-
0 - - - SD0 = PV
te entre o valor presente o número de parcelas estipuladas, ou seja:
1 P1 = A + J1 J1 = PV * i A SD1 = SD0 - A
PV
A= 2 P2 = A + 2 J2 = SD1 * i A SD2 = SD1 - A

t ... ... ... ... ...

sendo, n Pn = A + n Jn = SDn-1 * i A SDn = SDn-1 - A

PV � o capital, ou seja, o valor sobre o qual os juros irão incidir. Valor Presente – em Fonte: A autora

inglês Present Value;

t � o número de parcelas;

60 61
MATEMÁTICA FINANCEIRA MATEMÁTICA FINANCEIRA

6.1.4 SISTEMA DE AMORTIZAÇÃO MISTO (SAM)


Ao se contrair um empréstimo de $10.000 contratado a juros
de 12,5% ao ano, em uma instituição financeira para ser quita- O sistema de amortização misto (SAM) foi criado e utilizado no passado pelo extinto
do em cinco parcelas pelo sistema de amortização constante, Banco Nacional da Habitação (BNH) visando encontrar um equilíbrio entre os siste-
o montante a ser liquidado será equivalente a: mas Price e SAC, daí o nome de sistema de amortização misto, conforme esclarece
Puccini (2017) em sua literatura. Neste sistema, a dívida é quitada em prestações de
Portanto, temos que: modo que cada uma delas é a média aritmética entre os valores encontrados para
as prestações dos sistemas Price e SAC, assim como ocorre com os juros, amortiza-
PV = 10.000,00 ções e o saldo devedor. Dessa forma, as prestações decrescem de acordo com uma
progressão aritmética equivalente à metade das prestações do SAC, sendo as iniciais
t = 5 anos
superiores às do Price, mas menores após a metade do prazo contratado.
i = 0,125 (ao ano)
PMT = ? Chamando de PMT as prestações do sistema Price e de P1, P2, … Pn as prestações do
SAC, para calcular as prestações P’1, P’2, … P’t do SAM, basta:
Assim, utilizando a equação:
PMT  P1 PMT  P2 PMT  Pt
A = PV/t P '1   P '2   P 't 
2 2 2
A = 10000/5
A = 2000

Puccini (2017) esclarece em sua literatura que esse sistema é


Portanto, $2.000,00 é o valor da amortização anual.
amplamente utilizado por bancos comerciais em financiamen-
tos imobiliários.
Caso você ache viável é possível construir um demonstrativo de
Portanto, o demonstrativo da evolução da dívida, mostrando o valor da par-
financiamento, conforme descrito na tabela 6, apresentando o
cela, o valor dos juros, o valor da amortização e do saldo devedor ao final de
saldo devedor ao final de cada período. Assim,
cada período desse sistema é apresentado na tabela 6.
QUADRO 11 - DEMONSTRATIVO DO FINANCIAMENTO PELO SISTEMA DE AMORTIZAÇÃO CONSTANTE
QUADRO 12 - DEMONSTRATIVO DO SISTEMA DE AMORTIZAÇÃO MISTO (SAM)
PAGAMEN- AMORTIZA- SALDO DE-
Nº JUROS PAGAMEN- AMORTIZA- SALDO DE-
TO ÇÃO VEDOR Nº JUROS
TO ÇÃO VEDOR
0 - - - 10.000,00
0 - - - SD0 = PV
1 3.250,00 1.250,00 2.000,00 8.000,00
PMT  P1
1 P '1  J1 = PV * i A1 = P1 - J1 SD1 = SD0 - A
2 3.000,00 1.000,00 2.000,00 6.000,00 2
PMT  P2
3 2.750,00 750,00 2.000,00 4.000,00 2 P '2  J2 = SD1 * i A2 = P2 - J2 SD2 = SD1 - A
2
4 2.500,00 500,00 2.000,00 2.000,00 ... ... ... ... ...
PMT  Pn
5 2.250,00 250,00 2.000,00 - n P 'n  Jn = SDn-1 * i An = Pn - Jn SDn = SDn-1 - A
2
Total 13.750,00 3.750,00 10.000,00

Fonte: A autora
Fonte: A autora

62 63
MATEMÁTICA FINANCEIRA MATEMÁTICA FINANCEIRA

Caso você ache viável é possível construir um demonstrativo de


financiamento, conforme descrito na tabela 8, apresentando o
saldo devedor ao final de cada período. Assim,

QUADRO 13 - DEMONSTRATIVO DO FINANCIAMENTO PELO SISTEMA DE AMORTIZAÇÃO MISTO

Ao se contrair um empréstimo de $10.000 contratado a juros PAGAMEN- AMORTIZA- SALDO DE-


Nº JUROS
de 12,5% ao ano, em uma instituição financeira para ser quita- TO ÇÃO VEDOR

do em cinco parcelas pelo sistema de amortização misto, o 0 - - - 10.000,00

montante referente a cada parcela será equivalente a: 1 3.029,27 1.250,00 1.779,27 8.220,73
2 2.904,27 1.027,59 1.876,68 6.344,05

Portanto, temos que: 3 2.779,27 793,01 1.986,26 4.357,79


4 2.654,27 544,72 2.109,55 2.248,24
PV = 10.000,00 5 2.529,27 281,03 2.248,24 -
t = 5 anos Total 13.896,35 3.896,35 10.000,00
i = 0,125 (ao ano)
Fonte: A autora
PMT = 2.808,54 (Price)
P = 3.250,00 (“SAC”)
A=?

Assim, utilizando a equação:

PMT  P1
A
2
2808, 54  3250, 00
A
2
A  3209, 27

Portanto, cada prestação ao se contrair um empréstimo de $10.000 con-


tratado a juros de 12,5% ao ano, em uma instituição financeira, sobre o
sistema de financiamento misto, para ser quitado em cinco parcelas, terá
cada parcela equivalente a $3.209,27.

64 65
MATEMÁTICA FINANCEIRA

7 REFERÊNCIAS
DAL ZOT, Wili Dal; CASTRO, Manuela Longoni de. Matemática Financeira: Funda-
mentos e Aplicações. Porto Alegre: Bookman, 2015.

HOJI, Masakazu. ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA NA PRÁTICA: Guia para Educação


Financeira Corporativa e Gestão Financeira Pessoal. 4º edição. São Paulo: Atlas, 2014.

MARIANO, FABRICIO, Série Provas & Concursos - Matemática Financeira para Con-
curso: 4ª edição. Grupo GEN,2015.

PUCCINI, Abelardo de Lima. Matemática financeira: objetiva e aplicada: Editora Sa-


raiva, 2017

Tosi, Armando José - Matemática Financeira com Ênfase em Produtos Bancários, 4ª


edição – Editora Gen – São Paulo 2015.

MULTIVIX.EDU.BR
67

Você também pode gostar