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MANEJO DE REJEITOS E

ESTÉREIS DE MINERAÇÃO
UNIDADE IV
GESTÃO DE RESÍDUOS
Elaboração
Cristiane Oliveira de Carvalho

Produção
Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração
SUMÁRIO

UNIDADE IV
GESTÃO DE RESÍDUOS......................................................................................................................................................................... 5

CAPÍTULO 1
PROBLEMÁTICA DA DISPOSIÇÃO DE RESÍDUOS ............................................................................................................. 6

CAPÍTULO 2
ACIDENTES COM BARRAGENS E PILHAS.............................................................................................................................. 9

CAPÍTULO 3
MONITORAMENTO E FISCALIZAÇÃO DE BARRAGENS................................................................................................ 13

REFERÊNCIAS ...............................................................................................................................................18
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GESTÃO DE RESÍDUOS UNIDADE IV

A quarta e última unidade trata sobre danos provocados pela incorreta disposição dos
resíduos. O capítulo faz um apanhado geral sobre como esses resíduos impactam com
uma disposição incorreta e o que é preciso fazer no momento em que essas estruturas
são fechadas.

O capítulo 2 explica alguns dos acidentes com barragens e cita alguns outros que
aconteceram no mundo. Cita, também, os acidentes com pilhas e as principais causas
relacionadas a esses acidentes.

O capítulo derradeiro deste Caderno de Estudos explica o monitoramento e segurança


das barragens, abordando a Política Nacional de Barragens e o Plano de Segurança de
Barragens de Mineração e outros dispositivos que auxiliam nesse processo.

Objetivos da Unidade
» Entender os possíveis danos provocados pela disposição inadequada de resíduos.
» Relembrar alguns danos causados por rompimentos de barragens e rupturas de
pilhas.
» Conhecer alguns dos dispositivos que auxiliam no monitoramento e na fiscalização
das barragens.

Nem todas as barragens de mineração estão cadastradas na Política Nacional de


Segurança de Barragens (PNSB). Segundo a ANM, 425 barragens da mineração até
fevereiro de 2019 presentes no Cadastro Nacional de Barragens da Mineração estão
inseridas no PNSB. E essas barragens estão localizadas nos estados apresentados
no mapa do Brasil a seguir.

Fonte: http://www.anm.gov.br/assuntos/barragens/pasta-cadastro-nacional-de-barragens-de-mineracao/cadastro-nacional-de-
barragens-de-mineracao.

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CAPÍTULO 1
PROBLEMÁTICA DA DISPOSIÇÃO DE RESÍDUOS

Nos empreendimentos mineiros são produzidas grandes quantidades de volumes e


massas provenientes da extração e beneficiamento e que necessitam ser dispostos.
Além do risco de colapso dessas estruturas, o despejo desses resíduos sem qualquer
planejamento e monitoramento pode comprometer a estabilidade geotécnica e ainda
pode liberar elementos químicos nocivos ao meio ambiente.

Conforme Pulino (2010), é possível fazer o gerenciamento de estruturas de disposição de


resíduos através da avaliação do ciclo de vida (AVC) que leva em consideração aspectos
ambientais e impactos potenciais. Para as estruturas de disposição de resíduos, esse
ciclo de vida corresponde basicamente aos estágios:

» projeto;

» implantação;

» operação;

» fechamento.

No momento do fechamento ocorre o encerramento das atividades produtivas e o


descomissionamento. Depois do fechamento, ainda é preciso que existam uma manutenção
e um monitoramento da estrutura e do meio adjacente. De modo geral, o fechamento das
estruturas de disposição visa: à estabilidade física estrutural e à estabilidade química,
assim como o usufruto posterior.

Se essas estruturas de resíduos não possuírem um plano de monitoramento, podem


ficar à mercê de intempéries do clima e do tempo, podendo gerar passivos ambientais
ou mesmo risco de tragédias em que vidas são ceifadas e cidades encobertas pela lama.

Todos esses cuidados são importantes para o sucesso da disposição desses resíduos. As
atividades de mineração precisam ser planejadas desde a pesquisa até os pós-fechamento,
usando recursos e ferramentas e implementando medidas que ajudem nesse processo.

Segundo o Ibram (2016), os impactos ambientais mais relevantes da atividade mineira são
aqueles vinculados às barragens de rejeitos e depósitos estéreis nas atividades minerais.

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GESTÃO DE RESÍDUOS | UNIDADE IV

Figura 21. Ruptura de pilha estéril e rompimento de uma barragem de rejeitos.

Fonte: https://ufmg.br/comunicacao/noticias/direito-debate-desafios-pos-rompimento-de-barragens; e Galvão Sobrinho


(2014).

Aragão (2008) explica que o perigo associado à pilha de estéril está associado à estabilidade
física do aterro (perigo de ruptura) e à estabilidade química (potencial de geração de
drenagem ácida).

A drenagem ácida de mina, responsável pela contaminação dos corpos hídricos, é a solução
ácida produzida quando os resíduos da mineração (rejeito e estéril) possuem minerais
sulfetados que são oxidados pela água.. Esses minerais sulfetados sofrem oxidação na
presença de água e atuam como agentes lixiviantes dos minerais que estão nos resíduos,
gerando um percolado que contém grande quantidade de metais dissolvidos, além do
ácido sulfúrico. (BORMA, 2002).

Se esse percolado atingir corpos hídricos adjacentes pode ocorrer a contaminação dessas
águas, fazendo com que elas se tornem inadequadas para utilização, mesmo depois de
muito tempo de finalizadas as atividades na mina.

Luz et al. (2010) apresentaram em um quadro efeitos ambientais mais relevantes que são
resultados das fases de implantação, operação e desativação da base, além do abandono
dessa estrutura.

Quadro 3. Efeitos ambientais provenientes de fases de uma barragem de contenção de rejeitos.

FASES
Efeitos
Implantação Operação Desativação Abandono
Supressão da vegetação
Alteração das formas de uso da terra
Alteração da topografia
Aumento da erosão
Alteração da rede hidrográfica

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FASES
Efeitos
Implantação Operação Desativação Abandono
Elevação do nível freático
Geração de ruído
Geração de poeira
Emissão de gases
Controle da poluição das águas
Estocagem de resíduos sólidos
Fonte: Luz et al. (2010).

É extremamente necessário que as estruturas de disposição de resíduos sejam legais e


regulamentadas. Assim como as práticas e políticas para evitar os impactos ambientais,
conservando a biodiversidade e os ecossistemas e evitando desastres ambientais e sociais.

No Brasil, com o objetivo de controlar e destinar de forma correta os estéreis e rejeitos é


preciso que seja satisfeito o licenciamento ambiental, e isso deve ser realizado conforme
a NRM 19 e com normas técnicas. Ainda é importante que as estruturas de resíduos
sólidos tenham o seu Plano de Fechamento e, além disso, o Plano de Recuperação de
Áreas Degradadas (PRAD).

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CAPÍTULO 2
ACIDENTES COM BARRAGENS E PILHAS

A disposição de rejeitos oriundos do tratamento de minérios deve ser realizada de


forma adequada e segura, considerando o elevado risco vinculado à construção dessas
barragens, mesmo que não sejam tão recorrentes, mas os acidentes dos empreendimentos
mineiros em que as barragens de rejeito estão envolvidas, normalmente são nefastos e
produzindo efeitos nocivos ao meio ambiente, à sociedade e à economia.

Diversos são os acidentes envolvendo as barragens, a título de conhecimento, serão


apresentados alguns do Brasil com maior riqueza de detalhes e aqueles decorrentes no
mundo serão apenas citados.

» Itabirito: desastre ambiental que aconteceu em setembro de 2014, quando uma


barragem de rejeitos da empresa Herculano Mineração Ltda., rompeu na parte
central do estado de Minas Gerais. Neste acidente, três pessoas morreram, além
do enorme dano causado ao meio ambiente, em que seis cursos d’água foram
atingidos, bem como os danos à fauna e à flora. Esse desastre só não foi pior porque
grande parte do rejeito da barragem B1 que se rompeu foi armazenado em outras
barragens, conhecidas como B2, B3 e B4. (PEREIRA, 2016).

» Mariana: desastre ambiental no Brasil, ligado a um empreendimento minério,


que aconteceu em de novembro de 2015 em Minas Gerais, quando a barragem de
rejeitos de Fundão, sob custódia da Samarco Mineração S/A, associada à Vale, veio
a colapso no munícipio de Mariana. (PEREIRA, 2016; OLIVEIRA, 2019).

A barragem de Fundão tinha como principal objetivo conter os rejeitos produzidos


do tratamento do minério de ferro e para armazenagem de água provenientes dos
efluentes e da zona de drenagem e possuía capacidade para 55 milhões de metros
cúbicos. (CNDH, 2017).

Em instantes, após o rompimento, milhares de toneladas de lama atingiram o


distrito de Bento Rodrigues, provocando uma destruição completa do local. Algumas
horas depois, a lama tóxica percorreu e alcançou o distrito de Paracatu de Baixo
e alguns outros distritos rurais de Mariana.

Essa lama continuou o seu caminho com intensidade, chegando até o Rio Doce e
às cidades cortadas por ele, inclusive os estados de Minas Gerais e Espírito Santo.
Essa lama foi responsável pela morte de 19 pessoas, e, além disso, impactou
radicalmente na vida e na economia regional, bem como na fauna e na flora.

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» Brumadinho: depois de testemunhar o acidente da barragem de Fundão, Minas


Gerais voltou a sofrer outra tragédia na cidade de Brumadinho, a 80km de distância
do município de Mariana. Em 25 de janeiro de 2019, a barragem de rejeitos da
mina do Córrego do Feijão, operada pela Vale, espalhou aproximadamente 11,7
milhões metros cúbicos de lama tóxica com elevados teores de silício e ferro no
leito do córrego Ferro e Carvão.

Essa tragédia matou centenas de pessoas e a lama atingiu e destruiu plantações e


alcançou o Rio Paraopeba, seguindo em direção ao Rio São Francisco. (OLIVEIRA,
2017).

Freitas e Silva (2019) apresentam os maiores acidentes com barragens de mineração


entre os anos de 1974 e 2019.

Quadro 4. Acidentes com barragens de mineração

Minério Óbitos Ano de


Mineradora/localização País
lavrado registrados ocorrência
Mina Córrego do Feijão, Barragem I, Vale, Minas
Brasil Fe 308 2019
Gerais
Hpakant, Kachin state Myanmar Jade 115 2015
Barragem do Fundão, Samarco Mineradora (Vale & BHP),
Brasil Fe 19 2015
Minas Gerais
Zijin Mining, mina de estanho de Xinyi Yinyan,
China Sn 22 2010
Guangdong Province
Planta de alumínio Ajka, Kolontár (MAL Magyar
Hungria Al 10 2010
Aluminum) #2
Barragem de Lixi,Taoshi, Linfen City, Shanxi, China
China Fe 254 2008
(Tahsan Mining Co.)
Miliang, Zhen’an County, Shangluo, Shaanxi Province China Au 17 2006
Mina de estanho de Nandan, Dachang, Guangxi China Sn 28 2000
Surigao del Norte, Placer (Manila Mining Corporation)
Filipinas Au 12 1995
2nd event
Longjiaoshan, mina de ferro de Daye, Hubei China Fe 31 1994
Merriespruit, near Virginia, (Harmony), complexo de
África do Sul Au 17 1994
rejeitos no 4
Jinduicheng, Shaanxi Province China Mo 20 1988
Huangmeishan, China China Fe 19 1986
Mina de Prestavel, Stava Itália Fe 269 1985
Fonte: Adaptado de World Mine Tailings Failures (https://worldminetailingsfailures.org/) apud Freitas e Silva (2019).

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Segundo Galvão Sobrinho (2014) e Luz et al. (2010), as principais causas de acidentes
com barragens de rejeitos em números de acidentes e com maior frequência, são,
respectivamente:

» Liquefação: redução inesperada de resistência ao cisalhamento que o solo sofre


por causa de um rápido acréscimo de pressão intersticial, que geralmente está
vinculado com as solicitações dinâmicas (terremotos, impactos de ondas, explosões,
tráfego de equipamento pesado, cravação de estacas e injeções de líquido com
pressão) sobre solos granulares.

» Entubamento: também conhecido como piping, o entubamento consiste na


erosão interna que remove, provocando vazios que são responsáveis por colapsos
e escorregamentos.

» não definida.

Os acidentes com pilhas de rejeitos não são tão divulgados, mas eles também existem
com menor intensidade do que as barragens. A figura a seguir mostra as rupturas que
acontecem nos taludes das pilhas de estéril e tem um quadro com registros das falhas
de pilhas de resíduos.

Figura 22. Ruptura de taludes das pilhas estéril.


Material escorregado
Estéril
Material escorregado
Solo não coesivo
Cobertura do solo
Base rochosa
Escorregamento superficial ou de borda Translação do bloco Ruptura da fundação circular
Material Material escorregado
escorregado

Ruptura por arco circular


Espalhamento da base
Escorregamento por Ruptura da base por espalhamento
fluxo superficial

Fonte: Victorino (2016).

Quadro 5. Falha de pilhas de resíduos.

Tipo de Tipo de
Encontro Localização Empresa Impactos
minério incidente
14 de Lamaungkone, Hpakant, Empresa de
falha na pilha de Um trabalhador morto,
dezembro, estado de Kachin, mineração de jade Tun jade
resíduos aprox. 20 desaparecidos
2015 Myanmar Tauk Zabu
21 de San Kat Kuu, Hpakant, Hlan Shan Myonwesu,
falha na pilha de pelo menos 113 pessoas
novembro, estado de Kachin, Yadanar Yong Chi, jade
resíduos mortas
2015 Myanmar Yadanar Aung Chan

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Tipo de Tipo de
Encontro Localização Empresa Impactos
minério incidente
28 de
Satemu, Hpakant, estado falha na pilha de aprox. 50 trabalhadores
dezembro, Jade Palace Company jade
de Kachin, Myanmar resíduos desaparecidos
2016

Shwe Nagar Koe


Três trabalhadores
22 de abril, Hpakant, estado de Kaung Gems Co., Ltd., falha na pilha de
jade mortos, 54 trabalhadores
2019 Kachin, Myanmar Mianmar Thura Gems resíduos
desaparecidos
Co., Ltd.

Fonte: http://www.wise-uranium.org/mdaf.html.

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CAPÍTULO 3
MONITORAMENTO E FISCALIZAÇÃO DE BARRAGENS

É importante saber que é obrigatório o cadastramento de toda e qualquer barragem


de mineração pela Agência Nacional de Mineração, essa estando ou não na Política
Nacional de Segurança de Barragem (PNSB), assim como a elaboração do mapa de
inundação simplificado. O cadastramento de barragens da mineração (sendo estas em
construção, operação ou desativadas) precisam ser realizadas pelo empreendedor no
Sistema Integrado de Gestão de Segurança de Barragens de Mineração (SIGBM).

As barragens de mineração que estão em construção precisam ser cadastradas em um


campo particular e sem tantas informações a serem lançadas no sistema. Em casos
em que é necessário alterar algum dado, o empreendedor precisa recorrer ao SIGBM
realizando a qualquer momento ou mesmo em casos em que ANM requisitar.

Para acesso ao SIGBM:

1o passo – http://www.anm.gov.br/assuntos/barragens/sigbm

2o passo – https://app.dnpm.gov.br/sigbm

Com o objetivo de realizar uma normatização para a classificação das barragens de


mineração, uma matriz foi desenvolvida visando à avaliação do risco crítico e o potencial
associado à barragem. A cada cinco anos, ou menor período, será realizada pela ANM
uma atualização da classificação de barragens, conforme o quadro de avaliação de risco
versus dano potencial associado.

Quadro 6. Classificação das barragens de acordo com o dano potencial associado.

DANO POTENCIAL ASSOCIADO


ANM no 70.389/2017
Categoria de risco Alto Médio Baixo
Alto A B C
Médio B C C
Baixo B C E
Fonte: Portaria ANM no70.389/2017.

Política Nacional de Segurança de Barragens (PNSB)


A Política Nacional de Segurança de Barragens foi instituída a fim de assegurar os padrões
de segurança, minimizar os riscos de acidentes, realizar a regulamentação de ações e

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UNIDADE IV | GESTÃO DE RESÍDUOS

padrões, convergir os dados e informações sobre a segurança de barragens e incentivar


a cultura de segurança no ambiente em que são implementadas essas estruturas tão
importantes. (NEVES, 2018). No art. 3o da Lei no 12.334/2010 estão citados os objetivos
do PNSB.

A figura a seguir mostra as características que uma barragem deve ter para estar inserida
na PNSB.

A lei referida, além de estabelecer a Política Nacional de Segurança de Barragens, ainda


estabeleceu as características que uma barragem deve ter para que se enquadre na PNSB:

» o maciço precisa ter altura superior ou igual a 15 metros, contando a partir do


ponto mais baixo da fundação até a crista;

» o reservatório precisa ter capacidade superior ou igual a 3.000.000 de m3 (metros


cúbicos);

» aqueles reservatórios dotados de resíduos perigosos, de acordo com o disposto


nas normas técnicas;

» O dano potencial associado (DPA) deve ser enquadrado na categoria médio ou


alto, conforme os termos econômicos, socioambientais ou de mortes.

Figura 23. Características de uma barragem para ser inserida na PNSB.

DPA = médio ou alto

V= 3.000.000m3

H=15m

Fonte: Neves (2018).

Plano de Segurança de Barragens de Mineração


Segundo a Portaria ANM no 70.389/2017, além das diversas obrigações de um
empreendedor, ele é responsável por elaborar e atualizar o Plano de Segurança de
Barragem (PSB). Este plano que é um instrumento da Política Nacional de Segurança

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de Barragens e será um documento que irá referenciar as medidas associadas à gestão


da segurança de barragem.

Esse plano precisa começar a ser elaborado até o primeiro enchimento da barragem,
devendo estar acessível no empreendimento, de preferência junto com a equipe de
segurança da barragem ou localizado próximo da construção, para uso da equipe de
segurança ou pelos órgãos responsáveis pela fiscalização.

O art. 9o, seus incisos e parágrafos, da citada Portaria, explica que o PSB é constituído de
quatro volumes respectivamente: informações gerais; planos e procedimentos; registros
e controles; revisão periódica de segurança da barragem.

Em situações em que a barragem de mineração contenha um DPA alto, ou ainda um DPA


médio quando, no quadro 1 do anexo V, no item “ existência de população jusante” ou
“impacto ambiental” alcançar 10 pontos, ou se for requerido pela fiscalização o que seja
colocado em prática do seu Plano de Ações Emergenciais para Barragens de Mineração
(PAEBM), será acrescido o volume IV, que será o PAEBM.

Entendendo que o PSB é um conjunto de documentos, sob responsabilidade do


empreendedor e da sua equipe, podendo ser interna ou externa, é válido ressaltar
que alguns desses importantes documentos que compõem esse plano precisam ser
elaborados por um profissional com registro no Conselho Regional de Engenharia,
Arquitetura e Agronomia (Crea), com funções que incluam projeto, construção, operação
ou manutenção de barragens, de acordo com as estipuladas pelo Conselho Federal
de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (Confea), explicitadas em sua anotação de
responsabilidade técnica.

Revisão Periódica de Segurança de Barragens


Como citado, a Revisão Periódica de Segurança de Barragens compõe o PSB. Essa revisão
tem como principal finalidade a vistoria (pelo empreendedor) em períodos, levando em
consideração a segurança e a operação da barragem, avaliação hidráulica, hidrológica,
de estabilidade na estrutura e de adequação operacional das instalações, conforme os
critérios que constam no projeto e informações de cada reexame.

O propósito dessa revisão não é somente atestar o estado da barragem e os critérios do


projeto, mas, também, aconselhar sobre as medidas e ações de retificação e melhoria,
buscando minimizar os possíveis riscos de uma barragem e de suas estruturas vinculadas.

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Deve ser produzido um relatório da RPSB e nesse deve conter uma Declaração de condição
de estabilidade, e deve ser assinada por um responsável externo do empreendimento,
bem como pelo responsável legal do empreendedor e ser encaminhada para a ANM via
SIGBM.

Inspeções Regulares de Segurança de Barragens


Outro componente relevante do Plano de Segurança de Barragem são as Inspeções de
Segurança de Barragens (IRBS). Essa inspeção é regulamentada por diversos órgãos,
incluindo a ANM, a ANA (Agência Nacional das Águas) e o Ibama (Instituto Brasileiro de
Meio Ambiente) e outros, e em conjunto com o monitoramento, produzem informações
relevantes ao estado de conservação da barragem. (NEVES, 2018).

Segundo a Agência Nacional de Mineração (2018) e Neves (2018), essas IRSBs consistem
em ações e documentos que devem ser executados:

» preenchimento da ficha de inspeção regular no período inferior ou igual a 15 dias,


de acordo com o empreendedor;

» relatório de inspeção regular que deve ser realizado a cada seis meses;

» extrato de inspeção regular a cada 15 dias no SIGBM;

» declaração de condição de estabilidade, realizada somente pela ANM.

Plano de Ações Emergenciais


O Plano de Ação Emergencial (PAE) é um documento formal que contempla as condições
de emergência em potencial para a barragem. Neste plano devem estar as diretrizes
necessárias para tomada de decisão para uma situação crítica, possibilitando algumas
medidas, dentre as quais a notificação e alerta precoce, buscando reduzir prejuízos
materiais e danos ambientais e, principalmente, não perder vidas.

Além disso, também visa ao reconhecimento dos agentes que podem ser notificados nessas
ocorrências sinistras. Esse plano, conforme a lei, precisa constar no empreendimento
mineiro e nas prefeituras implicadas, assim como deve ser conduzido para as autoridades
responsáveis e defesa civil.

Esse plano precisa conter, no mínimo:

» reconhecimentos e avaliações das análises das possíveis ocorrências de emergência;

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GESTÃO DE RESÍDUOS | UNIDADE IV

» procedimentos para reconhecimento e sinalizações de incorreto funcionamento


ou de condições propensas à ruptura da barragem;

» estratégias e procedimentos preventivos e corretivos que devem ser admitidos em


casos de emergência, identificando o responsável pelo processo;

» estratégias, como serão feitos a divulgação e o aviso às comunidades que podem


ser atingidas nos momentos emergenciais.

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REFERÊNCIAS

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ANM: Brasília, 2018. Acessado em 5/10/2018. Disponível em: http://www.anm.gov.br/assuntos/barragens/
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Dissertação (Mestrado em Engenharia Mineral) – Universidade Federal de Ouro Preto, Ouro Preto, 2008.

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de Barragens destinadas à acumulação de água para quaisquer usos, à disposição final ou temporária de
rejeitos e à acumulação de resíduos industriais, cria o Sistema Nacional de Informações sobre Segurança de
Barragens e altera a redação do art. 35 da Lei no 9.433, de 8 de janeiro de 1997, e do art. 4o da Lei no 9.984,
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