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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO – UFMT

CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE VÁRZEA GRANDE


FACULDADE DE ENGENHARIA – FAENG
ENGENHARIA DE MINAS

MEDIDAS DE CONTROLE AMBIENTAL EM LAVRA DE


ROCHAS ORNAMENTAIS

CUIABÁ-MT
2021
1

CAIO MAXIMO PALERMO

MEDIDAS DE CONTROLE AMBIENTAIS EM LAVRA DE ROCHAS


ORNAMENTAIS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


ao Curso de Graduação em Engenharia de
Minas da Universidade Federal de Mato
Grosso como requisito parcial para obtenção
do título de Bacharel em Engenharia de
Minas.

Orientador: Prof. Me. Pedro Henrique


Neuppmann

CUIABÁ-MT
2021
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AGRADECIMENTOS

Com o término deste trabalho de conclusão de curso não posso deixar de agradecer a
algumas pessoas que, direta ou indiretamente, contribuíram neste percurso tão significativo
da minha vida pessoal e profissional.
Primeiramente, gostaria de agradecer aos meus pais, pela compreensão, por sempre
acreditarem em mim e todo apoio prestado durante esse período.
À minha família, que a meu lado sempre demonstraram apoio incondicional em todos
os momentos nesta jornada.
Aos meus amigos, Gustavo Caetano, João Vitor, Victor Hugo e Vinicius Leandro, um
especial agradecimento, por terem me apoiado nas decisões, pelo companheirismo e parceria
nos momentos difíceis durante o período de graduação.
Ao Eng. Leonardo Vescovi, gostaria de agradecer pelo apoio, ensinamento e a
oportunidade que me foi concedida de realizar o Estágio numa organização prestigiada e de
grande dimensão como a empresa Núcleo Meio Ambiente e Mineração Ltda.
Ao meu orientador Prof. Pedro Henrique Neuppmann, gostaria de agradecer todo o
apoio e toda a disponibilidade prestada durante a realização deste trabalho de conclusão de
curso.
Meus sinceros agradecimentos a todos aqueles que contribuíram para meu
desenvolvimento pessoal e profissional ao longo dessa jornada.
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RESUMO

Atualmente é de grande importância que as empresas minerárias de lavra de rochas


ornamentais mantenham um controle ambiental voltado para prevenção e redução dos
impactos ambientais causados pelas ações antrópicas, portanto é de extrema importância que
profissionais da área de mineração tenham tal conhecimento, pois a exploração de uma área
de maneira desordenada pode provocar grandes avarias ao meio ambiente, acarretando em
multas e até a paralisação das atividades do empreendimento. Desta forma, serão
apresentadas medidas de controle ambiental para lavra de rochas ornamentais. Algumas
problemáticas envolvendo as lavras de rochas ornamentais referem-se à disposição de pilha
de estéril (bota-fora), aos sistemas de drenagens, às vias de acesso, a disposição de resíduos
sólidos, a área de abastecimento, a organização dos equipamentos na frente de lavra e às
placas de sinalização.Com base na legislação vigente e o problema evidenciado através de
vistorias realizadas em campo, serão dadas as devidas orientações para que qualquer
empreendedor atue na legalidade de acordo com a legislação vigente.

Palavras-chaves: lavra de rochas ornamentais; controle e monitoramento


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ABSTRACT

It is currently of great importance that mining ornamental rocks companies maintain an


environmental control aimed at preventing and reducing the impacts caused by anthropic
actions, so it is extremely important that professionals in the mining area have such
knowledge, as the exploration of an area in a disorderly manner can cause major damage to
the environment, resulting in fines and even the stoppage of the enterprise's activities. In this
way, environmental control measurements will be presented for ornamental rock mining.
Some problematic issues involving the mining of ornamental rocks are related to the disposal
of a waste dump, drainage systems, access routes, solid waste disposal, a supply area, the
organization of equipment in the mining front and signposts. Based on current legislation and
the problem evidenced by field inspections, the entrepreneur will be given proper guidance to
act in accordance with the legislation that governs that enterprise.

Keywords: ornamental rock mining; environmental control and monitoring; environmental


legislation
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1 INTRODUÇÃO

O desenvolvimento econômico das nações, a geração de empregos e a descoberta de


novas tecnologias para a melhoria da qualidade de vida das populações são benefícios obtidos
em consequência de custos ou problemas para o meio ambiente. É notório que a mineração
representada pelos produtos por ela gerados está presente no cotidiano da sociedade de forma
relevante e praticamente indispensável.
Em consequência dos problemas ambientais provocados pelo homem nos últimos
tempos, a questão da preservação ambiental tem sido muito discutida, ou seja, o homem tem
dado mais importância à preservação do meio ambiente.
Com o aumento da consciência ambiental da população, diversas empresas mineradoras
(médio e grande porte) vêm adotando atividades e programas de proteção e conservação
ambiental.
De todas as alterações no uso da terra, a mineração tem sido responsável por mudanças
em diversos componentes do meio ambiente, como por exemplo, perfil e composição do solo,
hidrologia subterrânea e da superfície, e indiretamente, a socioeconômica dos países.
Essas atividades de mineração podem resultar simplesmente em alterações em faixas
específicas, em locais remotos, como também podem causar sérios problemas de poluição,
que afetarão áreas muito além daquelas onde a mineração está efetivamente sendo praticada.
Salienta-se que boa parte das empresas de mineração vem apresentando planos de
recuperação ambiental das áreas diretamente afetadas. Em linhas gerais, os citados planos
propõem uma série de ações para implantação das medidas concebidas em virtude de
trabalhos de campo, tendo como premissa um diagnóstico ambiental. As técnicas e os
procedimentos propostos visam solucionar, de uma maneira prática e a baixo custo, a
problemática instalada nos locais afetados.
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2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral

Analisar e evidenciar os impactos ambientais em lavra de rochas ornamentais e


apresentar medidas mitigadoras e preventivas de impactos ambientais negativos, contribuindo
assim para solução de problemas causados pela atividade mineradora.

2.2 Objetivos Específicos

a) Evidenciar as problemáticas quem envolvem a atividade mineradora através de


constatações em vistorias realizadas nos locais;
b) apresentar medidas de controle para os problemas pertinentes em uma lavra de
rocha ornamental.
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3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1 Rochas ornamentais

De acordo com a descrição da ABNT NBR 15012:2013, rocha ornamental é um


material rochoso natural, submetido a diferentes graus ou tipos de beneficiamento, utilizado
para exercer função estética (ABNT 2013; Fig.1).
Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Rochas Ornamentais (ABIROCHAS),
o título de rochas ornamentais abrange uma grande variedade de materiais de diferentes tipos
litológicos, utilizados principalmente na construção civil como material de acabamento e
revestimento de paredes e pisos, tanto interna quanto externamente. Existem também, porém
em menor escala, outras aplicações como esculturas, utensílios domésticos, mobiliário,
balcões, lápides etc.
Para Peiter & Chiodi Filho (2001), é possível perceber a dimensão do avanço da
produção e da demanda por rochas ornamentais no mundo, ao longo do século passado.
Segundo esses dados, houve um expressivo aumento de produção no setor, que passou
de cerca de 1,5 milhões de toneladas nos anos 1920 para 55 milhões de toneladas/ano, entre o
final do século XX e o início do XXI. A produção mundial de rochas ornamentais alcançou
68,7 milhões de toneladas (SILVA CUNHA et al, 2003).
Segundo dados disponibilizados pela ABIROCHAS que constam de relatório interno
produzido pela Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG), no ano de
2017, a produção mundial de rochas ornamentais teria alcançado o volume de 116 milhões de
toneladas em 2011. A maior parte desta produção (cerca de 60%) é formada por mármores,
calcários e travertinos, o que de certa forma indica quase que uma duplicação na produção
por conta de crescente demanda, mas sempre com predomínio das rochas calcárias (COSTA,
2018).
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3.2 Contexto histórico

A utilização de pedras pelo homem vem desde os tempos pré-históricos, quando era
manipulada para uso em armas de caça e guerra e confecções de materiais domésticos.
Por volta do ano 10.000 a.C., foi registrado o uso de rochas como material para
construção de edificações de natureza religiosa e, a partir de 8.000 a.C., há registros de terem
sido utilizadas na habitação e nos sistemas de defesa das cidades (VIDAL et al., 2014).
As rochas ornamentais tiveram grande importância para esculturas, visto que os
mármores permitiam esculpir figuras humanas com a coloração parecida com a pele. Nas
regiões da Mesopotâmia e Egito, as rochas eram utilizadas para repassar as imagens de
Deuses e Faraós (VIDAL et al., 2014).

3.3 Introdução à lavra de rochas ornamentais

A lavra das rochas ornamentais consiste em uma atividade cujo objetivo é a remoção de
material útil ou economicamente aproveitável dos maciços rochosos ou dos matacões. O
produto da etapa de lavra ou extração é o bloco de arestas aproximadamente retangulares, de
dimensões variadas que procuram obedecer ou aproximar-se, tanto quanto possível, daquelas
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que proporcionem o melhor aproveitamento do material e a maior utilização da capacidade


produtiva dos equipamentos nas etapas de beneficiamento (VIDAL et al., 2014).
Segundo Reis e Sousa (2003), as jazidas de rochas ornamentais podem ser lavradas em
maciços rochosos e em matacões, utilizando-se métodos e técnicas que possibilitam
resultados satisfatórios em termos da relação custo/benefício. Os métodos de lavra consistem
num conjunto específico dos trabalhos de planejamento, dimensionamento e execução de
tarefas, devendo existir uma harmonia entre essas tarefas e os equipamentos dimensionados.
O planejamento inclui a individualização dos blocos com dimensões adequadas à etapa
seguinte da cadeia produtiva, representada pelo desdobramento dos blocos em chapas.

3.4 Aspectos e impactos ambientais

O setor mineral é responsável por diversos impactos ambientais negativos,


destacando-se entre eles as alterações na paisagem devido à remoção do minério e deposição
do material estéril, alterações nos recursos hídricos e emissão de poeira e ruído (BRUM,
2000).

3.4.1 Impactos da atividade mineral

A mineração é um dos setores básicos da economia de um país. Contribui de forma


decisiva para o bem-estar e melhoria da qualidade de vida da presente e futuras gerações,
sendo fundamental para o desenvolvimento de uma sociedade equânime, desde que seja
operada com responsabilidade social, estando sempre presente os preceitos do
desenvolvimento sustentável. (FARIAS, 2002).
A história do Brasil, de acordo com Farias (2002), tem íntima relação com a busca e o
aproveitamento dos seus recursos minerais, que sempre contribuíram com importantes
insumos para a economia nacional, fazendo parte do processo de ocupação territorial e da
história nacional.
O primeiro ciclo mineral data o período colonial no século XVII, mas foi no século
XVIII que ocorreu o primeiro grande momento mineral com a descoberta do ouro em Minas
Gerais, o que influenciou na consolidação do setor mineral brasileiro(BORSOI, 2007).
Os maiores produtores de rochas ornamentais no Brasil são, em ordem decrescente, os
estados de ES, MG, BA, PR, RJ, GO e PB. Os estados do Espírito Santo e Minas Gerais
respondem por 70% a 75% dessa produção (DNPM, 2009).
16

Dentro do Estado do Espírito Santo, a cidade de Cachoeiro do Itapemirim junto com


mais 14 municípios compõe o Arranjo Produtivo Local (APL), que se destaca como maior
polo de beneficiamento de rochas das américas; grande parte dessa produção é exportada
(SINDIROCHAS, 2009).
As atividades de mineração têm uma profunda relação com as alterações do meio
natural sejam elas limitadas ou amplas, devido ao seu potencial de degradação. Quanto ao
cenário capixaba, muitas vezes o processo é consolidado através de ações criminosas de
desobediência e de usurpação de bem público da União. O descumprimento de
condicionantes ambientais, verificado através de fiscalização ou denúncias de exploração
clandestina de rochas ornamentais nos municípios, demonstra a imaturidade dos proprietários
das empresas mineradoras no tratamento com o meio ambiente. Um planejamento da
atividade mineral realizado de forma indevida pode aumentar o custo das empresas no
encerramento da atividade e na recuperação final da área degradada (SINDIROCHAS, 2009).
Em dezembro de 2007, a empresa Rocha Branca Mineração Comércio e Exportação
Ltda., situada na cidade de Barra de São Francisco (ES), teve suas atividades paralisadas em
virtude do desrespeito aos limites geográficos estabelecidos para atuação mineral e o
descumprimento de condicionantes ambientais, que causaram erosão e assoreamento de
córregos e rios das proximidades da empresa (ALERTAPARACATU, 2007).
Outro fato ocorrido foi a operação denominada Força Tarefa, desencadeada entre os
dias 27 e 31 de outubro de 2008, que contou com a participação de integrantes do Ministério
Público do Trabalho (MPT), Ministério de Minas e Energia (MME) e Polícia Rodoviária
Federal (PRF). Além das empresas do estado do Espírito Santo, foram vistoriadas e
fiscalizadas mineradoras de extração de rochas ornamentais a céu aberto em Minas Gerais e
Bahia (GAZETA ONLINE, 2008).
No Espírito Santo, foram vistoriadas 26 empresas nos municípios de Nova Venécia,
Vila Pavão, Baixo Guandu, Itaguaçu e Barra de São Francisco e uma lavra que fica na cidade
mineira de Mantena, na divisa com o Espírito Santo, que foi incluída na lista das empresas
capixabas. Das 26 empresas vistoriadas, 16 foram interditadas. (GAZETA ONLINE, 2008).

3.5 Políticas e Legislações pertinentes

Segundo Farias (2002), a responsabilidade de definir as diretrizes e regulamentações,


bem como atuar concessão, fiscalização e cumprimento da legislação mineral e ambiental
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para o aproveitamento dos recursos minerais são de responsabilidade dos seguintes órgãos
federais:
Ministério do Meio Ambiente - MMA: responsável por formular e coordenar as
políticas ambientais, assim como acompanhar e superintender sua execução;
Ministério de Minas e Energia - MME: responsável por formular e coordenar as
políticas dos setores mineral, elétrico e de petróleo/gás;
Secretaria de Minas e Metalurgia - SMM/MME: responsável por formular e coordenar
a implementação das políticas do setor mineral;
Agência Nacional de Mineração - ANM: Responsável pelo planejamento e fomento do
aproveitamento dos recursos minerais, preservação e estudo do patrimônio paleontológico,
cabendo-lhe também superintender as pesquisas geológicas e minerais, bem como conceder,
controlar e fiscalizar o exercício das atividades de mineração em todo o território nacional, de
acordo o Código de Mineração;
Serviço Geológico do Brasil - CPRM (Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais):
responsável por gerar e difundir conhecimento geológico e hidrológico básico, além de
disponibilizar informações e conhecimento sobre o meio físico para a gestão territorial;
Agência Nacional de Águas - ANA: Responsável pela execução da Política Nacional de
Recursos Hídricos, sua principal competência é a de implementar o gerenciamento dos
recursos hídricos no país. Responsável também pela outorga de água superficial e
subterrânea, inclusive aquelas que são utilizadas na mineração.
Conselho Nacional do Meio Ambiento - CONAMA: responsável por formular as
políticas ambientais, cujas Resoluções têm poder normativo, com força de lei, desde que o
Poder Legislativo não tenha aprovado legislação específica;
Conselho Nacional de Recursos Hídricos - CNRH: responsável por formular as
políticas de recursos hídricos; promover a articulação do planejamento de recursos hídricos;
estabelecer critérios gerais para a outorga de direito de uso dos recursos hídricos e para a
cobrança pelo seu uso.
Instituto Brasileiro de Meio Ambiente Recursos Naturais Renováveis IBAMA:
responsável, em nível federal, pelo licenciamento e fiscalização ambiental;
Centro de Estudos de Cavernas - CECAV (IBAMA): responsável pelo patrimônio
espeleológico.
Segundo a Constituição Federal de 1988, artigo 20, inciso IX, dispõe: "são bens da
União: os recursos minerais os recursos inclusive os do subsolo".
Por sua vez, a Constituição Federal, em seu artigo 225, parágrafo 2°, dispõe:
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"Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio ambiente
degradado, de acordo com a solução técnica exigida pelo órgão público competente, na forma
da lei".
A lei n° 6.938/81 dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e
mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providências. Em seu artigo 6°inciso II, o
Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) tem a finalidade de assessorar, estudar e
propor ao Conselho de Governo, diretrizes de políticas governamentais para o meio ambiente
e os recursos naturais e deliberar, no âmbito de sua competência, sobre normas e padrões
compatíveis com o meio ambiente ecologicamente equilibrado e essencial à sadia qualidade
de vida. A Política Nacional de Meio Ambiente no seu Artigo 2, Inciso V, dispõe sobre:

O controle e o zoneamento das atividades potencial ou efetivamente poluidoras,


assim como traz diferentes mecanismos para controle ambiental, incluindo o
estabelecimento de padrões de qualidade, o licenciamento, o cadastro técnico
federal de atividades potencialmente poluidoras e ou utilizadoras de recursos
ambientais, dentro outros instrumentos.

A Resolução CONAMA N° 009, de 06 de dezembro de 1990, estabelece "instruções


sobre a necessidade de licença ambiental para extração de substâncias minerais através de
guia de utilização", in verbis:

Art. 2 - Para o empreendedor exercer as atividades de lavra e/ou


beneficiamento mineral das classes I, II, IV, V, VI, VII, VIII e X, excetuado o
regime de permissão de lavra garimpeira, deverá submeter seu pedido de
licenciamento ambiental ao órgão estadual de meio ambiente ou ao IBAMA,
quando couber, prestando todas informações técnicas sobre o respectivo
empreendimento, conforme prevê a legislação ambiental vigente, bem como
atender ao disposto nesta Resolução.
Parágrafo 1° - O empreendedor, quando da apresentação do Relatório de
Pesquisa Mineral ao DNPM, deverá orientar-se junto ao órgão ambiental
competente sobre os procedimentos para habilitação ao licenciamento ambiental.
Parágrafo 2° - As solicitações da Licença Prévia - LP, da Licença de
Instalação
- LI e da Licença de Operação - LO deverão ser acompanhadas dos
documentos
relacionados nos anexos I, II e III desta Resolução, de acordo coma fase do
empreendimento, salvo outras exigências complementares do órgão ambiental
competente.
Art. 6° A concessão da Portaria de lavra ficará condicionada à apresentação
ao DNPM, por parte do empreendedor, da Licença de Instalação.
Art. 7° Após a obtenção da Portaria de lavra e a implantação dos projetos
constantes do PCA, aprovados quando da concessão da Licença de Instalação, o
empreendedor deverá requerer a Licença de Operação, apresentando a
documentação necessária.
Parágrafo 1° O órgão ambiental competente após a verificação da
implantação dos projetos constantes do PCA a análise da documentação pertinente,
decidirá sobre a concessão da LO.
Parágrafo 2° - O órgão ambiental competente, após a comprovação da
implantação dos projetos do PCA, concederá a Licença de Operação.
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Resolução CONAMA n 237/97 "estabelece instruções sobre os


procedimentos e
critérios utilizados no licenciamento ambiental, de forma a efetivar a
utilização do sistema de licenciamento como instrumento de gestão ambiental,
instituído, pela Política
Nacional do Meio Ambiente”, in verbis:
"Art. 1°- Para efeito desta Resolução são adotadas as seguintes definições:
I- Licenciamento Ambiental: procedimento administrativo pelo qual o órgão
ambiental competente licencia a localização, instalação, ampliação e a operação de
empreendimentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais consideradas
efetiva ou potencialmente poluidoras ou daquelas que, sob qualquer degradação
ambiental, considerando regulamentares e as normas técnicas aplicáveis ao caso.
II - Licença Ambiental: ato administrativo pelo qual o órgão ambiental
competente,
estabelece as condições, restrições e medidas de controle ambiental que
deverão ser obedecidas pelo empreendedor, pessoa física ou jurídica, para localizar,
instalar, ampliar e operar empreendimento ou atividades utilizadoras dos recursos
ambientais consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras ou aquelas que, sob
qualquer forma, possam causar degradação ambiental.
Art. 8° - O Poder Público, no exercício de sua competência de controle,
expedirá as
seguintes licenças:
I - Licença Prévia (LP) - concedida na fase preliminar do planejamento do
empreendimento ou atividade aprovando sua localização e concepção, atestando a
viabilidade ambiental e estabelecendo os requisitos básicos e condicionantes a
serem atendidos nas próximas fases de sua implementação.
II - Licença de Instalação (LI) - autoriza a instalação do empreendimento ou
atividade de acordo com as especificações constantes dos planos, programas e
projetos aprovados, incluindo as medidas de controle ambiental e demais
condicionantes, da qual constituem motivo determinante.
III-Licença de Operação (LO) - autoriza a operação da atividade ou
empreendimento, após a verificação do efetivo cumprimento do que consta das
licenças anteriores, com as medidas de controle ambiental e condicionantes
determinados para a operação.
Art. 10 - O procedimento de licenciamento ambiental obedecerá às seguintes
etapas:
I- Definição pelo órgão ambiental competente, com a participação do
empreendedor, dos documentos, projetos e estudos ambientais necessários ao início
do processo de licenciamento correspondente à licença a ser requerida.
II- Requerimento da licença ambiental pelo empreendedor, acompanhado
dos documentos, projetos e pertinentes, dando-se a devida publicidade (p. 622);
III - Análise pelo órgão ambiental competente, integrante do SISNAMA dos
documentos, projetos e estudos ambientais apresentados e a realização de vistorias
técnicas, quando necessárias.
IV - Solicitação de esclarecimentos e complementações pelo órgão ambiental
competente, integrante do SISNAMA, uma única vez, em decorrência da análise
dos documentos, projetos e estudos ambientais apresentados, quando couber,
podendo haver a reiteração da mesma solicitação caso os esclarecimentos e
complementações não tenham sido satisfatórios;
V - Audiência pública, quando couber, de acordo com a regulamentação
pertinente.
VI - Solicitação de esclarecimentos e complementações pelo órgão ambiental
competente, decorrentes de audiências públicas, quando couber, podendo haver
reiteração da solicitação quando os esclarecimentos e complementações não tenham
sido satisfatórios.
VII - Emissão de parecer técnico conclusivo e, quando couber, parecer
jurídico.
VIII - Deferimento ou indeferimento do pedido de licença, dando-se a devida
publicidade.
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4 METODOLOGIA

A metodologia utilizada para este trabalho levou em consideração a legislação e


normativas vigentes e foi desenvolvido nas seguintes fases: revisão bibliográfica,
documentação fotográfica e medidas mitigadoras.
Para a revisão bibliográfica, foi realizado um levantamento de publicações disponíveis
referentes tanto à questão ambiental quanto à própria atividade de mineração.
A documentação fotográfica foi composta por fotos tiradas através das vistorias
realizadas em diversas empresas de lavra de rochas ornamentais e as fotos evidenciam
situações com as problemáticas mais comuns para essa atividade de mineração, abordando
questões como disposição de resíduos, vias de acesso, disposição de pilha de estéril
(bota-fora), sistemas de drenagens, entre outros.
A última etapa é a elaboração das medidas mitigadoras com base nas problemáticas
encontradas nas empresas. Essa etapa consiste na proposição de medidas de controle
ambiental para lavra de rochas ornamentais e na execução das orientações propostas para os
empreendimentos, proporcionando mais segurança às empresas, pois estarão em legalidade
com a legislação vigente, não acarretando problemas com autuações e embargos dos órgãos
ambientais competentes e evitando prejuízos para o empreendedor e para o meio ambiente.
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5 FORMULAÇÃO DO PROBLEMA

Com base em vistorias realizadas, observa-se que algumas empresas mineradoras não
cumprem todas as exigências previstas em lei, pois na grande maioria das vezes as empresas
não possuem profissionais capacitados para realizar as devidas orientações ao empreendedor,
deixando-as passível a multas e até embargos. Algumas ações por parte da empresa podem
evitar prejuízo ao empreendedor bem como a geração de impactos ambientais, uma vez que,
conforme condicionante comumente presente em LO, para o Estado do Espírito Santo:
“O não cumprimento das condicionantes, acima, penalizará a empresa com a imposição
das penalidades de multa e/ou interdição/embargo das atividades/obra, conforme previsto nos
incisos II, III e IV do artigo 8º da Lei estadual 7058/2002, e ainda determinará a suspensão ou
cassação da licença, conforme previsto no artigo 17 da mesma lei.”
Para alguns dos problemas mais frequentemente encontrados, apresentamos os registros
fotográficos realizados in loco das situações em desacordo com as condicionantes registradas
nas licenças ambientais.

5.1 Documentos a serem mantidos na lavra

É de suma importância que o empreendedor mantenha na área de lavra os documentos


de autorização emitidos pelos órgãos responsáveis para cada finalidade, uma vez que tal
documentação é exigida em eventuais vistorias de fiscalizações, conforme condicionante
contida na Licenças de Operações- LO, classe III, para atividade de extração de granito no
estado do Espírito Santo: “Apresentação obrigatória da licença expedida pelo órgão
ambiental sempre que a atividade for vistoriada”.

5.2 Frente de lavra

O planejamento e o desenvolvimento são fases importantes na operação da lavra a céu


aberto. Ao iniciar a abertura da lavra, deve-se priorizar a organização estratégica do local
pensando nas atividades que serão executadas na frente de serviço e próximas a ela, a fim de
facilitar a logística e o fluxo de pessoas e veículos, bem como a redução de custos. Porém,
algumas empresas não contam com esse planejamento e acabam executando as atividades de
maneira desordenada, não oferecendo nenhuma segurança ao trabalhador e ainda ficando
22

sujeitas a multas e embargos em uma eventual fiscalização do órgão responsável (Figs. 2, 3 e


4).
23

5.3 Sistema de drenagem

Durante os períodos de chuvas as mineradoras encontram grandes problemas


relacionados à erosão. A água da chuva arrasta o solo e destrói estradas, impedindo o
escoamento da produção, além de assorear córregos e rios. Essa é uma situação que consta
como condicionante para a Licença de Operação- LO, classe IV, para atividade de extração de
granitos no Estado do Espírito Santo:
“Aperfeiçoar e manter de forma integrada os dispositivos de drenagem pluvial (caixas
secas, valetas e dissipadores de energia, bacias de decantação), principalmente das vias de
acesso e dos locais envolvidos na ampliação, em condições de máxima eficiência para evitar
o surgimento de áreas erodidas e assoreadas. Deverá ser previsto sistema específico para a
polpa que será gerada quando ocorrer corte com fio diamantado.”
A grande maioria dos empreendimentos usam a técnica da caixa seca, que nada mais é
que um buraco cavado nas encostas das estradas, com o objetivo de captar a água da chuva e
seus sedimentos. Algumas empresas não executam as devidas manutenções das caixas,
comprometendo assim seu funcionamento e causando problemas próximos a área de lavra,
pois uma grande quantidade de solo irá sobrecarregar os sistemas de drenagem do
empreendimento em períodos chuvosos, acarretando assim erosões causadas pela grande
quantidade de água e sedimentos provenientes de enxurradas. Tal problemática pode
comprometer a via de acesso do empreendimento causando prejuízos para o empreendedor e
impactos a cursos hídricos quando estes estiverem localizados a jusante de tais vias de acesso
(Figs. 5, 6, 7 e 8)
24

5.4 Vias de acesso

Segundo a Norma Regulamentadora 22 - Segurança e Saúde Ocupacional na


Mineração -, toda mina deve possuir plano de trânsito estabelecendo regras de preferência de
movimentação e distâncias mínimas entre máquinas, equipamentos e veículos compatíveis
com a segurança e velocidades permitidas, de acordo com as condições das pistas de
rolamento.
Também se faz necessária a umectação das vias de acessos e locais da lavra, de modo a
evitar a propagação de material particulado oriundo da movimentação de máquinas e
veículos, conforme condicionante descrita em Licença de Operação- LO, classe IV, para
atividade de extração de granitos no estado do Espírito Santo:
“As vias de acesso deverão ter sinalização de trânsito que alerte os transeuntes sobre o
tráfego de máquinas e caminhões e os locais em fase de reabilitação/controle ambiental.
Prazo: apresentar comprovação no prazo de 120 dias.”
“Promover a umectação das vias de acessos, frentes de lavra e demais pátios de uso
geral, principalmente em períodos de estiagem, como medida de controle de particulados”
Situações de desconformidade às condicionantes relacionadas às vias de acessos foram
registradas nos empreendimentos de lavra de rochas ornamentais visitados (Figs. 9 e 10).
25

5.5 Depósito de estéreis (bota-fora)

Durante toda a fase de mineração de rochas ornamentais, o bota fora é um dos


principais problemas que envolvem o planejamento de lavra, pois possuem um grande
potencial de degradação da vegetação e do solo. Os fragmentos rochosos descartados sem
planejamento podem ultrapassar os limites permitidos nas licenças ambientais, acarretando
problemas como danos em áreas de preservação e riscos aos trabalhadores (Figs. 11, 12 e 13)
Pode-se observar a importância do avanço e monitoramento do bota fora através de
condicionantes presente em uma Licença Ambiental Simplificada, modalidade LAS/RAS
para atividade de Lavra a céu aberto - Rochas ornamentais e de revestimento, emitida pela
Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável – SEMAD, no estado
de Minas Gerais.
“Apresentar relatório técnico e fotográfico (desejável uso de drone) comprovando a
conclusão das adequações da pilha de estéril/rejeito, bem como sua correta operação após a
retomada das atividades do empreendimento. Prazo: O primeiro em 90 dias e os demais
anualmente no mês de agosto.”
26

5.6 Área de abastecimento

O armazenamento de líquidos inflamáveis e combustíveis deverá ocorrer em


conformidade com as recomendações da norma NBR 17505 que detalha os requisitos
mínimos necessários para uma instalação segura e ambientalmente correta, para o
armazenamento de líquidos inflamáveis e combustíveis.
O contato direto de maneira inadequada com os inflamáveis pode ocasionar problemas
severos para o trabalhador, comprometendo assim sua saúde e segurança na mina. Alguns
27

exemplos dos problemas que envolvem líquidos inflamáveis são: A inalação ou o contato
com o material podendo causar irritações ou provocar queimaduras na pele e nos olhos; O
fogo pode produzir gases irritantes, corrosivos ou tóxicos; Vapores podem causar tonturas ou
asfixia; O derramamento dos líquidos pode ocasionar a contaminação do solo e águas
subterrâneas.
Algumas empresas de mineração não possuem uma área específica para abastecimento,
utilizando tambores, bombonas ou containers IBC para armazenamento e distribuição de
combustível na mina, o que não é recomendado pelos órgãos ambientais, conforme
condicionante descrita em Licença de Operação- LO, classe IV, para atividade de extração de
granitos no estado do Espírito Santo:
“A manutenção e abastecimento de máquinas e equipamentos deverão ser instalados
sobre bases impermeabilizadas, com dispositivos de proteção para não ocorrer contaminação
do solo por óleos e graxas e com direcionamento para o SSAOcom os líquid.
Prazo para comprovar implantação: 60 (sessenta) dias.”
Situações de desconformidade às condicionantes relacionadas ao armazenamento
de líquidos inflamáveis e combustíveis e às áreas de abastecimento foram registradas nas
lavras de extração de granito visitadas (Figs. 14 e 15).

5.7 Resíduos sólidos

Segundo a Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei 12.305/2010), são definidos


como “Resíduos sólidos: material, substância, objeto ou bem descartado resultante de
atividades humanas em sociedade, a cuja destinação final se procede, se propõe proceder ou
28

se está obrigado a proceder, nos estados sólido ou semissólido, bem como gases contidos em
recipientes e líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede
pública de esgotos ou em corpos d’água, ou exijam para isso soluções técnica ou
economicamente inviáveis em face da melhor tecnologia disponível”
Assim como nas cidades, a disposição de resíduos é um grande problema para
mineradoras, sendo o seu acondicionamento e destinação cobrados rigorosamente pelos
órgãos ambientais competentes e contidos em condicionantes descritas em Licenças de
Operação- LO, classe IV, para atividade de extração de granitos no estado do Espírito Santo:
“Acondicionar e destinar adequadamente lixos, sucatas e outros resíduos gerados pela
atividade, dando especial atenção aos materiais passíveis de reciclagem, zelando assim pela
higiene, segurança e aspecto visual da região. Prazo: apresentar comprovação no prazo de
120 dias.”
“Dispor de documento que comprove a destinação final adequada para os resíduos de
óleos e graxas do empreendimento, incluindo-se os eventuais volumes de solo recolhidos em
função de ocorrência de derramamentos, mantendo este documento no escritório para efeitos
de fiscalização. Prazo: encaminhar comprovação juntamente como relatório anual de
atividades.”
Situações de desconformidade às condicionantes relacionadas à disposição de resíduos
sólidos foram registradas nas vistorias realizadas nos empreendimentos de lavra de rochas
ornamentais (Figs. 16, 17, 18 e 19).
29

5.8 Organização e limpeza das áreas operacionais

O armazenamento correto de máquinas e equipamentos é fundamental para prevenir


possíveis contaminações ao meio ambiente, garantir a segurança dos trabalhadores e
preservar o bom estado e a durabilidade dos mesmos.
A organização de equipamentos na frente de lavra é um dos problemas mais
frequentemente encontrados dentro das minas (Figs. 20, 21 e 22).
30

6 MEDIDAS MITIGADORAS

6.1 Documentos a serem mantidos na lavra

Na frente da lavra devem ter cópias autenticadas de alguns documentos importantes.


Esses documentos comprovam a regularidade do empreendimento, além de terem que ser
apresentados toda vez que a pedreira for vistoriada pelos órgãos ambientais competentes.
Esses documentos são:
a) Cópia autenticada da licença ambiental válida;
b) planta de detalhe da lavra;
c) cópia autenticada do Título Autorizativo de Lavra emitida pela ANM;
d) alvará do Corpo de Bombeiros (se houver);
e) cópia da Autorização de Exploração Florestal emitida pelos órgãos responsáveis de
cada estado. Exemplo (IDAF- ES e IEF-MG);
f) certidão de Uso Insignificante emitida pelo órgão responsável de cada estado.
Exemplo (AGERH- ES e IGAM-MG);
31

g) relatórios de cumprimentos das condicionantes e seus protocolos de recebimento pelo


órgão ambiental;
h) comprovantes de destinação de resíduos;
i) manifesto de Transporte de Resíduos- MTR’s

6.2 Frente de lavra

A frente de lavra deve manter um padrão com taludes regulares de sete metros de altura
máxima e 45 graus de inclinação de peito de talude, em degraus (“degralizados”) até sua
altura máxima (“cota máxima”), (Figs. 24 e 25).
Além dos taludes, deve-se manter pátio de manobras com piso regular, apresentando
sistemas de drenagens; o pátio deverá estar com inclinação para o sentido da rocha e os
depósitos de blocos devem estar dispostos de forma organizada (Figs. 23 a 26).
32

6.3 Sistema de drenagem

A técnica da caixa seca é normalmente encontrada em empreendimentos de lavra


de rochas ornamentais. Ela nada mais é que um buraco cavado em encostas nas
margens das estradas que capta a água da chuva e os sedimentos levados por ela. Segundo o
33

Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) a técnica


evita enxurradas, voçorocas, assoreamento dos rios e depredação das estradas. Além disso,
contribui para o abastecimento do lençol freático e a vazão dos rios.
Durante a abertura de frente de lavra, da praça de trabalhos, das estradas de acesso e
das áreas destinadas às pilhas de rejeitos, devem ser instaladas as canaletas de drenagem
(“valetas”), caixas secas e bacias de sedimentação, para evitar processos erosivos e
carregamento de sedimentos aos corpos d’água da região e manter boa trafegabilidade das
vias (Figs. 27, 28 e 29).
34

Também se faz necessária a construção de uma contenção abaixo do depósito de


rejeito/estéril com enteras e blocos de rocha sem valor comercial. Abaixo da linha de blocos,
deverá ser construída uma bacia de sedimentação para o bota-fora, abrangendo a base do
futuro depósito. A bacia deve ter profundidade de cerca de 1,5 a 2,5 metros e largura de 3 a 4
metros, sendo o suficiente para reter não somente o carreamento de sólidos, mas também
possíveis rolamentos de matacões (Figs. 30 e 31).
35

6.4 Vias de acesso

Segundo Curi (2017), boas estradas de rodagem são um dos mais importantes
requerimentos na prática de minas a céu aberto e seu layout constitui uma importante tarefa.
Uma estrada deve ser projetada num local que permita a remoção de material ao longo de
uma curta e rápida rota na mina.
Os principais objetivos do projeto de estradas para minas a céu aberto são eficiência das
operações mineiras e segurança.
Em geral, existem algumas considerações a serem feitas na construção de uma estrada,
como a grade ou inclinação, em relação ao desempenho dos caminhões acerca da velocidade
e da frenagem. Como regra geral, a melhor grade está na faixa de 8 a 10%, que é a taxa
máxima normalmente permitida (CURI, 2017).
A regra geral é projetar estradas que tenham larguras compatíveis com as unidades de
transporte. Estradas nas cavas ou bancadas na mina, em geral,são construídas em linha única
e apenas uma direção de tráfego ou duas linhas e duas direções de tráfego, visando uma baixa
densidade de tráfego devido aos problemas de espaço (CURI, 2017).

6.4.1 Proteção e sinalização (NORMAS)

Cabe ao dono da obra, além da responsabilidade da realização do Plano de Segurança,


nomear o Responsável pela Segurança da na obra e indicá-lo ao responsável pela Direção
Técnica da Obra e ao Diretor de Obra (CURI, 2017).
Obrigações do Responsável pela segurança na obra:
a) Fazer cumprir, em todas as circunstâncias, todas as normas de Segurança individuais e
coletivas, nomeadamente: as obrigatórias por lei, as estabelecidas no Plano de Segurança, e
outras que entender por bem fazer cumprir, tendo como intuito minorar o risco de acidentes
nos trabalhos a executar;
b) seguir as normas NR 22, segurança e saúde ocupacional na mineração, NRM Norma
Reguladora de Mineração e NRM 13 Circulação e Transporte de Pessoas e Materiais nas
construções de acesso e durante o processo de extração.
A capacidade e a velocidade máxima de operação dos equipamentos de transporte,
assim como informações pertinentes à segurança da operação e dos trabalhadores, devem
figurar em placa afixada em local visível (Figs. 32 e 33).
36

Nas laterais das bancadas ou estradas, onde houver risco de quedas de veículos, devem
ser construídas leiras com altura mínima correspondente à metade do diâmetro do maior pneu
de veículo que por elas trafegue, sinalizadas para tráfego diurno e noturno e mantidas sempre
em condições de uso (CURI, 2017) As vias de circulação e acesso das minas devem ser
sinalizadas de modo adequado para a segurança operacional e dos trabalhadores (CURI,
2017) Situações reais instaladas nos empreendimentos com intuído de possibilitar maior
segurança nas pistas de rolamentos, registrados em visitas aos empreendimentos de lavra de
rochas ornamentais (Figs. 34, 35, 36, 37 e 38).
37

6.5 Depósito de estéreis (bota-fora)

O depósito de estéril é definido pala NBR 13029 (ABNT/NB 1465) de 07/2017, que diz
dispõe sobre a elaboração e apresentação de projeto de disposição de estéril em pilha
específica.
Devem ser seguidos alguns requisitos mínimos para a elaboração e apresentação de
projeto de pilha para disposição de estéril gerado por lavra de mina a céu aberto ou de mina
subterrânea, visando atender às condições de segurança, operacionalidade, economia e
desativação, minimizando os impactos ao meio ambiente.
38

Os fragmentos de rochas que não possuírem utilização comercial devem ser usados
para delimitação das vias de acesso, do depósito de estéril e demais locais da lavra, como
forma também de conter o rolamento de blocos para as estradas, evitando acidentes.

6.5.1 Preparação da Fundação

A limpeza da cobertura vegetal deve ser executada, caso a pilha seja construída em área
de mata densa ou floresta, desde que devidamente autorizada pelo órgão ambiental
competente (ABNT, 2006).
De acordo com Eaton et al. (2005), os depósitos espessos de solos orgânicos ou
turfosos devem ser removidos favorecendo assim a estabilidade, pois estas camadas podem
funcionar como uma superfície desfavorável entre o terreno de fundação mais resistente e o
material da pilha. Quando os depósitos de solos moles são pouco espessos e a remoção seria a
opção óbvia; análises devem ser realizadas a fim de se verificar se o processo de disposição
de estéril deslocará ou adensará, suficientemente, o terreno de fundação fraco. Caso positivo,
a remoção ou outras medidas de remediação podem ser evitadas.
No local deverão ser executados os serviços de drenagem e desvio dos cursos d’água
pluviais porventura existentes. Os drenos de areia/pedregulhos podem ser uma alternativa nos
casos de áreas com surgências ou solos úmidos, direcionando a água para uma vala coletora.
Os drenos de fundo podem consistir em colchões ou valas preenchidas de pedregulhos. Nos
locais onde se espera grandes vazões, tubos perfurados podem ser instalados de modo a
garantir maior vazão (EATON et al., 2005). Um dreno de pedras de mão pode ser necessário
no pé de empilhamentos de estéreis em vale fechado (Fig. 39).
39

Em qualquer caso, os benefícios e o desempenho dos drenos devem ser avaliados


sempre que possível e acompanhados no tempo por meio de monitoramento. A formação de
um aterro para adensar o solo de fundação é uma alternativa à remoção e à drenagem de solos
fracos e saturados. Esses pré-carregamentos consistem, tipicamente, de aterros de 10 a 15 m
(EATON et al., 2005).

6.5.2 Controle de Água Superficial

Segundo McCarter (1990), as pilhas de estéreis frequentemente cobrem grandes áreas e


certos cuidados precisam ser estabelecidos no sentido de controlar a água superficial. Essa
deve ser manejada de modo a impedir a saturação dos taludes expostos, prevenindo o
desenvolvimento de superfície freática dentro da pilha, protegendo a estrutura contra a perda
de finos por piping, que é o aparecimento de canais, por erosão, no interior da estrutura de
contenção, além de minimizar erosões superficiais ou o desenvolvimento de rupturas por
fluxo de água nas superfícies dos taludes.
A água superficial proveniente da precipitação ou de outras fontes deve ser coletada e
direcionada para canais de escoamento ao redor da estrutura ou conduzida por drenagem
interna.
Desvios da água superficial são frequentemente viáveis em pilhas construídas em
encostas ou em áreas planas, mas são difíceis de serem incorporados no caso de pilhas em
vales fechados e curtos e aterros que cruzam vales extensos (MACHADO,2021).
A plataforma de disposição da pilha deve ter um caimento de 2%, a partir da crista, para
direcionar a água coletada para uma valeta situada na parte posterior da plataforma (EATON
et al., 2005).
Dreno de fundo de enrocamento são utilizados para captação de água interna de barragens e
podem ser uma alternativa viável e econômica frente a canais de desvios de superfície, que
são construções caras e de difícil manutenção. Os drenos de fundo de enrocamento são
geralmente aceitáveis, no caso de fluxo de até 20 m3/s (EATON et al., 2005).

6.5.3 Método Construtivo

A disposição de estéril é feita normalmente por meio de camadas espessas, formando uma
sucessão de plataformas de lançamento espaçadas a intervalos de 5 m ou mais. A estabilidade
do aterro pode aumentar, controlando a largura e o comprimento das plataformas, e o
40

espaçamento vertical entre elas. Entre as plataformas deixam-se bermas, tendo como
finalidade facilitar o acesso, auxiliar na drenagem superficial e controle de erosão, além de
suavizar o talude geral da pilha (EATON et al., 2005). A pilha pode ser construída de forma
descendente ou ascendente. A construção ascendente (Fig. 40) é preferida porque cada
alteamento sucessivo é suportado pelo anterior, cujo comportamento pode ser documentado e
compreendido.

Qualquer ruptura terá de passar pelo banco anterior, que também atua como apoio
para o pé do talude do banco e fornece certo confinamento para os solos de fundação. Outro
ponto positivo é que o pé de cada banco é suportado em uma superfície plana, ou seja, na
berma superior (EATON et al., 2005; Fig. 43).
41

Segundo Machado (2021), a construção de pilha pelo método ascendente pode dar-se
de duas formas: por camadas ou por bancadas. Na construção por camada, a pilha vai sendo
desenvolvida em horizontes com espessura de até 1,5 m (camada); já na construção por
bancada, a pilha (Fig. 41) vai desenvolvendo na altura de um banco (5, 10, 15, 20 m, por
exemplo).
A construção ascendente permite que sejam deixados terraços ou bermas. São
resultantes quando, em alteamentos sucessivos, a disposição não se estende até a crista da
plataforma anterior, deixando assim uma berma (MACHADO,2021).

6.5.4 Operação

A disposição do estéril deve ser feita, preferencialmente, ao longo do comprimento da


crista, de modo a fazer com que seja a mais longa possível, minimizando a taxa de avanço de
elevação do aterro, o que favorece a estabilidade. A disposição deve ser planejada de modo a
tirar máximo proveito das condições geomorfológicas do terreno, particularmente onde o
avanço da disposição ocorre sobre terrenos muito íngremes (BC MINE WASTE ROCK PILE
RESEARCH COMMITTEE, 1991). No desenvolvimento de uma pilha, a disposição deve ser
feita em vários setores, não utilizando um único local.
O uso de várias frentes permite a suspensão temporária em setores com excessiva
subsidência, até que condições favoráveis se estabeleçam. O monitoramento do
comportamento do aterro durante a disposição é um fator crítico no sentido de se estabelecer
uma taxa adequada de alteamento da pilha (BC MINE WASTE ROCK PILE RESEARCH
COMMITTEE, 1991). Algumas restrições de operação devem ser obedecidas no
desenvolvimento da pilha. O desempenho da estrutura deve ser monitorado visualmente em
todo o tempo e por meio de instrumentos. Quando ocorrer alguma subsidência anormal e esta
atingir um limite especificado por hora ou por dia, medidas devem ser impostas, tais como
suspensão de disposição, redução na taxa de disposição ou o uso de material grosso
selecionado (EATON et al., 2005).
Materiais rochosos grossos e duráveis devem ser colocados em ravinas e gargantas, no
leito de cursos d’água bem definidos e diretamente sobre terrenos íngremes.
Isto aumentará a resistência ao cisalhamento do contato e permitirá uma drenagem de
fundo. Os materiais de baixa qualidade, friáveis e finos devem ser colocados nas porções
mais elevadas da pilha, mas fora de zonas de escoamento superficial. Uma outra maneira de
trabalhar com os materiais de qualidade ruim é dispô-los em células de uma maneira
42

organizada, de modo a não formar uma zona favorável de ruptura (BC MINE WASTE ROCK
PILE RESEARCH COMMITTEE, 1991).
Nos locais onde a estabilidade da pilha é difícil de ser prevista, a disposição inicial deve
ser realizada como um teste, de forma a permitir verificações das hipóteses de projeto. A
geração de poropressão e taxas de dissipação são muito difíceis de serem previstas de forma
acurada, com base apenas em ensaios de laboratório. Portanto, medidores de poropressões
devem ser instalados em fundações problemáticas, de modo a permitir a preparação de um
modelo de desenvolvimento de poropressões que reflita as medidas de campo. A pilha deve
ser projetada considerando também os objetivos de longo prazo a serem exigidos pela
reabilitação. Isso pode reduzir os custos, aumentar a estabilidade de curto prazo na
construção e proporcionar menos problemas operacionais.
Os objetivos da reabilitação devem incluir garantia de estabilidade de longo prazo,
controle de erosões no longo prazo, garantir que a água liberada pela pilha no meio ambiente
seja de uma qualidade aceitável e que o uso da terra futuro e as metas de produtividade sejam
alcançadas (BOHNET & KUNZE, 1990).

6.6 Área de abastecimento

Na área de abastecimento, o armazenamento de líquidos inflamáveis e combustíveis


deverá ocorrer em conformidade com as recomendações da norma ABNT NBR 17505-1 de
2013, que detalha os requisitos mínimos necessários para uma instalação segura e
ambientalmente correta no armazenamento de líquidos inflamáveis e combustíveis.
Para projetos de instalações de pequeno e médio volume, recomenda-se a consulta da
norma brasileira NBR 15.776, que trata da infraestrutura para Sistemas de Armazenamento
Aéreo de Combustíveis (SAAC).
No local de abastecimento de combustível não deverá ocorrer vazamentos e
contaminações, portanto deve ser feito em local coberto, com piso impermeabilizado e
provido de canaletas de contenção que direcionem o efluente para sistema de coleta.
Segundo a NBR 7505-1, que trata da armazenagem de líquidos inflamáveis e
combustíveis, a bacia de contenção do tanque de abastecimento, ou do IBS de diesel, deverá
ser dimensionada com 10% a mais do volume total do recipiente e estar disposta sobre local
coberto, devendo ser previstos dispositivos que impeçam a entrada de águas de chuva.
Desta forma, sugere-se a construção de uma estrutura adequada para realizar o
abastecimento das máquinas/equipamentos, conforme modelo recomendado para área de
43

abastecimento, seguindo o preceito: piso impermeabilizado, muro (mureta) de contenção,


cobertura (com projeção para fora do piso de onde ocorrerá as atividades) e estrutura
interligada com caixa coletora (Figs. 42 a 46).
44
45

Próximo à área de abastecimento, pode ser instalada também a área de manutenção de


máquinas/equipamentos. Importante atentar que a mesma deve seguir os mesmos preceitos da
construção da área de abastecimento: o local deverá conter piso impermeabilizado, cobertura
e ser provido de canaletas de contenção que direcionem o efluente para sistema de coleta
conforme a norma da ABNT NBR 17505-1 (Figs. 47, 48 e 49).
46

É importante citar que tais sistemas devem ser devidamente dimensionados para a
instalação e correta execução. Para tanto há necessidade de se realizar as
medições/estimativas de vazões para o correto dimensionamento.
47

6.7 Resíduos Sólidos

Na gestão e gerenciamento de resíduos sólidos, deve ser observada a seguinte ordem de


prioridade: não geração, redução, reutilização, reciclagem, tratamento dos resíduos sólidos e
disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos, seguindo as diretrizes da Política
Nacional de Resíduos Sólidos (Art. 9º da Lei 12.305/2010).
A classificação é realizada de acordo com a ABNT NBR 10004, na qual os resíduos
perigosos são classificados como resíduos classe I e os resíduos não perigosos são
classificados como classe II; esses são subdivididos em classe II A, que são os resíduos não
inertes e classe II B, inertes.
O Art. 33 da Lei nº 9.264/2009, que institui a Política Estadual de Resíduos Sólidos,
dispõe que os geradores são responsáveis pela gestão de seus resíduos, enquanto o Art. 35
determina que os geradores de resíduos sólidos ficam obrigados a, in verbis:

I - Buscar a adoção de tecnologias de modo a absorver ou reaproveitar os resíduos


sólidos;
II - Articular a implementação da estrutura necessária para garantir o fluxo de
retorno dos resíduos sólidos reversos, com o segmento responsável;
III - Promover campanhas educativas continuadas para a população com vistas à
implementação da coleta diferenciada, quando aplicável;
IV - Manter atualizadas e disponíveis para consulta pelos órgãos competentes,
informações completas sobre as atividades e controle do manuseio dos resíduos
sólidos de sua responsabilidade;
V - Atender as exigências estabelecidas pelo órgão ambiental quanto aos produtos
que, por suas características exijam ou possam exigir sistemas especiais para
acondicionamento, armazenamento, coleta, transporte, tratamento ou destinação
final, mesmo após o consumo.

Para atender as exigências descritas através das condicionantes ambientais, as empresas


devem contar com um sistema efetivo de coleta seletiva de resíduos, bem como o correto
acondicionamento e armazenamento temporário dos mesmos antes da sua disposição final. É
importante ressaltar a responsabilidade da empresa como fonte geradora de resíduos e
adequar os desvios encontrados a fim de atender as legislações ambientais vigentes e realizar
o adequado gerenciamento, armazenamento e destinação dos resíduos sólidos, domésticos e
industriais gerados. Essa adequação inclui um padrão de coletores com identificação (Fig.
50), placas informativas, treinamento dos funcionários e uma rotina de destinação adequada,
a fim de evitar transbordo das baias de resíduos.
48

Para a implementação da coleta seletiva, a Resolução nº 275, de 25 de abril de 2001


estabelece o código de cores para os diferentes tipos de resíduos a ser adotado na
identificação de coletores e transportadores, bem como nas campanhas informativas para a
coleta seletiva (Fig. 51).

Para áreas administrativas e de convívio social deve-se instalar coletores menores (Fig
52), bom como coletores específicos para determinado tipo de resíduo que se façam
necessários em cada empreendimento (Fig. 53).
49

A destinação varia de acordo com o resíduo gerado, sendo que a empresa deve priorizar
a triagem, reutilização, reciclagem, reservação ou destinação mais adequada, conforme as
legislações federal e estadual. Os resíduos secos (passíveis de reciclagem) poderão ser
encaminhados para os EcoPontos mais próximos ou a coleta pública municipal, que também
pode receber os resíduos úmidos (não recicláveis). Esses resíduos devem ser segregados na
fonte geradora e acondicionados em coletores, conforme a Resolução CONAMA nº
275/2001.
A emissão do Manifesto de Transporte de Resíduos (MTR) é legalmente exigida no
país desde 01 de janeiro de 2021, conforme promulgação da Portaria do MMA n° 280, de 29
de junho de 2010. Até esta data sua utilização era voluntária; agora só são aceitos pela
fiscalização e pelas empresas de destinação final os MTRs emitidos através do Sistema MTR.
Sempre manter arquivados na empresa, para consulta do órgão ambiental todas as
documentações comprobatórias de destinação final dos resíduos sólidos (notas fiscais de
venda, recibos de doação, destinação, outras), que deverão estar em conformidade com as
informações fornecidas no relatório de movimentação de resíduos sólidos e no controle de
MTR’s.

6.8 Organização e limpeza das áreas operacionais

Os equipamentos de pequeno porte, como ferramentas elétricas e manuais, devem ser


organizados e mantidos em locais secos e protegidos da umidade, uma vez que os
equipamentos podem conter óleo ou graxa. Para máquinas e equipamentos de grande porte,
delimitar uma área de estacionamento com piso impermeabilizado, caso ocorra vazamentos
50

de óleo, além de manter a organização da área de lavra, pois quando não guardadas no local
correto elas podem prejudicar o fluxo das atividades operacionais.
É importante também orientar os colaboradores para que, ao terminarem suas
atividades, façam a limpeza e organização das suas frentes de trabalho, encaminhando os
resíduos para os seus respectivos coletores e guardando os materiais utilizados em locais
próprios, promovendo o aumento da produtividade, da vida útil dos equipamentos, evitando
desperdício de material, e gerando um ambiente mais seguro e satisfatório para trabalhar.
Para que os equipamentos de uso diário fiquem dispostos adequadamente na área da
lavra e a fim de evitar contaminações devido à presença de possíveis materiais contaminados
com óleos e graxas, recomenda-se a implantação de estrutura simples, feita de enteras e
blocos inservíveis da lavra, cuja cobertura pode ser de telhas (Fig. 54), outra opção é a
estrutura móvel (Fig. 55).

51

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

As condições das áreas apresentadas na formulação dos problemas demostram a falta


de planejamento da atividade em decorrência de uma consciência ambiental imatura do
empreendedor e muitas vezes realizada na ausência de profissional tecnicamente habilitado.
Apesar de potencialmente degradadoras, as atividades exercidas pelas empresas de
lavras de rochas ornamentais possuem um importante papel social por ser geradora de
empregos e arrecadações de impostos para os municípios a que pertencem.
Diante das condições de operacionalidade encontradas nas empresas, o procedimento
inicial recomendado seria introduzir modificações no método de trabalho, evitando assim
interrupções indesejáveis por questões técnicas e/ou ambientais.
É necessária a aplicação de técnicas de manejo sustentável na área, com ênfase em
revegetação, minimizando o impacto visual provocado pelas pilhas de estéril/rejeito, visando
proteger áreas de drenagem e promovendo o controle das erosões.
Embora a atividade mineradora tenha grande potencial de degradação da vegetação e
do solo, é evidente que a falta de profissionais capacitados acarretam em maiores agravos
para o meio ambiente, portanto, é de extrema importância que o minerador busque
trabalhadores com qualificações no ramo ambiental para desenvolver uma atividade
minerária lado a lado com a sustentabilidade.
A consciência da necessidade de reparar os danos causados à natureza associada à força
de vontade para agir é a atitude que está acima de qualquer obrigação imposta pela lei.
52

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