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XXII ENTMME / VII MSHMT – Ouro Preto-MG, novembro 2007.

Tratamento e Aproveitamento De Resíduos De Rochas Ornamentais


Antonio Rodrigues de Campos1 ; Nuria Fernández Castro2
1,2
Coordenação de Apoio Tecnológico à Micro e Pequena Empresa – CATE
Centro de Tecnologia Mineral – CETEM/MCT - (21) 38657220 – www.cetem.gov.br
Av. Pedro Calmon, 900 – Cidade Universitária – 21941-908 Rio de Janeiro – RJ
1
acampos@cetem.gov.br, 2 ncastro@cetem.gov.br

RESUMO

A atual tendência na industria mineral de desenvolver processos mais limpos e melhor planejados, começa
mostrar outros benefícios além dos sociais e de conservação ambiental, como é o retorno econômico aos
investimentos realizados nesse sentido, que gera a transformação dos antigos rejeitos em subprodutos. No
caso do setor de rochas ornamentais, cujo principal impacto ambiental é, precisamente, a grande quantidade
de resíduos gerados, esse retorno pode ser bem maior, proporcionalmente, aos de outros setores da
mineração. Na lavra e no processamento das rochas ornamentais, em conjunto, pode chegar a 70% o material
extraído e não aproveitado, sendo constituído de resíduos grossos, finos e ultrafinos. A maior quantidade
desses resíduos é produzida nas pedreiras, sendo, em sua maioria, blocos de tamanhos irregulares, blocos com
defeitos, pedaços de blocos, casqueiro e lascas de rochas, havendo também produção de lamas com materiais
finos, devido ao uso da água para a refrigeração dos equipamentos de corte. Nas serrarias e marmorarias,
embora se produzam também pedaços maiores (aparas, lascas), o principal problema é a geração de resíduos
finos e ultrafinos, em sua maioria misturados com água e, nas serrarias de médio e grande porte e nas
marmorarias, misturados também com granalha, abrasivos e diversos produtos químicos. No presente trabalho
faz-se uma descrição da metodologia de gestão de resíduos provenientes da cadeia produtiva da industria de
rochas ornamentais e das diversas aplicações industriais com aproveitamento econômico dos mesmos,
mostrando casos brasileiros e do exterior.

Palavras-chave: Rejeitos, Rochas Ornamentais, Tratamento.

ABSTRACT

Cleaner technologies and better planned projects for the mineral industry are improving, nowadays, not just
the environmental protection. Social benefits are also coming from the economic use of wastes, that can
actually be considered as by-products. Within the ornamental stones sector, those benefits can reach even
higher levels than for other extractive industries. Quarries and processing workshops can generate up to 70%
of wastes that are ultra-fines, fines, and gross residues. Most of them are produced in the quarries, being
irregular and imperfect blocks and little pieces and also, sometimes, mud from the cutting equipment. The
processing workshops wastes are mostly fines and ultra-fines, mixed with water and abrasives and other
chemicals used for polishing and finishing the stones. This paper describes a methodology for stones
industries wastes management and their economic use in other kind of industries, with examples from Brazil
and outside the country.

Keywords: Wastes, Ornamental Stones, Processing

1. INTRODUÇÃO
XXII ENTMME / VII MSHMT – Ouro Preto-MG, novembro 2007.

A gestão de resíduos na indústria mineral é muito importante, principalmente em se tratando de


rochas ornamentais, tendo em vista que a quantidade de resíduos é muito grande em relação a outros bens
minerais. A lavra (extração) e o processamento das rochas ornamentais (mármore, granito, quartzito, ardósia e
outras) produzem, em todas as suas etapas (lavra, beneficiamento e acabamento), uma quantidade expressiva
de resíduos sólidos (perdas), que atingem a faixa de 65 a 75%, em média. Além de representarem perdas na
produção, esta quantidade expressiva de resíduos vai afetar o meio ambiente e à produtividade. Muitas vezes,
principalmente em se tratando de micro e pequenas empresas, grande parte desses resíduos são largados nas
próprias pedreiras, causando um grande impacto ambiental visual e estético, como mostra a figura 1.

Figura 1 – Rejeito deixado na própria pedreira

Esses valores de perdas, ficando a recuperação em produtos vendáveis (chapas, ladrilhos, lajinhas e outros
tipos) , na faixa dos 25 a 35%, acontecem tanto nas grandes como nas pequenas empresas. Há casos em que
os resíduos produzidos na fase do desmonte de rocha são estocados de forma inadequada, prejudicando,
inclusive, a própria seqüência dos trabalhos de extração, e, além disso, criando riscos de acidentes,como pode
ser visto na Figura 2.
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Figura 2 – Disposição inadequada dos rejeitos da lavra

Uma das razões para esse grande volume de perdas na indústria extrativa de rochas ornamentais é que, nos
últimos 54 anos, a indústria extrativa de mármores e granitos foi muito impulsionada pela crescente demanda
de materiais para exportação, acontecendo, no final da década de 80, um verdadeiro ”boom” do setor no
Brasil, sendo denominada como a “nova idade da pedra”. E não houve, nesse período, um desenvolvimento
tecnológico, à altura, de maneira a poder atender a esse grande aumento de consumo, com uma tecnologia
adequada, atualizada, de extração e beneficiamento.

Esta grande quantidade de perdas (resíduos) tem, também, a ver com a natureza da rocha, além do tipo de
tecnologia aplicada e a mão de obra utilizada. Portanto, essa grande quantidade de resíduos gerada na
exploração das rochas ornamentais pode ser fortemente reduzida se houver um maior investimento na
pesquisa geológica, nas tecnologias aplicadas na lavra e no beneficiamento, assim como um melhor preparo
técnico da mão de obra utilizada.

Quando se trata das micros e pequenas empresas, esse problema de geração de resíduos torna-se mais
complicado, pois elas têm mais dificuldades no acesso a financiamentos para os seus projetos, à tecnologias
mais apropriadas e para uma melhor qualificação da mão de obra. Em relação a esta última, em muitos casos,
as pessoas se dirigem para esse tipo de trabalho, sem nenhum preparo técnico para o mesmo.

Devido à carência tecnológica, elas empregam métodos rudimentares de extração e de beneficiamento


(passados de pai para filho), que causam depredação de reservas minerais, grandes perdas de material e
maiores impactos ambientais.

Com o advento dos Arranjos Produtivos Locais de Base Mineral, implantados pelo governo federal, órgãos de
pesquisa, como o Centro de Tecnologia Mineral, CETEM, têm conseguido dar um maior apoio tecnológico às
micro e pequenas empresas de mineração e a pequenos empresários desta área, que normalmente atuam juntos
em uma mesma jazida de um determinado bem mineral, como nos casos da exploração da pedra paduana
(Miracema) em Santo Antonio de Pádua – RJ, os quartzitos, em Pirenópolis – GO, as ardósias em Papagaios-
MG, e a pedra São Tomé, também em Minas Gerais.

2. PREOCUPAÇÃO AMBIENTAL
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As preocupações com a preservação do meio ambiente apareceram nos anos 80, embora algumas
empresas, na década de 70, já se preocupassem com esse tema, o que acabou se refletindo, também, no setor
de mineração. Pode-se identificar no setor de mineração brasileiro, três grandes fases: a primeira fase até os
anos 60, onde a visão ambiental incidia mais nos casos relacionados estritamente à saúde humana, controle de
águas e as condições de ambiente de trabalho; a segunda, dos anos 70 a 80, com discussões de questões mais
amplas, com a poluição ambiental e o crescimento das cidades, culminando com a visão de futuro, relativo ao
meio ambiente, como um ecossistema global; e a terceira, a partir dos anos 90, que posicionou o paradígma
do desenvolvimento sustentável como o grande desafio, ou seja: equacionar o desenvolvimento econômico e
social, com a preservação do meio ambiente. Atualmente é impossível desenvolver qualquer tipo de projeto
extrativo sem planejar a minimização e reparação dos impactos ambientais que podem ser gerados. No caso
específico das rochas ornamentais, os resíduos sólidos são os maiores causadores de impactos e uma boa
gestão desses resíduos é absolutamente necessária.

3. OS RESÍDUOS E SUAS CLASSIFICAÇÕES

3.1. Análise
A Norma NBR 10004, revisada em 2004, define Resíduos Sólidos da seguinte forma: são resíduos
nos estados sólido e semi-sólido, que resultam de atividades de origem industrial, doméstica, hospitalar,
comercial, agrícola, de serviços e de varrição. Estão incluídos nesta definição os lodos provenientes de
sistemas de tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle de poluição, bem
como determinados efluentes, contendo partículas finas e ultrafinas de rochas ou minerais.

A classificação dos resíduos gerados em uma atividade é o primeiro passo para estruturar um plano
de gestão adequado. A partir da classificação, é que serão definidas as etapas de coleta, transporte da amostra,
homogeneização, caracterização e a decisão da destinação final, de acordo com cada tipo de resíduo gerado.

Os métodos de caracterização de resíduos sólidos são geridos pelas normas da ABNT NBR nos
10004 e anexos (classificação de resíduos sólidos), 10005 (procedimento para obtenção de extrato lixiviado
de resíduos sólidos), 10006 (procedimento para obtenção de extrato solubilizado de resíduos sólidos) e 10007
(amostragem de resíduos sólidos), classificando os resíduos quanto aos seus riscos potenciais ao meio
ambiente e à saúde pública, para que estes resíduos possam ter manuseio e destinação adequados.

Com isso, os resíduos são classificados em duas classes:

Classe I -Perigosos

Classe II - Não Perigosos. Estes podem ser, por sua vez:

Resíduos Inertes são quaisquer resíduos que, quando amostrados de uma forma representativa,
segundo a ABNT NBR 10007, e submetidos a um contato dinâmico e estático com água destilada ou
deionizada, à temperatura ambiente, conforme ABNT 10006, não tiveram nenhum dos seus
constituintes solubilizados a concentrações superiores aos padrões de potabilidade da água,
excetuando-se aspecto, cor, turbidêz, dureza e sabor, conforme anexo G, da NBR 10004.

Não inertes são aqueles que não se enquadram nas classificações de resíduos classe I (Perigosos) ou
de resíduos Inertes. Os resíduos Não Inertes, podem apresentar propriedades como
biodegradabilidade, combustibilidade ou solubilidade em água. Um exemplo de Resíduo Não Inerte
é o lixo comum gerado em qualquer unidade industrial (proveniente de restaurantes, escritórios,
banheiros etc).

4. CONCEITO DE RESÍDUOS NA CADEIA PRODUTIVA DE ROCHAS


ORNAMENTAIS
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Os resíduos na cadeia produtiva de rochas ornamentais, são classificados, normalmente, por


tamanho, em resíduos grossos, finos e ultrafinos. Os resíduos grossos são encontrados, nas pedreiras, nas
serrarias e nas marmorarias. Os resíduos finos e ultrafinos são mais comuns na serrarias e marmorarias,
formados por ocasião do corte da rocha.

Os resíduos grossos das pedreiras, normalmente são constituídos de blocos de tamanhos irregulares,
blocos com defeitos, pedaços de blocos, casqueiro (material retirado dos blocos por ocasião do aparelhamento
dos mesmos), lascas de rochas, entre outros. Os resíduos grossos das serrarias e marmorarias são constituídos,
principalmente de aparas (material resultante do aparelhamento das placas), pedaços de peças e lascas de
rochas.
Os resíduos finos e ultrafinos ocorrem também nas pedreiras, mas é um tipo de resíduo característico
das serrarias e marmorarias. Esses finos e ultrafinos, em alguns tipos de serrarias, formam efluentes juntos
com a água usada na refrigeração. Em serrarias composta de teares, esses finos e ultrafinos vêm
acompanhados de água, cal e granalha, formando a lama abrasiva.

Ressalta-se, ainda, os finos produzidos nas operações de acabamento das placas (polimento), que
contêm produtos químicos e componentes dos abrasivos usados no polimento.

De todos esses tipos de resíduos, os que provocam maior impacto ao meio ambiente são os efluentes
das serrarias, com teares, que é a famosa lama abrasiva, bem conhecida em Cachoeiro de Itapemirim e Nova
Venécia, no estado do Espírito Santo.

5. GERENCIAMENTO OU GESTÃO DE RESÍDUOS

Os mesmos preceitos da implantação de qualquer sistema de gestão devem ser aplicados no caso de um Plano
de Gerenciamento de Resíduos (PGR). Isso significa adotar os passos apresentados, a seguir.

1) Planejamento

• Levantamento dos aspectos ambientais (Geração, Classificação e Quantificação)


• Requerimentos legais e outros (Exigências do Cliente, Principais regulamentações
relacionadas à gestão de resíduos etc)

• Definição dos objetivos (direcionamentos gerais) e metas (numéricas e temporais)

2) Implementação e operação

• Estrutura e responsabilidade
• Treinamento, consciência e competência
• Manuseio e acondicionamento
• Pré-tratamento
• Destinação final
• Documentação do PGR

3) Revisão da Gestão e Melhoria Contínua do PGR

Sumarizando, o PGR deve assegurar que todos os resíduos serão gerenciados de forma apropriada e segura, desde a
geração até a destinação final, e deve, portanto, envolver as seguintes etapas:

1) Geração (fontes)
2) Caracterização (classificação e quantificação)
3) Manuseio
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4) Acondicionamento
5) Armazenamento
6) Coleta
7) Transporte
8) Reuso/Reciclagem
9) Tratamento
10) Destinação Final

6. GESTÃO DE RESÍDUOS DA LAVRA E BENEFICIAMENTO DE ROCHAS


ORNAMENTAIS

1) Gestão de Resíduos na Lavra de Rochas Ornamentais

Uma boa gestão na lavra, se faz com um bom planejamento desta. Isso sendo feito, a tendência é a
minimização de impacto ambiental e, conseqüentemente, de problemas com os órgãos ambientais. Esse
planejamento consiste, entre outros, de um bom conhecimento do jazimento, com os dados levantados na
etapa da pesquisa geológica, seleção do método de lavra, seleção dos equipamentos a serem utilizados, de
acordo com as características do jazimento, estrada de acesso ao jazimento, praça para as operações de
desmonte e manuseio de material, local apropriado para a disposição dos rejeitos da lavra. Com isto feito, a
tendência é a diminuição da quantidade de resíduos gerada nas operações de extração.

Com um planejamento bem feito, evita-se a disposição dos rejeitos da lavra em locais inadequados,
como normalmente se vê, quais sejam: locais dos drenos, encostas dos morros, com o conseqüente
assoreamento de rios e córregos, entre outros. E já nesta etapa já se pode iniciar os estudos para o
aproveitamento de, parte ou de todo, o resíduo gerado, bem como o plano de recuperação das áreas
degradadas.

A tendência mundial quanto aos resíduos das pedreiras é o total aproveitamento dos mesmos e, cada
vez é mais comum encontrar áreas sem eles, como é o caso das pedreiras de Porriño, na Galízia (Espanha),
um aglomerado de mais de 30 empresas que exploram granitos (rosas e cinzas), desde 1928 e com uma vida
estimada de mais de cem anos, em uma área de uns 4 km2. Os blocos irregulares o de pequeno tamanho são
aproveitados para a produção de ornamentos para jardins, praças públicas, varandas e os pedaços menores são
britados no local (que conta com uma planta de britagem industrial) e aproveitados como brita e aréia
artificial para construção. Em 2003 (IGME, 2006) foram produzidos 150.000 m3 em blocos, 165.000 m2 de
granito para cantaria e 1,6 milhão de toneladas de agregados.

No Brasil é cada vez mais frequente ver plantas de britagem nas pedreiras para aproveitamento dos
resíduos e se generalizando também a utilização de blocos menores para trabalhos de cantaria e construção
(meio-fios, paralelepípedos e outros) e a implantação de projetos de artesanato mineral, com o objetivo de
gerar emprego e renda para as comunidades próximas. Na região do Cariri cearense, onde se exploram
calcários laminados para uso em revestimentos, um convênio com a indústria Itapui Barbalhense de
Cimentos, dentro do projeto “Arranjo Produtivo Local (APL) dos Calcários do Cariri”, permitirá, não só a
recuperação de áreas pela retirada dos resíduos acumulados ao longo de mais de 30 anos de exploração
(resíduos que a empresa utilizará na produção de cimento), mas também o adequado planejamento das
operações extrativas, visando a utilização comercial dos rejeitos gerados, para o qual estão sendo
desenvolvidos diversos estudos, pelos parceiros do APL.

2) Gestão de Resíduos do Beneficiamento de Rochas Ornamentais (Serrarias)

A gestão de resíduos no beneficiamento de rochas ornamentais deve ser feita de tal forma que
minimize o impacto ambiental, procurando aproveitar, o máximo possível, os resíduos sólidos grossos e finos
gerados, estudando as possíveis aplicações industriais para os mesmos, bem como planejar e realizar a
recirculação da água no processo, por meio da instalação de tanques de decantação para separação água/sólido
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dos efluentes gerados na serragem dos blocos por meio de teares ou de serras de disco diamantado, nas
serrarias.
Especial atenção deve ser dada aos efluentes gerados na etapa de acabamento das placas, pois estes,
além de conter os componentes normais de um efluente gerado na serragem de blocos ou placas, têm ainda
diferentes substâncias químicas.
Os esforços na caracterização dos efluentes líquidos e resíduos sólidos gerados nas usinas de beneficiamento
de rochas (serrarias) devem ser dirigidos de forma criteriosa, tendo em vista que as rochas que são
beneficiadas apresentam composições mineralógicas variadas, passam por diversos tratamentos, nos quais são
acrescentados insumos de diferentes características físico-químicas, contribuindo assim para uma composição
final bem variada dos efluentes e dos resíduos sólidos contidos nos mesmos.

Partindo deste princípio, o planejamento ou a escolha do método de amostragem, para se conseguir a


representatividade da amostra, é de fundamental importância, seja para o projeto de tratamento do resíduo
(efluente) ou a sua disposição final.

De acordo com os princípios da sustentabilidade, tanto para a lavra como para o beneficiamento, o ideal é
escolher o processo, que conduza a uma menor geração de resíduos possível. O próximo passo é a
reutilização/reciclagem dos resíduos gerados, e, por último, é que se deve optar pelos aterros e depósitos de
resíduos das diferentes classes, no menor volume possível, após serem devidamente tratados.

Felizmente, a tendência na elaboração dos novos projetos, está sendo de seguir esses conceitos ou princípios
da sustentabilidade. Um bom exemplo é o do aproveitamento dos finos de corte da pedra de Santo Antônio de
Pádua (Rio de Janeiro), em que, em várias fases de estudos, foram desenvolvidos, tanques para o tratamento
dos efluentes das serrarias, que permitem a separação dos finos e a reciclagem da água utilizada e a aplicação
desses finos na fabricação de argamassa, que culminaram com a instalação de uma fábrica de argamassa na
região (em construção). A importância desse trabalho foi já reconhecida com diversos prêmios de inovação
tecnológica com viés social (por gerar emprego) e de proteção ambiental.

Um bom gerenciamento de resíduos, pode diminuir custos nas empresas, gerar receitas com as
vendas dos subprodutos obtidos e evitar multas e outros tipos de penalidades por parte dos órgãos ambientais.

7. METODOLOGIA PARA O APROVEITAMENTO INDUSTRIAL DE RESÍDUOS


MINERAIS

Para estudar as possibilidades do aproveitamento industrial de um determinado resíduo mineral, de um modo


geral, são percorridas as seguintes etapas:

Amostragem do resíduo
Classificação por tamanho
Caracterização do resíduo
Estudos tecnológicos
1) Resíduos Grossos
o Catação manual
o Britagem e homogeneização da amostra
o Caracterização mineralógica
o Estudos de concentração

2) Resíduos Finos e Ultrafinos


o Homogeneização da amostra
o Análise granulométrica
o Análises químicas e caracterização mineralógica
o Estudos de concentração
o Ensaios industriais
Tratamento de Efluentes
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o Determinação de pH
o Determinação da % de sólidos
o Ensaios de sedimentação
o Análise granulométrica dos sólidos contidos
o Análises químicas e caracterização mineralógica
o Estudos para reciclagem da água no processo.
o Entre outros.
Ensaios tecnológicos de aplicações Industriais
Estudo de pré-viabilidade técnica e econômica para o aproveitamento industrial do produto obtido

8. CONCLUSÃO
As aplicações industriais para os resíduos de rochas ornamentais, vão depender muito das
características de cada rocha, porém podem citadas aquelas aplicações mais comuns, quais sejam:

• Resíduos Finos : Argamassas, cerâmicas (tijolos, telhas), bloquetes, manilhas, corretivos de


solos, pisos etc.
• Resíduos Grossos : Fábricas de cimento, artesanatos, seixos ornamentais, bijuterias, muros de
contenção de taludes, pavimentação, filetes para muros etc.

O CETEM vem, desde 1997, realizando programas de apoio às micros e pequenas empresas que
atuam nesta área, visando aumentar a produtividade, com redução das perdas; com alternativas para o
aproveitamento de rejeitos da lavra e do beneficiamento; melhoria da qualidade do produto, com
desenvolvimento de novas máquinas/equipamentos (calibrador e outros); tratamento de efluentes de serrarias,
com aproveitamento dos finos e ultrafinos contidos nesses efluentes, principalmente na área de construção
civil (argamassa e cerâmica) e a reciclagem da água para as atividades da serraria. O desenvolvimento desses
projetos, têm rendido vários prêmios ao CETEM, por estar desenvolvendo e transferindo tecnologias limpas,
realizando tratamento e reaproveitamento da água na indústria e oferecer alternativas de gestão de resíduos
sólidos.

Todas essas ações de apoio às micros e pequenas empresas, tem se concretizado mais no apoio
tecnológico ao desenvolvimento de APL(s), que são os Arranjos Produtivos de Base Mineral, apoiados pelo
governo federal.

Outra forma de atuação do CETEM é apoio a desenvolvimentos realizados fora, como é o caso do
ao desenvolvimento de um Tear a Seco (Ecotear) que está em andamento por um inventor de Cachoeiro de
Itapemirim, no Espírito Santo.

9. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

Campos, A. R. de; Silva M. A. R. “Assistência técnica na explotação de quartzito de Pirenópolis, de


Pirenópolis – Go” . In: IV Simpósio de Rochas Ornamentais do Nordeste, em Fortaleza. Novembro de 2003.

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IV Simpósio de Rochas Ornamentais do Nordeste. Fortaleza – CE. Novembro de 2003.

Vidal, Francisco Wilson Hollanda. Aproveitamento de rejeitos de rochas ornamentais e de revestimentos.


In: IV Simpósio de Rochas Ornamentais do Nordeste. Fortaleza – CE. Novembro de 2003.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10004: Resíduos Sólidos. Rio de Janeiro,
2004. 12 p.
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Salvador – BA. Novembro de 2004.

IGME – Instituto Geológico Minero de España. La cartografía de calidades industriales de rocas


ornamentales en la optimización de explotaciones de granito como piedra natural: Aplicación al
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