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Governador

Cid Ferreira Gomes

Vice Governador
Domingos Gomes de Aguiar Filho

Secretária da Educação
Maria Izolda Cela de Arruda Coelho

Secretário Adjunto
Maurício Holanda Maia

Secretário Executivo
Antônio Idilvan de Lima Alencar

Assessora Institucional do Gabinete da Seduc


Cristiane Carvalho Holanda

Coordenadora da Educação Profissional – SEDUC


Andréa Araújo Rocha
Tópicos Especiais
em
Mineração

Engenheiro de Minas José Chaves Neto


2013

Mineração – Tópicos Especiais em Mineração 1


ÍNDICE

Tópico Página
1- Tópicos Especiais em Lavra de Rochas Ornamentais............................ 03

2- Tópicos Especiais em Caracterização Tecnológica de Argilas.............. 12

3- Tópicos Especiais em Água Mineral....................................................... 17

4- Tópicos Especiais em Agrominerais...................................................... 45

5- Tópicos Especiais em Mineração de Ferro............................................ 48

6- Tópicos Especiais em Mineração de Cobre.......................................... 52

7- Tópicos Especiais em Mineração de Grafita........................................ 58

8- Tópicos Especiais em Mineração de Fosfato e Urânio........................ 64

9- Tópicos Especiais em Mineração de Níquel........................................ 69

10- Tópicos Especiais em Minerais e Rochas Industriais....................... 75

11- Tópicos Especiais em Análise Química Mineral.............................. 78

12- Tópicos Especiais em Tratamento de Efluentes............................... 83

13- Introdução a Engenharia Ambiental................................................. 86

14- Meio Ambiente (solo, água e ar)...................................................... 87

15- Recursos hídricos e saúde ............................................................... 88

16- Legislação aplicada ao controle de qualidade de águas ................... 90

17- Tópicos Especiais em Prospecção..................................................... 92

18- Bibliografia........................................................................................ 95

Mineração – Tópicos Especiais em Mineração 2


1- Tópicos Especiais em Lavra de Rochas Ornamentais.

1.1- Definição.
Inicialmente devemos observar que o termo rocha ornamental se
refere apenas a granitos e mármores, segundo a classificação simplificada
largamente utilizada pela indústria. Deste modo, como granitos são considerados
não apenas os granitos propriamente ditos, mas também gnaisses, migmatitos e
sienitos. Como mármores são considerados as rochas carbonáticas (Destro 2000).

O Brasil detém grandes reservas de rochas ornamentais, sendo um


dos maiores produtores mundiais, sendo grande a variedade de tipos de granitos e
mármores que encontramos em diversos estados do Brasil, com destaque para
Espírito Santo, Ceará e Bahia dentre outros.

As jazidas de rochas ornamentais podem ser lavradas em maciços


rochosos e em matacões, utilizando-se métodos e técnicas que permitem alcançar
resultados satisfatórios em termos da relação custo/benefício.

De modo resumido, deve-se considerar que os métodos de lavra


consistem num conjunto específico dos trabalhos de planejamento,
dimensionamento e execução de tarefas, devendo existir uma harmonia entre essas
tarefas e os equipamentos dimensionados. A fase inicial, planejamento, inclui a
individualização dos blocos com dimensões adequadas à etapa seguinte da cadeia
produtiva, representada pelo desdobramento dos blocos em chapas.

É no início da fase de planejamento que se verifica se o maciço


rochoso ou o matacão alvo dos trabalhos de lavra possuem as características ideais
para serem lavrados, sendo importante observar a existência de impurezas, trincas,
alterações, bem como detalhar e compreender a topografia local, análise das
condições hidrológicas e quaisquer outros fatores que possam implicar no bom
desenvolvimento da lavra. Um planejamento de lavra bem elaborado e a condição
necessária e essencial para o correto dimensionamento dos equipamentos e

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instalações, cálculo de custos, seqüência de atividades, ou seja, esta fase inicial
causará implicações econômicas e no impacto ambiental do projeto.

Não devemos nunca esquecer que outro aspecto importante no


planejamento da lavra se refere à necessidade, cada vez maior e mais atual, de
serem definidos os possíveis usos futuros da área minerada, uma vez concluída a
atividade de lavra. A legislação e a sociedade, cada vez mais cobram do setor de
mineração, de seus empresários e profissionais, a preocupação quanto ao impacto
ambiental e gerenciamento deste durante e após a atividade de pesquisa e lavra.

Observando a literatura técnica, vale observar que Giaconi (1998)


concluiu que um bom projeto exige a melhor escolha do método de lavra e a
adoção de tecnologias adequadas, nas quais sejam indicados os níveis produtivos
desejados, levando-se em conta as características da jazida. Entende-se por melhor
escolha o método que proporcione o melhor resultado em termos de
custo/benefício.

A preocupação com a qualidade e a quantidade da rocha


ornamental produzida implica a necessidade do setor investir cada vez mais em
tecnologia para reduzir seus custos e obter um produto de melhor qualidade bem
como ter menores perdas, elevando assim a vida útil das minas.

A lavra em matacões é de concepção mais simples, exigindo, na


maioria dos casos, equipamentos pouco sofisticados e mão-de-obra pouco
qualificada.

A lavra em maciços rochosos é a que possibilita maiores vantagens


operacionais, pois proporciona uma lavra racional com reflexo positivo na relação
custo/benefício, sendo uma tendência mundial a de se praticar a lavra de rochas
ornamentais em maciços rochosos em detrimento da lavra de matacões. Ambas
pode ser praticadas segundo formas diferentes, podendo-se classificar os métodos
em lavra do tipo fossa, tipo poço, por bancadas baixas, por bancadas altas, por
desabamento e subterrânea.

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Nos países subdesenvolvidos, onde é difícil a obtenção de crédito
para adquirir equipamentos sofisticados e treinar mão-de-obra especializada, estas
jazidas de fácil acesso são lavradas com o uso de técnicas rudimentares. Tais
técnicas proporcionam rendimento baixo e produtos de valor agregado igualmente
baixo.
1.2 –Usos e Aplicações.
Uma classificação detalhada das rochas ornamentais, considerando a
geologia, a orientação e a estética das mesmas, foi feita por Costa (2001). No
Brasil, conforme a região, diversos são os tipos/padrões de granitos que
encontramos. No Espírito santo, por exemplo, se destaca o “granito amarelo”
enquanto que no Ceará, é comum o “branco cearense”. Nas figuras abaixo,
podemos observar alguns dos principais tipos de granitos produzidos e
comercializados pelas empresas brasileiras..

Feira internacional com diversos tipos de granitos brasileiros expostos.

Lembrando que o principal uso das rochas ornamentais é na


construção civil e que neste segmento o mercado varia constantemente por conta do
“gosto” do consumidor, podemos entender porque num determinado momento
certo granito alcança um preço elevado (por estar “na moda” e ter grande demanda)
e em outros períodos vê seu preço cair (por conta de “passar a moda” e a demanda
cair a ponto de uma mina cessar sua produção devido ao fato desta não ser mais
economicamente viável naquele baixo patamar de preço).

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Alguns dos principais tipos de granitos brasileiros.
Vale observar que não só as características geológicas e geométricas
do corpo de minério associadas ao método de lavra são os únicos responsáveis pela
qualidade da rocha ornamental a ser comercializada. Também tem grande
influência os equipamentos e procedimentos de beneficiamento dos blocos
lavrados, sendo este fator determinante para se obter placas de boa qualidade e
padrão. Ciente disto, os produtores brasileiros nos últimos anos tem buscado
modernizar seus parques fabris, seja através da aquisição de novos e mais
sofisticados equipamentos (os chamados “teares”, responsáveis pelo corte e
polimento das placas), seja pelo melhor treinamento e qualificação da mão-de-obra.

Máquina utilizada no beneficiamento de rocha ornamental.

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1.3 – Métodos de lavra de rochas ornamentais.

A determinação do método de lavra correto em uma pedreira de


rochas ornamentais é de importância fundamental para a condução adequada dos
trabalhos de planejamento e de execução da lavra. Na fase de definição do método,
um erro poderá significar custos de produção excessivamente altos e menor vida
útil da pedreira

A ausência de normas e procedimentos de classificação, tanto da


Associação Brasileira de Normas Técnicas — ABNT, quanto das associações de
produtores, dificulta a sistematização dos métodos de lavra, entretanto, é coreto
considerar que a escolha do método de lavra na produção de rochas ornamentais
varia em função das características geológicas e geométricas do maciço rochoso,
das condições topográficas, de como ocorrem os afloramentos (quando ocorrem),
as fraturas, o tipo e espessura da cobertura (camada de solo orgânico etc.).

O material de interesse na frente de lavra pode ocorrer/se apresentar


com foliação desenvolvida, viabilizando a extração em placas, ou de forma
compacta o que implica na necessidade de se extrair blocos de dimensões vaiadas
conforme o caso.

Quando o método de lavra e as condições da frente de lavra indicam


ser mais interessante e viável a extração por blocos, a mesma pode ser feita a partir
de matacões isolados ou por desabamento provocado por desmonte (detonações),
porém o tipo de extração em blocos mais usado é a explotação via lavra e
desenvolvimento de “maciços rochosos”, quando blocos são extraídos diretamente
de um maciço rochoso compacto e o avanço na lavra ocorre via bancadas em
diferentes níveis (mina de Santa Quitéria/CE é um exemplo).

No caso de lavra de maciço rochoso, conforme as características


geométricas e disponibilidade de equipamentos pode-se optar pela lavra por
bancada baixa ou lavra por bancadas altas.

Lavra por bancadas baixas:

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Consiste em um método onde a escolha é a adoção de bancadas
horizontais baixas, em que uma das dimensões do bloco final não deve ultrapassar
3,0 metros uma vez que o bloco final é retirado da cava com dimensões adequadas
ao uso nos teares. Esse método é recomendado para materiais homogêneos, sendo
muito flexível para a identificação das partes sãs que serão utilizadas na forma de
blocos.

A mecanização é facilitada devido à grande extensão horizontal


apresentada. Essa flexibilidade facilita a movimentação de equipamentos
(perfuratrizes, carregadeiras) e de blocos. É um método vantajoso em termos de
segurança do trabalho, pois evita e reduz de forma considerável o risco de acidentes
graves, além de possibilitar um controle minucioso da frente de lavra.

Não importa o método de lavra a ser escolhido, um equipamento


característico das minas de rocha ornamental é a presença do “pau de carga”,
utilizado para o içamento e carregamento de blocos após estes serem “cortados”.

Lavra de maciço rochoso com frente de lavra em bancadas.

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Lavra por bancadas altas:

O método de bancadas altas é geralmente usado quando o maciço


possui uma altura variando entre 6,0 e 15,0 metros. Basicamente o método consiste
na abertura de bancadas variando de 3,0 a 6,0 m de largura e 40,0 m de
comprimento, podendo-se utilizar diferentes tecnologias de corte, em especial o fio
diamantado. É caracterizado ainda pela grande incidência de perfuração para fazer
a subdivisão em blocos com dimensões adequadas à serragem. É um método mais
oneroso que o método de lavra por bancadas baixas, uma vez que requer uma maior
quantidade de mão-de-obra e equipamentos e estes tem que ter certas especifidades.
Apesar destas desvantagens, o aumento da produção e produtividade compensa e é
fator decisivo na escolha de tal método.

Numa mina onde a opção é a lavra por bancadas altas, outro fator
sempre a ser observado é a questão da drenagem, principalmente em regiões do
Brasil o nível pluviométrico seja elevado em determinadas épocas do ano ou em
locais que o corpo de minério encontre um nível freático. Dependendo de como a
questão da drenagem é tratada (ou não), os trabalhos podem até ser interrompidos
por considerável período de tempo.

Frente de lavra única com lavra por método de bancada lata.

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Frente de lavra por múltiplas bancadas, com problema de
drenagem na praça de operações.

Lavra por desabamento:

A opção pelo método de lavra por desabamento ocorre quando o


maciço rochoso tem um perfil acentuado, não permitindo facilmente a abertura de
uma praça de trabalho horizontal ao lado do corpo de minério e nem um fácil
acesso ao mesmo (dificultando assim as operações de perfuração, corte e
carregamento). No espírito santo, por exemplo, muitas serras onde se planta café
nas encostas são também locais onde existem minas de rocha ornamental, havendo
o desenvolvimento dos dois tipos de atividade (mineração e agricultura) em áreas
muito próximas.

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Maciço a ser lavrado pelo método de desabamento.

Ao descrever o método de lavra por desabamento, Chiodi Filho


(1998) relata que o desabamento pode ser feito por painéis horizontais ou verticais.
O primeiro caso é recomendado quando o relevo tem inclinação baixa, enquanto
que, para se fazer a lavra com painéis verticais, o relevo necessariamente deve ser
íngreme.

É um método que exige pouco conhecimento técnico. Algumas das


principais vantagens são os baixos custos de operação e o investimento inicial
baixo. Geralmente se utiliza um colchão de areia para amortecer a queda da
prancha com o objetivo de diminuir o impacto no solo. Esse método apresenta um
custo semelhante ao custo da lavra de matacões, mas com o uso de equipamentos
de maior porte para limpeza das praças.

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Maçiço sendo lavrado pelo método de desabamento.

Lavra por matacões:

No caso de lavra de matacões, o trabalho inicial é o decapeamento


total do matacão de forma que se possa visualizar eventuais falhas e características
geométricas do mesmo, os fatores que irão determinar o tamanho do bloco a ser
gerado e o modo que este será cortado

Lavra de matacão.

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2- Tópicos Especiais em Caracterização Tecnológica de
Argilas.

2.1- Determinação dos Limites de Atterberg.


O químico sueco Albert Atterberg (1846/1916) se destacou por ser
um dos primeiros cientistas a dar atenção na questão de classificação dos solos e
sua plasticidade, tanto que ele foi aparentemente o primeiro a sugerir o limite <
0,002mm (menor que 0,002mm) como classificação de partículas de argila.

Atterberg observou que a plasticidade é uma característica particular


das argilas e, a partir disto, desenvolveu os limites de consistência dos solos
(Limites de Atterberg). Atterberg ainda conduziu diversos estudos visando
identificar minerais específicos que dão ao solo argiloso sua plasticidade natural.

Os “Limites de Atterberg”, também conhecidos como limites de


consistências, até os dias atuais ainda servem como referência no desenvolvimento
de trabalhos de engenharia geotécnica e de geologia, sendo parâmetro constante em
todo estudo de pesquisa mineral que envolva a substância argila. Através duma
série de testes e ensaios é possível definir o Limite de liquidez, o Limite de
plasticidade e o Limite de contração de um solo. Apesar da sua natureza
fundamentalmente empírica, estes valores são de grande importância em aplicações
de mecânica dos solos.

2.2- Ensaios de secagem e queima.


Inicialmente devemos compreender que secar é um processo de
transferência de calor e massa, incluindo o encolhimento que ocorre em corpos
porosos.

O parâmetro principal para se controlar e obter um ótimo processo


de secagem é a taxa de secagem. O controle deste parâmetro pode prevenir
rachaduras, fissuras e deformações. Nas modernas indústrias cerâmicas, muito se
têm estudado o processo de secagem de argila visando obter um melhor produto e
minimizar as perdas no processo industrial de beneficiamento da argila lavrada.

Mineração – Tópicos Especiais em Mineração 13


Durante a secagem de sólidos, tem-se o fenômeno de encolhimento,
que altera a cinética de secagem e as dimensões do sólido, sendo que tal fenômeno
acontece simultaneamente com o transporte de umidade e é mais intenso em
materiais cerâmicos com umidade inicial alta (principalmente em produtos de
granulação fina – daí a importância, por exemplo, do uso dos Limites de
Atterberg).

Dependendo das condições de secagem, da estrutura do material e da


geometria do produto, o fenômeno de encolhimento pode causar rachaduras,
deformações e até mesmo fraturas dentro dos sólidos. Por estes motivos é muito
importante estudar a secagem junto com o encolhimento, sendo muito usados
equipamentos (vide figura a seguir) como estufas para a elaboração de testes de
acompanhamento.

Estufa de secagem utilizada para testes.

No processo industrial de produção de um tijolo, o ideal para a


especificação de um tijolo é o atendimento às normas brasileiras (Tijolos maciços:
NBR 6460/83,NBR 7170/83, NBR 8041/83; Blocos vazados: NBR 6461/83, NBR

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8043/83, NBR 7171/92, NBR 8042/92). Porém, em geral, não se encontram no
mercado produtos de conformidade com tais normas, pelo próprio caráter ainda
artesanal do produto, o que evidencia a necessidade de um estudo mais apurado
nessa área que ainda pode se desenvolver bastante.

Tijolos (produto final) obtidos após a lavra de argila.

2.3- Determinação de características físicas e químicas.


Seja na lavra de argila, seja para a produção de
tijoloes e telhas e em especial no fabrico de pisos e
revestimentos, a determinação de características físicas e
químicas do minério (argila) é preponderante para a obtenção d
eum produto final com as características desejadas e dentro de
um padrão de qualidade desejável.
Ao se analisar uma amostra, é usual a adoção de testes como retração
linear, absorção de água, densidade aparente, tensão de ruptura à flexão e perda ao
fogo. Considerando os limites de Atteberg e os demais ensaios
padrão, a análise de resultados normalmente permite concluir
que:

Mineração – Tópicos Especiais em Mineração 15


a) A forma do corpo interfere na cinética de secagem, ou seja,
quanto maior a relação área/volume, mais rápida será a
secagem;
b) Temperaturas do ar de secagem elevadas e baixas
umidades relativas implicam numa secagem mais rápida do
material. Tal efeito é por sua vez, mais acentuado que os
gerados pelas relações área/volume e teor de umidade
inicial;
c) Quando as temperaturas e umidades relativas do ambiente
de secagem são as mesmas para corpos de prova com
dimensões diferentes, o teor de umidade inicial e relação
área/volume são os fatores dominantes na cinética de
secagem;
d) Teores mais elevados do teor de umidade inicial implicam
em maiores índices de retração volumétrica;

2.4 – Formulações de massas para produção cerâmica.


Além da produção de tijolos e telhas, decorrente da simples queima
de determinados tipo de argila, devemos lembrar que também há a possibilidade de
se utilizar diversos tipos de argila para a fabricação dos chamados pisos e
revestimentos cerâmicos, produtos que certamente todos nós podemos facilmente
observar nas nossas casas, escolas, bancos, clubes, hospitais e escritórios em geral.

Piso industrial cerâmico

Mineração – Tópicos Especiais em Mineração 16


O Brasil ocupa lugar de destaque no segmento de Revestimento
Cerâmico, sendo o quarto maior produtor mundial. No país, utiliza-se o processo de
preparação de massa via seca para cerca de 40% dos revestimentos produzidos, o
qual se caracteriza por um menor custo de processamento em relação ao processo
via úmida. Aproximadamente 70% dos revestimentos cerâmicos produzidos por via
seca no Brasil são provenientes do Pólo Cerâmico de Santa Gertrudes-SP, que
abrange os municípios de Santa Gertrudes, Rio Claro, Cordeirópolis, Araras e
Limeira, localizados no interior do estado de São Paulo.

A massa cerâmica utilizada pelas indústrias do Pólo Cerâmico de


Santa Gertrudes é constituída por uma mistura de argilas fundentes que são rochas
sedimentares antigas como siltitos e argilitos. O principal produto obtido é um
revestimento semi-poroso e que deve apresentar, dentre outros fatores, absorção de
água compreendida entre 6- 10% e resistência mecânica superior a 18 Mpa.

Uma massa cerâmica deve possuir características necessárias para


possibilitar uma adequada condição de trabalho durante o processamento e
obtenção das propriedades finais requeridas. No caso de revestimento cerâmico de
base vermelha, produzido por via seca, a massa cerâmica é normalmente composta
por uma mistura de argilas acompanhadas de elevado percentual de quartzo.

Esta composição mineralógica deve possibilitar uma adequada


relação de materiais plásticos/não plásticos, elevado percentual de óxidos alcalinos
(Na2O + K2O), baixo teor de óxidos alcalino-terrosos (CaO + MgO), baixa perda
ao fogo e teor de matéria orgânica e valor de plasticidade intermediários. Tal tipo
de massa cerâmica é atualmente utilizada por cerca de 10 indústrias do Pólo
Cerâmico de Santa Gertrudes para produção, em sua maior parte, de revestimentos
semiporosos.

Além do pólo de Santa Gertrudes, também merecem destaques os


pólos cerâmicos dos estados de Santa Catarina e Rio de Janeiro, o que pode ser
confirmado ao se visitar qualquer loja de materiais de construção e observar onde
se localizam as fábricas das chamadas ”marcas líderes” de pisos e revestimentos no

Mineração – Tópicos Especiais em Mineração 17


mercado nacional. Especificamente no estado do Ceará merece destaque a Cerbrás
Cerâmicas do Brasil, indústria localiza no município de Maracanaú (região
metropolitana de Fortaleza) e que tem minas (de onde vem a argila) no município
de Frecheirinha (interior do Ceará).

Durante o processo de beneficiamento da argila e produção dos


pisos e revestimentos cerâmicos são realizados diversos testes industriais. Suponha,
por exemplo, que se observou resistência mecânica um pouco abaixo do valor
requerido pela norma. Tal condição pode ser resolvida com processamento
adequado, por meio de uma moagem mais eficiente, granulação da massa, pequeno
aumento da pressão de compactação e/ou ajuste do ciclo de queima.

Também podem ser realizados ajustes das condições de queima,


escolha adequada do esmalte e análise de outros propriedades importantes como
dilatação térmica das massas e expansão por umidade, dentre outras. Ou seja,
novamente se percebe que a realização de testes é parte do processo de fabricação e
não ocorre apenas antes ou depois, mas de forma continua.

3- Tópicos Especiais em Água Mineral.

A primeira definição e diferença que deve se ter em mente ao iniciar


os estudos do presente tópico é que “água mineral natural” é um produto diferente
de “água adicionada de sais”.
Água mineral é aquela proveniente de fontes naturais (surgências)
ou de fontes artificialmente captadas (poços, por exemplo) que possua composição
química ou propriedades físicas ou físico-químicas distintas das águas comuns,
com características que lhe confira uma ação medicamentosa (Decreto-Lei Nº
7.841, de 08/08/1945).

“Água adicionada de sais” ou “água


adicionada de vitaminas e minerais” é a bebida processada
artificialmente e que possui adição de produtos químicos.

Mineração – Tópicos Especiais em Mineração 18


Tanto água mineral quanto “água adicionada de sais” não devem
ser confundidas com a água de mesa, que é uma água de composição normal,
proveniente de fontes naturais ou de fontes artificialmente captadas, que preenche
tão somente as condições de potabilidade para a região.

Em suma, a água mineral é a água retirada da fonte e envasada, e


os únicos tratamentos que ela pode receber são a filtração ou a decantação e a
adição de gás (quando se deseja um produto diferenciado com tal característica).
Portanto, os sais minerais que ela possui vieram naturalmente da fonte de onde ela
foi obtida. Já a água adicionada de sais NÃO é mineral e sim apenas água potável,
de torneira, tratada através de diversos mecanismos (filtração, floculação, adição de
sais, cloro, etc), onde em seu processo final há a adição, de forma artificial, de
alguns sais minerais visando deixá-la mais parecida com a água mineral. A água
adicionada de sais é uma invenção americana e em alguns países, como a França e
a Itália, sua produção é proibida.

É através de exames físicos, químicos e bacterológicos que se


determina se a água mineral é mais indicada para consumo humano ou banhos.
Tradicionalmente as águas minerais foram usadas ou consumidas diretamente na
fonte. Já em épocas antigas, centros turísticos cresceram ou crescem em cima ou
em torno de locais que contenham águas minerais, sendo o exemplo mais
conhecido o Império Romano, onde eram famosos os banhos públicos dos romanos
(termas).

Já nos tempos modernos, a água mineral para consumo passou a ser


distribuída em vasilhames (vidro, pet ou até embalagem cartonada), podendo assim
ser consumida longe das fontes/surgências. Já no caso de banhos terapêuticos ou
apenas lazer, as regiões hidrominerais denominadas “estâncias hidrotermais” ou
“estâncias hidrominerais” apresentam infraestrutura com hotéis, spas e outras
comodidades para os usuários.

As características de composição e propriedades para classificação


como água mineral bem como sua exploração são regulamentadas pelo Decreto-Lei
nº 7.841 de 08/08/1945, mais conhecido com Código de Águas Minerais.

Mineração – Tópicos Especiais em Mineração 19


Para termos uma boa noção de todos os detalhes que definem o
processo de produção de água mienral, desde a fase de pesquisa (quando se está
verificando a existência e viabilidade um poço ou fonte) até a fase de produção
propriamente dita, devemos analisar todos os itens que formam legislação e em
especial, a Portaria DNPM 374 de 1º de outubro de 2009 (publicada no Diário
Oficial da União de 07/10/2009), que aprova a Norma Técnica que dispõe sobre as
Especificações Técnicas para o Aproveitamento de água mineral, termal, gasosa,
potável de mesa, destinadas ao envase, ou como ingrediente para o preparo de
bebidas em geral ou ainda destinada para fins balneários, em todo o território
nacional,

Tal Portaria é bastante detalhada e deve ser seguida por qualquer


empresário desde o início do projeto. A seguir, podemos observar a Portaria
DNPM 374/09 e a Norma Técnica em seus detalhes:

Art. 1º Fica aprovada a Norma Técnica nº 001/2009, que dispõe


sobre as “Especificações Técnicas para o Aproveitamento de água mineral, termal,
gasosa, potável de mesa, destinadas ao envase, ou como ingrediente para o preparo
de bebidas em geral ou ainda destinada para fins balneários”, em todo o território
nacional, na forma do Anexo a esta Portaria.

Art. 2º Os titulares de concessões de lavra e manifesto de mina de


água mineral, termal, gasosa, potável de mesa, destinadas ao envase, ou como
ingrediente para o preparo de bebidas em geral terão o prazo de 01 (um) ano para
se adequar ao disposto nesta Portaria, a contar da sua publicação.

Art. 3º A Comissão Permanente de Crenologia proporá ao


DNPM, que publicará no D.O.U., no prazo de 90 (noventa) dias, o Roteiro Técnico
para elaboração do Projeto de Caracterização Crenoterápica a que se refere o item
5.4.4. da Norma Técnica instituída por esta portaria.

§ 1º. Os titulares de concessão de lavra ou manifesto de mina de


água mineral ou termal para fins balneários ou que já tenham apresentado o
requerimento de concessão de lavra, deverão, no prazo de 180 (cento e oitenta
dias), a contar da publicação referida no caput, apresentar em complementação ao
Plano de Aproveitamento Econômico, o Projeto de Caracterização Crenoterápica.

§ 2º. No prazo de um ano, a contar da publicação do Roteiro


Técnico, independentemente da manifestação da Comissão Permanente de
Crenologia, o tilular de concessão de lavra ou de manifesto de mina de água

Mineração – Tópicos Especiais em Mineração 20


mineral ou termal para fins balneários deverá adotar as medidas propostas no
referido documento apresentado.

§ 3º. A Comissão Permanente de Crenologia poderá recomendar


ao DNPM a aprovação do novo PAE, com o aditivo do Projeto de Caracterização
Crenoterápica ou propor a formulação de exigências ao titular do direito minerário,
para a perfeita adequação e aprovação, sob pena das sanções previstas na
legislação.

Art. 4º Fica revogada a Portaria nº 222, de 28 de julho de 1997,


publicada no D.O.U. de 08 de agosto de 1997.

Art. 5º Esta Portaria entra em vigor na data de sua


publicação.

NORMA ESPECIFICAÇÕES TÉCNICAS PARA O APROVEITAMENTO


TÉCNICA DAS ÁGUAS MINERAIS E POTÁVEIS DE MESA
001/2009

1. OBJETIVO: Tendo em vista a necessidade de atualização e


aperfeiçoamento das especificações técnicas para o aproveitamento das águas
minerais e potáveis de mesa destinadas ao envase, como ingrediente para o preparo
de bebidas em geral ou para fins de balneoterapia, ficam estabelecidas as normas e
os procedimentos a serem adotados na outorga e fiscalização. Tais modificações
estão embasadas na própria evolução do segmento das águas minerais e potáveis de
mesa e pela prática da aplicação deste instrumento infra legal.

2. DOCUMENTAÇÃO A SER OBSERVADA

Na aplicação desta Norma Técnica é necessário observar:

*Código de Águas Minerais – Decreto-Lei nº 7.841 de 08 de agosto de 1945.

* Código de Mineração – Decreto-Lei nº 227 de 1967

* Lei nº 6.726 de 21 de novembro de 1979.

* Portaria do DNPM nº 231 de 31 de julho de 1998

*NBR 12212-2006, NBR 12244-2006, NBR 14222-2005, NBR 14328-1999, NBR


14638-2001 e NBR 14637-2001 da Associação Brasileira de Normas Técnicas –
ABNT.

*Manual de Operação e Manutenção de Poços-DAEE-Capítulo IV- 3ª edição/


Dez.2007/SP

*Resoluções da Diretoria Colegiada – RDC e Portarias da ANVISA/MS referentes


à Água Mineral.

Mineração – Tópicos Especiais em Mineração 21


*Resoluções do Conselho Nacional de Recursos Hídricos – CNRH

3. DEFINIÇÕES
Para efeito desta Norma Técnica serão adotadas as seguintes
definições:
3.1 AQÜÍFERO
Formação ou grupo de formações geológicas capazes de
armazenar e transmitir água mineral, termal, gasosa, potável de mesa ou destinada
para fins balneários.

3.2 FONTE
Ponto ou local de extração de um determinado tipo de água
mineral ou potável de mesa, originária de uma ou mais captações, dentro de um
mesmo sistema aqüífero, e da mesma concessão de lavra, destinada ao envase para
o consumo humano direto, como ingrediente para o preparo de bebidas em geral ou
ainda para fins de balneoterapia. Nessa conceituação, subentende-se que pode
existir uma fonte de “água mineral de mais de uma captação” desde que a água
mineral tenha a mesma classificação, características físicas, físico-químicas e
químicas equivalentes, a critério do DNPM, constantes ao longo do tempo,
respeitadas as flutuações naturais.

3.3 CAPTAÇÃO

Ponto de tomada superficial ou subterrânea de água mineral,


termal, gasosa, potável de mesa ou destinada para fins balneários de um aqüífero,
envolvendo o conjunto de instalações, construções e operações necessárias visando
o aproveitamento econômico das referidas águas. A captação deverá ser construída
de modo a preservar as propriedades naturais (químicas e físico-químicas) e
microbiológicas (higiênico-sanitárias) da água a ser captada e impedir a sua
contaminação.

3.4 CONTAMINANTES

Substâncias ou agentes de origem biológica, física ou química


presentes na água mineral, termal, gasosa, potável de mesa ou destinada para fins
balneários, que sejam considerados nocivos à saúde humana.

3.5 ÁREA DE PROTEÇÃO DA CAPTAÇÃO

Área com a infraestrutura necessária a garantir a proteção das


instalações de captação.

3.6 POÇO TUBULAR

Duto construído por meio de perfuração no terreno revestido com


tubulação para fins de captação de água de um aqüífero.

Mineração – Tópicos Especiais em Mineração 22


3.7 NASCENTE OU SURGÊNCIA

Local de descarga natural de um aqüífero na superfície do terreno.

3.8 CANALIZAÇÃO

Conjunto de tubulações, conexões e registros utilizados na


condução e distribuição da água da captação destinada ao armazenamento, ao
envase para o consumo humano, como ingrediente para o preparo de bebidas em
geral ou para fins de balneoterapia.

3.9 RESERVATÓRIO

Tanque ou caixa de armazenamento para acúmulo ou regulação


de fluxo da água proveniente exclusivamente da captação.

3.10EMBALAGEM

Recipiente destinado ao envasamento de água mineral ou potável


de mesa.

3.11ENVASAMENTO

Conjunto de operações visando o acondicionamento da água,


proveniente da captação ou dos reservatórios, nas embalagens até o seu
fechamento.

3.12GASEIFICAÇÃO

Adição de dióxido de carbono natural ou artificial de grau


alimentício durante o processo de envasamento.

3.13FILTRAGEM

Operação de retenção de partículas sólidas e em suspensão por


meio de material filtrante, que não altera as características químicas,
físico-químicas e microbiológicas da água.

3.14 FONTANÁRIO

Local destinado ao uso público, onde é permitido o enchimento


de vasilhame ou consumo “in loco” da água mineral ou potável de mesa, tal como
emerge da captação, com garantia sanitária e microbiológica, e fornecida pelo
concessionário da lavra, segundo a disponibilidade de vazão das captações
autorizadas.

3.15 VAZÃO DE EXPLOTAÇÃO

Mineração – Tópicos Especiais em Mineração 23


É a vazão aprovada, como resultado da análise do Relatório Final
de Pesquisa ou de Reavaliação de Reservas, considerando-se os testes de vazão
efetuados na captação, a critério do DNPM.

3.16 HIGIENIZAÇÃO

Conjunto de operações de limpeza e desinfecção efetuadas


visando atingir as condições de adequada higiene, das áreas de captação, complexo
industrial bem como das embalagens.

a) Limpeza – Eliminação ou remoção de resíduos, incrustações e


sujidades diversas.

b) Desinfecção – É a operação de redução do número de


micro-organismos, eliminação de micro-organismos patogênicos vegetativos, por
método físico ou agente químico, em níveis previstos na legislação pertinente, a
fim de preservar a água dentro dos padrões bacteriológicos estabelecidos.

3.16.1 RINSAGEM

Operação de higienização realizada nas embalagens antes do seu


enchimento. Os desinfetantes utilizados devem revelar comprovada eficiência e não
podem deixar resíduos.

3.17 TUBULÃO

Recipiente de passagem da água em formato tubular, com


abertura nas duas extremidades e com paredes internas arredondadas, usados na
operação de captação de uma nascente ou surgência.

1. PROCEDIMENTOS TÉCNICOS

A qualidade da água mineral e potável de mesa para envase para


consumo humano, como ingrediente para o preparo de bebidas em geral ou para
fins de balneoterapia será garantida com a observância dos seguintes
procedimentos técnicos:

4.1 PROJETO CONSTRUTIVO DA CAPTAÇÃO

Por ocasião do requerimento de autorização de pesquisa ou do


requerimento de Reavaliação de Reservas na fase de concessão de lavra, o projeto
construtivo do poço ou da fonte, juntamente com o cronograma da sua execução,
deve ser submetido previamente à apreciação e aprovação do DNPM. Mesmo para
reavaliação de reservas, não será admitida a perfuração de poço sem a aprovação
prévia do Chefe da unidade regional do DNPM.

4.2 CAPTAÇÃO DAS NASCENTES OU SURGÊNCIAS

As captações de fontes ou de nascentes pontuais deverão ser


construídas com tubulão de aço inoxidável polido de grau alimentício, assentado

Mineração – Tópicos Especiais em Mineração 24


diretamente na rocha ou saprólito e complementado externamente com concreto
adensado.

4.2.1 A água captada poderá ser pré-armazenada numa caixa de


aço inoxidável polido de grau alimentício, com cantos arredondados, localizada
logo após a captação, dentro da casa de proteção da captação. O tubulão e o tanque
de armazenamento opcional deverão possuir tampa de vidro circundada com
vedante, produzido com material atóxico para completa vedação sob pressão, com
inclinação que permita o escoamento das gotículas formadas pela condensação na
tampa. Deverá ter, ainda, um extravasor, dotado de fecho hídrico com sifão, para
impedir que o nível de água atinja a parte superior e um dispositivo para
esvaziamento em nível inferior, com registro, para fins de limpeza e um filtro de ar
microbiológico adequado.

4.2.2. Para captar a água de uma nascente ou surgência, será


necessário executar os trabalhos de escavação, seguindo as direções do fluxo da
água e ultrapassando a camada do solo até atingir o saprólito ou a rocha sã. Nesse
local, isento de raízes e matérias orgânicas, deve ser instalado tubulão, em cada
surgência.

4.2.3 Havendo mais de uma surgência na mesma fonte, os


tubulões deverão ser protegidos por uma ou mais casas de captação, podendo, nesse
caso específico, ser interligados por tubulação de aço inoxidável, para canalização
da água, por gravidade, até a caixa de captação, devidamente protegida, de modo a
garantir a sua qualidade, pureza e higiene.

4.2.4 Cada etapa dos trabalhos de construção da captação da fonte


deverá ser registrada por documentação fotográfica para apresentação posterior ao
DNPM.

4.2.5 No início da tubulação que liga o tubulão ou a caixa de


captação às instalações de distribuição, deverá ser instalada uma torneira asséptica
de aço inoxidável. No caso da captação usar bombeamento, deve ser instalada
torneira similar como ponto de coleta de amostras, depois da bomba de recalque.

4.3 CAPTAÇÃO POR POÇO

Os trabalhos de planejamento e perfuração do poço deverão


seguir as especificações técnicas contidas nas normas da ABNT.

4.3.1 A data do início dos trabalhos de perfuração e a cimentação


do espaço anular do poço deverá ser comunicada ao DNPM com antecedência de
15 dias, devendo também ser apresentado o projeto de construção do poço,
acompanhado da ART do Responsável Técnico legalmente habilitado para
conduzir os trabalhos de perfuração.

4.3.2 Todo poço deverá possuir um Ante-poço para proteção


sanitária (tubo de boca), construído em chapa de aço de pelo menos 3/16” de
espessura. Em ambiente sedimentar, o mesmo será assentado em uma profundidade

Mineração – Tópicos Especiais em Mineração 25


mínima de 10 metros, enquanto que em ambiente cristalino ou similar, a
profundidade será definida em função da espessura do manto de alteração. O poço
deverá possuir também um sensor de temperatura da água e espaço anular em torno
da bomba superior a 1″ (uma polegada), bem como sensores telemétricos para
monitoramento dos níveis estático e dinâmico, da condutividade e da vazão.

4.3.2.1. Os tubos de revestimento do poço deverão ser de material


que preserve as características naturais da água. As tubulações (revestimento,
coluna, filtros etc.) deverão ser inteiramente de aço inoxidável com acabamento
sanitário ou de PVC aditivado e quimicamente inerte, do tipo reforçado.

4.3.2.2 As conexões, filtros, tubulações e bombas de recalque


deverão ser de material que preserve as características naturais da água.

4.3.2.3 As bombas de recalque deverão ser de aço inoxidável. A


tampa de vedação da boca do poço deve ser construída em PVC, nylon, ou aço
inoxidável. Toda entrada de ar para o poço deve passar por filtro microbiológico
(0,2 micra). Antes da instalação da bomba, o poço deverá estar protegido com
tampa inoxidável ou PVC tipo cap-macho.

4.3.3 O espaço anular do poço deverá ser preenchido por uma


cinta de cimento. As cimentações serão empregadas para separar aquiferos,
impermeabilizar horizontes atravessados pelo poço e conter eventuais
desmoronamentos, devendo o relatório final de pesquisa estar acompanhado de
registro fotográfico dessa operação.

4.3.3.1 Recomenda-se que o fator água/cimento esteja


compreendido na faixa de 0,44 a 0,54, devendo a mistura ser feita mecanicamente,
utilizando-se água potável. O emprego de aditivo plastificante (redutor de água) e
agente impermeabilizante deve ser atóxico. Pode-se adicionar bentonita
pré-hidratada, até 2,5 kg por saco de cimento e, assim, elevar o fator água/cimento
para 0,58. O tempo de cura recomendado é de 72 horas.

4.3.3.2 Na área da cimentação, deverão obrigatoriamente ser


utilizadas guias centralizadoras, espaçados a cada 20 metros e dotados de quatro
aletas.

4.3.3.3 A colocação da pasta de cimento deve ser realizada por


meio de injeção mecânica com bomba apropriada, em etapa contínua. Quando se
tratar de revestimentos em PVC aditivado, deverão ser respeitadas as
especificações técnicas do revestimento utilizado, em etapas de cimentação do
espaço anular de no máximo 30 metros de extensão.

4.3.4 Concluídos todos os serviços no poço, deverá ser construída


uma laje de concreto armado, fundida no local, envolvendo o tubo de revestimento.
Esta laje deverá ter declividade do centro para a borda, com espessura mínima de
20 cm e área não inferior a 3,0 m². A coluna de tubos de revestimento deve ficar no
mínimo a 50 cm acima da laje de proteção.

Mineração – Tópicos Especiais em Mineração 26


4.3.5 Para a coleta de amostras, deverá ser instalada uma torneira
sanitária de aço inoxidável na canalização de recalque, colocada acima do tubo de
revestimento do poço, logo após a curva da tubulação. .

4.3.6 Deverá ser efetuada manutenção preventiva anual do poço,


entendendo-se como tal aquela definida pelo Manual de Operação e Manutenção de
Poços (DAEE-SP) ou por outros indicados pelo DNPM. Deverá ser informado no
Relatório Anual de Lavra os dados sobre a manutenção do poço (nível estático,
limpeza/desincrustação, substâncias utilizadas, vazão etc.).

4.3.7 A critério do DNPM, quando houver alteração expressiva


de vazão, de condutividade elétrica ou das características hidroquímicas, deverá ser
realizada a operação de perfilagem ótica e/ou geofísica do poço.

4.3.8 Quando forem perfurados poços piezométricos, para fins de


monitoramento das cargas hidráulicas na área de pesquisa ou área de lavra, deverão
ser obedecidos os mesmos critérios construtivos exigidos para o poço de captação.

4.3.8.1 Recomenda-se que a boca do tubo do piezômetro esteja


posicionada a 50 cm acima do solo, com tampa de inoxidável ou PVC de tipo
cap-macho. O referido tubo deverá estar protegido dentro de caixa de alvenaria de
50 cm X 50 cm X 60 cm com tampa metálica não oxidável fechada com tranca e
cadeado.

4.4 ENSAIOS DE BOMBEAMENTO


A execução do teste de bombeamento requer um conhecimento
prévio que deve incluir não só os equipamentos e aparelhos necessários, mas,
fundamentalmente, uma diretriz clara em relação ao tipo de informação que se
deseja obter.
4.4.1 Para o planejamento do teste de bombeamento,
recomenda-se que sejam consideradas as características construtivas e
hidrogeológicas do poço, em especial: a) profundidades e espessuras dos aqüíferos
ou zonas de contribuição; b) posição das seções filtrantes; c) contribuição
proporcional de cada aqüífero ou zona de contribuição para a produção total do
poço; d) diâmetros de perfuração, revestimento e filtros; e) capacidade da bomba
adequada para execução do teste de bombeamento.
4.4.2 Para o bombeamento preliminar, recomenda-se a realização
de um pré-teste de bombeamento para o estabelecimento da vazão máxima
provável do poço. Este bombeamento deve ter duração mínima de 12 (doze) horas
e serve também para dimensionar a capacidade da bomba que será empregada no
ensaio à vazão constante, que só poderá ser iniciado quando a recuperação de nível
do poço bombeado (e seus piezômetros) for completa. Em aqüíferos conhecidos,
poderá ser admitida a realização de pré-testes de menor duração, devidamente
justificada pelo técnico responsável pelo ensaio de bombeamento, a critério do
DNPM.

4.4.3 Para o bombeamento contínuo à vazão constante em poços


com vazão inferior a 10 m³/h, recomenda-se um período mínimo de 30 (trinta)

Mineração – Tópicos Especiais em Mineração 27


horas e medidas de recuperação (no poço bombeado) de mais de 97%, podendo ser
autorizado pelo DNPM percentual de recuperação menor, desde que não
comprometa a validade do cálculo. Não há necessidade de medir recuperação em
piezômetros, pois o cálculo pelo método da recuperação só é realizado no poço
bombeado. O intervalo de medida dos rebaixamentos nos piezômetros deve ser de
60 minutos, do início ao fim do bombeamento.

4.4.4 Para o bombeamento escalonado ou sucessivo em poços


com vazão superior a 10m3/h, recomenda-se executar bombeamento escalonado,
em quatro degraus (25%, 50%, 75% e 100%) para o estabelecimento da eficiência
do poço (percentual das perdas de carga devidas ao fluxo laminar).

4.4.4.1 O ensaio escalonado pode ser conduzido de duas formas:


incremental (sem recuperação entre os degraus de vazão) ou em bombeamentos
consecutivos (com recuperação entre os degraus de vazão): a) no bombeamento
incremental não há interrupção do bombeamento e a vazão dos degraus deve ser
constante (variação de 5% é admissível); b) nos bombeamentos consecutivos, os
degraus de vazão se sucedem após recuperação total do nível de água.

4.4.5 A freqüência de intervalos de leitura do nível da água no


teste de bombeamento deverá seguir as disposições das normas da ABNT.

4.4.6 Recomenda-se que para a realização do teste de


bombeamento, todos os poços situados dentro do sistema de fluxo captado, com
seus limites presumidos definidos por uma condição de contorno hidrogeológico
específica, deverão ser monitorados e estarem paralisados por um período mínimo,
que antecede o estudo, de 24 (vinte e quatro) horas, tendo seus níveis de água
monitorados e assim permanecendo até a conclusão do ensaio do poço de pesquisa.

4.4.7 No monitoramento da recuperação, recomenda-se: a) que a


recuperação após o bombeamento preliminar seja de 100%; b) após o fim de um
degrau de vazão no método dos bombeamentos consecutivos à vazão crescente,
100% de recuperação. C) após o fim do bombeamento à vazão constante, mínimo
de 90% do rebaixamento limitado a 24 (vinte e quatro) horas de tempo de medida
ou a critério do DNPM.

4.4.8 Na avaliação final do teste de bombeamento, a posição do


nível dinâmico deverá necessariamente estar situada acima da principal zona de
contribuição (entrada de água) e, nos intervalos dotados de filtros, acima do topo da
primeira seção filtrante.

4.4.9 O teste de bombeamento deverá, obrigatoriamente, ser


realizado com o acompanhamento de um agente fiscal do DNPM. No momento que
for solicitado ao DNPM o acompanhamento do ensaio de bombeamento, deverá ser
submetida à avaliação do pela Autarquia da seguinte documentação relativa ao
projeto de bombeamento do poço: a) perfil geológico e construtivo do poço a ser
bombeado; b) especificação, dimensionamento e profundidade da bomba de
recalque c) posição dos poços do entorno; d) identificação do aqüífero que pretende
captar; e) identificação preliminar dos limites do sistema de fluxo captado pelo

Mineração – Tópicos Especiais em Mineração 28


poço a ser bombeado; f) proposição dos poços a serem monitorados durante o
ensaio. Esta proposição – listagem dos poços a serem observados deverá ser
aprovada pelo DNPM; g) cronograma das atividades durante todo o processo do
ensaio de bombeamento em suas fases (preliminar – vazão constante –
escalonado/sucessivo) com especificação dos equipamentos selecionados para o
procedimento e a precisão recomendada; h) anotação de responsabilidade técnica –
ART do profissional responsável pelo projeto, execução e interpretação do ensaio
de bombeamento.

4.4.10 Como a eficiência do poço refere-se ao percentual do


rebaixamento devido ao fluxo laminar – é recomendável que a vazão aprovada para
o poço seja correspondente a uma eficiência mínima de pelo menos 75%.
Eficiência elevada significa pequena contribuição do fluxo turbulento na geração
das perdas de carga (rebaixamento) do poço implicando em: a) menor velocidade
de fluxo; b) nos aqüíferos fraturados, menor possibilidade do transporte de sólidos;
c) menor oxigenação da água no entorno do poço, significando menores alterações
físico-químicas na água; d) diminuição da velocidade de eventuais processos que
provoquem colmatação dos filtros; e) diminuição do impacto do fluxo da água
captada na estruturação do pré-filtro.

4.4.11 Quando um teste escalonado for realizado, é necessário


que se definam as variáveis constantes da equação característica do poço, na forma:

s= BQ + CQn .

s= rebaixamento medido no interior do poço

BQ= componente do rebaixamento decorrente de fluxo laminar


(alguns autores atribuem esta componente exclusivamente ao 29inerari)

CQn= componente do rebaixamento decorrente de fluxo


turbulento (alguns autores atribuem esta componente exclusivamente à construção
do poço). Para o cálculo da equação do poço, é admissível o uso de sistemas
computacionais disponíveis no mercado.

4.4.12 Os resultados do teste de múltiplos estágios serão


considerados válidos quando satisfeita a condição de que haja um sucessivo
decréscimo nas razões das vazões pelos rebaixamentos nos vários estágios
(capacidade especifica decrescente com o aumento da vazão). A condição mínima
para aceitação será de que pelo menos 03 valores de rebaixamento específico
obedeçam a relação acima.

4.4.12.1 As curvas de campo devem ser elaboradas em gráficos


do tipo monolog (sw x t), de cada etapa, e apresentadas separadamente. Para o
ensaio escalonado do tipo incremental a representação será sob a forma de curva
única e para o ensaio conduzido por meio de bombeamentos sucessivos com curvas
individuais.

Mineração – Tópicos Especiais em Mineração 29


4.4.13 Na avaliação da capacidade de produção de poço, nos
meios estritamente cristalinos ou cársticos, em que não possam ser utilizados
métodos clássicos do meio poroso, deve(m) ser apresentada(s) outra(s)
metodologia(s) devidamente fundamentada(s).

4.4.14 Em meios fraturados deverão ser indicadas as entradas de


água, com o percentual de contribuição de cada uma para a produção total do poço.
O nível dinâmico do poço deverá se situar acima da entrada de água principal.

4.4.15 O Relatório do Teste de bombeamento deve estar


acompanhado de documentação fotográfica em que constem as captações (poços
e/ou fontes), poços de monitoramento e equipamentos utilizados nas medições das
vazões. A apresentação da interpretação hidrogeológica dos dados do teste de
bombeamento deverá fazer parte necessariamente do relatório final de pesquisa ou
relatório de reavaliação de reservas. Nos casos em que o titular do alvará de
pesquisa tenha realizado o teste de bombeamento, sem o acompanhamento da
fiscalização, na vigência da autorização, o DNPM, a seu critério, poderá exigir um
novo teste com a finalidade de comprovar parâmetros hidrogeológicos informados
no relatório final de pesquisa. Devem ser calculadas a Vazão Máxima Permissível
pelo Furo e pelo Filtro, a Vazão Máxima Possível justificada e Vazão
Recomendada. Será necessária a apresentação de planta de localização dos poços
com as respectivas coordenadas geográficas, em que fiquem evidenciadas as
distâncias entre si de cada poço.

4.4.16 Durante a fase de lavra, deverão ser realizadas


mensalmente, e registradas em livro próprio, medições do nível estático de cada
poço. Antes da medição do nível estático, sempre que possível, todos os poços
locados dentro do perímetro do sistema de fluxo captado, que tem seus limites
definidos pelas condições de contorno hidrogeológico, deverão se encontrar
paralisados por um período suficiente para recuperação total do nível d´água do(s)
poço(s). No caso de fonte tipo surgência, tanto na fase de pesquisa quanto na de
lavra, as vazões espontâneas devem ser medidas com a mesma freqüência. Essas
medições devem ser arquivadas pela empresa à disposição da Fiscalização do
DNPM.

4.4.17 A perfuração de novos poços pelo titular de concessão de


lavra deverá ser requerida ao DNPM, acompanhada do projeto técnico com planta
em escala adequada, com a locação do poço a ser perfurado em relação ao(s)
poço(s) já existente(s) na área do sistema de fluxo captado, com seus limites
definidos pelas condições de contorno hidrogeológico.

4.4.18 Com o objetivo de se efetuar medidas de controle (vazão,


condutividade, pH, Temperatura etc.) e higienização do poço de água mineral,
deve-se instalar uma tubulação auxiliar, com diâmetro interno de no mínimo ¾ de
polegada, presa à tubulação edutora que atinja a mesma profundidade dos tubos
edutores instalados.

4.5 PROTEÇÃO À CAPTAÇÃO

Mineração – Tópicos Especiais em Mineração 30


A casa de proteção da captação deverá ser construída em
alvenaria, ou de outro material inerte que confira proteção adequada. Paredes
internas, pisos, janelas e portas devem ser de materiais impermeáveis, não porosos
e laváveis. As aberturas devem ser ajustadas aos batentes e protegidas com telas
milimétricas ou outra barreira para impedir a entrada de animais, notadamente
insetos. A casa de proteção da captação deve ser mantida bem ventilada, livre de
mofos, infiltrações, fendas e umidade, e deverá conter uma torneira de aço
inoxidável de grau alimentício, ou de outro material específico aprovado pelo
DNPM, para permitir a coleta de amostra. No caso de surgência, em captação por
caixa, exige-se que a casa de proteção possua dois compartimentos, separando a
captação da área de coleta de amostras e controle.

Recomenda-se a instalação de alarme com sensor de presença por


fotocélula ou nas aberturas da casa de proteção.

4.5.1 Desde a fase dos trabalhos de pesquisa, toda captação por


surgência ou poço tubular deverá ser identificada com seu nome em destaque,
fixado em local bem visível na parte externa da casa de proteção.

4.5.2 A casa de proteção do poço tubular deverá dispor de


abertura superior adequada, com cúpula de pressão em aço inoxidável envolvendo
a canalização do tubo edutor do poço ou janela de alumínio anodizado e vidro para
facilitar a manutenção e reparos que o poço venha a necessitar.

4.5.3 A instalação de bombas de recalque nos sistemas de


captação deve assegurar a não contaminação da água por óleo e outras impurezas
provenientes de seu funcionamento ou necessárias a sua manutenção.

4.5.4 A área circundante à casa de proteção da captação deverá


ser cercada por alambrado de malhas resistentes, para impedir a entrada de animais
e com área mínima suficiente para manter a captação adequadamente protegida,
dotada de portão, cujo acesso seja somente permitido às pessoas devidamente
autorizadas pela empresa.

4.5.4.1 A área referida no item anterior deverá ser calçada ou


pavimentada, possuindo adequado sistema de drenagem das águas pluviais, e ser
mantida em boas condições de limpeza, a fim de não comprometer a integridade da
captação.

4.5.5 Após a conclusão da construção do poço ou quando vier a


ocorrer alguma manutenção da captação, deverá ser efetuada a sua limpeza e
desinfecção e, para comprovar a remoção da substância desinfetante utilizada e a
potabilidade da água mineral, deverá ser realizada uma análise química e
microbiológica.

4.5.6 A casa de proteção da captação deverá estar concluída na


sua forma definitiva por ocasião da entrega do Relatório Final de Pesquisa e do
Estudo in loco, comprovada com fotos ilustrativas anexadas aos autos do processo
de mineração.

Mineração – Tópicos Especiais em Mineração 31


4.5.7 Para assegurar a representatividade do Estudo in loco, na
vigência do alvará de pesquisa mineral, será obrigatória a realização de no mínimo
04 (quatro) análises completas (químicas, físico-químicas e microbiológicas)
distribuídas ao longo de um ciclo hidrológico, com a finalidade de obtenção de
análise de referência e garantia da correta classificação da água mineral ou potável
de mesa.

4.5.7.1 As campanhas de coleta de amostras de água para


realização de análises completas, em laboratório autorizado, deverão ser
acompanhadas por um agente fiscal do DNPM.

4.5.8 É admitida a integração de vazões de captações distintas


dentro de um mesmo sistema aqüífero, respeitado o disposto no item 3.2.

4.5.9 Semanalmente, deverão ser feitas inspeções na captação e


realizadas análises microbiológicas (coliformes totais e fecais) e análises
físico-quimicas (pH e condutividade), comprovadas por registro formal
correspondente, mantendo os laudos à disposição das autoridades fiscalizadoras. As
captações deverão ser mantidas em boas condições de limpeza e higiene, de forma
a se evitar os riscos de contaminação da água mineral natural ou potável de mesa.

4.6 SISTEMA DE CONDUÇÃO E DISTRIBUIÇÃO

As canalizações para condução e distribuição da água deverão ser


colocadas em nível superior ao do solo, a uma altura mínima 30 cm. No caso de ser
tecnicamente inviável o uso da tubulação aérea, será permitida a sua instalação em
calhas fechadas, ao nível do solo, apoiadas sobre suportes de 30 cm.

4.6.1 Nesse caso excepcional, as calhas deverão ser assentadas ao


nível do solo ou semi-enterradas, com inclinação mínima de 2% para impedir a
estagnação de águas superficiais e deverão possuir tampas removíveis que
permitam a limpeza periódica, inspeção ou substituição de condutos, quando
necessário.

4.6.2 Quando as canalizações estiverem instaladas a uma altura


superior a 2,5 metros, deverão ser construídas passarelas com guarda-corpo junto
às mesmas, para fins de inspeções periódicas.

4.6.3 Ao longo de todo o trajeto por onde passa a tubulação de


adução, o terreno deverá ser mantido aceirado ou capinado, numa distância mínima
de 1,0 metro para cada lado desta.

4.6.4 As tubulações, conexões e registros que ligam as captações


aos reservatórios ou às instalações industriais, inclusive a tubulação que atinge o
aqüífero (no caso de nascente), deverão ser de aço inoxidável polido ou de PVC
aditivado, tipo geomecânico, e de grau alimentício.

Mineração – Tópicos Especiais em Mineração 32


4.6.5 As tubulações deverão ser independentes e identificadas
com a inscrição “água mineral” ou “água potável de mesa” e com a indicação do
sentido do fluxo, sendo proibida a conexão com as outras redes de abastecimento.
No caso de mais de uma fonte, é necessária ainda a identificação da fonte na
tubulação.

4.6.6 As tubulações, conexões e registros do sistema de condução


e distribuição da água mineral ou potável de mesa, não poderão apresentar
vazamentos, devendo ser mantidas em boas condições de conservação e limpeza.

4.7 RESERVATÓRIOS

Os reservatórios deverão ser totalmente estanques, construídos


em aço inoxidável polido, de grau alimentício, e estar em nível superior ao do solo
de modo a permitir inspeção visual externa do mesmo.

4.7.1 Os reservatórios deverão ser dotados de tampas de vidro, de


forma a permitir inspeção visual de seu interior, circundada com borracha atóxica,
inclinação que permita o escoamento das gotículas formadas pela condensação na
tampa, e fechamento adequado. Estas tampas deverão estar protegidas por
sobretampas de aço inoxidável para evitar a entrada de luz.

4.7.2 Os reservatórios deverão possuir: sensores de nível; válvula


de retenção; extravasores dotados e de fecho hídrico em forma de sifão, protegidos
por telas milimétricas; filtro de ar microbiológico com malha adequada; dispositivo
para esvaziamento em nível inferior para fins de limpeza; sistema CIP com
“sprayball” para fins de higienização interna; torneira de aço inoxidável instalada
no início da tubulação de distribuição da água às instalações de envasamento para
coleta de amostras; escada de segurança externa de acesso ao topo do reservatório
com protetor de corpo e ainda plataforma com corrimão, sobre o reservatório, a fim
de possibilitar a melhor condição de inspeção superior do mesmo.

4.7.3 O tempo de residência da água mineral ou potável de mesa


no reservatório, necessária às operações de enxágüe e envase, não poderá exceder a
03 (três) dias.

4.7.4 A limpeza e a desinfecção dos reservatórios devem ser


realizadas periodicamente com agentes sanitizantes, em função dos resultados
decorrentes do monitoramento microbiológico diário de bactérias heterotróficas,
Pseudomonas aeruginosa e coliformes totais.

4.8 COMPLEXO INDUSTRIAL

Mineração – Tópicos Especiais em Mineração 33


Os projetos industriais e suas respectivas alterações serão
submetidos à prévia aprovação do DNPM, devendo ser apresentadas as seguintes
documentações, assinadas por profissional legalmente habilitado:
Planta de locação planialtimétrica, na escala mínima de 1:100,
com intervalo de nível adequado, contendo todos os setores do complexo industrial,
locando as instalações da captação e proteção da fonte, a rede de adução,
reservatórios e a entrada da canalização na indústria até a sala de envase;
Planta baixa das instalações internas em escala 1:50, que farão
parte do prédio principal da unidade industrial, representando a distribuição
espacial das áreas de recepção, inspeção – sala de triagem e escovação
interna/externa dos garrafões retornáveis para um novo ciclo de uso, pré-lavagem,
lavagem e desinfecção, salas de assepsia e envase dos vasilhames, depósitos de
recipientes vazios, recipientes cheios e engradados, almoxarifado de insumos de
uso exclusivo nas instalações de envase (rótulos, tampas, lacres, materiais de
limpeza e desinfecção etc..), dependências sanitárias e vestiários, sopradora de
embalagens plásticas e silos, laboratório de análises microbiológicas, sala de
recepção de clientes e escritórios;

Planta em escala de 1:50 das instalações externas, a serem


construídas em local separado do prédio principal da unidade industrial, lançando
as oficinas de manutenção de equipamentos e veículos que atendem a empresa, sala
de motoristas, almoxarifado de peças pesadas, depósito para guarda de materiais de
limpeza e desinfecção geral do pavilhão industrial, depósito de resíduos, o
restaurante ou refeitório dos funcionários etc.

Planta geral planimétrica do empreendimento em escala 1:100,


com intervalo de nível adequado, mostrando a localização da indústria, do(s)
poço(s), a rede de esgotos sanitários e a drenagem superficial do terreno, o sistema
de tratamento dos efluentes provenientes da indústria, o reuso das águas servidas e
o lançamento final dos efluentes tratados à jusante da captação e das instalações
industriais;

Projeto e plantas em escala de 1:50 das instalações de energia


elétrica indicando os pontos de tomadas monofásicas e trifásicas nas paredes e
aéreas, distribuição das luminárias e sistema de aterramento da indústria;

Perfís com cortes longitudinais às esteiras rolantes e transversais


à sala de envase e ante-sala de assepsia, locando a distribuição dos mesmos em
planta e mostrando a entrada e saída dos vasilhames;

Fluxogramas das atividades nas salas de recepção, inspeção,


pré-lavagem, lavagem, desinfecção, assepsia, rotulagem e linha de envase e
expedição e outras áreas do complexo industrial;

Memorial descritivo dos diversos setores e funcionamento dos


equipamentos do complexo industrial contemplando a recepção, inspeção,
pré-lavagem, lavagem e desinfecção dos vasilhames, os setores de assepsia e de
envase, rotulagem, expedição, laboratório e adjacências.

Mineração – Tópicos Especiais em Mineração 34


4.8.1 O complexo industrial deve situar-se em zonas isentas de
odores indesejáveis, fumaça, pó e dentre outros contaminantes e devem ser
estabelecidos controles com o objetivo de evitar riscos de contaminação das águas
minerais. Para tanto, sugere-se a determinação do sentido preferencial dos ventos
no local, de modo que as instalações de envase estejam protegidas dessas cargas
nocivas.

4.8.2 A área não construída ao redor do complexo industrial


deverá ser calçada a fim de evitar ou minimizar a geração de poeira e a ação de
outros agentes contaminantes.

4.8.3 A circulação dos operadores na área externa do setor de


envase do complexo industrial deverá ser livre, para se evitar a transposição das
esteiras rolantes por baixo. A transposição por cima só poderá ocorrer por meio de
plataformas fixas com parapeito de segurança e de piso fechado. Na área de envase,
não poderá ocorrer qualquer transposição.

4.8.4 A sala de envase deverá ser totalmente separada das demais


dependências por paredes de alvenaria, revestidas de azulejos de cor clara até o teto
e visores amplos e fixos, de vidro. As paredes podem ser construídas com outros
materiais atóxicos e higiênicos, de aço inoxidável, alumínio ou outro material
aprovado pelo DNPM, desde que proporcione fácil higienização. Os visores fixos
de vidro serão usados para fins de inspeção e deverão utilizar material com 100%
de transparência em esquadrias de alumínio anodizado.

4.8.4.1 A sala de envase e o setor onde se processará a lavagem


ou a desinfecção dos recipientes deverão ser mantidos em perfeitas condições de
limpeza e higiene, não sendo permitido usá-los como depósitos de materiais.

4.8.4.2 Todos os cuidados deverão ser tomados para que a água


mineral ou potável de mesa não seja contaminada ao realizar-se a limpeza e
desinfecção dos setores de envasamento e de lavagem. Os resíduos dos agentes
desinfetantes nesses ambientes deverão ser totalmente eliminados mediante
enxágue com água mineral.

4.8.4.3 Não será permitido qualquer serviço de manutenção


preventiva ou corretiva durante as operações de envase. Se houver necessidade de
entrada de pessoas estranhas na sala de envase, a operação deverá ser suspensa,
sendo feita a higienização completa da sala e dos equipamentos, antes da retomada
do funcionamento.

4.8.4.4 O teto da sala de envase deve possuir revestimento liso,


lavável, de cor branca ou azul clara, em laje de concreto ou estrutura em forro
lavável ou ainda outro material aprovado pelo DNPM. Não deve apresentar
aberturas, fendas ou trincas.

4.8.4.5 O piso da sala de envase deverá ser de material


impermeável de alta resistência, de cor clara, de fácil higienização, com inclinação

Mineração – Tópicos Especiais em Mineração 35


suficiente para escoamento das águas e interligado a uma caixa de recepção
sifonada.

4.8.4.6 Na sala de envase, as junções entre as paredes, com o teto


e o piso devem ser arredondadas para facilitar a higienização.

4.8.4.7 A sala de envase deverá possuir iluminação mínima de


500 Lux. Climatizada e pressão positiva com ar micrometricamente filtrado.

4.8.4.8 Cada sala de envase deverá ter preferencialmente uma


linha de equipamento. Em caso de manutenção, as demais linhas deverão manter-se
paralisadas até a finalização da referida operação. Após a manutenção a sala deverá
ser desinfetada, para evitar contaminação. A não observância deste dispositivo
implicará na interdição da sala de envase até a separação das linhas de produção.

4.8.4.9 A circulação de vasilhames retornáveis ou não a


higienização até o fechamento, deverá ser feita por meio de esteiras rolantes através
de túneis dotados de lâmpadas germicidas, passando por portinholas em forma de
guilhotina nas paredes divisórias, não sendo permitido o transporte manual.

4.8.4.10 O tamanho das aberturas de entrada e saída dos


vasilhames deverá ser o estritamente necessário para a circulação dos mesmos,
devendo ser dotadas de portinholas, em forma de guilhotina e mantidas fechadas
quando a unidade de envase estiver paralisada.

4.8.5 O acesso à sala de envase deverá ser feito exclusivamente


por uma ante-sala de assepsia, com as mesmas características da primeira, devendo
dispor: a) de uma pia com torneira acionada por pedal ou por sensor de
proximidade, para lavagem e desinfecção das mãos, com sabão neutro líquido,
inodoro e solução germicida; b) um sistema de ar quente, igualmente acionado por
sensor de proximidade ou por pedal, ou papel toalha não-reciclado para secagem
das mãos; c) prateleira para acondicionamento de luvas e máscaras descartáveis; e;
d) uma lixeira com tampa acionada por pedal para descarte de luvas e máscaras. Na
entrada da ante-sala, pelo lado externo, deverá ter um sistema para higienização das
botas dos operadores, com solução de substância desinfetante;

4.8.5.1 As portas das salas de assepsia e envase deverão ser de


alumínio anodizado liso e vidro, ou de aço inoxidável liso e vidro, abrindo de
dentro para fora, com fechamento automático e soleira de vedação.

4.8.5.2 Todas as luminárias da sala de assepsia e envase deverão


ser blindadas e instaladas de forma que facilite a limpeza.

4.8.6 Os locais onde se processam a lavagem e desinfecção dos


recipientes deverão possuir adequada iluminação, ou seja, 500 Lux e arejamento
suficiente de forma a evitar a excessiva condensação de vapores d’água. O piso
deverá ter inclinação suficiente para escoamento das águas, dirigidas a uma calha
com grelha metálica ou outro material aprovado pelo DNPM e no final desta, uma
caixa de recepção sifonada.

Mineração – Tópicos Especiais em Mineração 36


4.8.7 O piso dos locais onde se processam a pré-lavagem dos
garrafões, a lavagem e a desinfecção, o estoque de garrafões, a movimentação de
embalagens, cheias ou vazias etc., deverá ser de material impermeável e poderá ser
revestido com cerâmica ou outro material do tipo monolítico de alta resistência e de
cor clara. As paredes desses locais poderão ter revestimento em azulejo, ou ser
revestidas com outro material desde que aprovado pelo DNPM.

4.9 EQUIPAMENTOS E UTENSÍLIOS

As partes internas dos utensílios e equipamentos que terão


contato com a água mineral ou potável de mesa deverão ser construídas em aço
inoxidável polido de grau alimentício, a fim de garantir as suas características
originais e as suas qualidades microbiológicas.

4.9.1 Deverão ser instalados medidores de vazão (hidrômetros),


de aço inoxidável de grau alimentício ou outro material inerte aprovado pelo
DNPM, na tubulação de condução de água da captação, na saída do poço ou após a
bomba de recalque no caso de fonte e também antes de cada linha de enchimento,
em locais de fácil acesso à leitura e sempre fora da cabine de envase.

4.9.1.1 Deverão ser efetuadas leituras diárias do volume de água


nos hidrômetros instalados, mantendo-se as planilhas de registro à disposição da
fiscalização do DNPM.

4.9.2 No processo de recepção, inspeção, pré-lavagem e lavagem


dos vasilhames retornáveis, inicialmente, deverá ser feita a triagem qualitativa dos
garrafões com uma inspeção visual e olfativa, verificando prazo de validade e
certificação dos vasilhames. Os vasilhames aprovados nessa seleção, se necessário,
serão higienizados externamente, podendo ser de forma manual ou automática, em
local apropriado, para a retirada de todas as impurezas externas, incluindo rótulos,
tampas e cola. Posteriormente, os garrafões serão escovados internamente e a
seguir, com jateamento de água de alta pressão e produto desinfetante, utilizando
equipamento apropriado, com no mínimo 04 (quatro) estágios assim descritos:

1º estágio – primeiro tanque: lavagem a 60º C, com uma solução


de soda cáustica ou com outros produtos similares aprovados pela ANVISA/MS;

2º estágio – segundo tanque: deverá ser utilizada água


proveniente da recirculação do 37inerar final.

3º estágio – terceiro tanque: desinfecção com solução clorada, ou


outros produtos desinfetantes similares aprovados pela ANVISA/MS.

4º estágio – quarto tanque: enxágüe final realizado


exclusivamente com a água mineral ou potável de mesa proveniente da captação a
ser envasada.

4.9.2.1 As embalagens retornáveis, com prazo de validade


vencido e sem certificação, devem ser rejeitadas e destruídas, observado o disposto

Mineração – Tópicos Especiais em Mineração 37


na Portaria N° 387/2008, alterada pela Portaria N° 358/2009, aplicáveis as sanções
previstas na legislação.

4.9.2.2 As embalagens retornáveis, com amassamentos,


rachaduras, ranhuras, remendos, deformação de gargalos, alterações de odor, de
cor, e outras imperfeições constantes das normas vigentes da ABNT, devem ser
rejeitadas e destruídas, aplicáveis as sanções previstas na legislação.

4.9.2.2 Não será permitida a utilização de desinfetantes no


enxágüe final, bem como na água a ser envasada.

4.9.2.3 Deverão ser realizados testes periódicos nas embalagens,


por meio de amostragens, no mínimo a cada turno, para que se confirme a
eficiência dos processos de lavagem/higienização/enxágüe. Os resultados desses
testes deverão ser registrados em planilha à disposição da fiscalização do DNPM.

4.9.2.4 O envasamento e o fechamento das embalagens deverão


ser efetuados por máquinas automáticas.

4.9.2.5 As tampas utilizadas nos vasilhames deverão ser


previamente desinfetadas, com substância de comprovada eficiência e que não
deixe residual, dispensado o enxágue. Caso o desinfetante deixe residual, as tampas
devem ser enxaguadas com água proveniente da fonte de água mineral.

4.9.2.6 As concentrações dos produtos empregados nas máquinas


de lavar e desinfetar utilizados nas fases de retirada das sujidades e desinfecção
devem ser monitorados preferencialmente a cada turno ou em intervalos máximos
diários.

4.9.3 As máquinas e equipamentos deverão ficar dispostos de


modo que haja um processamento contínuo, desde a lavagem, higienização até o
fechamento dos vasilhames.

4.9.3.1 A distância entre a máquina lavadora e a envasadora


deverá ser a menor possível, a fim de minimizar os riscos de contaminação da água.

4.9.4 Todas as máquinas e os equipamentos utilizados no envase


de água mineral e potável de mesa, suas tubulações, deverão ser submetidos a
processos de higienização e manutenção periódica.

4.9.5 Todas as máquinas de enchimento de vasilhames


retornáveis e descartáveis devem ser isentas de perda de água.

4.10 REUSO DE ÁGUA

A empresa deve demonstrar preocupação com o uso racional das


águas disponíveis dentro da área correspondente a portaria de lavra.

Mineração – Tópicos Especiais em Mineração 38


4.10.1 Toda água proveniente do enxágüe final, utilizada na
máquina de lavar/rinser, deverá ser reaproveitada para lavagens intermediárias ou
outras utilizações no complexo industrial.

4.10.2 Nos casos em que o teste de bombeamento seja realizado


em área de concessão de lavra já em atividade, deverão ser utilizados
procedimentos que facultem o máximo reaproveitamento da água bombeada na
pré-lavagem de garrafões ou outras utilizações (banheiros, pisos. Jardins, limpezas
em geral, etc.)

4.11 RINSAGEM

A rinsagem destinada à desinfecção de vasilhames descartáveis,


deverá ser feita com substância de comprovada eficiência e que não deixe residual,
dispensado o enxágue. Caso o desinfetante deixe residual, os vasilhames devem ser
enxaguados com água proveniente da fonte de água mineral.

4.11.1 Em operações contínuas que envolvam a desinfecção, será


permitida a execução da rinsagem dentro da sala de envase com a utilização de
equipamentos que assegurem a completa assepsia dos vasilhames descartáveis.

4.11.2 Em operações descontínuas, a desinfecção deverá ocorrer


sempre fora da sala de envase. O enxágüe final poderá ser realizado em operação
contínua com o enchimento e o tamponamento.

4.11.3 A vedação da máquina de lavar/rinser ou dos túneis com a


parede da sala de envase deverá ser feita com a colocação de manta de borracha
destinada a absorver as vibrações, com recortes correspondentes ao perfil do
equipamento metálico, para impedir a entrada de insetos.

4.12 EMBALAGENS

As embalagens utilizadas no envasamento das águas minerais e


potáveis de mesa deverão garantir a integridade do produto final, sem alteração das
suas características físicas, físico-químicas, químicas, microbiológicas e
organolépticas. Os garrafões, garrafas e copinhos deverão ser fabricados com
resinas virgens, tipo Policarbonato, PET ou similar, que assegurem a manutenção
das propriedades originais da água.

4.12.1 No caso de estocagem de embalagens plásticas, produzidas


no complexo industrial, o transporte deverá ser realizado diretamente aos silos de
armazenagem, por meio de esteiras automáticas ou rede de dutos pneumáticos.

4.12.2 A fim de garantir a isenção de efeitos organolépticos, as


embalagens plásticas produzidas no complexo industrial só poderão ser envasadas
após a sua completa degaseificação.

Mineração – Tópicos Especiais em Mineração 39


4.12.3 Os silos deverão ser revestidos internamente de chapas de
aço inoxidável, galvanizadas, de polietileno, fórmica estrutural, ou outro material
aprovado pelo DNPM, e construídos o mais próximo possível da sala de envase.

4.12.4 Os silos deverão ser periodicamente desinfetados e


mantidos em boas condições de conservação, devendo possuir meios, dispositivos e
condições adequadas de segurança, que possibilitem a fácil inspeção.

4.13 FONTANÁRIO: A água destinada ao fontanário deverá ser


proveniente diretamente da captação, conduzida através de sistema de tubulação
aérea, ou em calhas ao nível do solo, independentemente do sistema de enchimento

4.13.1 A água mineral ou potável de mesa destinada ao fontanário


deverá ser armazenada em reservatório exclusivamente para este fim e conduzida
através de sistema de tubulação independente, aérea, ou em calhas ao nível do solo.
No caso de vazão espontânea a água mineral ou potável de mesa destinada ao
fontanário, poderá ser proveniente diretamente da captação.

4.13.2 O fontanário deverá ser instalado em local de fácil acesso


ao público, totalmente isolado da área de influência da captação e das instalações
industriais devendo atender as normas de Boas Práticas de Fabricação – BPF.

4.13.3 O fontanário deverá ter uma parede construída e azulejada,


devidamente coberta com telhado para proteção do usuário, de onde sairá uma ou
mais torneiras de aço inoxidável. Abaixo das torneiras, deverá ser construída uma
canaleta azulejada ou revestida de aço inoxidável, para escoamento da água.

4.13.4 A área ao redor do fontanário deverá ser calçada, e


mantida limpa, sem a presença de água estagnada.
4.13.5 O concessionário da lavra deverá dispor ao público
consumidor, no fontanário, cópias dos boletins de análises química, físico-química
e microbiológica da água da fonte, atualizadas com a freqüência determinada pela
legislação vigente.
4.13.6 O usuário do fontanário é obrigado a efetuar a devida
limpeza necessária a garantir a higiene dos vasilhames utilizados.

4.14 EDIFICAÇÕES E INSTALAÇÕES

As edificações e instalações deverão ser construídas em função


de suas especificidades obedecendo às seguintes condições:

Sujeitas a isolamento total: As edificações que deverão ser


construídas em local separado da unidade industrial, de modo a ser estabelecido um
isolamento total das instalações de envase e não oferecer nenhum risco de
contaminação à água mineral, são: oficinas de manutenção de veículos que
atendem a unidade industrial, sala de motoristas, almoxarifado de peças pesadas,
depósito para guarda de materiais de limpeza e desinfecção geral do pavilhão
industrial, restaurante ou refeitório dos funcionários;

Mineração – Tópicos Especiais em Mineração 40


Sujeitas a isolamento parcial: As edificações que poderão fazer
parte ou estarem dispostas junto ao prédio da própria unidade industrial, afastadas
suficientemente e, de modo a ser estabelecido um isolamento físico da sala de
envase, por paredes com portas e não oferecer nenhum risco de contaminação à
água mineral são: sala de triagem e escovação interna/externa dos garrafões
retornáveis para um novo ciclo de uso, depósitos de recipientes vazios, recipientes
cheios e engradados, almoxarifado de insumos de uso exclusivo nas instalações de
envase (rótulos, tampas, lacres, materiais de limpeza e desinfecção etc.),
dependências sanitárias e vestiários, sopradora de embalagens plásticas e silos,
laboratório de análises microbiológicas, sala de recepção de clientes e escritórios.

4.14.1 As tubulações das instalações sanitárias, bem como as


fossas sépticas e sumidouros, caso não exista rede pública de esgotos sanitários,
deverão ser instaladas numa cota inferior àquelas destinadas à captação da água
mineral ou potável de mesa.

4.14.2 O refeitório para os funcionários, quando houver, deverá


ter pisos e paredes revestidos de materiais impermeáveis que facilitem a
higienização e ser construído em local adequado, afastado e totalmente isolado das
instalações industriais.

4.14.3 A área do complexo industrial, no entorno da sala de


envase, não poderá ser utilizada como depósito de vasilhames cheios ou vazios e
outros materiais.

4.14.3.1 Para assegurar completa higienização, ventilação e


impedir contato direto com o piso e eventual contaminação, o produto envasado
deverá ficar estocado sobre estrados de plástico rígido, paletes, prateleiras ou
outros padrões de estocagem aprovados pelo DNPM e adequados para esse fim.

4.14.3.2 O concessionário da lavra é responsável pela coleta,


armazenamento seletivo e transporte de todos os resíduos gerados, devendo, o
armazenamento, ser diferenciado para cada categoria de produto, em local
apropriado, fora da unidade industrial, segundo a classe definida pela(s) norma(s)
vigente(s) da ABNT.

4.15 LABORATÓRIO

Todas as indústrias que envasam águas minerais e potáveis de


mesa deverão efetuar análises microbiológicas, em laboratórios próprios, segundo
os lotes de produção bem como a análise físico-química diária, contemplando a
medição de Condutividade Elétrica, pH e a Temperatura da água na captação e na
Linha de Produção, para controle de qualidade do produto final, de conformidade
com a legislação em vigor da Agência Nacional da Vigilância Sanitária –
ANVISA/MS. Serão aceitos métodos de análise rápida, segundo a tecnologia
disponível e os laudos das análises deverão ser assinados por profissional
legalmente habilitado.

Mineração – Tópicos Especiais em Mineração 41


4.15.1 As dependências laboratoriais deverão ter pisos e paredes
revestidos de materiais impermeáveis que facilitem a higienização e inibam a ação
dos contaminantes e os funcionários que trabalhem nessa área deverão estar
equipados com vestuário de barreira.

4.15.2 Na indústria, deverá permanecer um arquivo de todas as


análises realizadas nas instalações, nas embalagens e no produto final.

4.16 SAÚDE E HIGIENE DO PESSOAL

Todos os funcionários deverão ser submetidos a exames médicos


admissionais, periódicos, demissionais e em mudança de função, de acordo com as
normas do Ministério do Trabalho para verificar as condições do seu estado de
saúde.

4.16.1 Nos exames de admissão e nos periódicos semestrais, os


funcionários envolvidos no processo produtivo deverão fazer exames laboratoriais
completos (hemograma completo, urina tipo I, glicemia de jejum, parasitológico de
fezes e Rx de Tórax), além da emissão do ASO (Atestado de Saúde Ocupacional),
para garantia do seu estado de saúde. Os resultados destes exames deverão ser
mantidos nas pastas funcionais da empresa, disponíveis para a fiscalização e o ASO
emitido em 02 (duas) vias (empresa e funcionário).

4.16.2 Os empregados deverão ser advertidos no sentido de


comunicar toda e qualquer alteração no seu estado de saúde ou aparecimento de
feridas, dores ou qualquer tipo de sintoma, inclusive de seus familiares. Para tanto
deverá ser mantido um Sistema de Atendimento Ambulatorial para dirimir queixas,
direcionar atendimento médico e efetuar o armazenamento de dados estatísticos.

4.16.3 Estará impedida de trabalhar qualquer pessoa com


potencial de transmissão de doenças infecto-contagiosas de qualquer natureza ou
quaisquer patologias que impliquem em cuidados intensivos, de acordo à prévia
avaliação médica.

4.16.4 Os empregados responsáveis pelas operações dentro da


sala de envase deverão usar (EPIs) uniformes, máscaras, gorros, botas de borracha
e luvas esterilizadas, na cor branca, e serão obrigados a atender, no mínimo as
seguintes recomendações:

a) Manter rigoroso asseio individual, tais como: banho antes de


cada entrada na sala de envase, unhas cortadas limpas e sem esmalte, cabelos
cortados, dentes em bom estado de conservação, barba feita diariamente, etc;

b) Não fumar, mastigar, manusear ou ingerir alimentos no


exercício de suas funções;

c) Usar vestuário adequado à natureza de seu trabalho, não


portando jóias, relógios, cordões, pulseiras e não usar perfumes e usar desodorante
inodoro.

Mineração – Tópicos Especiais em Mineração 42


4.16.5 Todos os funcionários que trabalham nas linhas de
produção deverão receber treinamento e capacitação periódica sobre normas de
higiene pessoal e Boas Práticas de Fabricação – BPF.

4.17 ROTULAGEM E LACRE

O processo de rotulagem e colocação dos lacres


independentemente, se for automático ou manual, não poderá ser executado dentro
da sala de envase.

4.17.1 Os insumos como rótulos, tampas, lacres e ingredientes de


cada produto deverão ser armazenados em salas distintas, devendo ser em todas as
etapas do processo obedecido o Norma Técnico de Boas Práticas de Fabricação –
BPF e ao Sistema de Análises de Perigos e Pontos Críticos de Controle – APPCC e
demais normas pertinentes à matéria.

4.18 UTILIZAÇÃO DE ÁGUAS MINERAIS E POTÁVEIS DE


MESA COMO INGREDIENTE NO PREPARO DE BEBIDAS EM GERAL

Dentro do prédio industrial destinado ao envase de água mineral


e/ou potável de mesa, com ou sem a adição de gás carbônico, será permitido apenas
o envase de bebidas que tenham como ingrediente água mineral.

4.18.1 Para se engarrafar diferentes produtos em uma mesma


linha de produção, sem deixar resíduos de sabor, odor, cor e isentos de possíveis
contaminações, utilizando a água mineral como ingrediente no preparo de bebidas
em geral, é imprescindível a incorporação e a utilização do sistema de limpeza no
local, conhecido como sistema CIP (Cleaning in Place) nas linhas de envase de
água mineral e potável de mesa, com objetivo de garantir e assegurar uma eficiente
desinfecção das enchedoras e seus equipamentos periféricos, disponibilizando-os
de forma higienizada após cada processo de envase, devendo o sistema ser descrito
detalhadamente e composto no mínimo por:

a) Um tanque de aço inoxidável com acabamento polido sanitário e


grau alimentício para diluição de solução de limpeza (detergente);

b) Um tanque de aço inoxidável com acabamento polido sanitário e


grau alimentício para pré-aquecimento e armazenamento de água quente (85° C);

c) Um tanque de aço inoxidável com acabamento polido sanitário grau


alimentício utilizado para recuperação de água do enxágüe que será utilizada para a
etapa de pré-enxágüe do processo posterior;

d) Uma bomba centrífuga sanitária com rotor e carcaça em aço


inoxidável para recircular as diferentes soluções desde os tanques CIP, tubulação,
equipamentos periféricos, enchedoras e retorno para os tanques CIP (Cleaning in
Place).

Mineração – Tópicos Especiais em Mineração 43


4.18.2 O funcionamento do equipamento de CIP (Cleaning in
Place) deve acontecer segundo 05 (cinco) etapas, efetuando pré-enxágüe, limpeza,
enxágüe intermediário, esterilização e enxágüe final.

a) 1ª etapa – pré-enxágüe. O pré-enxágüe deverá ser feito com água


recuperada à temperatura de 50°C. Esta operação visa remover dos equipamentos e
também das tubulações, todo material sólido ou líquidos que por ventura fiquem
como residuais após o engarrafamento. A água efluente do pré-enxágüe deverá ser
descartada;
b) 2ª etapa – limpeza. Esta etapa consiste nas operações de limpeza e
esterilização propriamente dita dos equipamentos com solução detergente aquecida
a 85°C, temperatura esta que assegurará a eliminação de qualquer bactéria ou
resíduo contaminante. Este processo deverá ser executado em circuito fechado e em
corrente contrária ao fluxo do enchimento, garantindo a remoção de possíveis
resíduos sólidos, líquidos e de pontos contaminantes;
c) 3ª etapa – enxágüe intermediário. O enxágüe intermediário deve
ser feito com água pré-aquecida a 50°C, em circuito fechado e após o processo a
água deverá ser descartada;
d) 4ª etapa – esterilização. Esta etapa consiste na utilização de água
quente proveniente do tanque, aquecida a 90°C, e deverá circular em circuito
fechado em corrente contrária ao fluxo de enchimento por pelo menos 15 minutos,
sendo que após este processo a água deverá ser descartada;
e) 5° etapa – enxágüe final. O enxágüe final deverá se dar com água
mineral a temperatura ambiente. A água deste processo deverá ser direcionada para
o tanque de recuperação para utilizar no próximo pré-enxágüe ou ser descartada.

4.18.3 Para garantir a eficiência do sistema CIP (Cleaning in


Place), todas as partes dos equipamentos que se tenham contato com o produto a
engarrafar devem ser construídas em aço inoxidável AISI 304 e para garantir
acabamento de todas as superfícies com polimento sanitário – grau alimentício. As
juntas de vedação ou materiais que não sejam de aço inoxidável, que possam estar
em contato com o produto, deverão ser de material certificado para trabalhar com
produtos alimentícios, isentos de odores e sabores, de conformidade com as normas
da ANVISA/MS. Também deverá haver a garantia de resistência dos equipamentos
à temperatura de 95°C. O sistema para aquecimento da solução e da água dos
tanques deve ser direto por meio de serpentina ou externo dos tanques por meio de
trocador de calor.

4.18.4 A previsão da utilização do sistema CIP (Cleaning in


Place) deve sempre constar do Plano de Aproveitamento Econômico–PAE, a ser
submetida à aprovação do DNPM e fiscalizada após sua instalação, para
verificação de sua real eficiência em termos de higienização das máquinas e
equipamentos utilizados para envase de água mineral e como ingrediente no
preparo de bebidas em geral.

4.18.5 As empresas concessionárias ao utilizarem a água mineral


como ingrediente no preparo de bebidas em geral não poderão efetuar a

Mineração – Tópicos Especiais em Mineração 44


desmineralização da água por filtração, precipitação ou por outro processo que
descaracterize o produto mineral, ou qualquer tratamento como cloração, diluição
ou adição química que venha caracterizar interferência com alteração das
características químicas, físico-químicas e microbiológicas, , que se configure
como tratamento prévio.

4.18.6 Na hipótese da não utilização do sistema CIP, o envase de


produtos distintos deverá ocorrer necessariamente em salas separadas.

5. ESTÂNCIAS DESTINADAS A FINS BALNEÁRIOS

A utilização de águas minerais e potáveis de mesa de fontes frias


e termais, destinadas a fins balneários, deverão ser feitas em estâncias
hidrominerais ou hidrotermais, respectivamente, classificadas pela Comissão
Permanente de Crenologia, segundo a qualidade de suas instalações e os serviços
prestados, de acordo com o Art. 22 e § único do artigo 41 do Código de Águas
Minerais, devendo constar das mesmas os seguintes requisitos mínimos em matéria
de organização e funcionamento:

5.1 PARA FINS DE TERMALISMO RECREATIVO

Os complexos hidrominerais ou hidrotermais deverão ter no


mínimo as seguintes instalações: Piscinas (quentes ou frias), com indicação de
profundidade, temperatura da água e tempo de permanência nas mesmas, de acordo
à avaliação médica prévia e proposta de atividades recreativas. Duchas de
superfície (circular, escocesa, Vichy etc.) com indicação de tempo de permanência;
Vestiários masculino e feminino; Sanitários masculino e feminino; Sala destinada à
avaliação médica e primeiros atendimentos; Sala de repouso pós-banhos e/ou
duchas.

5.2 PARA FINS CRENOTERÁPICOS

Deverão ser atendidas as especificações contidas no Art. 19


incisos I a VI do Código de Águas Minerais.

5.2.1 Os hotéis ou estabelecimentos termais (termas ou


balneários) destinados ao tratamento crenoterápico deverão prestar os serviços nas
seguintes áreas:

- Piscinas de água fria ou piscinas de água quente (água de origem mineral)

- Setor de balneoterapia com banheiras para banhos totais ou parciais.

- Saunas secas e úmidas.

- Banhos de imersão, pérola, turbilhão, hidromassagem, ofurô etc.

- Banhos em Duchas circular, escocesa e peloidoterapia;

Mineração – Tópicos Especiais em Mineração 45


- Sala para tratamentos fisioterápicos equipada com eletroterapia,
diatermia, massoterapia etc.

- Salas de repouso.

- Enfermaria para atendimento dos primeiros socorros e posto médico.

5.2.2 As piscinas e salas de banho, duchas etc. terão as paredes


azulejadas e o piso de cerâmica antiderrapante. Deverão ter à mostra e para
consulta pública o sistema de higienização aplicado nas suas dependências termais
segundo normas do Ministério da Saúde;

5.2.3 As piscinas deverão dispor de escadas com corrimão


cromado e as banheiras com sistema de barras de segurança;

5.2.4 O posto meteorológico deverá conter no mínimo os


seguintes instrumentos de medição: pluviômetro, barômetro, termômetro de
máxima e mínima, anemômetro, higrômetro ou termômetro de bulbo seco e
molhado;

5.2.5 Previsão de médico, fisioterapeuta e equipe de enfermagem,


sejam para atendimento de urgência ou para cumprir protocolos de tratamentos
crenoterápicos.

5.2.6 As análises das águas minerais com propriedades


terapêuticas utilizadas por hotéis ou estabelecimentos termais (termas ou
balneários) deverão estar à mostra ao público consumidor (usuário) assim como, de
maneira sucinta e genérica, as suas indicações, contra-indicações e metodologia de
uso, seja para uso como bebida ou em balneoterapia.

5.3 HIDRÔMETRO

O hidrômetro será instalado apenas no início da tubulação de


adução em cada fonte autorizada pelo DNPM.

5.4 ESTABELECIMENTOS TERMAIS

Os estabelecimentos que utilizam água mineral com propriedades


terapêuticas dependerão de aprovação da Comissão Permanente de Crenologia do
DNPM, ficando sujeitos á fiscalização desta Autarquia.

5.4.1 Os estabelecimentos termais deverão conter no seu quadro


de funcionários um Médico preferencialmente com qualificação em Crenologia e
Crenoterapia que deverá responder legalmente pelo uso do recurso mineral na
profilaxia ou tratamentos de saúde.

5.4.2 O Setor Médico dos estabelecimentos termais deverá


efetuar à análise estatística do seu atendimento e enviar semestralmente à Comissão
Permanente de Crenologia, para avaliação e compilação em bancos de dados.

Mineração – Tópicos Especiais em Mineração 46


5.4.3 A Comissão Permanente de Crenologia e o DNPM serão
responsáveis por vistorias periódicas a estes estabelecimentos com a finalidade de
averiguar o uso sustentável e racional do recurso mineral.

5.4.4 Todo estabelecimento termal que se proponha a usar água


mineral com potencial terapêutico deverá apresentar à Comissão Permanente de
Crenologia um Projeto de Caracterização Crenoterápica do seu recurso mineral,
constando elementos minerais com potencialidade de benefícios à saúde humana,
suas técnicas de administração, indicações, contra-indicações, dentre outros
aspectos.

5.4.5 A Comissão Permanente de Crenologia efetuará o controle


rigoroso e o atendimento às normas de higienização dos balneários e termas, sejam
elas privadas ou sob domínio de Estados ou Municípios.

5.4.6 Todo estabelecimento termal que vier a utilizar água


mineral com potencial terapêutico e aplicá-lo na preservação ou recuperação da
saúde, deverá conter no seu corpo de funcionários um Diretor Médico, legalmente
habilitado, que responda tecnicamente e perante os órgãos de classe (Conselho
Federal e Regional de Medicina) pelos atos praticados no exercício da sua função.

5.4.7 Todo estabelecimento termal que praticar atos técnicos para


tratamentos de saúde deverá comunicar as suas atividades no Conselho Regional de
Medicina do seu Estado, Sistema Único de Saúde (se enquadrar na Portaria n°971
do MS).

6. INÍCIO DA ATIVIDADE DE APROVEITAMENTO DA ÁGUA MINERAL

Após a publicação da Portaria de Lavra, a concessionária somente


poderá iniciar as atividades de produção tendo sido atendidas as seguintes
condições: aprovação do rótulo pelo DNPM; registro na ANVISA/MS, parecer
conclusivo de técnico do DNPM atestando que as instalações industriais estão de
acordo com o Plano de Aproveitamento Econômico – PAE aprovado; e
apresentação do laudo conclusivo da qualidade microbiológica do produto final
envasado (amostra coletada pelo laboratório responsável pela análise ou por técnico
do DNPM).

7. RESPONSABILIDADE TÉCNICA

Confiar, obrigatoriamente, a direção dos trabalhos de lavra de


água mineral e potável de mesa, incluindo o beneficiamento, a técnico legalmente
habilitado no CREA ao exercício da profissão, com Anotação de Responsabilidade
Técnica (ART) e dedicação profissional mínima de 20 (vinte) horas mensais.

8. DAS SANÇÕES E DAS PENALIDADES

No caso de água mineral e potável de mesa, aplicam-se as


mesmas obrigações previstas no art. 41, § 4º, bem como nos artigos 47, 48, 49 e 52
do Código de Mineração (CM), sob pena de sanções previstas no capítulo V do

Mineração – Tópicos Especiais em Mineração 47


(CM) e no capítulo XVI do Regulamento do Código de Mineração (RCM), além
das penalidades previstas nos arts. 18 e 31 do Código de Águas Minerais.

Nascente de água mineral na Serra Grande/CE

Casa de proteção de fonte (poço tubular) de água mineral.


4- Tópicos Especiais em Agrominerais.

É de conhecimento geral que o Brasil tem na atividade agrícola um


dos pilares da sua economia e que tal tendência deverá se manter no longo prazo.
No setor da agricultura é grande a demanda pelos compostos NPK (aqueles que
contêm Nitrogênio, Fósforo e Potássio), elementos que de um modo ou outro
desempenham função chave na fotossíntese, no metabolismo de açúcares, no
armazenamento e transferência de energia, na divisão celular, no alargamento das

Mineração – Tópicos Especiais em Mineração 48


células e na transferência da informação genética. Em suma, são essenciais para o
bom desenvolvimento da atividade agrícola.

O Brasil é um dos maiores produtores mundiais de alimentos e o


agro-negócio, um dos mais fortes segmentos da sua economia, representa um terço
da riqueza do país, 42% da receita de exportações e é responsável por
aproximadamente 18 milhões de trabalhadores no campo. Por outro lado, como a
maioria dos seus solos é pobre nos macronutrientes P, K e N, não possui depósitos
econômicos de enxofre e a produção de fertilizantes não acompanhou o grande
desenvolvimento da agropecuária, o País tornou-se o quarto maior importador
mundial, segundo no caso dos fosfatados. Verifica-se assim que o tímido
desenvolvimento da indústria nacional de fertilizantes não acompanha o dinamismo
da agropecuária.

O ciclo de suprimento do fósforo, elemento indispensável à vida


porque entra na composição do núcleo das células de todos os seres vivos, inicia-se
nos fosfatos naturais (a apatita é o principal), passa para o solo por solubilização,
continua-se ao ser absorvido pelas plantas, entra na vida animal pela alimentação
dos herbívoros e onívoros, havendo forte decaimento no seu retorno normal ao
solo. Se a vegetação, natural ou de cultura, for constantemente removida (plantio –
colheitas), é necessário compensar a perda de fósforo e outros oligo-elementos pela
aplicação de fertilizantes. O ritmo de produção necessário para suprir de alimentos
uma população que aumenta explosivamente passou a exigir o seu crescente
emprego na agricultura. Carência de fertilizantes fosfatados nos terrenos de cultura
traduz-se em atraso de crescimento e fraco desenvolvimento das plantas, isto é,
rendimento e produção agrícolas reduzidos (Lapido- Loureiro e Nascimento, 2003).

A prática de usar materiais fosfáticos como fertilizantes é tão antiga


que não há registro de seu início. Excrementos de aves eram usados pelos
cartagineses mais de 200 anos a.C. e os incas utilizavam guano muito antes da
chegada dos espanhóis (Waggaman, 1969).

Mineração – Tópicos Especiais em Mineração 49


O fósforo foi isolado pela primeira vez em 1669 pelo alquimista
alemão Henning Brandt ao evaporar grandes quantidades de urina humana. Só cem
anos mais tarde o químico sueco Gahn descobre sua presença nos ossos e dez anos
depois no mineral piromorfita (fosfato de chumbo). Foi somente em 1840 que o
químico alemão Justus 50in Liebig formulou a base científica de produção de
ácido fosfórico. Em 1842, o fazendeiro inglês Bennet Lawes patenteou um
processo de acidulação de nódulos fosfatados (coprólitos) e deu a este produto o
nome de superfosfato, que se mantém até hoje (Waggaman, 1969).

O fósforo, um dos três macro-nutrientes principais, juntamente com o


nitrogênio e o potássio, é elemento fundamental no processo de conversão da
energia solar em alimento, fibra e óleo pelas plantas.

O fósforo existe com certa abundância na natureza (é o décimo


elemento mais comum) e está presente em diversos tipos de litologia : 1.050 ppm
na crosta terrestre e teores médios de 8.690 ppm em carbonatitos, 650 ppm em
granitos e 390 ppm em diabásios (Heinrich, 1966; Mason, 1971).

Seus minérios são rochas naturais que se formam em ambientes


geológicos variados e quando em quantidade e concentração suficientes, formam
depósitos de valor econômico. Estes minérios podem então ser utilizados
diretamente ou após beneficiamento na indústria química e em especial como
fertilizante na agricultura.

Iniciando na mina (rochas fosfatadas), passando pelos produtos


industriais (ácido fosfórico e seus derivados) e até chegar aos campos de cultivo
(fertilizantes), o fósforo segue vários caminhos em função da tipologia do minério,
da distribuição geográfica das jazidas e centros de consumo, das substâncias
fabricadas, das características do parque industrial e da recuperação de subprodutos
com valor comercial a que se associa e redução/eliminação de agentes causadores
de impactos ambientais, nomeadamente metais pesados e elementos radioativos.
Deve-se acentuar o fato de que diversos estudos demonstram que
uma usina de fertilizantes moderna é altamente eficiente e o seu impacto negativo

Mineração – Tópicos Especiais em Mineração 50


no ambiente é insignificante. É após a saída dos fertilizantes da usina, que
começam as más práticas, as quais acabam causando forte impacto ambiental.

De modo geral, devemos lembrar que são as características


mineralógicas, químicas e texturais dos minérios/concentrados fosfáticos que
determinam:
a) A melhor opção para seu beneficiamento e remoção de impurezas;
b) O melhor processo químico a ser utilizado;
c) A vantagem de sua utilização como Rocha Fosfática de Aplicação
Direta

O modelo de fertilização implantado no Brasil é baseado em


produtos de alta solubilidade, como aqueles adotados em países de clima
temperado. Muitos pesquisadores e profissionais dos setores de mineração e
agricultura, tem declarado que este modelo importado não atende às peculiaridades
de nossos solos, chamando a atenção para o fato de numerosos depósitos de rochas
fosfáticas, localizadas nos trópicos e sub-trópicos, não terem sido aproveitadas até
hoje. Uma das razões seria a de não apresentarem qualidade necessária para
produção de fertilizantes solúveis em água, seguindo o processamento
convencional. Estes minérios fosfatados de baixa qualidade poderiam ser, contudo,
aplicados diretamente, principalmente os de origem sedimentar.

5- Tópicos Especiais em Mineração de Ferro.

Inicilamente deve- se observar que os minérios de ferro são rochas


das quais pode ser obtido o ferro metálico de maneira economicamente viável. O
ferro se apresenta geralmente sob a forma de óxidos como amagnetita e a hematia
ou ainda como um carbonato (siderita). Uma caracteírsitica importante a se
observar é que os minérios de ferro têm um teor de ferro variável consoante o
mineral ferrífero (vide tabela a seguir):
Conteúdo Conteúdo teórico
Mineral Fórmula química teórico em ferro
em ferro após calcinação
Hematita Fe2O3 69,96 69,96
Magnetita Fe3O4 72,4 72,4
Magnnsioferrita MgO·Fe2O3 56-65 56-65

Mineração – Tópicos Especiais em Mineração 51


Goethita Fe2O3·H2O 62,9 70
Hidrogoethita 3Fe2O3·4H2O 60,9 70
Limonita 2Fe2O3·3H2O 60 70
Siderita FeCO3 48,3 70
Pirita FeS2 46,6 70
Pirrotita Fe1-xS 61,5 70
Ilmenita FeTiO3 36,8 36,8

Na maior parte das vezes o minério se encontra associado a outros


tipos de rochas, necessitando após a lavra passar por beneficiamento de modo a
separar o minério de ferro dos outros e assim obter o teor desejado. O alto teor de
ferro dispensa em alguns casos, os processos de concentração, podendo o minério
ser utilizado diretamente, apenas com a adequação granulométrica. Os
procedimentos físicos para preparação mecânica têm por finalidade a obtenção de
minérios de composição e dimensões uniformes e adequadas à boa operação nos
aparelhos siderúrgicos.

Minério de ferro (Hematita)

A lavra de minério de ferro é uma atividade presente na maior parte


dos países. Os dez maiores produtores mundiais (dados de 2006) são: China,
Austrália, Brasil, Índia, Rússia, Ucrânia, Estados Unidos, África do Sul, Canadá e
Suécia. O minério de ferro, em virtude de suas propriedades químicas e físicas, é,
na sua quase totalidade, utilizado na indústria siderúrgica (98%). O restante é
utilizado como carga na indústria de ferroliga e na indústria de cimento.

Mineração – Tópicos Especiais em Mineração 52


Em média, nos últimos anos o consumo mundial de minério de ferro
tem crescido cerca de 10% ao ano, sendo que os maiores consumidores tem sido a
China, Japão, Coreia, Estados Unidos e a União Europeia.

No caso das minas de ferro, os métodos de lavra variam consoante


o tipo de minério e as características geométricas do corpo mineral. Na Suécia, por
exemplo, há uma mina subterrânea muito conhecida (Mina de Kiruna) enquanto
que no Brasil e na Austrália é comum se encontrar grandes pits a céu aberto,
merecendo destaque a mina de Carajás, pertencente ao grupo Vale do Rio Doce
que é a maior empresa de mineração do Brasil. Vale observar que as rochas
encontradas em Carajás apresentam em média um teor de 67% de Fe (teor mais alto
do planeta).

Mina de ferro subterrânea (Mina de Kiruna, Suécia)

Mina de ferro de Carajás (lavra a céu aberto) da Vale .

Mineração – Tópicos Especiais em Mineração 53


Pilha de minério de ferro após beneficiamento.

Estoque de minério de ferro aguardando carregamento.

Mineração – Tópicos Especiais em Mineração 54


Frente de lavra de mina de ferro e caminhão “fora de estrada”

Trens utilizados para transporte do minério de ferro.

No Brasil, além de Carajás, outras grandes e importantes minas de ferro se


encontram no estado de Minas Gerais, respondendo por grande quantidade de empregos
(diretos e indiretos) bem como pela geração de grande quantidade de receita para os
municípios na forma de impostos (CFEM).

6- Tópicos Especiais em Mineração de Cobre.

6.1- Definição.
O nome cobre deriva do termo latino “Aes Cyprium” – o metal de
Cyprus, associando-se ao fato da Ilha de Cyprus (Chipre) ter sido uma das

Mineração – Tópicos Especiais em Mineração 55


primeiras fontes do metal, posteriormente, a denominação passou a ficar conhecida
como “cuprum”, palavra que deu origem ao símbolo químico Cu.

De coloração laranja-avermelhada, presente na história da


civilização desde 8000 antes de Cristo, o cobre é um dos metais de maior
importância para a indústria moderna. Não é exagero dizer que o cobre ajuda a
moldar o mundo que conhecemos hoje. Suas propriedades de condução de calor e
de energia superam as de qualquer outro metal explorado comercialmente.
Maleável, reciclável, resistente à corrosão e a altas temperaturas, o cobre é
empregado na geração e na transmissão de energia, em fiações e em praticamente
todos equipamentos eletrônicos – como a sua televisão e o seu telefone celular.

Exemplar de minério de cobre

São conhecidos mais de 160 minerais de cobre, mas apenas 12 podem


ser considerados minérios, isto é, economicamente aproveitáveis para a extração do
Deste grupo de 12 (doze) minérios, 6 (seis) são a fonte de 95% do cobre primário
produzido mundialmente.

Vale ainda observar que o cobre (Cu) tem grande afinidade pelo
enxofre (S) e seus minérios são geralmente sulfetados. Pode-se afirmar que 90% do
cobre primário obtido no mundo provém de minérios sulfetados.
O elemento metálico cobre é relativamente raro na crosta terrestre. As
características físico-químicas do cobre são ponto de fusão relativamente baixo
(1.083ºC), boa ductibilidade, maleabilidade, resistência à corrosão e alta

Mineração – Tópicos Especiais em Mineração 56


condutividade térmica e elétrica. Importa enfatizar que os atributos de excelência
em condutividade térmica e elétrica apresentam-se como fatores determinantes para
o cobre alcançar o status de metal imprescindível para o uso industrial.
6.2 –Usos e aplicações.
Se lembrarmos que depois do alumínio, o cobre, por ser excelente
condutor de eletricidade e calor, é o metal não-ferroso mais utilizado no mundo,
fica claro que seu uso e aplicações são os mais variáveis possíveis, o que explica a
grande e contínua demanda mundial pelo metal/minério.
Só para listar algumas aplicações básicas, o cobre tem e pode ser
usado em tubos de condensadores, encanamentos, eletroímãs, motores elétricos,
interruptores, relés, tubos de vácuo, magnétons de fornos micro-ondas, circuitos
integrados em substituição do alumínio, cunhagem de moedas, sendo ainda
empregado na agricultura, na purificação da água, como conservante da madeira e,
quando associado a outros metais, os óxidos de cobre formam materiais
supercondutores.
O Chile é o maior produtor mundial, com 34% do total, seguido pelo
Peru, com 8%, pelos EUA com 7,5% e pela China com 6%.

Mina de cobre no Chile


O Brasil é o décimo quinto maior produtor de Minério de Cobre,
com produção em 2010 estimada em 230 mil toneladas. Esse total representa um
crescimento de 6% em relação a 2009. Espera-se um crescimento mais significativo
na produção, de modo a atingir 475 mil toneladas até 2014, com o início das

Mineração – Tópicos Especiais em Mineração 57


operações de novos projetos. No Brasil, os principais Estados produtores são: PA
(51%), GO (38%) e BA (11%). No Pará, as principais empresas atuantes são a
Mineração Caraíba, VALE e Serabi Mineração Ltda.
Lembrando que na atividade de mineração a logística é sempre um
ponto fundamental para a viabilidade econômica de qualquer projeto, vale observar
que com exceção da Região de Carajás, importante centro produtor de minério de
cobre, que tem na Estrada de Ferro Carajás a via para escoamento de sua produção,
todos os demais, notadamente os de Goiás, e em menor extensão o da Bahia,
carecem de infraestrutura de transporte ferroviário adequado, razão pela qual se
recomenda que o Ministério de Minas e Energia atue eficazmente junto ao
Ministério de Transporte para que estas regiões sejam atingidas pelas malhas
ferroviárias da Norte-Sul e da Ferrovia Centro Atlântica, dentro
dos programas de infraestrutura de transporte do PAC.

Área de beneficiamento da Mina de Sossego (Carajás – Vale)

Mineração – Tópicos Especiais em Mineração 58


Caminhão “fora de estrada” transportando minério de cobre (Mina do
Sossego).

6.3 – Flotação aplicada a minério de cobre.


Como já foi observado, o minério de cobre normalmente se apresenta
em jazidas onde o teor é relativamente baixo, necessitando assim, depois da lavra,
passar por processos de beneficiamento objetivando aumentar o teor de metal
contido e assim permitindo o uso do mesmo por parte da indústria consumidora.
Em diversas jazidas o teor de cobre pode estar abaixo de 2%.
Costuma-se considerar como econômica mente viável a lavra de cobre em minas a
céu aberto com teor de 1% e em através de minas subterrâneas em jazidas com teor
próximo a 0,5%. Não se deve utilizar tais parâmetros como regra como absoluta,
pois além da questão do teor, deve-se observar outros fatores como geometria da
jazida, logística e viabilidade ambiental.
De um modo geral pode-se dizer que as jazidas e minas mais
importantes, com maior significado econômico e que contribuem com a maior
parte da produção mundial de cobre são aquelas caracterizadas pela presença de
minério sulfetado abaixo do teor. No Brasil, as principais reservas de Cobre são:

•Jazida de Cu-Au do Salobo (Carajás, PA), de idade arqueana e formação original


sedimentar, sofrendo posteriormente metamorfização, originando os seguintes tipos
de minérios: Calcopirita (sulfeto – CuFeS2), Bornita (sulfeto – Cu5FeS4) ,
Magnetita, Calcosita, Hematita (óxido de ferro – Fe2S3)

Mineração – Tópicos Especiais em Mineração 59


•Jazida de cobre de Caraíba (Vale do Curaçá, BA) é do tipo ígneo, com sulfetos
intrusivos. O principal minério formado é constituído por calcopirita, bornita e
magnetita

•Camaquã – RS (praticamente exaurida)

•Alto Horizonte – GO (baixo teor de cobre, mas associado ao Au).

O processo de flotação é utilizado pela mina de Caraíba sendo que a


partir de uma alimentação onde o teor de cobre é relativamente baixo se obtém
como produto final um concentrado com elevado teor de cobre e um rejeito onde o
percentual de cobre é relativamente baixo, ou seja, o processo de flotação permite
que se otimize ao máximo o minério lavrado obtendo uma perda pequena de metal.

Mina Caraíba (Bahia)

6.4 –Hidrometalurgia aplicada a minério de cobre.


A hidrometalurgia é apropriada, principalmente, para a extração de
cobre de minérios oxidados de baixo teor. A utilização deste processo para
minérios sulfetados implica em uma etapa anterior de beneficiamento do minério
para obtenção do concentrado sulfetado, o qual deve sofrer processo de ustulação
para transformação em produto intermediário oxidado. Dessa forma, o processo
utilizando minérios sulfetados se torna mais caro.
O processo hidrometalúrgico consiste, em linhas gerais, em lixiviar
o minério moído com solventes adequados, sendo o mais utilizado o ácido
sulfúrico, obtendo-se soluções ricas em cobre. Seguem-se a filtragem da solução e
a precipitação do metal através de concentração (utilizando-se ferro), aquecimento
ou eletrólise.

Mineração – Tópicos Especiais em Mineração 60


6.5 –Usinas de beneficiamento de cobre.

Além das usinas tradicionais que incluem processo de flotação ou


hidrometalurgia, merece destaque o fato de que recentemente, o setor de pesquisa
da empresa chilena estatal Corporación Nacional 61in Cobre de Chile (Codelco),
maior produtora de cobre do mundo, anunciou um novo processo de
beneficiamento à base de micróbios. A Codelco e a Billiton Plc., do Reino Unido,
se uniram e formaram a Copper Alliance, que mantém uma experiência-piloto perto
da mina de Chuquicamata, no norte do Chile. Testes vêm sendo realizados há três
anos, porém em pequena escala. Processo similar é utilizado para tratar o ouro.

Moinho de bolas usado em usina de beneficiamento da


Mineração Caraíba

Mineração – Tópicos Especiais em Mineração 61


7- Tópicos Especiais em Mineração de Grafita.

O primeiro uso do mineral grafita está perdido na mística do tempo. O


homem primitivo usava grafita para desenhar nas paredes das cavernas e os
egípcios para decorar objetos cerâmicos. Na Idade Média, a grafita foi confundida
com outros minerais, especialmente, galena e molibdenita e somente em 1779,
Scheele determinou a composição do mineral, demonstrando que o mesmo poderia
se oxidar e produzir dióxido de carbono. Em 1789, T. Werner designou-o como
grafita a esse mineral, derivado do grego graphein, que significa escrever.

Mineração – Tópicos Especiais em Mineração 62


O mineral pode ser classificado em três tipos comerciais: grafita em
flocos, em veio cristalino e amorfa, por fim, subdivididos em várias grades
baseando-se no teor de carbono, tamanho da partícula e tipos de impurezas.

Amostras de grafita em flocos (A), grafita de veio cristalino (B) e grafita


amorfa ©.

A grafita corresponde a uma das três formas alotrópicas do carbono.


As outras são o carbono amorfo e o diamante. Cristaliza-se no sistema hexagonal
regular com simetria rômbica. Tal conjunto de moléculas forma o grafeno (vide
figura a seguir), sendo que folhas empilhadas de grafeno constituem a grafite como
nós a conhecemos.

Estrutura hexagonal do grafeno.


A grafita é utilizada em diversas aplicações na indústria sendo as
principais: tijolos e peças refratárias, catôdo de baterias alcalinas, aditivo na
recarburação do ferro e do aço, lubrificantes sólidos ou a base de óleo e água,
escovas de motores elétricos, minas de lápis e lapiseiras, gaxetas de vedação.

Os diferentes tipos de grafite natural são distinguidos por


características físicas distintas, resultantes principalmente de diferenças na
ocorrência geológica. É importante salientar que:

Mineração – Tópicos Especiais em Mineração 63


1- A Grafita tem em sua composição principalmente carbono, podendo ser
contaminada pelo óxido de ferro, argila ou outros minerais;

2- A grafite é o elemento não metálico de maior condutividade elétrica e


térmica e é quimicamente inerte;

3- A grafite é também produzida sinteticamente do coque de petróleo. A


grafite sintética é um competidor da grafite natural em numerosas
aplicações;

A grafita natural, oriunda de metamorfismo do carbono orgânico


ou de rocha carbonatada, chega ao mercado em três variedades: flocos cristalinos,
microcristalina ou amorfa e em veios cristalinos ou lump. Todos esses tipos de
grafita são identificados por meio de características físicas e químicas, cujas
propriedades básicas são: maleabilidade, absorvência, inércia química, elevadas
condutividades térmica e elétrica, inclusive excelentes propriedades refratárias,
dentre outras.
A grafita em flocos cristalinos ocorre, usualmente, em leitos ou
pacotes nas rochas metamórficas. Em alguns depósitos surgem em veios ou lentes
maciças. Trata-se da grafita mais lavrada no mundo e, geralmente, possui melhor
condutividade e resistência à corrosão que a grafita amorfa.
A grafita amorfa resulta do metamorfismo termal do carvão. Seu
baixo índice de cristalização, em partículas muito pequenas, é responsável pela sua
aparência amorfa, todavia trata-se de uma substância altamente cristalina, visível
apenas ao microscópio. Esta forma é menos pura que a grafita cristalina, sua
correlata.
A grafita em veios cristalinos é a forma mais rara; no entanto,
quantidades expressivas são encontradas no Sirilanka. Trata-se de uma forma
altamente cristalina e seu teor de carbono chega a 97%.

Mineração – Tópicos Especiais em Mineração 64


Grafita em flocos.

Exemplos de minério de grafite (matriz argilosa e concentrado).

A grafita é considerada um mineral escasso e a pressão sobre o preço


do insumo se intensificou quando a China, responsável por cerca de 80% da
produção mundial, estabeleceu cotas para exportações desde meados de 2010 e
direcionou sua produção para aplicações em baterias íon-lítio para carros elétricos,
especialmente. A estratégia chinesa, que diminuiu a oferta de grafita no mercado
mundial, fez com que o preço do insumo dobrasse, em alguns casos. Por outro
lado, a medida dos asiáticos abriu espaço para a entrada de outros produtores no
mercado.
O crescimento do consumo mundial de grafita está vinculado aos
avanços tecnológicos da indústria, referentes às novas aplicações. Por exemplo,

Mineração – Tópicos Especiais em Mineração 65


estudo recente indica que nos Estados Unidos a demanda de grafita, nos EUA, está
distribuída da seguinte forma:
1- Refratários – 22%
2- Lubrificantes – 5%
3- Lona de freio – 21%
4- Revestimento de moldes – 8%
5- Outros produtos – 44% (células a combustíveis etc.).

O Brasil é o terceiro maior produtor de grafita do mundo, atrás


apenas de China e Índia. A produção brasileira, em 2005, foi de 75.500 t (Sumário
Mineral DNPM). No Brasil, há ocorrência de grafita em quase todos os estados
brasileiros, todavia os estados de MG. CE a BA Bahia totalizam 104,8 Mt.

A maior empresa brasileira produtora de grafita natural beneficiada é


a Nacional de Grafite Ltda., que lavra grafita natural nos municípios de Itapecerica,
Pedra Azul e Salto da Divisa, todos no estado de Minas Gerais. As demais
empresas produtoras de destaque são a Grafita MG, que lavra grafita nos
municípios de Serra Azul e Mateus Leme, em Minas Gerais e a Extrativa
Metalquímica S/A, localizada em Maiquinique no estado da Bahia.

A Magnesita Refratários S/A, sediada em Contagem, na Região


Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), está intensificando o licenciamento
ambiental do projeto para produção de grafita em Almenara, no Norte de Minas. A
expectativa da empresa é que o empreendimento, orçado em R$ 80 milhões, entre
em operação no inicio de 2014.

No Ceará já existe uma mina (com Portaria de Lavra aprovada pelo


DNPM) que ainda não iniciou suas operações por conta de questões de mercado
(minério é de boa qualidade, mas a distância entre a mina e mercado consumidor
ainda é empecilho para um desenvolvimento mais rápido do projeto).

Atualmente, os principais usos para a grafita são na fabricação de


baterias e células a combustíveis (Crossley, 2000), mas vale observar que são
diveros os usos, tais como: Refratários; baterias; escovas de carbono; catalisadores;
coberturas; cadinhos; laminados; materiais de fricção; células a combustíveis;

Mineração – Tópicos Especiais em Mineração 66


lubrificantes; lápis; plásticos e resinas; Aditivos de carbono; coberturas; materiais
de fricção; lubrificantes; lápis; refratários/ gaxetas; isolantes; lubrificantes;
pinturas; vedações; catalisadores; suspensões condutivas; lubrificantes; ligas
metálicas; agentes liberadores de molde etc.

Uma das perspectivas para a utilização da grafita está na construção


de asfalto eletricamente condutor, com a finalidade de aquecer pistas de alguns
aeroportos e pontes em regiões frias. O advento do automóvel híbrido utilizando
célula a combustível de grafita constitui a maior demanda futura da grafita,
estimada em 100.000 t/ano.

Os materiais alternativos para grafita dependem da sua


aplicação. Assim, para o caso das baterias alcalinas, o produto encontra no lítio um
forte concorrente. Quanto à reciclagem de grafita, as oportunidades são limitadas,
visto que o produto se degrada durante o seu uso, como acontece com os
refratários, revestimento de freios, entre outros. Isto significa que no longo prazo,
jazidas com teores mais baixos poderão se tornar economicamente viáveis devido à
restrição da oferta.

De fato, as aplicações para a grafite parecem não ter limites, já


estamos falando de aplicações para: nanotubos de carbono, grafenos, grafite
magnética e esférica, etc.

Imagem digitalizada mostrando estrutura de

Mineração – Tópicos Especiais em Mineração 67


nanotubo feito com grafita.

Imagem real (ampliada) de nanotubo feito com grafita

8- Tópicos Especiais em Mineração de Fosfato e Urânio.


Inicialmente vale lembrar que o Brasil é hoje o quarto colocado no
mercado mundial de fertilizantes, mas precisa importar 50% do fosfato consumido
de modo a garantir a continuidade de expansão do setor agrícola (importante para a
economia nacional). Portanto, há muita demanda para o produto.

Quanto ao urânio, a intenção é quadruplicar a produção atual uma


vez que na matriz energética planejada para o país existe a intenção de se ampliar a
participação de usinas nucleares na produção de energia. Entretanto, deve-se
observar que nas últimas duas décadas o Programa Nuclear Brasileiro tem
caminhado a passos muito lentos e que, considerando o evento recente
(março/2011) de terremoto/tsunami no Japão que causou grave problema com a
usina nuclear de Fukushima, a presidenta Dilma Rousseff optou por tirar da agenda
a definição sobre o local das quatro próximas usinas nucleares brasileiras, previstas
para entrarem em funcionamento até 2030.

O cenário até inibiu o lobby de grandes empreiteiras, em


movimentação no governo e no Congresso, para mudar a Constituição e passarem a
poder operar usinas nucleares (hoje monopólio da União). O país, que planeja
exportar urânio enriquecido para a China e a Coreia, teve de importar urânio para

Mineração – Tópicos Especiais em Mineração 68


abastecer as usinas de Angra 1 e 2, pois a única mina em operação, em Caetité
(BA), não conseguiu cumprir os planos de aumentar a lavra e ainda teve a produção
reduzida por falta de licenças da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN).

Vista geral da usina nuclear de Fukushima


No Brasil, além de Caetité (BA), o outro grande projeto relativo a
produção de urânio é a mina de Itatiaia no município de Santa Quitéria/CE. O
projeto de Santa Quitéria já existe há décadas no estado, sendo que a mina foi
descoberta em 1976 e possui jazidas que terão capacidade inicial de produção, com
a usina, de 120 mil toneladas de fosfato por ano, além de outras 800 toneladas de
urânio anuais.

O projeto inicial previa que o fostafo produzido seria consumido pelo


próprio mercado cearense uma vez que desde 2009 há no porto de Pecém uma
grande empresa (Tortuga) que fabrica produtos de nutrição e saúde animal.

Na década passada, as Indústrias Nucleares do Brasil e o Grupo


Galvani assinaram contrato de parceria para a exploração da jazida de Itataia,
indicando pretensão de investir cerca de R$ 800 milhões. Se o empreendimento
entrar em operação como planejado, deverá resultar na quadruplicação de produção
de concentrado de urânio, usado pela INB na produção do combustível nuclear, e
num aumento de 10% na produção brasileira de fosfatados. A mina permite
também a exploração de outros produtos como o mármore.

Mineração – Tópicos Especiais em Mineração 69


A jazida de Itataia é composta de minério de fosfato associado com
minério de urânio. Essa composição faz com que o urânio não possa ser extraído
sem que se promovam, simultaneamente, a lavra e o beneficiamento do minério de
fosfato. O urânio, cujo monopólio para exploração, utilização e comercialização é
da União, ficando o fosfato com a Galvani. Segundo a INB, com a mineração em
Santa Quitéria, o Brasil terá mais 1.600 toneladas anuais de urânio, o que permitirá
a empresa atender à demanda das novas usinas a serem construídas no país de
acordo com o Programa Nuclear Brasileiro.

Estima-se que o Projeto Santa Quitéria deva gerar cerca de 3.000


empregos – entre diretos, indiretos e associados – devido à implantação das
atividades básicas e de apoio que se instalarão na região. A previsão é de que a
capacidade nominal do Projeto Santa Quitéria na fase inicial seja de 180.000
toneladas/ano de fosfatados, e na fase final de 240.000 toneladas/ano,
correspondendo na primeira fase uma produção de 1.200 toneladas/ano de
concentrado de urânio, e para a segunda fase uma produção de 1.600 toneladas/ano.

Mineração – Tópicos Especiais em Mineração 70


Município de Santa Quitéria/CE onde se localiza a mina de Itatiaia.

No projeto da mina de Itatiaia, a concentração mineral de maior


interesse é fósforo-uranífera e ocupa parte de uma pequena elevação. O principal
corpo mineral tem uma extensão aproximada de 800m na direção leste-oeste, por
250 a 400m de largura na direção norte-sul e ocorre desde a superfície até 180 m de
profundidade.

Este projeto objetiva a lavra a céu aberto, o beneficiamento do


minério e seu processamento até a produção do ácido fosfórico, matéria-prima para
a fabricação de fertilizantes fosfatados e sal mineral para nutrição animal. Como
subproduto do processo será obtido um rejeito licoroso uranífero, a ser tratado em
instalação industrial separada, na mesma Unidade e com licenciamento específico
junto à Comissão Nacional de Energia Nuclear – CNEN e ao Instituto Brasileiro do
Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – IBAMA. O mármore será
outro produto a ser explorado, potencializando a vocação econômica da região.

Mineração – Tópicos Especiais em Mineração 71


Os procedimentos de extração do minério e da recomposição dos
terrenos serão executados de maneira integrada, de tal forma que a lavra dos
minérios seja seguida de perto pela sua recuperação ambiental.

Imagens da Mina de Itatiaia.

Vista geral de encosta da mina de Itatiaia.

Mineração – Tópicos Especiais em Mineração 72


Mina de Itatiaia (galeria de pesquisa subterrânea).

Embora o projeto Itatiaia esteja ainda esbarrando em questões como


demora na liberação de licença ambiental e conformação de investimentos para
desenvolvimento das operações de lavra, um fator que pode trazer alento a um
desenvolvimento mais rápido do projeto é a estimativa de que a partir de 2018, o
mundo terá problemas de demanda com o urânio e se tal fato se confirmar,
certamente a mina de Santa Quitéria ganhará novo impulso. Deve ainda ser
observado que o Brasil vem importando cerca de US$ 500 milhões de material
radioativo para abastecimento de suas usinas nucleares e que se a mina de Itatiaia
entrasse em operação tal importação cessaria em grande parte. Por fim, fica a
observação de que na região de Santa Quitéria, além da presença de fosfato/urânio,
também há alguns outros recursos minerais já pesquisados e com existência
comprovado, caso do Coridon, Ametista, Berílo, Calcita, Granada, Calcário e
Mármore, com destaque para a produção de rocha ornamental.

9- Tópicos Especiais em Mineração de Níquel.

O Níquel e´um elemento químico de símbolo Ni e na temperatura


ambiente é encontrado no estado sólido. É um metal de coloração branco-prateada
e tem como principais características o fato de ser bom condutor de eletricidade e
calor, ser dúctil e maleável. Porém, não pode ser laminado, polido ou forjado
facilmente, apresentando certo caráter ferromagnético. O Níquel também é

Mineração – Tópicos Especiais em Mineração 73


resistente a corrosão e por conta desta propriedade é utiliado em motores marítimos
e na indústria química.

O Níquel é encontrado em diversos minerias, em meteoritos e, em


princípio, existe níquel no núcleo da Terra.

Aproximadamente 65% do níquel consumido é empregado na


fabricação de aço e aço inoxidável e outros 12% em superligas de níquel, ficando
so restantes 23% distribuídos entre a produção de outras ligas metálicas, bateriais
recarregáveis, cunhagens de moedas, revestimentos metálicos, cordas de guitarra,
fabricação de cadinhos e fundição.

O uso do níquel remonta aproximadamente ao século IV


a.C.geralmente junto com o cobre já que aparece com frequência nos minerias
deste e metal. A primeira moeda de níquel pura foi cunhada em 1881. Combinado a
outros minérios metálicos, o níquel é encontrado em diversos minerias como
garnierita, milerita, pentlandita e pirrotita.

Mundialmente, as minas da Nova Caledônia, Austrália e Canadá


produzem atualmente 70% do níquel consumido. Outros produtores de destaque
são Cuba, Porto Rico, Russia, China e Brasil.

No Brasil, as minas estão concentradas nos Estados do Pará, Bahia e


Goiás, e são exploradas pelas empresas Anglo American Brasil Ltda., Vale S.A,
Mirabela Mineração e Grupo Votorantim

Quanto a atividade de lavra e beneficiamento, é importante observar que


a exposição ao metal níquel e seus compostos solúveis não deve superar aos 0,05
mg/cm³, medidos em níveis de níquel equivalente para uma exposição laboral de 8
horas diárias e 40 horas semanais. Pessoas sensíveis podem manifestar alergias ao
níquel, tanto que a quantidade de níquel admissível em produtos que podem entrar
em contato com a pele está regulamentada na União Européia. Intoxicações,
mesmo leves, por níquel podem causar sintomas como dores, febre, insônia e
náuseas.

Mineração – Tópicos Especiais em Mineração 74


As reservas totais de minério de níquel do Brasil, predominantemente
formadas por minerais lateríticos, estavam estimadas em 2008, em cerca de 10,0
milhões de toneladas de níquel contido, estando distribuídas basicamente por cinco
estados: Goiás, Pará, Piauí, Minas Gerais e São Paulo. Apesar de as estatísticas
oficiais não registrarem, a Bahia detém reservas estimadas em mais de 500 mil
toneladas de níquel contido. Entretanto, são nos estados de Goiás e Pará que se
concentram mais de 80% dessas reservas e os maiores e os mais importantes
depósitos econômicos de níquel do país.

A lavra de níquel brasileira, que ultrapassou o patamar de produção de


37.000 toneladas anuais de níquel contido em 2008, é realizada predominantemente
nos estados de Goiás e Minas Gerais, que juntos respondem pela totalidade da
produção do país, sendo que do primeiro estado provém cerca de 85% do total. A
concentração da produção em poucas unidades é também uma característica
observada na mineração de níquel brasileira. Cerca de 90 % da produção provêm
essencialmente de três complexos 75inera-metalúrgicos – voltados única e
exclusivamente à obtenção de produtos de níquel – matte para exportação, liga
Fe-Ni, e carbonato de níquel, matéria-prima para produção de níquel eletrolítico em
unidade localizada em São Miguel Paulista/SP.

Quando separadas as substâncias minerais, com relação ao níquel, a


Mirabela atingiu o 1º lugar com Produção ROM de 3.879.356 toneladas no ano
passado, superando as minas de Buriti e Fortaleza de Minas (Votorantim) e Barro
Alto (Anglo). A seguir, temos a descrição de alguns dos principais projetos/minas
no Brasil:

Barro Alto
A Anglo American anunciou, em dezembro de 2006, a aprovação de
projeto para produção de ferroníquel em Barro Alto com investimento previsto de
US$ 1,5 bilhão. Durante a fase de construção, o empreendimento irá gerar mais de
3,5 mil empregos e cerca de 780 novos postos de trabalho na fase de operação. A
planta produzirá uma média de 36 mil toneladas/ano de níquel contido em liga de
ferroníquel por um período de 26 anos. A implantação do projeto ocorreu em

Mineração – Tópicos Especiais em Mineração 75


janeiro de 2007 e o início da produção está prevista para o primeiro trimestre de
2010. A expectativa é de que a planta atinja capacidade total durante 2011.
Niquelândia
Ao longo dos seus 25 anos de história a Codemin registra não só o
crescimento corporativo, mas o envolvimento decisivo com a comunidade de
Niquelândia. Hoje, a empresa é responsável por 618 empregos diretos e produz
aproximadamente 10 mil t/ano de níquel contido em liga de ferroníquel. Com
investimento de US$ 100 milhões, a unidade Codemin começou a ser construída
em 1979 e entrou em operação em agosto de 1982. O projeto contou com apoio dos
governos federal, estadual e municipal, de organismos internacionais, além de
organizações não-governamentais e da comunidade de Niquelândia. A influência
da Codemin no município é visível na economia, educação e cultura.

Na economia, a colaboração se destaca na geração de emprego, na


compra de produtos e serviços, na arrecadação de impostos e na implementação e
solicitação de obras de infra-estrutura. A elevação da qualidade do ensino, da
renda, da mão-de-obra e do emprego locais expressa a responsabilidade social da
Condemin. Já a influência na cultura evidencia-se no apoio financeiro a obras
literárias, à construção de edificações, a exposições de artes, entre outros.

A Mirabela Mineração do Brasil é uma empresa brasileira,


subsidiária da australiana Mirabela Nickel, e o seu produto é o Concentrado de
Níquel. Ela fica localizada no Município de Itagibá-Ba, a 8km de Ipiaú, 140km de
Ilhéus, 60 km de Jequié e a 370km de Salvador. A história da Mirabela começa em
2003, quando ela assina com a CBPM (Companhia Baiana de Pesquisa Mineral)
um contrato de pesquisa complementar e promessa de arrendamento. Em 2004 foi
delineado o depósito de níquel sulfetado com teor de 0.62 % (Ni) e 0.16 % (Cu).
Mais tarde, em 2005 foi iniciado o trabalho de avaliação ambiental do
Empreendimento, sendo finalizado em 2006 com as Licenças de Localização e
Implantação. Em 2007 começaram as atividades de implantação da Mina Santa
Rita, que culminou na Licença de Operação e início da fase operacional em 2009.
A Mirabela foi a maior descoberta de Níquel Sulfetado do mundo,
depois da Voisey’s Bay, descoberta no Canadá em 1993 pela Inco – Vale. O foco

Mineração – Tópicos Especiais em Mineração 76


de produção da empresa é o concentrado de Níquel de alta qualidade, com 13% a
15% de Ni. Toda sua produção já foi vendida até 2014, sendo 50% para a
Votorantim Metais e 50% para exportação (Norislk Nickel – Finlândia). A metade
da produção anual de concentrado é transportada por 140 km pelas rodovias,
BR-330 e BR-101 até o porto de Ilhéus e daí exportada para a Norilsk na Finlândia
sendo que a outra metade será retirada na Mina pela Votorantim e transportada por
1.375km para Fortaleza de Minas, no Estado de Minas Gerais.

Mina Santa Rita


Teve uma rápida implantação. Em apenas 5 anos a empresa saiu da
descoberta até a operação, quando o prazo normal desta indústria é, em média, de
10 anos de maturação. O empreendimento compreende a operação de uma mina a
céu aberto, uma usina de concentração via flotação (britagem – moagem – flotação
– espessamento – filtragem) para o processamento do minério. O minério lavrado
na mina, que será utilizado nas operações da Planta de Beneficamento, é estocado
nas áreas destinadas às pilhas de Run of Mine – ROM.

Abaixo temos o fluxograma do beneficiamento da Mina


Santa Rita (fonte: www.mirabelamineracao.com)

Mineração – Tópicos Especiais em Mineração 77


Em maio de 2011, a Vale inaugurou seu primeiro empreendimento
no Brasil para a produção de níquel. A mina de Onça Puma está localizada no
município de Ourilândia do Norte, sudeste do Pará, e já é considerada uma das
maiores plantas do insumo no mundo. Constituído de duas minas, que ocupam uma
área de 17 quilômetros quadrados, o projeto Onça Puma abrange as cidades de
Ourilândia do Norte, Tucumã e Parauapebas. O empreendimento tem capacidade
de produção anual de 220 mil toneladas de ferro-níquel, contendo 53 mil toneladas
de níquel, um metal extremamente valorizado na indústria siderúrgica,
principalmente para produção de aço inoxidável.

Quando as minas estiverem em plena operação, a Vale assumirá a


condição de maior produtora mundial de níquel. Hoje, ela ocupa a segunda posição,
com operações no Canadá, Indonésia e Nova Caledônia, além de refinarias de
níquel no Reino Unido, Japão, Taiwan e China.

Como no Brasil o consumo de ferro-níquel ainda é pequeno,


praticamente toda a produção (95%) de Onça Puma será exportada. A expectativa
porém é de aumento do consumo nos próximo anos, em função do crescimento das
indústria naval e de petróleo e gás.

Frente de lavra de mina de níquel.

Mineração – Tópicos Especiais em Mineração 78


Mina de níquel em operação (Mina Santa Rita em Itagibá/BA).

Em setembro de 2012, a Anglo American, uma das quatro maiores


mineradoras do planeta já iniciou estudos básicos de campo para investir, ao longo
de onze anos de implantação, cerca de R$ 12 bilhões (US$ 6bi) em duas modernas
plantas industriais de beneficiamento de níquel em São Félix do Xingu, sudeste do
Pará, município com 35 mil habitantes e distante 1.039 km da capital, Belém. É o
“projeto Jacaré”, assim chamado pela semelhança da serra onde estão os depósitos
de níquel que a Anglo American vai explorar e beneficiar a partir de 2015, caso
tudo corra bem no cronograma das obras físicas e na emissão das autorizações e
licenças ambientais necessárias ao andamento do empreendimento.

A título de informação, merece menção que a mineradora tem


projetos em trinta países, nos cinco continentes, onde emprega 107 mil
colaboradores. No Brasil, está desde 1973, com dezessete mil funcionários, e já
investiu no país US$ 14 bilhões na exploração de níquel, ferro, nióbio e outros
elementos nos estados de Minas Gerais e Goiás.

10-Tópicos Especiais em Minerais e Rochas Industriais.

Minerais Industriais são todas as rochas e minerais, inclusive os


sintéticos, predominantemente não-metálicos, que, por suas propriedades físicas ou
químicas, podem ser utilizados em processos industriais.
O impacto ambiental da explotação dos minerais metálicos e
energéticos tende a ser mais grave que o provocado pela produção de rochas e

Mineração – Tópicos Especiais em Mineração 79


minerais industriais (RMIs, como nos referiremos aqui com freqüência). Drenagem
ácida e contaminação com metais pesados são mais regularmente verificadas na
extração de minerais metálicos e carvões, via de regra requerendo tratamentos
especiais preventivos ou corretivos.

As minerações de RMIs normalmente não geram aqueles problemas,


mas, como às vezes se encontram em áreas mais habitadas ou próximas a cidades,
enfrentam o desafio de evitar danos paisagísticos, de disposição adequada dos
estéreis da lavra e dos rejeitos do processamento, e não raro disputam espaço físico
com a comunidade em seu entorno.

No segmento de rochas industriais, merece destaque a produção de


brita, que em conjunto com a lavra de areia e lavra de argila, formam o trio de
minérios mais utilizados pelo setor de construção civil, o qual no Brasil tem
experimentado forte crescimento nos últimos dez anos por conta de incentivos no
programa habitacional, por conta de obras do PAC (programa de aceleração do
Crescimento) e por conta do aumento de acesso ao crédito (o que também ajudou a
impulsionar o mercado imobiliário para todas as classes sociais).

A revista Industrial Minerals lista mais de 50 espécies ou grupos


minerais, incluindo os minerais metálicos com aplicações não-metalúrgicas:
1- Grafita
2- Gesso
3- Óxido de ferro
4- Caulim
5- Minerai de Lítio
6- Magnesita/MgO (vide foto na próxima página)
7- Manganês
8- Mica
9- Nitratos
10- Olivina
11- Perlita
12- Fosfatos
13- Potássio
14- Pedra-pome
15- Piritas
16- Pirofilita
17- Terras-raras
18- Talco

Mineração – Tópicos Especiais em Mineração 80


19- Vermiculita
20- Wollastonita
21- Zeólitas
22- Zircônio
23- Sal
24- Sílica
25- Minerais abrasivos
26- Agregados
27- Alumina/Bauxita
28- Antimônio
29- Amianto
30-Argilas plásticas/”81ine 81ine”
31- Barita
32- Bentonita
33- Minerais de berílio
34- Boratos
35- Bromo/Iodo
36- Carbonato de cálcio
37- Cromita
38- Diamante
39- Diatomita
40- Dolomita
41- Enxofre
42- Feldspato
43-Fluorita

Mina Pedra Preta (Magnesita – CaCo3)

Novamente é importante salientar que diferentemente dos minérios


metálicos, na lavra dos não metálicos ou das rochas e minerais industriais,

Mineração – Tópicos Especiais em Mineração 81


predomina a produção por pequenas e médias empresas, assim como os Arranjos
Produtivos Locais (APLs).

Outra característica da classe dos minerais industriais é que não há


muita troca de informações nem se publica muito sobre os usos e as especificações,
e cada empresa tende a considerar as características de seu produto como um
segredo industrial. Mais uma diferença marcante é a possibilidade de se agregar
valor ao produto mineral, conferindo-lhe propriedades para usos específicos.
Assim, enquanto ferro é ferro, cobre é cobre, ouro é ouro, negociados
por preços cotados internacionalmente, um produto de feldspato ou caulim, entre
muitos outros, pode apresentar diferença de várias vezes no preço. A tecnologia,
para esses casos, é um insumo fundamental.

11- Tópicos Especiais em Análise Química Mineral.

Ao se realizar os trabalhos de pesquisa numa área ou corpo rochoso de


modo a se verificar se aquela ocorrência mineral pode ser caracterizada como
jazida e futuramente como mina, é necessária inicialmente (na fase de pesquisa) a
realização de diversos testes de laboratório, variando estes conforme o tipo de
minério objeto de estudo. Mesmo posteriormente (na fase de lavra), quando a mina
estiver em operação mais testes poderão e deverão ser realizados visando
adequação e melhoria no processo de beneficiamento através de um melhor
conhecimento dos parâmetros físicos e químicos do minério. Por fim, na fase final
do projeto (fechamento de mina) outros testes serão ainda necessários, boa parte
deles de modo a verificar as condições do solo de modo a verificar as condições de
recuperação da área lavrada e sua posterior reutilização.

Enquanto na fase de pesquisa mineral e lavra a preocupação (através,


por exemplo, de análise via difração de raios X ou análise granulométrica) é
verificar questões como teor de determinados elementos, umidade, densidade e
dureza, na fase final do projeto (fechamento de mina), o tipo de análise muda pois
o foco é outro.

Mineração – Tópicos Especiais em Mineração 82


Na página seguinte, temos a ilustração esquemática simplificada de
espectrômetro de fluorescência de raios X, que é um dos equipamentos utilizados
em laboratório não só para a análise de minérios como de outros elementos. O
espectrômetro de fluorescência de raios X contém um fonte de excitação, em geral
um tubo de raios X, o porta amostras com o espécime, e os sistemas de
dispersão, detecção e processamento de dados, conforme pode ser
observado.

Ilustração de espectrômetro de fluorescência de raios X.

Quanto à análise relativa a solo, a seguir, temos a descrição dos


procedimentos para coleta de amostras de solo e posteriormente a descrição
resumida dos principais “tipos de testes” e parâmetros objeto de análise, para o
caso de análise de solos de áreas lavradas:
Inicialmente, as amostras de terra coletadas no campo, acondicionadas
em sacos plásticos ou caixas de papelão, depois de devidamente etiquetadas são
enviadas ao laboratório. Em sala isolada, são secas a 40°C em estufa com
circulação de ar, ou secas apenas ao ar, e passadas em peneira com malha de 2 mm
de abertura. A fração maior, denominada fragmentos grosseiros, é pesada à parte e
expressa em porcentagem da amostra original, servindo para posteriores correções.
A fração menor que 2 mm – terra fina seca ao ar (TFSA) – é colocada em caixas de
papelão com 7 cm de aresta, devidamente etiquetadas e dispostas em bandeja de
papelão que acondiciona onze unidades, sendo uma delas controle de laboratório.

Assim acondicionadas, as amostras são levadas ao laboratório e


registradas. No livro de registro são anotadas a data de entrada no laboratório, o
número de registro (seqüencial, indicando tanto a ordem de entrada como a ordem
em que serão executadas as análises), local de amostragem, número e nome do
interessado e determinações solicitadas. Para certas análises físicas, como
densidade global e confecção de lâminas delgadas, adotam-se outros procedimentos
para a retirada da amostra, e serão descritos no item correspondente. Todas as

Mineração – Tópicos Especiais em Mineração 83


amostras coletadas devem ser guardadas por um ano. Dentre os resultados obtidos
pelas análises, podemos destacar:
1- A extração e determinação de vários cátions e ânions, assim como a
digestão do material mineral pelo ácido sulfúrico e fluorídrico-perclórico;
2- O pH é a medida mais simples feita no solo,mas, sem dúvida, de grande
importância. Ele reflete um conjunto complexo de reações no sistema
solo-solução e é muito útil quando associado a propriedades do solo, como
o estado em que se encontram as bases e a solubilidade de micronutrientes
em alguns extratores.
3- Determinação da acidez potencial do solo.
4- Determinação de cátions trocáveis (extração de cálcio, magnésio, potássio e
sódio trocáveis do solo e sua determinação).
5- Extração e determinação do amônio trocável (o amônio também é um
cátion de importância e ocupa o complexo coloidal do solo em forma
trocável, com exceção de alguns solos com argilas ilíticas, onde pode
aparecer em forma dificilmente trocável.
6- Determinação da capacidade de troca de cátions (CTC), que evidencia a
habilidade do solo de reter e trocar íons positivamente carregados na
superfície coloidal, talvez seja uma das mais importantes propriedades
físico-químicas do sistema.
7- Determinação da salinidade do solo. O termo sais solúveis, quando aplicado
a solo, designa aqueles constituintes que apresentam apreciável solubilidade
em água. A salinidade de um solo, tanto natural como ocasionada por sais
nele colocados, pode ser medida pela condutividade elétrica do extrato. A
condutividade é aproximadamente proporcional à quantidade de sal da
solução, dando uma indicação da concentração de constituintes ionizados.
8- Determinação do carbono orgânico e da matéria orgânica. O carbono ocorre
no solo na forma tanto orgânica como inorgânica. A grande maioria é
encontrada na matéria orgânica e em minerais carbonatados. Em regiões de
clima muito úmido, onde os perfis são submetidos a intensa lixiviação, o
carbono aparece predominantemente na forma orgânica.
9- Determinação do nitrogênio total (orgânico mais amoniacal). O nitrogênio
no solo encontra-se principalmente na forma orgânica e é parte integrante
da sua matéria orgânica. As mudanças produzidas nessa matéria são sempre
acompanhadas de mudanças semelhantes no nitro-gênio orgânico. É de
grande importância a interpretação do teor de nitrogênio num perfil ou entre
solos e suas relações com o teor de carbono (relação C/N) no que diz
respeito à evolução e comportamento da matéria orgânica.

Mineração – Tópicos Especiais em Mineração 84


10- Extração e determinação do nitrato. O nitrato é a forma de nitrogênio
prontamente assimilável pelas plantas e com maior possibilidade de se
acumular no solo. Seu comportamento é extremamente dinâmico dentro do
perfil por causa de sua baixa retenção nas partículas do solo, o que lhe
permite a lixiviação ou ascensão, dependendo das condições climáticas e da
interação com microrganismos que podem absorver ou liberar essa forma
de nitrogênio para a solução do solo, evitando, em algumas condições, seu
acúmulo e mesmo causando deficiência de nutrientes. O nitrato é muito
pouco retido no solo e, à exceção do cloreto, praticamente qualquer ânion
compete com ele por lugares de troca da fase sólida do solo.
11- Determinação de cloreto presente. O cloreto é um elemento essencial às
plantas. Sua determinação no solo não se prende, todavia, ao fato de estar
ou não em níveis de deficiência, mas a motivos específicos, como
acompanhar o movimento da água e revelar a presença de sais em
quantidades elevadas (mesmo que seja adubo).
12- Determinação de Zn, Cu, Fe e Mn. As determinações desses quatro
elementos são solicitadas pelos pesquisadores com certa regularidade por
causa da deficiência (Zn, Cu e Fe) ou toxicidade (Zn, Fe e Mn) QUE podem
causar em algumas culturas.
13- Extração e determinação de diferentes formas de manganês. O manganês
merece atenção não só pelo seu papel como nutriente de plantas, mas,
também, pela sua complexidade química no solo.

Por fim, vale observar que para o caso de área onde ocorre a
pesquisa e lavra de água mineral, outros exames químicos e bacteriológicos são
realizados, alguns em determinada fase (pesquisa, lavra ou fechamento de mina) e
outros em todas as fases do projeto. Merecem comentário os seguintes:
1- Potabilidade: Análises de parâmetros que definem a potabilidade sob o
ponto de vista químico e físico-químico de águas para uso doméstico,
consumo humano, paisagismo etc. Atende a cliente particular e convênios.
2- Análise química completa (análise prévia visando classificação da água):
Determinação de parâmetros químicos e físico-químicos que determinarão a
potabilidade e composição química provável das águas provenientes de
surgências naturais ou artificialmente captadas (poços), visando à
classificação conforme o Código de Águas Minerais vigente. Deve-se
observar a legislação pertinente (RDC 274/2005 e Código de Águas
Minerais).

Mineração – Tópicos Especiais em Mineração 85


3- Análise especificada: Especificação de parâmetros químicos ou
físico-químicos a serem analisados, conforme solicitação do cliente. Atende
ao cliente particular, DNPM, convênios e projetos.
4- Análise Prévia (análise química completa e especificada: Para uma
avaliação inicial da água, o LAMIN oferece as análises de potabilidade
química completa e especificada para os parâmetros de interesse.

5- Estudo in loco: Análises químicas, físicas e físico-químicas “in loco”, bem


como laboratoriais, para atendimento ao DNPM quando na fase de
aprovação da pesquisa. Legislação pertinente, Código de Águas Minerais.

Em especial, quanto a realização do “Estudo In Loco” por parte do


LAMIN, devemos destacar os procedimentos para realização do estudo in loco,
conforme solicitação oficial do DNPM:

1- A superintendência do DNPM solicita ao LAMIN/CPRM o orçamento para a


realização do estudo in loco.

2- O LAMIN/CPRM envia o orçamento para a superintendência do DNPM


solicitante. Após a comprovação do pagamento efetuado pelo cliente e o envio
da cópia legível do depósito bancário ao LAMIN/CPRM a viagem é agendada.

3- Os resultados do estudo in loco são emitidos através de boletins pelo


LAMIN/CPRM e encaminhados à superintendência do DNPM correspondente.
Após o DNPM local verificar todo o processo, ele o envia ao DNPM de
Brasília elaboração de parecer técnico específico relativo a classificação da
água mineral.
Ao se solicitar junto ao LAMIN a realização do “estudo In Loco”,
caberá ao interessado observar os seguintes procedimentos (exigências do
LAMIN):

a) O cliente deve providenciar a passagem do técnico para horário diurno, salvo


motivo de força maior, como, por exemplo, locais em que um 86in direto é
mais adequado – região da Amazônia Legal (caso de Manaus, Rio Branco
etc.) -, e de forma que o técnico possa cumprir o tempo máximo de
preservação da amostra de 30 horas.
b) O hotel deverá ter uma geladeira ou frigobar para o caso de preservação de
amostras após coleta (no caso de coleta em um dia e retorno no dia seguinte).
c) O carro para transporte do técnico deve ter espaço previsto para 4 malas.

Mineração – Tópicos Especiais em Mineração 86


d) É desejável que sobre o poço já exista a casa de proteção, a bomba em aço
inoxidável definitiva e um flange de proteção na boca do poço, a fim de
preservá-lo de contaminações.
e) Se houver desinfecção da fonte ou poço, essa deve ser feita, no mínimo, com
15 dias de antecedência da ida do técnico (um tempo menor poderia deixar
resíduos de cloro que poderiam inviabilizar a realização das análises).
f) Que antes da coleta será realizado pelo técnico um teste para identificação da
presença de cloro na água, sendo que tal procedimento se destina a evitar a
coleta e posterior análise de amostras contaminadas com cloro.
g) Caso a captação seja feita através de poço, nos 2 dias que antecedem o dia do
estudo in loco a bomba deverá permanecer ligada por no mínimo 6 horas/dia.
h) No dia do estudo in loco a bomba deverá ser ligada seis horas antes do início
da coleta, permanecendo assim até o final das análises.

i) A bomba do poço será desligada ao final de todas as análises e somente após


autorização do técnico.
j) Os poços e fontes devem possuir pontos de coleta apropriados.
k) Será necessário para o uso do técnico: mesa ou local de apoio apropriado
para a montagem do material e aparelhagem utilizada nas análises.

12-Tópicos Especiais em Tratamento de Efluentes.

No âmbito da atividade de mineração, a questão de tratamento de


efluentes tem ganho especial atenção nos últimos anos uma vez que a legislação
ambiental e o controle da atividade minerária tem se intensificado.
O primeiro conceito a se observar é que as operações mineiras e
metalúrgicas manuseiam volumes enormes de água, sólidos, óleos (emulsionados
ou não), gases e as vezes até elementos com propriedades radioativas. A
contaminação acontece inevitavelmente por poeiras, efluentes contendo colóides,
reagentes químicos, metais pesados dissolvidos, poluentes na forma de aerosóis,
dentre outros.

Os principais impactos na lavra são: ruídos, poeira, contaminação de


solos e, em alguns casos, por explosivos derivados da glicerina e drenagem ácida,
onde estão presentes metais pesados. Entre os mais comuns destacam-se: cobre,
níquel, chumbo, zinco, mercúrio, além do ferro e ânions, tais como, sulfato,

Mineração – Tópicos Especiais em Mineração 87


fosfato, arseniato, telurato, fluoreto, molibdato, cianeto. É também comum o
derrame de óleos, graxas, solventes orgânicos, emissão de gases, descarte de
plásticos, lodos (precipitados), rejeitos produtores de ácidos, poluição visual,
alterações da biodiversidade, deposição-estocagem de rejeitos (bacias, cavas),
radioatividade, combustão espontânea (pirita do carvão, por exemplo).

Os impactos mais comuns no beneficiamento são provocados


por efluentes líquidos contendo metais pesados e ânions tóxicos, sólidos (às vezes
coloidais), resíduos orgânicos (espumantes, surfactantes, óleos). Também,
produção de poeira e ruídos na etapa de cominuição, emanações gasosas
(orgânicas). O vapor de mercúrio aparece em pequenas proporções, porém com
efeito impactante bem mais significativo.

As pesquisas e as tecnologias existentes e as emergentes no campo


do tratamento de efluentes líquidos (incluindo as suspensões) estão orientadas para
as seguintes áreas:
a) Remoção de íons, metais pesados, ânions, sólidos suspensos,
complexos, amônia, tio-compostos e nitratos;
b) Tratamento de grandes volumes de águas subterrâneas e águas de
minas contaminadas com baixas concentrações de metais pesados
dissolvidos;
c) Controle de emissões radioativas e as que contenham cianetos,
derivados de arsênio, mercúrio e substâncias orgânicas;
d) Controle de produtos de corrosão e recirculação de águas;
e) Separação de óleos emulsificados ou não, recuperação de solventes
orgânicos (extração por solventes);
f) Remoção e tratamento de lodos, colóides e ultrafinos depositados
em bacias ou na forma de suspensão.

Os efluentes líquidos ou águas efluentes contêm, na maioria dos


casos, sólidos em suspensão e uma variada gama de reagentes utilizados
fundamentalmente nos processos de tratamento de minérios e posteriormente no
processamento metalúrgico dos concentrados. No caso do carvão, o efluente
líquido é conhecido como água preta e também contém sólidos finos/ultrafinos,
óleos e vários íons.

Mineração – Tópicos Especiais em Mineração 88


Normalmente, na apresentação do Plano de Aproveitamento
Econômico, o minerador indica as providências, nas diversas fases da atividade de
mineração, que serão tomadas visando o controle e execução do tratamento de
efluentes decorrentes da atividade 89ineraria. Mais recentemente, as autoridades
federais, no intuito de melhor regularem a questão, criaram o Cadastro Nacional de
Barragens e adotaram o Plano Nacional de Segurança de Barragens, como forma de
melhor monitorar e normatizar a questão.

A Lei nº 12.334 de 20/09/10 estabeleceu no seu artigo 16, § 2,


que o órgão fiscalizador deverá implantar o cadastro das barragens sob sua
jurisdição no prazo máximo de 02 (dois) anos, a partir da data de sua publicação.
Da mesma forma, estabeleceu que compete ao órgão fiscalizador criar e manter
cadastro das barragens sob sua jurisdição, com identificação dos empreendedores,
para fins de incorporação ao SNISB – Sistema Nacional de Informações sobre
Segurança de Barragens, assim como exigir do empreendedor o cadastramento e a
atualização das informações relativas às barragens de sua responsabilidade.

Desta forma, conforme exposto na Portaria DNPM 416 de


03/09/2012 que versa sobre o Cadastro Nacional de Barragens de Mineração, os
empreendedores deverão declarar todas as barragens (em construção, em operação
e as desativas) de sua responsabilidade no Relatório Anual de Lavra – RAL –
durante a campanha de declaração do referido relatório anualmente. Caso o
empreendedor não tenha declarado suas barragens até 20/09/2012, deveria fazê-lo
via RAL 2012 até a referida data, através de retificação do RAL enviado, se for o
caso, ou novo RAL.

O Plano de Segurança da Barragem é um instrumento da


Política Nacional de Segurança de Barragens, de implementação obrigatória pelo
Empreendedor, cujo objetivo é auxiliá-lo na gestão da segurança da barragem.
Considerando que a Lei nº 12.334 de 20/09/10 instituiu a referida Política, imputou
no seu artigo 17º, a obrigação ao empreendedor que possua barragem de mineração
de elaborar e atualizar o Plano de Segurança da Barragem assim como estabeleceu
no seu artigo 1º, que os empreendedores de barragens devem apresentar e submeter

Mineração – Tópicos Especiais em Mineração 89


à aprovação dos órgãos fiscalizadores relatório especificando as ações e o
cronograma para implantação do Plano de Segurança da Barragem, até 20 de
setembro de 2013, este DNPM disponibiliza neste ambiente, os meios de
envio/recebimento de documentos sobre a referida temática.

Neste ambiente é possível fazer download do modelo do


cronograma de implantação do Plano de Segurança da Barragem, onde o
empreendedor deverá editá-lo e enviá-lo ao DNPM até a data de 20/09/12.
Seguindo o explicitado na Portaria DNPM nº 416/12 deve-se, também, enviar ao
DNPM o recibo de envio/entrega de declaração da barragem no Relatório Anual de
Lavra (RAL) e ambos dispositivos devem, também, ser protocolizados na
Superintendência do DNPM no estado de jurisdição.

Em muitos casos, principalmente naqueles em que a mina e


barragem é muito antiga e não há documentação padrão sobre a construção da
barragem, o que se busca exigir do minerador é um estudo do tipo “As it” (“como
está”) de modo a indicar, através de documentação técnica elaborada por técnico
legalmente habilitado, qual a atual situação da barragem e procedimentos adotados
para a manutenção e acompanhamento da mesma.
13-Introdução a Engenharia Ambiental

Os minérios, tanto metálicos como não-metálicos, são utilizados,


como é sabido, em uma infinidade de produtos humanos, da construção civil a bens
industriais. No entanto, como a mineração em geral trabalha bem distante das
cidades, poucas pessoas se dão conta dos seus extraordinários impactos ambientais.

Normalmente o máximo que a maioria das pessoas já viu foram as


cerâmicas e pedreiras urbanas, enquanto elas ainda eram toleradas nas grandes
cidades. Essas pessoas não se dão conta do assustador volume de resíduos
decorrente da atividade de mineração. A tabela a seguir, indica, por exemplo, o
montante de exploração de três minerais metálicos:

Resíduos de mineração e rendimento em 2000


Metal Resíduo Produção % que virou metal
(milhões de ton. (milhões de ton.)

Mineração – Tópicos Especiais em Mineração 90


Ferro 2.113 845 40
Cobre 1.648 15 0,91
Ouro 745 0,0025 0,00033
Fonte: Worldwatch Institute (2000).

Como se vê, a produção mundial de ouro, em 2000, foi de 2,5 mil


toneladas, mas os resíduos gerados (estéreis e rejeitos) não foram inferiores a 745
milhões toneladas. Uma razão de quase 300 mil quilos de resíduos para um quilo
de ouro obtido. Isso significa que mais de 99,99% da mineração de ouro era puro
descarte, obrigatoriamente disposto em algum lugar. Com o avanço tecnológico, já
é possível o processamento de minério com teores de ouro ainda mais baixos.

Mesmo o minério de ferro, seguramente um dos que apresenta maior


rendimento, tem o metal em menos da metade da sua massa. Embora 40% tenham
sido aproveitados como matéria-prima, 2 bilhões e 113 milhões de toneladas foram
descartados apenas no ano de 2000. Outros metais, como alumínio, chumbo ou
prata, oferecem igualmente pequenos percentuais de aproveitamento no minério.

Na disciplina Meio Ambiente, o aluno poderá conhecer mais


profundamente as questões e legislação que envolvem o tema meio ambiente e
mineração bem como o desenvolvimento e importância da Engenharia Ambiental,
suas técnicas e profissionais.
14-Meio Ambiente (solo, água e ar)

A mineração é um dos setores básicos da economia do país,


contribuindo de forma decisiva para o bem estar e a melhoria da qualidade de vida
das presentes e futuras gerações, sendo fundamental para o desenvolvimento de
uma sociedade equânime, desde que seja operada com responsabilidade social,
estando sempre presentes os preceitos do desenvolvimento sustentável.

A situação atual na área de controle ambiental da poluição nos


setores mineiro e metalúrgico é caracterizada pela existência de processos
tecnológicos que permitem o controle de emissões poluentes, servindo-se do
aumento do número de recursos humanos, aprimoramento das legislações vigentes
e maior apoio à pesquisa. Tratar de forma eficiente os efluentes gerados tornou-se

Mineração – Tópicos Especiais em Mineração 91


imprescindível ao setor industrial, que procura aliar a boa aceitação de seus
produtos no mercado internacional com a conformidade com a legislação ambiental
vigente. Reutilizar as águas de processo torna-se igualmente fundamental à
realidade das indústrias, na medida em que este procedimento possibilita a
diminuição de custos gerais.

A escolha, sob os aspectos técnico e econômico, do processo mais


adequado para cada indústria é difícil e requer conhecimento das tecnologias
disponíveis no mercado, dos custos envolvidos e índices de eficiência requeridos.
Em relação ao tratamento de efluentes líquidos, o processo convencional de
precipitação-sedimentação não é eficiente para atender os padrões de emissão da
legislação e novos processos tecnológicos são necessários no setor. Os processos
de sorção e flotação não convencional surgem como alternativas de grande
potencial no setor.

Uma empresa de mineração ao elaborar e apresentar um Plano de


Aproveitamento Econômico de uma jazida deve se preocupar com as questões
relativas a impacto no solo,água e ar por conta da atividade de mineração, devendo
tais tópicos serem abordados em capítulo específico onde se detalha todas as
variáveis consideradas (uma vez que cada projeto e mina tem suas especificidades e
características únicas) bem como as providênicas a serem adotadas e técnicas
utilizadas.

15-Recursos hídricos e saúde

Ao se desenvolver trabalhos de mineração numa área, todo projeto e


principalmente todas as atividade de execução do mesmo, devem levar em conta a
questão da preservação dos recursos hídricos existentes, seja procurando causar o
mínimo de interferência nos mesmos, seja procurando evitar e controlar ao máximo
a eventual descarga de efluentes no solo e cursos d’água existentes na proximidade
da mina.

Apenas recordando o que já foi anteriormente certamente objeto de


outras disciplinas (ciência e biologia, por exemplo) devemos observar as figuras a

Mineração – Tópicos Especiais em Mineração 92


seguir onde temos de forma simples representados o ciclo da água e a importância
de tal substância para o organismo humano, o que torna claro o cuidado necessário
para a manutenção dos recursos hídricos uma vez que estes influem diretamente na
saúde dos seres vivos.

Assim, é importante não só se preocupar com a economia de uso da


água, mas principalmente em como a atividade de mineração, em todas as suas
fases, impacta ou pode impactar os recursos hídricos da região de influência do
projeto. Na apostila da disciplina Meio Ambiente o tema será novamente abordado,
onde será descrito como grandes empresas brasileiras de mineração (VALE, por
exemplo) tem se adotado a preocupação com os recursos hídricos como item a ser
constantemente acompanhado e objeto de metas propostas.

Mineração – Tópicos Especiais em Mineração 93


Principalmente na lavra de água mineral, o cuidado deve ser maior
ainda, pois além da atividade extrativa em si (perfuração de poço), há também a
questão do envase onde a interferência humana no processo é direta e qualquer
descuido com controle de higiene e procedimentos pode acarretar em envase e
comercialização de um produto (água mineral) que cause algum tipo de
contaminação junto ao consumidor.
16-Legislação aplicada ao controle de qualidade de águas

A atividade de lavra e envase de água mineral é objeto de


fiscalização pelo DNPM (Departamento Nacional de Produção Mineral) e pela
VISA (Vigilância Sanitária). Assim, os que participam de tal atividade devem
observar e atender à legislação específica indicada tanto pelo Ministério das Minas
e Energia quanto pelo Ministério da Saúde, não esquecendo ainda da relativa a
meio ambiente (Ministério do Meio Ambiente e órgãos correlatos).

Um dos principais parâmetros a se conhecer e acompanhar


regularmente é a composição química e classificação da água que está sendo lavra

Mineração – Tópicos Especiais em Mineração 94


e envasada. O produto Água Mineral é um recurso natural que não sofre nenhum
tipo de intervenção por parte da empresa, e, em se tratando de um recurso natural, o
mesmo está sujeito a variações de sua composição em função de condições
climáticas e estações do ano, por exemplo.

Para que haja a comercialização de uma Água Mineral, o órgão


responsável do Ministério de Minas e Energia, o DNPM, solicita que a cada 3 (três)
anos seja realizada, por intermédio do LAMIN (Laboratório de Análises Minerais
da CPRM) uma análise da composição química da água e sua classificação. O
resultado dessa análise deve ser atualizado no rótulo do produto e serve para que os
técnicos do DNPM elaborem parecer indicando a “classificação da água” conforme
critérios e parâmetros definidos pelo Código de Águas Minerais (Decreto-Lei nº
7.841 de 8 de agosto de 1945). No quadro a seguir, temos um exemplo fictício de
como pode ser representado num rótulo as características físico-químicas de uma
água mineral após a realização de estudo “In loco” Lamin e posterior classificação
da água por parte do DNPM.

Composição Química Mg/L


Bicarbonato 2,89
Sódio 0,687
Potássio 0,430
Nitrato 0,171
Magnésio 0,042
Cloreto 0,03
Sulfato 0,02
Cálcio < que 0,500
pH a 25ºC 4,86
Temperatura da água na fonte 21,7º C
Condutividade elétrica a 25º C 11 µs/s
Resíduo de evaporação a 180° C (calculado) 11,22 mg/L
Radioatividade na fonte a 20°C e 760 mmg/Hg 21,57
Boletim xxx/LAMIN/dd/mm/aaaa.

Na realização do estudo In loco pelo LAMIN, as amostras coletadas


serão depois analisadas em laboratório de modo a se verificar parâmetros como
caracterização microbiológica da água e microbiologia (coliformes, enterococos
etc.).
16.1 - Reuso de água

Mineração – Tópicos Especiais em Mineração 95


Em todo projeto de mineração (Plano de Aproveitamento Econômico
para empresas detentoras de Portaria de Lavra ou Plano de Lavra para os casos de
minas detentoras de Registro de Licença), a questão de reuso de água deve ser
abordada e devidamente descrita nos processos produtivos. Também no Relatório
Anual de Lavra (RAL), o DNPM solicita a apresentação de informações detalhadas
quanto a volumes, origem, uso e destino ou reuso da água, de forma a poder no
longo prazo tem informações sobre como o empreendimento possa estar afetando a
manutenção de água disponível na área.

16.2- Reuso de água em processos da indústria mineral

Nas últimas duas décadas, cada vez mais se intensificou a preocupação


e fiscalização por parte de órgão governamentais e da sociedade como um todo,
quanto a questão de reutilização da água nos processos industriais.

No setor de mineração, onde em algumas operações de


beneficiamento o uso de água é elevado, tal preocupação ganhou destaque tal ponto
de que normalmente os resultados são incluídos como parte de destaque nos
Relatórios de Sustentabilidade das empresas, interferindo inclusive na cotação das
ações destas empresas (que acionista investiria seus recursos numa empresa que
futuramente pode ser penalizada por desperdiçar água ou não atender a
legislação?).

Na apostila da disciplina Meio Ambiente, o aluno poderá observar a


descrição de alguns casos (atenção especialmente para as práticas adotadas pela
VALE, maior empresa de mineração do Brasil).

16.3 - Uso de esgoto doméstico na agricultura

Nas regiões onde predomina o clima de seca ou em regiões agrícolas


próximas a grandes centros urbanos muitos estudos tem sido realizado visando o
tratamento de águas provenientes de esgoto doméstico e a sua reutilização na
agricultura, especialmente na agricultura familiar de sobrevivência (caso de regiões
do sertão nordestino, por exemplo).

Mineração – Tópicos Especiais em Mineração 96


O maior desafio ainda é encontrar técnicas economicamente viáveis,
mas certamente a tendência de diminuição de disponibilidade de água potável fará
com que no médio prazo a questão de custo elevado seja compensada por um
aumento no preço para disponibilização de água potável pelos métodos tradicionais
(caso de caminhões pipa ou sistemas de irrigação, por exemplo).

16.4- Riscos microbiológicos no reuso de água

Apesar da necessidade cada vez mais iminente de se usar sem


desperdícios os recursos hídricos e procurar ao máximo o reaproveitamento da
água nos próprios processos ou em outras atividades, o cuidado com a qualidade da
água a ser reaproveitada deve ser sempre o primeiro parâmetro a ser observado.

17-Tópicos Especiais em Prospecção.

É interessante citar o que escreveu Cláudio Sclair, ex-secretário do


Ministério de Minas e Energia em livro de sua autoria ("Geopolítica das Minas no
Brasil") onde destaca que o País é o primeiro produtor em vários bens minerais
(bauxita, rochas ornamentais, caulim) e o segundo em outros com destaque para o
minério de ferro. O especialista acrescenta que ainda há um grande potencial
inexplorado: "Somos uma nação continental e existem muitas áreas que precisam
ser detalhadas do ponto de vista do mapeamento geológico."

Um exemplo é ouro, cujas reservas estimadas pelo governo são de 2


mil toneladas, mas o aumento de pedidos de pesquisa mineral para a substância
bem como a ampliação de empresas interessadas na prospecção do mesmo muito
provavelmente trarão como resultados uma reavaliação para cima de tal
perspectiva. Acredita-se que a produção anual (sem contar a lavra informal feita
por quase 400 mil garimpeiros espalhados pelo País), que era algo em torno de 60
toneladas em meados de 2008, deva dobrar até 2017, consolidando o ouro como o
segundo bem mineral em valor de exportação, atrás apenas do minério de ferro.

Mineração – Tópicos Especiais em Mineração 97


Deste modo, para que se obtenha cada vez mais um maior volume
de informações detalhadas e com qualidade, técnicas como geofísica estão sendo
utilizadas e modelos computacionais sendo utilizados para o tratamento de dados e
modelamento de jazidas, não só na fase de prospecção (determinação de reservas),
mas também e especialmente na fase de planejamento e execução de lavra, visando
assim lavrar o minério com teores/qualidade o mais bem conhecidos e definidos e a
um custo menor, garantindo ainda uma maior vida útil à mina.

O avanço da informática e utilização cada vez mais ampla de


softwares nos últimos 20 anos transformou em muito os trabalhos de pesquisa
mineral e interpretação dos dados obtidos em campos e formação de modelos que
tem permitido um melhor planejamento e execução das atividades de lavra,
conferindo um aumento na vida útil da mina e uma otimização no
aproveitamento/recuperação do minério pesquisado. Isto tem obrigado os
profissionais (técnicos de mineração, geólogos e engenheiro de minas) a ampliarem
seus conhecimentos em informática, pelo menos, como usuários.

.
Ilustração de pesquisa mineral utilizando geofísica.

Mineração – Tópicos Especiais em Mineração 98


Exemplo de modelo tridimensional de corpo mineral elaborado a
partir de levantamento de dados geofísicos e de pesquisa mineral

Além da crescente utilização de softwares específicos para tratamento


de dados, no trabalho de campo novas técnicas e equipamentos tem sido adotados
de forma a obter cada vez maior volume de informações a um custo o mais baixo
possível. A adoção, por exemplo, de VANTs (Veículos Aéreos Não Tripulados)
tem sido objeto de novos projetos nos últimos anos, pois se estima que estes
possam permitir uma rápida coleta de informações a um custo relativamente baixo
com os dados obtidos podendo facilmente ser transmitidos (via internet) aos locais
(escritórios, universidades etc.) onde receberão tratamento adequado. Os VANT
podem ser do tamanho de aviões monomotores convencionais ou podem ser
semelhantes aos aeromodelos utilizados para recreação, dependendo apenas do
proposto pelo projeto e dos equipamentos instalados/utilizados.

Mineração – Tópicos Especiais em Mineração 99


VANT utilizado pela FAB em operações de vigilância de fronteira,
mas que também pode ser utilizado em mapeamento de áreas.

VANT de pequena dimensão utilizado para trabalhos de pesquisa.

18-Bibliografia e sites recomendados.

ABC–SINDICEL. Associação Brasileira do níquel e Sindicato da Indústria de


Condutores Elétricos, Trefilação e Laminação de Metais Não Ferrosos do Estado
de São Paulo. Site institucional. Disponível em http://www.sindicelabc.org.br.
Acessadas as edições do Anuário Estatístico do níquel.

AGROMINERAIS PARA O BRASIL. Francisco Rego Chaves Fernandes, Adão


Benvindo da Luz e Zuleica Carmem Castilhos. ISBN: 978-85-61121-61-7

Mineração – Tópicos Especiais em Mineração 100


ANGLO AMERICAN. Site institucional. Acessados os relatórios anuais e outros
informes do negócio níquel. Disponível em http://www.angloamerican.com.br/.

BAVER, L.D.; GARDNER, W.H. & GARDNER, W.R. Soil physics. New York,
John Wiley & Sons, 1972. 498 p.

BENEDITO BRAGA, ET AL. Introdução a Engenharia Ambiental: o desafio do


desenvolvimento sustentável. Editora: Princehall. 2ª Ed. 2005.

BHP-billiton, 2009. Site institucional. Disponível em http://www.bhpbilliton.com/ .


Acessados diversos relatórios anuais da empresas e informações institucionais.

BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social. Site


institucional. Disponível em http://www.bndes.gov.br/.
BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, maio 2000.
Níquel - Novos Parâmetros de Desenvolvimento.

CAMARGO, O.A.; MONIZ, A.C.; JORGE, J.A.; VALADARES, J.M.A.S.


Métodos de Analise Química, Mineralógica e Física de Solos do Instituto
Agronômico de Campinas. Campinas, Instituto Agronômico, 2009. 77 p. (Boletim
técnico, 106, Edição revista e atualizada).

CETEM – Centro de Tecnologia Mineral, 2009. Ferramenta de pesquisa e banco de


dados. Mineral Data, do Ministério de Ciência e Tecnologia. Disponível em
http://w3.cetem.gov.br:8080/mineraldata/app/*, acessado em diferentes datas.

CETEM – Centro de Tecnologia Mineral, 2002. Usina


de Beneficiamento de Minérios do Brasil. Cobre - Mineração Caraíba Disponível
em www.cetem.gov.br/publicacao/CTs/CT2002

CETEM. Anais do Congresso Brasileiro de Rochas Ornamentais. Disponíveis para


download no site do CETEM.

CHIODI FILHO, C. Aspectos técnicos e econômicos do setor de rochas


ornamentais. Lisboa. Rochas e Equipamentos, n. 51, p. 84-139, 1998.

CROSSLEY, P. (2000). Grafite – High-tech supply sharpens up. Industrial

Mineração – Tópicos Especiais em Mineração 101


Minerals. November.

CPRM – Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais, 2009. Site institucional.


Disponível em
http://www.cprm.gov.br, acessado em diferentes datas.

DESTRO, ELTON. A influência da esfoliação em maciços graníticos no


planejamento da lavra de blocos de rochas ornamentais. Ouro Preto: Escola de
Minas da Universidade Federal de Ouro Preto, 2000. 101p. (Dissertação de
Mestrado em Engenharia Mineral).

DI BERNARDO, L. DANTAS, A. D. B. Editora RIMA. 2006. Métodos e Técnicas


de tratamento de água.

DNPM. Anuário Mineral Brasileiro, Departamento Nacional de Produção Mineral,


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www.dnpm.gov.br/assets/galeriadocumento/balancomineral2001/cobre.pdf

DUARTE, M. A. (2007). DNPM/MG - Sumário Mineral.

KALYONCU, R. S. (2001). Graphite. U.S. Geological Survey Minerals Yearbook.


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SANTOS, PERSIO DE SOUZA (1992). Ciência e tecnologia de argilas Volumes


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SCLIAR, CLAUDIO (1996): Geopolítica das minas no Brasil. Editora Revan, 187
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VIDAL, FRANCISCO WILSON HOLLANDA E OUTROS. Rochas e minerais


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Mineração – Tópicos Especiais em Mineração 102


VON SPERLING, M Lagoas de Estabilização: Princípios do tratamento biológico
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WAGGAMAN, Wm. H. ed. (1969): Phosphoric Acid and Phosphate Fertilizers,


Hafner Publising Company, 680p.

Mineração – Tópicos Especiais em Mineração 103


Hino Nacional Hino do Estado do Ceará

Ouviram do Ipiranga as margens plácidas Poesia de Thomaz Lopes


De um povo heróico o brado retumbante, Música de Alberto Nepomuceno
E o sol da liberdade, em raios fúlgidos, Terra do sol, do amor, terra da luz!
Brilhou no céu da pátria nesse instante. Soa o clarim que tua glória conta!
Terra, o teu nome a fama aos céus remonta
Se o penhor dessa igualdade Em clarão que seduz!
Conseguimos conquistar com braço forte, Nome que brilha esplêndido luzeiro
Em teu seio, ó liberdade, Nos fulvos braços de ouro do cruzeiro!
Desafia o nosso peito a própria morte!
Mudem-se em flor as pedras dos caminhos!
Ó Pátria amada, Chuvas de prata rolem das estrelas...
Idolatrada, E despertando, deslumbrada, ao vê-las
Salve! Salve! Ressoa a voz dos ninhos...
Há de florar nas rosas e nos cravos
Brasil, um sonho intenso, um raio vívido Rubros o sangue ardente dos escravos.
De amor e de esperança à terra desce, Seja teu verbo a voz do coração,
Se em teu formoso céu, risonho e límpido, Verbo de paz e amor do Sul ao Norte!
A imagem do Cruzeiro resplandece. Ruja teu peito em luta contra a morte,
Acordando a amplidão.
Gigante pela própria natureza, Peito que deu alívio a quem sofria
És belo, és forte, impávido colosso, E foi o sol iluminando o dia!
E o teu futuro espelha essa grandeza.
Tua jangada afoita enfune o pano!
Terra adorada, Vento feliz conduza a vela ousada!
Entre outras mil, Que importa que no seu barco seja um nada
És tu, Brasil, Na vastidão do oceano,
Ó Pátria amada! Se à proa vão heróis e marinheiros
Dos filhos deste solo és mãe gentil, E vão no peito corações guerreiros?
Pátria amada,Brasil!
Se, nós te amamos, em aventuras e mágoas!
Porque esse chão que embebe a água dos rios
Deitado eternamente em berço esplêndido, Há de florar em meses, nos estios
Ao som do mar e à luz do céu profundo, E bosques, pelas águas!
Fulguras, ó Brasil, florão da América, Selvas e rios, serras e florestas
Iluminado ao sol do Novo Mundo! Brotem no solo em rumorosas festas!
Abra-se ao vento o teu pendão natal
Do que a terra, mais garrida, Sobre as revoltas águas dos teus mares!
Teus risonhos, lindos campos têm mais flores; E desfraldado diga aos céus e aos mares
"Nossos bosques têm mais vida", A vitória imortal!
"Nossa vida" no teu seio "mais amores." Que foi de sangue, em guerras leais e francas,
E foi na paz da cor das hóstias brancas!
Ó Pátria amada,
Idolatrada,
Salve! Salve!

Brasil, de amor eterno seja símbolo


O lábaro que ostentas estrelado,
E diga o verde-louro dessa flâmula
- "Paz no futuro e glória no passado."

Mas, se ergues da justiça a clava forte,


Verás que um filho teu não foge à luta,
Nem teme, quem te adora, a própria morte.

Terra adorada,
Entre outras mil,
És tu, Brasil,
Ó Pátria amada!
Dos filhos deste solo és mãe gentil,
Pátria amada, Brasil!

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