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CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA DE MINAS GERAIS

UNIDADE ARAXÁ – CURSO TÉCNICO EM MINERAÇÃO

APOSTILA DE LAVRA II
1ª EDIÇÃO

PROF. FERNANDO BRANDÃO RODRIGUES DA SILVA

2020
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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO À LAVRA DE MINA SUBTERRÂNEA ........................................................ 3


1.1. Histórico ...................................................................................................................... 3
1.2. Seleção do método de lavra ....................................................................................... 4
1.2.1. Classificação de corpos de minério ........................................................................ 5
1.2.2. Resistência da rocha.............................................................................................. 7
1.3. Conceitos fundamentais da lavra de mina subterrânea ........................................... 7
1.4. Princípios fundamentais da lavra de mina subterrânea ........................................... 9
1.5. Classificação dos métodos de lavra de mina subterrânea .................................... 11
2. DESENVOLVIMENTO DA LAVRA DE MINA SUBTERRÂNEA ........................................ 13
2.1. Tipos de aberturas subterrâneas ............................................................................. 14
2.2. Fatores de projeto e características de aberturas subterrâneas ........................... 16
2.2.1. Fatores de projeto de aberturas subterrâneas...................................................... 16
2.2.2. Características das aberturas subterrâneas ......................................................... 18
3. OPERAÇÕES UNITÁRIAS DA LAVRA DE MINA SUBTERRÂNEA ................................. 32
3.1. Regimes de lavra....................................................................................................... 32
3.2. Operações unitárias.................................................................................................. 33
3.2.1. Perfuração ........................................................................................................... 33
3.2.2. Desmonte de rochas ............................................................................................ 36
3.2.3. Carregamento e transporte .................................................................................. 41
3.2.4. Ventilação de mina subterrânea ........................................................................... 45
4. MÉTODOS COM AUTO SUSTENTAÇÃO (UNSUPPORTED) .......................................... 51
4.1. Método de Câmaras e Pilares (Rooms and Pillars) .................................................... 52
4.2. Método de Realces ou Alargamentos Abertos (Open Stope) .................................... 57
4.3. Método de Recalque (Shrinkage)................................................................................. 61
4.4. Método de Alargamentos ou Realces em Subníveis (Sublevel Stoping) .................. 66
4.5. Dimensionamento de Pilares ....................................................................................... 71
4.5.1. Teoria da área tributária (Coates, 1973) ................................................................... 71
4.5.2. Tipos de Pilares........................................................................................................ 71
4.5.3. Dimensionamento de Pilares (largura X) .................................................................. 73
4.5.3. Cálculo da recuperação de minério .......................................................................... 74
5. MÉTODOS COM SUSTENTAÇÃO ARTIFICIAL (SUPPORTED) ...................................... 75
5.1. Técnicas de sustentação artificial ............................................................................... 75
5.2. Método dos Alargamentos Esteados .......................................................................... 77
5.4. Método de Alargamentos com Estruturas Retangulares (Square set method) ........ 80
5.5. Método de Corte e Enchimento (Cut-and-fill) ............................................................. 83
6. MÉTODOS COM ABATIMENTO CONTROLADO DO TETO (CAVING) ........................... 90
6.1. Método de Frentes Amplas (Longwall)........................................................................ 91
6.2. Método de Abatimento por Subnível (Sublevel caving) ............................................. 95
6.3. Método de Abatimento em Blocos (Block caving) ..................................................... 98
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................ 104
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1. INTRODUÇÃO À LAVRA DE MINA SUBTERRÂNEA

1.1. Histórico

No Brasil, uma das primeiras atividades desenvolvidas foi a mineração, por


parte dos europeus que quando aqui chegaram já conheciam as técnicas deste ofício, e
ao verem tanta terra inexplorada encontraram a oportunidade de lucrar bastante com a
extração dos recursos naturais.

A partir do século XVI, expedições portuguesas partiam da Bahia para o interior


do país, com o objetivo de encontrar minas de prata. No século seguinte, Fernão Dias
foi de São Paulo a Sabará, em busca de prata e esmeraldas. Já no final do século XVII
foram encontradas as minas de ouro na região da atual Minas Gerais. A atividade de
mineração viria a crescer e ser ainda mais valorizada na segunda década do século
XVIII, quando foram descobertas as minas de diamante. A partir de então, a mineração
passou a ser a atividade econômica mais importante da colônia. Foram descobertas
minas de ouro também em Mato Grosso e em Goiás, ainda na primeira metade do
século XVIII.

Com o passar do tempo, as civilizações sentiram a necessidade de extrair


minerais escavando túneis e galerias. A mineração subterrânea é praticada no Brasil
desde o período colonial. No início do século XIX, as minas inundadas, ou soterradas,
eram abandonadas devido à falta de recursos tecnológicos. Porém, ainda no século
XIX, surgiram diversas inovações tecnológicas, entre elas: a pólvora, o uso
generalizado da energia hidráulica, amalgamação por mercúrio, ventilação, transporte e
redução do minério e concreto.

Já o século XX, ficou marcado pela evolução da Mecânica das Rochas, com
maior variedade nos sistemas de ancoragem, que viabilizaram a lavra subterrânea em
locais de difícil acesso e em rochas com alto grau de faturamento. As operações
unitárias da lavra subterrânea também passaram por uma grande evolução neste
século, onde tornou-se possível fazer furos para detonação de maiores diâmetros e
comprimentos superiores a 30m, intensa mecanização, scalers, robôs para concreto
projetado, carregadeiras LHD, rompedores e suportes auto- marchantes controlados a
distância; e comunicação.
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1.2. Seleção do método de lavra

A escolha do método de lavra é uma das decisões mais importantes que são
tomadas durante o estudo de viabilidade econômica. Na fase de planejamento, a
seleção é baseada em critérios geológico, social, geográfico e ambiental, todavia as
condições de segurança e higiene devem ser garantidas durante toda a vida útil da
mina. Os aspectos relativos à estabilidade da mina, à recuperação do minério e à
produtividade máxima também devem ser considerados. A seleção do método de lavra
é um dos principais elementos em qualquer análise econômica de uma mina e sua
escolha permite o desenvolvimento da operação. Numa etapa de maior detalhe, pode
constituir-se como fator preponderante para uma resposta positiva do projeto. A seleção
imprópria tem efeitos negativos na viabilidade da mina.

Seguem os principais objetivos a serem atingidos durante a vida de uma mina:

 Produzir oferecendo condições seguras para os operários.


 Os impactos causados ao meio ambiente devem ser reduzidos.
 Assegurar a máxima recuperação de minério com mínima diluição.
 Ser flexível para adaptar às diversas condições geológicas e à infraestrutura
disponível.
 Permitir atingir a máxima produtividade reduzindo, consequentemente, o custo
unitário.

A seleção do método de lavra depende dos seguintes fatores:

 Configuração do corpo de minério: Mergulho, morfologia, direção,


profundidade, espessura, presença de falhas;
 Avaliação Geotécnica: Litologia, lençol freático, tensões e resistência da rocha
(tanto o minério quanto a rocha encaixante);
 Fatores ambientais, de segurança e saúde ocupacional: deposição de estéril
e rejeito, reutilização futura, vibração, ruído;
 Considerações Econômicas: Ajuda a escolher o método que garanta um fluxo
de caixa lucrativo para um período de tempo mais longo; e
 Considerações políticas, legais, geográficas e trabalhistas: empregabilidade,
impostos, qualificação técnica da mão-de-obra, insalubridade, periculosidade,
etc.
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1.2.1. Classificação de corpos de minério

Um depósito é normalmente formado por diversos corpos de minério separados entre


si, por rocha estéril. Em corpos de minério muito irregulares, a lavra se torna mais difícil
e, portanto, o contato do depósito do minério com a rocha encaixante é um aspecto
decisivo, pois a percepção do contato entre as regiões mineralizadas e o estéril facilitam
muito a lavra. A configuração do corpo de minério, quanto à forma, ao mergulho,
direção, profundidade e espessura, é um fator determinante do tipo de lavra (céu aberto
ou subterrânea), bem como do método a ser aplicado. Por esta razão, Curi (2017)
separa os corpos de minério em três diferentes classes, conforme a seguir:

a) Corpos em relação à morfologia:

 Isométricos: apresentam irregularidades nas três direções, porém podem


exibir dimensões aproximadamente iguais em todas elas. Existem dois tipos:
maciços e bolsões. Os maciços possuem grandes dimensões, podendo
atingir vários quilômetros, enquanto os bolsões possuem dimensões limitadas
e algumas dezenas de metros.

 Colunares: são bem mais extensos segundo a direção vertical.

 Tabulares: são bem extensos segundo duas direções e possuem espessura


reduzida e constante. Podem aparecer em forma de veios.

 Lentes: possui forma irregular e dimensões desiguais em todas as três


direções.

b) Corpos em relação à espessura

 Muito pouco espessos: com espessura menor que 0,7 m


 Pouco espessos: com espessura entre 0,7 e 2,0 m
 Regularmente espessos: com espessura entre 2,0 e 5,0 m
 Espessos: com espessura entre 5 e 20 m
 Muito espessos: com espessura maior que 20 m
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c) Corpos em relação ao mergulho

 Corpos horizontais e sub-horizontais: com ângulo de mergulho entre 0 e 20º

Corpos horizontais e sub-horizontais (Silva, 2013).

 Corpos de mergulho suave: com mergulho entre 20 e 50º. São aqueles cuja
inclinação excede os limites de trafegabilidade (“gradeability”) dos equipamentos
de carregamento e transporte, mas não é ainda suficientemente acentuada para
que ocorra o escoamento do minério desmontado, sob a ação da gravidade,
desde as frentes de lavra até o nível da galeria de transporte. Nestes casos o
minério precisa ser arrastado até os locais de carregamento.

Corpos de mergulho suave (Silva, 2013).

 Corpos de mergulho acentuado: com mergulho acima de 50º. São aqueles nos
quais o minério desmontado nas frentes desce por gravidade até o nível da
galeria de transporte.

Corpos de mergulho acentuado (Silva, 2013).


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1.2.2. Resistência da rocha

Uma rocha competente é definida como a rocha que, devido as características


geológicas e físicas, é capaz de sustentar uma abertura sem qualquer suporte estrutural
em massa (Obert et al., 1969). A caracterização da rocha/minério como dura ou friável é
uma questão muito subjetiva. E uma das formas de se avaliar a resistência de uma
rocha é através da resistência a compressão uniaxial, conforme a tabela a seguir.

Classificação de rochas em relação à resistência (Reis, 2008).

Rocha Resistência (kg/cm²) Exemplos


Muito dura >1.200 Quartzito, basalto, diabásio
Dura 1.200 – 600 Maioria das rochas ígneas, dolomita
Pouco dura 600 – 300 Calcário, arenito, xisto, folhelho
Friável 300 – 100 Calcário friável, carvão
Muito friável < 100 Esteatito

A competência da rocha (dura ou friável) influencia diretamente na escala de


produção atingida na lavra subterrânea. O tipo de perfuração (manual ou mecanizada),
carregamento e transporte (tipo e capacidade de equipamentos) são definidos mediante
a competência da rocha e à escala (pequena, média ou grande), conforme tabela a
seguir.
Competência da rocha x operações unitárias (Reis, 2008).
Competência da Abertura Perfuração Carregamento Transporte
rocha / escala
Dura / Pequena escala >= 2x2 m² Manual Tipo LHD (load, haul Caminhões de 7 a 15
and dump) de 0,4 a 4 toneladas
m³ ou descarga Trens de 4 a 8 toneladas
traseira
Dura / Média escala >= 4x4 m² Mecanizada Tipo LHD (load, haul Caminhões de 20 a 30
and dump) de 4 a 7,5 toneladas

Dura / Pequena escala >= 5x5 m² Mecanizada Tipo LHD (load, haul Caminhões de 40 a 50
com jumbos and dump) de 9 a 11 toneladas

Friável - Geralmente Minerador contínuo Shuttle cars e correias
não há transportadoras

1.3. Conceitos fundamentais da lavra de mina subterrânea

Para o bom entendimento dos tópicos a seguir, é de suma importância que os conceitos
da lavra subterrânea estejam claros. Entre eles:

 Diluição: é a contaminação do minério pelo estéril durante o processo de


extração e a diluição pode ser planejada, casos em que a operacionalidade
impossibilita uma maior seletividade da lavra, ou não planejada (operacional),
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quando a contaminação de minério é acima da planejada devido à falta de
padrões na operacionalidade das atividades que antecedem a extração.

Diluição (Modificado de Scoble & Moss, 1994).

 Recuperação: é a quantidade de minério que se consegue recuperar nas


operações de lavra em relação à quantidade pré-existente.

 Overbreak: desmonte com volume superior ao planejado, que gera aumento da


diluição e, consequentemente, implica em maiores custos operacionais.

 Underbreak: desmonte com volume inferior ao planejado, que ocasiona a perda


de minério e, consequentemente, diminui a recuperação.

 Capa (hangingwall): rocha encaixante que sobrepõe o corpo de minério

 Lapa (footwall): rocha encaixante que sotopõe o corpo de minério

 Direção (strike): ângulo entre o norte geográfico e a reta formada pela


interseção do plano médio da camada, ou descontinuidade, e um plano
horizontal.

 Mergulho (dip): menor ângulo formado entre o plano médio da camada, ou


descontinuidade, e um plano horizontal.

 Plunge: ângulo formado entre uma feição geológica da rocha, como o eixo de
uma dobra, por exemplo, e um plano horizontal

 Peito (breast): avanço, face ou frente de desmonte “horizontal”


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 Potência: espessura de um corpo mineral tabular, medida perpendicularmente


entre seu topo e sua base.

 Crown Pillar: pilar localizado na parte superior de um realce.

 Rib Pillar: pilar localizado lateralmente ao realce.

 Sill Pillar: pilar localizado na parte inferior de um realce.

Definição de direção e mergulho do corpo de minério (Curi, 2017).

1.4. Princípios fundamentais da lavra de mina subterrânea

A lavra subterrânea segue princípios que definem o método de lavra a ser utilizado.

 Abandono de pilares: desmonte com o avanço de aberturas paralelas,


convenientemente espaçadas, deixando-se porções do minério para formar
pilares, de dimensões e formas adequadas, que limitam os vãos das aberturas e
promovem a sustentação do teto.
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Princípio do abandono de pilares (Silva, 2013).

 Enchimento: à medida que o material útil vai sendo extraído, o vazio formado é
preenchido com outro material, de forma a promover a sustentação do teto. O
desmonte da face é integral e a frente se desloca paralelamente a si mesma,
sendo acompanhada a certa distância pelo enchimento. O teto na frente de
trabalho é normalmente sustentado com estruturas apropriadas para evitar a
eventual queda de blocos soltos ("chocos").

Princípio do enchimento (Silva, 2013).

O tipo de enchimento pode variar de acordo com os fatores condicionantes para


a seleção do método de lavra, citados anteriormente. Seguem os principais tipos:

Back Fill: Enchimento hidráulico a base de rejeito deslamado da planta de


beneficiamento. É introduzido na mina por tubulação e logo após drenado para adquirir
11
a resistência necessária para suportar as encaixantes e movimentação de equipamento
sobre ele.

Paste Fill: Enchimento hidráulico a base de rejeito da planta de beneficiamento com


adição de cimento Portland (comum). É introduzido na mina por tubulação e não
necessita de desaguamento para adquirir a resistência necessária para suportar as
encaixantes ou movimentação de equipamentos.

Rock Fill: Enchimento a base de rocha estéril desmontada das frentes de


desenvolvimento. Este tipo de enchimento é transportado para os locais de destino
através de carregadeiras e ou caminhões, sendo basculado no local e logo após
espalhado por equipamentos novamente.

 Abatimento controlado do teto: com o avanço da frente de lavra, em vez de se


processar a sustentação com o enchimento, provoca-se o seu desabamento, a
uma distância controlada da frente, dissipando-se parte da energia armazenada
no maciço. Além disto, a rocha desabada empola, o que inibe a propagação do
abatimento, a partir do momento em que os blocos começam a exercer reações
apreciáveis sobre o teto, favorecendo a sua sustentação.

Princípio do abatimento controlado do teto (Silva, 2013).

1.5. Classificação dos métodos de lavra de mina subterrânea

Segundo Curi (2017), os métodos de lavra subterrâneos, são definidos com base
nos fatores citados no tópico 1.2, porém, existe uma classificação dos métodos quanto
ao tipo de suportação, que podem ser naturais ou artificiais e, em particular, os métodos
do abatimento do teto.
12
Classificação dos métodos de lavra de mina subterrânea (Do autor, 2019).
Classificação Método de lavra Tipo de suporte
Câmaras e pilares (rooms and pillars) Pilares de rocha
Auto suportados Realce ou alargamentos abertos (Open Stope) Pilares de rocha
(unsupported) Recalque (shrinkage) Minério desmontado
Realce em subníveis (sublevel stoping) Pilares de rocha
Artificialmente Alargamentos esteados Esteio (metálico, madeira)
suportado (supported) Alargamentos com estruturas retangulares (square- Esteios e vigas (metálico,
set) madeira)
Corte e enchimento (cut and fill) Enchimento
Abatimento Frentes amplas (long wall) ** Suportes automarchantes
controlado (caving) e material empolado
Abatimento por subníveis (sublevel caving) Material empolado
Abatimento de blocos (block caving) Material empolado
**Em alguns casos, é classificado como método artificialmente suportados.
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2. DESENVOLVIMENTO DA LAVRA DE MINA SUBTERRÂNEA

Se a lavra a céu aberto não satisfaz as condições de mínimo custo, então a


lavra subterrânea pode ser a alternativa mais viável, ressaltando que as condições
de segurança e sustentabilidade também devem ser atendidas. Devido à
complexidade e custo da lavra subterrânea, devem ser tomados cuidados extremos
quanto às decisões no desenvolvimento, porque elas afetam a produção
subsequente. Uma maior atenção deve ser dada à localização, segurança do
trabalho e padrões de construção de aberturas de desenvolvimento. É necessário
fornecer uma atmosfera artificial adequada para os trabalhadores. O sistema de
ventilação da mina utiliza acesso e aberturas de produção para distribuir ar exterior
com qualidade e quantidade desejadas para todas as áreas de trabalho.

É possível prever que a tendência futura é de aumento de produção das minas


subterrâneas em relação a céu aberto, devido a:

 As jazidas remanescentes serão cada dia mais profundas.


 Restrições ambientais aos trabalhos de superfície.
 Avanços tecnológicos que estão em curso nos equipamentos de mina.
 Reduzida mobilidade das grandes máquinas de superfície.

Desenvolvimento é qualquer escavação ou abertura que não tenha como


objetivo imediato a recuperação ou extração mineral. O desenvolvimento permite a
entrada de trabalhadores, materiais, equipamentos, energia elétrica, água, saída de
minério e eventual entrada de rejeito ou saída de estéril. Pode ser:

 Produtivo: realizado no minério; e


 Não-produtivo: realizado nas rochas encaixantes
 Primário: com acesso ao minério e às vias de acesso principais. Exemplo:
shafts, com acesso a diferentes níveis;
 Secundário: em escavações horizontais, conectando regiões do mesmo nível, e
em escavações verticais, conectando diferentes níveis; e
 Terciário: escavações auxiliares para atender à infraestrutura. Ex.: oficina
mecânica, ventilação, áreas de manobra de equipamentos, escritórios, câmara
de fuga, etc.
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2.1. Tipos de aberturas subterrâneas

As aberturas subterrâneas são fundamentais para oferecerem condições de


trabalho e condiciona a jazida à produção. Neste tópico, vamos conhecer os principais
tipos de aberturas subterrâneas, entre elas:

 Poço: abertura vertical (shaft) ou inclinada (slope) conectando a superfície com


aberturas subterrâneas. O poço é preferido para depósitos grandes e profundos,
com grande escala de produção, onde o transporte por caminhões não é
economicamente viável. À medida que a profundidade da mina aumenta, a
utilização desse meio de acesso se torna a melhor opção.

 Rampa: abertura inclinada conectando níveis, e usada para transporte. Pode ser
desenvolvida de forma espiral e ziguezague em torno do corpo de minério.
Depende da qualidade da rocha e, caso a resistência da rocha não seja
favorável, é necessário o auxílio de suportes. É recomendado para minas
próximas a superfície que se exija retorno rápido dos investimentos.

 Galeria (drift): abertura horizontal ou quase horizontal, em geral paralela à


direção de um corpo mineral. Também podem ser utilizadas para fins de
sondagem e pesquisa.

 Túnel: galeria com acesso à superfície nas duas extremidades. É recomendável


para corpos de minério horizontais ou próximos à horizontal, para os quais não
há necessidade de utilizar rampa ou poço.

 Ádito: galeria com um único acesso à superfície. É empregado quando o


depósito aflora, numa área de alto relevo e cobertura pouco profunda.

 Subidas ou chaminés (raise): é uma interligação vertical ou sub-vertical


entre níveis e é normalmente usada para ventilação, exaustão, e saída de
pessoas em caso de emergência.

 Descida (winzes): abertura inclinada, dirigida descendentemente para


conectar níveis, às vezes acompanha o mergulho do depósito. Também é
chamada de poço descendente.
15
 Passagem de minério (ore pass): pode ser uma chaminé ou uma descida
destinada à transferência por gravidade de material desmontado.

 Câmara (room): abertura horizontal de explotação, usualmente em depósito de


camadas (corpos de minério horizontais).

 Travessa (crosscut): abertura horizontal, frequentemente conectando galerias


ou câmaras, e é orientada perpendicularmente à direção do corpo.

 Nível: sistema de aberturas horizontais numa determinada altitude, e é o


horizonte operacional de uma mina.

 Subnível: nível intermediário entre níveis.

 Chute: pequeno depósito para transferir por gravidade o material de um


ponto a outro.

 Grelha: peneira fixa de grande abertura colocada na boca de um duto,


para evitar entupimento com matacões.

 Alargamento ou realce (stope): grande abertura de explotação. O termo


realce também significa um vão livre ou teto imediato.

As duas figuras seguintes ilustram os principais tipos de aberturas


estudadas neste capítulo.

Aberturas subterrâneas (Silva, 2013).


16

Aberturas subterrâneas em corpo de minério inclinado (Silva, 2013).

2.2. Fatores de projeto e características de aberturas subterrâneas

2.2.1. Fatores de projeto de aberturas subterrâneas

Para a abertura de acessos principais, algumas decisões iniciais que precisam


ser tomadas, como:

 Tipo, localização, número, forma e tamanho das aberturas principais.


 O projeto do sistema de manuseio de material.

Esses dois itens estão inter-relacionados e devem ser tratados em conjunto


para que sejam seguras de forma que mais tarde não haja necessidade de
mudanças certamente onerosas.

2.2.1.1. Tipo de abertura

Os métodos de lavra subterrânea são agrupados em três classes:


 Auto suportados (insupported)
 Artificialmente suportados (supported)
 Por abatimento controlado (caving)
17
A escolha da classe de método mais adequado é o ponto de partida para definir
o tipo das aberturas a serem adotadas.

2.2.1.2. Locação das aberturas

As aberturas primárias (que conectam à superfície) têm sua localização em


função de diversos fatores. Um conceito que predominava antes de 1978 era de que
a abertura principal deveria passar pelo centro de gravidade do corpo para minimizar
os custos de transporte. No entanto, sabe-se hoje que, além do transporte, outros
fatores influem na locação. São eles: mergulho, profundidade, condições de água
subterrânea, número de locais ou frentes de trabalho, topografia, drenagem, limites
de propriedade, locação das instalações de superfície e outros.

2.2.1.3. Número de aberturas

O número de aberturas deve satisfazer em primeiro lugar às condições de


ventilação e segurança do trabalho. Em seguida, vem as condições de acesso,
escala de produção, e posição relativa dos diversos corpos de uma mesma jazida.
No mínimo dois acessos separados devem ser previstos por segurança do trabalho
e ventilação.

2.2.1.4. Forma e tamanho das aberturas

A forma e tamanho das aberturas dependem do tipo de abertura, modo de


construção e meio empregado no manuseio dos materiais.

 Poços verticais retangulares: 1,8 x 2,4 m até 4,6 x 6,4 m


 Poços verticais circulares: 1,5 a 7,0 m de diâmetro
 Poços inclinados: 3,7 x 4,3 m até 3,7 x 6,1 m
 Travessas, galerias e rampas: 2,7 a 4,2 m até 4,2 x 6,0 m

2.2.1.5. Intervalo entre níveis

A figura a seguir mostra que o custo de desenvolvimento diminui quando


aumenta o intervalo entre níveis e, em contrapartida, o custo de lavra aumenta.
Somando-se as ordenadas dos dois custos anteriores, constrói-se a curva-soma
onde o mínimo custo é o ponto mais baixo, ou ponto de mínimo. A esse mínimo
corresponde o intervalo ótimo entre níveis. Visto isso, é de suma importância que os
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custos de desenvolvimento e de lavra sejam avaliados antes da tomada de decisão do
intervalo entre níveis.

Relação entre intervalo de níveis e custos de lavra (Reis, 2008).

Algumas aberturas de desenvolvimento são construídas durante a lavra, no


entanto, a previsão dessas aberturas é feita durante o projeto do desenvolvimento.
Não é conveniente o aprofundamento, por exemplo, de um shaft durante a lavra,
pois isso interrompe o fluxo normal de produção. Nesse caso, o shaft será
previamente construído com a profundidade suficiente para a exaustão de uma
determinada reserva.

2.2.2. Características das aberturas subterrâneas

Um depósito a ser lavrado por métodos subterrâneos pode ser acessado por
qualquer dos seguintes tipos de acessos ou combinação desses.

2.2.2.1. Rampas

Para a maioria das minas de pequeno e médio porte, o melhor acesso que
atende a suas necessidades é a rampa (CHADWICK, 2000).

a) Custos

Os fatores que afetam o custo global da rampa incluem custo de operação e


manutenção, custo de escavação, de equipamentos, de consumo de brocas de
perfuração (bits), explosivos, material de suporte de rochas, mão de obra e outros
19
(SOUSA, 2012). Os custos operacionais variam muito de uma mina para outra. Estes
custos incluem:

 Custo operacional dos caminhões (combustível, óleo, pneus e outros);


 Custo de manutenção de caminhões; e
 Ventilação e mão-de-obra.

b) Transporte em rampa com caminhões

O transporte de caminhões utilizando a rampa é ideal no começo do


empreendimento, pois exige baixo investimento inicial, ideal para condições que
requerem produção antecipada e em situações em que o corpo de minério se encontra
próximo à superfície, particularmente, onde o acesso à mina subterrânea surgiu a partir
de uma lavra a céu aberto.

Na Austrália, dois terços das minas subterrâneas utilizam rampas com


caminhões, enquanto apenas um terço utiliza o transporte por poço.

A inclinação recomendada para o uso de transporte por caminhões via rampa e


plano inclinado é de 8°. Se utilizar correias transportadoras e caminhões o ângulo
máximo recomendado é de 15° e, se utilizar somente correia transportadora, o ângulo
máximo recomendado pode variar de 15° até 25° dependendo do material transportado,
conforme MATUNHIRE (2007).

Em geral, quanto menor o gradiente, menores os custos operacionais. Os custos


operacionais são relativamente altos, mas com a recente introdução dos caminhões
elétricos a tendência é a redução desses gastos. Produções por volta de 3.000 t/d são
possíveis de se atingir, embora esta taxa não possa ser mantida de forma confiável. O
acréscimo de caminhões, por outro lado, provocará, em certo momento, filas e
dificuldade no controle destes. A profundidade econômica limite para o acesso por
rampa é determinada pelos custos de carregamento, equipamentos selecionados,
produtividade, e gastos com ventilação (MCISAAC, 2008).

Outra consideração importante é em relação aos requisitos de ventilação para os


equipamentos que trafegam na rampa. O transporte utilizando caminhões requer uma
quantidade maior de ventilação do que o içamento por poço (MCCARTHY&
LIVINGSTONE, 1993). Uma regra de ouro menciona que uma vazão 0,0633 m³/s de ar
é requerido por quilowatt de operação de um equipamento a diesel. São comuns os
20
requisitos para ventilação terem uma influência significativa na área de acesso por
rampa (SOUSA, 2012). DE LA VERGNE (2003) menciona que o principal fator limitante
ao transporte de caminhões é a ventilação.

c) Transporte em rampa com correia transportadora

Aplicação do transporte em rampa por correia transportadora não pode exceder


os 15° com a horizontal, a menos que todo o minério seja bem fragmentado. Na prática
muitos fornecedores afirmam que o equipamento pode ser utilizado com uma inclinação
máxima de 25°, dependendo do material a ser transportado (MATUNHIRE, 2007).

Wilson (2004) menciona que correia de aço, para uma inclinação de cerca de 9°,
é normalmente restrita a profundidade de 500 m por causa da tensão na correia. Em
relação à ventilação, a rampa com correia se mostra mais ineficiente em comparação
com outras opões de acesso. Silva e Luz (2011) mencionam que, com o aumento das
lavras subterrâneas, a opção de britagem primária em subsolo seguida de transporte
por correia vem se tornando comum. A mina de Baltar (Votorantim-SP) é um exemplo
de aplicação de correia transportadora em rampa para escoamento do minério. A mina
opera a uma profundidade de 330 m e adota o método de lavra alargamento de
subníveis. O minério lavrado é o calcário e a produção anual da mina em 2013 foi de
1.138.921 t (ROM). É a única mina de calcário subterrânea do Brasil. A figura, a seguir,
mostra as instalações da correia transportadora da mina de Baltar, na porção situada à
saída da rampa de acesso.

Correia transportadora da mina de Baltar, Votorantim – SP (Santos, 2013).


21
d) Vantagens da utilização da rampa

 Taxas de avanço mais rápido nos estágios de desenvolvimento permitem um


acesso eficaz ao corpo de minério;
 Pode ser interrompida a qualquer momento, com mínimo de dívidas pendentes e
instalações desnecessárias;
 Custo de capital geralmente é mais baixo para o desenvolvimento;
 Flexibilidade na produção devido à seleção dos equipamentos;
 Mobilidade de adicionar equipamentos entre os níveis;
 Ideais para corpos de minério horizontais (até 15°) próximos à superfície;
 Desenvolvimento do corpo mineral num prazo bem mais curto, cerca de dois
anos a quatro anos, no caso de minas rasas (VAZ, 1997).

e) Desvantagens da utilização da rampa

 Produção menor que o acesso por poço;


 Custos operacionais elevados à medida que a profundidade aumenta;
 Pode requerer suporte devido às condições geomecânicas das rochas;
 Pode gerar filas, com eventual adição de mais caminhões para atender à taxa de
produção;
 Limitado a taxa de produção de 3.000 t/d (WILSON, 2004);
 Geração de gases tóxicos (com a implantação dos caminhões elétricos tem-se
uma geração menor desses gases), o que exige um sistema de ventilação
eficiente para diluir esses gases.

2.2.2.2. Poços

Os poços são utilizados em diversas situações, entre elas:

 Para acessar um corpo de minério profundo cujo acesso via rampa seja inviável;
 Para transportar homens e materiais para trabalho subterrâneo;
 Para transporte tanto de minério como de estéril;
 Para servir como entrada ou saída de ar (ventilação);
 Para fornecer uma segunda saída, conforme exigido por lei; e
 Para armazenar material radioativo.
22
Os poços geralmente são diferenciados e classificados em relação à sua
inclinação (inclinados e verticais) e em relação à geometria de sua seção transversal
(retangular, circular ou elíptico). Nos tópicos seguintes têm-se os diferentes tipos de
poços utilizados no ambiente subterrâneo.

Poços em relação à inclinação

a) Poço inclinado (Slope)

O poço inclinado é recomendado para corpos aflorantes que possuem mergulho de até
50º e, em alguns casos, 70°. São, normalmente, aberto na lapa e distam de 5 a 15m do
corpo de minério. A figura, a seguir, mostra um plano inclinado aberto na lapa a uma
distância do corpo de minério (D) e um plano inclinado, embora não usual, aberto no
corpo de minério (E).

Acesso a corpos inclinados utilizando poço inclinado (mine-net.blogspot.com, 2011).

Para poços com inclinação de até 14°, uma correia transportadora pode ser
instalada. O transporte de material pode ser feito com corpos de mergulho até de 30°.

b) Poço Vertical (Shaft)

Os poços verticais são conhecidos desde o século XV. Os corpos de minérios


eram geralmente minerados por poço antes do advento dos modernos caminhões de
transporte em meados do século XX, que contribuíram de maneira significativa no
desenvolvimento e explotação econômica dos recursos minerais (WILSON, 2004). De
acordo com Wilson (2004), são os sistemas de escoamento da produção mais
eficientes e rentáveis para operar em grandes profundidades. Isso acontece porque
23
segue o caminho mais curto do transporte e pode ser automatizado e há pouco atrito
envolvido com a operação de transporte. Eles são muito eficientes no que diz respeito à
quantidade de ar.

Dependendo da profundidade da mina, os poços podem consumir 60% do


desenvolvimento da mina. Devido a isso, o método para minimizar o tempo da
construção do poço e garantir o funcionamento ininterrupto é de grande importância. A
determinação do diâmetro do poço e os equipamentos de içamento e futuras
necessidades da mina têm que ser avaliadas para além da primeira fase do projeto.

Unrug (1992) menciona que, de um modo geral, é melhor sobrestimar o


comprimento do poço numa primeira fase do período de vida do projeto do que numa
fase posterior devido a um gargalo na produção, impedindo um aumento de uma forma
viável da produção ou exigindo o desenvolvimento de segundo poço. Se a extensão
está prevista, parte da área da secção transversal do poço pode ser utilizada para esta
operação sem afetar o funcionamento do poço, servindo à produção para quaisquer
níveis superiores. O autor menciona que dados técnicos necessários para a construção
do poço consistem de um esboço do projeto e determinação aproximada das
dimensões do poço. O esboço do projeto deve conter uma seção descrevendo a sua
finalidade e justificando a seleção do local do poço. Também estão incluídos no
esquema uma breve descrição das características do poço e sua função, os
equipamentos de elevação dos materiais, a capacidade do poço, o diâmetro e a
profundidade, o tipo de revestimento do poço, os principais dutos e cabos, a quantidade
de fluxo de ar requerido através do poço, com desenhos e especificações
correspondentes aos custos.

Lisboa (2009) menciona em relação aos poços de produção a necessidade da


elaboração de um projeto, o qual, deverá constar basicamente a localização (posição
do poço em relação ao corpo de minério) permitindo a máxima extração de minério
possível.

Em corpos mineralizados verticais ou horizontais, o poço vertical poderá ser


desenvolvido fora do corpo, como no centro dele conforme as figuras a seguir.
24

Corpos verticais acessados por poço vertical (mine-net.blogspot.com, 2011).

Corpo horizontal acessado por poço vertical (mine-net.blogspot.com, 2011).

Para corpos inclinados o poço deve ser vertical (na capa, na lapa ou na
transição) de acordo com a figura a seguir.

Corpos inclinados acessados por poço vertical localizado em três posições diferentes
(mine-net.blogspot.com, 2011).
25
Os poços podem ser verticais (shaft) ou em planos inclinados (slope). A escolha
do tipo de poço vai de encontro com as vantagens e desvantagens listadas na tabela a
seguir.

Vantagens e desvantagens dos poços verticais e inclinados (Reis, 2008).


Tipo de poço Vantagens Desvantagens
Vertical (shaft) Baixo custo de transporte Requer instalações na superfície
Eficiente devido ao baixo atrito (silo, casa de máquinas,
Transporte de materiais e pessoas sistemas de içamento, etc)
Diferentes geometrias: circular ou retangular
Inclinado (slope) Pode ser utilizado com correias Utilização muito específica pelo
transportadoras ou skips fato da inclinação ser superior à
maioria dos acessos

Poços em relação à seção transversal

Os poços, segundo Matunhire (2007), são classificados conforme sua seção


transversal em: retangular, circular ou elíptico.

a) Poço Retangular

A maioria dos poços retangulares foi construída por volta de 1900 devido ao
formato das peças de equipamentos que eram transportados para o subsolo, ou seja,
gaiolas, transportadores de minério (esquipes) e contrapesos, todos na forma quadrada
ou retangular. Possui maior capacidade de extração, largamente empregado em minas
metálicas nos anos 80, século XX, segundo (MAIA,1980, citado por SILVA, 2013). São
classificados em dois tipos: seção retangular com dois compartimentos e seção
retangular com três compartimentos. Minas que utilizam esse tipo de poço: Chapada
(GO), empresa Yamana Gold, minério: ouro.

Características da seção retangular de dois compartimentos:

 Estrutura de madeira;
 Atinge profundidade de até cerca de 400 m;
 Apropriado para a fase de exploração ou de pequena produção; e
 Mais baixo custo.

Características do poço de seção retangular com três compartimentos:

 Usado para exploração, podendo atingir grandes profundidades e maiores


produções.
26
b) Poço Circular

Quase todas as minas de rocha dura têm poço circular por causa da seção
transversal que fornece uma boa geometria para o fluxo de ar e por possuírem rochas
em boas condições. O colar circular é mais fácil para mover quando se faz o
revestimento simultâneo resultando na execução mais rápida do trabalho durante as
operações de aprofundamento. Este é um aspecto importante quanto se trata de fluxo
de caixa do projeto. Os tipos mais comuns são: revestido de concreto, em anéis
segmentados de concreto, concreto reforçado com fibras de aço, associação de aço e
concreto ou argamassa e ainda tubos de concreto com enchimento.

Características do poço revestido de concreto (concrete lined):

 Alto custo
 Revestimento de concreto (monolítico);
 Usados geralmente para produção (não para exploração);
 São obras permanentes; e
 A locação e o diâmetro devem ser previamente determinados (isto nem sempre é
possível no início do empreendimento).

Características do poço com anéis segmentado de concreto (concrete lined rings):

 Construído com anéis horizontais de concretos separados de certa distância;


 Entre os anéis usam-se ancoragens (rock bolts) e telas;
 Mais barato que o uso de concreto monolítico, mas com aprofundamento mais
lento; e
 Se for usado como via de ventilação de alta velocidade a alta resistência será
problema.

Características do Poço circular sem revestimento (bald):

 Escorado com parafusos de ancoragem e telas;


 Mais barato (e menos seguro) que os poços de concreto; e
 Apropriado para etapas de exploração, pequenas produção e/ou ventilação.
27
c) Poços elípticos

Foram projetados como uma alternativa para poços circulares grandes por
simplesmente adicionar meias luas ao longo do eixo principal. Esse efeito reduz a
escavação circular e, portanto, o custo de aprofundamento do poço.

Determinação do tamanho do poço

O primeiro passo para determinar o tamanho do poço é estimar a área total da


reserva a ser ocupada pelo poço. O tamanho da reserva irá determinar a taxa de
produção e por essa a quantidade de minério e estéril que será transportada, bem como
o número de pessoas e o material que serão transportados pelo poço. A taxa de
produção é então usada para determinar o tamanho do esquipe (transportador de
minério) e da gaiola e por eles calcular a área total requerida para acomodar essas
unidades. A forma e o tamanho dos equipamentos também serão determinantes nas
dimensões finais do poço.
A determinação da taxa de produção pode ser resumida nos passos a seguir:

 Identificação dos possíveis arranjos geométricos de mina;


 Definição do tamanho do painel;
 Definição de vazões de ar constantes de entrada/saída requeridas por nível;
 Determinação da dimensão do acesso mínimo para atender os equipamentos e a
ventilação;
 Simular o nível de produção máximo deste o começo do bloco de minério até a
extremidade do corpo;
 Determinar o número máximo de níveis em que a operação será simultânea;
 Estimar o tamanho do poço para atender a soma de requisitos para estabelecer
o número máximo de níveis trabalhados;
 Fazer uma análise econômica (utilizando o VPL- Valor Presente Líquido e TIR-
Taxa Interna de Retorno); e
 Decidir sobre o arranjo (layout) ideal da mina e as configurações do poço.
28
Escolha correta do poço

O tamanho ou as dimensões de cada poço serão diferenciados de acordo com


os problemas de cada unidade.

Matunhire (2007) comparou os três principais de acessos: poço vertical, rampa e


poço inclinado. Existem muitos fatores que influenciam na localização, e, portanto, no
tipo de poço que será escavado. Depósitos tabulares estreitos e planos não podem ser
acessados por poço vertical. O minério pode ser mais bem extraído economicamente
usando rampa ou poço inclinado. O lado escolhido do poço deve ser o melhor e mais
rentável na utilização em plena produção (MATUNHIRE, 2007).

O acesso via poço utiliza esquipes (skips - transportadores de minério) e sistema


de içamento para transportar trabalhadores e materiais através de uma passagem
vertical localizada próxima ao corpo de minério. Geralmente esse sistema é mais bem
representado em profundidades maiores que irão requerer altas taxas de produção. As
principais regras de ouro, quadro resumo das principais características entre as vias de
acessos e tabela com a profundidade dos poços verticais de vários países, inclusive o
Brasil, estão mostrados, respectivamente, nas tabelas 1, 2 e 3.
Os poços são muito utilizados para depósitos profundos e para largas escalas de
produção. Sua construção é especializada e de custo elevado. Portanto, visando reduzir
custos, têm sido desenvolvidos equipamentos altamente especializados para abertura
de shaft.

A ventilação é fundamental durante o rebaixamento de um shaft se os


trabalhadores estiverem em contato com a frente de serviço.

Vantagens gerais do acesso por poço

 Acesso rápido a corpo de minério profundo;


 Eficiente para profundidades que ultrapassem os 500 metros (MATUNHIRE,
2007); e
 Custo por metro mais vantajoso à medida que a profundidade cresce e menor
custo operacional em relação aos caminhões de transporte em minas de grande
profundidade e produção (BRAZIL et al., 2005).
29
Desvantagens gerais do acesso por poço:

 Requer mão de obra altamente qualificada;


 Custo de mão de obra elevado;
 Alto custo inicial de implantação;
 Alto custo de manutenção;
 Demora na recuperação do investimento;
 Capacidade limite de içamento do esquipe;
 Requer fonte de alimentação de energia elétrica constante; e
 Tempo elevado de desenvolvimento.

A grande desvantagem do poço vertical é o tempo necessário em seu


desenvolvimento. Um poço de 1.000 m normalmente levaria quatro anos para entrar em
produção e sem retorno de capital durante este período (MCCARTHY, 1993).
Dependendo da profundidade da mina, o aprofundamento do poço pode
consumir em torno de 60% do desenvolvimento de uma mina (UNRUG, 1992).

Sistema de elevação em poços

O guincho e seus equipamentos para uma mina subterrânea representam de 5


a 10% do total do custo de desenvolvimento. Por isso ele não é normalmente
construído em duplicidade.

A instalação de guincho consiste de todos aqueles componentes da mina


que são necessárias para subir e/ou descer minério, estéril, pessoal ou
material. Seguem os componentes dos guinchos:

a) Instalação de superfície

 Casa de máquinas: tambores, equipamentos elétricos e mecânicos, e cabos de


aço

b) Torre

 Polias
 Silos de estocagem
 Silos de basculamento
30
c) Implantação do shaft

 Skips (minério e estéril)


 Gaiolas, elevadores (pessoal e material)
 Guias ou trilhos
 Instalações subterrâneas
 Silo de estocagem
 Britador, se necessário
 Silo de carga
 Áreas para pessoal e manuseio de materiais

Três fatores são fundamentais na escolha do guincho:

 Escala de produção ou tonelagem para ser elevada na unidade de tempo


 Profundidade do shaft
 Número de níveis a serem atendidos

Há dois tipos de guinchos: de tambor e de fricção. O guincho de tambor


armazena o cabo no tambor. O guincho de fricção passa o cabo sobre uma polia e
não o armazena. Esses sistemas operam com até 80 toneladas de carga, até 2km
de altura e até 2500t/h de produtividade.

Aplicação de métodos de içamento (Reis, 2008).

2.2.2.3. Chaminé (raise)

São dirigidas verticalmente ou quase, e no sentido ascendente empregando


operações cíclicas ou contínuas. Nas operações cíclicas, a perfuração, o desmonte
31
e o carregamento do material são alternados. Já na operação contínua, utilizam-se o
raise borer.

Operação contínua com raise borer (raisebore.com.au, 2019).

Operação contínua utilizando raise borer (Reis, 2008).

2.2.2.4. Construção de galeria, travessa, ádito ou túnel

O desenvolvimento e a explotação numa direção horizontal são menos


complicados numa mina. A maioria das operações é cíclica ou repetitiva, utilizando
equipamentos móveis para perfuração, desmonte com explosivos, saneamento da
atmosfera, contenção de teto e marcação topográfica para o próximo avanço. Já a
operação contínua, é aplicada quando a rocha possui uma característica friável,
podendo ser desmontada sem o uso de explosivos. Geralmente são utilizados
mineradores contínuos.
32
3. OPERAÇÕES UNITÁRIAS DA LAVRA DE MINA SUBTERRÂNEA

3.1. Regimes de lavra

Na lavra de mina subterrânea, os regimes de lavra podem ser:

 Cíclicos: as operações unitárias ocorrem em etapas (ciclos)


 Contínuos: as operações ocorrem de forma ininterrupta

Geralmente quando a rocha apresenta elevada resistência mecânica, ocorre o


regime cíclico, pelo fato de requerer o desmonte da rocha com explosivos.

Regime cíclico na lavra de mina subterrânea.

Regime contínuo na lavra de mina subterrânea.


33
A tabela, a seguir, lista as principais operações unitárias empregadas em cada regime
de lavra.
Principais operações unitárias empregadas em cada regime de lavra
Regime de lavra Operações Unitárias Principais Operações Unitárias Auxiliares
Perfuração Ventilação
Desmonte Contenção de teto
Cíclico Carregamento Iluminação
Transporte Bombeamento de água
Carregamento Geologia de campo
Contínuo Transporte Topografia

3.2. Operações unitárias

No presente tópico serão apresentadas as seguintes operações unitárias:

 Perfuração
 Desmonte
 Carregamento
 Transporte
 Ventilação

3.2.1. Perfuração

É a operação unitária realizada após o levantamento topográfico, que geralmente é


realizada com as seguintes finalidades:

 Perfuração para posterior carregamento com explosivos


 Amostragem: sondagem e pó de perfuratriz
 Sustentação de maciço rochoso (contenção)

Entre os diferentes tipos de perfuratrizes empregadas no regime cíclico, pode-se citar:

Perfuratrizes manuais: coluna de avanço, utilizadas para furos de até 3m de


comprimento.

• Perfuração frontal (Jack leg)


• Perfuração ascendente (Stoper)
• Perfuração descendente (Jack hammer ou sinker)
34

Perfuratriz jack leg.

Perfuratriz stoper. Perfuratriz sinker

Jumbos de perfuração: perfuratrizes rotativas, montadas em chassis auto propelido,


acionamento pneumático, braços hidráulicos, e utilizadas para furos de até 40m.

• Furação Frontal (drifting jumbo)


• Furação vertical e radial (fan drill, ring drill)

Jumbo de perfuração.
35
Perfuratrizes DTH (Down-the-role): os diâmetros variam de 75 mm (3 polegadas) a 225
mm (9 polegadas), e a vazão de fluido de limpeza é de 4 a 8 l/min para evitar a
aglomeração de detritos.

Perfuratriz DTH.

Já no regime contínuo, os principais tipos de perfuratrizes são:

• Tipo escudo frontal ou máquina para túneis (boring type, tunneling machine)
• Tipo parafuso ou helicoidal (auger type)
• Tipo corrente (ripping type)
• Tipo tambor (transversal – drum type, axial – roadheader)
• Cortadeiras (longwall: fresa – shear, arado – plow)
• Máquina para raises (raise borer)
• Máquina para poços (shaftborer)

Raise borer e shaft borer. Tunneling machine.


36

Cortadeira (shear)

Minerador contínuo.

3.2.2. Desmonte de rochas

O desmonte por explosivos em desenvolvimento subterrâneo é mais difícil,


lento, ineficiente e caro, apresentando maior consumo específico de explosivo, se
comparado com o mesmo tipo de desmonte em bancadas a céu aberto ou em
alargamentos subterrâneos, devido ao fato de que na abertura de desenvolvimento
subterrâneo, dispõe-se de uma única face livre. Por isso, os primeiros furos na única
face livre são feitos para gerar faces livres adicionais. Furos sucessivos detonados
com retardos apropriados aumentam a eficiência.

Os principais fatores que interferem no projeto de um desmonte de rochas


subterrâneo por explosivos, são:

 Tipo de explosivo
 Propriedades e uniformidade da rocha
37
 Diâmetro, profundidade e quantidade de furos
 Total de carga por furo
 Sequência de detonação
 Tamanho e forma da seção.

A forma e o esquema de ataque dependem de um ou mais dos seguintes fatores:

 Equipamentos de perfuração, carregamento e transporte a serem utilizados


 Tempo disponível dentro do cronograma geral
 Área da frente
 Tipo de rocha

Tipos de ataque

As formas básicas mais conhecidas de ataque a uma frente de uma abertura


subterrânea, são:

a) Ataque em galeria e bancada, onde o desmonte da fatia superior é defasado do


da inferior.

Ataque em galeria e bancada (Reis, 2008)

b) Ataque por galeria piloto

Ataque por galeria piloto (Reis, 2008).


38
c) Ataque em plena seção.

Neste sistema, a seção completa e definitiva é atacada de uma só vez. Em


túneis maiores, de até 160 m2, o jumbo oferece boas aplicações e boa rentabilidade.
Em geral, este método fica limitado a 8 m de altura de seção.

Vantagens do ataque em plena seção:

 Menor tempo perdido


 Maior produtividade
 Permite alta mecanização.
 Menor custo por t desmontada

Desvantagens do ataque em plena seção:

 Um fogo falhado atrapalha todo o ciclo de operações


 A segurança é menor que nos tipos anteriores

Classificação dos furos de um plano de fogo

O furo inicial na face livre única, feito para se obter mais faces livres, é chamada de
pilão. Os furos de um plano de fogo podem ser classificados em:

 Furos de pilão que são os destinados a gerar o pilão


 Furos auxiliares que são os que se seguem aos de pilão, aumentando a área de
faces livres
Furos de alivio que retiram a maior parte da seção.
 Furos de contorno, que podem ser de abóbada, laterais ou de rebaixe, dão o
acabamento. Quanto à localização, os pilões podem ser próximos ao contorno,
centrado no terço inferior e centrado no terço superior.

Classificação dos pilões

Os pilões podem ser de furos paralelos e de furos desviados. Os pilões de


furos paralelos são chamados de pilões estraçalhantes. Seis esquemas de pilões
paralelos podem ser vistos nas figuras a seguir, onde os furos representados por
circunferências não levam explosivos:
39

Furos de pilão (Reis, 2008).

Os furos auxiliares, de alívio e de contorno completam o desmonte. Eles são


detonados em sequência, normalmente com uso de retardos. Os números nas figuras
a seguir representam a sequência de ignição. À esquerda temos um pilão
estraçalhante com os furos auxiliares e de alivio. À direita temos um pilão de furos
desviados, os furos auxiliares, de alivio e de contorno.

Furos auxiliares (Reis, 2008).

Plano de fogo

As técnicas de desmonte subterrâneo por explosivos têm-se desenvolvido


muito nos últimos anos. O carregamento mecanizado de explosivos a granel tem
predominado nas grandes obras. Os cálculos de plano de fogo para desmonte com
uma só face livre são mais empíricos que para desmonte em bancadas.
40

A base teórica para a abertura de desenvolvimento subterrânea ou para


túneis é a metodologia de desmonte em bancadas, com as devidas adaptações por
meio de fatores.

Quando um túnel está sendo aberto, a única face livre é a frontal, e quanto
menor a sua área, maior será o consumo específico de explosivo.

Os furos são carregados com a carga de fundo distribuída em 1/3 do


comprimento do furo. O afastamento será menor ou igual a (Comprimento do furo
em metros - 0,40) / 2.

O espaçamento entre furos é de 1,1 x afastamento. As razões de carregamento ou


cargas específicas necessárias na carga de fundo são mostradas na tabela a seguir.

Relação diâmetro do furo x razão de carga (Reis, 2008).

Diâmetro do furo (mm) Razão de carga (kg/m)

30 1,1

40 1,3

50 1,5

A concentração da carga de coluna é de 50% da carga de fundo, em kg/m. O


espaçamento e o afastamento de furos pode ser obtido a partir da tabela:

Parâmetros do plano de fogo (Reis, 2008).


Diâmetro do Área/furo Afastamento Espaçamento
furo (mm) (m²) (m) (m)
32 0,91 0.90 1,00
35 1,00 0.95 1,05
38 1,15 1,00 1,15
45 1,44 1,15 1,25
48 1,57 1,20 1,30
51 1,71 1,25 1,35

Na tabela acima, os valores de 1,30 e 1,35 de espaçamento são válidos


apenas para aberturas de desenvolvimento de grandes áreas transversais. No caso
de pequenas áreas, ou seja, pequenas seções transversais, o espaçamento é
reduzido, adaptando-o às condições geométricas. Há uma relação mais completa
dos parâmetros do plano de fogo, que são mostrados na tabela a seguir.
41
Parâmetros do plano de fogo (Reis, 2008).
Diâmetro Profundidade Afastamento Espaçamento Carga de fundo Carga de coluna Tampão
(mm) (m) (m) (m) Kg Kg/m Kg Kg/m (m)
33 1,6 0,6 0,7 0,6 1,1 0,3 0,4 0,3
32 2,4 0,9 1 0,8 1 0,55 0,5 0,45
31 3,2 0,9 0,95 1 0,95 0,85 0,5 0,45
38 2,4 1 1,1 1,15 1,44 0,8 0,7 0,5
37 3,2 1 1,1 1,5 1,36 1,15 0,7 0,5
45 3,2 1,15 1,25 2,25 2,03 1,5 1 0,55
48 3,2 1,2 1,3 2,5 2,3 1,7 1,15 0,6
48 4 1,2 1,3 3 2,3 2,45 1,15 0,6
51 3,2 1,25 1,35 2,5 2,6 1,95 1,3 0,6
51 4 1,25 1,35 3,4 2,6 2,7 1,3 0,6

Observa-se na tabela acima que para furos mais profundos, temos maior carga
de fundo para compensar eventuais desvios de furo. O uso de furos de grande
diâmetro reduz o custo de perfuração e de detonação, porém produz fragmentos
maiores, o que poderá ser inadequado ao manuseio.

Parâmetros do plano de fogo (reis, 2008).

Diâmetro de furo Distância de centro


Diâmetro do furo Razão de carga
grande sem carga Afastamento (cm) a centro dos furos
com carga (mm) (kg/m)
(mm) carregados (cm)
57 32 0,25 40 85
76 32 0,25 53 107
76 45 0,45 53 113
2 x 57 32 0,25 80 125
2 x 57 45 0,45 80 131
2 x 76 32 0,25 106 160
2 x 76 45 0,45 106 167
100 45 0,45 70 143
100 51 0,55 70 146
125 51 0,55 88 146

3.2.3. Carregamento e transporte

A tabela seguinte apresenta os principais equipamentos de carregamento e


transporte empregados na lavra de mina subterrânea.
42
Principais equipamentos de carregamento e transporte na lavra de mina subterrânea (Reis, 2008).
Operação Regime Equipamento
Carregadeira
Cíclico LHD (load-haul-dump)
Scraper a cabo
Carregamento Cortadeira (shear)
Contínuo Mineradores contínuos
Tunneling machine
Caminhão
Ferrovia
Cíclico Scraper a cabo
Transporte LHD
Elevador (skip)
Contínuo Transportador de correia
Shuttle car

LHD (load-haul-dump)

Scraper a cabo Caminhão

Shuttle car
43
Ciclos e sistemas

A figura, a seguir, mostra os tempos de ciclos de equipamentos de carregamento e


transporte, empregados na lavra de mina subterrânea.

Tempos de ciclo de carregamento e transporte.

Para medir a eficiência dos equipamentos, é usual fazer o monitoramento de


indicadores de performance, como disponibilidade, utilização, produtividade e, de uma
forma geral, a eficiência global.

Indicadores de performance dos equipamentos de mina subterrânea.


44

Eficiência Global (%) = Disponibilidade (%) x Utilização (%) x Produtividade (%)

Exemplo:

Um técnico de mineração planeja calcular a eficiência global (OEE) e capacidade de


produção mensal de um caminhão. Considerando os dados a seguir, calcule o OEE e a
capacidade de produção mensal do caminhão, em toneladas.

Horas calendário = 744 horas/mês


Horas de parada para manutenção corretiva = 15 horas/mês
Horas de parada para manutenção preventiva = 18 horas/mês
Horas de parada operacional = 12 horas/mês
Ociosidades = 30 horas/mês
Produtividade nominal = 40 toneladas por hora (t/h)
Produtividade = 90%
45
3.2.4. Ventilação de mina subterrânea

É uma operação auxiliar que assegura a qualidade do ar dentro da mina


subterrânea e tem como principais objetivos:

• Fornecer oxigênio necessário para a respiração humana.


• Diluir os gases contaminantes
• Carrear os particulados suspensos
• Controlar a temperatura
• Controlar a umidade

A composição do ar seco é constituída por 78% de nitrogênio, 21% de oxigênio,


0,9% de argônio e 0,93% de outros gases inertes. É importante frisar que o percentual
de oxigênio influencia diretamente no comportamento humano e, consequentemente,
na integridade física do trabalhador de subsolo.

• 17% O2: respiração profunda e rápida


• 15% O2: tontura, taquicardia e zumbido nos ouvidos
• 13% O2: inconsciência e desmaio
• 9% O2: perigo de vida
• 6% O2: morte

Contaminantes gasosos:

Os contaminantes gasosos presentes no ambiente subsolo podem surgir de várias


fontes, entre elas:

a) Maciço rochoso
b) Decomposição de matéria orgânica
c) Atividades de lavra: motores a combustão, explosivos
d) Radioatividade

Entre os tipos de contaminantes gasosos, podem ser citados:

• Monóxido de carbono (CO): incolor, inodoro e de fácil difusão. Gerado pela


combustão interna de motores e detonação de explosivos. É tóxico e o limite de
tolerância é de 0,01%.
46
• Dióxido de carbono (CO2): é asfixiante para concentrações acima de 4% e é
gerado pela combustão interna de motores, explosivos e respiração humana.

• Metano (CH4): emana do maciço rochosos e de explosivos. É asfixiante e o limite


de tolerância é de 1,5%.

• Amônio (NH4+): emana do maciço rochoso carbonífero e de explosivos. Causa


queimaduras e o limite de tolerância é de 25 ppm.

• Dióxido de enxofre (SO2): incolor, ácido e de odor irritante. Proveniente de


sulfetos, carvão e combustão interna em motores. Em menores concentrações,
irrita olhos, garganta e nariz. Já em maiores concentrações, pode causar a
morte. O limite de tolerância é de 4 ppm.

• Hidrogênio (H2): gerado por baterias e ação de ácidos em metais. É altamente


explosivo e a ignição ocorre com 5% de O2. O limite de tolerância é de 8 ppm.

• Óxido de nitrogênio (N2): é um gás tóxico, irritante e asfixiante. É gerado pela


combustão interna de motores e explosivos. O limite de tolerância é de 4 ppm.

Existem diversos sistemas de detecção de gases, como: tubos calorimétricos,


detector com sensor eletrônico, sensores eletroquímicos, etc.

Contaminantes particulados:

Os particulados (poeiras) também podem gerar doenças ocupacionais nos


trabalhadores de subsolo caso não sejam tomadas medidas mitigadoras. Entre os
diversos tipos de particulados, tem-se:

 Fibrogênica: sílica (quartzo), silicatos (asbestos, talco, mica), berílio, estanho,


ferro, carvão (antracito e betuminosos).
 Carcinogênica: randônio, asbestos e arsênio.
 Tóxicas: arsênio, chumbo, rádio, tório, cromo, vanádio, mercúrio, cádmio,
selênio, manganês, etc.
 Radioativas: urânio, rádio, tório, etc.
 Explosivas: magnésio, alumínio, zinco, estanho, etc.
 Irritante: gipso, caulim, calcário.
47
Os tipos de doenças ocupacionais, causadas por particulados, são:

 Silicose: inalação de partículas finas (< 5 micrômetros) de sílica cristalina.


 Asbestose: inalação de pó de asbesto (crisotila, amianto, antofilita, etc).
 Pneumoconiose: exposição ao carvão e à rocha fosfática
 Siderose: inalação de óxido de ferro
 Baritose: inalação de bário
 Estanose: inalação de partículas de estanho
 Silicotuberculose: tuberculose do pulmão silicótico

Entre as diversas medidas mitigadoras, pode-se citar:

 Supressão ou absorção
 Remoção e/ou eliminação
 Contenção ou isolamento
 Diluição ou redução
 Afiação de bits
 Aspersão de H2O
 Ventilação

Conceitos de ventilação:

 Ventilação ascendente: direciona o ar fresco até o último nível da mina pela


corrente ascendente.

 Ventilação descendente: direciona o ar viciado para o último nível da mina de


onde é dirigido para a superfície.

 Ventilação natural: ocorre devido à diferença de pressão barométrica entre dois


acessos à superfície. Depende das condições climáticas e é de difícil controle.

 Ventilação forçada ou mecânica: utiliza equipamentos para criar a diferença de


pressão. Podem ser:
o Sistema insuflante ou soprante
o Sistema aspirante ou exaustor
o Sistema misto ou reforçador
48

Sistemas de ventilação forçada.

Tipos de ventiladores:

 Ventilador axial: o ar é paralelo à direção do eixo, suporta grandes vazões e


baixas pressões, elevado ruído e eficiência de 70 a 80%.

 Ventilador centrífugo: o ar é perpendicular à direção do eixo, suporta grandes


vazões e altas pressões, baixo ruído e eficiência de 90%.

Ventilador axial. Ventilador centrífugo.

Cálculo da vazão de ar fresco:

De acordo com a NR-22, existem critérios a serem considerados no cálculo da


vazão de ar fresco.
49
 Cálculo da vazão de ar fresco em função de equipamentos a óleo diesel:

𝑸 = 𝟑, 𝟓 (𝑷𝟏 + 𝟎, 𝟕𝟓 𝑷𝟐 + 𝟎, 𝟓 𝑷𝒏 )

Q = vazão total de ar fresco (m³/min)


P1 = potência do equipamento de maior potência (CV)
P2 = potência do segundo equipamento de maior potência (CV)
Pn = somatório da potência dos demais equipamentos (CV)
Obs: sem o uso de equipamentos a óleo diesel, a vazão é de 15 m³/min/m² da frente de
desenvolvimento/explotação. A velocidade do ar, onde há circulação de pessoas, deve
estar entre 0,2 e 8 m/s.

 Cálculo da vazão de ar fresco em função do consumo de explosivos:

𝟎, 𝟓 𝑨
𝑸=
𝒕
Q = vazão total de ar fresco (m³/min)
A = quantidade de explosivos (kg)
t = tempo de aeração da frente (min)
 Cálculo da vazão de ar fresco em função do fluxo de contaminantes:

𝑸𝒈 (𝟏 − 𝑻𝑳𝑽)
𝑸=
𝑻𝑳𝑽 − 𝑩𝒈

Q = vazão total e ar fresco (m³/min)


Qg = vazão de contaminantes (m³/min)
TLV = valor do limite de tolerância (%)
Bg = concentração do contaminante no ar fresco (%)

Exemplos:

1) Em uma mina subterrânea são utilizados os seguintes equipamentos:

1 LHD de 500 CV
2 carregadeiras de 400 CV
20 caminhões de 300 CV

Calcule a vazão de ar fresco requerida.


50
2) Em uma mina subterrânea de minério de cobre, são utilizados 500 kg de explosivos
em cada desmonte. Considerando que o tempo de aeração da frente é de 1 hora,
calcule a vazão de ar fresco requerida nesta mina.

3) Em uma mina de ouro foi verificado, durante uma inspeção, uma grande quantidade
particulados de sílica no ar fresco. Considerando que a vazão de contaminantes é
de 0,8 m³/min, a concentração do contaminante no ar fresco é de 5%, sendo que o
limite de tolerância é de 8%, calcule a vazão de ar fresco requerida.
51
4. MÉTODOS COM AUTO SUSTENTAÇÃO (UNSUPPORTED)

A classe dos métodos com auto sustentação, que é estudada neste capítulo,
consiste nos métodos de lavra subterrânea que não requerem sistemas significativos
de escoramentos artificiais, por se basear na resistência das paredes e pilares
deixados in situ. Por isso, estes métodos são também chamados de “métodos com
sustentação do teto por maciços da própria rocha”.

Teoricamente, este método sem escoramentos artificiais pode ser usado em


qualquer tipo de depósito, dependendo da relação entre o vão livre da abertura e a
espessura dos pilares. Na prática, os métodos com auto sustentação não são
universalmente aplicáveis e sim limitados a depósitos com características favoráveis.
Essa classe de métodos responde por mais de 80% da produção das minas
subterrâneas.

Quando a rocha sobrejacente é suficientemente fraca e a subsidência é


tolerável, então o suporte é dispensado e substituído pelo método de abatimento do
teto. Os métodos que usam escoramento artificial estão perdendo campo de
aplicação, enquanto os de abatimento estão crescendo em número de aplicações.

Outros fatores influem na seleção do método e sua análise é feita ao longo


deste curso. Embora a seleção continue sendo uma arte usando critérios empíricos, a
avaliação de todos os fatores determinantes deve ser feita com o máximo de precisão
e recursos tecnológicos disponíveis.

Os seguintes são adotados como métodos com auto sustentação:

 Câmaras e pilares (room and pillar mining);


 Realces ou alargamentos abertos (open stope);
 Recalque (shrinkage stoping); e
 Realces ou alargamentos em subníveis (sublevel stoping).
52
4.1. Método de Câmaras e Pilares (Rooms and Pillars)

4.1.1. Princípio do método

Segundo este método, as aberturas são dirigidas ortogonalmente e a intervalos


regulares no depósito mineral, formando pilares retangulares ou quadrados para
sustentação natural. Se o depósito e o método são muito uniformes, a aparência da
mina em planta é parecida com a planta de interseções de ruas de uma cidade.

Seguem os principais fatores de aplicabilidade deste método (Curi, 2017 e Silva, 2013):

 Resistência do minério: moderada a baixa


 Resistência da rocha encaixante: moderada a alta
 Morfologia do depósito mineral: preferencialmente tabular
 Inclinação do depósito mineral: horizontal ou quase horizontal, com ângulos de
mergulho até 15º
 Tamanho e espessura: grande extensão e espessura até 5 metros
 Profundidade da lavra: até 450 metros para carvão e até 600 metros para outros
minérios
 Teor: moderado a baixo
 Tipos de minérios: carvão, manganês, chumbo, zinco, esmeralda, ouro, etc.

Mina de Santa Marta, em Americano do Brasil – GO (Do autor, 2010).

Segundo Curi (2017), a relação entre as áreas dos pilares e das câmaras pode
ser elevada e depende da resistência geomecânica do maciço e da profundidade da
frente de lavra. À medida que a lavra ocorre em maiores profundidades, há um aumento
nos esforços de tensão sobre os pilares, além do possível aparecimento de novas
fraturas decorrentes dos esforços provocados pelo carregamento e sua interação com a
abertura de vazios.
53

Pilar fraturado na mina de Taquari Vassouras.

4.1.2. Desenvolvimento

Segundo Curi (2017), primeiramente é feito a abertura dos acessos principais à


mina subterrânea e, a mesma é simultaneamente dividida em painéis. Os acessos
principais são ligados aos painéis através de vias de transporte e diversas aberturas
são desenvolvidas nos painéis.

Os acessos e as câmaras são abertos paralelamente e conectados por


travessas, formando os pilares. O desenvolvimento de várias aberturas ao mesmo
tempo aumenta a produção e eficiência por prover diversas frentes de trabalho bem
como facilitar a ventilação e o transporte.

Desenvolvimento de aberturas durante a lavra por câmaras e pilares (Curi, 2017).

4.1.3. Lavra

A lavra por câmaras e pilares geralmente ocorre no regime cíclico, utilizando


equipamentos móveis para obter os ciclos de operação necessários para a produção
(perfuração, desmonte, saneamento do ar, carregamento, abatimento de choco,
54
contenção do teto e atualização topográfica), e por este método há necessidade de,
no mínimo, cinco frentes de trabalho para que se tenha ciclos normais e na faixa de
oito a doze frentes para se ter alta eficiência.

Lavra com o método de câmaras e pilares (Hamrin, 1986).

Na lavra contínua, as operações unitárias isoladas são eliminadas ou


substituídas por uma única máquina de lavra contínua de alta performance. Há uma
tendência de aumento de uso da lavra contínua em detrimento da lavra
convencional, porém depende fortemente da resistência da rocha. Por exemplo, no
Complexo de Taquari Vassouras, em Rosário do Catete - SE, o minério de potássio
é lavrado com o uso de mineradores contínuos.

Mina de potássio de Taquari Vassouras.

Além do número de frentes de trabalho, há vários outros parâmetros de


projeto para serem definidos no método de câmaras e pilares, sendo que o mais
importante diz respeito às dimensões das aberturas. A altura da abertura é igual à
espessura da camada, a menos que esta camada seja muito fina para permitir
operações mecanizadas, e nesse caso alguma rocha encaixante é lavrada
juntamente com o minério, diluindo o teor do minério. A largura da abertura por
razões de produção ou de recuperação deve ser a máxima, porém ela é limitada por
razões de estabilidade do teto e de segurança.
55
A seleção do tamanho do pilar e da relação entre espessura do pilar e largura
da abertura, bem como a natureza e quantidade de suporte necessário são
cuidadosamente analisadas na fase de projeto.

O layout da maioria das minas que trabalham com o método de câmaras e


pilares é similar ainda que sob diferentes condições e com diferentes equipamentos.
Assim que o desenvolvimento principal e o subsequente tenham sido completados,
são feitos painéis de produção de um ou de ambos os lados da entrada da câmara.
As larguras dos painéis vão de 600 a 1200 metros, com as câmaras variando de 90
a 120 metros. Se os pilares não vierem a ser recuperados, os salões devem ter a
máxima largura e os pilares a mínima.

A recuperação é aumentada pela extração dos pilares formados entre as


aberturas adjacentes. Esta prática é chamada lavra secundária ou recuperação de
pilares. Uma extração parcial recupera alguns pilares ou partes deles sem que
ocorram colapsos generalizados do teto. Se houver remoção total dos pilares, então
o desabamento é induzido e ocorre a subsidência da superfície. Neste caso,
deixamos de ter o método de câmaras e pilares e passamos a ter um método por
abatimento do teto.

Entre as condições que devem conjuntamente prevalecer para que haja uma
completa recuperação dos pilares, estão:

 Um teto que requeira pouco suporte


 Uma série de camadas superiores e que desabem homogeneamente
 Capeamento de moderado a profundo
 Larga experiência do pessoal de execução e de supervisão

Para a boa continuidade da lavra utilizando este método, algumas operações


auxiliares são muito importantes, entre elas:

 Segurança do trabalho: controle de gás (por exemplo: drenagem de metano no


carvão), controle de poeira, ventilação e ruído;
 Controle ambiental: inundação, subsidência e contaminação atmosférica;
 Controle subterrâneo: escoramento e abatimento controlado;
 Suprimento e distribuição de energia: subestação, distribuição, iluminação e
grupos geradores;
56
 Controle de água: bombeamento e drenagem;
 Limpeza e deposição de estéril: remoção, transporte e estocagem;
 Suprimento de materiais: estocagem e entregas nas frentes;
 Manutenção: oficinas;
 Comunicação: rádio, telefone;
 Construção: escritórios e vias de transporte; e
 Transporte de pessoal.

4.1.4. Vantagens

 Produtividade: alta, de até 70 t por trabalhador por turno;


 Custo de lavra: moderado;
 Escala de produção: relativamente alta;
 Recuperação: alta, de 70 a 90 % com recuperação de pilares
 Diluição: 0 a 40 %;
 Possibilidade de total mecanização, não sendo de mão de obra intensiva;
 Operações concentradas, embora requeira muitas frentes para equipamentos
cíclicos;
 Adaptável a diversas condições de teto; e
 Ventilação facilitada pelo número de aberturas.

4.1.5. Desvantagens

 Abatimentos e subsidências ocorrem com substancial extração de pilares;


 Layout inflexível e rígido;
 Sem extração de pilares, a recuperação é de 40 a 60 %
 Esforços sobre os suportes aumentam com a profundidade;
 Alto investimento associado com a mecanização;
 Grande volume de desenvolvimento devido a múltiplas aberturas; e
 Riscos de segurança do trabalho, especialmente nas minas de carvão.
57
4.2. Método de Realces ou Alargamentos Abertos (Open Stope)

4.2.1. Princípio do método

Embora similar ao método de câmaras e pilares, o método de alargamentos


abertos é o mais usado para rochas duras, para minérios metálicos e não metálicos,
se tornando um dos métodos mais usados na lavra subterrânea. Neste método ocorre
a sustentação por maciço da própria rocha, no qual as aberturas são dirigidas
horizontalmente deixando pilares distribuídos de maneira regular ou aleatória. No
Brasil, temos este método aplicado na mina de Morro Agudo (Pb e Zn) e da Caraíba
Metais.

Segundo Tatiya (2005) e Hartman e Mutmansky (2002), este método possui as


seguintes características:

 Não aplicável a lavra de carvão mineral, embora este minério seja lavrado
utilizando o método de câmaras e pilares;
 Os pilares não possuem forma e tamanho definidos e podem estar dispostos
aleatoriamente e de preferência em locais de minério de baixo teor; e
 O depósito mineral possui espessura média menor que 6 metros, as aberturas
têm maior dimensão em termos de altura do que de extensão, sendo aplicadas
técnicas de formação de bancadas ou de recuperação de pilares.

Este método de lavra possui algumas variantes. A lavra pode ser frontal (breast
stoping), ascentende (overhanding) ou descendente (underhanding). Segundo Curi
(2017), este método difere do de câmaras e pilares nos seguintes aspectos:

 Apropriado para a lavra de depósitos não-carboníferos;


 A disposição dos pilares abandonados é não sistemática, podendo ser aleatória
em alguns casos;
 Os pilares não requerem as mesmas dimensões; e
 É obrigatória a adoção do sistema de lavra a pleno avanço, ao passo que na
lavra por câmara e pilares o sistema de lavra pode ser por avanço ou recuo ou
pela combinação de ambos.

Seguem os principais fatores de aplicabilidade deste método (Curi, 2017 e Silva, 2013):
58
 Resistência do minério: moderada a alta
 Resistência da rocha encaixante: moderada a alta
 Morfologia do depósito mineral: tabular, em veios, ou lenticular
 Inclinação do depósito mineral: horizontal ou quase horizontal, com ângulos de
mergulho até 30º. Na lavra ascendente e descendente, aceita-se ângulos de 60º;
 Tamanho e espessura: grande extensão e alta espessura até 90 metros;
 Profundidade da lavra: até 900 metros em rochas duras e até 1.450 metros em
rochas muito duras;
 Teor: moderado a baixo
 Tipos de minérios: estanho, ouro, etc.

Lavra por alargamentos abertos (Silva, 2013).

4.2.2. Desenvolvimento

Segundo Curi (2017), a escolha dos acessos principais, restrito a depósitos rasos
ou pouco profundos, assemelha-se ao método de câmaras e pilares. Se o depósito
estiver próximo à superfície, pode ser projeto planos inclinados com correias
transportadoras ou com equipamentos diesel-elétricos. Já para depósitos mais
profundos, pode-se utilizar poços verticais com sistema de içamento convencional, para
a conexão entre os níveis mais profundos e os planos inclinados.

Mediante a geometria e a direção do corpo de minério, aberturas secundárias ou


auxiliares podem ser projetadas para interligar os níveis de produção com o poço
principal.
59
Caso o depósito mineral seja descontínuo e irregular, ocorrendo em níveis de
horizontes muito diferentes, o sistema de transporte ideal passa a ser através de
rampas com caminhões de grande porte adaptados para as dimensões das aberturas.
Na lavra ascendente e descente, os níveis são normalmente no minério e em
intervalos de 30 a 60 metros, de acordo com a geologia e a geometria deste depósito,
visando a facilidade para o trabalho e o suporte. Os níveis são conectados por subidas
em intervalos de 60 a 75 metros, ao longo da direção, deixando pilares ou formando
chutes com esteios de madeira (menor custo de desenvolvimento, mas maior custo de
manutenção).

4.2.3. Lavra

Devido ao uso deste método se concentrar em rochas duras, o uso de lavra


contínua é raro. Assim, na lavra frontal predomina o regime cíclico convencional cujas
operações são:

 Perfuração: diversas classes de perfuratrizes, principalmente jumbos;


 Detonação: não necessita de explosivos de segurança, por não ser em mina de
carvão. Pode haver necessidade de desmonte secundário (explosivos ou
rompedores);
 Carregamento: predominantemente LHD e carregadeira frontal convencional; e
 Transporte: caminhão, ferrovia e correia transportadora.

Métodos de lavra subterrânea de depósitos espessos por alargamentos abertos: (A) lavra frontal
através de perfuração vertical; (B) lavra frontal através de perfuração horizontal; (C) lavra frontal
com desmonte acima do nível de trabalho (Adaptado de Hartman e Mutmansky, 2002 apud Curi,
2017).
60
Na lavra ascendente, a perfuração pode ser feita manualmente, com o uso de jack
leg e stoper sobre a plataforma ou pilha de material, com frente inclinadas de 45 a 60º,
ou com o uso de jumbos. Já o carregamento e o transporte são realizados com o uso
de carregadeiras de descarga traseira, chute e vagoneta, em pontos de carregamento
em intervalos de 4,5 a 12 metros.

Lavra de realces abertos ascendente (Silva, 2013).

Já na lavra descendente, o realce é iniciado da porção superior, a partir da conexão


com subidas, com bancos de aproximadamente 1,8 metros de altura por 1,2 metros de
largura, com ângulo geral de 60º. A perfuração pode ser manual, com o uso de
marteletes, onde a plataforma de trabalho é minério. Os pontos de carregamento
ocorrem a cada 6 a 7,5 metros.

Lavra de realces abertos descendente (Silva, 2013).

As operações auxiliares são as mesmas adotadas para o método de câmaras e pilares.


61
4.2.4. Vantagens

 Recuperação de até 75 % sem recuperação de pilares;


 Baixa diluição, entre 10 e 20 %;
 Até 60 t por trabalhador por turno;
 O custo relativo de lavra é de 30%;
 Permite grandes escalas de produção;
 Alta flexibilidade, aceitando modificações durante a operação e permitindo
operar simultaneamente em vários níveis;
 Aceita mecanização com grandes equipamentos; e
 Não é de mão de obra intensiva;

4.2.5. Desvantagens

 Controle de risco de desabamento pois os esforços nas aberturas e pilares


aumentam muito com a profundidade;
 Grande investimento em mecanização;
 Alguma perda de minério nos pilares; e
 Dificuldade de prover boa ventilação para diluição dos contaminantes devido à
baixa velocidade de ar nas grandes aberturas.

4.3. Método de Recalque (Shrinkage)

4.3.1. Princípio do método

O método consiste em lavrar, de forma ascendente e em fatias horizontais,


corpos com mergulho maior que o ângulo de repouso do minério desmontado, de
forma que parte do minério desmontado escoa por gravidade através de chutes.
Segundo Curi (2017), o método também é chamado de método de armazenamento,
pois é restante do minério desmontado é mantido no realce para sustentação
provisória das paredes e para servir de plataforma para o prosseguimento do
desmonte. Essa retirada de minério, ao mesmo tempo em que se mantém minério
desmontado dentro do alargamento, é possível graças ao empolamento que, em
geral, é de 30 a 40 %.
62

Lavra por recalque (Adaptado de Hartman e Mutmansky, 2002 apud Curi, 2017).

Seguem os principais fatores de aplicabilidade deste método (Curi, 2017 e Silva, 2013):

 Resistência do minério: moderada a alta;


 Resistência da rocha encaixante: moderada a alta;
 Morfologia do depósito mineral: contínuo com limites bem definidos, tabular, em
veios, ou em lentes de grande extensão;
 Inclinação do depósito mineral: inclinados com ângulos de mergulho maior que
45º, mas preferencialmente entre 60 e 90º;
 Tamanho e espessura: razoavelmente extenso (30 a 90 metros) e média a baixa
espessura (1 a 30 metros);
 Profundidade da lavra: rasa a moderada, até 750 metros;
 Teor: alto e uniforme; e
 Tipos de minérios: ouro, cobre, chumbo, fluorita, tungstênio, etc.

4.3.2. Desenvolvimento

Em geral, neste método, as galerias de transporte são abertas paralelamente ao


corpo de minério. Inicialmente a abertura é projetada segundo a largura e a extensão
do corpo mineralizado, a uma altura de cerca de 10 metros do nível de explotação, ou
63
seja, do nível de transporte. A distância vertical entre o corte mais inferior do realce e o
nível de extração, está entre 8 e 12 metros. Para um corpo mineral contínuo, pilares
laterais (rib pillars) devem ser deixados entre duas aberturas de recalque adjacentes.

Segundo Curi (2017), ao preparar um realce pelo método de recalque, dois


aspectos principais precisam ser considerados:

 Construir trajetos através da abertura que possibilitem o fluxo natural do minério


por gravidade, para o fundo do realce; e
 Preparar uma abertura no nível inferior para o desmonte inicial do minério e a
origem da propagação do fluxo subsequente.

Normalmente, são construídas chaminés ou subidas, em forma de V, na parte


inferior dos realces, para favorecer o escoamento do minério desmontado para o nível
de transporte. O correto dimensionamento da abertura é de suma importância, que
depende do tamanho e da forma do corpo de minério. Nos corpos de minério estreitos,
as aberturas são locadas longitudinalmente à direção do veio, enquanto nos corpos
espessos, são locadas transversalmente.

4.3.3. Lavra

A lavra, utilizando o método de recalque, ocorre sobre a plataforma de trabalho


que, obrigatoriamente, deve ser mantida para a descarga do minério no nível inferior do
realce. Como esta plataforma é composta por material desmontado e empolado, a
mesma se torna instável, devido ao assentamento e à própria descarga do minério.
Portanto uma atenção especial deve ser dada às operações sobre as plataformas de
forma a prover uma condição de trabalho segura.

Segundo Curi (2017), quando os realces são muito estreitos, a única alternativa
poderá ser a perfuração manual, porém com queda na produtividade e,
consequentemente, com aumento nos custos. A relação entre o tamanho da perfuratriz
e a espessura do realce é um fator determinante na diluição. Por estas razões,
atualmente o método de recalque não tem sido muito utilizado na lavra subterrânea.

Em resumo, o ciclo de lavra é composto por:

 Perfuração: marteletes manuais a ar comprimido ou por perfuratrizes (tipo stoper


ou hidráulicas, como o jumbo);
64
 Detonação: uso de ANFO, gelatinas ou emulsões. O desmonte secundário
podem ser realizados com o uso de marteletes;
 Carregamento: rastelo, carregadeira frontal, LHD, etc; e
 Transporte: LHD, caminhões ou vagonetes sob trilhos.

No passado, os chutes foram muito utilizados para a retirada do minério, porém


caiu em desuso devido aos altos custos e baixa produtividade. Portanto, definiram um
segundo método que consiste na utilização de um rastelo em conjunto com um sistema
de funis, para descarregar o minério desmontado pelo fundo do realce.

Lavra por recalque usando o transporte gravitacional e chutes (Hamrin, 1986).


65

Lavra por recalque utilizando rastelo e silos (Hamrin, 1986).

4.3.4. Vantagens

 O minério escoa por gravidade para o veículo de transporte;


 Método simples que pode ser usado em pequenas minas;
 Aceita mecanização, embora pequena, demandando baixo investimento inicial;
 Praticamente não demanda escoramento;
 Recuperação de até 85 %;
 Diluição < 10 %.

4.3.5. Desvantagens

 Produtividade de no máximo 14 t por homem por turno;


 Custo de lavra alto de até 50 % de custo relativo;
 Requer mão de obra intensiva e de difícil mecanização;
 Condição de trabalho de alto risco;
 Custo de imobilização de estoque de minério desmontado;
 Não se aplica a minérios sujeitos a oxidação, compactação e combustão
espontânea;
 Pouco seletivo.
66
4.4. Método de Alargamentos ou Realces em Subníveis (Sublevel Stoping)

4.4.1. Princípio do método

Conforme mencionado no capítulo anterior, o método de recalque (shrinkage)


apresenta algumas desvantagens, como a retenção de parte considerável do minério
desmontado para servir de plataforma e, dessa forma, apenas um terço do minério é
liberado dentro de um tempo programado. Por esta razão, o método de recalque tem
sido substituído ao longo dos anos pelo método de realce em subníveis (sublevel
stoping).
Este método se aplica a corpos de minério de alto ângulo de mergulho e
competentes, com rochas encaixantes também competentes. Considerando a
direção vertical, o corpo de minério é dividido em vários níveis e, entre cada par de
níveis, as aberturas são desenvolvidas para dar acesso à lavra. Neste método, os
pilares de rocha agem como meio suportante natural, podendo ser de teto (crown
pillar), de base (sill pillar) e laterais (rib pillars). Então, a partir do acesso principal,
são construídas galerias de acesso e, a partir das mesmas, são realizados furos
para posterior carregamento com explosivos e desmonte para a execução dos
alargamentos em sucessivos subníveis.
O minério desmontado é escoado por gravidade no limite do bloco a ser
desmontado e é retomado na via de transporte. O método de realce em subníveis é
caracterizado pela larga escala de produção por não reter minério como no método
de recalque. A figura a seguir mostra um desenho esquemático da lavra utilizando o
método de realce em subníveis.

Lavra por realce em subníveis (Hamrin, 1986).


67
Seguem os principais fatores de aplicabilidade deste método (Curi, 2017 e Silva, 2013):

 Resistência do minério: alta;


 Resistência da rocha encaixante: alta;
 Morfologia do depósito mineral: tabulares ou lenticulares, com limites bem
definidos entre o minério e a rocha encaixante;
 Inclinação do depósito mineral: inclinados com ângulos de mergulho maior que
60º;
 Tamanho e espessura: grande extensão, com 6 a 30 metros de largura e com
espessura maior que 5 metros
 Profundidade da lavra: rasa (100 metros) a alta (1.000 metros);
 Teor: baixo; e
 Tipos de minérios: cobre ferro, zinco, níquel, ouro, etc.

Lavra por realce em subníveis, em Americano do Brasil-GO (Do autor, 2009).

4.4.2. Desenvolvimento

Para a lavra ser efetuada em dois níveis principais, o acesso ao local da


abertura (onde tem a face livre para o desmonte), deve ser desenvolvido por meio de
galerias e travessas a partir destes níveis principais (CURI, 2017). No nível inferior,
são efetuadas as operações de carregamento e transporte, que são preparadas
simultaneamente com o desenvolvimento das galerias e travessas de acesso ao
realce.
Geralmente utilizam-se poços para interligar os subníveis, e os mesmos são
desenvolvidos na porção mais espessa do corpo de minério. A partir da construção
dos poços e das galerias de acesso aos subníveis, as plataformas de perfuração são
então preparadas respeitando a dimensão dos equipamentos de perfuração e
68
carregamento com explosivos, e podendo ser locadas tanto na lapa quanto na capa,
assim como no centro do corpo de minério. A figura a seguir mostra o
desenvolvimento utilizando o método de lavra por realce em subníveis, utilizando tanto
poços quanto rampas para dar acesso às diferentes cotas.

Desenvolvimento da mina utilizando o método de realce em subníveis (Modificado de


Peppin et al., 2001 apud Curi, 2017).

4.4.3. Lavra

A lavra, utilizando este método, é realizada em regime cíclico, devido à alta


resistência do corpo de minério e da rocha encaixante. Para que as operações de
lavra sejam operacionalmente viáveis, é necessário que as vias de acesso estejam
corretamente dimensionadas para a locomoção dos equipamentos e uma face livre
deve ser criada para se efetuar o desmonte da rocha. As principais operações
unitárias na lavra são:

 Perfuração: marteletes manuais e jumbos no desenvolvimento, e perfuratrizes


de furo longo ou DTH (down the hole) na lavra. A perfuração pode ser
ascendente, descendente ou radial;
 Detonação: com ANFO, gelatinas ou emulsões explosivas;
 Carregamento: utilização de rastelo, carregadeira frontal, LHD, dependendo da
variante do método; e
 Transporte: LHD, caminhões ou vagonetes sobre trilhos.
69

Abertura de furos paralelos e detonação em uma face livre (Hamrin, 1986).

Este método tem evoluído bastante devido às inovações nos equipamentos de


perfuração e na tecnologia empregada no desmonte de rocha. Segundo Curi (2017), a
lavra pode ser classificada em:

 Lavra por subníveis com bancadas: perfuração convencional.


 Lavra por subníveis com furos longos: com o uso de perfuratrizes de longo
alcance; e
 Lavra por subníveis com furos longos (> 40 m) e de grande diâmetro (entre 150
e 200 mm): com o uso de perfuratrizes de grande diâmetro e longo alcance
(Ex.: modelo DTH).

A figura, a seguir, mostra os exemplos de perfurações usadas na lavra por realces em


subníveis.
70

Exemplos de padrões de perfuração usados na lavra por realce em subníveis (Modificado de


Tatiya, 2005 apud Curi, 2017).

Perfuratriz DTH.
4.4.4. Vantagens

 Recuperação de até 75% e diluição de 20%;


 Produtividade de até 36 t por homem por turno;
 Custo de lavra: moderado;
 Escala de produção de moderada a alta;
 Adepto a mecanização e não é de uso intensivo de mão de obra;
 Baixo custo de fragmentação e de manuseio;
 Pequena exposição do homem a condições inseguras;
 Fácil ventilação; e
71
 Diversas operações unitárias podem ser feitas simultaneamente.

4.4.5. Desvantagens

 Desenvolvimento caro, lento e complicado;


 Inflexível e não seletivo;
 Furos longos requerem alinhamento perfeito com desvios não superiores a 2 %;
 Grandes cargas de explosivos podem causar excessiva vibração,
deslocamento de ar e danos estruturais

4.5. Dimensionamento de Pilares

4.5.1. Teoria da área tributária (Coates, 1973)

A tensão média atuante no pilar é devida à coluna de rocha que atua sobre a
área delimitada pelas distâncias médias entre o pilar considerado e os pilares em sua
vizinhança.

Pilares e área tributária (Do autor, 2019).

4.5.2. Tipos de Pilares

 Pilares infinitos: o comprimento é bastante superior a largura (Y > 10 X).


72

Pilares infinitos (Do autor, 2019).

𝐴 (𝐿 + 𝑋) . (𝐿 + 𝑌)
=
𝑎 𝑋 .𝑌

Porém, como L << Y, a equação tende a:

𝐴 𝐿+𝑋
=
𝑎 𝑋

A = área total (pilar + área tributária)


a = área do pilar
L = largura do vão estável
X = largura do pilar
Y = comprimento do pilar (> 10 X)

 Pilar retangular de comprimento “C”

Pilares retangulares de comprimento “C” (Do autor, 2019).

𝐴 (𝐿 + 𝑋) . (𝐿 + 𝐶)
=
𝑎 𝑋 .𝐶
73
 Pilar quadrado

Pilares quadrados (Do autor, 2019).

𝐴 (𝐿 + 𝑋)2
=
𝑎 𝑋2

4.5.3. Dimensionamento de Pilares (largura X)

Para que haja estabilidade, a seguinte condição deve ser estabelecida:

(1) (2) (3)

(1) Força sobre a área tributária


(2) Força sobre o pilar
(3) Força de resistência do pilar

Igualando a equação e isolando os termos, obtém-se:

A = área total em planta (m²)


a = área do pilar em planta (m²)
H = distância entre a parte superior do pilar de suporte e a superfície
h = altura do pilar de minério
Ɣr = peso específico da rocha encaixante (MN/m³)
Ɣp = peso específico do pilar de minério (MN/m³)
σp = resistência à compressão uniaxial do pilar de minério (MPa)
FS = fator de segurança

Substituindo a razão “A/a” em qualquer equação dos pilares, obtém-se o valor de X.


74
4.5.3. Cálculo da recuperação de minério

A recuperação de minério representa o percentual de minério que foi lavrado


dentro da região planejada.

𝑎
𝑅 = (1 − ) . 100
𝐴

R = recuperação de minério (%)


a = área do pilar de minério
A = área total de minério (pilar + área tributária)

Exemplo:

Uma mina subterrânea, na qual o minério de cobre é lavrado utilizando o método de


câmaras e pilares, possui as seguintes condições:

- Profundidade da camada mineralizada: 350 m


- Espessura da camada mineralizada: 20 m
- Vão do teto estável: 5 m
- Peso específico médio do capeamento: 0,040 MN/m³
- Resistência à compressão do pilar de suporte: 65 MPa
- Fator de segurança: 1,2
- Peso específico do pilar de suporte: 0,055 MN/m³

Com base nas condições apresentadas, calcule:

a) A dimensão segura dos pilares quadrados de minério de cobre, em metros.

b) A recuperação de minério de cobre, em %.


75
5. MÉTODOS COM SUSTENTAÇÃO ARTIFICIAL (SUPPORTED)

Estes métodos aplicam-se a depósitos que requerem substancial quantidade de


suporte para manter a estabilidade das aberturas subterrâneas. Os suportes podem
ser necessários tanto para permitir os trabalhos de mineração, quanto para impedir
subsidência, mesmo após a exaustão da reserva e consequente encerramento das
atividades de lavra. Portanto, devido ao custo dos escoramentos, estes métodos só
são aplicados quando os métodos com auto sustentação e os de abatimento
controlado não são aplicáveis.

São muito aplicados a minérios de alto teor, para o equilíbrio dos custos e,
consequentemente, trazer viabilidade econômica ao empreendimento mineiro. A
necessidade de suportes artificiais também impacta na produtividade, por ser inserida
mais uma etapa no regime cíclico da lavra.

Porém, estes métodos possuem uma grande vantagem, que é a alta


recuperação, que pode chegar a 100%. Neste capítulo, serão apresentados os
seguintes métodos:

 Alargamentos esteados;
 Alargamentos com estruturas retangulares (square set method); e
 Corte e aterro ou enchimento (cut and fill).

Antes do estudo dos métodos citados, será feita uma pequena abordagem das
técnicas de sustentação artificial aplicadas nas aberturas subterrâneas.

5.1. Técnicas de sustentação artificial

Conforme visto nos tópicos anteriores, as aberturas subterrâneas provocam a


alteração do estado natural de tensões do maciço rochoso, com a possibilidade de
gerar desabamento ou queda de blocos, de forma a gerar danos ambientais,
problemas operacionais e colocar a vida dos trabalhadores em risco. Visto isso, a
sustentação artificial das aberturas subterrâneas é essencial para garantir a
segurança e a eficiência dos métodos de lavra que serão citados neste capítulo.

Para a escolha do suporte adequado, alguns aspectos devem ser


considerados, entre eles:
76
 Custo: fabricação, manuseio, transporte, instalação, etc;
 Comportamento do maciço: plástico, frágil, trincas, deformações, etc; e
 Método de lavra.

Os suportes podem ser provisórios ou definitivos, contínuos ou descontínuos e


compressíveis ou rígidos.

Tipos de suportes:

 Suportes descontínuos: esteios (madeira, metálicos ou hidráulicos), pilhas,


quadros e arcos, e cambotas metálicas;

 Suportes de revestimentos: tela de arame, tela soldada, straps, concreto


projetado;

 Suportes para tratamento do maciço: injeções (cimento, argila betonítica, etc),


enfilagens, etc; e

 Ancoragens: pode ser mecânica (parafuso split-set, parafuso swellex, parafuso


hydrabolt) ou química (tirantes com cimento, tirantes com resina, cable bolt).

Na tabela a seguir, tem-se uma referência para seleção de suportes artificiais


para minas subterrâneas, de acordo com as características físicas do maciço rochoso.

Critérios de escolha do suporte de sustentação artificial.


Característica do maciço rochoso Suporte
Rocha sã com paredes lisas (baixa tensão in Apenas telas para evitar queda de blocos
situ)
Rocha sã com pouca interseção de juntas Parafusos de ancoragem
(baixa tensão in situ)
Rocha sã com danos causados pela Telas soldadas com parafusos de ancoragem
detonação com interseção de planos de
fraqueza
Rochas em blocos encerrados por juntas, Concreto projeto com 50 mm de espessura, telas
com pequenos blocos pendendo na com parafusos de ancoragem
superfície
Rochas de qualidade muito baixa, com falhas Concreto projetado reforçado com fibras, em
e zonas de cisalhamento conjunto com quadros metálicos
77

Esteios metálicos Cambotas metálicas

Telas fixadas por parafuso split-set Concreto projetado

Parafuso split-set Cable bolt

5.2. Método dos Alargamentos Esteados

5.2.1. Princípio do método

No passado, a madeira foi amplamente utilizada para a sustentação de


alargamentos. Porém, por questões ambientais e socioeconômicas, a madeira tem sido
substituída por materiais metálicos, principalmente. Devido ao elevado custo com
sustentação, este método tem caído em desuso.
78
O método é muito semelhante ao de alargamentos abertos (open stope), porém
a grande diferença se encontra no fato de que no método de alargamentos esteados,
os esteios não são ocasionais e sim essenciais para a viabilidade e operacionalização
da lavra. À medida que os alargamentos são abertos, os esteios (ou escoras) são
assentadas, a alguns metros da frente de desmonte. No decorrer do avanço das frentes
de lavra, novos esteios vão sendo posicionados para dar suporte às aberturas
subterrâneas. Geralmente os esteios possuem seção circular e diâmetro de, no mínimo,
10% do comprimento, para evitar o envergamento.

Seguem os principais fatores de aplicabilidade deste método (Curi, 2017):

 Resistência do minério: média a baixa;


 Resistência da rocha encaixante: baixa;
 Morfologia do depósito mineral: tabulares e estreitos;
 Inclinação do depósito mineral: corpos com baixo ângulo de mergulho;
 Tamanho e espessura: grande extensão, com espessura até 4 metros;
 Profundidade da lavra: até 1.000 metros;
 Teor: alto; e
 Tipos de minérios: carvão, etc.

Esquemas para instalação de estruturas de suporte por esteios em aberturas locadas em


depósitos com mergulho e espessuras variáveis (Adaptado de Tatiya, 2005 apud Curi, 2017).
79
5.2.2. Desenvolvimento

Após o desenvolvimento dos acessos principais, que são semelhantes aos


métodos de alargamentos, as aberturas de subidas, ligando os níveis, são
desenvolvidas. À medida que as aberturas avançam, subidas de minério são
desenvolvidas, para o descarregamento do minério em chutes ou travessas de
carregamento, visando facilitar o manuseio do material.

Porém, a parte mais onerosa e que demanda mais tempo, é a preparação e a


colocação dos esteios, pois os mesmos devem ter sua parte inferior desbastada para
ser apoiada em um patamar firme, enquanto a parte superior deve ser esquadrejada e
apoiada em uma tábua, denominada testeira, e calçada com cunhas de madeira para
dar uma fixação segura.

5.2.3. Lavra

Este método não permite adotar sistemas mecanizados devido as dimensões


das aberturas serem muito reduzidas e pouco espaço para o trânsito de equipamentos.
Isto torna o método pouco produtivo, pois o ciclo operacional requer muita mão de obra.
Seguem as principais etapas da lavra utilizando este método, segundo Curi (2017):

 Perfuração: marteletes manuais a ar comprimido, perfuratrizes especiais tipo


stoper, com diâmetro de furos entre 1,5 e 2,5 polegadas (38 a 63,5 mm,
respectivamente;
 Detonação: ANFO, gelatinas ou emulsões explosivas;
 Carregamento: arraste por rastelo; e
 Transporte: LHD, caminhões ou vagonetes sobre trilhos.

Lavra por alargamentos esteados utilizando vagonetes sobre trilhos.


80
5.3.4. Vantagens

 Baixo custo de desenvolvimento por não requerer equipamentos mecanizados; e


 Baixa diluição (5 a 10%) e alta recuperação (> 90%); e
 Aplicável a corpos de minério com formas, tamanhos e espessuras variáveis.

5.3.5. Desvantagens

 Alto custo com mão-de-obra;


 Baixa produtividade; e
 Alto custo com aquisição e preparação de esteios.

5.4. Método de Alargamentos com Estruturas Retangulares (Square set method)

5.4.1. Princípio do método

Este método de lavra, também chamado de método das esquadrias,


provavelmente é um dos menos utilizados, devido ao alto custo com suportes, porém o
seu estudo é relevante devido a sua importância histórica e seu uso em países em
desenvolvimento. Como este método é mais oneroso do que o de esteios, ele é
utilizado quando as aberturas subterrâneas são muito altas para a utilização de esteios,
requerendo uma sustentação mais firme, como estruturas retangulares ou esquadrias.

Neste método, os blocos de minério são lavrados em galerias artificialmente


sustentadas por uma estrutura de esquadrias retangulares de madeira, conforme
mostram as figuras a seguir.

Lavra por alargamento com estruturas retangulares.


81
Seguem os principais fatores de aplicabilidade deste método (Curi, 2017):

 Resistência do minério: baixa;


 Resistência da rocha encaixante: baixa;
 Morfologia do depósito mineral: todas as formas;
 Inclinação do depósito mineral: todas inclinações;
 Tamanho e espessura: todos os tamanhos e espessuras;
 Profundidade da lavra: até 2.500 metros;
 Teor: alto; e
 Tipos de minérios: ouro, chumbo, zinco, cobre, prata, etc.

5.4.2. Desenvolvimento

A trama de suportes retangulares é formada e preenchida de nível a nível e, a


partir da abertura do realce, os tamanhos das esquadrias devem ser reajustados em
relação às dimensões das aberturas. Primeiramente, os níveis são desenvolvidos, com
os devidos suportes, e em seguida o acesso aos mesmos é realizado por meio de
subidas. À medida que as aberturas avançam, passagens de minério podem ser
construídas, de forma a descarregar diretamente em chutes ou travessas de
carregamento, de forma a facilitar o manuseio do minério.

Como se trata de um método aplicável a altas profundidades, há a necessidade


de uma subida para fins de ventilação de cada alargamento, e a descida para
transporte de madeiras e de enchimento, quando for o caso. O enchimento é aplicado
quando a resistência da rocha é baixa, visando preservar a integridade física dos níveis
superiores.

5.4.3. Lavra

À medida que as estruturas emadeiradas são formadas, os alargamentos são


instituídos, sendo que as travessas e chapéus possuem largura de 1,8 a 2,4 metros,
enquanto os postes (pilares artificiais de madeira) possuem altura de 2,4 a 3,0 metros.
Cada estrutura retangular é formada por quatro postes, duas travessas e dois chapéus,
conforme mostra-se na figura a seguir.
82

Lavra com estruturas retangulares em um depósito maciço (Adaptado de Hartman, 2002 e


Sandier, 1962 apud Curi, 2017).

Este método apresenta boa versatilidade, pois podem ser adaptados para lavra
ascendente, descendente ou frontal, podendo ser expandidos a partir de desmontes
com frente horizontal, em bancadas, em frentes verticais (em veeiros muito inclinados).

Segundo Curi (2017), a sequência das etapas de lavra, utilizando este método, consiste
em:
 Perfuração: marteletes manuais e ar comprimido (stoper), com diâmetro de furos
entre 1,5 e 2,5 polegadas (38 a 63,5 mm, respectivamente);
 Detonação: ANFO, gelatinas ou emulsões explosivas, com carregamento
manual. A iniciação ocorre por cordel detonante ou espoleta elétrica;
 Carregamento: ocorre através do fluxo gravitacional, seguido de arraste com
rastelo, ou através de descarga em chutes de forma que atinjam os níveis de
transporte;
 Transporte: LHD ou vagonetes sobre trilhos nos níveis de transporte.

5.4.4. Vantagens

 Boa versatilidade (aceita todas as formas e inclinação do corpo mineral)


83
 Podem ser adaptados para lavra ascendente, descendente ou frontal, podendo
ser expandidos a partir de desmontes com frente horizontal, em bancadas, em
frentes verticais (em veeiros muito inclinados).
 Aceita altas profundidades
 Baixa diluição (até 10%)
 Alta recuperação (> 85%)

5.4.5. Desvantagens

 Alto custo com estruturas


 Alto custo com mão-de-obra

5.5. Método de Corte e Enchimento (Cut-and-fill)

5.5.1. Princípio do método

No método de corte e enchimento utiliza o estéril e o rejeito do beneficiamento


para preencher os vazios subterrâneos deixado pela lavra, promovendo a
sustentação das aberturas e a armazenagem do estéril e do rejeito sem impactar o
meio ambiente na superfície. É o método mais comum, consistindo de lavra
ascendente em fatias, sendo que o espaço, antes ocupado pelo minério, passa a ser
preenchido pelo estéril e pelo rejeito do processo de beneficiamento.

O enchimento é feito de forma sistemática durante a lavra e não após o


encerramento das atividades, podendo ser feito mecânica ou hidraulicamente.
Conforme visto no tópico 1.4, existem três tipos de enchimento, entre eles: back-fill
(rejeito da usina de beneficiamento), paste-fill (rejeito com cimento Portland) e rock-
fill (rocha estéril). Nas três figuras a seguir tem-se o enchimento de um realce.

Seguem os principais fatores de aplicabilidade deste método (Curi, 2017):

 Resistência do minério: baixa;


 Resistência da rocha encaixante: baixa;
 Morfologia do depósito mineral: tabular, podendo ser irregular ou descontínuo;
 Inclinação do depósito mineral: mergulho moderado a acentuado (> 45º);
 Tamanho e espessura: extensos e espessuras de 2 a 30 metros;
84
 Profundidade da lavra: até 2.500 metros;
 Teor: médio a alto; e
 Tipos de minérios: geralmente de alto valor, como: ouro, níquel, cobre, etc.

Enchimento hidráulico

Disposição do enchimento no interior do realce.

À medida que material de enchimento vai sendo bombeado para o interior do


realce, é necessário fazer a drenagem da água. Para isso, são construídas barricadas
e paliçadas, com a função de sustentar o peso do material de enchimento e promover
o escoamento da água de forma que o próximo piso de lavra, composto pelo material
de enchimento, seja seguro para a próxima lavra de fatia de minério. As paliçadas são
compostas por diversos materiais e as etapas de sua construção são apresentadas a
seguir:

 Marcação: definição do local, marcação e medição das distâncias entre furos;


 Perfuração: perpendicular à rocha, respeitando as medidas e com o primeiro
furo a 5 centímetros do piso;
 Instalação de cabos: o tamanho das argolas de passagem de cabo deve ter 10
a 15 centímetros;
 Trançamento dos cabos: feito com o uso de talhas, com grampos próximo à
rocha;
85
 Instalação das telas: a primeira tela é a do tipo bematel, seguida de tela de
viveiro e outra do tipo bematel (a 30 cm da primeira tela bematel), ficando de 5
a 10 cm do cabo, tanto na base quanto no teto;
 Instalação de bidin: é colocado pelo lado de dentro do realce, para filtrar a
água, com 50 centímetros de largura;
 Colocação de brita: colocada com o uso de carregadeira, após fazer o platô de
cimento;
 Instalação de tubo de drenagem
 Instalação de sacos de aniagem: devem transpassar 10 centímetros do outro;
 Confecção da barricada e acabamento: deixar uma janela de 40x40 cm.

As figuras a seguir ilustram o processo de confecção de uma paliçada.

Instalação de cabos e telas (Do autor, 2009).

Instalação de cabos e telas (Do autor, 2009).


86

Instalação de bidin (Do autor, 2009).

Confecção de platô e instalação de tubos de drenagem (Do autor, 2009).

Instalação de sacos de aniagem (Do autor, 2009).

Confecção da barricada e acabamento final da paliçada (Do autor, 2009).

Embora não seja aprofundado nesta apostila, é importante ressaltar a


importância de um sistema de bombeamento bem dimensionado para transferir a
87
água da drenagem do enchimento para a superfície. Esta etapa é fundamental para o
funcionamento contínuo da mina. Na superfície são instalados sumps para condicionar
a água.

5.5.2. Desenvolvimento

O desenvolvimento inicia pela abertura de uma galeria ou travessa para ter


acesso à mina a partir do nível principal. Em seguida, os níveis superiores e inferiores
são conectados através de passagens de serviço ou chaminés, a intervalos regulares,
para serem executados os serviços da mina (ventilação e transferência de material
para enchimento, principalmente). Se a lavra for ascendente, que é o mais comum, o
desenvolvimento inicia no pilar de base e avança verticalmente através da lavra de
fatias de minério. Para o deslocamento de equipamentos de perfuração (jumbos),
LHD´s, caminhões e demais equipamentos móveis, são construídas rampas, conforme
mostra a figura a seguir.

Lavra por corte e enchimento (Modificado de Atlas Copco, 1976 apud Curi, 2017).

5.5.3 Lavra

A lavra pelo método de corte e enchimento segue o ciclo convencional


(perfuração, detonação, carregamento, transporte e enchimento). Segundo Curi (2017),
utilizando este método as fatias de minério podem ser lavradas na direção horizontal ou
inclinada e as principais etapas do ciclo de operação, são:
88
 Perfuração: marteletes manuais e ar comprimido (stoper), com diâmetro de furos
entre 1,5 e 2,5 polegadas (38 a 63,5 mm, respectivamente), e jumbos com
diâmetro entre 45 e 76 mm e comprimento até 3 m;
 Detonação: ANFO, gelatinas ou emulsões explosivas, com carregamento manual
ou por compressão pneumática. A iniciação ocorre por cordel detonante ou
espoleta elétrica;
 Carregamento: arraste com rastelo, LHD ou carregadeira frontal;
 Transporte: LHD, caminhões rebaixados e vagonetes sobre trilhos; e
 Sustentação do teto: uso de cavilhas e tirantes, etc.

Lavra de corte e enchimento em tiras horizontais (Hamrin, 2001).

Lavra por corte e enchimento mecanizada (Curi, 2017).


89

Lavra mecanizada por corte e enchimento usando tiras inclinadas (Adaptado de Hartman e
Mutmansky, 2002 apud Curi, 2017).

5.5.4. Vantagens

 Produtividade moderada de até 36 t por homem por turno;


 Permite lavra seletiva, separando o estéril para enchimento;
 Baixo custo de desenvolvimento;
 Investimento inicial moderado;
 Possível mecanização;
 Versátil, flexível e adaptável;
 Recuperação superior a 90 %, podendo atingir 100%;
 Diluição menor que 10 %;
 Estocagem do rejeito e do estéril no subsolo, reduzindo o impacto ambiental na
superfície;

5.5.5. Desvantagens

 Custo de lavra relativamente alto, sendo que o manuseio do material de


enchimento chega a 50% do custo de lavra;
 A operação de enchimento pode causar alguma descontinuidade na produção;
 Requer mão de obra intensiva; e
 Risco de acidente com a compressibilidade do enchimento.
90
6. MÉTODOS COM ABATIMENTO CONTROLADO DO TETO (CAVING)

Nos dois capítulos anteriores, foram apresentados os métodos que requerem


trabalhos de explotação que mantêm intactas as aberturas durante a vida da mina,
seja com suportação natural ou artificial. Se o minério e a rocha encaixante são
suficientemente competentes, os métodos que não utilizam sustentação (unsupported)
são adequados. Se o minério e a encaixante são incompetentes a moderadamente
competentes, então os métodos que demandam escoramento (supported) são usados.

No presente capítulo, será apresentada a classe de métodos na qual os


trabalhos de explotação são feitos para provocar o colapso, ou seja, o abatimento do
minério, da encaixante ou de ambos. Esse abatimento é intencional e constitui a
essência do método. Para que ocorra o abatimento, o corpo de minério deve
apresentar continuidade e homogeneidade, e a capa deve ser suficientemente instável
para desabar, preenchendo o espaço de minério que foi lavrado. Segundo Silveira e
Amigo (1985), fazendo o abatimento do teto, sempre a uma distância segura e
controlada da frente de lavra, há a dissipação parcial de energia armazenada no
maciço rochoso, resultando em um alívio de tensões instaladas na vizinhança da
escavação e no consequente aumento da segurança. Além disso, a rocha desabada
tem seu volume aumentado devido ao fator de empolamento, o que inibe a progressão
do abatimento.

Os métodos apresentados a seguir, são de alta produtividade devido à


simplicidade das operações unitárias utilizadas e, normalmente, em minérios de menor
valor unitário, em função da alta diluição, que é uma das grandes desvantagens desta
classe de métodos. Para o controle da recuperação, visando reduzi-la, parte do
minério é abandonado em regiões de alta diluição.

Os principais métodos de abatimento são:

 Frentes amplas (Longwall);


 Abatimento por subnível (Sublevel caving)
 Abatimento em bloco (Block caving)

O princípio dos métodos bem como as principais vantagens e desvantagens


serão tratadas nos tópicos seguintes, porém cabe ressaltar desde já que o método de
longwall é usado em depósitos horizontais tabulares, principalmente carvão, enquanto
os demais têm aplicação em corpos inclinados ou verticais e maciços.
91
6.1. Método de Frentes Amplas (Longwall)

6.1.1. Princípio do método

O método de frentes amplas (longwall) é considerado um dos mais antigos


métodos aplicados em lavra subterrânea, no qual uma longa face horizontal
localizada em um painel entre duas entradas é desmontada em estreitas fatias,
enquanto há desabamento parcial ou total do teto ou paredes limites, sendo que a
área em lavra tem a proteção de escoramentos móveis. As frentes são muito
extensas enquanto a largura do local de trabalho é da ordem de alguns metros, em
função do corpo de minério ser estreito. O escoramento móvel que mantém aberta a
área de lavra é um sistema metálico potente e resistente que forma uma espécie de
toldo de proteção sobre a face. Há autores que consideram esse método na classe
dos métodos por escoramento artificial (supported), devido ao uso de um sistema de
sustentação bem elaborado.
Este método é muito aplicado na lavra de carvão, devido aos minérios serem
tabulares e, muitas vezes, rasos. Na figura a seguir, tem-se uma representação
esquemática de uma lavra de carvão utilizando este método.

Método de lavra por frentes amplas (longwall).

Seguem os principais fatores de aplicabilidade deste método (Curi, 2017):

 Resistência do minério: baixa;


 Resistência da rocha encaixante: baixa;
 Morfologia do depósito mineral: tabular e homogêneo;
92
 Inclinação do depósito mineral: horizontal, com ângulo de mergulho até 12º;
 Tamanho e espessura: extensos (centenas de metros) e estreitos (1 a 5 metros);
 Profundidade da lavra: rasos;
 Teor: alto; e
 Tipos de minérios: ouro, carvão, potássio, etc.

6.1.2. Desenvolvimento

O desenvolvimento, utilizando o método de longwall, é bastante semelhante ao


método de câmaras e pilares, no qual as entradas principais (poços e/ou rampas) são
realizadas no corpo de minério. Como as frentes são muito extensas, grandes pilares
devem ser preservados nos acessos principais, preferencialmente no centro do corpo
de minério. A partir dos acessos principais, as galerias são projetadas
perpendicularmente a estes acessos, dividindo o corpo de minério em painéis
ortogonais, conforme mostrado na figura a seguir.
Após as galerias serem desenvolvidas e a ventilação projetada e instalada, a
frente ampla pode ser equipada com os equipamentos (mineradores contínuos e
transportadores), para dar início à lavra propriamente dita.

Lavra por frentes amplas em rocha dura (Hamrin, 1986 apud Curi, 2017).

6.1.3. Lavra

Segundo Curi (2017), o ciclo de lavra por longwall é muito semelhante ao de


câmaras e pilares, no qual o desmonte ocorre por mineradores contínuos ou por meio
93
de perfuração e detonação. Já o carregamento é realizado por transportadores de
correntes que operam junto à face, alimentando as correias transportadoras ou shuttle
cars dispostos nas travessas.

Neste método, o uso do minerador contínuo é mais comum, o qual efetua a lavra
do minério em camadas relativamente finas, que caem em transportadores de correia
dentada ou de correntes, posicionados em locais estratégicos das frentes.
Simultaneamente à lavra, os suportes hidráulicos automarchantes são reajustados
quanto ao avanço ou recuo, permitindo o abatimento do teto das áreas que já foram
lavradas. As figuras seguintes mostram a lavra com um minerador contínuo e um
transportador de correia posicionado ao longo da face de desmonte.

Lavra por frentes amplas em rocha friável (Hamrin, 1986 apud Curi, 2017).

Lavra por longwall com mineradores contínuos e suportes auto marchantes.

Quando a frente avança, a correia da face avança juntamente e, ao mesmo


tempo, o sistema de suportes também se move para frente deixando as áreas recém
lavradas desprotegidas e, portanto, sujeitas ao abatimento. Um ponto de atenção neste
94
método é a possibilidade de ocorrer fraturas e possíveis subsidências na superfície, em
decorrência destes abatimentos, conforme mostrado na figura a seguir.

Fratura decorrente do abatimento do teto por longwall.

6.1.4. Vantagens

 Alta taxa de produção e produtividade;


 Baixo custo operacional (opex);
 Produção contínua;
 Viável para total mecanização, controle remoto e automação;
 Baixo uso de mão de obra e fácil treinamento;
 Recuperação alta, de até 90%, podendo chegar próximo a 100 % com a
recuperação dos pilares de entrada;
 Baixa diluição, de no máximo 20%;
 Operações concentradas, facilitando transporte, suprimento e ventilação; e
 Boas condições de segurança do trabalho e de saúde, pois os empregados ficam
todo o tempo abaixo do escoramento.

6.1.5. Desvantagens

 Impactos ambientais na superfície, como fraturas e subsidências;


 Método inflexível e rígido em layout e execução;
 Descontinuidades geológicas (falhas, etc) podem causar paralisações;
 Tempo de manobra dos equipamentos para mudar de painel;
 Alto investimento inicial (capex); e
 Risco de combustão espontânea na área abatida
95
6.2. Método de Abatimento por Subnível (Sublevel caving)

6.2.1. Princípio do método

O método de abatimento em subníveis (sublevel caving) é muito semelhante ao


método de realces em subníveis (sublevel stoping), no qual o corpo de minério
(competente e de forte mergulho) é dividido em um certo número de subníveis, e a
lavra é iniciada pela perfuração e detonação do minério locado no interior do subnível
mais elevado. Assim, o minério desmontado é removido e transportado por gravidade,
através das passagens de minério, até chegar nas galerias de transporte. O espaço
vazio gerado provoca um desequilíbrio das tensões atuantes ao redor da abertura,
gerando o fraturamento das paredes e, posteriormente, o abatimento do teto e das
rochas encaixantes em seu entorno. Portanto, a principal diferença entre os métodos
consiste na resistência da rocha encaixante que devem ser elevadas no método
sublevel stoping e baixas no método sublevel caving.

De acordo com Curi (2017) e Silva (2010), seguem os principais fatores de


aplicabilidade deste método:

 Resistência do minério: moderada a alta;


 Resistência da rocha encaixante: baixa;
 Morfologia do depósito mineral: veios ou depósitos tabulares maciços de grande
espessura;
 Inclinação do depósito mineral: inclinados, com ângulo de mergulho > 60º ou
horizontais se espessos;
 Tamanho e espessura: extensos (50 a 250 metros de altura) e largura superior a
5 metros;
 Profundidade da lavra: moderada a alta (até 1.200 metros);
 Teor: alto; e
 Tipos de minérios: cromita, etc.
96

Lavra por abatimento em subníveis (Hamrin, 1986).

6.2.2. Desenvolvimento

Uma característica dos métodos de abatimento é que eles requerem grande


desenvolvimento antes e durante a lavra. No método de abatimento em subníveis, 15
a 20 % da produção acontece na fase de desenvolvimento. A maior parte do
desenvolvimento é horizontal, tanto no nível de transporte quanto nas demais
aberturas. Para um corpo vertical, e dependendo da espessura do corpo, as
operações de abatimento em subníveis são dispostas longitudinalmente em depósitos
estreitos e transversalmente em depósitos espessos.

O desenvolvimento sempre inicia no subnível mais elevado. Quando o


abatimento em subnível é feito transversalmente ao corpo de minério, é desenvolvida
uma galeria na lapa (estéril) e, a partir da mesma, são construídas diversas travessas
para servirem de acesso para os trabalhos de perfuração. Cada travessa é ligada à
capa com o corpo de minério, chamadas de galerias de capa. Essas galerias de capa
são então alargadas e convertidas em uma face livre a partir da qual ocorre o desmonte
com o uso de explosivos. Já quando o abatimento em subnível ocorre longitudinalmente
ao corpo de minério, o desenvolvimento ocorre de forma semelhante ao método
transversal, porém ao invés de se fazerem travessas de perfuração ao longo do corpo
mineral, estas são realizadas em cada horizonte dos subníveis. Na figura a seguir, tem-
se uma ilustração do desenvolvimento na lavra transversal ao corpo de minério.
97

Lavra por abatimento em subníveis transversal ao corpo de minério. (Hamrin, 1986).

6.2.3. Lavra

A figura anterior ilustra bem as operações de lavra utilizadas neste método, que
consiste basicamente em:

 Perfuração: no desenvolvimento com o uso de marteletes manuais a ar


comprimido, e por perfuratrizes especiais tipo stoper ou jumbo. Já na lavra
utilizam-se perfuratrizes de furos longos ou do tipo DTH, ascendente e com furos
de 76 a 102 mm de diâmetro;
 Detonação: ANFO, gelatinas ou emulsões explosivas, com carregamento manual,
pneumático ou por sistemas de bombeamento mecânico. A iniciação ocorre por
espoleta elétrica ou cordel detonante;
 Carregamento: LHD ou rastelo; e
 Transporte: LHD, caminhões ou shuttle cars.
98
6.2.4. Vantagens

 Elevada produtividade e escala de produção;


 Alta recuperação, de até 90%;
 Permite plena mecanização;
 Adaptável, flexível e seletivo, não requerendo pilares; e
 Boas condições de saúde e segurança

6.2.5. Desvantagens

 Alto custo de investimento e desenvolvimento;


 A possibilidade de diluição exige um controle rígido; e
 Impactos ambientais na superfície por subsidência.

6.3. Método de Abatimento em Blocos (Block caving)

6.3.1. Princípio do método

A técnica de explotação subterrânea que tem o potencial de competir em


escala de produção e custo com a lavra a céu aberto é a de abatimento em bloco
(block caving). Este método foi desenvolvido nos Estados Unidos após a Primeira
Guerra Mundial para explotar minério maciço de cobre de baixo teor, sendo até
hoje, um método adequado para depósitos desse tipo.

No método de block caving, corta-se grandes blocos, por baixo, para induzir o
abatimento, permitindo que o minério fragmentado seja retirado por gravidade.
Diferentemente do sublevel caving, o block caving provoca o abatimento simultâneo
do minério e da rocha encaixante. O resultado é uma maciça subsidência com
grande escala de produção que caracteriza o método de abatimento em bloco. As
fases do método de abatimento em blocos, consistem em:

 Realização de aberturas por baixo do bloco;


 Detonação do minério acima das aberturas; e
 Retirada do minério desmontado por baixo.

A figura a seguir mostra uma representação esquemática deste método.


99

Lavra por abatimento em blocos (Hamrin, 1986).

De acordo com Curi (2017) e Silva (2013), seguem os principais fatores de


aplicabilidade deste método:

 Resistência do minério: baixa a moderada, preferencialmente friável, fraturado,


que não se destaque em grandes blocos e que caia livremente pelo seu próprio
peso e que não se deixe compactar ou oxidar;
 Resistência da rocha encaixante: baixa a moderada, com características
semelhantes às do minério;
 Morfologia do depósito mineral: maciços ou tabulares espessos;
 Inclinação do depósito mineral: bem inclinados, com ângulo de mergulho > 60,
podendo ser menos inclinados se forem espessos;
 Tamanho e espessura: extensos e espessos (maior do que 30 metros);
 Profundidade da lavra: moderada a alta;
 Teor: baixo e mais uniforme possível; e
 Tipos de minérios: ferro, cobre, zinco, diamante, etc.
100
6.3.2. Desenvolvimento

O desenvolvimento, utilizando o método de abatimento em blocos, é de


grande volume e caro, mas geralmente é menor que o de abatimento em subníveis
em termos de custo unitário. O desenvolvimento do nível principal começa
geralmente no poço e deve proporcionar altos valores de capacidade de transporte e
de ventilação.

Para prover facilidades de escoamento, chutes e pontos de carga são


preparados no minério sob o bloco a ser abatido. Devido a grandes aberturas e
tonelagens de minério envolvido, o perigo de colapso prematuro está sempre
presente. Em uma mina nova, deve-se ter a certeza de que a fraqueza da rocha
deve garantir que de fato o abatimento ocorrerá. Isso se consegue graças a um
conhecimento detalhado de mecânica da rocha.
A figura anterior mostra o método mais tradicional de lavra por abatimento em
blocos, com o minério sendo transferido através de chutes a vagonetes instalados na
galeria de transporte. Porém, segundo Curi (2017), quando são utilizados rastelos, o
desenvolvimento é realizado através da construção de passagens em forma de dedos e
galerias especiais para a implantação do sistema de rastelos, bem como a construção
de uma rede de sistemas de descarga, conforme mostrado na figura a seguir.

Desenvolvimento de galerias para abatimento de blocos utilizando rastelos (Hamrin, 1986).


101
6.3.3. Lavra

Segundo Curi (2017), a partir da execução do corte basal no bloco de lavra, o


maciço rochoso sobrejacente começa a fraturar-se. A propagação ascendente do
sistema de fraturas leva à diminuição da resistência interna do bloco, à sua
fragmentação e ao consequente abatimento. O abatimento prosseguirá à medida que o
material abatido for transferido através das passagens de minério para o nível principal
de transporte. A figura a seguir ilustra a evolução do abatimento de blocos.

Detalhes da evolução do abatimento de blocos (Adaptado de Tatiya, 2005 apud Curi, 2017).

Utilizando este método, deve-se definir, abaixo do painel a ser lavrado, um layout
para o sistema de recolhimento do minério abatido, chamado de drawpoints, que podem
ser:
 Por gravidade: o material deve ser bem fraturado e é utilizado nível de grelha;
 Por slusher: material com granulometria mediana, não sendo necessário nível de
grelha; e
 Por LHD: material pouco fragmentado e com granulometria grosseira.

Recolhimento por gravidade. Recolhimento por slusher.


102

Recolhimento por LHD.

Diferentes granulometrias em drawpoints.

Segundo Curi (2017), o ciclo operacional é constituído pelas seguintes etapas:

 Perfuração: no desenvolvimento do corte basal com o uso de marteletes manuais


a ar comprimido ou jumbos. Já nas plataformas de perfuração dos subníveis, uso
de perfuratrizes de furos longos para induzir o abatimento. O aumento do diâmetro
dos furos, reduz o número de furos, reduzindo custos e aumentando a
produtividade;
 Detonação: ANFO, gelatinas ou emulsões explosivas, com carregamento manual,
pneumático ou por sistemas de bombeamento mecânico. A iniciação ocorre por
espoleta elétrica ou cordel detonante;
 Carregamento: fluxo gravitacional em funis de descarga com diversas passagens
de minério, com o uso de LHD´s ou rastelos; e
 Transporte: nos níveis principais LHD, caminhões, shuttle cars ou vagonetes sob
trilhos.
103
6.3.4. Vantagens

 Produtividade razoavelmente alta;


 Possui maior escala de produção entre os métodos;
 Baixo custo operacional (opex);
 Recuperação alta, de até 100 %, porém implicando em diluição de até 20 %
 O fraturamento e a produção ocorrem inteiramente por abatimento, mediante
desmonte apenas da parte inferior;
 É adequado para escoamento por gravidade ou carregamento plenamente
mecanizado, além de ser repetitivo e padronizado;
 A ventilação é satisfatória; e
 Boas condições de saúde e segurança, exceto nas operações de desmonte
inferior e em alguns deslizamentos de material desmontado.

6.3.5. Desvantagens

 Abatimento e subsidência ocorrem em grande escala;


 O controle de escoamento é crítico;
 O desenvolvimento é lento, grande e caro;
 É um método rígido e inflexível; e
 Risco de combustão espontânea no caso de retenção por longos períodos de
minérios desmontados com conteúdo de sulfetos maior que 45 %.
104
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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