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UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MINAS GERAIS

UNIDADE JOÃO MONLEVADE

ENGENHARIA DE MINAS

Métodos de lavra a céu aberto

Trabalho apresentado como parte


das exigências da disciplina de Lavra
de Mina á céu aberto ao professor
Flávio Luiz Costa pelos discentes,
Jéssica Mônica, Ludmila e Vitor Hugo.

João Monlevade – MG

2023
UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MINAS GERAIS

UNIDADE JOÃO MONLEVADE

ENGENHARIA DE MINAS

Métodos de lavra á céu aberto

Jéssica Mônica

Ludmila Aparecida

Vitor Hugo

João Monlevade - MG

2023
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .................................................Error! Bookmark not defined.


2 SELEÇÃO DE MÉTODOS DE LAVRA ............Error! Bookmark not defined.
2.1 Características principais do Método Open Pit Cut ............................... 4
2.2 Exemplos do Método Open Pit Cut .......................................................... 5
2.3 Aspectos relacionados à geometria de bancadas ................................ 11
2.4 Importância da setorização geomecânica na Lavra ............................. 12
2.5 Drenagem no contexto da cava ............................................................... 13
3 PILHA DE DISPOSIÇÃO DE ESTÉRIL ..................................................... 14
3.1 Alternativas locacionais para a implantação de um apilha de estéril . 14
3.2 Comparativo entre Pilha de Disposição de Estéril (PDE) e Ponta de
Aterro............................................................................................................... 15
3.3 Drenagem interna e externa de uma Pilha de Disposição de Estéril ... 16
3.4 Metodologia de disposição de estéril .................................................... 18
3.5 Principais anomalia que podem ser detectadas em Pilha de
Disposição de Estéril ..................................................................................... 19
4 CONCLUSÃO ............................................................................................ 21
5 REFERÊNCIAS ......................................................................................... 22
1. INTRODUÇÃO

A lavra a céu aberto é o modelo que consiste em extrair o recurso mineral que
se encontra relativamente próximo à superfície sem a necessidade de avanço
subterrâneo. Esses recursos minerais, geralmente, são explorados até o
esgotamento ou quando a extração se torna economicamente inviável em razão
do volume.

Como a lavra depende dos aspectos geológicos da superfície a ser explorada,


este método está diretamente influenciado pela geometria do relevo local. A
partir disso, surgem os diferentes métodos de lavra, que se enquadram de
acordo com cada superfície disponível.

Conforme identificamos problemas nos métodos de lavra existentes e também


com os avanços tecnológicos, esses métodos vão se aprimorando e se
adequando ainda mais a realidade da reserva e consequentemente diminuindo
os gastos para extrair o recurso desejado

2. SELEÇÃO DO MÉTODO DE LAVRA

2.1 Características principais do Método Open Pit Cut

O método open pit cut, ou método de lavra a céu aberto por corte, compreende
a retirada e grandes porções de solo e rocha em camadas horizontais, com o
objetivo de encontrar o minério para extração.

Suas características estão listadas abaixo:

 A produção elevada é uma das principais vantagens do método, já que


uma grande quantidade de minério pode ser extraída em um curto período.
 Extração feita em camadas horizontais através do uso de máquinas e
equipamentos pesados, como escavadoras, caminhões e perfuratrizes.
 Geralmente utilizado para a extração de minérios próximos à superfície e
em grandes quantidades, o que torna o método mais econômico.
2.2 Exemplos do Método Open Pit Cut
 Lavra por tiras

É o mais aplicado em depósitos tabulares ou com camadas horizontais


inclinadas com pouca espessura de capeamento. Como característica, têm
grande escala de produção, proporcionando baixo custo operacional e maior
produtividade. Este método é adequado para jazidas próximas a superfície,
como bauxita, carvão e xisto betuminoso.

A lavra por tiras (open cast, em inglês) é o principal método de explotação a céu
aberto empregado em jazidas de carvão na Europa, nos Estados Unidos e em
outros países mineradores desse material. A metodologia é similar à da lavra por
bancos, exceto por um único e crucial aspecto: o estéril não é transportado para
ser depositado em pilhas, mas sim lançado diretamente em áreas adjacentes já
lavradas.

O manuseio do material é efetuado em uma operação conjugada de escavação


e transporte denominada casting em inglês. O capeamento de cobertura da
jazida pode ser transportado para fora da mina por correias transportadoras e
então depositado fora das áreas lavradas, ou, alternativamente, ser feito por
meio de dois estágios: um por casting e outro por caminhões, sendo o solo
superficial estocado e preservado para reabilitações posteriores.

A operação conjugada de escavação e transporte é o que distingue esse método,


tornando-o o de mais alta produtividade e o de mais baixo custo entre aqueles
mais utilizados. Tal qual aquela por bancadas, a lavra por tiras é classificada
como um método de grande escala e de produção em massa, e, juntamente com
a primeira, é o mais popular método a céu aberto. Mais da metade da produção
de carvão nos Estados Unidos é realizada por esse método.

Entretanto, não é somente a troca dos caminhões pela operação conjugada que
torna o método tão atrativo. O depósito do estéril nas áreas recém-
lavradas reduz ao mínimo as distâncias médias de transporte desse material,
além de a concentração das atividades em uma área restrita favorecer o
processo de reabilitação, que poderá iniciar-se imediatamente após a lavra.
Assim, o fator-chave que sustenta a alta produtividade do método é a produção
do equipamento que escava as tiras, ou seja, que faz o decapeamento. Ao
utilizar os maiores equipamentos de movimentação de terra do mundo nesse tipo
de lavra, a altíssima produtividade fica garantida.

O uso desses equipamentos gigantescos limita o número de frentes de lavra,


não sendo incomum a produção se tornar altamente dependente de um único
equipamento, que, se parar, por defeitos mecânicos, manutenção preventiva,
fenômenos climáticos ou qualquer outro motivo, ocasionará perdas importantes
de produção.

Uma vantagem desse método é que o corte é aberto por um período muito curto,
o que permite a manutenção de um ângulo da face do talude superior do banco
(highwall) mais aprumado. Os bancos provisórios no estéril também terão uma
pequena “vida útil” e poderão ser mantidos com um ângulo igual ao de repouso
natural do material estéril, uma vez que a recomposição topográfica é feita logo a
posteriori.

Diferentemente da lavra por bancos, o mesmo equipamento não pode ser


usualmente adotado para a remoção do capeamento e a lavra. A remoção do
capeamento requer equipamentos de escavação específicos, de grande
produção, enquanto a lavra do carvão ou de outro minério é conduzida com
equipamentos convencionais de carregamento e transporte. Além disso, as
diferenças de material no capeamento (solo ou rocha fraturada) e na lavra
(geralmente carvão detonado ou não) requerem diferentes equipamentos para
manuseio.

 Lavra em fatias

Método utilizado para a extração de minérios em camadas horizontais e de


pequena espessura. Consiste na abertura de uma série de cortes horizontais,
que vão avançando na direção do minério.

Diferentemente dos outros países, notadamente USA, Canadá, Austrália e África,


o Brasil possui poucas minas em formações sedimentares e, por esta razão,
aplica-se pouco o método de lavra em fatias. O melhor exemplo brasileiro de
aplicação do método para grandes produções são as operações da Mineração
Rio do Norte no Pará que foram bem concebidas, possuindo draglines de 26jc e
17jc para remoção do estéril e retroescavadeiras hidráulicas de 14m3 ,
carregando a bauxita em caminhões fora de estrada mecânicos de 100t. Por
razões econômicas, a expansão deu-se com a aplicação de tratores tipo D-11
de grande capacidade que fazem o decapeamento, evitando-se com isso a
compra de novas draglines de custo elevado. Utiliza-se, naturalmente, mais mão
de obra, mas a solução torna-se mais econômica no seu todo. Essa tendência
também está sendo incorporada nas minas de fatias americanas. A principal
inovação foi a utilização do equipamento calibrador “MMD siser” próximo da
frente, diminuindo o transporte por caminhões, do minério escavado e
descarregando em correias transportadoras. Este equipamento foi considerado
como o mais importante desenvolvimento dos anos 1980, mas só foi introduzido
no Brasil cerca de 18 anos depois! A mina de Candiota da CRM, no Rio Grande
do Sul é a que opera, atualmente, com a maior dragline BE de 38 cj. 32 Uma vez
que as draglines são equipamentos de custo muito alto, há uma tendência
mundial de se utilizarem unidades paradas de menor custo, reformando-as e
modernizando-as com resultados econômicos positivos. Por esta razão,
deveremos estar atentos para esta possibilidade no futuro. Um novo projeto
importante a ser implantado com uso do método de lavra em fatias, elaborado
por consultoria americana para lavra de várias camadas do carvão de Candiota
em Seival, no Rio Grande do Sul, prevê a lavra com mineração contínua
utilizando escavadeira de rodas de caçamba (BWE) e transporte por correia.
Será uma operação semelhante às que se tem nos linhitos de Colônia, na
Alemanha, porém em menor escala, e espera-se a sua difusão no Brasil.

 Lavra por cava

Neste método o material é explotado através de rampas de maneira ascendente,


tal método tem como desvantagem o acúmulo de água e com isso a drenagem
da mina é realizada por meio de bombeamento, essa metodologia é conhecida
como lavra em fossa.

 Lavra a céu aberto convencional

Método mais utilizado, consiste na remoção do solo e da rocha que recobrem o


minério, com a utilização de equipamentos como escavadeiras e caminhões. É
indicado para depósitos de minérios de grande porte e em camadas horizontais.
À lavra convencional a céu aberto pode ocorrer em jazidas atingidas em
encostas ou por grandes aberturas, abaixo do terreno normal, através do qual
só faz o escoamento do material útil desmontado.Para maior facilidade de
compreensão, podemos dizer que, se após desmontado, o minério desce até um
determinado nível especiais da mina por exemplo, o nível do britador primário),
a lavra é ao flanco e a remoção das águas superficiais e de infiltração se faz,
usualmente, por drenagem. Nos casos em que o minério deva subir até esse
nível especial, a lavra e em cava e, usualmente, as águas terão que ser es
gotadas. Comumente, poucos bancos são lavrados simultaneamente (o que
possibilita concentrações dos equipamentos, disposição de maiores larguras
para prévia execução de furos para explosões, maiores explosões simultâneas,
menor numero de veículos transportadores, melhor, melhor supervisão, etc.) a
menos que a variação de valores do corpo mineral, para fins de blendagem,
imponha. O trabalho de vários bancos simultâneos ou a premente necessidade
de grandes produções. As cristas dos diversos bancos devem estar em um plano
que faça um ângulo com a horizontal inferior ao de deslizamento natural do
terreno. Tal ângulo recebe o nome de talude geral de lavra ou, simplesmente,
talude de lavra.

O talude de lavra é um elemento de extraordinária importância, não só pela sua


influência na segurança dos serviços; como por delimitar os limites superficiais
de uma cava, influenciando a economicidade da lavra e a profundidade
economicamente atingível. Não é um fator apenas local, condicionado à
topografia, natureza do material, seu comportamento ao intemperismo,
profundidade atingida, impregnação de água, etc, mas susceptível de
apreciáveis variações numa mesma formação geológica, pela ocorrência de
fraturas, intercalações, planos de aleitamento, dobramentos, efeitos de explo-
sões, etc. Para se ter uma ideia dos efeitos práticos de variações do talude de
lavra, observa-se que um cone com150m de profundidade, com talude de 50º,
requer o desmonte requerido será de cerca de 7,5 milhões de m2 de rocha e se
diminuirmos de 10º este ângulo, isto é, passá-lo para 40º, o desmonte requerido
será de cerca de 15 milhões de m3 de rocha.

Quanto as diversas modalidades da lavra convencional, estão muito


condicionadas à forma adotada para o transporte dos estéreis, o que determina
não somente a estrutura e as condições de aplicação de um método de lavra,
como também sua economia, posto que em uma lavra a céu aberto, a quantidade
de estéreis removidos supera várias vezes à de minério extraído. Sob este
aspecto, podemos então grupar tais métodos com transporte e métodos sem
transporte.

Os métodos com transporte, que no Brasil são os mais comuns, se caracterizam


pela remoção dos estéreis por veículos sobre rodas ou por correias
transportadoras. Na maioria dos casos, esses métodos se aplicam a lavra de
camadas inclinados, corpos de forte mergulho ou corpos potentes. Exemplos
típicos seriam as minerações de ferro do Quadrilátero Ferrífero de Minas Gerais,
as minerações de fosfato e pirocloro de Araxá, etc Minas Gerais, as minerações
de fosfato e pirocloro de Araxá, etc.

Os métodos sem transporte se caracterizam pela deposição dos estéreis


diretamente nos locais já lavrados, em operação coordenada com a extração da
substância útil. Aplica-se a camadas horizontais ou de pequeno mergulho, como
nossas jazidas de carvão e folhelho (xisto) betuminoso. Normalmente se trabalha
em banco único e, às vezes, em dois bancos. Um drag-line de grande lança faz
a remoção e deposição do estéril capeante e escavadoras frontais fazem a
extração das substâncias úteis, conforme mostrando a figura abaixo. Tais
métodos são simples, do ponto de vista da execução, e garantem um baixo custo
de produção. A principal deficiência está na dependência entre os serviços de
decapeamentos os de extração das substâncias úteis. O uso de grandes drag-
lines aumenta o campo de aplicação desses métodos. A lavra por bancos, em
casos muito mais raros, pode ainda ser executada manualmente ou com o uso
da água sob pressão (lavra hidráulica). O mais comum é o uso da lavra
mecanizada, associada ao emprego de explosivo, quando necessário.

 Lavra em bancadas

Método utilizado para a extração de minérios em camadas horizontais ou


inclinadas. Consiste na abertura de uma série de bancadas, que vão sendo
avançadas na direção do minério. Cada bancada é constituída por um conjunto
de cortes horizontais e verticais.
Esse processo é denominado decapeamento. Tanto o decapeamento quanto a
lavra propriamente dita são desenvolvidos em uma ou mais bancadas em
sequência. Se o depósito mineral e o capeamento são relativamente pouco
espessos, como é típico em algumas minas de carvão e algumas minas de
minerais não metálicos, apenas uma bancada pode ser suficiente. Entretanto, à
medida que aumenta a espessura e a profundidade do depósito mineral, será
necessário desenvolver um número proporcionalmente maior de bancadas.

Assim, nesse método de lavra, o desenvolvimento é sempre feito


descendentemente, por meio de uma série de bancadas consecutivas. Inicia-se
o desenvolvimento pela preparação da bancada situada na cota mais elevada,
após o trabalho de preparação inicial do terreno. Essa preparação inicial é
constituída, geralmente, por desmatamento, construção das estradas iniciais de
acesso ao local e remoção e estocagem do solo para futura utilização.
Desenvolvida adequadamente a primeira bancada, passa-se sucessivamente à
segunda, terceira, quarta e assim por diante, até atingir-se a última. Para manter
a estabilidade dos taludes na lavra, cada bancada consecutiva deve ser
desenvolvida com uma abertura ou raio menor que aquela situada
imediatamente acima.

Com o desenvolvimento da mina e a evolução das operações de decapeamento,


o minério vai gradativamente sendo exposto. A partir da exposição do minério,
as operações unitárias de lavra podem, então, ser coordenadas para que a
receita obtida com a venda do minério seja, no mínimo, suficiente para
contrabalançar os custos de remoção do estéril e, ao mesmo tempo, os objetivos
de longo prazo do projeto, considerando a cava final, sejam gradativamente
atingidos. Além disso, o desenvolvimento da lavra por bancos múltiplos também
leva a uma maior extensão de face livre mineralizada exposta, o que favorece a
mistura de minérios distintos, tornando a produção mais previsível, homogênea
e sem interrupções. As dimensões dos bancos individuais projetados devem,
então, ser ajustadas de acordo com as características dos equipamentos
selecionados.
A altura dos bancos é limitada pelo alcance máximo dos equipamentos de
escavação. Uma escavadeira elétrica tipo shovel, por exemplo, pode trabalhar
em bancos mais altos do que uma carregadeira frontal ou uma escavadeira
hidráulica de portes equivalentes. A largura dos bancos deve ser suficiente para
reter a rocha liberada pelo desmonte e, simultaneamente, prover espaço
suficiente para as operações e manobras dos equipamentos gerais de
carregamento e transporte. Para reduzir a relação estéril/minério, o ângulo de
talude deve ser o mais íngreme possível, sendo atendidos os critérios de
segurança estabelecidos pelos estudos geotécnicos. A lavra por bancos constitui
um método de produção de grande escala, proporciona altas taxas de produção
e é responsável por mais de 60% de toda a produção a céu aberto. Esse
método se adequa à utilização de equipamentos de grande porte, de produção
em massa (método altamente mecanizado), mas, por outro lado, requer altos
investimentos iniciais e elevados custos para a manutenção satisfatória das
operações.

2.3 Aspectos relacionados à geometria de bancadas

Os taludes artificiais que compõem as bancadas apresentam características


relacionadas a sua geometria que comprometem sua estabilidade que por sua
vez depende das características geológicas do material que esta sendo
trabalhado.

Sob condições específicas, uma porção do material de um talude pode deslocar-


se em relação ao maciço restante, desencadeando um processo genericamente
denominado de movimento de massa, ao longo de uma dada superfície chamada
superfície de ruptura.

A geometria da cava, pilhas e de outras estruturas devem ser atualizadas


semestralmente ou em maior periodicidade, a critério do DNPM, em
conformidade com o ritmo de avanço previsto no Plano de Lavra, o qual deve
ser mantido na mina, bem como a documentação topográfica pertinente, para
exame por parte da fiscalização.

As bancadas podem ser consideradas como as unidades fundamentais da


exploração nas operações de lavra a céu aberto. Deve-se salientar a
existência de diferentes tipos de bancadas. Por exemplo, pode-
se citar as bancadas de contenção que tem como função reter
os materiais que, por ventura, rolarem de bancadas superiores; As
bancadas ou bermas de segurança ou “cacth benchs” e as
bancadas de trabalho, ou praças, onde ocorre, efetivamente, o processo de
lavra.

2.4 Importância da setorização geomecânica na lavra

A caracterização geomecânica do maciço rochoso é baseada no sistema de


classificação RMR (Rock Mass Rating) de Bieniawski (1989), que permite
classificar o maciço rochoso quanto à sua qualidade geotécnica. São levados em
consideração os parâmetros: resistência da rocha intacta, espaçamento das
descontinuidades, condições das descontinuidades (persistência, abertura,
rugosidade, preenchimento e alteração), condições de água e ajuste pela
orientação das descontinuidades.

A setorização geomecânica fornece informações cruciais sobre as


características geológicas e geotécnicas de cada setor da mina. Esse
conhecimento é utilizado para planejar a lavra de forma mais segura e eficiente,
considerando as características do minério e as condições geológicas locais,
evitando acidentes e aumentando a produtividade.

A setorização geomecânica permite identificar as áreas mais instáveis da mina,


evitando desmoronamentos e problemas relacionados à estabilidade do terreno.
Além disso, ajuda a definir o tipo de equipamento mais adequado para cada setor,
otimizando o uso dos recursos disponíveis e aumentando a produtividade. A
setorização geomecânica é um aspecto crítico para garantir uma mina segura e
eficiente, contribuindo para a proteção dos trabalhadores e preservação do meio
ambiente.

2.5 Drenagem no contexto da cava

A drenagem é um aspecto fundamental no contexto de uma cava, pois as águas


das chuvas e os lençóis freáticos podem interferir na estabilidade do talude e
afetar a segurança dos trabalhadores. A drenagem tem como objetivo controlar
o fluxo das águas subterrâneas e superficiais, reduzindo o acúmulo de água na
cava e minimizando os riscos de instabilidade.

A drenagem na cava pode ser realizada de várias maneiras, tais como:


drenagem superficial, drenagem subterrânea e drenagem de interceptação. A
drenagem superficial consiste na construção de canais e valas de drenagem
para captar as águas pluviais e direcioná-las para fora da cava. Já a drenagem
subterrânea envolve a instalação de poços drenantes para coletar as águas
subterrâneas e bombeá-las para fora da cava. A drenagem de interceptação é
realizada por meio da construção de diques e barreiras para interceptar e
direcionar as águas que vêm de outras áreas para fora da cava.

Os poços de bombeamento podem ser localizados dentro e fora do perímetro da


cava da mina. Quando projetados circundando as paredes da cava, estes
trabalham como barreiras externas para evitar a entrada de fluxo de água ao
interior da cava. Esta configuração é considerada de rebaixamento avançado
primário.

A escolha do tipo de drenagem depende das características geotécnicas e


hidrogeológicas da área, bem como das condições climáticas locais. É
importante ressaltar que a drenagem deve ser planejada e executada com
cuidado para evitar danos ambientais, como a contaminação do solo e da água.
Além disso, a manutenção constante da drenagem é essencial para garantir sua
eficácia e prevenir problemas futuros na estabilidade da cava.

3. PILHA DE DISPOSIÇÃO DE ESTÉRIL


3.1 Alternativas locacionais para a implantação de um apilha de estéril

Para que ocorra a atividade de mineração, são movimentadas e transformadas


grandes quantidades de rocha. O estéril associado às operações de mineração
é então removido durante o desenvolvimento da lavra, como um meio para obter
acesso ao minério. A natureza permanente do local de pilhas de estéril faz com
que seja essencial considerar diversos fatores para sua locação, como a
geotecnia, geologia, aspectos hidrológicos, os impactos ambientais e ainda a
sua ação durante um longo período de tempo. Por isso, é importante selecionar
um local que seja estável ecológica e economicamente (OSANLOO, 2000).
Os métodos de seleção que estão sendo praticados são baseados
fundamentalmente em critérios econômicos e na facilidade de operação, o que
resulta em um processo de seleção relativamente simples. Porém, esse
processo de seleção tem se tornado mais complexo, já que foram adicionados
numerosos fatores locacionais que limitam a viabilidade de muitas alternativas
locacionais (KRAUSE e DWIRE, 1999).
Nesse contexto serão apresentados os principais fatores que afetam o estudo
de alternativas locacionais de pilhas de estéril.
Fatores que afetam o estudo de alternativas locacionais de pilhas de estéril:
A seleção adequada dos locais a serem considerados como alternativas
locacionais para disposição do estéril devem considerar todos esses fatores
descritos na Tabela l.
Para que a seleção de alternativas locacionais seja feita é importante ser capaz
de comparar e pesar os fatores que efetivamente influenciam na seleção mais
adequada de local de implantação de pilhas de estéril.

Nessas situações, os métodos de tomada de decisão multiatributo (MADM) são


ferramentas eficazes para auxiliar na melhor tomada de decisão. Não importa
qual o método é usado para resolver problemas. Quando se utilizam os MADM,
os pesos dos atributos e das alternativas que refletem a importância relativa dos
mesmos devem ser determinados. Como a locação de pilhas de estéril envolvem
uma série de variáveis e fatores, foi necessário buscar um método de análise de
múltiplos critérios para embasar a decisão a ser tomada.

3.2 Comparativo entre Pilha de Disposição de Estéril (PDE) e Ponta de


Aterro
3.3 Drenagem interna e externa de uma Pilha de Disposição de Estéril
Drenagem interna

Os dispositivos de drenagem interna possuem como função drenar a água no


interior da pilha de estéril, ou seja, seu objetivo é canalizar os cursos d’água e
nascentes existentes no local, evitando assim, o acúmulo de fluido na estrutura
e como consequência, auxiliando na preservação de sua estabilidade geotécnica.

Segundo Petronilho (2010), a drenagem interna pode ser definida como o


movimento de água definido pelo fluxo interno através dos poros e ao longo dos
horizontes ou camadas do perfil de solo. As condições de drenagem vão
depender essencialmente das características do solo, do meio físico local e do
fluido percolante, quantificada por meio da chamada condutividade hidráulica da
pilha de estéril.

A drenagem interna deve ser dimensionada em função das vazões medidas ou


calculadas na área de implantação da pilha, sendo recomendável aplicar um
fator de segurança mínimo de 1,5 e 2,5 respectivamente para as vazões. (ABNT
NBR 13029:2017) Nas pilhas formadas por material rochoso, o sistema de
drenagem interna pode ser suprimido em função da permeabilidade geral do
depósito de estéril. Neste caso, o material rochoso constitui-se como o próprio
dreno. (ABNT NBR 13029:2017)

Comumente, a pilha de estéril é executada sobre um dispositivo de drenagem


de fundo (dreno de fundo) com a finalidade de criar caminhos preferenciais para
o escoamento da água, evitando-se potenciais riscos de erosão interna.
Diferentes tipos de drenagem podem ser instalados na pilha, na figura temos a
imagem de uma canaleta triangular usada no pé da berma da pilha e uma
canaleta trapezoidal de percolados usada em drenos de fundo e são escolhidos
de acordo com cada caso visualizado em campo, sendo comumente adotados
drenos de fundo, constituído por blocos de rocha, ou tapete ou trincheira
drenante conformados por arranjos diversos.
Figura 1 - Desenhos esquemáticos de canaletas (triangular e trapezoidal) usados em pilha de
estéril para o sistema de drenagem interna

Drenagem superficial

As águas oriundas das canaletas da crista e das bermas são direcionadas às


estruturas de descida de água, constituídas por canais em degraus e que são
executadas nos bordos da pilha, ao longo do contato da mesma com o terreno
natural. Nos pontos de lançamento das águas provenientes dos canais de
descida de água, são executadas estruturas de dissipação de energia que
podem ter arranjos diversos. Um dispositivo comumente adotado nestes casos
consiste na abertura de uma vala escavada no terreno e que é, então,
preenchida com pedras de mão.

O sistema hidráulico deve prever ainda a construção de caixas de passagem nos


pontos de mudança brusca de direção do fluxo (Gomes, 2004). O sistema de
drenagem superficial de uma pilha de estéril tem por função captar as águas que
chegam ao corpo da pilha, provenientes das áreas adjacentes, e também
garantir, proteger e captar as águas pluviais que incidam diretamente sobre a
pilha, conduzindo-as para local de deságue seguro, sem comprometimento da
estrutura.

Por fim, a pilha deve ser drenada de forma que seu extravasor final receba os
canais periféricos abastecidos pela água pluvial oriunda de áreas vizinhas. Para
dimensionamento dos canais periféricos como no exemplo a figura 6, adota-se
comumente o método racional, um método indireto de transformação de eventos
de chuva em vazão, baseados na teoria do hidrograma unitário.

Figura 2 - Sistema de drenagem Superficial em pilha de estéril


Conceitualmente o Hidrograma Unitário (HU) é o hidrograma do escoamento
direto, causado por uma chuva efetiva unitária (por exemplo, uma chuva de 1mm
ou 1 cm), por isso o método é chamado de Hidrograma Unitário (figura 7). A
teoria do hidrograma unitário considera que a precipitação efetiva e unitária tem
intensidade constante ao longo de sua duração e distribui-se uniformemente
sobre toda a área de drenagem.

3.4 Metodologia de disposição de estéril

Antigamente, as empresas não tinham preocupação na forma de lançamento


final dos estéreis da mina, quase sempre relegados a depósitos de bota-foras
sem nenhum controle operacional. As condições atuais impõem, ao contrário,
que um sistema de disposição de estéril seja entendido como uma estrutura
projetada e implantada para acumular materiais, em caráter temporário ou
definitivo, que deve ser disposto de modo planejado e controlado para assegurar
suas condições de estabilidade geotécnica e ser protegido contra ações erosivas.
No documento NRM19 - ‘Normas Reguladoras para a Disposição de Estéril,
Rejeitos e Produtos’, são estabelecidos os principais critérios e premissas que
condicionam a construção de uma pilha de estéril, de forma a garantir a sua
adequada implantação, controle operacional e futuro descomissionamento.
Em pilhas de estéril, os principais custos de disposição estão concentrados nas
seguintes atividades: drenagem, proteção vegetal, retenção de finos gerados por
carreamento de sólidos durante e após a formação da pilha, manutenção ao
longo dos anos e transporte do estéril. Dentre estas atividades, a mais
impactante refere-se às condições de transporte, estando estas diretamente
dependentes dos equipamentos disponíveis e dos perfis de tráfego.
A disposição de estéril é feita normalmente por meio de camadas espessas,
formando uma sucessão de plataformas de lançamento espaçadas a intervalos
de 10m ou mais. A estabilidade do aterro pode ser garantida por meio do controle
da largura e do comprimento das plataformas, bem como do espaçamento
vertical entre elas. Entre as plataformas deixam- se bermas, tendo como
finalidades o acesso, como estrutura auxiliar na drenagem superficial e controle
de erosão e de suavização do talude geral da pilha. Basicamente, uma pilha de
estéril pode ser construída pelos métodos descendente ou ascendente.
Pilha executada pelo Método Descendente
São pilhas executadas sem nenhum controle geotécnico, em aterros de ponta
tipo , pelo lançamento e basculamento direto do estéril a partir da cota mais
elevada dos taludes da pilha, construída já na sua altura máxima. Neste caso,
as condições de fundação e os taludes do terreno natural na região do pé da
pilha são os elementos que, em geral, condicionam a estabilidade da pilha.
As atividades de compactação são restritas ao tráfego dos equipamentos e os
taludes evoluem com a dinâmica do empilhamento, não permitindo, assim,
procedimentos de cobertura vegetal ou de proteção superficial dos taludes.
Constituem estruturas bastante instáveis, altamente susceptíveis a erosões e a
escorregamentos generalizados. Possuem, portanto, enormes restrições de
aplicação prática, sendo indicadas apenas para materiais francamente
drenantes (enrocamentos) ou em áreas confinadas.
Pilha executada pelo Método Ascendente
A construção ascendente constitui a metodologia mais adequada, uma vez que
o comportamento geotécnico da estrutura pode ser bem acompanhado e
controlado ao longo dos alteamentos sucessivos.

3.5 Principais anomalia que podem ser detectadas em Pilha de Disposição


de Estéril
 Diversos tipos de anomalias podem acontecer ser detectadas nas
pilhas de disposição do Estéril como:
 Instabilidade: após a deposição do material nas pilhas de estéril pode
ocorrer erosões e assoreamento. Porém existem diversos meios de
evitar tal instabilidade;
 Poluição Química: devido a presença de elementos como arsênio e
metais pesados, as pilhas de estéril podem ser os motivos de
contaminação ambiental;
 Impacto visual: degradação visual da paisagem;
 Drenagem ácida: oxidação de minerais sulfetados em contato com o
ar e a água.

4. CONCLUSÃO
Diante deste trabalho, foi possível concluir que a Lavra de Mina a Céu Aberto
permite maior produção com menor custo e segurança nas operações. Além
de pontuar as principais características dos métodos de lavra. Também foi
possível analisarmos as principais características da Disposição de Estéril.
Etapa importante que requer diversos estudos para que ocorra de forma
segura e sustentável.

5. REFERÊNCIA
 https://blog.ofitexto.com.br/geologia-minas/classificacao-dos-
metodos-de-lavra-a-ceu-aberto/
 https://www.geoscan.com.br/blog/lavra-na-mineracao/
 https://cristaljr.com/lavra-a-ceu-aberto-conheca-esse-metodo-e-
10-incriveis-minas-pelo-mundo/
 https://professor.pucgoias.edu.br/SiteDocente/admin/arquivosUplo
ad/17430/material/GEO_II_13_Estabilidade%20de%20Taludes.pd
f
 https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/24815/24815_4.PDF

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