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UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MINAS GERAIS

Jéssica Mônica
Luana Ferreira
Vitor Pereira

Desenvolvimento de Mina Subterrânea

João Monlevade
2023
O que são minas subterrâneas

As minas subterrâneas são cavidades provenientes da extração mineral no subsolo


através do método de lavra subterrânea. Sua estrutura se apresenta em forma de túneis
e galerias, que por vezes são estreitos e extensos, podendo chegar a quilômetros de
profundidade.

O método de lavra subterrânea se conceitua em um conjunto de operações


coordenadas, que possui como objetivo a extração de minerais ou minérios no subsolo,
dispondo de transporte até o seu tratamento. Geralmente refere-se à extração de jazidas
em grandes profundidades.

Esse procedimento é realizado através do auxílio da topografia, para que haja abertura
dos famosos poços verticais, os quais darão o acesso a todos os equipamentos e
profissionais necessários para a retirada do minério. Com a abertura dos poços, ocorre
a abertura das galerias horizontais, onde será explotado o minério.

O método de lavra subterrânea refere-se à extração de minérios que são encontrados


em depósitos mais profundos, em rochas duras ou brandas bem consolidadas. Nesse
método, o minério deve ser delimitado via sondas por meio dos serviços de topografia.

Na lavra subterrânea o corpo mineralizado precisa ser muito bem delimitado, as suas
características precisam ser bem definidas por sondagens e galerias e o acesso é
normalmente feito por túnel, rampa ou poço.

O transporte até a superfície pode ser feito por gaiolas ou por skips. Desde a
profundidade de 600m podem ser utilizados caminhões, mas minas de pequena
profundidade como as de carvão de Santa Catarina utilizam correias, que é mais
econômico.

Além disso, a maioria dos equipamentos específicos utilizados nas operações


subterrâneas são importados e a ventilação nas pequenas minas é natural, mas para a
maioria delas são necessárias ventiladores e exaustores de grande potência.

Mineração Caraíba é um exemplo de mina que opera no modo subterrâneo.


Como saber o método de lavra a ser utilizado?

Para que ocorra a abertura de uma mina, ou seja, uma exploração mineral, existe um
conjunto de fases em sequência a serem seguidas, nas quais podemos resumir em:

 Pesquisa: onde ocorre a localização do minério;


 Prospecção: determina a extensão e valor do minério localizado;
 Estimativa dos recursos: extensão e teor do depósito;
 Planejamento: ocorre análise da parte do depósito economicamente
extraível. Esta fase é responsável pelo detalhamento de tudo que será
realizado nesse projeto.
 Estudo de viabilidade: avaliação geral do projeto onde ocorre a decisão
de iniciar ou abandonar a exploração mineral. A decisão se baseia no teor
do mineral;
 Desenvolvimento: nessa fase inicia a abertura dos acessos ao depósito
que será explorado;
 Exploração: ocorre a extração de minério em grande escala;
 Descomissionamento de mina: nesta etapa ocorre a desativação da mina
e o seu fechamento.
 Recuperação: conjunto de ações realizadas na zona afetada, de forma
que seja possível sua utilização no futuro para algum fim produtivo em
condições de equilíbrio ambiental.

Dessa forma, com os estudos na área a ser explorada, há diversas condições a serem
seguidas para a escolha de qual método de lavra vai ser utilizado em sua exploração.
São levadas em consideração questões econômicas, geológicas, ambientais, sociais,
políticas e tecnológicas.

Dentre alguns fatores essenciais na escolha do método, temos:

 Geometria do depósito;
 Características do minério como teor, disposição espacial, profundidade;
 Produtividade;
 Segurança;
 Considerações geotécnicas;
 Impactos ambientais;
 Viabilidade econômica;
 Operações de lavra.

Dessa forma, é notável que a escolha de um método envolve diversos fatores e um


grande estudo, de forma que a sua escolha gere grande produtividade e um bom retorno
econômico.
Por dentro de uma mina subterrânea

As operações de lavra são o conjunto de processos realizados para que seja realizada
com sucesso a extração mineral e seu transporte até o beneficiamento. Elas são
divididas em:

 Perfuração: processo em que o maciço é furado por uma máquina de


perfuração, o diâmetro, comprimento e distâncias entre furos são
previamente calculadas, a fim de introduzir os explosivos.
 Desmonte: procedimento onde há o preenchimento dos furos feitos no
processo de perfuração, com explosivos. Ocorre a detonação, gerando
fragmentos.
 Remoção: transporte do minério que foi fragmentado, por meio de
caminhões, vagonetas ou outro meio de transporte, até a instalação de
processamento, que geralmente é situada próximo da mina.

Os tipos de lavra subterrânea podem ser divididos em:

 Realce autoportantes: nas aplicações tradicionais parte do minério é


deixada como pilares de sustentação das paredes das encaixantes. É
utilizado principalmente quando existe uma grande continuidade e
homogeneidade de qualidade do minério a ser explorado, sendo
operações consideradas simples e extremamente produtivas.
 Abatimento: esse método recorre à gravidade e os níveis de pressão
situados em cima do bloco de minério. Utiliza-se dos explosivos ou da
retirada do terreno inferior ao maciço com forma de desprendê-lo. É
considerado um método de alta produtividade e baixo custo.
 Suporte das encaixantes: o suporte das paredes é feito pelo minério
desmontado dentro de realces ou por um material externo. É considerado
um método de alto custo e baixa produtividade, geralmente sendo usados
na exploração de minérios de alto custo unitário.

O beneficiamento em uma mina subterrânea.

Nem sempre os minerais que serão explorados se dispõem em locais sozinhos ou com
as características físicas desejadas, diante disso é necessário um conjunto de ações
que possibilite a forma necessária para que seja comercializado.

Este é descrito como o conjunto de operações realizadas após a lavra e transporte que
geram uma transformação no mineral extraído, com o propósito de aumentar a
qualidade e o teor dos minerais importantes, também os separando dos rejeitos e
estéreis.

De forma geral, os processos envolvidos no beneficiamento são:

Amostragem: se consiste em uma retirada representativa do depósito mineral, de forma


que possa avaliá-lo;

Fragmentação: nesse processo ocorre a diminuição de granulometria da amostra. São


usados britadores e moedores.
Classificação: ocorre a separação das partículas da amostra de acordo a sua
granulometria. Recorrem ao auxílio de peneiras, classificadores mecânicos e ciclone.

Concentração: fase em que há a separação dos minerais presentes na amostra,


aumentando seu teor. É nessa etapa em que a fragmentação se torna tão importante,
visto que, os minerais não devem se encontrar fisicamente unidos.

Ainda nessa etapa, há diversas técnicas utilizadas para realizar essa concentração, elas
vão de acordo com o mineral a ser separados. Dentre as técnicas temos:

– Flotação;

– Separação magnética;

– Separação gravítica;

– Hidro metalurgia e Eletro metalurgia;

– Lixiviação;

 Desaguamento: a água é retirada do minério, para gerar um produto com


baixa umidade. Também se encontram diversas técnicas como:

– Sedimentação;

– Filtragem;

– Centrifugação;

– Secagem;

 Disposição de rejeitos: nessa etapa, retira os minerais de baixo interesse,


considerados rejeitos do beneficamente, para um local reservado e
seguro.

Os impactos ambientais de uma mina subterrânea e como remediá-los.

Os impactos causados pela mineração são vastos e podem ser vistos em várias escalas
do micro ao macro. Dentre eles temos a remoção da vegetação ao redor, poluição
sonora e vibrações, bombeamento de água no subsolo causando rebaixamento dos
lençóis freáticos e águas subterrâneas, contaminação do solo e rios próximos além da
subsistência (afundamento) dos terrenos.

Existem diversas estratégias que visam à redução desses impactos e estas devem estar
descritas no projeto no momento de sua concepção e de acordo com a legislação
ambiental vigente.

Podemos citar as diversas medidas como a recarga artificial de aquíferos por injeção,
ações e pesquisas com o foco no reaproveitamento dos rejeitos provenientes dos
processos minerários, projetos de reabilitação das áreas degradadas com revegetação,
e claro, um monitoramento correto e periódico.
Métodos Utilizados

A lavra subterrânea possui métodos que são divididos em 3 grupos de acordo com a
forma de abertura de poços, túneis e galerias nas rochas encaixantes:

Métodos com realces autoportantes

Para esses tipos de métodos, costumam exigir, para a sua aplicação, elevada
continuidade e homogeneidade da qualidade do minério. Em geral são métodos de alta
produtividade que são empregados na lavra de minérios de menor valor unitário, pois a
recuperação é bastante comprometida pelo abandono dos pilares. Confira quais são os
métodos:

Câmaras e Pilares:

O transporte pode ser feito a partir dos próprios realces, por shutle cars descarregando
em correias transportadoras ou por vias de transporte abertas na lapa para este fim
através de caminhões ou trens que podem receber o material desmontado.

Método dos Subníveis:

Esse método permite grande variação em sua aplicação, razão da sua ampla utilização
no Brasil. Uma variante bastante popular é a conhecida como a do método dos subníveis
com furos longos, LHOS (long hole open stope), onde são usados furos de diâmetro
largo, 115mm ou 150mm, em geral descendentes e se tem entre dois e três sub-níveis
(um no piso e os demais no topo). O método é empregado no Brasil em vários locais
como por exemplo na Bahia e em Minas Gerais.

Recuo por Crateras Verticais (VCR – Vertical Crater Retreat):

esse método teve uma grande importância na mineração por ter permitido, pela primeira
vez, a recuperação de pilares aumentando as recuperações na lavra. Exige, antes, que
os realces sejam suportados com enchimento de rocha ou pasta com cimento. Além
disso, na aplicação do método, cria-se uma face livre horizontal e fazem-se as
detonações de cargas esféricas proporcionando a formação de efeitos crateras. Este
método desenvolvido pela INCO no Canadá foi experimentalmente aplicado na mina
Caraíba com consultoria sul-africana.

Métodos com realces das encaixantes

Nesse método, o suporte pode ser dado pelo minério, que pode ser deixado em
recalque, ou por material externo, que pode ser trazido aos realces. São métodos de
menor produtividade quando comparados com métodos com aberturas auto-portantes
em condições similares.

A menor produtividade se justifica em função dos desmontes menores (possibilitando


trabalhar com menores vãos), de um maior número de operações conjugadas e da
dificuldade própria de manuseio do minério em recalque ou do enchimento.
Em geral, são empregados em minérios de alto valor unitário, pois os custos com
enchimento e manutenção do minério em recalque são altos e a produtividade é baixa,
onerando a lavra. Confira quais são os métodos:

Recalque: é um método que não se presta bem à mecanização. É um método possível


de ser aplicado em realces de pequena espessura. A perfuração costuma ser feita
através de carretas de perfuração tipo jumbo ou mini jumbos, carretas tipo wagon drill,
eletrohidráulicas ou pneumáticas ou de marteletes pneumáticos. O transporte pode ser
feito por caminhões ou trens com vagões de pequeno porte. Quando são usados
caminhões, estes são rebaixados e articulados e variam em capacidade, de 15t até 20t
a 25t. Quando são usados trens, os vagões costumam ser do tipo gramby com 4t a 8t
de capacidade, em trens com 8 a 12 vagões por composição.

Corte e Enchimento: é um método que permite lidar com variações quanto à


continuidade e homogeneidade da qualidade do minério, provendo diluição e
recuperação aceitáveis. Caso o material de enchimento seja estéril (do desenvolvimento
ou outra fonte), configura-se o enchimento dito mecânico, que pode ser feito com ou
sem a adição de cimento. Quando o material de enchimento é o rejeito do
beneficiamento (backfill), cimentado ou não, configura-se o rejeito hidráulico.

Métodos com abatimento

São métodos que exigem, para a sua aplicação, continuidade e homogeneidade da


qualidade do minério e que a capa seja sempre suficientemente instável para
desmoronar, enchendo o espaço do minério que foi retirado.

São, em geral, métodos de alta produtividade, face à simplicidade das operações


conjugadas a serem empregadas. Normalmente, esses métodos são empregados em
minérios de menor valor unitário, pois a diluição costuma ser alta. A recuperação é
frequentemente comprometida pelo abandono de parte do minério onde a diluição é
maior. Confira quais são os métodos:

Abatimento por Sub-níveis: a perfuração é ascendente, feita, em geral, com furos de


diâmetro mais largo, entre 76mm e 102 mm. A carga e o transporte são feitos por
equipamentos semelhantes aos utilizados no método dos sub-níveis, com preferência
para os de maior porte, sempre que possível.

No Brasil, o emprego desse método ocorre nas minas de cromita da Mineração Vale do
Jacurici, em Andorinhas, Bahia. Foi adotado na Mina de Fazenda Brasileiro, de ouro, da
CVRD, em Teofilândia, também na Bahia, na porção mais superficial, onde se usou a
variante com recalque. O método vem sendo aplicado em algumas situações na Mina
Caraíba.

Abatimento por Blocos: a carga e o transporte são feitos por equipamentos


semelhantes aos utilizados no método dos sub-níveis, com preferência para os de maior
porte. É um método pouco popular, sendo usado por excelência nos pórfiros de cobre
do Chile. Não foi até agora empregado no Brasil. É o método que está sendo adotado
nas maiores minas do mundo como Palabowra, na África do Sul, e El Teniente, no Chile,
lavrando-se minérios com teores de 0,7 a 1,0% de cobre.

Longwall: é um método comum na lavra de carvão e de potássio para profundidades


maiores do que 300m. Há casos de utilização em mineração de ouro em rocha dura.
Este método só foi experimentalmente utilizado na lavra de carvão de Leão I, no Rio
Grande do Sul. Está havendo uma grande restrição dos órgãos ambientais no momento
de autorizar a aplicação do método devido a não se permitir subsidências.

Em outros países, inclusive Estados Unidos, a aplicação do método tem sido permitida
fazendo-se as proteções necessárias. O desmonte é feito com mineradores contínuos
ou a fogo, com o uso de equipamentos de perfuração de pequeno porte. A carga é feita
por transportadores de correntes que operam junto à face, alimentando correias
transportadoras ou shuttle cars dispostas nas travessas.

Diferenças entre a mina subterrânea e a mina a céu aberto

Nas minas subterrâneas o método de extração de rochas ou minerais necessitam de


túneis embaixo da terra, devido à profundidade que se encontram os recursos a serem
explorados.

Por outro lado, o método nas minas a céu aberto é realizado quando os materiais estão
próximos à superfície e não precisam de escavação e construção de túneis.

Bom, de fato essas atividades são semelhantes independentemente do tipo de mina a


ser usado em um território de exploração. Assim, a diferença está nas definições citadas
acima. Desse modo, é possível que os projetos da operação sejam totalmente
diferentes, isso porque lidar com minas subterrâneas requer avaliações especificas e
muito cuidado com a segurança dos trabalhadores.

Mina a céu aberto.

Principais minas subterrâneas do Brasil

Agora que você já conhece a lavra subterrânea, te apresento as minas subterrâneas do


Brasil. Elas são encontradas em diferentes estados, conheça a seguir algumas delas:
Mina Barão (Goiás)

A mina Barão é localizada em Campos Verdes – Goiás e tem passado por um processo
de reativação e extrai esmeraldas. O município é um dos com maiores reservas de
esmeraldas do país.

Complexo de Mineração Caeté (Minas Gerais)

O complexo de Mineração Caeté é composto por duas minas subterrâneas: Mina Roça
Grande e a Mina Pilar. Em ambas, a extração principal é o ouro.

Mina Urucum (Mato Grosso do Sul)

A Mina Urucum se localiza em Corumbá e, atualmente, pertence à mineradora Vale.


Tem como extrações principais o Minério de Ferro e o Minério de Manganês, sendo
apenas o segundo explorado por meio da lavra subterrânea. Além disso, é uma das
principais produtoras de manganês no Brasil.

Mina Caraíba (Bahia)

A Mina Caraíba está localizada na fazenda de Caraíba, em Jaguari. Tem uma mina
subterrânea operando há mais 40 anos, com foco na extração de cobre.

Mina do Barro Branco (Santa Catarina)

Localizada em Lauro Muller, a Mina do Barro Branco é explorada pela empresa


Carbonífera Catarinense e tem o foco no carvão mineral.

Escolha do método de lavra subterrânea de acordo com


as considerações importantes sobre a jazida
A seleção do método de lavra é um dos principais elementos, em qualquer análise
econômica de uma mina, e sua escolha permite o desenvolvimento da operação.
Comumente o método de lavra é designado como sendo a técnica de extração do
material. Isso define a importância de sua seleção, já que todo o projeto é elaborado em
torno da técnica utilizada para lavrar o depósito.

Ainda, os principais objetivos da seleção do método estão relacionados com os aspectos


ambientais, econômicos e sociais. O método deve ser seguro e produzir condições
ambientais adequadas para os operários; os impactos causados ao meio ambiente
devem ser reduzidos; o método deve permitir condições de estabilidade durante a vida
útil da mina, deve assegurar a máxima recuperação de minério com mínima diluição,
deve ser flexível para adaptar às diversas condições geológicas e à infra-estrutura
disponível e deve permitir atingir a máxima produtividade, reduzindo,
conseqüentemente, o custo unitário do minério.

São vários os métodos de lavra descritos por Hartman (2002) e Hustrulid (1982) e estes
são limitados pela disponibilidade e performance dos equipamentos e, como todos os
fatores que influenciam em sua seleção, devem ser avaliados levando-se em conta os
aspectos tecnológico, econômico, social, político e ambiental.

Nesse trabalho, a partir de um conhecimento melhor do comportamento do minério e


das encaixantes e a fim de se definirem parâmetros necessários ao dimensionamento
de uma eficiente operação subterrânea, foram selecionados os métodos de lavra
subterrâneos mais comuns. Pela aplicabilidade de cada método e características do
corpo mineralizado, dois métodos foram escolhidos e serão aplicados,
simultaneamente, ao desenvolvimento da mina subterrânea. Foram discutidos, também,
os principais motivos da utilização dos métodos e o porquê de suas aplicações, ao se
apresentarem os resultados do projeto de mina.

Elaboração do banco de dados geológico e modelagem do corpo mineralizado

Um banco de dados geológico consiste de um número de tabelas que contêm diferentes


dados, tais como identificação do furo, coordenadas do ponto de sondagem,
profundidade máxima, trajeto do furo, inclinação, azimute, litologias e teores para a
modelagem do corpo mineralizado. Esses dados constituem a base para estudos de
viabilidade e estimação de reservas minerais.

Nessa etapa, foi possível a realização de uma primeira aproximação das partes a serem
lavradas a céu aberto e subterrânea e, também, a seleção de possíveis métodos de
lavra de subsolo. Também foi possível obter o acesso ao corpo e foi possível elaborar
alternativas para o transporte do material de profundidade.

Projeto de infraestrutura da mina a céu aberto

Na parte aflorante do corpo mineralizado, iniciou-se uma mina a céu aberto em cava,
feita a partir de dados, como altura dos bancos, largura das bermas, ângulo de talude e
o gradiente da rampa.

Foram construídos segmentos de acordo com a altura dos bancos e com a largura das
bermas, procedimento repetido até a obtenção do modelo da cava final.

A tendência natural das minas a céu aberto, à medida que se desenvolve a lavra, é que
a cava se torne mais profunda, podendo-se atingir um limite econômico e técnico que
não permita o seu prosseguimento. Tornou-se necessária, dessa maneira, uma
transição para mina subterrânea, pois fatores técnicos e econômicos indicaram esse
tipo de mudança.

Foi definido o nível máximo de lavra a céu aberto, segundo estudos geomecânicos, e
foi deixado um pilar de coroamento para a abertura da mina subterrânea.

Projeto de infraestrutura da mina subterrânea

Após a modelagem do corpo mineralizado, de acordo com o banco de dados geológico,


e definidos os limites da cava a céu aberto, em relação a aspectos econômicos, de
segurança e ambientais, alocaram-se as vias de acesso principais para uma mina no
subsolo.

Foi utilizada uma rampa em ziguezague, como acesso principal, em detrimento da


helicoidal, de modo que a rampa fique sempre próxima ao corpo mineralizado,
facilitando o acesso aos níveis e até mesmo aos subníveis. O desenho da rampa foi
feito por um processo trabalhoso, pois o aplicativo não possuía ferramentas apropriadas
para confecção de rampas subterrâneas que acompanham o corpo mineralizado.

Com o uso de ferramentas de criar pontos por direção, distância e gradiente, foi feito
um ziguezague até a extensão final do corpo, para a construção da rampa de acesso
principal. Com o auxílio de circunferências, com raio igual ao raio mínimo da linha de
centro da rampa (20 m), foi feito o seu raio de curvatura.
A partir das coordenadas do ponto de locação do poço na superfície, traçou-se uma reta
central do poço vertical através de ferramentas do aplicativo de criação de pontos por
coordenadas. Esses pontos são: um na superfície e outro no fundo do poço. Com essa
linha, foi criado o sólido que representa o poço, de acordo com o modelo estabelecido,
que é um cilindro circular de diâmetro de 7 m, a partir da superfície até a profundidade
de 1140 m.

Para melhor operacionalização do método de lavra, a mina foi dívida em níveis, de


acordo com as propriedades in situ das rochas e, também, com base em métodos
empíricos de classificação dos maciços, como, por exemplo, o Método Escandinavo "Q
System" (Barton et al., 1974), o método de classificação geomecânica "RMR System"
(Bieniawski, 1989) e esta última classificação básica (in situ) foi, ainda, ajustada,
dependendo da orientação de juntas, grau de intemperização, tensões induzidas,
mudança de tensões em razão da lavra e efeitos da detonação.

Cada galeria foi criada a partir de uma linha central e de um modelo da seção transversal
escolhida para a sua forma. Com ferramentas de construção de segmentos, como, por
exemplo, por ângulo, por direção, por distância, gradiente, foram criadas galerias para
a ligação da rampa de acesso principal ao corpo mineralizado.

Semelhante à abertura do poço vertical, foram abertos os poços de ventilação e,


também, saídas de emergência do lado oposto ao da rampa, condição indispensável de
segurança operacional. As câmaras de refúgio, as estações de bombas e as
subestações elétricas foram desenhadas com base nas linhas paralelas e segundo a
largura desejada de dimensões do espaço requerido. Tudo isto foi elaborado a partir de
uma linha central. Através do desenho de outras linhas paralelas a estas e a uma cota
com distância igual à altura pretendida, têm-se as dimensões que formaram, por
triangulação, o sólido que representa essas aberturas.

Os alargamentos das vias de acesso principais (pass bay) destinados à manobra de


equipamentos foram feitos, estrategicamente, nos pontos com maior confluência de
trânsito.

Para um melhor entendimento de projeto de mina subterrânea, foi discutida, na


apresentação dos resultados, a necessidade de implementação de cada uma dessas
aberturas.

Modelagem de Blocos

O modelo de blocos é um banco de dados espacialmente referenciado para a estimação


de volume, tonelagem e para a definição da característica média das dimensões de um
corpo mineralizado. Todo esse processo foi feito a partir de dados de perfuração. As
propriedades modeladas foram os teores de ouro e de prata e, pelo Método do Inverso
do Quadrado da Distância, foram estimados tais teores. Isto foi obtido estimando e
fixando valores de atributos de dados de amostras que contêm coordenadas X, Y, Z e
os valores dos atributos de interesse.

A estimativa dos teores por profundidade e a consequente obtenção da tonelagem


possibilitaram um maior conhecimento das reservas e da distribuição espacial do
minério, com seus respectivos teores. Também permitiram refinar os estudos
preliminares de métodos de lavra e sua divisão em níveis e, principalmente,
possibilitaram elaborar uma análise econômica das diversas alternativas, conduzindo a
estudos de viabilidade.

Assim, foram efetuados cálculos (expressos por relatórios em planilhas eletrônicas) de


tonelagem e teores do corpo mineralizado total. A tonelagem e teores foram divididos
nas partes a serem lavradas a céu aberto, no subsolo e até em níveis e subníveis. Os
referidos cálculos servirão para definição de vida útil e fluxo de caixa do
empreendimento.

Conclusão
Vimos que a operação de uma mina exige grandes investimentos e envolve
conhecimento multidisciplinar e principalmente, a melhor escolha do método de lavra. A
decisão sobre o método está diretamente relacionada à qualidade da informação, que
é baseada no material que será lavrado e nas condições do projeto.

O desenvolvimento de uma metodologia, usando como ferramenta um aplicativo


comercial de mineração, para os serviços de desenvolvimento e lavra de mina, é muito
importante, uma vez que recursos computacionais permitem uma visualização espacial
do corpo mineralizado, fato que facilita o desenho das estruturas necessárias à lavra de
minério e a simulação/otimização do projeto mineiro.

Essa metodologia de desenho de mina com uso de aplicativos de mineração é de


grande valia também como instrumento didático para as disciplinas de Desenvolvimento
Mineiro e Lavra Subterrânea. A execução de exercícios acadêmicos práticos, propostos
por essa pesquisa, é o passo inicial para a difusão da prática de utilização das
tecnologias de última geração em termos de planejamento de lavra subterrânea, de
visão espacial de jazidas e modelo dos diversos serviços de desenvolvimento de uma
mina subterrânea.

Embora a definição de uma metodologia de lavra e/ou a sua otimização, por meio de
aplicativos para mina subterrânea, seja menos simples do que para minas a céu aberto,
os recursos computacionais usados, na pesquisa, mostraram que é possível adaptar o
aplicativo à configuração de mina subterrânea, mas se registra a necessidade de criação
de ferramentas específicas que facilitem a aplicação a corpos em profundidade.

Os dados utilizados nas decisões a cada passo do projeto levaram em conta situações
reais de minas subterrâneas conhecidas e simulações importantes foram realizadas
como a transição para uma mina subterrânea e decisão de aprofundamento de acesso
existente ou construção de outro com geometria diferente.

Referencias Bibliográficas
https://cristaljr.com/lavra-subterranea/
https://www.scielo.br/j/rem/a/Z9zwb6RGHCZtTJytJkMgYGj/?lang=pt
https://cristaljr.com/lavra-subterranea-2/

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