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SUMÁRIO
1. Apresentação 04

2. Identificação 06

3. Alternativas Locacionais e Tecnológicas 08

4. Caracterização do Empreendimento 18

5. Áreas de Estudo 30

6. Diagnóstico 38
6.1. Meio Físico
6.2. Meio Biótico
6.3. Meio Socioeconômico

7. Avaliação dos Impactos Ambientais 80

8. Área de Influência 96

9. Programas Ambientais 104

10. Conclusão 112

11. Equipe Técnica 114

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Este Relatório de Impacto Ambiental (Rima) apresenta,
de forma simples e objetiva, as principais informações
e resultados obtidos no Estudo de Impacto Ambiental
(EIA) da Linha de Transmissão (LT) 500kV SE Serra do
Tigre Sul - SE Santa Luzia II, empreendimento entre os
estados da Paraíba (PB) e do Rio Grande do Norte (RN).

O conteúdo do EIA e de seu respectivo Rima foi


desenvolvido conforme as orientações do órgão
licenciador competente, o Instituto Brasileiro do
Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
(Ibama), a partir do levantamento de dados
primários e secundários da Área de Estudo (AE) do
empreendimento e de acordo com as informações
do projeto de engenharia desenvolvido pela empresa
responsável pelas obras, a Casa dos Ventos.

Neste Rima, estão apresentadas informações técnicas


de forma simples, direta e com auxílio de recursos
visuais para o público geral. São demonstradas também
a sua importância para a Região Nordeste e o país,
as características sociais e ambientais da área de
instalação e as atividades a serem realizadas durante
as etapas de planejamento, construção e operação.
Também estão apresentados os prováveis impactos
ambientais e sociais decorrentes dessas etapas, bem
como os planos propostos a fim de evitar, minimizar,
controlar ou compensar os impactos negativos, ou
ainda potencializar os positivos.

O EIA e o Rima estão disponíveis para a consulta de


toda a população. Venha conhecer mais sobre a LT
500kV SE Serra do Tigre Sul - SE Santa Luzia II.

Boa leitura!

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Nos quadros a seguir, são apresentadas as informações
de identificação do empreendedor e da consultoria
responsável pelos estudos ambientais.

EMPREENDEDOR
Razão Social Ventos de Santa Bertilla Energias Renováveis S.A.
Número do CNPJ 42.740.786/0001-23
Cadastro Técnico Federal (CTF) 8149502
Representante Legal / Procurador Tauries Nakazawa
(11) 9 5827-0220
tauries.nakazawa@casadosventos.com.br

Endereço para correspondência Rodovia Doutor Mendel Steinbruch, 10.800, Distrito


Industrial, Maracanaú (CE). CEP: 61.939-906

Telefone (85) 3034-9720


E-mail ambiental@casadosventos.com.br

EMPRESA RESPONSÁVEL PELA ELABORAÇÃO DO ESTUDO


Razão Social WSP Brasil Consultoria Ltda.
Número do CNPJ 01.766.605/0001-50
Cadastro Técnico Federal (CTF) 23917
Representante Legal / Procurador Lucila Cavalari D’Alkmin Telles Feldberg
Avenida Ibirapuera, 2315, 6º andar, Indianópolis, São
Paulo (SP). CEP: 04.029-200
(11) 3531-8100
lucila.telles@wsp.com

Paulo Mário de Araújo Correa


Avenida Presidente Wilson, 231, 13º andar, sala 1301,
Centro, Rio de Janeiro (RJ). CEP: 20.030-021
(21) 2108-8741
paulo.mario@wsp.com

Endereço para correspondência Avenida Presidente Wilson, 231, 13º andar, sala 1301,
Centro, Rio de Janeiro (RJ). CEP: 20030-905

Telefone (21) 2108-8700


E-mail ebr_contato@wsp.com

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O estudo apresenta as alternativas para a melhor localização do
empreendimento, bem como as tecnologias a serem consideradas para o
projeto da LT 500kV SE Serra do Tigre Sul - SE Santa Luzia II.

LOCALIZAÇÃO

Para a instalação de um empreendimento, é preciso escolher o local onde:

• Os impactos gerados pelas obras interfiram o mínimo possível nas


características existentes;

• As condições sejam viáveis para a sua construção em termos de


segurança e custos.

Assim, são avaliadas alternativas de localização considerando distâncias


para áreas habitadas, protegidas por leis ambientais, como Unidades de
Conservação (UCs) e Áreas de Preservação Permanente (APPs), ocupadas
por populações tradicionais (quilombolas, indígenas etc), bem como o
tamanho da LT e os acessos disponíveis, entre outros fatores.

As Alternativas de LT avaliadas foram:

Alternativa 1 – traçado inicial elaborado pela equipe de


Engenharia. Desvia de comunidades quilombolas e UCs,
possui maior extensão e se sobrepõe a propriedades,
edificações e outros empreendimentos de energia.

Alternativa 2 – traçado encaminhado ao órgão


ambiental quando foi solicitado o pedido de
licenciamento da LT. Apresenta melhorias ao desviar
de pontos sensíveis identificados na vistoria técnica
realizada pela Consultoria Ambiental na região,
desviando, sempre que possível, de aglomerados
urbanos, empreendimentos energéticos e APPs.
Unidades de
Conservação (UCs) -
Alternativa 3 – incorpora melhorias na alternativa
Ver página 54.
2 ao propor novas localizações de torres de energia,
reduzindo interferências em recursos hídricos e APPs, Áreas de Preservação
além de minimizar sobreposição com outros projetos Permanente (APPs) -
energéticos. Ver página 61.

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Para a escolha do melhor local, Cobertura vegetal é a presença de vegetação (árvores, arbustos, gramas e
foram analisados os seguintes forrações) em uma área.
elementos sociais, ambientais e Áreas Prioritárias para Conservação da Biodiversidade (APCs) - Ver
técnicos: página 54.

Zonas de Amortecimento e Áreas de Entorno são aquelas ao redor de


uma UC.
1. Cobertura vegetal - Formação 21. Bens tombados
Savânica Reservas Legais Averbadas (RLs) são áreas no interior de propriedades
22. Sítios arqueológicos ou de posse rural que possua cobertura vegetal nativa e registro (Cadastro
2. Cobertura vegetal – Formação Ambiental Rural).
Campestre 23. Comunidades Quilombolas
Reserva da Biosfera é um instrumento de conservação que favorece
24. Terras Indígenas a descoberta de soluções para problemas como o desmatamento das
3. UCs
florestas tropicais, a desertificação, a poluição atmosférica, o efeito estufa,
25. Assentamentos Rurais entre outros.
4. Áreas Prioritárias para
Conservação da Biodiversidade Geoparques surgem no fim do Século XX como resposta à necessidade de
26. Pequenas propriedades rurais
(APCs) melhorar e conservar áreas com importância geológica.

27. Áreas produtivas Unidades de Geoturismo são espaços voltados ao turismo sustentável que,
5. Zonas de Amortecimento e Áreas
de Entorno a partir da educação e interpretação ambiental, servem para sensibilizar os
28. Adensamentos populacionais turistas sobre a necessidade de conservar elementos da geodiversidade.
6. APPs 29. Áreas de expansão urbana Cursos d’água são quaisquer corpos de água fluente, como rios, riachos,
córregos etc.
7. Reservas Legais Averbadas (RLs) 30. Edificações
Corpos d’água são acumulações significativas de água, como os oceanos,
8. Reserva da Biosfera 31. Áreas urbanizadas mares, lagos etc.

9. Geoparques 32. Eixos viários Declividade é a inclinação da superfície do terreno na horizontal; Descida.

10. Unidades de Geoturismo 33. Empreendimentos lineares Atividades minerárias consistem na extração e beneficiamento de
minérios.
11. Áreas de interesse para a Avifauna 34. Parques eólicos e solares
Cavidades naturais são cavernas ou grutas.
12. Cursos d’água 35. Paralelismo com LTs Espeleológico é aquilo que deriva das áreas com a presença de muitas
13. Corpos d’água cavernas ou grutas.
36. Extensão da LT
Sítios paleontológicos são áreas historicamente propícias à formação e
14. Nascentes 37. Torres de energia preservação de fósseis.
15. Regiões de elevada declividade Geossítios são áreas delimitadas que reúnem formações geológicas com
valor ecológico, cultural, científico e turístico.
16. Atividades minerárias
Bens tombados são aqueles com reconhecimento e proteção do
17. Cavidades naturais patrimônio cultural federal, estadual e/ou municipal.

18. Áreas de Alto a Muito Alto Sítios arqueológicos são locais onde se encontram vestígios antigos de
potencial espeleológico ocupação humana.

19. Sítios paleontológicos Parques eólicos e solares são empreendimentos energéticos que exploram
a energia dos ventos e a energia solar de uma determinada região.
20. Geossítios

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O quadro a seguir sintetiza os
resultados da análise, considerando
os resultados já balanceados na
Matriz de Alternativas.

Resultado Final Resultado Final


Critérios Critérios
Alternativa 1 Alternativa 2 Alternativa 3 Alternativa 1 Alternativa 2 Alternativa 3
Cobertura vegetal nativa passível de su- 3,00 1,00 2,00 Sobreposição com sítios paleontológicos (n°) * 0,00 0,00 0,00
pressão (em hectares) - Formação Savânica Sobreposição com geossítios (n°) * 0,00 0,00 0,00
Cobertura vegetal nativa passível de su- 0,50 1,00 1,50 Sobreposição com bens tombados dentro de 3,00 0,00 0,00
pressão (hectares) - Formação Campestre 500 metros (n°)
Área sobreposta a UCs de Uso Sustentável 0,00 0,00 0,00 Sobreposição com sítios arqueológicos (n°) * 0,00 0,00 0,00
(em hectares) * Sobreposição com Terras Indígenas até 5 km 0,00 0,00 0,00
Área sobreposta a Zonas de Amortecimento 0,00 0,00 0,00 (nº) *
ou Áreas de Entorno (em hectares) * Sobreposição com Comunidades 0,00 3,00 3,00
Área sobreposta a APP (em hectares) 1,00 3,00 2,00 Quilombolas até 5 km (nº)
Sobreposição com APCs (n°) 0,00 1,50 1,50 Área sobreposta a Assentamentos Rurais (nº) * 0,00 0,00 0,00
Sobreposição com RLs (n°) 3,00 0,00 0,00 Sobreposição com pequenas propriedades 1,50 0,50 1,00
rurais (n°)
Área sobreposta à Reserva da Biosfera (em 1,50 0,50 1,00
hectares) Sobreposição com áreas produtivas (em 1,50 1,00 1,00
hectares) - Classe Pastagem
Área sobreposta a Geoparques (em hectares) 2,00 3,00 3,00
Adensamentos populacionais até 2,5 km (nº) 1,50 1,50 1,50
Sobreposição com unidades de geoturismo 3,00 3,00 3,00
dentro de 1 km (n°) Áreas de expansão urbana sobrepostas 1,50 0,00 0,00
(Vetores de Crescimento) (em hectares)
Sobreposições com áreas de interesse para a 2,00 3,00 3,00
Avifauna (n°) Edificações sobrepostas (nº) 1,50 1,00 0,00
Sobreposição com corpos d' água (n°) 1,00 3,00 2,00 Áreas urbanizadas sobrepostas (em hectares) * 0,00 0,00 0,00
Sobreposição com cursos d' água (n°) 1,00 3,00 2,00 Número de vias existentes a 1 km (n°) 1,00 2,00 2,00

Sobreposição com nascentes (n°) 2,00 3,00 3,00 Travessias com empreendimentos lineares 1,50 1,00 1,00
(n°)
Sobreposição com regiões de elevada 0,00 0,00 0,00
declividade (em hectares) Travessias com parques eólicos e solares (n°) 1,50 1,00 0,50

Área sobreposta a atividades minerárias (em 1,50 0,50 1,00 Paralelismo com LTs existentes (km) * 0,00 0,00 0,00
hectares)
Extensão total da LT (km) 1,50 0,50 1,00
Sobreposição com cavidades naturais até 0,00 0,00 0,00
Total de torres (n°) 1,50 1,00 0,50
250 metros (n°) *
TOTAL 40,50 39,50 38,00
Sobreposição com áreas de alto a muito alto 1,50 1,50 1,00
potencial espeleológico (em hectares)

* Não foram identificadas interferências geradas pelas alternativas nos 11 critérios destacados. * Não foram identificadas interferências geradas pelas alternativas nos 11 critérios destacados.

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Após a análise, houve a seguinte conclusão: ALTERNATIVAS LOCACIONAIS

De forma geral, APPs, recursos hídricos (corpos d’água, cursos d’água,


nascentes etc), geoparques e áreas de interesse para Avifauna, potencial
espeleológico, vias existentes e empreendimentos lineares apresentam
interferências próximas em todas as alternativas;

As Alternativas 2 e 3 apresentam resultados semelhantes entre os critérios


analisados, visto que há maior paralelismo entre estas;

A Alternativa 1 se diferencia de maneira mais evidente e se sobrepõe de


forma mais significativa com edificações, além de maiores intervenções
em cobertura natural nativa passível de supressão, RLs, atividades
minerárias, propriedades rurais, pastagem, áreas de expansão urbana,
empreendimentos lineares, parques eólicos e solares, e bens tombados;

Os desvios específicos da Alternativa 3 evidenciam melhorias na travessia


que resultaram em menores sobreposições com critérios do Meio Físico,
Socioeconômico e aspectos do projeto.

Assim, a Alternativa 3 foi escolhida como a melhor opção para o traçado


da LT 500kV SE Serra do Tigre Sul - SE Santa Luzia II.

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TECNOLOGIA

Para a análise das tecnologias empregadas


no projeto, foram consideradas alternativas
associadas ao (i) nível de tensão, (ii) rede aérea ou
subterrânea, (iii) tipo de condutor, (iv) família de
torres e (v) meios para lançamentos de cabos.

Nível tensão: escolha do nível de tensão no


ponto de conexão na SE Santa Luzia II de 500kV,
pela melhor viabilidade econômica e otimização da
área diretamente afetada em comparação com a
conexão de 138kV;

Rede: optou-se pela rede aérea diante


das características da região (geológica,
topográfica, cursos hídricos, etc) e pela
inviabilidade econômica, devido ao elevado
custo de isolamento dos cabos subterrâneos
neste nível de tensão;

Cabo condutor: determinou-se um cabo


condutor que atende aos requisitos técnicos
para o nível de tensão sem limitações e investimento
adicional (“Condutor com quatro cabos por fase,
sendo cada cabo de CAL Liga 1120 838 MCM (37 fios)
em feixe simétrico de 457 mm”);

Torres: família de torres metálicas, pela melhor


forma de implantação e logística, além de ser
possível adotar tipos de torres diferentes para
trechos específicos - estaiada ou autoportantes
- dependendo da característica do trecho,
reduzindo o impacto ambiental;

Lançamento de cabos: optou-se pelo


lançamento de cabos pelo sistema tradicional
(por operadores), visto que não há restrições
físicas e, na região, a vegetação é de pequena altura.

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Linha de Transmissão (LT) é um sistema de transporte
de energia elétrica por meio de cabos de alta tensão
sustentados por torres. A energia sai de uma fonte
geradora como, por exemplo, as usinas eólicas, passa por
Subestações (SEs) e é distribuída para lugares onde há o
consumo – indústrias, residências, hospitais etc.

As LTs são compostas por torres e cabos condutores


que ficam suspensos. Toda LT leva energia de uma
subestação a outra. Essas estruturas, por sua vez, são
construções especiais, capazes de regular e direcionar
o fluxo de eletricidade nos cabos. Recebe a energia das
fontes geradoras para enviá-la às outras LTs ou às redes
de distribuição locais que, por fim, a repassam em menor
tensão aos consumidores para o uso.

Tais infraestruturas são importantes para a confiabilidade


do Sistema Interligado Nacional (SIN), compensando
variações na demanda de eletricidade por meio do
redirecionamento de energia e, desta forma, diminuindo
o risco de apagões. A LT 500 kV SE Serra do Tigre Sul – SE
Santa Luzia II tem o objetivo de transmitir e ampliar a
oferta de energia da rede básica do SIN pela integração
das usinas eólicas instaladas e projetadas na Região
Nordeste do Brasil.

18 19
LOCALIZAÇÃO
LOCALIZAÇÃO

O empreendimento está UF Município Extensão (km)


localizado na Região Nordeste
PB Frei Martinho 22,24
do país, percorrendo parte de
dez municípios, sendo três no PB Santa Luzia 16,70
Estado da Paraíba e sete no Rio PB São José do Sabugi 10,74
Grande do Norte. O quadro ao
Total 49,68
lado apresenta os municípios
e a extensão de cada território RN Acari 4,57
interceptado. RN Carnaúba dos Dantas 16,62
RN Currais Novos 17,34
RN Jardim do Seridó 14,33
RN Ouro Branco 1,62
RN Parelhas 0,87
RN Santana do Seridó 9,3
Total 64,65
Extensão total 114,33

Alternativas de Traçado
Para determinar o melhor caminho por onde a LT
passará, foi importante avaliar diversos fatores a
partir do Estudo de Alternativas de Traçado. Essa
análise buscou minimizar os impactos da obra
sobre Populações Tradicionais, centros urbanos,
Áreas de Preservação Ambiental (APAs), UCs,
cavernas/cavidades, bem como reduzir os custos
do empreendimento, avaliando os tipos de solo, os
acessos disponíveis e o tamanho da LT como um todo.

20 21
AS ETAPAS DE CONSTRUÇÃO DA LT
Características do Projeto
A LT 500 kV SE Serra do Tigre
A construção de uma LT é organizada em diversas etapas, que vão desde a
Sul – SE Santa Luzia II apresenta
preparação para o início do trabalho, passando pela montagem das torres até
extensão total de cerca de 114,33
a checagem final de toda a estrutura construída. Nos próximos itens, serão
km. Começa na SE Serra do Tigre
apresentadas as etapas mais importantes para o público em geral.
Sul e tem a função de suprir a
SE Santa Luzia II por meio de
um circuito trifásico com Tensão
Máxima operativa (Vmax) de Topografia e Cadastramento
550 kV. Este Rima descreve as de Propriedades
características técnicas da LT, dos Ainda nas fases preliminares à
cabos condutores e dos para-raios instalação, equipes percorrem
no quadro a seguir.
Mobilização
o traçado da LT para levantar
informações relevantes à obra. Para a implantação da LT haverá,
O empreendimento possui
A topografia faz medições do inicialmente, a mobilização para
sistemas de proteção para-raios,
terreno, identificando locais mais execução dos trabalhos preliminares,
instalados ao longo de toda a LT.
adequados para as torres, com aqueles que dão suporte ao
Desse modo, ela opera com toda
prioridade para zonas estáveis, desenvolvimento dos serviços
segurança, não existindo risco de
evitando regiões alagadas e principais. As tarefas a serem
descargas elétricas atmosféricas
inundáveis e áreas de preservação. executadas na fase de implantação
causarem danos às estruturas.
A equipe de fundiário reconhece consistirão em preparar a logística,
e cadastra as propriedades por contratar mão de obra, instalar as
onde passará a LT, evitando, áreas dos canteiros de obras, liberar
assim, intervenções em casas a faixa de servidão e de serviço,
Características Descrição e benfeitorias, e calculando construir as vias de acesso, montar as
indenizações para liberação de torres, lançar os cabos, comissionar,
Extensão (km) 114,33 entre outras providências.
áreas para a obra.
Largura da faixa de servidão (m) 60
Área Diretamente Afetada (ADA) (em hectares) 733,192
Largura da Faixa de Serviço (m) 4
Contratação de Mão de Obra
Tipo de Estruturas (Torres) Estaiada e Autoportante Existe a previsão de que a mão de obra a ser utilizada na
Nº de estruturas 231 implementação da LT conte com cerca de 512 profissionais
em seu pico da construção, coincidindo com a semana 35 de
N° de estruturas autoportantes 188
atividades, no nono mês de implantação da LT.
N° de estruturas estaiadas 43
Para formar a equipe de trabalhadores não especializados,
Altura Máxima das Estruturas (m) 55,5
será priorizada a contratação de mão de obra local, visando
Dimensões das Praças de Torres (m) 50x50 autoportantes e 60x60 estaiadas minimizar a instalação de trabalhadores de outras localidades
Distância média entre as torres (m) 500 na região.
Nº de Cabos Para-raios ao longo da LT 2
Quando admitidos, todos os trabalhadores serão submetidos
Tipos de Cabo Para-raios CAA Dotterel, Aço Galvanizado 3/8” EHS, a treinamento adequado visando o seu comprometimento
OPGW 15,5 mm, OPGW 12,4 mm com as questões pertinentes às suas tarefas e, ainda, à
conscientização sobre os cuidados ambientais, sociais e de
saúde/segurança nas obras.

22 23
Canteiro de Obras Abertura de Faixas e Áreas das Torres
São as primeiras estruturas montadas para a instalação Para construir as torres e instalar os cabos da LT, é preciso abrir
de uma LT e funcionam como base para várias atividades. espaços delimitados para posicionar os equipamentos e o
Nos canteiros de obras, é realizado o gerenciamento trabalho das equipes.
do projeto, são guardados os equipamentos principais,
maquinários e veículos, são armazenadas as estruturas É preciso abrir o espaço onde a LT será construída. Para tanto, é
metálicas e os cabos da LT e são dispostos os espaços realizado o cadastro fundiário de cada propriedade atravessada
de apoio aos trabalhadores das obras, que variam, mas pela LT, o processo de negociação junto aos proprietários e, uma
podem englobar escritório, cozinha, refeitório, área de vez efetuada a indenização, será instituída a Faixa de Servidão.
vivência, alojamento, banheiros, entre outros.
• Faixa de Servidão
Além disso, nos canteiros podem ser desenvolvidas
atividades de apoio na construção da LT, como pequenas Conforme cálculos realizados, terá a largura de 60
soldagens e preparação de materiais. Para implantar a metros, de forma que atenda à base da estrutura e ao
LT 500 kV SE Serra do Tigre Sul – SE Santa Luzia II, estão ângulo de balanço da cadeia de isoladores das torres.
previstos três canteiros de obras, sendo um dentro da O objetivo da determinação da largura da faixa é
área da SE Santa Luzia II, outro em Carnaúba dos Dantas conferir se a extensão, estabelecida por questões
(RN) e o terceiro próximo à SE Serra do Tigre Sul. Cada ambientais, é suficiente para os requisitos desta LT.
área prevista terá a dimensão de 7,8 mil m².

Acessos
Para chegar aos locais onde serão construídas as
torres, a prioridade é usar as ruas, estradas ou rodovias O que é permitido na
existentes, sejam elas municipais, estaduais ou federais. faixa de servidão:
Em algumas áreas, pode ser necessário abrir novos 60 m
acessos para a chegada dos equipamentos. Cultivar espécies de pequeno
porte que não ultrapassem três
Quando for preciso utilizar estradas em áreas metros de altura;
particulares, a equipe solicitará autorização ao cultivar cítricos e hortaliças;
proprietário previamente. Os novos acessos deverão O que é proibido na
implantar vias de acesso respeitando a faixa de servidão:
possuir uma largura de três metros. A concessionária é
distância mínima de segurança para a LT;
responsável pela manutenção e correção de eventuais
danos às estradas utilizadas como acessos devendo, criar gado solto no pasto; Plantar árvores de grande porte,
como eucalipto, acácia, pinheiro,
ao final das obras, deixá-las em condições iguais ou instalar cercas de arame, porteiras de cana-de-açúcar, capim colonião e
melhores do que as encontradas antes da construção. acesso e açudes mediante consulta à culturas que necessitem queimadas;
equipe de manutenção.
realizar queimadas;

• Sinalização construir benfeitorias ou edificações;


depositar materiais inflamáveis ou
Placas de sinalização serão instaladas nas regiões mais explosivos;
próximas à LT, indicando a localização das torres e
fazendo advertências de perigo em estruturas situadas utilizar como área de lazer, recreação
ou outras atividades que impliquem
em locais de fácil acesso, buscando a segurança física
permanência constante de pessoas
dos trabalhadores e da população local. sob a LT.

24 25
• Faixa de Serviço

É necessária para deslocamento de veículos,


maquinários e passagem dos cabos no
eixo da LT. Para a Faixa de Serviço, está 4m
sendo adotado dois metros de largura para
cada lado do eixo da LT, totalizando quatro
metros, onde é realizada a supressão total
da vegetação existente, por questão de
segurança elétrica.
• Montagem das Torres

Após a concretagem, se inicia a


montagem de torres dentro da área
definida, adotando-se os devidos
• Áreas de Torre
procedimentos e recomendações
Na Faixa de Servidão são abertos espaços para as ambientais e de segurança. As torres
torres que sustentam os cabos, as áreas de torre. São podem ser montadas manualmente
locais mais amplos, onde ficam as torres, que também (peça por peça) ou erguidas inteiras
passam por supressão total da vegetação. Neste por guindaste, de acordo com as
empreendimento, estão previstas áreas de 2,5 mil m² condições do local. Nas proximidades de
(50 x 50 metros) para as torres autoportantes e 3,6 mil áreas povoadas, serão providenciadas
m² (60 x 60 metros) para as torres estaiadas. as proteções adequadas para evitar
acidentes, como tapumes, cercas
isolantes e sinalizações, por exemplo.

• Lançamento dos Cabos

Os cabos principais chegam à praça


50 x 50 m 60 x 60 m de lançamento enrolados em grandes
bobinas (carretéis). O cabo piloto é Processos erosivos ou
lançado primeiro e, por meio dele, serão simplesmente erosão, são
• Construção das Fundações das Torres conduzidos os cabos principais, com resultado do desgaste do solo e
dois equipamentos especiais chamados das rochas pela ação da chuva e
Após as áreas terem sido abertas, é preciso realizar escavações onde puller e freio. dos ventos.
serão construídos os apoios que ficarão enterrados no chão para
Cavas de fundação são as
a implantação das torres. Medidas para contenção de processos O puller serve para puxar os cabos,
aberturas feitas no solo pelas
erosivos e proteção de áreas no entorno das cavas de fundação enquanto o freio segue desenrolando escavações para dar espaço à
deverão ser tomadas enquanto elas permanecerem abertas. os cabos principais de suas bobinas, até concretagem das fundações e
que estejam corretamente posicionados posterior montagem das torres.
Após abrir o espaço para as fundações, será instalada uma estrutura na torre. Para diminuir o desmatamento
de concreto que firmará a base das fundações das torres. Todo o na faixa de servidão, é realizado o Puller é o maquinário integrado
cuidado será tomado para que não haja contaminação do solo a um sistema de cabos de aço e
lançamento tensionado, com os cabos
polias. Puxa os cabos condutores
durante o manuseio de concreto. sempre acima do solo. até sua posição correta nas torres.

26 27
Comissionamento Quanto Tempo de Obra?
Depois que os cabos estão devidamente conectados, toda a LT passa por As atividades de implantação do projeto estão previstas
uma “revisão geral” (comissionamento) para verificar se as torres estão em para durar cerca de 14 meses. É importante destacar
condições adequadas, se as cercas próximas foram aterradas, se todos os que esse planejamento pode sofrer alterações de acordo
resíduos ou restos de materiais de construções foram recolhidos, se qualquer com o processo de licenciamento ambiental ou algum
dano às propriedades foi corrigido, se as áreas degradadas foram recuperadas imprevisto enfrentado nas demais fases.
e, ainda, identificar qualquer pendência ambiental ou condição de risco,
seja à LT ou à população. A LT entra em funcionamento somente após o
comissionamento e a obtenção da Licença de Operação (LO).

Todas as cercas de arame que passam sob a LT ou que


A Operação do Empreendimento
passam na sua Faixa de Servidão recebem dispositivos de
segurança para prevenir o risco de choques elétricos. Em A operação e manutenção da LT iniciará após a obtenção
intervalos regulares, são instalados seccionadores, pequenas da LO. As principais ações realizadas durante a operação
peças que dividem o arame em segmentos para que não e manutenção de uma LT são referentes às inspeções
conduza eletricidade. Além disso, também são instalados periódicas aéreas e terrestres, verificando a integridade
aterramentos para dispersar as descargas elétricas, sem das estruturas das torres e dos cabos, e o respeito às
colocar pessoas, animais ou maquinários em risco. restrições na Faixa de Servidão.

Qualquer problema identificado nestas inspeções será


corrigido por equipes especializadas que acessam, por
• Desmobilização das Obras
terra, o local onde será realizada a manutenção. Estão
Os materiais excedentes das obras poderão ter destinos diferenciados, incluídas nessa manutenção regular as estradas de
considerando aqueles que podem ser removidos sem aproveitamento, acesso às torres e a Faixa de Servidão. No caso das SEs, as
com aproveitamento parcial ou total, dependendo da sua natureza. Como principais ações de manutenção se referem às inspeções
exemplos desses materiais, podem ser citados a brita do pátio, alambrados, contínuas das condições de operação e substituição
cercas, portões, grama, blocos intertravados de concreto, suportes de rotineira de peças e equipamentos.
equipamentos metálicos ou de concreto pré-moldados etc.

Ao final da etapa construtiva, será procedida a desmobilização dos canteiros


e a limpeza da obra. As áreas internas e externas ao pátio, as calçadas, os
bueiros e caixas de passagem serão limpas, bem como as suas adjacências.
Todo o entulho, quando não reaproveitado, será removido para aterro
sanitário licenciado.

• Recuperação das Áreas Degradadas

A recuperação contempla o desmonte das estruturas, coleta de resíduos,


esgotamento de fossas, além da estabilização e revegetação de áreas que
não serão mais usadas na operação da LT. A desmobilização dos canteiros
de obras contemplará a destinação adequada de equipamentos e materiais,
bem como a limpeza e a recuperação da área onde foi instalado, de modo
que o terreno no local recupere as suas características originais. Também
serão recuperadas as áreas pertinentes aos acessos provisórios. Essas áreas
abertas exclusivamente para fins construtivos não serão utilizadas durante a
operação da LT e poderão ser desativadas logo que as obras acabarem.

28 29
É um espaço definido para a realização de caracterizações da flora
e da fauna, de áreas ambientalmente protegidas, dos elementos
naturais e dos aspectos sociais, econômicos e culturais existentes
em uma determinada região. São aquelas com potencial de
impacto pelas alterações geradas pelo empreendimento.

A definição das Áreas de Estudo (AEs) se deu a partir da


delimitação da Área Diretamente Afetada (ADA) e de corredores
de 5 km e 2,5 km ao redor desta área, os quais abrangem o
empreendimento em si e os acessos passíveis de serem utilizados.

ADA Serra do Tigre


Superfícies destinadas à implantação da LT 500kV SE Serra do Tigre
Sul - SE Santa Luzia II e todas as suas estruturas associadas:

• Faixa de Servidão -
60 m (30 m para
cada lado da LT)

• Faixa de Serviço -
4 m (2 m para cada
lado da LT)

• Praças de Torre
(com dimensões variáveis, em geral
50 m x 50 m e 60 m x 60 m)

• Praças de Lançamento (4 metros por 4 metros)

• Bay de conexão na SE Santa Luzia II (com 5,1642 ha);

• Faixa de Acessos (4 metros)

• Canteiros de Obras (3 canteiros com área total de 2,3400 ha)

• Bota-fora (29 áreas de bota-fora, totalizando 1,3050 ha)

30 31
ÁREAS DE ESTUDO DEFINIDAS
ÁREA DIRETAMENTE AFETADA (ADA)

Meio Físico
• Área de Estudo Geral

Corresponde à delimitação natural de bacias hidrográficas


interceptadas pelo corredor de 5km ao redor da ADA, em
associação com os limites do Geoparque Seridó.

• Área de Estudo Espeleológico

A AE relacionada ao estudo de cavernas corresponde a


uma faixa de 250 metros ao redor da ADA.

Meio Biótico
Corresponde à delimitação natural de bacias
hidrográficas interceptadas pelo corredor de
5km ao redor da ADA, incluindo:

• Áreas de Concentração de Aves abrangidas


pelas microbacias;

• Limites de um Refúgio de Vida Silvestre,


em criação, e sua respectiva Área de
Entorno (3 km ao redor da UC);

• Áreas Prioritárias para Conservação (APCs) Bacias hidrográficas


presentes nos municípios interceptados correspondem à delimitação
pela ADA, recortadas a partir dos limites espacial de uma área em
das ottobacias. que, devido às características
do relevo, toda a água da
A AE do Meio Biótico abrange integralmente chuva escorre para um rio
o Parque Estadual Florêncio Luciano e sua principal e seus afluentes. Ou
seja, é a área de drenagem
Área de Entorno de 3 km, além da APC Acari.
ou de contribuição de um
determinado rio.

32 33
ÁREA DE ESTUDO - MEIO FÍSICO ÁREA DE ESTUDO - MEIO BIÓTICO

34 35
ÁREA DE ESTUDO - MEIO SOCIOECONÔMICO
Meio Socioeconômico

• Área de Estudo Regional (AER)

Inclui 15 municípios, sendo dez atravessados pelo empreendimento,


dois compreendidos pelo Geoparque Seridó, três por estarem situados
no corredor de 5 km e pela abrangência de Territórios Quilombolas
identificados na distância de até 5 km da LT.

Municípios Critério de inclusão na AER

Santa Luzia (PB)


São José do Sabugi (PB)
Ouro Branco (RN)
Santana do Seridó (RN)
Jardim do Seridó (RN) Interceptados pelo
Parelhas (RN) traçado da LT

Acari (RN)
Carnaúba dos Dantas (RN)
Frei Martinho (PB)
Currais Novos (RN)
Picuí (PB) Abrangência do Corredor
Campo Redondo (RN) de 5 km

Lagoa Nova (RN) Abrangência do


Cerro Corá (RN) Geoparque Seridó

Várzea (PB) Limites do Território


Quilombola Pitombeira

• Área de Estudo Local (AEL)

Delimitada por um corredor de 2,5 km no entorno da ADA,


abrangendo as propriedades diretamente afetadas, além de núcleos
populacionais e povos tradicionais existentes nas imediações do
empreendimento, incluindo três Territórios Quilombolas (Pitombeira,
Boa Vista dos Negros e Serra do Talhado Urbana).

36 37
É a etapa que levanta informações fundamentais para
entender as características do ambiente onde será instalada
a LT 500kV SE Serra do Tigre Sul - SE Santa Luzia II e suas
diferentes formas de interação.

Os dados utilizados são obtidos a partir de referências


científicas disponíveis, informações cedidas por órgãos oficiais
e concluído via pesquisa de campo realizada na região da Área
de Influência (AI). Tais informações são confrontadas com as
especificações do projeto e, a partir de tais dados, são geradas
as análises que compõem este capítulo.

O estudo é subdividido em três meios: Físico, que informa os


fatores do meio ambiente relativos às propriedades do clima,
do solo, dos rios e dos lagos; Biótico, que estuda a diversidade
animal e vegetal achadas na natureza; e Socioeconômico, que
aborda a vida da população na região impactada, da formação
histórica até a infraestrutura urbana atual.

Os principais resultados do Diagnóstico Ambiental estão


apresentados ao longo deste Rima, em linguagem simples e
acessível, para aqueles que não são especialistas.

38 39
GEOLOGIA
MEIO FÍSICO
É a ciência que estuda a origem e a formação das rochas
da Terra. A LT será inserida em uma região geologicamente
conhecida como Província Borborema, que contém faixas de
Caracteriza os rios, as rochas, as formas do relevo, rochas “dobradas”, dividida em domínios. A AE está sobretudo
os solos, os recursos minerais e o clima atuante no domínio Rio Piranhas-Seridó, que é recoberta por 19
na região da LT 500kV SE Serra do Tigre Sul - SE unidades geológicas.
Santa Luzia II, de modo a caracterizar a situação
ambiental. A seguir, este Rima apresenta as Estas unidades compreendem majoritariamente rochas
informações dos aspectos físicos analisados na AE que apresentam significativa resistência à erosão, dando
e ADA do empreendimento. origem a solos rasos e pouco desenvolvidos. Essas rochas,
quando alteradas, muitas vezes originam outras de diferentes
tamanhos, podendo formar depósitos nas bases dos morros e
encostas.

São rochas resistentes mecanicamente mas que, ainda assim,


carecem de atenção para o risco de movimentações que
podem ser instáveis nas encostas.

40 41
CLIMATOLOGIA PEDOLOGIA

Analisa o comportamento médio da A temperatura média fica em torno de É a ciência que estuda os solos e
atmosfera em determinado local, 29ºC, sendo a mínima perto dos 25ºC e suas características. O estudo do
por um certo período de tempo, por a máxima na casa dos 35ºC. solo, o conhecimento das suas
meio do estudo da variabilidade dos propriedades e da sua distribuição
parâmetros meteorológicos, tais As maiores precipitações médias na paisagem é fundamental para
como temperatura, precipitação, ocorrem entre janeiro e abril, com compreender suas potencialidades,
evaporação, umidade e nebulosidade. índices acima de 130mm. Já o limitações e fragilidades. O
período mais seco corresponde ao planejamento inadequado do
O clima da região do intervalo entre junho e dezembro, uso e ocupação do solo pode
empreendimento é classificado como com médias mensais variando entre provocar grandes impactos, como
Semiárido Quente, caracterizado 0,7mm a 40,8mm. a perda de nutrientes e da massa
por secas prolongadas, chuvas de solo, carregados pelas chuvas,
concentradas entre os meses prejudicando a produção de
de janeiro e abril, e um sistema alimentos, o estoque de carbono, Neossolos são pouco evoluídos,
hidrológico com baixo potencial. entre outras funções ecológicas. constituídos por material mineral
ou orgânico com menos de 20cm
Foram identificadas quatro classes de espessura.
distintas de solos predominantes Luvissolos são constituídos por
Temperatura Média Mensal
- Mínima / Máxima na AE da LT. São elas: Neossolos, material mineral.
Luvissolos, Latossolos e
Argissolos. Na ADA, por sua vez, Latossolos são minerais profundos
foi identificada a ocorrência de e com pouca acumulação de água.
Luvissolos Crômicos Órticos, que Argissolos apresentam acúmulo
ocupam 52,9%, Neossolos Litólicos, de argila em profundidade devido à
com uma superfície de ocorrência mobilização e perda da mesma na
de 46,3%, e Argissolos Vermelhos parte mais superficial.
Eutróficos, que registram 0,4%.
Luvissolos Crômicos Órticos têm
cores bastante fortes, vermelhas ou
amarelas.
Estações:
Neossolos Litólicos são rasos, onde
Precipitação Média geralmente a soma dos horizontes
Acumulada Mensal sobre a rocha não ultrapassa 50cm,
estando associados normalmente a
relevos mais declivosos.

Argissolos Vermelhos Eutróficos


têm cores vermelhas acentuadas
devido aos teores mais altos e
à natureza dos óxidos de ferro
presentes no material originário,
em ambientes bem drenados. Têm
fertilidade natural muito variável
devido à diversidade de materiais
de origem.

Estações:

42 43
VULNERABILIDADE PALEONTOLOGIA RECURSOS HÍDRICOS
GEOTÉCNICA

É importante ressaltar que a ADA Ciência que, ao combinar métodos A área de estudo da LT está localizada
apresenta 24,01% de sua área e conceitos das Ciências Geológicas nos estados do Rio Grande do Norte
classificada como Alta e 10,20% como e Biológicas, estuda a evolução dos e da Paraíba, na Região Hidrográfica
Muito Alta para Vulnerabilidade seres vivos ao longo do tempo. Estes Atlântico Nordeste Oriental, que ocupa
Geotécnica. Isto se deve, sobretudo, estudos são feitos pela análise de 3,4% do território nacional, sobrepondo
a ocorrência de altas declividades material biológico antigo (ossos, a sete bacias hidrográficas: Bacia
associadas à presença de blocos de couros e peles conhecidos como Santana-Cafucá, Bacia do Rio Ceará-
rochas e material não consolidado fósseis) preservado em rochas, no Mirim, Bacia do Rio Seridó, Bacia
e heterogêneo, permitindo que gelo ou no solo. do Riacho Pataxós, Bacia do Rio
a suscetibilidade à ocorrência de Espinharas, Bacia do Rio Trairi, Bacia
Tal como visto no item de Geologia, do Rio Potengi e Bacia do Rio Taperoá.
processos erosivos e movimentos
foi possível constatar que a AE
gravitacionais seja maior.
está inserida em uma região Foram contabilizados 83 pontos de
onde predominam rochas que interceptação da LT em trechos de sete
foram submetidas a condições de cursos hídricos, classificados na base
temperatura e pressão elevadas, que do IBGE como de regime permanente,
não apresentam condições favoráveis e 76 como regime desconhecido. No
à preservação de fósseis. Dessa forma, entanto, apesar dessa classificação
pode-se considerar que o potencial de regime, esses cursos hídricos
fossilífero na AE é majoritariamente permanecem secos ou com baixa
Baixo ou Improvável. vazão na maior parte do ano, devido à
escassez e irregularidade das chuvas,
Contudo, a possibilidade de aliada ao baixo potencial de acúmulo
ocorrência de tanques fossilíferos de águas subterrâneas.
na ADA é significativa. Este tipo de
depósito possui tamanho limitado,
mas apresenta alto potencial
de preservação do patrimônio RECURSOS MINERAIS
paleontológico. De fato, durante as
pesquisas bibliográficas relacionadas
às ocorrências fossilíferas, foi O levantamento dos recursos minerais existentes nas AIs tem o
encontrado um sítio paleontológico, objetivo tanto de mapear os bens de interesse econômico para
localizado a cerca de 700m da ADA, a construção civil localizados na região de inserção do projeto,
em Ouro Branco (RN). quanto de identificar as poligonais de processos minerários
interceptadas pela LT.

Foram identificados um total de 1.180 processos minerários na AE


e 78 processos minerários interceptados pelo empreendimento,
sendo importante ressaltar que quase 50% dos interceptados pela
ADA se encontram em fase de autorização de pesquisa. Feldspato
e Granito constituem as substâncias mais exploradas na região,
com uso predominantemente voltado à indústria de revestimento.

44 45
ESPELEOLOGIA GEOMORFOLOGIA GEODIVERSIDADE E
GEOCONSERVAÇÃO

É a ciência que estuda as cavidades A LT está situada no ambiente


da ADA), e a Depressão Sertaneja
subterrâneas naturais. A consulta às geomorfológico continental, em Segundo o Serviço Geológico do
Setentrional (48,3% da ADA). A
bases oficiais indicou a presença de 14 terrenos cujo modelado do relevo é Brasil (CPRM), Geodiversidade pode
primeira é marcada pela presença de
cavidades naturais na AE, das quais a caracterizado pela evolução de longo ser definida como o estudo de
vertentes de grandes declividades,
mais próxima está localizada a cerca tempo. O domínio geomorfológico diversos ambientes, composição,
que indicam um ambiente de alta
de 2km da ADA do empreendimento. continental, cuja base é composta fenômenos e processos geológicos
energia de transporte de materiais
A análise do grau de potencialidade por rochas resistentes à degradação/ que geram as paisagens, as rochas,
e, por consequência, uma maior
de ocorrência de cavernas indicou erosão, é marcado pela ocorrência os minerais, as águas, os solos, os
probabilidade de ocorrência de
que cerca de 31% da ADA está de feições como colinas e morros, fósseis, bem como outros depósitos
transporte de massa de rochas e
localizada em áreas de Alto e/ou Muito serras esculpidas sob forte controle superficiais que permitem o
solos, a depender das condições de
Alto potencial espeleológico. das características das rochas que desenvolvimento da vida na Terra.
cada ambiente.
as compõem, além de depressões
O levantamento de cavidades em interplanálticas, planaltos e planícies Para a classificação das unidades
Já a unidade geomorfológica
campo, desenvolvido em uma faixa de fluviais, cujos depósitos de sedimentos geológico-ambientais que compõem
Depressão Sertaneja Setentrional é
250m no entorno da ADA, identificou estão associados à dinâmica dos rios a geodiversidade, são considerados
marcada pelo seu aspecto aplainado
a presença de uma cavidade natural que recortam a região. os valores intrínsecos, culturais,
e pela baixa variação de altitudes,
subterrânea ainda não registrada na estéticos, econômicos, funcionais,
com a presença de alguns morros
base do Centro Nacional de Pesquisa Na ADA predominam as unidades científicos, educativos e turísticos.
quebrando a uniformidade do relevo
e Conservação de Cavernas (CECAV- geomorfológicas Serras Ocidentais
(conhecidos como Inselbergs). O presente estudo constatou que
ICMBio), nomeada como Caverna do Planalto da Borborema (40,5%
Acari, localizada no município que a AE está inserida em uma região
tem o mesmo nome. A avaliação com grande geodiversidade, pois
técnica desta cavidade permitiu apresenta um complexo contexto
classificá-la como de baixa relevância geológico e geomorfológico, onde
Interplanálticas são as regiões
e verificou que ela está localizada a feições únicas são observadas.
que se localizam em altitudes
76m da ADA e a 98m da estrutura mais baixas que os planaltos que Entre elas, várias estão englobadas
física da LT mais próxima (torre 43/2). estão ao seu redor. no Geoparque Seridó. A ADA da
LT intercepta a região sul deste
Geoparque, onde foram observados
diversos pontos que apresentam
características que vão desde o
valor científico e estético até o
turístico. No entanto, a ADA não
intercepta nenhum geossítio
inventariado e, por fim, é possível
afirmar que o patrimônio geológico
será preservado, mesmo com a
implantação do empreendimento.

Geossítio é um local que concentra


formações geológicas com um grande
valor científico, estético, ecológico,
turístico, cultural e educativo.

46 47
DIAGNÓSTICO DE FAUNA
MEIO BIÓTICO
Teve o objetivo de conhecer a fauna local para entender a viabilidade
ambiental da construção da LT. O grau de conservação de uma região
pode ser avaliado a partir das espécies da fauna que a habitam.
Neste capítulo são estudadas as características
de flora e da fauna na AI, suas interações e Para este Rima, uma equipe de biólogos realizou levantamentos
sensibilidades diante da instalação e operação da de campo das espécies presentes na área de instalação do
LT 500kV SE Serra do Tigre Sul - SE Santa Luzia, empreendimento. Foram identificadas espécies bioindicadoras de
bem como as Áreas Legalmente Protegidas, a qualidade ambiental, endêmicas e ameaçadas de extinção.
saber: UCs e APCs, APPs e RLs.
Foram registradas 116 espécies de vertebrados, sendo 99 de aves,
sete de répteis, seis de anfíbios e quatro de mamíferos terrestres não
voadores. Não foram registradas espécies sob ameaça de extinção, 13
são endêmicas e 13 são aves migratórias, conforme o quadro.

Parâmetros Herpetofauna Avifauna Mastofauna Total


Anfíbios Répteis

Riqueza Dados Primários 6 7 99 4 116


Abundância dados primários 40 158 1.422 14 1.634
Espécies ameaçadas - - - - -
Espécies Endêmicas ou de 10 1 13
- 2
distribuição restrita *

Espécies Migratórias* - - 13 - 13

* Somente dados primários.

Este diagnóstico foi um ponto Levantamentos de campo são estudos


de partida para que se pudesse desenvolvidos na área da LT, realizados
por especialistas de cada grupo de fauna
avaliar o impacto que a instalação
(répteis, anfíbios, aves e mamíferos). Tais
da LT poderá causar na fauna e, a especialistas vão até as áreas selecionadas
partir deste conhecimento, definir e realizam a identificação das espécies
as estratégias para conservá-la. existentes no local.
Ele identificou que os principais
impactos da LT será a perda Espécies bioindicadoras são espécies cuja
presença ou abundância no local indica
de ambientes pelo corte da
uma determinada condição ambiental. As
vegetação, o atropelamento e a espécies bioindicadoras são importantes
caça, embora não devam acarretar ferramentas para a avaliação da qualidade
em danos significativos, desde ambiental dos lugares.
que implantados Programas
Endêmicas são as espécies de distribuição
Ambientais de mitigação e
geográfica restrita, que ocorrem apenas
prevenção durante as obras. em determinada região, que pode ser um
município, estado ou bioma.

48 49
Por fim, foram selecionadas duas Regiões de Amostragem (R1 e R2) Herpetofauna
para a realização do levantamento de fauna.
É um grupo formado pelos répteis (cobras, lagartos, jacarés e
tartarugas) e anfíbios (sapos, rãs, pererecas e cobras-cegas). Para o
levantamento de campo, foram utilizados os métodos de busca ativa.

Busca ativa é quando especialistas


andam em áreas de levantamento,
procurando, anotando e
fotografando as espécies de
répteis e anfíbios que encontram
ou escutam. Para isso, procuram
animais escondidos na serapilheira
– camada de folhas, sementes,
frutos e outros materiais orgânicos
que se forma sobre o solo da
floresta –, embaixo de troncos
caídos, em brejos e lagos, nos
troncos das árvores, em plantas e/
ou qualquer outro lugar onde os
animais possam estar.

Busca Ativa da Herpetofauna

Iguana iguana (iguana)


registrado no diagnóstico

50 51
Avifauna Mastofauna
Para o levantamento das espécies de aves que estão presentes nas Durante o levantamento de campo, foram estudados tanto médios e
áreas da LT, foram utilizados os métodos de Lista de Mackinnon, grandes mamíferos, tais como tatus, onças, macacos e saguis, quanto
Pontos de Observação e Escuta e Redes de Neblina. pequenos mamíferos como, por exemplo, ratos e marsupiais - gambás,
cuícas e mucuras.

Listas de Mackinnon é quando o


Os métodos usados para o levantamento de médios e grandes
pesquisador realiza caminhadas mamíferos foram as armadilhas fotográficas, a busca ativa – com
na região selecionada para os registro dos vestígios deixados pelos animais, tais como pegadas, fezes
levantamentos de campo da fauna, e tocas – e a realização de entrevistas. Para os pequenos mamíferos, foi
anotando e gravando as espécies usada a metodologia de Captura Viva (live-traps).
vistas e ouvidas até completar uma
lista de dez espécies distintas. Ao final
dessa lista, se inicia uma nova, até que
se registrem novas dez espécies, e
assim por diante, ao longo dos dias de Armadilhas fotográficas têm
trabalho de campo. sensor de movimento e são
colocadas para fotografar os
Pontos de Observação e Escuta é
animais que vêm em busca das
quando o pesquisador registra todas
iscas colocadas para atraí-los para
as espécies vistas e/ou ouvidas em
a frente da câmera.
um raio de 50 metros, assim como o
número de indivíduos de cada espécie, Armadilhas de Captura Viva
durante 15 minutos. Com base nessas (live traps) usam iscas para atrair
informações, é calculada a abundância o animal para o seu interior.
Ponto de escuta de cada espécie. Após captura e identificação, os
indivíduos são marcados com
Redes de Neblina são estruturas
brincos de reconhecimento e
montadas para captura das aves nas
soltos no mesmo local.
áreas de amostragem. A cada 30
minutos, especialistas vistoriam as Callithrix jacchus (sagui)
redes para retirar as aves capturadas
que, então, são identificadas, medidas,
marcadas com anilhas metálicas –
anéis de diferentes tamanhos, usados
para marcar e identificar as aves
silvestres – e devolvidas à natureza.

Cerdocyon thous (raposinha) Armadilha fotográfica


Paroaria dominicana registrado em câmera trap
(cardeal-do-nordeste)

52 53
UNIDADES DE CONSERVAÇÃO
UNIDADES DE CONSERVAÇÃO
São áreas com aspectos naturais importantes, que precisam ser
conservadas para garantir a manutenção da integridade dessas
características e dos recursos de ecossistemas naturais relevantes
de uma determinada região. Podem ser usadas como locais para
utilização da verba destinada à Compensação Ambiental.

De acordo com as informações disponíveis, foram identificadas três


UCs nos municípios interceptados pela LT, sendo duas de Proteção
Integral – Parque Estadual Florêncio Luciano, além de um Refúgio da
Vida Silvestre ainda em criação – e uma de Uso Sustentável – Reserva
Particular do Patrimônio Natural Ser Nativo.

Contudo, nenhuma das UCs terá seus limites ou Zonas de


Amortecimento (ZA) interceptados pelo empreendimento.

ÁREAS PRIORITÁRIAS PARA A CONSERVAÇÃO

Abrigam componentes importantes da


fauna e flora regionais. Foram criadas
para ajudar a garantir a conservação e a
manutenção desses recursos naturais.

Em uma busca pelas Áreas Prioritárias para


a Conservação (APCs) do bioma Caatinga
nos municípios interceptados pela LT, foram
identificadas sete APCs, sendo uma delas,
a CA104 – Acari, interceptada em 74,47 dos UC de Proteção Integral não
seus 34.475,90 hectares (ha). permite o uso de seus recursos
naturais de forma direta. Ou seja,
Porém, devido à grande extensão desta não é permitida sua exploração
pelo homem.
APC, a instalação da LT não representará
um impacto relevante à mesma. UC de Uso Sustentável, como
o próprio nome diz, permite
o uso sustentável de seus
recursos naturais. É comum,
nessas unidades, o convívio
com comunidades tradicionais
– quilombolas, indígenas,
ribeirinhos etc.

ZA se refere às áreas localizadas


no entorno de UC, com o
propósito de minimizar os
impactos negativos sobre esta.

54 55
CORREDORES ECOLÓGICOS
ÁREAS PRIORITÁRIAS PARA
A CONSERVAÇÃO São porções de ecossistemas que ligam fragmentos vegetacionais e
UCs, o que possibilita o fluxo da fauna e a dispersão da flora entre os
fragmentos e a recolonização de áreas degradadas.

Não foram encontrados corredores ecológicos legalmente instituídos


na AI da LT. Para o estabelecimento do corredor ecológico, foram
priorizados os fragmentos ligando duas UCs dentro da AE, onde podem
ser aplicadas medidas de reposição florestal.

O corredor proposto contempla áreas com alto potencial de benefício


para a fauna e a flora local, considerando o estágio de conservação da
vegetação. Os fragmentos localizados na área do corredor proposto
para AE da LT apresentaram, em sua maioria, alto potencial de
conectividade, o que facilita atividades de replantio necessárias para
aumentar a conectividade dos mesmos.

56 57
FLORA
Uso e Cobertura do Solo
A AE do Meio Biótico (657.962,90 ha) tem predominância
É o conjunto das plantas e das diferentes formas recoberta por vegetação nativa (80%) caracterizada por
de vegetação que existem em um determinado formações de caatinga arbóreo-arbustiva aberta (67,6%) e
território. Para a caracterização da Flora da AE do caatinga arbóreo-arbustiva fechada (12,4%).
Meio Biótico, foi realizada uma consulta às fontes
secundárias de dados e, posteriormente, uma Estas subformações são semelhantes em relação a composição
campanha de campo. florística. Porém, é possível notar uma diferenciação estrutural no
que diz respeito às médias de altura e densidade populacional
Esta campanha teve como objetivo principal dos indivíduos arbóreos e arbustivos. As classes antrópicas
reconhecer e coletar dados, além de caracterizar as somam cerca de 19,94% da área total mapeada para a AE.
formações vegetacionais ocorrentes no polígono
delimitado para a AE. Ao todo, foram alocadas 56
unidades amostrais de flora, com dimensões de
20x10 metros, totalizando 1,12 ha. Foram também
escolhidos 13 pontos na AE para caracterização
eficiente da vegetação e análise da paisagem.

Este diagnóstico identificou que 80% da AE se


encontra recoberta por vegetação nativa, em
grande parte, com alto grau de antropização,
pertencente ao bioma Caatinga, que constitui uma
vegetação que, em função da diferença climática
entre os períodos de chuva e de seca, perde parte
de suas folhas. A Caatinga tipicamente campestre
apresenta espécies lenhosas espinhosas que Antropização é o ato ou
crescem sobre solo, em geral, raso e pedregoso. As o resultado da atuação
humana sobre a natureza.
árvores são baixas, com troncos finos e ramificados.
Muitas plantas da Caatinga possuem folhas muito Biomas são territórios ou
pequenas ou espinhos. São adaptações das plantas domínios delimitados em
à escassez de água na região. função de um conjunto de
características ambientais
semelhantes, como
relevo, clima e espécies
de animais. Possuem
como característica mais
Caatinga aberta marcante os tipos de
vegetação presentes.

58 59
Na ADA, com um total de 733 ha, dentro das unidades amostrais, APPs
a classe de uso e cobertura mais não somente as espécies arbóreas,
representativa é a caatinga arbóreo- o número de espécies registradas São áreas protegidas, cobertas ou não por
arbustiva aberta (505,10 ha). Ao todo, aumenta para 91 morfoespécies e o vegetação nativa, com a função ambiental de
formações de vegetação nativa cobrem de famílias botânicas identificadas preservar os recursos hídricos, a paisagem, a
cerca de 86,10% (631,5 ha) da ADA. também sobe para 37. estabilidade geológica e a biodiversidade, facilitar
o deslocamento da fauna e de elementos da
Porém, cabe destacar que apesar dos De acordo com a Lista da Flora flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das
números a respeito da cobertura da Brasileira Ameaçada de Extinção populações humanas.
vegetação natural serem bastante (Portaria n° 148 de 7 de junho de
expressivos, pode-se inferir que as 2022) e o apêndice III da lista CITES, A implantação da LT interceptará 43,08 ha de
manchas de vegetação natural na ADA não foram registradas espécies com áreas legalmente definidas como de preservação
se encontram perturbadas em algum algum grau de ameaça de extinção na permanente. Cerca de 78,81% das APPs estão
grau, cabendo destacar que, segundo AE do Meio Biótico. Foram também recobertas por classes de cobertura naturais,
observado em campo, o pastoreio de consultadas a lista vermelha do enquanto as classes antrópicas ocupam
rebanhos de caprinos e bovinos seria o Centro Nacional de Conservação da aproximadamente 21,19%.
principal fator de pressão. Flora (CNCFlora) e a base de dados da
International Union for Conservation
Já as classes estritamente antrópicas, of Nature’s (IUCN). Entre todas as
somadas, representam cerca de espécies registradas no presente
13,4% do total para a ADA e são estudo, somente a Amburana cearensis
representadas pelas vias vicinais, (Allemão) A.C.Sm (categorizada como
estradas e rodovias pavimentadas, “Em Perigo” (EN)) se encontra com
mineração, açude e campo antrópico. status de ameaçada de extinção, de
acordo com a lista da IUCN.
A partir dos dados coletados de
espécies arbóreas e arbustivas
Ao todo, a implantação da LT
medidas nas unidades amostrais,
demandará a supressão de
verificou-se a ocorrência de 30
aproximadamente 138,30 ha de
morfoespécies representativas de
vegetação nativa, dentre os quais
18 famílias botânicas. Quando se
2,12 ha são Áreas de Preservação
consideram todas as formas de vida
Permanente (APPs).

Caatinga fechada Açude

Leito seco de riacho


intermitente com vegetação
arbórea nas margens (área
de preservação permanente)

60 61
DINÂMICA DEMOGRÁFICA NA ÁREA
DE ESTUDO REGIONAL (AER)
MEIO SOCIOECONÔMICO
A AER para o Meio Socioeconômico contempla 15 municípios, sendo
dez no Estado do Rio Grande do Norte (RN) e cinco na Paraíba (PB).
Este capítulo avalia as condições sociais, A LT atravessa Ouro Branco, Santana do Seridó, Jardim do Seridó,
econômicas e culturais das localidades que Parelhas, Acari, Carnaúba dos Dantas e Currais Novos, no RN, além de
podem ser afetadas pelo empreendimento e que Santa Luzia, São José do Sabugi e Frei Martinho, na PB.
compõem as AEs. Isso inclui elementos como as
características das populações, as dinâmicas de A AE envolve ainda os municípios de Lagoa Nova e Cerro Corá, no RN,
circulação, as atividades econômicas, a oferta de por causa da abrangência do Geoparque do Seridó, e Várzea (PB), que
infraestrutura, os serviços públicos, o uso do solo, inclui os limites do Território Quilombola de Pitombeira.
as populações tradicionais, entre outros temas.
Por fim, também fazem parte da AE os municípios de Picuí (PB) e
Campo Redondo (RN), sendo que o primeiro por estar localizado no
eixo viário ao empreendimento e o outro porque é onde está prevista
a instalação de canteiros de obras.

62 63
ÍNDICE DE DESENVOLVIMENTO
HUMANO MUNICIPAL (IDH-M)

Segundo o IBGE, a estimativa da 15%, 14%, 12% e 11%, respectivamente. Para o cálculo do IDH-M são utilizados índices em três
população total da AER no ano de Os outros municípios integrantes dimensões: Educação, incluindo as taxas de alfabetização e
2021 era de 188.589 habitantes. Os da AER apresentaram incremento de matrícula; Longevidade, destacando esperança de vida
municípios são, de maneira geral, populacional inferior a 10%. ao nascer; e Renda, principalmente per capita e a origem das
pouco populosos. A maioria com no rendas. O índice varia de zero a um.
máximo 20 mil habitantes. Currais Os dados sobre a distribuição total
Novos (RN) se destaca entre os na AER indicam predominância Em 2010, os municípios da AER apresentavam, de forma
demais, pois sua população estimada da população residente em áreas majoritária, índices considerados médios, exceto Várzea (PB),
para 2021 era de cerca de 45.022 urbanas (75%). As maiores taxas dessa com IDH-M de 0,707 (alto), e Lagoa Nova (RN), com 0,585
habitantes, representando um pouco população estão em Santa Luzia (PB), (baixo). Este último, em muito por conta do eixo da Educação
mais de 25% do total. Currais Novos (RN) e Parelhas (RN), (0,483), inferior em relação aos demais municípios.
com 92%, 89% e 58%.
Os quatro municípios com maior taxa
de crescimento populacional entre Em contrapartida, os municípios de 0,000
0,499
0,500
0,599
0,600
0,699
0,700
0,799
0,800 1,000

o Censo Demográfico, realizado em Cerro Corá e Lagoa Nova, ambos no


2010, e as últimas estimativas de 2021, RN, apresentavam, em 2010, a maior
foram Várzea (PB), Lagoa Nova (RN), parte de sua população caracterizada
Muito baixo Baixo Médio Alto Muito alto
Carnaúba dos Dantas (RN) e Campo como rural, com 57% e 51%, nessa
Redondo (RN), com aumentos de ordem.

POPULAÇÃO DA ÁREA
DE ESTUDO LOCAL (AEL)
Crescimento populacional - AER

A AEL é compreendida pela ADA e Também faz parte da população


também por sítios, comunidades, da AEL a comunidade pesqueira
assentamentos e povoados rurais do Açude Gargalheiras, em Acari
acessados por meio de rodovias (RN); pescadores do Povoado São
e vicinais no entorno imediato do Sebastião, em Currais Novos (RN);
empreendimento. pescadores do Sítio Timbaúba, em
Frei Martinho (PB); trabalhadores
Os grupos diretamente afetados de cerâmicas em localidades rurais
que têm seu modo de vida direta da ADA; trabalhadores de facções
ou indiretamente associado à de costura em povoados rurais da
ADA são: famílias de pequenos ADA; além dos vazanteiros de áreas
agricultores e criadores de animais do Departamento Nacional de
de pequenas e médias propriedades Obras Contra as Secas (Dnocs) nas
rurais de áreas atravessadas pela proximidades do Rio da Barra e Rio
LT, famílias de moradores, meeiros, do Saco, da Comunidade Quilombola
parceiros e funcionários (gerentes, Monte São Sebastião e dos ciganos do
caseiros, vaqueiros assalariados) de Bairro Nossa Senhora de Fátima, esses
propriedades rurais atravessadas pela três últimos em Santa Luzia (PB).
LT e agricultores de várzea de rios e
açudes. Vazanteiros são povos que têm a
vida ligada aos rios.

64 65
Quadro: Sítios, Comunidades e Povoados identificados na Área de Estudo Local SAÚDE

Nome Município UF Existem 317 estabelecimentos Sistema Único de Saúde (SUS),


Sítio Maxixe Campo Formoso RN
cadastrados na AER. Dos 15 incluindo as maternidades.
municípios, nove têm hospitais gerais
Sítio Jacuri Campo Formoso RN Todos os municípios da AER são
(um em cada) destinados à prestação
Sítio São Roque Currais Novos RN de atendimento nas especialidades atendidos pelo Programa de Agentes
Povoado São Sebastião Currais Novos RN básicas, com disposição de serviço de Comunitários de Saúde, vinculado à
urgência/emergência. Política Nacional de Atenção Básica
Sítio Poço da Serra Currais Novos RN
do Ministério da Saúde, e a maioria
Comunidade Quixaba Frei Martinho PB Predominam as unidades localizadas dispõe de postos em localidades
Assentamento Nossa Senhora da Guia Frei Martinho PB em Currais Novos (RN), seguido por rurais, exceto Ouro Branco (RN),
Assentamento São Roque Frei Martinho PB Parelhas (RN) e Picuí (PB). Como Várzea e Santa Luzia, ambos na
regra geral, o número é compatível Paraíba. Na AEL, vale destacar a
Povoado Boa Vista Currais Novos RN
com o porte populacional dos presença de postos na Comunidade
Sítio Timbaúba Frei Martinho PB municípios e com o papel que eles Rajada, em Carnaúba dos Dantas
Assentamento Bico da Arara Acari RN ocupam na rede de polarização de (RN); na Comunidade Quixaba, em
Comunidade Rajada Carnaúba de Dantas RN saúde em seus estados. Frei Martinho (PB); no povoado
Povoado Ermo Carnaúba de Dantas RN
Currais Novos, em Jardim do Seridó
São 20 os estabelecimentos que (RN); e na localidade conhecida como
Povoado Currais Novos Jardim do Seridó RN oferecem atendimento de urgência, São Sebastião, em Currais Novos (RN).
Currais Novos de Baixo Jardim do Seridó RN ou seja, aqueles que requerem rápida
Comunidade Cachoeira Parelhas RN prestação de socorro sem risco à vida. Por fim, o empreendimento prevê
Apenas São José do Sabugi (PB) não a implantação de ambulatório
Região Cacimba Velha Santana do Seridó/Jardim do Seridó RN
conta com este serviço, enquanto no canteiro de obras, conforme a
Região do Riachão Santana do Seridó RN que em Currais Novos (RN) há quatro NR-18 do Ministério do Trabalho e
Região dos Verdes Santana do Seridó RN unidades com esta característica, Previdência, somada à manutenção
Sítio Baixa Verde Santana do Seridó RN sendo uma delas particular. Já o da estrutura, recursos e ambulâncias
Jardim do Seridó (RN), Parelhas (RN), para primeiros socorros, fornecimento
Riacho Verde Ouro Branco/São José do Sabugi RN/PB
Picuí (PB) e Santa Luzia (PB) contam de vacinação de trabalhadores (caso
Raposa São José do Sabugi PB
com duas unidades de urgência, seja identificada a necessidade),
Sítio Pau d’Arco (Penedo) São José do Sabugi PB enquanto que os demais municípios entre outras medidas propostas no
Sítio Chapadinha (Penedo) São José do Sabugi PB têm apenas um estabelecimento estudo prévio.
Poço de Pedra São José de Sabugi PB
desse tipo. Todos atendem ao
Sítio Tanque de Aroeira Santa Luzia PB
Hospital e Maternidade Estelita Santos Dantas - UBS Cipriano Pedro dos Santos Acari
Fazenda Farias Santa Luzia PB Cranaúba dos Dantas

Comunidade Farias Santa Luzia PB


Sítio Cacimba de Pedra Santa Luzia PB
Poço Redondo Santa Luzia PB
Vaquejador Santa Luzia PB
Fazenda Canadá Santa Luzia PB
Ramadinha Santa Luzia PB
Sítio Riacho do Rolo Santa Luzia PB
Sítio Umbuzeiro Santa Luzia PB
Sítio Pedra Branca Santa Luzia PB

66 67
EDUCAÇÃO TRANSPORTE SANEAMENTO BÁSICO coleta de lixo domiciliar é regular
na maioria dos casos. Contudo, a
gestão dos resíduos ainda é um
A maior parte da população da AER A maior parte dos municípios O abastecimento de água potável ponto sensível para a gestão pública.
não possui Ensino Fundamental interceptados pela LT têm suas sedes é um dos principais desafios de A maioria dos municípios destinam
completo, de acordo com dados do atravessadas por trechos de rodovias. infraestrutura dos municípios da AER. seus resíduos em lixões locais. Por
Censo Demográfico de 2010, realizado Essas se configuram como principal Para garantir o acesso ao recurso outro lado, há iniciativas de coleta
pelo IBGE. Em municípios como meio de acesso da população rural hídrico pela população urbana e rural, seletiva e triagem, além de estímulos
Santa Luzia (PB), Campo Redondo aos serviços urbanos e a outros as gestões municipais e associações à formação de associações de
(RN) e Carnaúba de Dantas (RN), municípios da região. comunitárias mobilizam uma série catadores e catadoras, especialmente
selecionados para sediar canteiros de de estratégias, como instalação de nos municípios de Currais Novos,
obras, os percentuais de população cisternas e dessalinizadores de água Lagoa Nova, Parelhas, Jardim do
sem Ensino Fundamental eram salobra, fornecimento de caminhões- Seridó e Santana do Seridó, no Estado
superiores a 55% no ano de 2010. pipa, construção de poços artesianos, do Rio Grande do Norte, além de
Segundo informações do Censo uso de adutoras para abastecimento Santa Luzia, na Paraíba.
Escolar de 2021, existem 182 por meio de açudes e racionamento.
estabelecimentos de Educação Básica
e 1.854 docentes na rede pública da A situação do esgotamento sanitário
AER. Naquele ano, foram registradas dos domicílios dos municípios
também é delicada. Nota-se que Dessalinizadores são
23.236 matrículas no Ensino processos que retiram sais
Fundamental e 7.667 no Ensino Médio. o esgotamento por fossa era
e outros componentes
Por fim, os dados também predominante e expressivo, sendo o minerais da água salgada.
apresentam 14 estabelecimentos esgotamento por rede geral somente
de Ensino Técnico cadastrados e disponível nas áreas urbanas. Já a
identificados no Sistema Nacional de
Informações da Educação Profissional
e Tecnológica (Sistec) para o ano
Cisterna - Santa Luzia
de 2021. O contexto aponta para
uma importante atuação do ensino
profissionalizante na região, com
a presença do Instituto Federal e
escolas técnicas.

Escola Municipal Lagoa Nova Escola Manoel Estêvão de


Medeiros - Bico da Arara - Acari

68 69
ECONOMIA

As principais atividades econômicas (PB), o menor da AER. A despeito da Com relação à mão de obra em Em algumas localidades, como
dos municípios da AER são a pecuária distribuição de riquezas, o PIB de cada situação formal, segundo a Relação povoados rurais, se observa a
leiteira, o extrativismo mineral e a munícipio indica o quanto cada um Anual de Informações Sociais (Rais) do presença de outros tipos de atividade
atividade têxtil, além da produção de deles produziu de bens e serviços, Ministério do Trabalho e Previdência econômica, que envolvem processos
cerâmica. Além destas, consideradas sugerindo também qual setor mais (2022), observa-se que a AER apresenta de manufatura, como as facções
mais representativas, é possível produziu e, consequentemente, gerou maior formalização do trabalho no de costura, as cerâmicas e outras
destacar também a agricultura familiar, mais emprego. setor de Serviços (10.704), seguido da formas de vínculo empregatício. Por
o extrativismo vegetal de madeira, a Indústria (5.513), do Comércio (4.105), fim, o extrativismo mineral e vegetal
pesca artesanal, comércio e prestação Liderando dez dos 15 municípios, da Construção (908) e, por fim, da também se apresenta como atividade
de serviços, os festejos religiosos e o setor que mais participou do PIB Agropecuária (86). em propriedades rurais, mas em casos
culturais, o turismo e a construção de na AER foi a Administração Pública isolados.
empreendimentos de energia. Ainda, seguida por Serviços. Exceto em Lagoa As principais atividades econômicas
dentro do quesito econômico, o serviço Nova (RN), que teve a Indústria no identificadas na ADA, de acordo com
público, as aposentadorias e repasses posto de segunda maior participação. os levantamentos de campo, refletem
de programas redistributivos devem ser a relação direta das populações
Enquanto Currais Novos e Parelhas, afetadas com o ambiente. E pode
mencionados.
ambos no RN, se destacam pelo setor de ser caracterizada pela diversificação
Um dos principais elementos para Serviços, o PIB nos municípios de Santa de atividades da agricultura familiar, Povoado São Sebastião -
a compreensão do dinamismo Luzia e São José do Sabugi, na Paraíba, pecuária extensiva e pesca artesanal. Currais Novos
econômico de uma determinada teve maior participação da Indústria. Tais ocupações são desenvolvidas
região é a análise de seu Produto A Agropecuária só se mostrou mais conforme as mudanças sazonais que
Interno Bruto (PIB), que consiste em expressiva que a Indústria em Acari, variam entre um longo período seco e
um indicador que mede a geração Cerro Corá, Campo Redondo e Ouro um mais curto e intenso de chuvas. A
de riqueza das atividades produtivas Branco, todos no RN, além de Várzea e composição da renda depende ainda,
nacionais ou regionais. E em relação Frei Martinho, na Paraíba. No entanto, o muitas vezes, do repasse de benefícios
ao PIB há ampla discrepância na AER, setor nunca ultrapassou a participação sociais como o Bolsa Família, Seguro
visto que Currais Novos (RN), o maior do ramo de Serviços e da Administração Safra, Seguro Defeso (pesca) e a
do ranking, apresenta um índice quase Pública nestes municípios. aposentadoria rural.
26 vezes maior que Frei Martinho

Produção louceiras
negras de Santa Luzia
Legenda

70 71
USO E OCUPAÇÃO DO SOLO AO
LONGO DO TRAÇADO DA LT

A classe de uso predominante na De forma geral, o cultivo de feijão


totalidade dos municípios da AER é fradinho em grão é predominante,
a Formação Savânica (49,38%), que seguido de milho e fava em grão,
apresenta tipos de vegetação com sendo permitido o uso da faixa
predomínio de espécies da caatinga de servidão para essas formas de
nordestina, em grande medida plantio. E em alguns municípios
com bom estado de conservação merece destaque o cultivo do feijão
e recoberta por vegetação nativa, verde e forrageiras para corte para
especialmente nas serras. alimentação de rebanho.

Em seguida, estão as áreas Ainda é importante chamar atenção


caracterizadas como Mosaico de para a área que compõe o território
Agricultura, as quais correspondem do Geoparque Seridó e abrange
ao uso agropecuário, com a presença os seguintes municípios presentes
mista de pastagem e agricultura na AER, os quais compartilham
(23,78%). Especialmente para a da mesma identidade territorial
pastagem, a proporção identificada e compõem o Polo Turístico do
em recursos de geoprocessamento Seridó: Acari, Carnaúba dos Dantas,
pelo Projeto MapBiomas de 2021 foi de Cerro Corá, Currais Novos, Lagoa
11,97% do total da AER. Nova e Parelhas, no Estado do
RN. O surgimento de Geoparques
Os estabelecimentos da agricultura teve início na década de 1990,
familiar na AER são predominantes. abrangendo patrimônio geológico
Do total, a grande maioria (83,9%) e aspectos patrimoniais naturais,
desenvolvia a agricultura familiar e culturais e imateriais da área, diante
se destacava no que se refere a áreas da relevância científica, cultural,
plantadas com culturas de curta paisagística, geológica, arqueológica,
duração (IBGE, 2017). paleontológica e histórica de um
conjunto de áreas.
Dados de 2017, mostram numeroso
contingente de agricultores Por fim, em relação à Área
familiares que ocupava uma área Diretamente Afetada (ADA) foram
de 107.507 hectares (ha), ou seja, mapeadas 12 classes de uso e
36,4% da área ocupada pelos ocupação, com destaque para a
estabelecimentos agropecuários. caatinga arbóreo-arbustiva aberta, que
Estes resultados mostram uma corresponde a 67,3% da área, com um
estrutura agrária concentrada na AER: somatório de 644 ha.
os estabelecimentos não familiares,
apesar de representarem 16,1% do total,
ocupavam 63,6% da área ocupada
(IBGE, 2017).

72 73
COMUNIDADES TRADICIONAIS

Em um processo de licenciamento qualquer medida que possa afetá-los Administrativamente, todo o rito do A atividade de pesca artesanal
ambiental, cabe ao empreendedor direta ou indiretamente. licenciamento ambiental atinente às acontece nos açudes e, em
realizar o levantamento de dados comunidades quilombolas obedecem decorrência da crise hídrica, exige
secundários e consultas aos órgãos Na AE do empreendimento, onde há à Instrução Normativa nº 111/2021 do certos arranjos por parte dos
pertinentes para tomar conhecimento previsão de instalação da LT, não há Instituro Nacional de Colonização pescadores, como se deslocar para
da presença de um ou mais grupos de presença de territórios indígenas. No e Reforma Agrária (Incra), caso as outros municípios em busca de
povos e comunidades tradicionais na AI. entanto, conforme o levantamento comunidades tenham seu Relatório açudes com mais água para pescar
de dados secundários realizado Técnico de Identificação e Delimitação e conseguir comercializar o pescado
A Convenção 169 da Organização nos municípios, existem cinco (RTID) publicado e estejam a menos de e desenvolver outras atividades para
Internacional do Trabalho (OIT), Comunidades Remanescentes de 5km do traçado da LT. complementar a renda. O principal
adotada no Brasil em 2004, garante Quilombos (CRQs) nas localidades petrecho usado é a rede.
o direito dos povos indígenas e tribais interceptadas pelo traçado previsto No caso deste estudo, como resultado
de serem consultados, de forma para a LT 500 kV Serra do Tigre Sul – da consulta ao Incra, deverá ser Em geral, as comunidades urbanas
prévia, livre e informada, em relação a SE Santa Luzia II, conforme o quadro. elaborado o Estudo do Componente de pescadores ficam próximas dos
Quilombola (ECQ) e o Plano Ambiental açudes, como no Açude Gargalheiras,
Quilombola (PBAQ) das comunidades em Acari (RN); no Açude Boqueirão,
Quadro: Comunidades Quilombolas da ÁE
da Serra do Talhado Urbana e em Parelhas (RN); e no Açude Público,
Pitombeira, na PB, bem como em Boa também chamado de açude do
UF Município Comunidade Nº Processo Incra Etapa do Distância aproxima-
Quilombola Processo da da comunidade
Vista dos Negros, no RN. Dnocs, no Bairro São José, em Santa
de Titulação em relação ao ponto Luzia (PB).
mais próximo do O levantamento de dados primários
empreendimento e secundários também localizou a Nas comunidades rurais, como a dos
PB Santa Luzia Urbana de Serra 54320.001205/2007-01 RTID 3,3 km existência de ciganos e pescadores Verdes, na AEL, há um açude grande
do Talhado artesanais na AE. Merecem destaque que agrega pescadores em Santana
PB Santa Luzia Serra do 54320.000417/2005-00 Portaria no >5 km o grupo de ciganos da etnia Calon, em do Seridó (RN). Também existem
Talhado Rural DOU Santa Luzia (PB) e Currais Novos (RN). açudes em propriedades rurais, nos
PB Santa Luzia Monte São Auto <5 km quais se pesca na época de chuva.
Sebastião declarada
PB Várzea Pitombeira 54320.000906/2005-53 RTID 4,6 km

RN Parelhas Boa Vista 54330.001762/2004-52 RTID 3,3 km


dos Negros

RN Bodó, Macambira 54330.000698/2006-54 Decreto no >5 km


Lagoa Nova DOU
e Santana
dos Matos
RN Currais Negros 54330.000682/2014-51 RTID >5 km
Novos do Riacho
RN Currais Queimadas Certificada >5 km
Novos

74 75
PATRIMÔNIO HISTÓRICO, CULTURAL,
ARQUEOLÓGICO E PAISAGÍSTICO

Foram identificados os principais tambor, e tocadores de pífano. O


bens tombados nas diferentes esferas artesanato em barro e a tradição
administrativas e os bens de interesse musical do forró tocado com sanfona
histórico-cultural, totalizando mais de merecem destaque.
90 registros. Não foram identificados
bens tombados pelo Instituto do No que diz respeito ao Patrimônio
Patrimônio Histórico e Artístico do Arqueológico presente na AE,
Estado da Paraíba (Iphaep) e pelo se destaca a presença de sítios
Instituto do Património Histórico arqueológicos de arte rupestre,
e Artístico Nacional (Iphan) nos caracterizados pelas pinturas e
municípios paraibanos da AER. gravuras realizadas sobre afloramento
rochoso. Além destes, a região
Para o RN, segundo os dados conta com a presença de sítios
disponibilizados pelo Iphan, constam líticos relacionados às ocupações
nove bens acautelados em âmbito de grupos caçador-coletores e sítios
federal e/ou regional no estado arqueológicos com componente
(Ofício das Baianas de Acarajé, Roda histórico, formados durante o processo
de Capoeira, Ofício dos Mestres de colonização do Seridó paraibano, a
de Capoeira, Festa de Sant’Ana de partir do estabelecimento de diversas
Caicó, Teatro de Bonecos Popular fazendas pecuaristas. O levantamento
do Nordeste, Literatura de Cordel, no Cadastro Nacional de Sítios
Matrizes do Forró, Saberes e Práticas Arqueológicos (CNSA) apontou a
das Parteiras Tradicionais do Brasil, presença de 78 sítios na AE.
Repente e Pesca Artesanal no Rio
Grande do Norte). Para identificação do patrimônio
natural e paisagístico na AE, foi
Na AE, as tradições culturais estão realizado um levantamento das
ligadas aos festejos religiosos católicos principais áreas existentes nos
e profanos. Em geral, celebram-se municípios. Entre estes, foram
santos padroeiros e a “Trinca Junina”: considerados, principalmente, os
Santo Antônio, São João e São Pedro. geossítios identificados no Geoparque
A principal tradição carnavalesca da Seridó, conjuntos de serras, pedras e
região do Seridó é o Papangu, em que rochas de valor geológico, açudes e
os participantes brincam mascarados quedas d’água, áreas próximas aos
e com roupas coloridas cobrindo todo sítios arqueológicos, áreas de mirante
o corpo. As tradições afro-brasileiras e de contemplação da paisagem.
estão presentes nas comunidades
quilombolas e nas centenárias Nos municípios da AE, os pontos de
Irmandades do Rosário dos Homens belezas naturais mais destacados
Pretos, que festejam a Nossa Senhora durante o levantamento de
do Rosário e preservam a Dança campo foram as serras e outras
do Espontão, manifestação cultural formações geológicas, além dos
formada por lanceiros que dançam sítios arqueológicos, alguns deles
com lanças de madeiras com fitas próximos aos rios.
amarradas, batedores de caixa e

76 77
Acari se destaca por acolher a
terceira maravilha do RN: o Açude
Gargalheiras.

78 79
Ao longo deste Rima, foram apresentadas
as características mais importantes da LT
500 kV SE Serra do Tigre – SE Santa Luzia
II. Este item apresenta a identificação
e a avaliação dos impactos ambientais
relacionados às etapas de planejamento,
instalação e operação.

A forma e a intensidade com que as


intervenções afetam o ambiente local,
de acordo com diferentes elementos que
são considerados, formam os impactos
ambientais. Deste modo, os impactos
são distintos pelas fases do projeto e
classificados conforme diversos fatores, em
uma escala de positivos ou negativos e de
pequena à grande importância.

Para este estudo, foram identificados 27


impactos ambientais, como resume a
matriz a seguir.

80 81
IMPACTOS PLANEJAMENTO IMPLANTAÇÃO OPERAÇÃO IMPACTOS PLANEJAMENTO IMPLANTAÇÃO OPERAÇÃO
01 – Geração de expectativas 15 – Interferência no Patrimônio
Histórico, Cultural e Arqueológico

02 – Agravamento da Situação de 16 – Interferência na Vegetação


Vulnerabilidade Social

03 – Pressão sobre a Infraestrutura de 17 - Interferência em Áreas de


Equipamentos e Serviços Públicos Preservação Permanente

04 – Alteração do Cotidiano da 18 - Interferências em Áreas Prioritárias


População Local para Conservação

05 – Incremento da Economia Regional 19 - Alteração e/ou Perda de Habitats


da Fauna Silvestre

06 – Geração de Emprego e Renda 20 - Perturbação e Acidentes com a


Fauna Silvestre

07 – Pressão sobre o Tráfego e 21 - Colisão da Avifauna


Infraestrutura Viária

08 – Alteração do Uso e Ocupação do 22 - Indução ou Aceleração de


Solo Processos Erosivos

09 – Alteração da Paisagem 23 – Interferência em Recursos Hídricos

10 – Interferência em Comunidade 24 - Alteração dos Níveis de Pressão


Quilombola Sonora

11 – Pressão sobre Usos do Patrimônio 25 - Interferências em Patrimônio


Cultural e Turístico Espeleológico

12 – Contribuição para o Fornecimento 26 – Interferências em Patrimônio


de Energia para o Sistema Nacional Paleontológico

13 – Interferências em Povoados Rurais 27 - Interferências em Atividades


Minerárias

14 – Pressão sobre a Segurança Hídrica


da População Local

Legenda:

Importância: Pequena Média Grande

Natureza: Positivo Negativo

82 83
IMPACTO 02 – AGRAVAMENTO DA
SITUAÇÃO DE VULNERABILIDADE
SOCIAL
IMPACTO 01
– GERAÇÃO DE Com a chegada de trabalhadores para a
EXPECTATIVAS fase de obras, o aquecimento da atividade IMPACTO 05 -
econômica e a ampliação do trânsito de INCREMENTO DA
A execução de atividades pessoas e veículos na região de inserção da ECONOMIA REGIONAL
nas Áreas de Estudos para LT, podem ocorrer situações que venham
análise de viabilidade IMPACTO 04 – ALTERAÇÃO A implantação contribuirá
a agravar questões relacionadas à saúde,
do empreendimento, NO COTIDIANO DA para o aumento dos recursos
como Doenças Sexualmente Transmissíveis
incluindo as do EIA/Rima, POPULAÇÃO financeiros devido à arrecadação
(DSTs), gravidez precoce e uso de drogas,
o cadastramento das especialmente do Imposto
especialmente nas localidades em
propriedades afetadas e Com a chegada de trabalhadores sobre Serviços de Qualquer
situações de vulnerabilidade. Além da
respectiva solicitação de para a fase de obras, o Natureza (ISS) e ao aumento nos
saúde, outros pontos identificados são a
autorização de passagem, aquecimento da atividade rendimentos dos trabalhadores
baixa disponibilidade de água potável e as
além das atividades econômica e a ampliação do de construção civil que forem
precárias condições de mobilidade.
associadas à implantação trânsito de pessoas na região de contratados. Além disso, um
da LT em si geram inserção do empreendimento, novo empreendimento poderá
expectativas diversas, desde Programas recomendados: Programa há uma tendência de maior estimular investimentos para
preocupações com relação de Comunicação Social, Programa de movimentação e interações sociais o fornecimento de serviços
à escassez hídrica e redução Educação Ambiental e Programa de Apoio e culturais. Tal relação pode ter locais, como alimentação,
de áreas produtivas, aos Municípios. desdobramentos em agravos de hospedagem, combustível e
até especulações sobre saúde, gravidez precoce e uso de materiais de construção, entre
a oferta de empregos, substâncias entorpecentes, entre outros, aumentando a atividade
oportunidades para outros. Outras alterações em econômica na região.
geração de renda e condições de vida da população
aumento no dinamismo local dizem respeito à utilização
IMPACTO 03 – PRESSÃO Programas recomendados:
econômico, formas de de estradas vicinais e rodovias,
SOBRE A INFRAESTRUTURA DE Programa de Comunicação Social
indenização às benfeitorias aumentando o tráfego de veículos,
EQUIPAMENTOS E SERVIÇOS e Programa de Capacitação de
interceptadas e possíveis interrupções no fluxo viário e
PÚBLICOS Mão de Obra Local.
interferências no modo de possível aumento de acidentes,
vida local e tradicional. A fase de implantação da LT poderá além de incômodos gerados
provocar um aumento da demanda por pela variação nos níveis de ruídos
bens e serviços básicos (devido à ocorrência (fase de obra e operação) e
de acidentes, aumento da circulação de poeiras (especialmente durante a
Programas
pessoas na região e demandas das obras de implantação da LT).
recomendados:
Programa de Educação implantação), o que significa uma pressão
Ambiental, Programa de sobre a infraestrutura urbana, como
Programas recomendados:
Comunicação Social e equipamentos de saúde, saneamento e
Programa Ambiental para
Programa de Negociação segurança pública, especialmente nos
Construção, Programa de
e Indenização para o municípios com canteiros de obras.
Educação Ambiental e Programa
Estabelecimento da Faixa de Comunicação Social.
de Servidão.
Programas recomendados: Programa
de Apoio aos Municípios, Programa
de Comunicação Social, Programa de
Educação Ambiental, Programa Ambiental
para Construção.

84 85
IMPACTO 06 – GERAÇÃO IMPACTO 08 – ALTERAÇÃO
DE EMPREGO E RENDA DO USO E OCUPAÇÃO DO
SOLO
Está prevista a contratação de até
512 trabalhadores no pico das obras O estabelecimento da faixa de
(nono mês de implantação da LT), servidão com 60 metros de largura
em sua maioria para serviços que (30 m para cada lado do eixo da
exigem baixa qualificação. Além LT) causará alteração do uso e
dos empregos diretos (profissionais ocupação do solo das propriedades
em engenharia civil, topografia, atravessadas. Apesar de utilizar
segurança do trabalho, entre acessos existentes, será necessária
outros), deve haver a contratação abertura de novos, causando
IMPACTO 07 – PRESSÃO
de mão de obra indireta alterações pontuais de uso. A
SOBRE O TRÁFEGO E
para suporte às obras como instalação dos canteiros de obras
INFRAESTRUTURA VIÁRIA
fornecedores locais e serviços, de e áreas de bota-fora também IMPACTO 09 – ALTERAÇÃO
modo que a economia regional Para atender à demanda das configurará mudanças localizadas DA PAISAGEM
ganhe um dinamismo temporário obras, são previstas a abertura no uso do solo. Na ADA, identificou-
pelo aumento da renda per capita. e a adequação de acessos para se a presença de vegetação de A construção da LT promoverá
o tráfego de máquinas pesadas, caatinga e campos antropizados interferências visuais pela presença
equipamentos e trabalhadores, (incluindo áreas de pastagem, principalmente das torres e dos
Programas recomendados: agricultura, campo sujo e áreas cabos de energia na paisagem.
o que implica em considerável
Programa de Capacitação de Mão desmatadas), além de açudes. Sendo assim, a presença da
aumento da circulação de veículos
de Obra Local e Programa de Foram identificadas também, LT pode prejudicar atividades
nas vias vicinais e rodovias. Estima-
Comunicação Social. nas propriedades atravessadas, existentes e futuras de turismo
se que os maiores fluxos de veículos,
máquinas e equipamentos ocorrerão benfeitorias desocupadas e local, posto que instala elementos
entre o primeiro e o sétimo mês, estruturas como currais. de referência urbana e industrial
atingindo um pico de 178 no nono em uma paisagem de caráter rural
mês de implantação da LT. Isso pode e de interesse geológico.
contribuir para a degradação da Programas recomendados:
malha viária e aumento de acidentes Programa de Negociação e
nas vias. A interferência sobre o Indenização para o Estabelecimento Programas recomendados:
tráfego é justificada também pelas da Faixa de Servidão e Programa de Programa de Recuperação de
possíveis interrupções e retenções, Comunicação Social. Áreas Degradadas, Programa de
alterando o fluxo viário na região. Supressão de Vegetação, Programa
de Reposição Florestal, Programa
Programas recomendados: de Proteção da Geodiversidade
Programa Ambiental para e Geoconservação, Programa
Construção, Programa de Educação de Compensação Ambiental,
Ambiental e Programa de Programa de Educação Ambiental
Comunicação Social. e Programa de Gestão do
Patrimônio Arqueológico.

86 87
IMPACTO 12 –
CONTRIBUIÇÃO PARA
IMPACTO 10 – O FORNECIMENTO DE
INTERFERÊNCIA EM ENERGIA PARA O SISTEMA
COMUNIDADE QUILOMBOLA NACIONAL
Comunidades Quilombolas A LT tem como finalidade o
possuem formas de reprodução escoamento da energia produzida
sociocultural específicas ligadas no Complexo Eólico Serra do
ao seu histórico de formação, Tigre, integrando-o ao SIN. Desta IMPACTO 13 -
configurando forte dependência forma, a operação contribui para INTERFERÊNCIAS EM
dos recursos naturais e formas IMPACTO 11 – PRESSÃO POVOADOS RURAIS
o aumento da confiabilidade do
de organização territorial SOBRE USOS DO
Sistema por meio da transmissão
específicas. Esses fatores podem PATRIMÔNIO CULTURAL E Por conta da proximidade da
de energia gerada a partir de fonte
desencadear uma sensibilidade TURÍSTICO LT com áreas ocupadas por
renovável, favorecendo também
maior em relação a possíveis para a diversificação da matriz pequena agricultura familiar
As atividades das obras poderão
impactos nessas comunidades. elétrica brasileira. e pescadores artesanais, são
promover restrições de acesso
Além de expectativas em relação esperadas interferências na
a trilhas, mirantes, geossítios e
a alterações sociais e ambientais, estrutura produtiva e escoamento
demais estruturas e elementos de
a circulação de pessoas, veículos de produção dessas famílias,
geodiversidade, além de limitações Programas recomendados:
e equipamentos poderá gerar decorrentes da implantação da
para chegar a localidades onde são Programa de Comunicação Social.
impactos sobre estas comunidades faixa de servidão e da utilização
realizadas manifestações culturais.
e seus modos de vida, gerando de acessos locais por parte do
Essas interferências podem vir a
conflitos e incômodos aos empreendimento, o que pode
afetar o turismo local, juntamente
moradores. Ressalta-se que promover perdas econômicas. As
com possível sobrecarga de
os Estudos do Componente interferências nesses povoados
hoteis e pousadas, aumento
Quilombola das Comunidades também dizem respeito a
de casos de violência e uso de
Serra do Talhado Urbana, incômodos gerados pela
drogas, acidentes de trânsito e
Pitombeira e Boa Vista dos Negros circulação de pessoas estranhas
degradação de locais de interesse
encontram-se em elaboração. e o aumento de poeiras e ruídos,
turístico. Na operação, a presença
afetando especialmente os
da LT nas proximidades de áreas
moradores de residências às
Programas recomendados: especialmente associadas ao
margens das vias locais.
Programa de Educação Ambiental. geoturismo também pode causar
interferência no turismo local.

Programas recomendados:
Programas recomendados: Programa Ambiental para
Programa de Educação Construção, Programa de
Ambiental, Programa Ambiental Comunicação Social, Programa de
para Construção, Programa de Educação Ambiental, Programa de
Comunicação Social e Programa Apoio aos Municípios e Programa
de Compensação Ambiental. de Negociação e Indenização para
o Estabelecimento da Faixa de
Servidão.

88 89
IMPACTO 14 - PRESSÃO IMPACTO 17 - INTERFERÊNCIA
SOBRE A SEGURANÇA EM ÁREAS DE PRESERVAÇÃO
HÍDRICA DA POPULAÇÃO PERMANENTE
LOCAL
IMPACTO 16 - Devido à supressão de vegetação e
A escassez de água foi INTERFERÊNCIA NA alocação de estruturas da LT, ocorrerão
identificada como um VEGETAÇÃO interferências em APPs (43,08 ha - sendo
problema socioambiental 2,12 ha de supressão de vegetação nativa).
Para a implantação das
local, em que comunidades As APPs estão associadas à presença dos
estruturas da LT, será
vizinhas ao empreendimento IMPACTO 15 - cursos d’água e reservatórios artificiais,
necessário o corte de
se encontram em contexto de INTERFERÊNCIA sendo caracterizadas pela baixa presença
vegetação nativa do Bioma
crise hídrica, com pouca ou NO PATRIMÔNIO de indivíduos e elevado grau de alteração.
Caatinga (138,30 ha). Na
nenhuma disponibilidade de HISTÓRICO, CULTURAL E Este impacto também ocorrerá na fase
região do empreendimento,
água potável. Em decorrência da ARQUEOLÓGICO de operação, principalmente em virtude
esta vegetação apresenta
instalação da LT, será necessário do corte de vegetação, necessário para a
Intervenções para a implantação elevado grau de alteração
o abastecimento de água para manutenção e operação da LT.
do empreendimento, devido a presença de
as atividades de obra e para a
especialmente a remoção estradas, trilhas e acessos.
utilização humana. Sendo assim, a
de cobertura vegetal e a Apesar disso, possui Programas recomendados: Programa
provável utilização de poços pelo
movimentação de terra, poderão relevância ambiental, pois de Supressão de Vegetação, Programa
empreendimento poderá provocar
causar destruição parcial ou atua como habitat para a de Resgate de Germoplasma, Programa
uma pressão sobre o recurso
total dos vestígios arqueológicos fauna e permite a proteção de Recuperação de Áreas Degradadas e
hídrico. Além disso, carros-pipas
interferidos pela LT e de outros dos solos contra a erosão. Programa de Reposição Florestal.
que atendem a população poderão
que possam ser encontrados, caso Na fase de operação, para
ser utilizados para demandas da
não seja realizada a prospecção evitar que a vegetação afete
obra, pressionando o fornecimento
arqueológica e ações posteriores a manutenção e a operação
de água na região.
de salvaguarda ou resgate do da LT, será necessária a
material encontrado. limpeza periódica em áreas
Programas recomendados: com regeneração natural,
como faixa de serviço e IMPACTO 18 – INTERFERÊNCIAS
Programa Ambiental para EM ÁREAS PRIORITÁRIAS PARA
Construção e Programa de Programas recomendados: acessos permanentes,
Projeto de Avaliação de Impacto assim como o corte seletivo
CONSERVAÇÃO
Educação Ambiental.
ao Patrimônio Arqueológico, de árvores e podas na faixa A LT passará pela APC Acari, de
Programa de Gestão do Patrimônio de servidão. Importância Alta e prioridade para
Arqueológico e Projeto Integrado conservação Muito Alta, a qual será
de Educação Patrimonial. interferida principalmente devido à
Programas
recomendados: supressão de vegetação. Contudo, a
Programa de Supressão de área impactada é muito pequena em
Vegetação, Programa de comparação à área total desta APC,
Resgate de Germoplasma, representando 0,22%.
Programa de Recuperação
de Áreas Degradadas e Programas recomendados:
Programa de Reposição Programa de Recuperação de Áreas
Florestal. Degradadas, Programa de Reposição
Florestal, Programa de Monitoramento
de Fauna Silvestre, Programa de
Compensação Ambiental e Programa de
Afugentamento e Resgate de Fauna.

90 91
IMPACTO 19 – ALTERAÇÃO IMPACTO 21 – COLISÃO DA
E/OU PERDA DE HABITATS AVIFAUNA
DA FAUNA SILVESTRE
A colisão de aves com estruturas
Na fase de instalação, a retirada da do empreendimento pode ocorrer,
vegetação impacta de diferentes pontualmente, durante as atividades IMPACTO 22 - INDUÇÃO OU
formas as condições de vida da de lançamento de cabos, na etapa ACELERAÇÃO DE PROCESSOS
fauna local, seja pela redução de implantação, e ao longo de toda a EROSIVOS
ou fragmentação das áreas ou, IMPACTO 20 – fase de operação, visto que é inserida
Durante a instalação da LT,
ainda, pela perda de habitats. PERTURBAÇÃO E uma nova barreira para as aves no
serão realizadas atividades com
As atividades construtivas que ACIDENTES COM A FAUNA ambiente. Na operação, a maior parte
movimentação de solos, provocando
envolvem a movimentação de solo, SILVESTRE das colisões ocorre com os cabos
ou acelerando erosões nas áreas do
como escavações e fundações das para-raios, pois são mais finos e
projeto, contribuindo também para
torres, também causam alterações Durante a etapa de construção, menos perceptíveis do que os cabos
um maior escoamento superficial
do habitat, atingindo diretamente os ruídos produzidos e a presença de transmissão.
das águas das chuvas. Já na etapa de
determinadas espécies. de operários e de máquinas
operação, ocorrerão atividades para
podem afugentar os animais
Programas recomendados: a manutenção do empreendimento,
para áreas próximas ou mesmo
Programas recomendados: Programa de Monitoramento da como a melhoria dos acessos, o que
distantes e causar a ocupação de
Programa de Recuperação de Eficácia dos Sinalizadores Anticolisão também gera movimentação do solo.
territórios de outros animais, a
Áreas Degradadas, Programa de competição e, ainda, o aumento da Avifauna.
Reposição Florestal, Programa
de Compensação Ambiental,
de contato com o homem, o Programas recomendados:
consequente abatimento, além Programa Ambiental para
Programa de Supressão de de atropelamentos. O uso de Construção, Programa de Controle e
Vegetação, Programa de motosseras e outros maquinários, Monitoramento de Processos Erosivos
Monitoramento de Fauna Silvestre assim como a derrubada de e de Assoreamento e Programa de
e Programa de Afugentamento e árvores e a abertura de cavas Recuperação de Áreas Degradadas.
Resgate de Fauna. podem gerar acidentes com a
fauna. Na etapa de operação, esse
impacto continua, porém, com
intensidade menor. IMPACTO 23 – INTERFERÊNCIA EM RECURSOS
HÍDRICOS
Programas recomendados: Para a instalação do empreendimento, considerando épocas
Programa Ambiental para de chuvas, é esperada a instalação de pontes, passagens
Construção, Programa de molhadas e bueiros, entre outros. Além disso, são previstas
Comunicação Social, Programa atividades construtivas que, de uma forma geral, podem
de Educação Ambiental, causar alterações nos cursos hídricos pela maior erosão dos
Programa de Afugentamento e solos e carreamento de sedimentos, principalmente durante
Resgate de Fauna e Programa de eventos de chuvas intensas, provocando um aumento da
Monitoramento de Fauna Silvestre. turbidez e, em situações extremas, o assoreamento de corpos
d’água, incluindo os reservatórios artificiais (açudes), que
podem diminuir sua vazão.

Programas recomendados: Programa de Controle e


Monitoramento de Processos Erosivos e Assoreamento e
Programa de Recuperação de Áreas Degradadas.

92 93
IMPACTO 24 - ALTERAÇÃO
DOS NÍVEIS DE PRESSÃO
SONORA
O aumento dos ruídos na etapa IMPACTO 26 –
de implantação ocorrerá nas INTERFERÊNCIAS
proximidades dos acessos a serem EM PATRIMÔNIO
utilizados devido à circulação PALEONTOLÓGICO
de máquinas, equipamentos e Diante das atividades de
veículos pesados, e nas áreas escavação, aterramento e
associadas às atividades de obras concretagem relacionadas à
do projeto (canteiros, torres, faixa abertura de acessos e fundações
de servidão etc.), podendo causar de torres, há possibilidade de
incômodos à população e à fauna destruição parcial ou total de
do entorno. Na etapa de operação, eventuais conteúdos fossilíferos
haverá ruídos relacionados ao existentes na área prevista para a
funcionamento da LT, pela tensão
IMPACTO 25 - implantação do empreendimento.
elétrica e vibração dos cabos IMPACTO 27 -
INTERFERÊNCIAS EM Entretanto, devido à ocorrência
(chamado de Efeito Corona), que INTERFERÊNCIAS EM
PATRIMÔNIO ESPELEOLÓGICO pontual dos registros
poderão ser potencializados ou paleontológicos levantados na ATIVIDADES MINERÁRIAS
amenizados pelas variações da As ações construtivas para implantação região, uma vez identificados, é
neblina e umidade. do empreendimento, especialmente possível realizar o desvio destas Em decorrência da instalação do
para a abertura de novos acessos e nos áreas. empreendimento, está prevista
locais de instalação de torres, onde restrição parcial no uso de 78
Programas recomendados: é esperada maior movimentação de áreas de atividades minerárias
Programa Ambiental para Programas recomendados: interceptadas pelas estruturas do
rocha e solo, poderão interferir em
Construção. Programa Ambiental para projeto. A maioria dessas áreas
cavidades presentes em trechos de
alto e muito alto potencial na região. Construção, Programa de ainda está na fase de Autorização
Essas ações podem, caso não ocorram Proteção da Geodiversidade e de Pesquisa (33 áreas) e 15 estão
desvios do traçado da LT, causar uma Geoconservação, e Programa de em fase mais avançada no
degradação à cavidade natural. Além Educação Ambiental. processo.
disso, efeitos negativos também são
possíveis pela circulação ou visitação,
sem controle ou orientação, de Programas recomendados:
trabalhadores e outras pessoas nestas Programa de Gestão de
cavidades. Interferências com Atividades
Minerárias.

Programas recomendados:
Programa Ambiental para
Construção, Programa de Proteção
da Geodiversidade e Geoconservação,
Programa de Educação Ambiental,
Programa de Supressão de Vegetação e
Programa de Compensação Ambiental.

94 95
As Áreas de Influência (AIs) foram definidas
considerando as Áreas de Estudo (AEs)
delimitadas anteriormente e o alcance dos
impactos socioambientais previstos para
todas as etapas do empreendimento.

Área Área De Influência


Diretamente Direta (AID)
Afetada (ADA)
Área vizinha às estruturas
do empreendimento, ou
seja, inclui a ADA, onde os
impactos socioambientais
são percebidos de forma
mais direta por contemplar
a região de maior
Entorno intensidade de efeitos e
Imediato influência do projeto.

Entorno Não Área de Influência


Imediato Indireta (AII)

Entorno não imediato da


ADA, incluindo a AID, onde
os impactos tendem a ser
observados de maneira
mais indireta, ou seja,
mais diluídos e menos
concentrados no espaço.

96 97
ÁREAS DE INFLUÊNCIA DIRETA (AID)
ÁREA DE INFLUÊNCIA DIRETA (AID)

Meio Físico e Biótico

• Limites da Área • Justificativa


Faixa de 300 Contempla a abrangência espacial dos
metros ao redor das impactos locais, considerando que esses
estruturas da ADA. impactos são mais restritos às proximidades
do empreendimento e serão sentidos de
forma mais concentrada no ambiente.
Principalmente pela abrangência dos ruídos
- conforme distancia-se do empreendimento,
seus efeitos tendem a ser atenuados, podendo
se manifestar em até 300 metros, geralmente.

Meio Socioeconômico

• Limites da Área • Justificativa


Área de 2,5 km no Avaliação dos impactos do empreendimento
entorno da ADA, sobre os modos de vida locais, principalmente.
incluindo: Para essa delimitação, foram observados os
• Núcleos populacionais impactos de abrangência local, sendo:
e povos tradicionais • Agravamento da Situação de Vulnerabilidade
existentes mais Social;
próximos; • Alteração do Cotidiano da População Local;
• Propriedades • Alteração do Uso e Ocupação do Solo;
diretamente afetadas;
• Interferência em Comunidade Quilombola;
• Territórios
Quilombolas situados • Interferências em Povoados Rurais;
na distância de até 5 • Pressão sobre a Segurança Hídrica da
km da ADA. População Local;
• Interferência no Patrimônio Histórico, Cultural
e Arqueológico.

98 99
ÁREAS DE INFLUÊNCIA INDIRETA (AII)
ÁREA DE INFLUÊNCIA DIRETA (AII)

Meio Físico

• Limites da Área • Justificativa


Delimitada por Estabelecida a partir do impacto de
microbacias que interferências em recursos hídricos, uma vez
interceptam a ADA. que os demais impactos se manifestam de
forma mais localizada no ambiente.

Meio Biótico

• Limites da Área • Justificativa


Delimitada por microbacias Os impactos sobre o Meio Biótico
que interceptam a ADA e pelas foram avaliados com abrangência
áreas vistas como mais sensíveis, local, estando diretamente
sendo a APC Acari e três Áreas relacionados à ADA e imediações.
de Concentração de Aves - Contudo, de forma conservadora,
recortadas até o limite da AE do para a delimitação da AII, foi
Meio Biótico. considerada a capacidade dos
impactos da AID se expandirem.

Meio Socioeconômico

• Limites da Área • Justificativa


Contempla 13 Para essa delimitação foram observados os impactos
municípios, sendo dez de abrangência regional, pois traduzem as áreas
atravessados pela LT: onde os efeitos das mudanças geradas pelo
Campo Redondo, que empreendimento tendem a ser percebidos de forma
receberá um canteiro mais dispersa e de maneira mais indireta, sendo:
de obra; Picuí, que • Geração de Expectativas;
apresenta rotas de
passagem para as • Pressão sobre a Infraestrutura de Equipamentos e
atividades construtivas Serviços Públicos;
da LT; e Várzea, pela • Incremento da Economia Regional;
abrangência de um
• Geração de Emprego e Renda;
Território Quilombola
a menos de 5 km • Pressão sobre o Tráfego e Infraestrutura Viária;
(Pitombeira). • Alteração da Paisagem;
• Pressão sobre Usos do Patrimônio Cultural e
Turístico.

100 101
São medidas de mitigação e controle dos
impactos ambientais negativos e potencialização
dos impactos positivos identificados no EIA.
Ao todo, serão 21 programas ambientais
implementados durante a realização das
atividades de instalação e operação da Linha de
Transmissão (LT) 500kV SE Serra do Tigre Sul - SE
Santa Luzia II. Cabe observar que o Programa de
Gestão do Patrimônio Arqueológico (PGPA), o
Projeto de Avaliação de Impacto ao Patrimônio
Arqueológico (Paipa) e o Projeto Integrado de
Educação Patrimonial (Piep) serão elaborados
posteriormente, seguindo o processo de análise
e aprovação específica do Iphan. Logo, seus
respectivos resumos não constam neste Rima.
Uma explicação objetiva dos demais programas
pode ser lida a seguir.

102 103
PROGRAMA AMBIENTAL
PARA CONSTRUÇÃO (PAC)
Deve estabelecer diretrizes
construtivas e ambientais que
garantirão o cumprimento da
legislação ambiental pertinente, PROGRAMA DE RESGATE DE
de condicionantes das licenças e GERMOPLASMA (PRG)
autorizações ambientais emitidas, PROGRAMA DE GESTÃO
Destina-se a planejar e executar as
visando nortear as ações técnicas AMBIENTAL
atividades de resgate do material
de mitigação ambiental para a
Existe para estabelecer e genético vegetal presente ao longo
execução das obras necessárias à
executar os procedimentos das áreas passíveis de supressão
implantação da LT durante a fase
técnicos e gerenciais para instalação da LT. A perda de
de instalação.
eficientes que permitem o vegetação nativa acarreta também
O escopo do PAC é baseado em acompanhamento das ações na perda de material genético de
determinadas populações, que,
PROGRAMA DE
um instrumento gerencial para descritas nos programas RECUPERAÇÃO DE ÁREAS
monitoramento de todas as ambientais propostos, para dependendo do caso, pode ser
significativa, uma vez que algumas
DEGRADADAS (PRAD)
atividades construtivas executadas, que eles sejam executados
onde são apresentadas diretrizes com a adequada condução espécies podem apresentar Define as principais estratégias a
e técnicas básicas de mitigação e visem a melhoria contínua estados críticos de conservação ou serem adotadas para estabilizar
recomendadas para serem do desempenho ambiental, ainda se apresentarem raras nas os terrenos e controlar os
empregadas durante a construção atentando para o atendimento comunidades afetadas. processos erosivos, reflorestando
da LT. Aborda tópicos relacionados à legislação aplicável e as áreas degradadas,
aos métodos usados na obra e aos requisitos do processo recuperando as atividades
estabelece medidas para prevenir, de licenciamento para a biológicas no solo, além de tratar
controlar e mitigar os impactos implantação da LT. a paisagem das áreas afetadas,
ambientais identificados. contribuindo para a melhoria
O escopo do PGA é baseado da qualidade ambiental em
na formulação e execução de PROGRAMA DE REPOSIÇÃO conformidade com valores
um sistema de coordenação FLORESTAL (PRF) socioambientais.
das atividades construtivas
do empreendimento, onde se Estabelece medidas destinadas
destacam o acompanhamento a compensar a retirada de
PROGRAMA DE SUPRESSÃO das obras e da implementação vegetação pela implantação da
DA VEGETAÇÃO (PSV) dos programas ambientais, LT, por meio do plantio de mudas,
do cumprimento da propiciando a reabilitação de
Tem como objetivo a orientação legislação ambiental nas áreas no entorno, reintegrando-as
estratégica da supressão da esferas federal, estadual e à paisagem de forma que sejam
vegetação, visando conduzir a municipal, e do atendimento recriadas as relações normais no
atividade de forma planejada às condicionantes das licenças ambiente.
e controlada. Busca mitigar os e autorizações emitidas para o
danos à vegetação do entorno, empreendimento, dentro dos
ordenar o material suprimido, prazos estabelecidos.
elaborar os respectivos laudos
técnicos florestais e oferecer um
destino final ao material gerado.

104 105
PROGRAMA DE
MONITORAMENTO DE
FAUNA SILVESTRE
Pretende analisar, por intermédio PROGRAMA DE
de campanhas de monitoramento, MONITORAMENTO
os grupos da fauna definidos DA EFICÁCIA DOS
a partir dos dados obtidos nas SINALIZADORES
PROGRAMA DE campanhas de levantamento, ANTICOLISÃO DE
AFUGENTAMENTO E observando como varia a AVIFAUNA
RESGATE DE FAUNA composição, abundância e riqueza
Busca realizar o monitoramento
das espécies silvestres no local
Visa diminuir as injúrias aos animais das aves susceptíveis a colisões PROGRAMA DE PROTEÇÃO
previsto para a instalação da LT.
silvestres durante o necessário com os cabos condutores e para- DA GEODIVERSIDADE E
As campanhas serão realizadas
corte de vegetação. A equipe raios da LT e verifica a eficiência GEOCONSERVAÇÃO (PPGG)
em três fases: 1) antes do início
de afugentamento e resgate de dos sinalizadores de anticolisão
das obras; 2) durante as obras; 3) Visa a geoconservação da área
fauna acompanha os profissionais na AID do empreendimento.
durante a fase operação. Desta na qual a LT se insere. Trata-se de
que realizam essa supressão, Para isso foram selecionados
forma será possível acompanhar uma região que apresenta um
espantando os animais dessa área trechos vistos como mais
o comportamento e os impactos complexo contexto geológico e
e, em último caso, resgatando os vulneráveis à colisão de aves para
sobre a fauna silvestre durante as geomorfológico, onde feições
que não conseguem fugir ou se instalação dos sinalizadores.
diferentes fases da LT. únicas são observadas. Várias
deslocam muito devagar. Desta
Os sinalizadores serão instalados delas estão englobadas no
forma, busca-se minimizar o risco
antes do início da operação da território do Geoparque Seridó.
de acidente ou morte das espécies
LT. Sua eficiência, na diminuição Esta geodiversidade também é
silvestres da fauna durante a
das colisões das aves, será representada pela existência de
instalação da LT. Os indivíduos que
acompanhada por meio de duas cavernas e fósseis, uma vez que o
forem regatados são identificados
campanhas sazonais (época de empreendimento intercepta áreas
e soltos em áreas semelhantes e
seca e de chuvas), durante a fase que apresentam alto potencial
longe de riscos. Os animais que
de operação. de ocorrência de cavernas, e
porventura se machucam neste
processo são encaminhados ao rochas que apresentam alto
PROGRAMA DE CONTROLE potencial de ocorrências de fósseis.
tratamento veterinário e posterior
E MONITORAMENTO DE Neste sentido, este programa se
soltura ou encaminhamento a
PROCESSOS EROSIVOS E justifica visando a proteção destes
instituições de cuidados, como os
ASSOREAMENTO (PMCPEA) PROGRAMA DE GESTÃO patrimônios, e a geoconservação
Centros de Triagem de Animais
Silvestres (Cetas) parceiros. DE INTERFERÊNCIAS COM da área.
Contempla as orientações
ATIVIDADES MINERÁRIAS
para identificar, monitorar e
(PGIAM)
controlar os processos erosivos
e de assoreamento que venham Pretende solucionar os
a se desenvolver no decorrer eventuais conflitos resultantes
das obras e da operação do da instalação e operação da
empreendimento. LT sobre áreas requeridas para
exploração mineral.

106 107
PROGRAMA DE APOIO AOS
MUNICÍPIOS (PAM)
PROGRAMA DE
Pretende estabelecer um
ESTABELECIMENTO DA
conjunto de ações em prol do
FAIXA DE SERVIDÃO
desenvolvimento dos municípios
Tem como principal objetivo como forma de compensação
acompanhar e orientar os e/ou mitigação dos impactos
procedimentos relativos ao socioambientais, no sentido
cadastro, avaliação, negociação de promover contrapartidas
e indenização necessários à
PROGRAMA DE às novas configurações
constituição da Faixa de Servidão
CAPACITAÇÃO DE MÃO DE socioeconômicas, culturais
Administrativa da LT 500kV SE
OBRA LOCAL (PCMOL) e ambientais trazidas pela
Serra do Tigre Sul - SE Santa PROGRAMA DE EDUCAÇÃO implantação da LT, prezando
AMBIENTAL (PEA/PEAT) Reúne ações que direcionam
Luzia II. pela participação e controle
esforços e recursos para capacitar
social das medidas.
Dividido em dois módulos, e absorver a mão de obra e os
para os atores sociais das prestadores de serviços locais, com
AIs e para os trabalhadores objetivo de apoiar e estimular o
da obra, desenvolve um crescimento econômico da região
conjunto de metodologias onde a LT será instalada. Dessa
em ações educativas focadas forma, pretende-se potencializar
na temática socioambiental os principais impactos positivos
visando, sobretudo, fomentar a gerados pela LT, como a geração
participação qualificada destes de emprego e o incremento da
PROGRAMA DE
grupos na Gestão Ambiental arrecadação tributária, por meio
COMPENSAÇÃO AMBIENTAL
Pública. da capacitação da população da
(PCA)
PROGRAMA DE AII e AID e ocupação das novas
COMUNICAÇÃO SOCIAL (PCS) oportunidades de emprego e Deve fomentar a aplicação de
negócio que surgirão com a recursos de, no mínimo, 0,5% do
Promove um processo de instalação da LT. valor global do projeto para o
comunicação transparente e
custeio de atividades ou aquisição
acessível entre o empreendedor
de bens para UCs do Grupo
e as partes interessadas da LT,
Proteção Integral. A aplicação
tendo como base ferramentas e
desses recursos serve como medida
metodologias que possibilitem o
de compensação dos impactos
compartilhamento de informações
ambientais que não poderão ser
qualificadas de forma clara e
evitados com a implantação da
adaptada à linguagem necessária
LT, conforme estabelecido na
para cada tipo de público.
Resolução do Conselho Nacional
de Meio Ambiente (Conama)
002/96 e Lei 9.985/2000. A seleção
é competência do órgão ambiental
licenciador e os dados para o
cálculo da compensação são
apresentado no PCA.

108 109
Este capítulo traz a conclusão sobre a situação socioambiental
da região onde será inserida a LT, contribuindo, neste sentido,
para a análise de sua viabilidade.

Foram considerados os dados levantados para elaboração


do estudo, as alternativas locacionais e tecnológicas do
empreendimento, as legislações e o contexto no qual a obra
está inserida.

A análise dos impactos a partir do grau de importância para


os meios Físico, Biótico e Socioeconômico apresentou, como
resultado, 11 impactos de natureza negativa e de grande
importância na fase de implantação.

Contudo, foram propostas ações e medidas mitigadoras para


todos os impactos mapeados, a fim de minimizar os negativos
e potencializar os positivos. Ao considerar o resultado da
análise integrada dos impactos, a escolha das alternativas
locacionais e tecnológicas, a proposição das medidas
mitigadoras e os programas sugeridos, somados à importância
do empreendimento para a manutenção do fornecimento e
aproveitamento do potencial energético regional para o SIN, se
conclui pela viabilidade ambiental do projeto.

110 111
No quadro a seguir, são apresentadas
as informações da Equipe Técnica
Multidisciplinar envolvida na
elaboração deste Rima.

Profissional Formação Função


Raquel Marques Biologia Diretora do Projeto
Ivan Telles Engenharia Gestão Institucional
Agrônoma
Rafaela Antonini Biologia Coordenação Técnica
Luiz Henrique Lyra Biologia Gerente do Projeto
Ayesha Pedrozo Biologia Elaboração e revisão dos produtos de Fauna e UCs
Caio Missagia Biologia Elaboração e revisão dos produtos de Fauna
Marcelle Costa Biologia Elaboração dos Programas de Fauna
Daniel Rosa Biologia Elaboração dos Programas de Fauna
Ingo Kuerten Geografia Revisão dos produtos do Meio Físico
Thais Monteiro Geologia Elaboração dos produtos do Meio Físico
José Jonas Geografia Elaboração dos produtos do Meio Físico
Renata Correa Geografia Elaboração da Análise de Impactos e Alternativas
Locacionais
Wanda Firmino Engenharia Elaboração da Análise de Impactos e Alternativas
Ambiental Locacionais
Felipe Fraifeld Geografia Elaboração dos produtos do Meio Físico
Hiram Baylão Engenharia Florestal Revisão dos produtos de Flora
Pedro Ervilha Engenharia Florestal Elaboração e Revisão dos produtos de Flora
Vanessa Bloomfield Engenharia Florestal Elaboração e revisão da Caracterização do
Empreendimento e Programas Ambientais
Sidney Araújo Engenharia Florestal Elaboração e revisão da Caracterização do
Empreendimento e Programas Ambientais
Kleber Sá Carvalho Gestão Ambiental / Elaboração e revisão da Caracterização do
Medicina Veterinária Empreendimento e Programas Ambientais
Carlos Eduardo Sá Biologia Elaboração e revisão da Caracterização do
Empreendimento e Programas Ambientais

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Profissional Formação Função
João Paulo Simioni Geografia Elaboração dos mapas, figuras e quantitativos (GIS)
Verônica Luna Engenharia Elaboração dos mapas, figuras e quantitativos (GIS)
Cartográfica

Daniel Silva Comunicação Social Elaboração e revisão dos produtos de


Socioeconomia
Aline Sousa Ciências Sociais Elaboração e revisão dos produtos de
Socioeconomia
Patricia Silva Oceanografia Elaboração e revisão dos produtos de
Socioeconomia
Andrea Sousa Comunicação Social Elaboração e revisão dos produtos de
Socioeconomia
Allana Ferreira Geografia Elaboração dos mapas, figuras e quantitativos
(GIS)
Ellen Azevedo Ciências Ambientais Elaboração e revisão dos produtos de
Socioeconomia
Juliana Sechinato Ciências Sociais Elaboração e revisão dos produtos de
Socioeconomia

Eduardo Silva Geografia Elaboração e revisão dos produtos de


Socioeconomia
Maria Jacob Gestão Ambiental Elaboração e revisão dos produtos de
Socioeconomia
Fagner Torres Comunicação Social Redação e Revisão do RIMA
Mariana Costard Design Projeto gráfico e diagramação do RIMA

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