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XVIII ENCONTRO DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA

ISSN 18088457
Universidade de Fortaleza
16 a 18 de outubro de 2018

AVALIAÇÃO DO LICENCIAMENTO AMBIENTAL PARA OBRAS DE


INFRAESTRUTURA DE PEQUENAS CENTRAIS HIDRELÉTRICAS.
José Antonio de Marinho Pontes Junior1*(PG) e Ricardo Leandro Santos Araújo2(PG).

1Mestrado em Ciências da Cidade, Universidade de Fortaleza, Fortaleza-CE;


1Mestrado em Ciências da Cidade, Universidade de Fortaleza, Fortaleza-CE;

marinho_jr@hotmail.com

Resumo
Neste trabalho apresenta-se o estudo sobre a avaliação do licenciamento ambriental para
pequenas centrais hidreletricas, onde aborda um procedimento administrativo pelo qual o Órgão
ambiental competente licencia a localização, instalação, ampliação, modificação e operação de
atividades e empreendimentos utilizadores de recursos ambientais considerados efetiva ou
potencialmente poluidores ou daqueles que, sob qualquer forma, possam causar degradação
ambiental, desde que verificado, em cada caso concreto, que foram, preenchidos pelo
empreendedor, os requisitos legais exigidos. São duas as etapas do licenciamento:
Licenciamento preventivo que ocorre previamente ao desenvolvimento da implantação do
empreendimento e Licenciamento corretivo que ocorre simultaneamente ou após a implantação
do empreendimento.
A crescente preocupação com o meio ambiente tem levado o país a exercer uma política
ambiental cada vez mais efetiva e abrangente, visando responder as novas necessidades
ambientais. Essa nova política ambiental pode ser constatada na atual legislação em vigência.
Os estudos ambientais visam garantir o bem estar da sociedade atual e das gerações futuras,
bem como, uma cobrança cada vez mais efetiva e uma vigilância mais constante, visando o
cumprimento da legislação ambiental.
O suprimento de energia é considerado uma das condições básicas para o desenvolvimento
econômico e este, por sua vez, juntamente com o crescimento populacional e a proteção do meio
ambiente, são os dois maiores problemas globais das próximas décadas.
A geração de energia elétrica corresponde a 91% da produção hidroenergética do Brasil, e no
ano de 2001 o sistema, mesmo com período de vazões altas, estava no limite de atendimento da
demanda;

Palavras-chave: Licenciamento mabiental. Obras de infraestrutura. Pequenas centrais


hidreletricas.
Introdução
A água possui diversos fins, e dentre eles, temos sua importante colaboração na geração de
energia elétrica. A energia hidráulica no Brasil, é considerada de uso não consuntivo, ou seja, não
há perdas, trata-se de um ciclo, “nossas bacias hidrográficas com rios de planalto que se
espalham pelas regiões, seguem trajetórias em que de modo geral a declividade é suave; quando
barrados, formam grandes lagos; são energia potencial estocada. È só fazer a água cair,
passando por uma turbina, que geramos a eletricidade mais barata do mundo, de fonte renovável
e não poluente.

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No Brasil, uma das primeiras normas federais protetoras dos recursos naturais foi o Código de
Águas - Decreto 24.643, de 10.07.34, alterado pelo Decreto-lei 852, de 11.11.38, onde as águas
são um dos elementos básicos do desenvolvimento, pois a eletricidade é um subproduto
essencial para a industrialização do País.
O Licenciamento é um procedimento administrativo pelo qual o Órgão ambiental competente
licencia a localização, instalação, ampliação, modificação e operação de atividades e
empreendimentos utilizadores de recursos ambientais considerados efetiva ou potencialmente
poluidores ou daqueles que, sob qualquer forma, possam causar degradação ambiental, desde
que verificado, em cada caso concreto, que foram, preenchidos pelo empreendedor, os requisitos
legais exigidos. São duas as etapas do licenciamento: Licenciamento preventivo que ocorre
previamente ao desenvolvimento da implantação do empreendimento e Licenciamento corretivo
que ocorre simultaneamente ou após a implantação do empreendimento.
O licenciamento ambiental de empreendimentos hidrelétricos é iniciado pela elaboração do
Estudo Integrado de Bacia Hidrográfica, conhecido como EIBH, que tem por objetivo analisar os
impactos do conjunto de empreendimentos projetados para uma mesma bacia. Em seguida, pode
ser iniciado o processo de licenciamento ambiental específico do empreendimento, que é
realizado em três etapas: Licença Prévia (LP), Licença de Instalação (LI) e Licença de Operação
(LO). Para se obter a LP, são elaborados o Estudo de Impacto Ambiental – EIA – e o Relatório de
Impacto Ambiental – RIMA, que apresentam todos os impactos ambientais previstos em um
determinado Projeto e indicam os programas e as medidas de controle para evitar, minimizar,
monitorar e/ ou compensar tais impactos.

Metodologia
Para realizar o licenciamento ambiental são realizados antes os estudos de impactos ambientais.
Para a realização dos estudos ambientais são analisadas as características do projeto para as
fases de implantação e operação. Para isso, são levantados dados sobre os aspectos físicos,
bióticos, socioeconômicos e culturais da região. A partir do conhecimento da região são definidas
áreas de influência, que são divididas em:

Área de Influência Direta do Projeto (AID): Área do Projeto e seu entorno imediato, que também
pode ser atingida por impactos significativos (positivos ou negativos) do empreendimento;
Área de Influência Indireta do Projeto (AII): Áreas que poderão receber efeitos indiretos do
empreendimento.
Nas áreas de influência são estudados o uso do solo e cobertura vegetal, áreas de proteção da
biodiversidade. Esses estudos podem ser divididos em:
Meio Físico: clima, rochas, relevo, solos, águas superficiais, qualidade das águas superficiais,
águas subterrâneas, qualidade das águas subterrâneas, cavernas e fósseis;

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Meio Biótico: vegetação, aves, mamíferos, anfíbios e répteis, insetos, peixes, comunidades
hidrobiológicas;
Meio Socioeconômico e Cultural.

IMPACTOS E AÇÕES AMBIENTAIS

O estudo ambiental objetiva avaliar, por meio da Avaliação de Impactos Ambientais, a


maneira e a intensidade como um determinado projeto impacta o meio ambiente da região onde
se pretende inseri-lo. A importância desse impacto é avaliada considerando-se vários critérios de
valoração, entre eles: reversibilidade, abrangência, magnitude.
Os impactos ambientais para implantação de pequenas centrais hidrelétricas podem ser
divididos em três partes, os impactos na fase de planejamento, implantação, enchimento e
operação.

Figura 1 -Fase de Planejamento

Impacto Ações Ambientais


Acompanhamento das
Ampliação do Atividades de Supressão
conhecimento e
científico Eventual Resgate da
Fauna
Biótico
Pressão do homem
sobre os biótopos Resgate e Divulgação da
durante os estudos Informação Científica
ambientais

Expectativas e
Preocupações dos
Proprietários e
Socioeconômico Produtores Rurais,
Educação Ambiental
e Cultural da
Comunidade e do
Poder
Público Local

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Meio físico – alteração da paisagem
A inserção da PCH desde a etapa de implantação até a operação, mudará permanentemente as
características cênicas da área em virtude das mudanças de uso do solo do espaço existente. As
alterações mais impactantes ocorrerão com reflexo nos meios físicos, bióticos e socioeconômicos.
Sob o aspecto físico, a modificação incidirá no aspecto visual de percepção da paisagem,
decorrente primeiramente pela implantação do canteiro de obras, vias de acesso e das
construções civis e posteriormente com a formação do reservatório, substituindo um rio por um
lago de maiores proporções, no qual, o regime hídrico do rio na área de influência direta passará
de lótico para lêntico.
O impacto no aspecto biótico incidirá principalmente à supressão da vegetação na área a ser
alagada, deixando o solo exposto. No aspecto socioeconômico, embora, a paisagem local já
esteja alterada pelo uso do solo para atividades agrícolas, a presença do empreendimento fixará
um marco modificador da paisagem, incidindo em impactos principalmente pela transformação
das atividades exercidas no local. Como medida mitigável deverá ser desenvolvido o Programa de
Recuperação de Áreas Degradadas, o Plano Diretor de Conservação, Uso e Ocupação do Solo
no Entorno do Reservatório, Estímulo à Regularição da Reserva Legal nos Imóveis Lindeiros e o
Programa de Revegetação da Faixa Ciliar. Bem como a instalação do Canteiro de Obras e vias
de acesso deverá evitar ao máximo a derrubada de vegetação e de outros locais de valor
paisagístico.
Formação de áreas degradadas
As obras de implantação da PCH constituem fator de geração de áreas com certo grau de
degradação, principalmente em função da remoção da vegetação e do revolvimento do solo para
a abertura de estradas de acesso, construção das ensecadeiras e da barragem, e utilização de
áreas para empréstimo e bota-fora, além de outras ações ligadas diretamente à construção e
pertinentes ao tipo de empreendimento em questão. As áreas degradadas, além de
representarem elemento paisagístico altamente negativo, mostram potencial para formação de
focos de erosão ou para estabelecimento de condições propícias ao desenvolvimento de
patógenos, criando um ambiente favorável à reprodução de vetores de doenças (valas isoladas,
acúmulo inadequado e abandono indevido de restos de obra e resíduos diversos, entre outros)
Como medida mitigadora e compensatória deverá ser feito um planejamento adequado das
atividades de maior impacto em relação à formação de áreas degradadas; adoção de medidas
preventivas de controle de formação de focos de erosão e carreamento de solo; o Programa de
Recuperação de Áreas Degradadas; Estimulo à Regularização da Reserva Legal nos Imóveis
Lindeiros e o Programa de Revegetação da Faixa Ciliar.

Resultados e Discussão
Para o acompanhamento da evolução dos impactos ambientais decorrentes da implantação do
empreendimento, será realizado o monitoramento ambiental das obras de construção através dos
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programas de controle e monitoramento. A execução dos Programas Ambientais norteará a
maioria das Medidas de Controle Ambiental, sugeridas no estudo ambiental. O objetivo dos
programas é eliminar, minimizar e compensar os impactos advindos do empreendimento, fazendo
valer os princípios legais estabelecido pela legislação e a sua execução será de estrita
responsabilidade do empreendedor e sujeitas a verificação por parte dos órgãos ambientais.
Risco é a Possibilidade de acontecer algo que ameace seus objetivos.
Gerenciar riscos é um meio de assumir com confiança os riscos e então gerenciar os resultados
para o sucesso.
Para avaliar os riscos faz-se necessário primeiro identificar a Caracterização Fundiária das
Propriedades Atingidas.
O conhecimento das características do empreendimento, somado ao conhecimento das
especificidades do projeto e das características dos meios físico, biótico e socioeconômico das
áreas de influência do empreendimento – previamente analisadas - possibilitou a identificação
prévia de ações com possíveis consequências, ou ainda, os impactos potenciais, para o meio
natural ou criado, resultantes da implantação da PCH.

O Programa de Manejo e Resgate da Fauna visa resguardar a fauna existente na área do entrono
do empreendimento, mais especificamente nos trechos que serão impactados com a implantação
das obras e com a área a ser inundada, evitando-se que a mesma venha a sofre danos, ou pelo
menos minimizá-los, preservando-se desta forma, o empreendimento da ocorrência de problemas
ambientais com a fauna silvestre. Os animais resgatados serão destinados às áreas pré-
estabelecidas, preferencialmente as florestas próximas, repovoando a área de preservação
permanente no entorno do reservatório, garantido a manutenção das populações. Também,
deverão ser colocadas placas indicadoras e sinalizadores de trânsito, alertando para existência de
animais silvestres nas pistas que levam até as obras da PCH. Os colaboradores da mesma e
moradores locais receberão instruções através do Programa de Educação Ambiental, fato que
pode vir a contribuir para redução da mortalidade da fauna.

Conclusão
Embora a Agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL, considere como baixos os impactos
ambientais advindos da construção de uma PCH, em alguns casos esses impactos podem ser
extremamente danosos e/ou irreversíveis para o ecossistema local.
A preservação do meio ambiente no seu aspecto geral fauna, flora, poluição e tudo o que estiver
diretamente relacionado, tem seus benefícios suportados no projeto que, se bem estruturado, não
haverá retorno apenas financeiro, mas, levará o progresso para a região do empreendimento sem
danificar ou interferir na natureza.
Todavia, diante da crescente demanda por energia elétrica, concluí-se que os incentivos às
Pequenas Centrais Hidrelétricas, por serem consideradas uma forma de produção de energia

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com baixo impacto ambiental e uma energia “limpa” e renovável, criam atrativos para que sejam
implantadas PCHs nas regiões que seriam consideradas críticas em relação à falta de energia. As
Políticas Ambientais, quando direcionam os empreendimentos das PCHs, trazem grandes
benefícios para as comunidades próximas.
As PCHs não produzem apenas energia, mas produz uma melhor qualidade de vida, maior oferta
de emprego e avanço econômico sustentável.
O Brasil possui um alto grau de potencial hidráulico energético não explorado, o que faria das
PCHs uma grande solução para o possível défict energético nacional.

Referências
ABREU, Allan Ribeiro et al. FATORES ECONÔMICOS RELACIONADOS À INTERVENÇÃ O NA
VEGETAÇÃ O PARA A IMPLANTAÇÃ O DE LINHAS DE TRANSMISSÃ O NO ESTADO DE
RONDÔ NIA. Ciência Florestal, Brasília, v. 12, n. 1, p.153-158, set. 2012.

AGUIAR, Graziela de Toni. Análise do tempo de tramitação de processos de licenciamento


ambiental: Estudo de casos de termelétricas no Estado de São Paulo. São Paulo: Escola de
Engenharia de São Carlos/USP, 2008.

Banco Mundial. Licenciamento Ambiental de Empreendimentos Hidrelétricos no Brasil: Uma


Contribuição para o Debate. São Paulo: Escritório do Banco Mundial no Brasil, 2008.

BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. 34 ed.


Brasília: Câmara dos Deputados, Edições Câmara, 2011.

Agradecimentos
Sou imensamente grato a todas as pessoas e entidades que colaboraram com a realização
desse artigo e neste momento quero expressar meu especial agradecimento a alguma delas:
A Deus por permitir essa oportunidade ímpar em minha vida de estar podendo escrever esse
artigo.

Ao meu co participante desse artigo, Engº, professor Ricardo Lenadro que com paciência e
competência, me conduziu durante todo o desenvolvimento desta pesquisa, desde o processo
de escrita até nas colocações claras e precisas, que ajudaram na estruturação e conclusão
deste artigo.
Aos meus filhos que tanto amo Matheus Marinho, Mariana Marinho, Isaac Marinho e Gabriella
Marinho.

À Universidade de Fortaleza - UNIFOR, por estar me proporcionando momentos de


aprendizado, perseverança e crescimento em minha vida acadêmica e profissional.
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