Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
I – Relatório:
1
Com o objetivo de melhor analisar o processo, este Conselheiro requereu
vista dos autos durante a 98ª RO da URC-Zona da Mata.
2
Art. 6º - O estudo de impacto ambiental desenvolverá, no mínimo, as seguintes
atividades técnicas:
I - Diagnóstico ambiental da área de influência do projeto completa descrição e análise
dos recursos ambientais e suas interações, tal como existem, de modo a caracterizar a
situação ambiental da área, antes da implantação do projeto, considerando:
(...)
II - Análise dos impactos ambientais do projeto e de suas alternativas, através
de identificação, previsão da magnitude e interpretação da importância dos
prováveis impactos relevantes, discriminando: os impactos positivos e negativos
(benéficos e adversos), diretos e indiretos, imediatos e a médio e longo prazos,
temporários e permanentes; seu grau de reversibilidade; suas propriedades
cumulativas e sinérgicas; a distribuição dos ônus e benefícios sociais. (g.n.)
1
GONÇALVES, Luiz Cláudio. Planejamento de Energia e Metodologia de Avaliação Ambiental Estratégica:
Conceitos e Críticas. 1ª Ed. Curitiba: Juruá, 2009, p. 93-94.
2
MILARÉ, Édis. Direito do ambiente: doutrina, jurisprudência, glossário. 3a ed. ver. atual. e ampl. São Paulo:
Editora Revista dos Tribunais, 2004, p. 1003.
3
GONÇALVES, Luiz Cláudio. Op. cit., p. 93-94.
3
III – Do acompanhamento e da necessidade de majoração dos
exemplares da ictiofauna na área do empreendimento.
Consideração Final
Com base nos dados levantados nesse período de amostragem é recomendado aqui
neste diagnostico a continuidade do monitoramento icitiofaunístico (Programa a ser
inserido no PAC – Plano de Controle Ambiental) para que possamos construir uma base
de dados que sustente conclusões mais seguras a respeito da composição e
estruturação atual da ictiofauna local. É sabido, que a avaliação da estrutura e
composição de uma comunidade tendo como referência poucas coletas é bastante difícil.
A cada campanha uma nova informação sobre a comunidade é adicionada e seu
entendimento pode ser aprimorado ao longo do tempo, por isso a continuidade de um
monitoramento é tão importante. – f. 124 (g.n.)
Conta, ainda, do Estudo de Impacto Ambiental apresentado, à f. 123/v, que:
Conclusões
• Os monitoramentos de ictiofauna, principalmente em ambientes alterados por
barramentos, devem ser realizados de forma contínua e em longo prazo para que seja
possível a construção de uma base de dados satisfatória para o uso e manejo correto dos
reservatórios, bem como das bacias hidrográficas, o que vem ocorrendo no
empreendimento aqui diagnosticado;
• A ictiofauna da área de influência da PCH Nova Maurício é formada por espécies de
portes variados, com predomínio de Characiformes e Siluriformes e presença de 4
espécies exóticas (C.Kelberi, Orechromis sp., M.maculatus e S. brasiliensis);
• A presença de peixes com hábitos migratórios reprodutivos como a espécie de
“curimba” P. lineatus, assim como o “piau-vermelho” L.copelandii e o “dourado”
S.brasiliensis foi registrada neste monitoramento;
A equipe que elaborou o EIA anexou laudo emitido pelo atual professor Msc.
Paulo dos Santos Pompeu, desenvolvido em junho de 2007, no qual opina tecnicamente
sobre a desnecessidade de construção de mecanismo de transposição no referido
empreendimento (f. 223 a 255 do processo de licenciamento).
4
Neste parecer, há considerações muito relevantes para melhoria ambiental do
empreendimento. Vejamos
Mais importante que o número específico de espécies por ponto trata-se do acesso dos
peixes da jusante ao trecho de vazão reduzida localizado entre o pé de vertedouro e a
jusante da Usina Museu da Eletricidade de Maurício (P3) (Foto 6). Segundo moradores
da região quando ocorre abertura das comportas ocorre um incremento na presença de
peixes no TVR, e com o fechamento das comportas os mesmos ficam presos em poços
que se formam na calha do rio, o que facilita a predação, pesca predatória e mortandade
peixes. Segundo informações de moradores é comum ocorrer o aprisionamento de
piaus, curimbas e lambaris neste trecho. Assim a averiguação deste fato deve ser
tomada como prioritária ações de conduta ambiental da usina, principalmente por ter sido
verificado que nos trechos logo a jusante do TVR, peixes utilizam a área como sítio
reprodutivo. (f. 242 do processo de licenciamento)
Nas conclusões de seu estudo sobre a ictiofauna, o professor Paulo dos
Santos Pompeu assim se manifestou:
SUGESTÕES:
• Uma das ações mais prioritárias da área é a de que quando houver as aberturas das
comportas do vertedouro deverá ser realizada uma campanha de resgate de peixes
no TVR, coordenado por equipe técnica especializada. Esta ação baseia-se no fato de
que o aprisionamento e morte de peixes foram relatados por moradores da região,
evitando assim possíveis intervenções dos órgãos ambientais responsáveis, em
conseqüência de denuncias e / ou fiscalização. A partir destas campanhas também será
possível o diagnóstico da ocorrência, freqüência e intensidade destes eventos de
mortandade ou aprisionamento.
• Continuidade do monitoramento da ictiofauna da área de influência da UHE Nova
Maurício com o objetivo de acompanhar, verificar e mitigar possíveis danos
sofridos pela ictiofauna e virtude da operação da UHE.
• Inserção de programas de revitalização da vegetação ciliar, principalmente nos
segmentos a jusante do museu, uma vez que foi verificada a importância deste trecho
para a fauna de peixes do rio Novo a jusante de Nova Maurício.
• Desenvolvimento de projetos voltados para a biologia de Cichla sp e P.
adspersus. Para a primeira, o objetivo é de acompanhar a colonização desta espécie no
reservatório e nos trechos a jusante, a fim de se levantar informações sobre o manejo da
mesma para se evitar o desaparecimento de espécies nativas. Para P. adspersus, o
objetivo é avaliar a estrutura da população e aspectos da alimentação e reprodução nos
trechos a jusante do rio Novo, identificando assim possíveis ações para a manutenção se
populações viáveis desta espécie no rio Novo, bem como no próprio rio Pomba.
• Desenvolvimento de projetos de educação ambiental com enfoque voltado à
importância dos recursos da biota aquática na manutenção da vida. O mesmo
deverá atingir escolas e comunidades sobre influência direta ou indireta do
represamento. (g.n.)
Pertinente ao tema, foi imposta a condicionante de nº 08, cuja redação é
“dar continuidade ao „Programa de monitoramento da Ictiofauna‟, conforme as
proposições contidas no PCA, visando à implantação da conservação e o manejo de
ictiofauna no ambiente da PCH Nova Maurício, devendo ser contínuo de modo a
contemplar um período hidrológico completo”
Em meu juízo, além do monitoramento e do manejo, há necessidade da
realização de estudos visando à melhor proteção da ictiofauna e, se for o caso, o aumento
5
da população de peixes, ou seja, procriação e sobrevivência das espécies no Rio Novo, seja
por meios naturais, sejam pela introdução de mais exemplares das espécies existentes na
área do empreendimento, seguindo aquilo que for identificado nos necessários estudos.
6
Assim, sugiro seja realizado estudo que indique medidas mitigadoras, além
da ampliação e recuperação da área de proteção permanente, para proteger as espécies já
identificadas como ameaçadas de extinção.
V – Da faixa de APP:
O empreendimento possui uma área total de 380,6162 hectares, onde as faixas de APP,
considerando os 30 metros ocupa uma área de 30,3282 hectares, sendo 9,2882
hectares de APP do rio Novo e de 21,04 hectares de APP do reservatório. As estruturas
edificadas da usina estão assentadas sobre uma área de 0,2954 hectares, conforme
Quadro 1 a seguir e devem ter sua permanência regularizadas junto ao órgão ambiental,
onde o pedido de ocupação antrópica consolidada se faz viável, haja em vista que a
instalação do empreendimento ocorreu no período de 1955 a 1956, ou seja, há cerca de
57 anos. Assim, a APP das terras pertencentes à empresa foi considerada de 30 metros,
e, hoje, encontra-se bem conservadas e totalmente recompostas.
Por outro lado, necessário que se fundamente a razão pela qual a faixa de
APP foi delimitada na metragem mínima 30 (trinta) metros.
8
Entretanto, espera-se que, no período em que estiver baixado para diligência,
caso assim se entenda, o empreendedor concretize sua obrigação, adquirindo ou, ao
menos, instituindo a servidão administrativa na faixa de APP.
Em 2010, foi editada a Lei 12.334, que prevê Política Nacional de Segurança
de Barragens destinadas à acumulação de água para quaisquer usos, à disposição final ou
temporária de rejeitos e à acumulação de resíduos industriais. Esta lei é obrigatória para
barragens cuja altura do maciço, contada do ponto mais baixo da fundação à crista, seja
maior ou igual a 15m (quinze metros) (art. 1º, p.u., I).
A barragem com (sic) construída toda em concreto, e segundo informações obtidas por
ocasião da vistoria, possui 110 metros de extensão, 23 metros de altura máxima com
crista de 4 metros de largura.”.
9
No presente caso, entendo imprescindível, portanto, a imposição de
condicionante no sentido de que o empreendedor realize e execute o Plano de Segurança
da Barragem e o Plano de Ações Emergenciais.
“Mesmo não tendo a função de regularizar vazões no rio Pomba, as responsáveis pelos
empreendimentos citados neste Parecer (PCH´s Ponte, Palestina, Triunfo e Nova Maurício)
deveriam promover um estudo hidrológico detalhado dessa bacia, cujos objetivos
incluíssem a correlação entre posições do nível d‟água nas estações fluviométricas e
delimitação de áreas inundáveis nos municípios a jusante.
Estudos dessa natureza permitem inferir com antecedência quais pontos das cidades
localizadas a jusante serão atingidos e em que altura a água chegará nos locais inundados,
quando a posição do nível d´água atingir certos marcos nas réguas limnimétricas. Assim,
em consonância com o Poder Municipal, ações preventivas poderão ser tomadas, evitando
danos e transtornos para a população.”
VII – Conclusão.
VII. 1 Alterações
Condicionante 12
11
época de seca, evitando-se que eles sejam exterminados nas turbinas ou vertedouro da
hidrelética - Prazo: 01 (um) ano, devendo o estudo ser implementado ao longo da Licença,
conforme cronograma estipulado.
I- Realizar estudo que indique medidas para proteger as espécies identificadas como
ameaçadas de extinção, na área de influencia direta e indireta do empreendimento, e
executar as medidas conforme cronograma. Prazo para elaboração: 180 dias.
É o parecer.
12