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Trabalho de Licenciamento Ambiental

INTERLIGAÇÃO ENTRE A VIA ANCHIETA (SP-150) E A RODOVIA


CÔNEGO DOMÊNICO RANGONI (SP-055)

Universidade Federal de São Paulo


Santos - São Paulo
SUMÁRIO

Partes envolvidas 2

Características do empreendimento 2

Justificativas para implantação do empreendimento 2

Características do Solo da região do empreendimento 3

Qualidade da água 3

Áreas contaminadas na região 3

Vegetação 4

Fauna 4

Aspectos econômicos 4

Aspectos sociais 4

Aspectos culturais, históricos e arqueológicos 5

Pesquisa de Percepção Ambiental 5

Impactos negativos 5

Programas Ambientais 6

Fragilidades do estudo 10

Potencialidades do estudo 11

Análises Críticas do Grupo 11

Conclusão 12

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Partes envolvidas
Empreendedor: Concessionária Ecovias dos Imigrantes S.A.
Órgão ambiental: Cetesb

Características do empreendimento
O empreendimento consiste em uma ligação rodoviária entre as cidades de Santos
e Guarujá, possibilitando a ligação seca entre os dois lados do Porto de Santos.
● É proposta a construção de uma ponte estaiada localizada entre os bairros
do Alemoa/Saboó, na margem direita, e a Ilha Barnabé na margem esquerda,
em Guarujá
● Se iniciará no km 64 da Via Anchieta (SP-150) e terá novo acesso à Avenida
Perimetral com a transposição do canal do Porto de Santos próximo a Ilha
Barnabé, onde seguirá paralelamente ao traçado existente da Estrada
Particular da CODESP até a Rodovia Cônego Domênico Rangoni (SP-055)
no km 250,5.
● Com 1070 metros de comprimento sobre o canal do Porto de Santos, ligando
assim a cidade de Santos à cidade de Guarujá, é proposta uma estrutura
estaiada com vão central de 305 metros de comprimento. Além do vão
central, há mais dois vãos de equilíbrio de 150 metros cada, totalizando 605
metros de comprimento. Os demais trechos, com 232.5 metros de cada lado
do trecho estaiado, serão compostos por três vãos em balanços sucessivos.

Figura 1 - Perfil longitudinal geral da ponte estaiada sobre o canal do Porto de Santos.

Justificativas para implantação do empreendimento


Se tratando de um projeto para a melhoria do Porto de Santos, é uma
importante obra de infraestrutura de transporte, cujo intuito é interligar as margens
direita e esquerda do Porto de Santos.
No presente estudo de impacto ambiental, são defendidos os seguintes
benefícios após a conclusão da obra:
● Maior fluidez e segurança aos usuários;
● Reduzir a distância entre as margens 45 quilômetros para menos de 10
quilômetros;

2
● Diminuição no tempo de travessia do canal de Santos;
● Melhoria na operação de tráfegos de navios, uma vez que se é esperado
uma menor frequência de travessia de balsas;
● Aumento da capacidade de circulação de pessoas e bens na Região
Metropolitana da Baixada Santista;
● Melhoria na qualidade de vida da população dos municípios indiretamente
afetados (Santos, Guarujá, Cubatão e São Vicente) devido a dinâmica
demográfica;
● Oferta de empregos diretos e indiretos e
● Atendimento às demandas de circulação de veículos e cargas em função das
atividades desenvolvidas no entorno.

Alternativas à construção da ponte foram consideradas por parte do


empreendedor responsável (ecovias), sendo esta considerada a mais viável uma
vez que pode ser construída sem interferir na operação do Porto, há menor impacto
quando se trata de desapropriações, além de sua construção ser mais rápida.

Características do Solo da região do empreendimento


Relevo plano com baixas declividades
Áreas inundáveis pelas marés
Solo lamoso, constituído por silte e argila;
Os terrenos são muito suscetíveis a ocorrência de recalques por
adensamento de solo, considerados “solos moles” (baixa capacidade de suporte e
compressibilidade)

Qualidade da água
Ao longo de todo empreendimento são interceptados 5 cursos d’água e o
Estuário de Santos;
A análise da qualidade da água revelou certo comprometimento na qualidade
de todos cursos, com parâmetros ultrapassados segundo o enquadramento de
Classe 1 – águas salobras

Áreas contaminadas na região


No entorno de 1 km do empreendimento foram constatadas 23 áreas
registradas no cadastro da CETESB:
04 ACRi – Áreas contaminadas com risco confirmado;
09 ACRe – Áreas contaminadas em processo de remediação;
01 ACRu – Área contaminada em processo de reutilização;
05 AME – Áreas em processo de monitoramento para encerramento;
04 AR – Áreas reabilitadas para uso declarado.

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Vegetação
Bioma Mata Atlântica.
A ADA do empreendimento está inserida em uma região com feições de
manguezais, Floresta Ombrófila Densa (estágio inicial, médio e avançado) e
Vegetação Antropizada, que abrange vegetação pioneira, vegetação higrófila
herbáceo-arbustiva, campo antrópico, leucenal, bosque arbóreo e cultivos
comerciais.
Constatou-se que o empreendimento interceptará diretamente a Unidade de
Conservação de Uso Sustentável APA Santos-Continente, bem como as zonas de
amortecimento do Parque Estadual da Serra do Mar – Núcleo Itutinga Pilões e do
Parque Estadual Xixová-Japuí.
Há presença de espécies ameaçadas de extinção.

Fauna

Foram registradas 104 espécies de aves na área diretamente afetada e na


área de influência direta, com registro de 5 espécies classificadas em algum grau de
ameaça de extinção, como por exemplo o carretão, e um ninhal. 30 registros de 10
espécies de mamíferos de médio e grande porte, sendo uma delas considerada
ameaçada no estado de SP que seria o macaco bugio-ruivo.

15 espécies de anfíbios e 5 espécies de répteis, nenhuma ameaçada de


extinção.

1 espécie de Tartaruga

64 táxons de fitoplâncton, 22 de zooplâncton, 40 de invertebrados


bentônicos, 22 espécies de ictiofauna, sendo 2 classificadas como quase
ameaçadas de extinção no estado de SP e 4 táxons de crustáceos de fauna
acompanhante, sendo o caranguejo-uçá classificado como espécie ameaçada de
extinção pelo estado de SP.

A proposta é de afugentamento e criação de duas passagens de fauna para


evitar atropelamentos havendo estudos para aumentar o número de passagens e
campanhas de conscientização da população com apoio de centros de controle de
zoonoses e instituições.

Aspectos econômicos

Atividades portuárias e pesqueiras

Aspectos sociais

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De 1 a 3% da população reside em áreas rurais. Característica pela
população flutuante.
Existem comunidades ribeirinhas na região, mas o empreendimento não
interceptará essas comunidades.
o resultado aponta áreas de vulnerabilidade social elevadas no bairro do Saboó, na
área insular do município de Santos
Não haverá necessidade de desapropriação de propriedades particulares,
nenhuma residência, comércio ou indústria com ocupação regular será afetada com
a obra. Nenhuma edificação administrativa pública será afetada, apenas terrenos
desocupados.

Aspectos culturais, históricos e arqueológicos

No levantamento de bens protegidos, foram encontrados patrimônios nos


âmbitos federal, estadual e municipal, porém todos estão longe do empreendimento.

Pesquisa de Percepção Ambiental

Realizada com os munícipes de Santos e usuários das rodovias SP-150 e


SP-055.
Os principais resultados indicaram que: 89% dos entrevistados são a favor
da interligação;
93% dos entrevistados veem benefícios para a população com a
interligação, como melhora no trânsito e diminuição no tempo de viagem;
55% dos entrevistados utiliza a balsa Santos – Guarujá regularmente;
76% dos entrevistados responderam que não vêm nenhuma consequência
social negativa;
49% dos entrevistados não apontaram nenhum impacto ambiental;
Apenas 4% dos entrevistados não conheciam a Concessionária Ecovias dos
Imigrantes;

Impactos negativos

Supressão de Vegetação Nativa


Intervenção 9,03 ha em APP
Corte estimado de 146 árvores isoladas
Incômodos à população do entorno
Intervenção em 5 cursos d’água, considerando também o Canal do Estuário
Em suma, 65% da área de implantação do empreendimento apresenta níveis
alto ou muito alto de sensibilidade ambiental, distribuídos entre os níveis 3 e 4, onde
poderão ocorrer eventuais impactos em áreas sobre Áreas de Preservação
Permanente e locais de relevância com relação à presença de fauna silvestre.

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Programas Ambientais

Visam atender todos os afetados pelo empreendimento, diretos e indiretos.


➔ Programa de comunicação social
Informar a comunidade sobre o desenvolvimento dos empreendimentos e eventuais
dúvidas, durante a fase de estudo até conclusão de obras, através de panfletos,
conversas e reuniões.
➔ Programa de Controle ambiental das obras (PCA)
Garantir o cumprimento das especificações técnicas e normas ambientais,
segurança e saúde dos envolvidos e ambiente. Apresenta medidas para controle de
processos de dinâmica superficial (erosão, assoreamento de cursos d’água,
recalques) e de inundações, maneira de realizar o gerenciamento de resíduos
sólidos e efluentes, o gerenciamento de tráfego das obras e de infraestruturas locais
e apresenta ações para o remanejamento de interferências de serviços públicos
para evitar incômodos à população.
Ações de controle e mitigação em relação a qualidade da água e do ar, resíduos e
efluentes, ruídos e vibração, supressão de vegetação, interferências com o tráfego,
sinalização e segurança.
➔ Programa de planejamento de travessias e proteção à fauna
Tem como foco principal otimizar, sistematizar e aprimorar procedimentos
específicos além de monitorar a efetividade das travessias de fauna propostas.
1. Transectos com veículos: As principais vias de tráfego serão percorridas
com periodicidade semanal de modo a registrar as eventuais ocorrências de
atropelamento de fauna. Todos os espécimes encontrados deverão ser registrados
em ficha padronizada, conforme modelo apresentado a seguir, de modo a facilitar a
sistematização das informações. Cada evento registrado deverá ser acompanhado
das seguintes informações: espécie (nome popular), local, coordenadas
geográficas, data e, se possível, um registro fotográfico do espécime.
2. Armadilhas fotográficas e parcelas de areia: Para auxiliar o monitoramento
e eficiência das passagens de fauna, podem ser implantados dispositivos como
armadilhas fotográficas e/ou parcelas de areia, a fim de se obter dados para
avaliação da passagem.
3. Monitoramento: Visando diminuir o número de acidentes durante as obras
será realizado treinamentos preventivos com os funcionários, implantação de novas
passagens e realizado o monitoramento das passagens e das medidas implantadas
visando a diminuição dos números de acidentes com atropelamentos de animais
durante a operação da rodovia.
➔ Programa de monitoramento da fauna
Objetivo principal é avaliar os efeitos da implantação do empreendimento
considerando os impactos ambientais supracitados. Dividido em 3 subprogramas:

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1. Subprograma de Monitoramento da Fauna Terrestre: Deverá abranger
todos os ambientes que estarão sob influência direta do empreendimento. A seleção
das áreas a serem monitoradas deverá ser realizada de modo a atender às
seguintes premissas: • Amostragem de ambientes adjacentes àquelas áreas que
serão suprimidas e que apresentam cobertura vegetal em melhor estado de
conservação (ex. Manguezais e Floresta Ombrófila); e • Amostragem das áreas que
atualmente são utilizadas para a construção de ninhais.
2. Subprograma de Monitoramento da Biota Aquática: objetivo é o
acompanhamento dos possíveis impactos sobre as comunidades aquáticas,
conforme supracitados advindos da implantação e operação do empreendimento.
Dessa forma, o acompanhamento dessas comunidades e de outros parâmetros
físico-químicos irão permitir a identificação e dimensionamento de possíveis
anomalias ambientais, gerando tempo hábil para a elaboração de estratégias de
mitigação e compensação.
3. Subprograma de Monitoramento da Fauna Sinantrópica e Doméstica:
objetivo de ordenar as ações a serem adotadas pelo empreendedor para evitar a
dispersão e proliferação dos animais sinantrópicos, bem como a evitar a presença
de animais domésticos, contemplando ações na fase de pré-implantação,
implantação e operação do empreendimento.
➔ Programa de afugentamento e resgate de fauna
Tem como finalidades principais estimular o deslocamento dos animais existentes
na ADA para os ambientes do entorno; resgatar espécimes da fauna silvestre com
baixa mobilidade durante as atividades de implantação do empreendimento;
realizar os procedimentos necessários para garantir a integridade dos espécimes
resgatados; realizar inventário, registrar e catalogar todos os espécimes
resgatados, assim como seus dados biológicos, ecológicos, sanitários, de captura e
seu destino final; e desenvolver ações de aproveitamento científico, processando e
destinando o material coletado que se encontrar bem preservado (vítimas de
acidentes que vierem a óbito) para instituições de pesquisas (ex. museus,
universidades).
As principais atividades são:
1.Planejamento : contratação de equipe, solicitação de autorização de
manejo de fauna e parcerias com clínicas.
2.Afugentamento : realizada previamente e concomitantemente a supressão
vegetal
3.Resgate de espécimes: captura; marcação; cuidados e soltura.
4.Destino das espécies debilitadas :clínica veterinária ou ao CETAS da região
(com os quais o empreendedor já terá firmado convênio).
5.Soltura: Devolução à natureza em local previamente selecionado
6.Aproveitamento Científico :Espécimes encontrados mortos ou que forem
resgatados, e venham a falecer, deverão ser taxidermizados e encaminhados às
instituições de pesquisa

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➔ Programas de proteção à flora
Seu foco são evitar cortes de fragmentos e de árvores isoladas além dos
limites de intervenção autorizados; evitar intervenções em áreas de preservação
permanente fora dos limites autorizados; preservar espécies da flora nativa e
fragmentos remanescentes.Para atingir essas metas devem ser realizados
treinamentos com as equipes de obras e também com os responsáveis pelo corte
da vegetação, além das execução dos procedimentos de controle de erosão e
assoreamento, nas áreas onde já tiver sido realizado o corte da vegetação, evitando
acidentes ambientais no entorno das obras. Conta com dois subprogramas:
1. Subprograma de Controle da Intervenção em APP e Supressão da
Vegetação: coordenar as ações mitigadoras dos impactos potenciais previstos,
evitando a supressão além dos limites licenciados
2. Subprograma de resgate de Flora: minimizar impactos sobre a flora
ameaçada de extinção, endêmica, e/ou com algum tipo de aproveitamento
tradicional/econômico, favorecendo assim a variabilidade genética das espécies e
conscientizar as equipes envolvidas nas atividades e responsáveis pela implantação
do empreendimento sobre a importância da conservação do material genético das
espécies vegetais.
➔ Programa de gerenciamento de plantios compensatórios e restauração
ecológica
Conta com dois subprogramas:
I.Subprograma de Recomposição Florestal que tem o intuito de compensar
os impactos ambientais gerados pelas intervenções realizadas para a implantação
do empreendimento, prevendo a restauração ambiental de áreas degradadas.
Estimativa inicial de 48,5 ha de recomposição.
II.Subprograma de Aplicação de Recursos Financeiros em Unidades de
Conservação que foi criado para viabilizar o investimento financeiro em Unidades de
Conservação da Região. Tem por objetivo geral dar cumprimento à Lei nº 9.985/00,
ao Decreto n° 4.340/02 e ao Decreto 6.848/09, por meio da identificação e
proposição de alternativas para a compensação ambiental dos impactos negativos
da implantação das obras. Esse investimento será definido pelo órgão responsável
por avaliar a viabilidade ambiental da obra, neste caso a Secretaria de Meio
Ambiente. O investimento financeiro poderá chegar a 0,5% do valor total de
implantação do empreendimento.
➔ Programa de patrimônio arqueológico, histórico e cultural
Para o desenvolvimento desse programa, deverá ser contratada uma equipe
especializada de arqueólogos. As atividades detalhadas deste Programa serão
apresentadas em Estudo específico de Arqueologia, junto ao IPHAN.
➔ Programa de educação ambiental
Procura integrar todos os envolvidos com as obras, sejam os trabalhadores ou a
população do entorno, com a natureza e sua preservação, através de atividades
educativas como oficinas, treinamentos, palestras e informativos, onde serão

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divulgados conhecimentos sobre a importância do meio ambiente e sua
conservação.
➔ Programa de monitoramento ambiental das obras
Fiscalização do cumprimento das normas ambientais pela construtora
responsável, para garantir condições ambientais adequadas nos seguintes casos:
locais de implantação das obras; áreas do entorno no empreendimento; canteiros
de obras; controle de poluição das máquinas e equipamentos; uso de
equipamentos de segurança; controle dos níveis de ruídos.
Auxilia na minimização de impactos através do monitoramento da poluição do
solo e das águas superficiais, verificando se estão sendo tomadas as medidas de
prevenção e controle de erosão e assoreamento, através do gerenciamento dos
resíduos sólidos e efluentes, monitorando as interferências com tráfego e com a
segurança da população, assegurando a segurança da população, em relação à
acidentes, preservando o Patrimônio Arqueológico e com o controle da supressão
de vegetação nativa e cuidados com a fauna.
➔ Programa de gerenciamento de risco e Plano de ação emergencial
Procedimentos que devem ser executados rapidamente na ocorrência de situações
emergenciais. Durante o funcionamento da interligação, a Concessionária também
terá à disposição programa específico para minimizar os danos de eventuais
acidentes no transporte de cargas perigosas.
➔ Programa de treinamento e capacitação ambiental
Objetivo de criar ações de capacitação de mão de obra para dar oportunidade de
crescimento e desenvolvimento aos trabalhadores internos da empresa e da região
por meio dos cursos profissionalizantes, voltados à necessidade do
empreendimento, em parceria com as Prefeituras e Instituições de Ensino da
Região.
➔ Programa de mobilização e desmobilização de mão-de-obra
A mão de obra mobilizada para as obras será devidamente treinada para conhecer
os programas ambientais, esperando assim minimizar os riscos de acidentes, tanto
pessoais quanto ambientais. A Concessionária Ecovias e as construtoras
responsáveis pelas obras deverão priorizar a contratação de mão de obra local.
➔ Programa de gestão ambiental da operação
Objetivo de garantir a realização de todas as atividades previstas em conformidade
com a legislação e com os programas previstos no licenciamento ambiental do
empreendimento.O Programa terá suas atividades monitoradas pela CETESB e
pelo Governo do Estado (ARTESP), por meio do acompanhamento de índices
ambientais, tais como: Ocorrência de Auto de Infração, Elaboração e Implantação
de Planos, Programas, Projetos e/ou Ações de Controle Ambiental para mitigação
dos impactos ambientais, Ações do PGR-PAE de Operação, Registro de
atropelamentos de animais domésticos e silvestres, Destinação adequada de
resíduos, Monitoramento de ruído e da qualidade do ar, Monitoramento da qualidade
das águas , Focos de incêndios, Recuperação de passivos ambientais.

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Fragilidades do estudo
Ao longo do estudo, o grupo notou certas fragilidades no relatório e no
estudo de impacto ambiental feito pela Ecovias. Seguem as seguintes
considerações sobre o documento emitido pela Ecovias:

● Apesar de ter sido proposta a transposição do canal do porto de santos, há


áreas diretamente afetadas (ADA’s) que se enquadram na categoria “ruim” ao
entorno do empreendimento, de acordo com o índice de qualidade (IQA),
tendo como exemplo o Rio Saboó (Cetesb, 2017), localizado à 60 metros de
distância do empreendimento. Diante do exposto, o parecer da Prefeitura de
Santos estabeleceu programas de controle de assoreamento e qualidade das
águas dos corpos hídricos das ADA´s, a fim de diminuir o impacto sobre os
rios da região. Vale ressaltar que o RIMA não expôs esta importante
informação;
● Também não foram realizados mapeamento/diagnósticos do clima, qualidade
do ar, geologia, áreas contaminadas e ruído gerados nas ADA´s pelo
empreendimento;
● Não foi estabelecido um plano de manejo de uma UC de uso sustentável,
administrada pelo Parque Estadual da Serra do Mar, que sofrerá intervenção
direta durante a execução das obras do empreendimento, podendo-se
eliminar populações tradicionais que exploram a unidade de forma extrativista
e artesanal, gerando prejuízos às mesmas, assim como pôr em risco a flora
local durante os trabalhos executados;
● Não foram estabelecidos programas de contingência, prevendo sistemas de
contenção à possíveis acidentes durante as fases de instalação e operação
do empreendimento, bem como medidas não estruturais (como de contenção
ao derrame de substâncias no mar), ausências das quais foram indicadas no
parecer da Prefeitura de Santos;
● Medidas preventivas, corretivas e mitigadoras dos impactos negativos
resultantes do empreendimento encontrados até o momento ainda devem ser
elaboradas e discutidas;

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Potencialidades do estudo
Dentre as potencialidades observadas no estudo, se destacam:
● Melhoria na fluidez da movimentação e escoamento de cargas no Porto de
Santos;
● Novo acesso viário entre os municípios da Baixada Santista, principalmente
Santos, São Vicente e Guarujá;
● Redução do percurso e tempo de viagem entre as margens do canal e das
instalações portuárias;
● Diminuição de congestionamentos no acessos à Santos e Guarujá e ao litoral
Norte;
● Aumento do grau de atratividade para novas atividades econômicas;

Observação
Em consulta feita no site da Cetesb, não consta a emissão de Licença Prévia
para o empreendimento em questão, o que indica que este ainda se encontra em
processo de estudo de viabilidade ambiental por parte do órgão estadual (Cetesb)

Análises Críticas do Grupo

● Tentativa de amenizar os impactos utilizando palavras leves, frases positivas


e otimistas e imagens fofas durante o documento para enfatizar os aspectos
positivos e diminuir a seriedade dos impactos negativos;
● No RIMA é citado que os estudos de atividades potenciais de contaminação
serão realizados durante o processo de licenciamento, o que desperta
preocupação já que esses estudos deveriam ser feitos na fase anterior para
conseguir a licença prévia, apresentando também propostas de medidas
preventivas ou mitigadoras para o possível dano.
● Os programas que tem como objetivos medidas no âmbito ambiental não
trazem ações aplicadas a longo prazo, após a implementação da obra;
● Todos os impactos citados nos documentos sofreram um nivelamento, onde
não é especificado a gravidade de cada impacto. O grupo sentiu falta de uma
melhor classificação dos pontos negativos causados pelas obras;

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● 100% da área de implantação do empreendimento apresenta algum nível de
sensibilidade (médio, alto e muito alto), ou seja, o empreendimento será mais
uma forçante no ambiente colocando em risco ainda mais essas áreas
sensíveis;
● Não foi apresentado um plano de prevenção ou monitoramento sobre a fauna
aquática, sendo essa uma comunidade que será principalmente afetada;
● Programa de patrimônio arqueológico, histórico e cultural é citado mas não
apresenta sequer um objetivo, dando a impressão que só foi criado para ser
apresentado, mas o estudo não demonstra interesse nem preocupação com
esses patrimônios;
● Criação de programas que visam o controle e monitoramento de diversos
aspectos como qualidade da água, solo, ar sendo que esses estudos ainda
não foram realizados;
● Utiliza-se a pressão e a demanda social pela interligação seca entre os dois
municípios como “fonte impulsora” para a execução do empreendimento,
dispondo em segundo plano as análises de impacto de fora do âmbito social,
como impactos sobre fauna e flora no entorno do empreendimento. Ou seja,
tem-se a impressão de que EIA/RIMA não foram elaborados imparcialmente.

Conclusão

Do ponto de vista dos integrantes deste grupo, o projeto de


interligação entre Santos e Guarujá por meio de uma ligação seca (ponte)
pretende atender uma demanda antiga, quase secular dos munícipes de
transitar entre os municípios de maneira rápida e eficiente. Entretanto,
independentemente da importância de um empreendimento para a esfera
social, o mesmo deve sempre passar por estudos de viabilidade ambiental,
uma vez que obras mal-executadas, a curto ou longo prazo, podem trazer
impactos diretos ou indiretos à população-alvo do mesmo. Neste trabalho,
verificou-se que o interesse social e político prevaleceu sobre o meio
ambiente. Portanto, defende-se que o estudo de impacto deste

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empreendimento faça-se mais aprofundado e integrado, com o intuito de
tornar viável sua aplicação.

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