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Na Região Metropolitana de São Paulo, que abriga quase metade da população do Estado (cerca de 20
milhões de pessoas), garantir o equilíbrio do meio ambiente não é uma tarefa simples. Conciliar a
sustentabilidade do uso do solo, que impõe limitações de alteração dos ecossistemas locais com as
demandas econômicas e sociais, especialmente de moradia, requer um planejamento complexo.
Em áreas de mananciais, esta tarefa é ainda mais difícil devido à fragilidade desse ambiente. Para se ter
uma ideia, somente as águas do Reservatório Billings abastecem diretamente cerca de 2 milhões de
pessoas.
Entretanto, qualquer problema nesse manancial afeta todo o sistema integrado de abastecimento da
Região Metropolitana de São Paulo.
Neste cenário, não basta ao Poder Púbico proceder a ações de comando e controle, de modo a garantir a
qualidade desse precioso bem ambiental que é a água. É necessário promover ações de educação
ambiental em todos os níveis de ensino e sensibilizar a comunidade para a problemática da preservação
e recuperação dos mananciais para que a sociedade civil possa atuar em conjunto no implemento dessa
importante tarefa.
Considerando que cerca de um milhão de pessoas residem no entorno do Reservatório Billlings, garantir
as condições necessárias à produção de água em quantidade e qualidade ao lado de outros usos desse
precioso espaço constitui, ao mesmo tempo, um direito e um dever de todos os cidadãos de São Paulo.
Represa Billings, um dos maiores e mais importantes reservatórios do estado de São Paulo, sofre com o
acúmulo de lixo e despejo irregular de esgoto o que gera a proliferação de cianobactérias e riscos à
população que utiliza sua água.
Não é de hoje que a represa Billings recebe uma quantidade imensa de esgoto, entulho e lixo, o que
interfere diretamente na qualidade da água da represa. Todos os dias, uma enorme quantidade de
móveis, óleo, pilhas e até mesmo carros inteiros são lançados dentro do reservatório, que ocupa uma
área de 582 km². Além disso, uma grande quantidade de esgoto doméstico e industrial é depositada no
local. Tudo isso, na água que é distribuída nas torneiras da população.
Estudos de 2010 mostraram que o fundo da represa está contaminado com metais pesados.
Chumbo,cobre, níquel e zinco foram alguns dos elementos químicos encontrados. Esse tipo de
contaminação pode comprometer a qualidade da água e a exposição prolongada pode provocar uma
série de doenças, inclusive câncer. A contaminação do solo do reservatório é atribuída ao esgoto
despejado irregularmente por casas e indústrias, já que em alguns trechos, foi detectada a presença de
cobre em quantidade 30 vezes acima do nível de segurança recomendado por agências internacionais de
saúde.
De modo geral, a qualidade da água da represa Billings está ruim. “A represa acaba servindo como um
depósito de lixo. Ela mesma vai se depurando, então, há regiões em que a água está um pouco melhor,
em outras está pior, mas de modo geral a qualidade não é considerada boa”.
A péssima qualidade da água da represa Billings é um dos maiores problemas ambientais do estado.
“Juntamente com a represa Guarapiranga, a Billings abastece cerca de 4,5 milhões de pessoas na capital
e na Grande São Paulo, ou seja, muita gente depende dessa água, que hoje está em péssimas condições.
Por isso, ações como a captação e o tratamento do esgoto, que é despejado irregularmente na represa,
devem ser implantadas com urgência, para que a qualidade da água não piore nos próximos anos”.
Um projeto pretende reduzir o volume de esgoto sem tratamento despejado na represa e alterar a
relação dos moradores com a bacia por meio da inclusão e melhoria da qualidade de vida.
A Prefeitura do Município de São Paulo, por meio da Secretaria de Habitação, está em busca de garantir
as condições ambientais adequadas para uso de maior parte da água da represa. Para isso, contratou um
projeto de intervenção no bairro Cantinho do Céu, pertencente ao distrito do Grajaú, na zona Sul da
capital, por meio dos Programas Mananciais, uma parceria com o governo do Estado. Dividida em duas
etapas, a obra foi iniciada em 2009 e acaba de ser publicado o resultado da licitação de urbanização de
oito lotes na sub-bacia do Tietê, incluindo a segunda etapa das intervenções.
Tal projeto possibilitou ações pela adoção de critérios técnicos para a remoção das edificações, em vez
da retirada de 100% das moradias localizadas em faixa de 50 m a partir da margem, como exigia a
legislação para a Billings. Por conta de um acordo feito pela Secretaria de Habitação, as distâncias entre
as moradias e a margem da represa puderam variar de 15 m a 150 m, mantido o valor total da área
garantida pela legislação específica.
A necessidade de criação de conexões viárias foi então um dos critérios para definir as desapropriações,
assim como a existência de áreas para construção da rede de captação da água pluvial e do esgotamento
sanitário. "A estação elevatória da Sabesp estava na cota 800 m, por exemplo, e tudo o que está abaixo
da cota precisava ser removido, porque aquele esgoto não tem condição de ser tratado e vai acabar indo
para a represa".
Com sondagens e prospecções realizadas em campo, o escritório também definiu a retirada das
moradias em áreas de risco de deslizamento ou alagamento. Ao fim, 70% das habitações serão mantidas
e, ainda assim, haverá condições de promover uma área verde de quase 250 mil m² e 7 km em
desenvolvimento linear da margem.
A liberação dos terrenos às margens da represa, além de assegurar a qualidade da água e evitar o
assoreamento do reservatório, cria uma qualidade paisagística que aproxima os moradores do Cantinho
do Céu do recurso hídrico e estimula sua valorização como bem pública. "As áreas livres atuam como um
sistema de áreas verdes, associando usos de recreação e lazer à preservação da margem, com a
manutenção e reconstituição de espécies vegetais nativas. O parque apresenta-se como uma faixa
limítrofe de apropriação coletiva entre a região ocupada e o reservatório".
O Seminário Billings 2002, realizado entre os dias 19 e 21 de novembro de 2002, em Ribeirão Pires, teve
como principal objetivo estabelecer um processo de discussão e proposição de ações de recuperação e
preservação da Bacia Hidrográfica da Billings, visando sua utilização para abastecimento público. Para tal,
contou com a participação da comunidade científica e acadêmica, das organizações governamentais e
não governamentais, da comunidade empresarial e de movimentos sociais relacionados diretamente
com os propósitos do trabalho.
Esta iniciativa foi resultado de uma parceria entre o Instituto Socioambiental, Secretaria de Estado do
Meio Ambiente de São Paulo, Subcomitê de Bacia Hidrográfica da Billings, Prefeitura Municipal de
Ribeirão Pires, Secretarias Municipais de Habitação e de Meio Ambiente do Município de São Paulo,
Instituto Acqua, Associação Global de Desenvolvimento Sustentado – AGDS e SENAC, e contou com o
apoio do Fundo Estadual de Recursos Hídricos – Fehidro, Financiadora de Estudos e Projetos – FINEP,
Fundação Florestal, Sabesp, Secretaria Estadual de Recursos Hídricos, Saneamento e Obras de São Paulo,
Secretaria de Energia de São Paulo e Emae.
Dentre essas informações é possível verificar que a principal ameaça apontada pelos participantes é a
expansão desordenada da ocupação urbana, constante em 33 das 66 áreas definidas como prioritárias
na bacia, seguida dos impactos
da construção do Rodoanel dentro dos limites da área de proteção aos mananciais, presente em 16
áreas prioritárias. Os participantes também apontaram problemas localizados que incluem processos
erosivos, pesca e caça ilegal e impactos nos pontos de captação de água.
Além dos mapas, os especialistas produziram um conjunto de recomendações gerais para a bacia, que
compreendem a implantação e ampliação das áreas protegidas sob a forma de Unidades de Conservação
(UCs); um novo modelo de gestão, recuperação, manejo e operação do Reservatório Billings; estratégia
de integração de políticas públicas para a gestão da Bacia Hidrográfica da Billings; desenvolvimento de
alternativas econômicas compatíveis com a produção de água; fiscalização e monitoramento
permanente do território; entre outras.
Infelizmente, mesmo com as constatações técnicas da contaminação socialmente provocada pelo lixão
do Alavarenga que irresponsavelmente está localizado em área de proteção de mananciais, às margens
da represa Billings. As recomendações e ações não estruturais apontadas e sugeridas pelo IPT, para
serem implantadas de imediato, até o momento não foram consideradas pelas prefeituras de São
Bernardo do Campo e Diadema, através de seus departamentos de Meio Ambiente, órgãos constituídos
legalmente para prevenir e corrigir crimes ecológicos. Pior, esse crime que há 29 anos contamina as
águas superficiais e subterrâneas dos mananciais que abastecem a represa Billings, foi provocado pelas
próprias prefeituras, apoiadas na prevaricação da CETESB e a Secretaria de Estado de Meio Ambiente.
Conclusões
a) Nos ensaios geofísicos realizados, foi alcançada boa definição das zonas de baixa cargabilidade
e,principalmente, das de baixa resistividade, Desse modo, foi possível uma segura interpretação das
prováveis regiões de maior contaminação nosubsolo da área analisada;
c) Como subprodutos dos ensaios geofísicos efetuados, confirmou-se que a direção geral dos fluxos das
águas subterrâneas no local é do norte para o sul, ou seja, do lixão para a represa;
g) Os locais onde foram detectados baixos valores de resistividade são os mais indicados para que se
proceda À amostragem de águas subterrâneas doaquífero livre, tanto para efeito de caracterização como
para o monitoramento
i) A ocupação irregular nos entorno da área do aterro já é significativa e apresenta tendência de rápida
evolução, exigindo rápida intervenção da PMSBC, tanto para impedir a ocupação como para remover
aquelas habitações instaladas em áreas que impliquem riscos à população;
j) Parte da população que irregularmente ocupa p entrono do lixão do Alvarenga vem utilizando água
contaminada (captada de poços rasos) para usos em dessedentação humana e animal, higiene pessoal,
rega, etc.;
k) A represa Billings está sendo contaminada pelo Chorume oriundo do aterro do Alvarenga. A conexão
aterro-represa está estabelecida tantos pelas águas superficiais (via córrego que deságua na represa)
como por subsuperfície (via aquífero freático cuja região de descarga também é a represa)
l) Das medidas preliminares analisadas para a remediação do lixão do Alvarenga, deve-se implementar
de imediato as medidas não estruturais, que normalmente demandam menos recursos e são de mais
rápida implantação. As intervenções estruturais, embora devam ter seus recursos de projetos iniciados
de imediato, demandarão avaliações mais detalhadas, inclusive avaliações de custo/benefício. Exigindo
prazos um pouco maiores para sua implementação.
Nos trabalhos subsequentes, recomenda-se que a imediações do lixão do Alvarenga seja fundamentada
nos conceitos de análise de risco, obtendo-se as informações necessárias à avaliação segura se as
concentrações de contaminantes presentes (nas águas subterrâneas e superficiais, na biota e no solo)
consistem ou não um risco para os vários receptores e quais as medidas de remediação necessárias.
À luz dos atuais conhecimentos disponíveis sobre a área, propõe-se o detalhamento do seguinte elenco
de cedidas (Plano Preliminar para as Ações de Remediação do Aterro Alvarenga)
Observação:
Existe a Ação Civil Pública nº 250/90, em curso perante a segunda vara civil de Diadema contra as
prefeituras de Diadema de São Bernardo do Campo que tem como objeto de recuperação ambiental
urbanística da área onde o criminoso lixão do Alvarenga foi implantando.
Termos de Ajustamento de Conduta (TAC)
O Ministério Público propôs o TAC a ser assinado pelas prefeituras para o fechamento e a recuperação
integral e definitiva do lixão de Alvarenga, definindo o cronograma e prazos de conclusão por etapas e
suas ações não estruturais e obras. Esse documento ainda não foi utilizado pelas prefeituras.
Um fator que agrava essa limitação do monitoramento, diz respeito ao fato de que as amostragens são
feitas sempre no período diurno, pela dificuldade de se coletar amostras, que exigem o uso de barco, à
noite. Dessa forma, oscilações que ocorrem no período noturno (as variações nictemerais) não são
detectadas. E essas variações podem, às vezes, ocasionar oscilações significativas na qualidade da água.
Um reservatório, embora constituído por uma massa considerável de água, pode, como já foi dito, sofrer
oscilações bruscas de qualidade da água, em função de fenômenos como a inversão térmica, a
ressolubilização de substâncias presentes nos sedimentos do fundo, variações nic-temerais, etc.
Em muitos casos, essas alterações podem afetar seriamente a qualidade da água, e se manifestam em
alguns dias. É necessário, portanto, que omonitoramento tenha capacidade de detectar essas alterações,
para que o tratamento da água não seja, ou seja, minimamente, afetado.
Existem indicadores que permitem avaliar a situação potencial de alterações na qualidade da água num
reservatório. É o caso, por exemplo, do Oxigênio Dissolvido (OD), que está relacionado com a
ressolubilização de substâncias a partir do sedimento de fundo. Baixos teores, ou ausência, de OD no
fundo podem acarretar esse fenômeno de ressolubilização. Um monitoramento contínuo do teor de OD
no fundo, então, permite detectar situações potenciais de alteração na qualidade da água, a tempo de
prevenir a área de tratamento ou, se houver essa possibilidade, tomar medidas de reaeração artificial no
fundo.
Fica clara, portanto, a necessidade de se monitorar esses parâmetros de forma contínua, ou no mínimo,
com uma frequência horária. Com isso, dois importantes benefícios poderão ser conseguidos:
· fenômenos que provocam alterações bruscas na qualidade da água poderão ser detectados a tempo de
prevenir o tratamento;
O monitoramento contínuo, ou em tempo real, da qualidade da água em rios, lagos, reservatórios, etc. É
uma prática que vem sendo introduzida em muitos países que convivem com problemas ambientais, ou
mais especificamente, riscos de contaminação das suas águas. Esse tipo de monitoramento permite
aumentar significativamente a eficiência dos Sistemas de Vigilância, e em consequênciareduzir os riscos
sanitários, quando a água é utilizada para abastecimento, ou riscos ambientais, no caso mais geral.
RA: 228153