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Importância da Análise de Água para a

Saúde Pública.
Reflita por um momento, a água que consumimos diariamente precisa passar
por um controle de qualidade, não é mesmo? Afinal, não podemos consumir
um líquido com substâncias nocivas à nossa saúde. Logo, uma rigorosa gestão
de qualidade da água afim de sanar eventuais problemas causados por seu
uso, é necessário.
O controle de qualidade visa o monitoramento e melhoria dos recursos hídricos
que irá ser fornecido aos consumidores. Ele é feito por empresas responsáveis
por esse tipo de aplicação, como empresas de fornecimento de água e
saneamento de cada estado. Contudo, nem sempre as empresas conseguem
manter o controle de qualidade eficiente, como mostramos nesse post,
referente a um descaso hídrico na região metropolitana do Rio de Janeiro.

O devido cuidado com a água é de suma importância para fornecer e garantir a


saúde e o bem-estar de todos que utilizam ela. E não podemos deixar de
pontuar que nos locais onde há baixo controle da qualidade de água, são
lugares onde a taxa de doenças ocorridas após a ingestão de líquidos é
incrivelmente alta. A água é um meio fácil de transmissão de doenças,
portanto, agentes contaminantes (vírus, bactérias, protozoários e helmintos),
devem ser controlados para que as infecções sejam reduzidas. Não havendo o
devido controle e análise, podem ocorrer diversas doenças, como infecções
urinárias e intestinais, pneumonias, meningites, entre outras.

Um ser humano adulto, possui cerca de 60% do corpo formado por água, logo
não é difícil imaginar que sem o controle e análise da qualidade desse precioso
líquido que nos mantém ativo no planeta, possa haver a contaminação do
nosso corpo trazendo prejuízos que podem perdurar uma vida toda.

Importância das nascentes para a solução


da crise hídrica
 

O Brasil tem 12% da reserva de água doce do mundo, e mais de 70% das
reservas hídricas do país se concentram na Amazônia. Devido a essa aparente
abundância, muitas vezes, o recurso é tratado como se jamais fosse acabar.
Entretanto, a importância da preservação dos rios e nascentes é indiscutível.

Nas últimas décadas, o desmatamento de encostas, das matas ciliares e o uso


inadequado dos solos têm contribuído para a diminuição dos volumes e da
qualidade da água, um bem natural insubstituível na vida do ser humano. E a
natureza está dando negativamente a sua resposta.

Quando um rio é poluído ou degradado, mas suas nascentes estão


preservadas, há boas chances de recuperarmos todo o corpo hídrico. Por outro
lado, se as nascentes forem destruídas, pouco se pode fazer. Elas são a fonte
necessária à vida e devem ser preservadas ou recuperadas a qualquer custo.
O Brasil está perdendo suas nascentes de modo veloz e, em alguns casos,
irreversível.

Em 2015, o WWF-Brasil, uma ONG brasileira, participante de uma rede


internacional e comprometida com a conservação da natureza, lançou uma
campanha para que o governo federal criasse um Plano Nacional de
Nascentes e Mananciais, a fim de garantir água de qualidade e em quantidade
para todos os usos e para todas as pessoas.
Sabemos que as nascentes representam a “galinha dos ovos de ouro” que irão
garantir água limpa e abundante num futuro próximo. Porém, em vez de
protegê-las, estamos acabando com elas. No entanto, o referido Plano não
inclui a recuperação de bacias em seu escopo. Em outras palavras, estamos
salvando os “ovos de ouro”, mas esquecendo de salvar a “galinha”. Afinal, de
onde virá a água que irá abastecer os reservatórios se não das nascentes dos
rios que alimentam os reservatórios?

Mas não precisamos de muitos dados para constatar que o Brasil vive uma de
suas piores crises hídricas e já afeta 40 milhões de brasileiros. 

A imagem da nascente seca do rio São Francisco mostrada em rede nacional


de televisão, em 2014, foi apenas um alerta para o que aconteceria
posteriormente. 
Hoje, em vários municípios, as nascentes já não servem mais à população. 

A ação do homem ao longo das décadas representou uma verdadeira


catástrofe quando falamos em preservação ambiental. Ruas, casas e bairros
inteiros foram construídos sobre áreas de preservação permanente. Uma
tremenda irresponsabilidade!
O meio rural não escapa dessa sequência de degradação. O mau uso do solo
na atividade agropecuária, além da construção de estradas e obras de
infraestrutura sem planejamento, vêm causando danos ambientais gigantescos.

Diante da atual crise hídrica, infelizmente, o cenário que nos aguarda não é
nada promissor. Como desdobramento, outras crises como de energia,
alimentos e, até mesmo, crise social e econômica são iminentes.

Portanto, fica claro que toda e qualquer ação que possa garantir a preservação
das nossas nascentes são sempre muito bem-vindas. 

Está provado que a vegetação desempenha um papel importante não só na


preservação da região, mas também na redução de custos e,
consequentemente, no incremento das condições de saúde e qualidade de vida
dos brasileiros.
Proteger as nascentes é garantir água de qualidade e em quantidade para
todos!

A água como fator primordial no


desenvolvimento sustentável
Que o nosso planeta tem grande quantidade de água, todos sabem, mas você
sabia que apenas 3% é doce e disponível para consumo humano? Isso é
preocupante, visto que ela é um recurso essencial para a manutenção da
nossa vida e para o desenvolvimento sustentável.

Além disso, a demanda de água aumenta a cada dia, assim como a poluição
das reservas de água doce. Para muitos países, a escassez de água é um
problema grave. Por isso, políticas públicas são necessárias para manutenção
da sua qualidade e preservação.

Em 1992, a Organização das Nações Unidas (ONU) criou o Dia Mundial da


Água, comemorado em 22 de março. A instituição também divulgou, alguns
anos depois, os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável — entre eles,
assegurar a disponibilidade e gestão sustentável da água e saneamento
básico para todos.

Vários países estão planejando formas de contribuir com esses objetivos,


inclusive o Brasil. Embora essas ações sejam focadas em políticas públicas,
todos podem e devem contribuir. Quer saber como? Continue lendo o post!
Qual é o papel da água no desenvolvimento sustentável?

O desenvolvimento sustentável é um conceito que envolve fatores econômicos,


culturais, sociais e ambientais de uma sociedade. Segundo a ex-primeira-
ministra norueguesa Gro Brundtland, a definição para esse conceito é:
“Desenvolvimento sustentável quer dizer ser capaz de dar conta das demandas
atuais sem que isso prejudique a capacidade das próximas gerações de
satisfazerem as próprias necessidades”.

Como já falamos, a água é um recurso escasso e finito, indispensável para


todos os seres vivos, com papel fundamental no desenvolvimento econômico
por fazer parte do processo da maioria das indústrias e ser insumo fundamental
para agricultura. Dessa forma, a sua preservação e disponibilidade é
fundamental para manutenção da vida e do bom funcionamento da economia.

Além disso, a qualidade da água tem papel de destaque na sustentabilidade. A


poluição de nossos mananciais, além de ter um impacto de destruição dos
ecossistemas, pode trazer graves riscos à saúde das populações em locais
onde não haja tratamento adequado da água. O saneamento básico,
especialmente o acesso à água tratada e a coleta e o tratamento de esgoto são
fundamentais para evitar esses riscos.

É importante que haja um ciclo sustentável da água desde sua captação e


tratamento para distribuição e, posteriormente, das águas usadas nas
residências e indústrias – o tratamento de esgoto – antes do seu lançamento
nos corpos hídricos dessa forma, garante-se a disponibilidade e a qualidade
desse recurso para as futuras gerações.

Quais são os desafios para o acesso à água no futuro?

Segundo a ONU, cerca de 5 bilhões de pessoas podem sofrer com a falta de


água em 2050. Um dos principais motivos disso é a má administração dos
recursos hídricos, aliado ao crescimento populacional e às mudanças
climáticas enfrentadas pelo planeta.

A falta de saneamento básico é resultado da carência de investimentos no


setor. No Brasil, 35 milhões de pessoas não têm acesso à água potável
e menos da metade do esgoto gerado é tratado. O lançamento desse esgoto
sem tratamento no meio ambiente polui os mananciais e tem grande impacto
na vida aquática.

Além disso, a despoluição de um rio tem um custo muito alto e só é possível se


os lançamentos de esgoto doméstico e efluentes industriais forem tratados
antes de serem lançados nos rios. Ou seja, a despoluição dos rios depende de
investimentos em saneamento.

O desmatamento florestal e as construções próximas às nascentes de rios


também contribuem para a degradação desse recurso. Portanto, os desafios
para o acesso universal à água são complexos e envolvem mudança de
hábitos e nas políticas públicas.
A GRANDE DIFICULDADE DA DISTRIBUIÇÃO DA AGUA NO
BRASIL

Já destacamos aqui no blog algumas vezes sobre a distribuição da água no


Brasil. O país enfrenta dificuldades no sistema de abastecimento como um
todo, entretanto, distribuir a água à população pode ser uma das tarefas mais
difíceis.

Você se lembra o que é um sistema de abastecimento de água? Basicamente,


trata-se de um conjunto de ações para captação, tratamento e distribuição de
água potável pronta para consumo humano.

O sistema de distribuição é um conjunto de tubulações, conexões e bombas


hidráulicas. Este sistema tem o objetivo final de distribuir a água desde a
estação de tratamento até os ramais domiciliares. A NBR 12218 regulamenta
os projetos de rede de distribuição para abastecimento público e afirma que a
rede deve colocar água potável à disposição dos consumidores, de forma
contínua, em quantidade e pressão recomendadas.

O sistema de distribuição representa a parte mais dispendiosa do projeto de


abastecimento. Ele representa em torno de 50 a 75% do custo total do sistema
de abastecimento.

Existem algumas maneiras de se classificar as redes de distribuição. O mais


comum é a segmentação por traçado, assim, são subdivididas em três grupos:
ramificada, malhada e mistas. A ramificada executa um escoamento
unidirecional com um duto principal que se ramifica para ambos os lados.

O segundo tipo, a malhada, possui um escoamento bidirecional em que o


conjunto de tubulações forma um circuito fechado que se sobrepõem. E
existem as redes mistas, que corresponde a uma configuração que mistura os
dois tipos descritos anteriormente. Dessa forma, este tipo de rede executa um
escoamento unidirecional e bidirecional simultaneamente.

AS DIFICULDADES DA DISTRIBUIÇÃO DA ÁGUA NO BRASIL

Agora que você já relembrou de alguns conceitos, vamos ao foco deste texto.
Quais as maiores dificuldades da distribuição de água no Brasil?

Índices do Sistema de Informações de Saneamento (SNIS 2015) mostram que


o abastecimento de água na região Sudeste se aproxima dos 100%.
Entretanto, em alguns estados da região Norte, os índices não chegam aos
50%. Ou seja, menos da metade da população não têm acesso ao sistema de
água.
Mas porque isso acontece?

1- PERDAS DE ÁGUA

Voltamos constantemente a este assunto porque ocorre em todo o Brasil e


gera grandes prejuízos financeiros. O estudo realizado pelo Instituto Trata
Brasil “Perdas de água: entraves ao avanço do saneamento básico e riscos de
agravamento à escassez hídrica no Brasil” apresentou diversos resultados
sobre este problema constante.

De acordo com a análise, o saneamento básico está entre as áreas mais


atrasadas da infraestrutura nacional e depende de melhorias na gestão do
setor, especialmente na situação de perdas de água. A média de perdas no
Brasil está próxima dos 40%, o que significa elevado grau de perdas
financeiras e também de recursos hídricos.

O estudo mostrou que a região Norte possui o maior índice de perdas (51,55%)
e a região Sul, a menor (32,29%). Os motivos dessas perdas podem ser
diversos: ligações clandestinas, erros de medição, ligações não cadastradas e
até mesmo vazamentos.

As empresas de saneamento básico têm buscado investir em tecnologias que


minimizem essas perdas. Por exemplo, hoje em dia, existem diversos sistemas
supervisórios que apresentam aos técnicos possíveis vazamentos ao longo do
sistema de distribuição.

Reduzir as perdas de água é tarefa essencial para as empresas prestadoras do


serviço de abastecimento. De acordo com o Instituto Trata Brasil, uma redução
de 10% nos índices de perdas agregaria R$ 1,3 bilhão à receita operacional do
abastecimento.

Sistema supervisório de um sistema de distribuição de água.

2- CONSTRUÇÃO EM ÁREAS IRREGULARES

Em estudo realizado pelo Instituto Trata Brasil nos 100 maiores municípios do
Brasil, foi constatado que 90% dos esgotos em áreas irregulares não são
coletados nem tratados. Além disso, em grande parte dessas localidades não
chegam os serviços de abastecimento de água.
Isso significa que a água que chega vem através de ligações clandestinas.
Essas ligações ilegais podem gerar contaminação da água distribuída. Além do
mais, a falta desses serviços básicos acaba gerando ambientes propícios para
a proliferação de doenças e aumento da desigualdade social.

Essas áreas irregulares, no geral, são locais com riscos de deslizamentos e


inundações. Dessa forma, acabam sendo excluídas do planejamento devido a
dificuldade técnica e custo financeiro para levar este serviço.

Outro estudo realizado pelo Instituto Trata Brasil em 2015 em 12 cidades


paulistas apontou que apenas 17,3% dos assentamentos possuíam acesso à
rede de abastecimento de água.

A pesquisa também mostrou o impacto das ligações clandestinas nessas


áreas: foram consumidos 151 milhões de metros cúbicos de água, entretanto,
apenas 16,7 milhões de m³ foram faturados pelas prestadoras. Consegue
imaginar o prejuízo?

O Instituto também apontou que 88,5% dos moradores dessas áreas disseram
estar dispostos a pagar entre R$12 e R$24 pelos serviços. Dessa forma, é
preciso que os órgãos públicos e as empresas concessionárias pensem sobre
maneiras de garantir o serviço e a qualidade de vida da população sem gerar
malefícios para as mesmas.

3- MÁ DISTRIBUIÇÃO DOS RECURSOS HÍDRICOS NO BRASIL

Esse é um assunto que já debatemos bastante aqui no blog. Apesar


da alta disponibilidade hídrica do Brasil, uma das maiores do mundo, a
distribuição por região é bastante dispersa. Dessa forma, o acesso
não chega na mesma quantidade e qualidade para todos.

Distribuição da água no Brasil.

Como pode-se ver na tabela, a região Nordeste possui a menor


concentração dos recursos hídricos do país, enquanto a região Norte
possui a maior concentração de água e a menor densidade
demográfica.
Essa diferença de disponibilidade dificulta a distribuição de água
tratada, pois as agências devem pensar tanto na forma da rede de
distribuição como na preservação do local de captação da água.

De acordo com um estudo realizado pelo Instituto de Botânica de São


Paulo e a Academia Brasileira de Ciências, mais de 70% das cidades
do semiárido nordestino, com população acima de 5000 habitantes,
enfrentarão crise no abastecimento de água até 2025. Isto significa
muitos desafios para os governos e empresas prestadoras.

ALGUMAS CONSIDERAÇÕES

Apesar das dificuldades, em geral, o sistema de distribuição e


abastecimento tem água tem sido crescente no Brasil. Os
investimentos no setor têm aumentado ao longo dos anos.

As prestadoras dos serviços de abastecimento têm elevado o


investimento, como mostra o gráfico. Entretanto, algumas regiões
brasileiras ainda precisam de atenção especial.

O abastecimento de água gera maior qualidade de vida para a


população e reduz os índices de proliferação de doenças. Além
disso, como já discutimos anteriormente, os investimentos realizados
agora são economizados em outros setores, tal como na saúde.

Assim, é preciso continuar investindo e planejar melhor para uma


universalização da distribuição de água no país de forma a levar o
acesso às áreas irregulares e mais necessitadas. Além disso, é
preciso reduzir as perdas de água que são bastante elevadas no
Brasil.

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