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Quantificação do Impacto de
Lançamento de Esgotos em Rios
2ª Edição
Julho de 2017
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1 Esgotos e Qualidade da Água
1.1 Introdução ao problema
A água é um recurso natural essencial que representa, sobretudo, o principal
constituinte de todos os organismos vivos. Ela é um recurso natural relacionado com
todos os aspectos de manutenção da vida, desenvolvimento e bem estar das populações
e ecossistemas em geral.
Contudo, não bastando a existência de problemas relacionados à falta de água em
quantidades apreciáveis, que é grave em diversas regiões do planeta, o homem tende a
poluir os corpos hídricos com efluentes diversos. Os cursos de água são considerados
solventes extremamente versáteis e utilizados para transportar produtos residuais para
longe do local de produção e descarga.
Um dos principais causadores de poluição hídrica produzidos pelo homem são os
esgotos sanitários, já que a sua produção é simplesmente inerente à existência de
pessoas vivendo em sociedade.
Em muitos locais, mesmo que o esgoto seja coletado, ele ainda é lançado in
natura nos cursos de água que passam próximos à região. Estas águas muitas vezes
serem de manancial de abastecimento para outras populações próximas, e a poluição
provinda de montante pode causar efeitos negativos sobre a população à jusante.
Para solucionar tratar deste problema, exige-se inicialmente uma forma de
avaliação criteriosa dos impactos dos lançamentos de poluentes nos cursos de água, que
possibilite uma avaliação constante da qualidade da água. Parte desta solução pode ser
encontrada na utilização de modelos matemáticos de qualidade da água, capazes de
representar as complexas interações ocorridas no corpo d’água receptor com um
poluente que nele é despejado.
A modelagem da qualidade hídrica é uma valiosa ferramenta de Engenharia, que
se constitui na aplicação de equações matemáticas para a simulação de processos de
transporte e autodepuração de poluentes em um corpo d’água, A sua aplicação propicia
a previsão e avaliação de cenários, o controle de alterações na qualidade das águas
causadas por descargas de poluentes, licenciamento e planejamento do uso da água,
análises de risco e a tomada de decisão em relação à proteção de mananciais e/ou
captações.
Estudos de qualidade da água, realizados por profissionais qualificados, podem
ser fonte uma fonte de informação preciosa para a garantia do bem-estar coletivo e da
saúde de muitas pessoas que são usuárias das águas potencialmente poluídas.
Neste curso são trabalhadas algumas noções teóricas básicas iniciais sobre os
princípios de avaliação dos impactos causados por lançamentos de esgotos em cursos de
água. Posteriormente é estudado e aplicado o modelo Qual2-UFMG, desenvolvido por
Von Sperling (2007), na Universidade Federal de Minas Gerais, através de um estudo
3
de caso. O objetivo do curso é que o aluno saia capacitado para o uso de uma ferramenta
relativamente simples de avaliação de qualidade da água em rios ao mesmo tempo em
que se introduz no assunto de forma prática, talvez despertando algum interesse em
seguir pesquisando na área.
Esta apostila foi escrita com base nos livros escritos por Von Sperling (2005 e
2007), Chin (2006) e Chapra (1997). Para um maior aprofundamento e maior
compreensão sobre os assuntos apresentados recomenda-se fortemente a leitura destas
obras. Todo o conteúdo do curso é tratado nesta apostila, que visa servir como consulta
durante o curso e posteriormente ao mesmo.
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IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente
causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto
ambiental, a que se dará publicidade; ” entre outras.
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“Art 8º Incluir-se-ão entre as competências do CONAMA:
I - estabelecer, mediante proposta da SEMA, normas e critérios para o
licenciamento de atividades efetiva ou potencialmente poluidoras, a ser concedido
pelos Estados e supervisionado pela SEMA;
II - determinar, quando julgar necessário, a realização de estudos das
alternativas e das possíveis consequências ambientais de projetos públicos ou privados,
requisitando aos órgãos federais, estaduais e municipais, bem como a entidades
privadas, as informações indispensáveis ao exame da matéria;
III - decidir, como última instância administrativa em grau de recurso, mediante
depósito prévio, sobre as multas e outras penalidades impostas pela SEMA;
IV - homologar acordos visando à transformação de penalidades pecuniárias na
obrigação de executar medidas de interesse para a proteção ambiental; (VETADO);
V - determinar, mediante representação da SEMA, a perda ou restrição de
benefícios fiscais concedidos pelo Poder Público, em caráter geral ou condicional, e a
perda ou suspensão de participação em linhas de financiamento em estabelecimentos
oficiais de crédito;
VI - estabelecer, privativamente, normas e padrões nacionais de controle da
poluição por veículos automotores, aeronaves e embarcações, mediante audiência dos
Ministérios competentes;
VII - estabelecer normas, critérios e padrões relativos ao controle e à
manutenção da qualidade do meio ambiente com vistas ao uso racional dos recursos
ambientais, principalmente os hídricos.
Em 8 de janeiro de 1997, foi criada a Lei nº 9.433, mais conhecida como Lei das
Águas, que instituiu a Política Nacional de Recursos Hídricos (PNRH) e criou o
Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos (Singreh).
A lei, no artigo 1º, elenca os principais fundamentos da Política Nacional. A água
deve ser gerida de forma a proporcionar usos múltiplos (abastecimento, energia,
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irrigação, indústria) e sustentáveis, e esta gestão deve se dar de forma descentralizada,
com participação de usuários, da sociedade civil e do governo.
O Artigo 9 dispõe sobre o enquadramento dos corpos de água em classes, segundo
os usos preponderantes da água, visa a:
I - assegurar às águas qualidade compatível com os usos mais exigentes a que
forem destinadas;
II - diminuir os custos de combate à poluição das águas, mediante ações
preventivas permanentes.
Art. 10. As classes de corpos de água serão estabelecidas pela legislação
ambiental.
Trata-se de uma medida em conjunto ao poder de polícia ambiental, que visa
combater, de forma preventiva, a poluição das águas, através da avaliação dos níveis de
qualidade das águas.
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No artigo 14° encontram-se padrões referentes à qualidade da água, abrangendo a
totalidade das águas doces exigentes para a sua utilização diversa.
Art. 14° As águas doces de classe 1 observarão as seguintes condições e padrões:
I - Condições de qualidade de água:
a) não verificação de efeito tóxico crônico a organismos, de acordo com os
critérios estabelecidos pelo órgão ambiental competente, ou, na sua ausência, por
instituições nacionais ou internacionais renomadas, comprovado pela realização de
ensaio ecotoxicológico padronizado ou outro método cientificamente reconhecido.
b) materiais flutuantes, inclusive espumas não naturais: virtualmente ausentes;
c) óleos e graxas: virtualmente ausentes;
d) substancias que comuniquem gosto ou odor: virtualmente ausentes;
e) corantes provenientes de fontes antrópicas: virtualmente ausentes;
f) resíduos sólidos objetáveis: virtualmente ausentes;
g) coliformes termotolerantes: para o uso de recreação de contato primário
deverao ser obedecidos os padrões de qualidade de balneabilidade, previstos na
Resolução CONAMA no 274, de 2000. Para os demais usos, não deverá ser excedido
um limite de 200 coliformes termotolerantes por 100 mililitros em 80% ou mais, de pelo
menos 6 amostras, coletadas durante o período de um ano, com frequência bimestral. A
E. Coli poderá ser determinada em substituição ao parâmetro de coliformes
termotolerantes de acordo com limites estabelecidos pelo órgão ambiental competente;
h) DBO 5 dias a 20°C até 3 mg/L O2;
i) OD, em qualquer amostra, não inferior a 6 mg/L O2;
j) turbidez ate 40 unidades nefelométrica de turbidez (UNT);
l) cor verdadeira: nível de cor natural do corpo de água em mg Pt/L; e
m) pH: 6,0 a 9,0.
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A seguir temos a TABELA I - CLASSE 1 - ÁGUAS DOCES
TABELA I - CLASSE 1 - ÁGUAS DOCES
PARÂMETROS VALOR MÁXIMO PARÂMETROS ORGÂNICOS VALOR MÁXIMO
Clorofila a 10 μg/L Acrilamida 0,5 μg/L
Densidade de cianobactérias 20.000 cel/mL ou 2 mm3/L Alacloro 20 μg/L
Sólidos dissolvidos totais 500 mg/L Aldrin + Dieldrin 0,005 μg/L
PARÂMETROS INORGÂNICOS VALOR MÁXIMO Atrazina 2 μg/L
Alumínio dissolvido 0,1 mg/L Al Benzeno 0,005 mg/L
Antimônio 0,005mg/L Sb Benzidina 0,001 μg/L
Arsênio total 0,01 mg/L As Benzo(a)antraceno 0,05 μg/L
Bário total 0,7 mg/L Ba Benzo(a)pireno 0,05 μg/L
Berílio total 0,04 mg/L Be Benzo(b)fluoranteno 0,05 μg/L
Boro total 0,5 mg/L B Benzo(k)fluoranteno 0,05 μg/L
Cádmio total 0,001 mg/L Cd Carbaril 0,02 μg/L
Chumbo total 0,01mg/L Pb Clordano (cis + trans) 0,04 μg/L
Cianeto livre 0,005 mg/L CN 2-Clorofenol 0,1 μg/L
Cloreto total 250 mg/L Cl Criseno 0,05 μg/L
Cloro residual total (combinado + livre) 0,01 mg/L Cl 2,4–D 4,0 μg/L
Cobalto total 0,05 mg/L Co Demeton (Demeton-O + Demeton-S) 0,1 μg/L
Cobre dissolvido 0,009 mg/L Cu Dibenzo(a,h)antraceno 0,05 μg/L
Cromo total 0,05 mg/L Cr 1,2-Dicloroetano 0,01 mg/L
Ferro dissolvido 0,3 mg/L Fe 1,1-Dicloroeteno 0,003 mg/L
Fluoreto total 1,4 mg/L F 2,4-Diclorofenol 0,3 μg/L
Fósforo total (ambiente lêntico) 0,020 mg/L P Diclorometano 0,02 mg/L
Fósforo total (ambiente intermediário,
DDT (p,p’-DDT + p,p’-DDE + p,p’-
com tempo de residência entre 2 e 40 dias, 0,025 mg/L P 0,002 μg/L
DDD)
e tributários diretos de ambiente lêntico)
Fósforo total (ambiente lótico e tributários
0,1 mg/L P Dodecacloro pentaciclodecano 0,001 μg/L
de ambientes intermediários)
Lítio total 2,5 mg/L Li Endossulfan (a + b + sulfato) 0,056 μg/L
Manganês total 0,1 mg/L Mn Endrin 0,004 μg/L
Mercúrio total 0,0002 mg/L Hg Estireno 0,02 mg/L
Níquel total 0,025 mg/L Ni Etilbenzeno 90,0 μg/L
Fenóis totais (substâncias que reagem
Nitrato 10,0 mg/L N 0,003 mg/L C6H5OH
com 4-aminoantipirina)
Nitrito 1,0 mg/L N Glifosato 65 μg/L
3,7mg/L N, para pH £ 7,5 2,0
mg/L N, para 7,5 < pH £ 8,0
Nitrogênio amoniacal total 1,0 mg/L N, para Gution 0,005 μg/L
8,0 < pH £ 8,5 0,5 mg/L N,
para pH > 8,5
Prata total 0,01 mg/L Ag Heptacloro epóxido + Heptacloro 0,01 μg/L
Selênio total 0,01 mg/L Se Hexaclorobenzeno 0,0065 μg/L
Sulfato total 250 mg/L SO4 Indeno(1,2,3-cd)pireno 0,05 μg/L
Sulfeto (H2S não dissociado) 0,002 mg/L S Lindano (g-HCH) 0,02 μg/L
Urânio total 0,02 mg/L U Malation 0,1 μg/L
Vanádio total 0,1 mg/L V Metolacloro 10 μg/L
Zinco total 0,18 mg/L Zn Metoxicloro 0,03 μg/L
Paration 0,04 μg/L
PCBs - Bifenilas policloradas 0,001 μg/L
Pentaclorofenol 0,009 mg/L
Simazina 2,0 μg/L
Substâncias tensoativas que reagem
0,5 mg/L LAS
com o azul de metileno
2,4,5–T 2,0 μg/L
Tetracloreto de carbono 0,002 mg/L
Tetracloroeteno 0,01 mg/L
Tolueno 2,0 μg/L
Toxafeno 0,01 μg/L
2,4,5-TP 10,0 μg/L
Tributilestanho 0,063 μg/L TBT
Triclorobenzeno (1,2,3-TCB + 1,2,4-
0,02 mg/L
TCB)
Tricloroeteno 0,03 mg/L
2,4,6-Triclorofenol 0,01 mg/L
Trifluralina 0,2 μg/L
Xileno 300 μg/L
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Art 15. Aplicam-se às águas doces de classe 2 as condições e padrões da classe 1
previstos no artigo anterior, à exceção do seguinte:
I - não será permitida a presença de corantes provenientes de fontes antrópicas
que não sejam removíveis por processo de coagulação, sedimentação e filtração
convencionais;
II - coliformes termotolerantes: para uso de recreação de contato primário
deverá ser obedecida a Resolução CONAMA no 274, de 2000. Para os demais usos,
não deverá ser excedido um limite de 1.000 coliformes termotolerantes por 100
mililitros em 80% ou mais de pelo menos 6 (seis) amostras coletadas durante o período
de um ano, com freqüência bimestral. A E. coli poderá ser determinada em substituição
ao parâmetro coliformes termotolerantes de acordo com limites estabelecidos pelo
órgão ambiental competente;
III - cor verdadeira: até 75 mg Pt/L;
IV - turbidez: até 100 UNT;
V - DBO 5 dias a 20°C até 5 mg/L O2;
VI - OD, em qualquer amostra, não inferior a 5 mg/L O2;
VII - clorofila a: até 30 μg/L;
VIII - densidade de cianobactérias: até 50000 cel/mL ou 5 mm3/L; e
IX - fósforo total:
a) até 0,030 mg/L, em ambientes lênticos; e
b) até 0,050 mg/L, em ambientes intermediários, com tempo de residência entre 2
e 40 dias, e tributários diretos de ambiente lêntico.
Ainda nessa resolução estabelece-se alguns padrões de lançamentos de efluentes
de qualquer fonte poluidora que somente poderão ser lançados, direta ou indiretamente,
nos corpos de água, após o devido tratamento e desde que obedeçam às condições
exigidas. Estes padrões são melhores abordados na Resolução nº 430, de 13 de maio de
2011.
10
do Meio Ambiente-CONAMA: ”estabelecendo algumas normas no que se refere a
“condições, parâmetros, padrões e diretrizes para gestão do lançamento de efluentes
em corpos de água receptores...”
Da mesma forma em que abordamos o exemplo anterior, para fins de facilitar e
mostrar a importância das bases legais no estudo de qualidade da água, foram separados
alguns artigos (1º,3º e 16º).
Art. 1º Esta Resolução dispõe sobre condições, parâmetros, padrões e diretrizes
para gestão do lançamento de efluentes em corpos de água receptores, alterando
parcialmente e complementando a Resolução no 357, de 17 de março de 2005, do
Conselho Nacional do Meio Ambiente-CONAMA.
Parágrafo único. O lançamento indireto de efluentes no corpo receptor deverá
observar o disposto nesta Resolução quando verificada a inexistência de legislação ou
normas específicas, disposições do órgão ambiental competente, bem como diretrizes
da operadora dos sistemas de coleta e tratamento de esgoto sanitário.
O Artigo 3º, dispõe sobre a condição, de modo geral, que um efluente poluidor
poderá ser lançado no corpo hídrico, e também, algumas exigências em que o órgão
ambiental competente poderá acrescentar.
Art. 3º Os efluentes de qualquer fonte poluidora somente poderão ser lançados
diretamente nos corpos receptores após o devido tratamento e desde que obedeçam às
condições, padrões e exigências dispostos nesta Resolução e em outras normas aplicáveis.
Parágrafo único. O órgão ambiental competente poderá, a qualquer momento,
mediante fundamentação técnica:
I - acrescentar outras condições e padrões para o lançamento de efluentes, ou torná-
los mais restritivos, tendo em vista as condições do corpo receptor; ou
II - exigir tecnologia ambientalmente adequada e economicamente viável para o
tratamento dos efluentes, compatível com as condições do respectivo corpo receptor.
O Artigo 16º, estabelece alguns padrões técnicos que o efluente poluidor precisa ter
para ser lançado no corpo hídrico.
Art. 16. Os efluentes de qualquer fonte poluidora somente poderão ser lançados
diretamente no corpo receptor desde que obedeçam às condições e padrões previstos
neste artigo, resguardadas outras exigências cabíveis:
I - Condições de lançamento de efluentes:
a) pH entre 5 a 9;
b) temperatura: inferior a 40°C, sendo que a variação de temperatura do corpo
receptor não deverá exceder a 3°C no limite da zona de mistura;
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c) materiais sedimentáveis: até 1 mL/L em teste de 1 hora em cone Inmhoff. Para
o lançamento em lagos e lagoas, cuja velocidade de circulação seja praticamente nula,
os materiais sedimentáveis deverão estar virtualmente ausentes;
d) regime de lançamento com vazão máxima de até 1,5 vez a vazão média do
período de atividade diária do agente poluidor, exceto nos casos permitidos pela
autoridade competente;
e) óleos e graxas: 1. Óleos minerais: até 20 mg/L; 2. óleos vegetais e gorduras
animais: até 50 mg/L;
f) ausência de materiais flutuantes; e
g) Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO 5 dias a 20°C): remoção mínima de
60% de DBO sendo que este limite só poderá ser reduzido no caso de existência de
estudo de autodepuração do corpo hídrico que comprove atendimento às metas do
enquadramento do corpo receptor;
Além das leis em âmbito Federal sobre a qualidade da água do nosso planeta,
temos também as leis estaduais que atuam em prol da preservação ambiental, de saúde
pública e dos recursos naturais, no Estado do Rio Grande do Sul. Uma delas é a
Resolução CONSEMA 355 DE 13/07/2017 em que propõe “Art. 1º Fixar critérios e
padrões de emissão de efluentes líquidos para as fontes geradoras que lancem seus
efluentes em águas superficiais no Estado do Rio Grande do Sul. ” Entrando em vigor
na data da sua publicação, para revogar as Resoluções CONSEMA 128/2006, 286/2014
e 317/2016
O artigo 10º estabelece parâmetros, que os efluentes líquidos de fontes poluidoras,
devem obedecer para que seja permitido o lançamento em corpos hídricos:
”Art. 10º. Os efluentes líquidos de fontes poluidoras somente podem ser lançados
em corpos d'água superficiais, direta ou indiretamente, atendendo aos seguintes
padrões de emissão:
Parâmetros Padrão de emissão
Cor não deve conferir mudança de coloração (cor verdadeira) ao corpo hídrico receptor
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Parâmetros Padrão de emissão
Fluoreto 10 mg/L
Sólidos Sedimentáveis < = 1,0 mL/L em teste de 1 (uma) hora em Cone Imhoff
Substâncias tenso-ativas
que reagem ao azul de 2,0 mg MBAS/L
metileno
Temperatura 40ºC
13
1.2.9 Portaria Nº 2.914, de 12 de dezembro de 2011
Um plano de amostragem; e
PARÂMETRO VMP(1)
Água para consumo humano(2)
Escherichia coli ou coliformes
Ausência em 100ml
termotolerantes(3)
Água na saída do tratamento
Coliformes totais Ausência em 100ml
Água tratada no sistema de distribuição (reservatórios e rede)
Escherichia coli ou coliformes
Ausência em 100ml
termotolerantes(3)
Sistemas que abastecem a partir de 20.000 habitantes: Ausência em 100ml
em 95% das amostras examinadas no mês;
Coliformes totais Sistemas que abastecem menos que 20.000 habitantes: Apenas uma
amostra, entre as amostras examinadas no mês, poderá apresentar
resultado positivo
NOTAS: (1) valor máximo permitido.
(2) água para consumo humano em toda e qualquer situação, incluindo fontes individuais como poços, minas, nascentes, dentre
outras.
(3) a detecção de Escherichia coli deve ser preferencialmente adotada.
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Tabela 2
Padrão de potabilidade para substâncias químicas prejudiciais à saúde
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2 Modelagem de Qualidade D’água
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Quadro 1 – Principais parâmetros para avaliação de alterações na qualidade da água (adaptado
de Von Sperling, 2005).
Característica Parâmetro
Cor
Turbidez
Parâmetros Físicos
Temperatura
Sabor e Odor
pH
Alcalinidade
Acidez
Parâmetros Químicos
Dureza
Ferro e Manganês
Cloretos
Nitrogênio
Fósforo
Oxigênio dissolvido
Parâmetros Químicos Matéria orgânica
Metais
Micropoluentes orgânicos
Contaminantes químicos
Organismos indicadores
Parâmetros Biológicos Algas
Bactérias
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Quando um despejo de efluente que contém matéria orgânica (como um esgoto) é
lançado em um corpo de água, os microrganismos presentes começam um processo de
decomposição utilizando o oxigênio dissolvido presente no meio para a execução de
seus processos metabólicos. Este consumo de oxigênio pelas bactérias pode vir a causar
uma redução da concentração de OD na água, o que por sua vez pode vir a causar a
morte de diversos seres aquáticos. Caso o oxigênio seja totalmente consumido, têm-se
as condições anaeróbias (ausência de oxigênio), com diversas implicações do ponto de
vista ambiental.
De uma forma esquemática, a oxidação da matéria orgânica presente em efluentes
ou em corpos de água pode ser representada, segundo Von Sperling (2005), pela
seguinte reação simplificada:
Matéria Orgânica + O2 + bactérias -> CO2 + H2O + NH3 + outros produtos + energia
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análise feita a 20°C. Desta forma, quando nos referimos a concentrações de DBO não
especificadas medidas em descargas de poluentes, estamos geralmente falando nesta
DBO padronizada. A Figura 1 apresenta o resultado de uma análise de DBO feita para
os esgotos do Campus do Vale da UFRGS, onde são exemplificadas as diferenças entre
a DBO520 e a DBOu.
Análise DBO
1901ral
Concentração de OD (mg/l)
1901ral
1901ral
DBOu
1900ral
1900ral
DBO520
1900ral
1900ral
1900ral 1900ral 1900ral 1900ral 1900ral 1900ral
Tempo (dias)
19
DBO exercida e DBO remanescente
1901ral
Concentração (mg O2/l) 1901ral
1901ral
DBO Exercida
1900ral
DBO Remanescente
1900ral
1900ral
1900ral
1900ral 1900ral 1900ral 1900ral 1900ral 1900ral
Tempo (dias)
2.1.2.2 Autodepuração
20
Figura 3 – Perfil esquemático de um lançamento de matéria orgânico em um curso de água,
apresentando a divisão das zonas de autodepuração.
21
Quadro 2 – Principal característica de cada zona de autodepuração (adaptado de Von Sperling,
2005).
22
L =concentração de DBO remanescente [ML-1];
t = tempo [T];
K1 = coeficiente de desoxigenação [T-1];
Efluente K1 (dia-1)
Esgoto bruto muito 0,35-0,45
concentrado
Esgoto bruto pouco 0,30-0,40
concentrado
Efluente primário de ETE 0,30-0,40
Efluente secundário de ETE 0,12-0,24
Águas naturais 0,08-0,20
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Quadro 4 - Valores típicos do coeficiente Kd (20°C), adaptado de Von Sperling (2007).
Efluente Kd (dia-1)
Rios Rasos Rios
Profundos
Esgoto bruto muito concentrado 0,50-1,00 0,35-0,50
Esgoto bruto pouco concentrado 0,40-0,80 0,30-0,45
Efluente primário de ETE 0,40-0,80 0,30-0,45
Efluente secundário de ETE 0,12-0,24 0,12-0,24
Águas naturais limpas 0,08-0,20 0,08-0,24
Onde são considerados rios rasos aqueles com profundidade entre 1,0m a 1,5m.
É possível notar no Quadro 4 que os valor de Kd são maiores em rios mais rasos
do que em cursos de água profundos. Isto se deve principalmente ao fato de estes rios
possuírem a biomassa aderida ao fundo exercendo maior influência sobre a degradação.
Outra forma de calcular o coeficiente Kd são as equações apresentadas por EPA(1985) e
Thomann e Mueller (1987) que colocam o mesmo em função da vazão do rio ou da
profundidade do leito:
𝐻 −0,434
𝐾𝑑 = 0,3. (2,5) (para H ≤ 2,5m) (68)
24
Mesmo assumindo o coeficiente de decaimento da DBO em rios como Kd (e não
como K1), ainda podem existir diferenças substâncias entre os valores calculados e os
observados em campo. Estas diferenças podem se dar devido à existência de decaimento
da matéria orgânica por sedimentação.
A sedimentação também pode ser incluída nos cálculos de decaimento da DBO
através da utilização de um coeficiente Kr no lugar de Kd, onde Kr = Ks + Kd. Nesta
equação Ks é o coeficiente de sedimentação da matéria orgânica cujos valores
aproximados são dados no Quadro 5:
Quadro 5 – Valores aproximados do coeficiente Ks. Adaptado de Von Sperling (2007)
É válido destacar que valores negativos de Ks podem ser utilizados caso haja
reintrodução de DBO no sistema devido à resuspensão de material sedimentado. O
coeficiente Ks, assim como Kd, deve ser sempre corrigido para a temperatura
(normalmente Θ = 1,024).
25
T = Temperatura do corpo hídrico em (°C)
Onde:
Fh = fator adimensional de correção da concentração em função da altitude
Cs’ = concentração de saturação na altitude definida (mg/L)
Altitude = altitude (m).
dD (75)
K 2 .D
dt
Onde:
dD /dt = taxa de variação do déficit de oxigênio no sistema com o tempo [ML-3
T-1];
D = Cs - C = déficit de OD. É a diferença entre a concentração de saturação (Cs) e
a concentração existente em um tempo qualquer (C) [ML-1].;
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t = tempo [T];
K2 = coeficiente de reaeração [T-1];
D = D0 . e−K2.t (76)
Onde:
D0 = Déficit de OD em t = 0 [ML-1];
D = Déficit de OD em um tempo qualquer [ML-1];
t = tempo [T];
K2 = coeficiente de reaeração [T-1];
Quadro 6 - Valores típicos do coeficiente K2 (20°C). Fonte: Fair et al (1973), Arceivala (1981),
Von Sperling (2007)
Através do Quadro 6 é possível observar que quanto mais raso e mais rápido for o
curso de água, maior é a oxigenação. Isto já era esperado, uma vez que estas
características são agentes da turbulência na água.
Além de valores tabelados, existem algumas equações que são tradicionalmente
utilizadas para a obtenção dos valores de K2 em rios, que colocam o mesmo em função
da velocidade e da profundidade do curso de água, ou em função da vazão, velocidade e
da declividade. Estas equações são apresentadas no Quadro 7:
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Quadro 7 – Equações para a determinação do coeficiente de desoxigenação a partir de
informações hidráulicas do curso de água.
28
Onde:
V = velocidade do curso de água (m/s);
H = profundidade média do curso de água (m);
I = declividade do trecho de rio (m/km) para Tsivoglou e Wallace e em (m/m)
para Melching e Flores;
Q = Vazão do curso de água (m³/s);
B = largura do trecho (m).
29
2.1.2.5 Curva de depleção de oxigênio (modelo de Streeter-Phelps)
dD (87)
K d .L K 2 .D
dt Onde:
dD /dt = taxa de variação do déficit de oxigênio no sistema com o tempo [ML-3
T-1];
D = Cs - C = déficit de OD. É a diferença entre a concentração de saturação (Cs) e
a concentração existente em um tempo qualquer (C) [ML-1].;
t = tempo [T];
L =concentração de DBO remanescente [ML-1];
Kd = coeficiente de decaimento da DBO [T-1];
K2 = coeficiente de reaeração [T-1];
Onde:
D0 = Déficit de OD em t = 0 [ML-1];
D = Déficit de OD em um tempo qualquer [ML-1];
t = tempo [T];
Kd = coeficiente de decaimento da DBO [T-1];
K2 = coeficiente de reaeração [T-1];
30
K .L
Ct = Cs − {K d−K0 . (e−Kd.t − e−K2.t ) + (Cs − C0 ). e−K2.t } (89)
2 d
Onde:
Ct = Concentração de OD em um tempo qualquer [ML-1]
Co = Concentração de OD inicial [ML-1]
Cs = Concentração de saturação [ML-1]
t = tempo [T];
L0 =concentração de DBO inicial [ML-1];
Kd = coeficiente de decaimento da DBO [T-1];
K2 = coeficiente de reaeração [T-1];
1900ral
Concentração de OD
1900ral
1900ral
(mg/L)
1900ral
1900ral
1900ral OD
1900ral OD sat
1900ral
1900ral 1900ral 1900ral 1900ral 1900ral 1900ral 1900ral
Distância percorrida ao longo do rio (km)
Figura 4 – Exemplo de simulação realizada com o modelo de streeter-phelps.
31
Outra restrição importante do modelo é que ele serve para modelar concentrações
positivas de OD. Se por algum motivo o oxigênio dissolvido no rio se tornar zero o
sistema entra em estado de anaerobiose e a equação de streeter-phelps não é mais
válida.
dL
K 2 .C s (90)
dt
Onde:
dL /dt = taxa de variação da concentração no sistema com o tempo [ML-3 T-1];
Cs = concentração de saturação de oxigênio [ML-1];
t = tempo [T];
K2 = coeficiente de reaeração [T-1];
Da mesma forma, sabemos que a condição de anaerobiose só cessa quando a DBO
atingir um valor tal que a taxa de consumo de oxigênio para degradação da matéria
orgânica for menor ou igual à taxa de entrada de O2 na água. Estas condições são
satisfeitas quando:
Kd.Lf ≤ K2.Cs (91)
Onde
Kd = coeficiente de decaimento da DBO [T-1];
Cs = concentração de saturação de oxigênio [ML-1];
Lf = Concentração de DBO no final do trecho de anaerobiose [ML-3];
32
K2 = coeficiente de reaeração [T-1];
Enquanto que a Equação 92 permite verificar a permanência ou não nas condições
de anaerobiose, a Equação 91 permite modelar a DBO em um ponto qualquer do trecho
em anaerobiose. A solução analítica da Equação 91 é uma reação de primeira ordem:
L = Li – K2.Cs.t (92)
Onde:
L = concentração de DBO em um tempo qualquer dentro do trecho de anaerobiose
[ML-3];
Cs = concentração de saturação de oxigênio [ML-1];
t = tempo percorrido dentro do trecho de anaerobiose [T];
K2 = coeficiente de reaeração [T-1];
Li = concentração de DBO inicial do trecho de anaerobiose [ML-3];
2.1.3 Nitrogênio
33
A nitrificação, portanto, é um processo de duas etapas, e que ocorre através da
ação de microrganismos autótrofos quimiossintetizantes, para os quais a principal fonte
de carbono é o CO2 e a fonte de energia é obtida através da oxidação de um substrato
inorgânico, no caso a própria amônia. A primeira etapa do processo é denominada de
nitritação, e é efetivada pelas bactérias do gênero Nitrosomonas. A segunda etapa do
processo é denominada de nitratação, e dá-se principalmente pela atuação das bactérias
do gênero Nitrobacter. As equações 99 a 101 apresentam a estequiometria do processo:
Nitritação:
(amônia) (nitrito)
2NH3 + 3O2 → 2H + 2NO-2 + 2H2O + energia
+
(99)
Nitratação:
(nitrito) (nitrato)
2NO 2 + O2 → 2NO-3 + energia
-
(100)
𝑑𝑁𝑎𝑚𝑜𝑛 𝑆𝑁𝑎𝑚𝑜𝑛
= 𝐾𝑜𝑎 . 𝑁𝑜𝑟𝑔 − 𝐾𝑎𝑛 . 𝑁𝑎𝑚𝑜𝑛 + (103)
𝑑𝑡 𝐻
𝑑𝑁𝑛𝑖𝑡𝑟𝑖𝑡𝑜
= 𝐾𝑎𝑛 . 𝑁𝑎𝑚𝑜𝑛 − 𝐾𝑛𝑛 . 𝑁𝑛𝑖𝑡𝑟𝑖𝑡𝑜 (104)
𝑑𝑡
34
𝑑𝑁𝑛𝑖𝑡𝑟𝑎𝑡𝑜
= 𝐾𝑛𝑛 . 𝑁𝑛𝑖𝑡𝑟𝑖𝑡𝑜 (105)
𝑑𝑡
𝑑𝐶
= −𝑅𝑂2𝑎𝑚𝑜𝑛 𝐾𝑎𝑛 . 𝑁𝑛𝑖𝑡𝑟𝑖𝑡𝑜 − 𝑅𝑂2𝑛𝑖𝑡𝑟𝑖𝑡𝑜 𝐾𝑛𝑛 . 𝑁𝑛𝑖𝑡𝑟𝑎𝑡𝑜 (107)
𝑑𝑡
Onde:
Ntot = concentração de nitrogênio total [ML-1];
Norg = concentração de nitrogênio orgânico [ML-1];
Namon = concentração de amônia [ML-1];
Nnitrito = concentração de nitrito [ML-1];
Nnitrato = concentração de nitrato [ML-1];
C = concentração de oxigênio dissolvido [ML-1];
Kso = coeficiente de remoção do nitrogênio orgânico por sedimentação [T-1];
Koa = coeficiente de conversão do nitrogênio orgânico em amônia [T-1];
Kan = coeficiente de conversão da amônia em nitrito [T-1];
Knn = coeficiente de conversão do nitrito em nitrato [T-1];
SNamon = coeficiente de liberação de amônia pelo sedimento de fundo (gO2/m².d);
H = profundidade do curso de água (m);
RO2amon = consumo de O2 para oxidação da amônia (3,2mgO2/L para cada
1mgNH4+ /L);
RO2nitrito = consumo de O2 para oxidação do nitrito a nitrato (1,1mgO2/L para cada
1mgNO2- /L).
1900ral
1900ral
Concentração (mg/L)
1900ral
1900ral Norg
1900ral Namon
1900ral Nnitrito
1900ral
Nnitrato
1900ral
1900ral 1900ral 1900ral 1900ral 1900ral 1900ral
Distância (km)
35
Figura 5 – Exemplo de simulação das diferentes formas de nitrogênio lançadas em rios (sem
considerar a sedimentação e nem a liberação pelo sedimento).
Onde:
Fnitr = fator de correção do coeficiente de nitrificação em função do OD
KnitrOD = coeficiente de inibição da nitrificação por baixo OD. Valor usual: 0,60
OD = Concentração de oxigênio dissolvido no instante de tempo
O Quadro 8 apresenta alguns valores dos coeficientes típicos da modelagem de
nitrogênio
Quadro 8 - Valores dos coeficientes típicos da modelagem de nitrogênio (Fonte: Adaptada de
Von Sperling, 2007).
2.1.4 Fósforo
36
dizerem respeito principalmente a estes tipos de corpos hídricos, o controle da presença
de fósforo em rios é fundamental para que estes problemas sejam evitados.
Para a representação do comportamento do fósforo em cursos de água, considera-
se que o fósforo em esgotos domésticos apresenta-se na forma de fosfatos, divido em
duas categorias (Von Sperling, 2007): inorgânico e orgânico. Na forma inorgânica as
principais formas do fósforo são polifosfatos e ortofosfatos, com origem principal nos
detergentes e outros produtos químicos domésticos. Na forma orgânica apresenta-se
ligado a compostos orgânicos de origem fisiológica.
As equações diferenciais utilizadas para a representação dos processos de
conversão do fósforo orgânico a fósforo orgânico, sedimentação do fósforo orgânico
particulado e liberação de fósforo inorgânico pelo sedimento de fundo, são (Chapra,
1997; Von Sperling, 2007):
𝑑𝑃𝑜𝑟𝑔
= −𝐾𝑜𝑖 . 𝑃𝑜𝑟𝑔 − 𝐾𝑠𝑝𝑜 . 𝑃𝑜𝑟𝑔 (109)
𝑑𝑡
𝑑𝑃𝑖𝑛𝑜𝑟𝑔 𝑆𝑃𝑖𝑛𝑜𝑟𝑔
= 𝐾𝑜𝑖 . 𝑃𝑜𝑟𝑔 + (110)
𝑑𝑡 𝐻
Onde:
Porg = concentração de fósforo orgânico [ML-1];
Pinorg = concentração de fósforo inorgânico [ML-1];
Koi = coeficiente de conversão de fósforo orgânico para inorgânico [T-1];
Kspo = coeficiente de remoção de fósforo orgânico [T-1];
SPinorg = coeficiente de liberação de fósforo inorgânico sedimento de fundo
(gO2/m².d);
H = profundidade do curso de água (m);
A Figura 6 apresenta um exemplo de simulação de fósforo com as equações
apresentadas.
1900ral
1900ral
1900ral
Concentração (mg/L)
1900ral
1900ral Porg
1900ral
Pinorg
1900ral
1900ral
1900ral 1900ral 1900ral 1900ral 1900ral 1900ral
Distância (km)
Figura 6 - Exemplo de simulação de fósforo. Sem considerar contribuição do sedimento de
fundo.
37
Os coeficientes de simulação do dos processos sofridos pelo fósforo também
precisam ser corrigidos em função dos fatores ambientais do local onde ocorrem as
reações. Para a correção em função da temperatura, é utilizada uma equação do tipo da
Equação 87, com o valor de θ = 1,047 para o coeficiente Koi, o valor de θ = 1,024 para o
coeficiente Kspo e o valor de θ = 1,074 para SPinorg. O - Valores dos coeficientes típicos
da modelagem de fósforo (Fonte: Adaptada de Von Sperling, 2007). apresenta alguns
valores típicos dos coeficientes.
Quadro 9 - Valores dos coeficientes típicos da modelagem de fósforo (Fonte: Adaptada de Von
Sperling, 2007).
Parâmetro Valor
Kspo (d-1) 0,02 a 0,05
Koi (d-1) 0,2 a 0,3
SPinorg (g.m²/dia) 0,0 a 0,2
2.1.5 Coliformes
38
bactérias não fecais dentre as mesmas, que resistem à elevada temperatura dos ensaios
laboratoriais (por isto este grupo tem sido chamado de termotolerante). Finalmente, as
bactérias do gênero Escherichia Coli são as principais bactérias do grupo das
termotolerantes, muito abundantes em fezes humanas e de outros animais, são as únicas
que dão garantia de contaminação exclusivamente fecal (muito embora não
exclusivamente humana) (Von Sperling, 2007).
Os coliformes encontram dentro do sistema digestivo dos animais as condições
ótimas para o seu crescimento e reprodução. Quando estas bactérias são expelidas e
entram em contato com um corpo hídrico elas encontram condições adversas como a
presença de luz solar, diferentes temperatura e pH, falta de nutrientes, efeitos osmóticos,
entre outros, e então elas tendem a decrescer em número, caracterizando o processo de
decaimento.
A taxa de mortalidade dos coliformes, assim como outras reações biológicas, pode
ser estimada através de uma reação de primeira ordem do tipo:
𝑑𝑁
= −𝐾𝑏 . 𝑁 (111)
𝑑𝑡
Onde:
N = número de coliformes (NMP/100mL)
Kb = coeficiente de decaimento bacteriano (d-1)
T = tempo (d)
𝑁 = 𝑁0 . 𝑒 −𝑘𝑏.𝑡 (112)
Onde:
N0 = número inicial de coliformes (NMP/100mL)
N = número de coliformes (NMP/100mL)
Kb = coeficiente de decaimento bacteriano (d-1)
T = tempo (d)
Os valores de Kb variam entre 0,5 e 1,5 d-1 (Von Sperling, 2007). A correção em
função da temperatura pode ser feita com uma equação do tipo da Equação 87 e θ =
1,07 (Von Sperling, 2007; Chapra 1997).
39
2.2 O Modelo Qual-UFMG
40
Figura 7 – FómulasCoefic
Figura 8 – DiagramaUnifilar
41
Figura 9 – RioPrincipal
Figura 10 – Tributario1
42
Figura 11 – Interações entre os parâmetros simulados pelo modelo QUAL-UFMG segundo
Mourão Júnior (2010).
O modelo Qual-UFMG já foi aplicado em vários rios brasileiros para estudos técnicos e
científicos. Material complementar sobre aplicações do modelo é fornecido junto ao
material do curso.
A utilização do modelo é intuitiva uma vez que o usuário tenha os conhecimentos
básicos sobre qualidade da água, que são tratados no primeiro capítulo. Além disso,
todas as células do modelo que são modificadas na realização de simulações são
De qualquer forma, é sempre importante lembrar que um modelo é apenas uma
ferramenta e jamais substitui o senso crítico e o conhecido de um Engenheiro
devidamente qualificado para a realização de um estudo de qualidade da água.
43
2.3 O Modelo Qual-2K
2.3.1 Introdução ao modelo
44
modelo (SILVINO, 2008). As entradas utilizadas para este modelo são citadas por
Salvai e Bezdam (2008):
45
Figura 13 – Discretização do Modelo Qual-2K
46
Figura 14 – Balanço de Vazões no Qual-2K
∑𝑛𝑝𝑎,𝑖
𝑗=1 𝑄𝑛𝑝𝑎,𝑖,𝑗
Somatório das vazões abstraídas no elemento i por fontes difusas (m³/d)
47
Figura 16 – Representação esquemática do balanço de massa em volume de controle no
QUAL-2K (Adaptado de Silvino, 2008)
𝑝𝑠,𝑖 𝑛𝑝𝑠,𝑖
𝑊𝑖 = ∑𝑗=1 𝑄𝑝𝑠,𝑖,𝑗 𝑐𝑝𝑠,𝑖,𝑗 + ∑𝑗=1 𝑄𝑛𝑝𝑠,𝑖,𝑗 𝑐𝑛𝑝𝑠,𝑖,𝑗 117
48
Quadro 11 – Significado dos coeficientes das equações do balanço de massa
49
Entretanto, o foco deste curso será a simulação de apenas os parâmetros
destacados no quadro abaixo
Quadro 12 – Parâmetros modelados
50
Destaca-se, portanto, o emprego do método de simulação hidráulica através da
metodologia da curva chave, composta pelo seguinte conjunto de equações, de modo
que os termos são explicados no Quadro 13.
𝑈 = 𝛼𝑄𝑏 1
𝐻 = 𝛼𝑄𝛽 2
𝑄
𝐴𝑐 = 3
𝑈
𝐴𝑐
𝐵= 4
𝐻
𝐴𝑠 = 𝐵∆𝑥 5
𝑉 = 𝐵𝐻∆𝑥 6
51
Figura 20 – Interface do Qual-2K
O modelo tem abas das cores azul, em que são definidas as condições de contorno e os
dados de entrada; cores amarelas, que são utilizadas para inserir dados de qualidade d’água
observados e abas de cores verdes que mostram em formas de tabelas os resultados oriundos do
modelo. Por fim, ainda estão presentes abas vermelhas, em que são apresentados gráficos que
puxam os dados das abas verdes.
52
A seguir (da
Figura 21 à Figura 28) são apresentadas as principais interfaces do modelo: (i) Aba de
condições de contorno de montante; (ii) Especificação “física” do curso hídrico, da propagação
de vazão, e da entrada de tributários; (iii) Aba onde são determinadas as entradas dos
coeficientes de decaimento para cada “reach”; (iv) Aba de entrada dos coeficientes de
decaimento padrão do modelo (que serão utilizados quando algum coeficiente da aba “Reach
Rates” é deixada em branco); (v) Aba onde se determina o trecho em que está entrando (ou
saindo) determinada vazão com características de qualidade d’água especificadas; (vi) Aba onde
se determina o ponto em que está entrando (ou saindo) determinada vazão com características
de qualidade d’água especificadas; (vii) Aba onde são inseridos valores observados de campo e;
(viii) aba onde são visualizados resultados obtidos pelo modelo em comparação com dados
observados.
Demais informações acerca de como estas informações são inseridas são mais bem
explanadas na apresentação em Power Point do curso.
53
Figura 21 – Aba Headwater - Condições de Contorno de Montante
Figura 22 – Aba Reach – Especificação “física” do curso hídrico, da propagação de vazão, e da entrada de tributários
55
Figura 23 – Aba Reach Rates – Entrada dos coeficientes de decaimento para cada “reach”
56
Figura 24 – Aba Rates – Entrada dos coeficientes de decaimento padrão do modelo (que serão utilizados quando algum coeficiente da aba “Reach Rates” é deixada em
branco)
57
Figura 25 – Aba Difuse Sources – Onde se determina o trecho em que está entrando (ou saindo) determinada vazão com características de qualidade d’água especificadas
58
Figura 26 – Aba Point Sources– Onde se determina o ponto em que está entrando (ou saindo) determinada vazão com características de qualidade d’água especificadas
59
Figura 27 – Aba Hydraulics Data – Local em que dados hidráulicos observados (como vazão) são inseridos, para serem comparados posteriormente com os resultados do
modelo.
60
Figura 28 – Abas Vermelha: Gráficos de visualização dos resultados, em que são observados os dados calculados (linha verde) e os dados observados
(pontos pretos)
61
3 Referências Bibliográficas
Chin, D.A. Water-Quality Engineering in Natural Systems, John Wiley & Sons,
New York, 2006.
CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE (Brasil). Resoluções do CONAMA:
Resoluções vigentes publicadas entre setembro de 1984 e janeiro de 2012 /
Ministério do meio ambiente. Brasília MMA/2012
SEO, D. et al. Development of the CAP Water Quality Model and Its Application to the
Geum River, Korea. Environmental Engineering Research. P.121-129, 2011
63