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E-BOOK

RESPONSABILIDADE
SOCIOAMBIENTAL
Responsabilidade Socioambiental

APRESENTAÇÃO

Para entender a responsabilidade socioambiental, é preciso conhecer como a sociedade e suas


atividades diárias influenciam o meio ambiente, ou seja, no seu próprio meio. Nesta Unidade
Aprendizagem, você vai conhecer os principais conceitos da responsabilidade social, seu papel e
importância como conceito e prática norteadora de condutas mais sustentáveis. Você vai ver
ações que irão orientar e auxiliar na redução de impactos negativos.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Identificar o conceito de responsabilidade socioambiental e relacioná-lo com os pilares do


desenvolvimento sustentável e com as relações de consumo.
• Verificar o conceito de capital natural relacionando-o com recursos naturais e impactos
socioambientais.
• Analisar nossa atual conjuntura de saúde e meio ambiente, apontando medidas e
mecanismos para atingir condições de responsabilidade socioambiental.

DESAFIO

O Brasil apresenta em seu território, a maior parcela de Nióbio do mundo. Mesmo este mineral
existindo no solo de diversos países, cerca de 98% das reservas conhecidas no mundo estão em
nosso País. O país responde atualmente por mais de 90% do volume do metal comercializado no
planeta, seguido pelo Canadá e Austrália.

O nióbio é um elemento químico usado como liga na produção de aços especiais, e um dos
metais mais resistentes à corrosão e a temperaturas extremas.

Acompanhe na imgem a seguir o relato da expansão de uma cidade do interior de Minas Gerais.
Com base nos conhecimentos adquiridos nesta Unidade de Aprendizagem, responda:
1. Neste caso, pode-se dizer que houve o desenvolvimento sustentável da cidade?
2. O Nióbio (Nb) é considerado um exemplo de capital Natural?
3. Com o aumento repentino da cidade, houve maior quantidade de impactos ambientais
positivos ou negativos?
4. Em relação a empresa mineradora, apresente ao menos 2 exemplos de possíveis impactos
ambientais negativos no ambiente.
INFOGRÁFICO

Nesse infográfico, você vai conhecer os principais conceitos sobre a responsabilidade


socioambiental, seu papel e importância como conceito e práticas mais éticas e sustentáveis.

CONTEÚDO DO LIVRO

Ao longo dos últimos cem anos, a concentração de Gases de Efeito Estufa vem aumentando,
decorrente da maior atividade industrial, agrícola e de transporte, principalmente devido ao uso
de combustíveis fósseis.

Porém, pelo fato do Homo sapiens ser considerado a espécies mais inteligente da Terra, temos a
obrigação e o dever de proteger e garantir o bem estar deste planeta. Ou seja, temos uma
responsabilidade socioambiental muito grande.

Nesse capítulo, você vai conhecer os principais conceitos da responsabilidade socioambiental,


seu papel e importância como conceito e prática norteadora de condutas mais sustentáveis. Você
vai conhecer ainda as ações que irão orientar e auxiliar na redução de impactos negativos.

Para entender a responsabilidade socioambiental, é preciso conhecer como a sociedade e suas


atividades diárias influenciam o meio ambiente, ou seja, seu próprio meio.

Boa leitura.
RESPONSABILIDADE
SOCIOAMBIENTAL

Thais Miranda
M672r Miranda, Thais.
Responsabilidade socioambiental / Thais Miranda. – 2.
ed. – Porto Alegre : SAGAH, 2017.
xi, 215 p. : il. ; 22,5 cm.

ISBN 978-85-9502-032-0

1. Meio ambiente - Sociedade. 2. Desenvolvimento


sustentável I. Título.
CDU 502.131.1:658

Catalogação na publicação: Poliana Sanchez de Araujo – CRB 10/2094


Responsabilidade
Socioambiental
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

 Identificar o conceito de responsabilidade socioambiental e relacioná-


-lo com os pilares do desenvolvimento sustentável e relações de
consumo.
 Verificar o conceito de Capital Natural relacionando com recursos
naturais e impactos socioambientais.
 Analisar a nossa atual conjuntura de saúde e meio ambiente, apon-
tando medidas e mecanismos para atingir condições de responsa-
bilidade socioambiental.

Introdução
Neste texto, você vai conhecer os principais conceitos da responsabilidade
social, seu papel e sua importância como conceito e prática norteadora de
condutas mais sustentáveis. Iremos ver ações que irão orientar e auxiliar
na redução de impactos negativos. Para entender a responsabilidade
socioambiental, é preciso conhecer como a sociedade e suas atividades
diárias influenciam o meio ambiente, ou seja, no seu próprio meio.

Responsabilidade socioambiental e os pilares


do desenvolvimento sustentável
A responsabilidade socioambiental é um termo atual, que ficou muito eviden-
ciado no âmbito empresarial, como uma forma de conciliar produtividade,
qualidade, ética e bem estar social e ambiental. Voltando sua atenção para
120 Responsabilidade socioambiental

condições laborais mais salubres e justas, estendendo-se também para con-


dições mais dignas às famílias dos trabalhadores e comunidade de entorno.
É preciso considerar que problemas e adversidades locais/pontuais im-
pactam e refletem de alguma forma e em algum momento no bem estar de
todos. Para alguns autores pode representar um olhar, mecanicista e um tanto
tendencioso a interesses corporativos de produção, mas de qualquer forma, é
um ponto de partida, um movimento que se inicia de tempos onde “social e
ambiental” estavam sempre dissociados entre eles e em segundo plano – sempre
inferiores comparados à conjuntura produtiva e econômica.
Para melhor compreender o conceito socioambiental é importante conhecer
três aspectos conhecidos como, “pilares” da sustentabilidade.
Além disso, esses aspectos podem ser as engrenagens mais lógicas e mo-
trizes das interações humanas e da vida. De acordo com a imagem a seguir,
podemos visualizar os três aspectos:

Social

Ambiental Econômico

Figura 1. Homem, dinheiro e natureza.

Observando a imagem, você pode ver que esses aspectos (social, ambiental
e econômico) são mecanismos que não funcionam de forma independente, eles
são como um sistema de produção. As maquinas dependem de alguém que as
opere, esse suposto operador precisa de ferramentas e materiais para operar, e
dessa forma produzindo, então, um subproduto. A última etapa não existe sem
as anteriores, e as estas não precisariam existir se não houvesse a última etapa.
Responsabilidade Socioambiental 121

Os círculos azul e verde (social e econômico) são extremamente dependentes


entre si e do círculo vermelho (ambiental). É possível notar três fatores:

 a economia não precisaria existir se não houvesse pessoas ou se não


existissem produtos para trocar;
 a sociedade não existiria sem a economia (dinheiro, produtos e troca),
muito menos sem a natureza (água, ar e alimento), e;
 ironicamente, a única esfera que coexiste independentemente das outras
é a ambiental, pois esta não precisa de pessoas e nem de moeda para
se manter.

As relações de consumo e meio ambiente são claras, pois, a maioria dos


produtos exige matéria–prima na produção, na qual provém de recursos na-
turais (extraídos da natureza), portanto, quanto maior o consumo, maior são
os danos causados ao ambiente de onde os retiramos. O aumento do nosso
consumo causa não apenas impactos ambientais, mas também sociais, como
poluição da água, ar e contaminações do solo. Na Figura 2, você pode ver o
homem interagindo com o ambiente e causando impactos negativos.

Figura 2. Prática de extração das castanheiras.


Fonte: Século Diário (2014).

É importante discutir causas e efeitos da problemática socioambiental.


Pois estes estão vinculadas a distintas questões econômicas e geopolíticas,
por exemplo, de quesitos que são cruciais a sobrevivência de espécies.
Abraham Maslow foi um grande pesquisador que tentou entender a interação
do ser humano com suas necessidades. Com isso em mente, ele dividiu as
necessidades humanas em níveis hierárquicos, colocando como prioridade as
122 Responsabilidade socioambiental

necessidades de baixo nível, e assim que estas fossem realizadas seguiria até
chegar as de nível mais alto, visando à autorrealização. Esta hierarquia ficou
conhecida por pirâmide de Maslow. Você pode ver a pirâmide de Maslow e
suas hierarquias na Figura 3:

Teoria das necessidades


Pirâmide de Maslow

Autorrealização
Estima
Sociais
Segurança
Fisiológicas

Figura 3. Hierarquia das necessidades na pirâmide de Maslow.

A pirâmide define um conjunto de cinco necessidades:

 Necessidades fisiológicas (básicas), tais como: a fome, a sede, sono


abrigo, etc.
 Necessidades de segurança, tais como: sentir-se seguro em casa, ter
emprego estável, ter condições de cuidar da saúde (plano de saúde), etc.
 Necessidades sociais ou de amor, afeto, afeição e sentimentos, tais
como: pertencer a um grupo, fazer parte de um clube, etc.
 Necessidades de estima, as quais passam por dois caminhos: o reconhe-
cimento da capacidade pessoal e o reconhecimento dos outros mediante
a nossa capacidade de adequação às funções que desempenhamos.
 Necessidades de autorrealização, nas quais o indivíduo procura tornar-se
aquilo que ele pode ser.
Responsabilidade Socioambiental 123

Agora pare e reflita sobre a pirâmide de Maslow e sua relação com o


capitalismo e com o consumo. Você notará que o ser humano sempre almeja
mais em função do meio ao qual ele acessa. Quanto maior a satisfação de
suas necessidades “básicas” (fisiológicas, de segurança e sociais), maior é a
procura por novas necessidades, alimentadas pelo consumismo e pelo status.
Logicamente, diante do sistema econômico vigente (capitalismo), o consumo é
a base para a geração de renda, pois ele gera produção, a qual gera empregos.
Estes, por sua vez, geram renda e, consequentemente, aumentam o consumo.

Capital Natural
Você sabe o que é capital natural? A expressão “Capital Natural” é utilizada
para englobar todos os recursos naturais, como solo, água, ar, os serviços
ecossistêmicos associados a eles e tudo o que torna possível a existência hu-
mana. Muitas vezes, essas matérias-primas são vistas apenas como meios de
produção e nem sempre é dado o devido valor sobre a possibilidade de serem
fontes renováveis ou não. Esse uso rotineiro dos recursos naturais acaba sendo
feito de forma insustentável. Compreender a importância desses recursos nos
ajuda, também, a entender a base de nossa economia, ou seja, é no Capital
Natural que estão os elementos que garantem a existência de vida na terra.
A somatória de todos os benefícios que os ecossistemas equilibrados for-
necem ao homem representa a ideia central de Capital Natural. Tais benefícios
podem ser desde o uso de água potável, até conceitos ligados a valores culturais,
por exemplo. A compreensão da importância do Capital Natural foi um dos
pontos positivos resultantes da Rio +20. Veja na Figura 4, o infográfico com
as principais abordagens vinculadas ao meio ambiente:
124 Responsabilidade socioambiental

Desenvolvimento
Agenda 21
sustentável

Principais
abordagens
vinculadas ao
meio ambiente

Educação ambiental Capitalismo natural

Figura 4. Abordagens vinculadas ao meio ambiente.

As atividades humanas produzem impactos no meio ambiente. Muitas


vezes, achamos que esses impactos sempre são negativos e, realmente, estes
são os mais preocupantes. Os impactos estão diretamente relacionados com
o aumento crescente das áreas urbanas, multiplicação de veículos automoti-
vos, uso irresponsável dos recursos, consumo exagerado de bens materiais,
produção constante de lixo e o consumo de produtos e serviços. No entanto,
também produzimos impactos positivos, como a recuperação de uma área
degradada, a geração de emprego em um novo empreendimento, etc.
Relembrando que, segundo a resolução Conama Nº001 de janeiro de 1986,
o impacto ambiental é definido como

[...] qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas


do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia
resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam
a saúde, a segurança e o bem-estar da população; as atividades sociais e
econômicas; a biota; as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente;
e a qualidade dos recursos ambientais.

Você pode perceberá, portanto, que não apenas as grandes empresas afetam
o meio, nós, provocamos impactos ambientais diariamente. Na Figura 5, você
pode ver dois exemplos de impactos ambientais.
Responsabilidade Socioambiental 125

 Positivo: manejo do solo – reconstituição de área degradada.


 Negativo: descartes de resíduos

Figura 5. Aspectos positivos e negativos.

Muitas empresas têm uma grande parcela de culpa em relação aos impactos
negativos, por exemplo, emitem poluentes diretamente em corpos hídricos,
impactam na qualidade da água e na possibilidade de ganhos que acontecem
nas comunidades ribeirinhas.
As construções de hidroelétricas são outro exemplo de grande impacto ao
ambiente e as comunidades locais, pois propiciam alagamentos, que destroem
ambientes e fauna e reduzem as possibilidades econômicas locais.
Você pode analisar os impactos ambientais qualificando e quantificando
estas alterações, avaliando a qualidade ambiental com e sem determinada
ação ou empreendimento.
126 Responsabilidade socioambiental

Você também pode ajudar a diminuir o impacto ambiental negativo. Veja a seguir
algumas dicas:
 Economize água;
 Evite o consumo exagerado de energia;
 Separe os lixos orgânicos e recicláveis;
 Diminua o uso de automóveis;
 Consuma apenas o necessário e evite compras compulsivas;
 Utilize produtos ecológicos e biodegradáveis;
 Não jogue lixos nas ruas;
 Não jogue fora objetos e roupas que não usa mais. Opte por fazer doações.

Relações existentes entre saúde e


meio ambiente
É preciso ampliar as discussões entre saúde pública e ambiente. Somos seres
consideravelmente vulneráveis, logo “bem estar e saúde” são pautas delicadas
e que tem relações diversas com diferentes áreas, visto que, em países que
ainda estão em desenvolvimento, um dos grandes problemas da área da saúde
é relacionado às condições de saneamento – oferta de água, solo, alimentos
em quantidades e qualidades significativas e assistência médica, sempre foram
alguns dos obstáculos quando tratado desse assunto, assim como condições e
serviços disponíveis ao alcance de todos.
Saúde e meio ambiente são um conjunto de aspectos e condições físicas,
químicas e biológicas estreitamente ligadas à qualidade de vida. Tais aspectos
recebem influencia direta das condições e fatores de um meio ambiente em
condições saudáveis, com níveis aceitáveis em qualidade de ar, água e solo.
Você precisa entender que “meio ambiente” é todo espaço que cerca a sociedade,
ou seja, nossa casa, trabalho, ruas, campo e cidades onde vivemos.
Nesse sentido, surge à necessidade de olhar com maior preocupação para
a poluição sonora e visual, o trânsito e a falta de mobilidade urbana, além do
saneamento básico, as relações pessoais, a água, o ar, enfim, tudo o que possa
levar à degradação local e global do ambiente.
Responsabilidade Socioambiental 127

Nossa problemática em relação as interferências do homem no meio am-


biente é antiga. Na perseguição por avanços tecnológicos e das metrópoles,
o homem foi criando outros problemas mais perigosos, muitas intervenções
físico-químicas foram feitas e catástrofes como acidentes nucleares, incêndios,
vazamentos de gases, entre outros, que cada vez mais fazem parte do nosso
entorno e contato físico.
Muitos problemas na saúde das pessoas são causados pelo meio em que
vivem, assim, quanto mais urbanizado e industrializado o país se torna, mais
o meio ambiente sofre alterações e, consequentemente a população é afetada.
Os altos índices de gastroenterites ou doenças parasitárias em comunidades
onde há falta de saneamento básico indicam essa influência. Nas Figuras 6 e
7, você pode observar alguns problemas de impacto na:

Figura 6. Impactos na saúde.


Fonte: Parasitologia (2010).
128 Responsabilidade socioambiental

Figura 7. Problemas no saneamento.


Fonte: Obvious (2013).

Na Figura 8, você pode observar um infográfico que apresenta os fatores


mais importantes do meio ambiente e que interferem na saúde humana. Observe
que se trata de fatores físicos, químicos e sociais, ou seja, que pertencem ao
meio ambiente no seu sentido mais amplo.
Responsabilidade Socioambiental 129

Fatores determinantes e
condicionantes do meio
ambiente que interferem na
saúde humana

Água para
Ar
consumo humano

Contaminantes ambientais
Solo
e substâncias químicas

Acidentes com produtos


Desastres naturais
perigosos

Fatores físicos Ambiente de trabalho

Figura 8. Fatores que interferem na saúde humana.

O meio ambiente deve ser visto como um sistema complexo em que in-
teratuam tanto os componentes físicos e biológicos quanto os econômicos e
sociais. Estas interações podem interferir na saúde humana, principalmente
quando não existe uma consciência clara desta relação ou quando medidas
preventivas não são tomadas, apenas as corretivas.
130 Responsabilidade socioambiental

Uma das interações que podem interferir na saúde humana é o aumento do número
de indivíduos infectados pela dengue:
a) O individuo pode ainda não estar cientes que não se pode deixar água parada
em garrafas, pneus, etc. Se essa prática fosse inibida, a aparição dessa doença na
população poderia diminuir e até mesmo ser erradicada.
b) O estado maior e os representantes da população devem seguir implantando
programas preventivos, tais como campanhas de conscientização, recolhimento
de lixo e entulhos, limpeza de terrenos desocupados e outros, com objetivo de
evitar o surgimento desta doença em épocas de chuvas.

Problemas de saneamento. Dengue.

Em um cenário em que a população mundial e consequentemente a demanda


por alimentos é crescente, vários estudos têm demonstrado que em torno de
40% dos solos do mundo estão poluídos e degradados. Tudo isso é preocupante
se levarmos em consideração que a natureza leva em torno de 400 anos para
formar apenas uma camada de 1 cm de solo.
Você precisa saber por meio dos livros de história, várias civilizações
importantes tiveram seu declínio intimamente associado à falência de seus
sistemas agrícolas, principalmente devido ao esgotamento da saúde de seus
solos. O interesse mundial pelo tema qualidade/saúde do solo e água é cres-
cente e evidencia a preocupação da sociedade com esse recurso natural. A
determinação da qualidade do solo e água não é uma tarefa fácil devido a
multiplicidade de fatores químicos, físicos e biológicos que resultam no seu
“funcionamento” e suas variações, em função do tempo e espaço.
De alguma forma, todos os tipos de componentes que utilizamos e que
podem se tornar poluentes entram em contato de alguma forma com o ar,
Responsabilidade Socioambiental 131

terra e água; principalmente se dispomos ou descartamos de qualquer forma


no ambiente, como próximos de um leito aquático. Lâmpadas fluorescentes
e baterias, por exemplo, possuem diversos poluentes e metais pesados, que
com contato frequente com o corpo humano e em longo prazo ocasionam em
dores, tumores e diversos outros sintomas.

Em setembro de 1987, um dos mais graves casos de exposição à radiação do mundo


ocorreu em Goiânia (GO), por meio da contaminação pelo material radioativo Césio 137.
Na ocasião, dois catadores de lixo arrobaram um aparelho radiológico nos escombros
de um antigo hospital e encontraram um pó branco que emitia luminosidade azul.
Os catadores levaram o material radioativo a outros pontos da cidade, contaminando
pessoas, água, solo e ar. Pelo menos quatro morreram devido à exposição, e centenas
de outras desenvolveram doenças.

Medidas e mecanismos para alcançar condições


de Responsabilidade Socioambiental
Para uma mudança de paradigma é preciso envolver o setor econômico e pri-
vado para possibilitar avanços socioambientais. Portanto, a responsabilidade
socioambiental corporativa é um conjunto de Políticas e Práticas de condução do
negócio, que considera o diálogo entre a empresa e seu entorno (comunidades,
empresas, governo, movimento social, ONGs, etc.). Esta área de temática se
dedica a parcerias intersetoriais, na busca da melhoria da qualidade de vida das
populações no entorno desses grandes empreendimentos, por meio de:

a) Efetiva aplicação dos conceitos de Responsabilidade Social e Ambiental,


priorizando o diálogo entre corporações e comunidades de seu entorno;
b) Desenvolvimento de metodologias de pesquisa-ação que criem siste-
mas de monitoramento, baseados em indicadores socioeconômicos e
ambientais, capazes de mensurar a melhoria de qualidade de vida e o
impacto das atividades empresariais;
132 Responsabilidade socioambiental

c) Por meio da pesquisa-ação facilitar a reflexão das comunidades sobre


a realidade local e de seu entorno, internalizando os aprendizados em
planos de desenvolvimento local e/ou politicagens práticas empresarias;
d) Incorporação das temáticas de Gênero nas estratégias de desenvolvi-
mento comunitário e nas políticas e práticas empresariais (a gênese das
desigualdades e insustentabilidade);
e) Implementação de ações para evitar a perda da sociobiodiversidade e
para enfrentar as mudanças climáticas.

Destaca-se também o princípio da atuação responsável o “Responsible


Care”, este foi criado em 1984 no Canadá, pelas indústrias químicas, com o
apoio da Chemical Manufactures Association (CMA). No Brasil, é difundido
pela ABIQUIM desde 1992. A partir de 1998 a adesão dos sócios da ABIQUIM
a este modelo é obrigatória. O programa enfoca saúde, segurança e meio
ambiente, conhecidos internacionalmente pela sigla SHE (Safety, Health and
Environmental).
Atualmente é cada vez mais difundido nas empresas o princípio básico
da gestão sustentável da cadeia de suprimentos (supply chain management).
É assegurar maior visibilidade aos custos e outros eventos relacionados com
a produção para satisfação da demanda, com o objetivo de minimizar os
gastos do conjunto das operações produtivas e da logística entre as empresas
(FERNANDES; BERTON, 2005). O planejamento e controle da produção
não apenas cuidam da parte de maximizar lucros e atender as demandas de
materiais dos clientes internos, mas deve cuidar para evitar que a geração de
estoques represente um gasto ambiental desnecessário.
O The Natural Step, ainda é um passo relativamente complexo por parte
das empresas, e vem sendo proposto por uma organização independente
que apresenta uma metodologia para atingir sustentabilidade empresarial.
Considerando a concentração das substâncias extraídas da crosta terrestre,
concentração das substâncias produzidas pela sociedade, degradação do meio
físico e do meio biológico e necessidades humanas (BARBIERI, 2004).
Responsabilidade Socioambiental 133

A responsabilidade socioambiental (RSA) como estratégia organizacional vislumbra as


questões sociais e ambientais que dizem respeito às preocupações com os impactos
resultantes das operações organizacionais e seus efeitos. Isto ultrapassa fronteiras
nacionais atingindo o mercado global que sofre pressões em torno da conservação
ambiental. Neste contexto é crescente o número de organizações que procuram
conformidades e normalizações da RSA reconhecidas em escala global, sob pena de
perderem competitividade.
Tais conformidades e normatizações são assegurados aos órgãos fiscalizadores
e parceiros de trabalho como selos, rótulos e certificações de qualidade. Hoje são
inúmeras estas certificações e empresas que fazem este tipo de auditoria.

Para adquirir certificações, exemplo: Normas Brasileiras, é importante implementar


um sistema de gestão (ambiental ou qualidade); Estas incluem respeito, ética e com-
prometimento com a qualidade de vida – afirmando a sua política.
134 Responsabilidade socioambiental

Tecnologias sustentáveis, mais limpas e recursos renováveis


O termo tecnologia sustentável, tem uma ligação obrigatória com a palavra “respon-
sabilidade”, pois esta é uma das principais premissas desta tecnologia. Todas as ações
que são tomadas por nós, positivas ou negativas, possuem consequências que refletem
diretamente no ambiente em que vivemos. Estas podem ser também adaptações de
tecnologias já existentes, assim como as futuras tecnologias, dando-lhes cada vez mais
eficiência, de modo que os impactos ambientais sejam menores.
Pode-se dizer que a combinação perfeita para companhias e produções seria uma
união entre tecnologias sustentáveis e recursos renováveis. Veja a seguir as diferenças
entre recursos renováveis e não renováveis:
 Um recurso renovável é aquele que, normalmente, não se esgota facilmente
devido à rápida velocidade de renovação e capacidade de manutenção. Estes
recursos surgem da natureza e são matérias-primas essenciais para a fabricação de
produtos que atendem as necessidades das pessoas. A Energia Solar, por exemplo,
é um recurso natural renovável, assim como a biomassa e a energia geotérmica.
 Um recurso não renovável é um recurso natural que não pode ser regenerado
ou reutilizado a uma escala que possa sustentar o seu consumo. Esses recursos
existem muitas vezes em quantidades fixas, ou são consumidos mais rapidamente
do que a natureza pode produzi-los. Os combustíveis fósseis como o petróleo
são exemplos de recursos não renováveis, enquanto que recursos como madeira
(quando colhida de forma sustentável) ou metais (que podem ser reciclados) são
considerados recursos renováveis.
No entanto, estas definições não levam em consideração o aumento do consumo:
para que a madeira seja um recurso renovável, é necessário aumentar a sua produção
de acordo com as necessidades da sociedade; por outro lado, os metais existentes
na crosta terrestre são finitos, e a sua reciclagem pode diminuir as consequências do
aumento normal do consumo apenas em parte.
Responsabilidade Socioambiental 135

Produção mais limpa (P+L)


Visa conservação de matérias-primas, água e energia, eliminação de matérias-primas
tóxicas e redução, na fonte, da quantidade e toxicidade das emissões e dos resíduos
gerados; aos produtos, pela redução dos seus impactos negativos ao longo de seu ciclo
de vida, desde a extração de matérias-primas até a sua disposição final; aos serviços,
pela incorporação das questões ambientais em suas fases de planejamento e execução.
Neutralização de Carbono
São ações que buscam neutralizar a emissão de carbono gerada por suas atividades.
Esta postura visa diminuir o impacto de gases como o dióxido de carbono (CO2), que
são emitidos na natureza, gerando o efeito estufa e as mudanças climáticas que já são
um problema atual no Planeta. A elevação do nível dos oceanos, os incêndios mais
frequentes em áreas florestais e as alterações nas correntes marítimas são alguns dos
resultados já aparentes.
Ecodesign
Concepção para produtos e embalagens que sejam mais respeitosos e compatibilizados
com o meio ambiente, ou seja, que causem o menor impacto ambiental negativo
possível. O objetivo é a concepção de produtos que produzam impactos positivos e
reduzam impactos ambientais.
O Ecodesign também tem o papel de contribuir como coletivo educador, suprindo
a falta de informações e preparo do público em geral a respeito de procedimentos
ambientalmente mais corretos. Não somente procura minimizar os impactos dos
produtos na fase de sua elaboração, mas se preocupa também na sua utilização e
na gestão de seus resíduos, na medida em que prevê que o elemento antrópico
(ação humana), colabore para a redução dos impactos também nas fases sujeitas ao
comportamento humano.
136 Responsabilidade socioambiental

1. O homem ocasiona alterações no quando são detectados somente


meio ambiente em geral, seja nos por meio da avaliação de
componentes físicos, biológicos projeto de um determinado
ou sociais. Sua atividade provocam empreendimento, podendo
situações que afetaram a saúde ser negativo ou positivo.
humana. Analise os itens a seguir: 3. A educação ambiental nas
I. Acidentes nucleares organizações é muito importante.
II. Tsunamis Geralmente muitas empresas
III. Epidemias, como a peste negra elaboram projetos e programas
IV. Incêndios e vazamentos de educação ambiental somente
de gases em grandes formalmente e para cumprirem
indústrias V. Terremotos com uma obrigação social;. Nesse
Tendo em vista os itens acima, sentido, se a organização deve
assinale a alternativa que indica três cortar gastos, seguramente um dos
problemas de responsabilidade primeiros projetos a serem cortados
humana que afetam o meio são os ambientais. No entanto, um
ambiente e provocam problemas trabalho sério com projeto sólido
de saúde: e integrado, pode trazer resultados
a) I, II e III. positivos para a organização,
b) I, III e IV. basicamente por algumas razões
c) I, IV e V. básicas. Analise os itens a seguir:
d) II, III e IV. I. Obriga os empresários a
e) II, III e V. desenvolverem ações de EA.
2. O que podemos chamar de II. Conduz aos profissionais a
impactos ambientais? uma mudança de atitude
a) Conjunto de componentes perante o meio urbano.
físicos, químicos, biológicos III. Estimula investimentos
e sociais capazes de causar na área ambiental.
efeitos diretos ou indiretos IV. Desperta os funcionários para
no ambiente ou sociedade. a ação e busca de soluções
b) Extração de matéria-prima. de problemas ambientais.
c) Condições relacionadas V. Estabelece multas pelo
a mudanças climáticas descumprimento da
e efeito estufa. política ambiental.
d) Impactos sociais, principalmente VI. Automaticamente dá selo
em países em desenvolvimento. certificado de qualidade
e) Alteração ou efeito ambiental para a empresa
considerado significativo
Responsabilidade Socioambiental 137

Dos itens acima, quais poderiam c) A não utilização de


ser considerados razões recursos renováveis;
básicas para o trabalho de EA d) A falta de projetos de Educação
numa organização? Ambiental corporativo;
a) I, II e III. e) Ar, água, acidentes com produtos
b) II, III e IV perigosos e fatores físicos
c) III e IV. 5. Como opções de tecnologias
d) II, IV e V. sustentáveis podemos citar:
e) III, VI a) Eco design e motores
4. Aponte alguns fatores determinantes carburantes;
do meio ambiente que interferem b) Motores a reação e energia eólica;
na saúde humana. c) Combustíveis fosseis
a) Água para consumo, e energia solar;
substâncias químicas que d) Ecodesign e neutralização
contaminam o meio ambiente, de carbono;
turismo ecológico. e) Recursos renováveis e
b) Desastres naturais, água combustível a base de carvão.
para consumo humano, e
micro bactérias do solo;

BARBIERI, J. C. Gestão ambiental organizacional: conceitos, modelos e instrumentos. São


Paulo: Saraiva, 2004.
BRASIL. Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução CONAMA n.001, de 23 de
janeiro de 1986. Brasília, DF, 1986. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/port/
conama/res/res86/res0186.html>. Acesso em: 21 dez. 2016.
FERNANADES, B. H. R.; BERTON, l. H. Administração estratégica: da competência empre-
endedora à avaliação de desempenho. São Paulo: Saraiva, 2005.
OBVIOUS. 2003. Disponível em: <http://obviousmag.org/>. Acesso em: 21 dez. 2016.
PARASITOLOGIA. 2014. Disponível em: <http://anacliceat2010.blogspot.com.br/>.
Acesso em: 21 dez. 2016.
RIOS, T. de M. Educação e gestão socioambiental: a experiência do programa Catavida de
Novo Hamburgo – RS. 95 fls. 2015. Dissertação (Mestrado em Educação) - Universidade
do Vale do Rio dos Sinos, São Leopoldo, 2015.
RIOS, T. M. (Org.). Responsabilidade socioambiental. Porto Alegre: SAGAH, 2016.
SÉCULO DIÁRIO. 2014. Disponível em: <http://seculodiario.com.br/>. Acesso em: 21
dez. 2016.
Conteúdo:
DICA DO PROFESSOR

A Dica do professor para esta unidade sobre responsabilidade socioambiental é a aplicabilidade


da teoria do pensamento sistêmico para ajudar a refletir sobre problemáticas ambientais e
sociais.

Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!

EXERCÍCIOS

1) O homem ocasiona alterações no meio ambiente em geral, seja nos componentes


físicos, biológicos ou sociais. Sua atividade provoca situações que afetaram a saúde
humana. Analise os itens a seguir:
I. Acidentes nucleares
II. Tsunamis
III. Epidemias, como a peste negra
IV. Incêndios e vazamentos de gases em grandes indústrias
V. Terremotos

Tendo em vista os itens acima, assinale a alternativa que indica três problemas de
responsabilidade humana que afetam o meio ambiente e provocam problemas de
saúde:

A) I, II e III.

B) I, III e IV.

C) I, IV e V.

D) II, III e IV.


E) II, III e V.

2) O que podemos chamar de impactos ambientais?

A) Conjunto de componentes físicos, químicos, biológicos e sociais capazes de causar efeitos


diretos ou indiretos no ambiente ou na sociedade.

B) Extração de matéria-prima.

C) Condições relacionadas a mudanças climáticas e efeito estufa.

D) Impactos sociais, principalmente em países em desenvolvimento.

E) Alteração ou efeito ambiental considerado significativo quando são detectados somente


por meio da avaliação de projeto de um determinado empreendimento, podendo ser
negativo ou positivo.

3) A responsabilidade socioambiental procura aliar produtividade, qualidade, ética e


bem-estar social e ambiental, e assim está baseada em três pilares, os mesmos pilares
da sustentabilidade. Marque a alternativa que indica corretamente quais são esses
“pilares”.

A) Social, Econômico e Mundial.

B) Econômico, Ambiental e Jurídico.

C) Social, Ambiental e Econômico.

D) Ambiental, Jurídico e Mundial.


E) Econômico, Social e Político.

4) Capital Natural foi um importante conceito abordado durante a Rio+20. Acerca


desse assunto, marque a alternativa correta.

A) A expressão “Capital Natural” é utilizada para englobar todos os recursos naturais, como
solo, água, ar e os serviços humanos, essenciais à vida na Terra.

B) O termo está associado com o entendimento dos recursos naturais que garantem a
existência na Terra.

C) O termo “Capital Natural” é utilizado para englobar todos os aspectos e impactos


ambientais nas organizações.

D) O termo está associado com o entendimento dos danos ambiental causados ao meio
ambiente.

E) A expressão “Capital Natural” é utilizada para englobar todos os recursos naturais, exceto
solo e água.

5) Como opções de tecnologias sustentáveis podemos citar:

A) Eco design e motores carburantes.

B) Motores a reação e energia eólica.

C) Combustíveis fósseis e energia solar.

D) Ecodesign e neutralização de carbono.


E) Recursos renováveis e combustível à base de carvão.

NA PRÁTICA

As oficinas mecânicas autorizadas da Volkswagen que oferecem serviços, como troca de peças,
acessórios, serviços mecânicos e elétricos são consideradas (legislação e política ambiental
estadual e federal) empreendimentos de pequeno porte, portanto, não é compulsória a licença
ambiental, ou seja, a realização de estudo de impacto ambiental para começar a funcionar.

Essa prestação de serviço irá precisar apenas de alvará de funcionamento para comprovar que
está adequada às normas de segurança, mas, sem dúvidas, provoca alguns impactos (físico,
biológico e social).

Esses impactos são de baixa magnitude e podem ser positivos e negativos. Para reduzir esses
impactos e manter sua proposta de responsabilidade, essas autorizadas devem seguir passos
rigorosos como:

- Ao fim de vida útil, as peças e os filtros não podem ser simplesmente descartados, devem ser
reenviados ao produtor (logística reversa).
- Todos os resíduos devem ser separados para não comprometer resíduos que poderão ser
reutilizados.

- Em unidades como da cidade de Novo Hamburgo, resíduos de qualidade são destinados a


cooperativas que os vendem. Essas unidades possuem recirculação de água e filtros, para não
entregá-la contaminada ao ambiente e comunidade de entorno; além de recirculação, possuem
coifas e exaustores que reduzem a emissão de gases externamente e reduzem impactos da saúde
laboral.

SAIBA MAIS

Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do
professor:

Capital natural

Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!

Alcançando as metas de desenvolvimento através de um melhor uso sustentável dos


recursos naturais

Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!

Sustentabilidade - Saúde e meio ambiente

Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!

Consumo sustentável - Manual de Educação

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Saneamento Ambiental e sua
importância socioambiental

APRESENTAÇÃO

Nesta Unidade de Aprendizagem, serão estudados o saneamento ambiental e a sua importância


socioambiental. As ações de saneamento são de fundamental importância para o
desenvolvimento da saúde e da qualidade de vida da população, bem como para a proteção do
meio ambiente. Por este motivo, tal conhecimento torna-se fundamental para os futuros gestores
ambientais, assim como para o desenvolvimento mais sustentável dos centros urbanos.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Identificar o que é saneamento ambiental.


• Reconhecer a importância do saneamento básico para a população.
• Relacionar o desenvolvimento social com ações de saneamento ambiental.

DESAFIO

O saneamento ambiental compreende um processo fundamental para a manutenção da qualidade


de vida. Ao saber disso o prefeito solicita para você, gestor ambiental da prefeitura, o
detalhamento de todos os passos que serão necessários para que o município construa o seu
Plano Municipal de Saneamento.

- Capa
- Sumário
- Introdução(breve contextualização do seu município)
- Plano de mobilização social (descrever a metodologia)
- Diagnóstico técnico-participativo (descrever a metodologia)
INFOGRÁFICO

O infográfico a seguir contempla os objetivos e os principais problemas com respeito ao


saneamento ambiental.

CONTEÚDO DO LIVRO

O livro Saneamento Ambiental e sua Importância Socioambiental é a base teórica para esta
Unidade de Aprendizagem e proporciona melhor compreensão dos conteúdos apresentados aqui.
SANEAMENTO

Eliane Conterato
Saneamento ambiental
e sua importância
socioambiental
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

„ Identificar o que é saneamento ambiental.


„ Reconhecer a importância do saneamento básico para a população.
„ Relacionar o desenvolvimento social com as ações de saneamento
ambiental.

Introdução
Você já parou para pensar o quanto o saneamento interfere no desen-
volvimento social e ambiental da sociedade? O quanto a falta desse
serviço interfere na qualidade de vida da população? Conforme Ataide
e Borja (2017), pensar em justiça social é pensar no impacto socioam-
biental que representa o acesso a bens e serviços de um cidadão. A
falta de saneamento, que é um serviço básico que deve ser oferecido a
um cidadão, pode trazer diversos impactos como poluição dos recursos
hídricos, transmissão de doenças, aumento da mortalidade infantil, baixa
do rendimento escolar, entre outros.
As ações de saneamento são de fundamental importância para o de-
senvolvimento e bem-estar da sociedade, bem como para a proteção do
meio ambiente. Neste texto, você vai estudar o conceito de saneamento
ambiental e sua importância socioambiental.
2 Saneamento ambiental e sua importância socioambiental

Saneamento ambiental
Segundo Rosen (2006), o saneamento — considerado, em seu aspecto físico,
uma luta do homem em relação ao ambiente — existe desde o início da huma-
nidade, ora se desenvolvendo ora retrocedendo, de acordo com o surgimento,
evolução, queda e renascimento das civilizações.
Jordão e Pessoa (2014) enfatizam que o instinto e a necessidade levaram
o homem a se fixar próximo às fontes de energia, mas não de medir a ne-
cessidade de afastar ou condicionar os resíduos refugados por ele. Com isso,
historicamente, verifica-se a poluição das fontes de energia pelo homem até
se tornarem, nos piores casos, inadequadas à vida.

LIXO

AR

HOMEM
ÁGU

TO
EN
A

IM
AL

ESGOTO

Figura 1. Energia – Homem – Resíduos.


Fonte: Adaptada de Jordão e Pessoa (2014, p. 02).

Em resumo, desde que o ser humano passou a viver por longos períodos
em um mesmo espaço, passou também a conviver com a poluição causada
por seus rejeitos e as consequências disso para a saúde e o meio ambiente. A
Política Nacional do Meio Ambiente, estabelecida pela Lei Federal nº. 6.938,
de 31 de agosto de 1981, define poluição como a degradação da qualidade
ambiental resultante de atividades que, direta ou indiretamente:
Saneamento ambiental e sua importância socioambiental 3

a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população;


b) criem condições adversas às atividades sociais e econômicas;
c) afetem desfavoravelmente a biota;
d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente;
e) lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais
estabelecidos.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) define saúde como um estado


de completo bem-estar físico, social e mental, e não apenas a ausência de do-
enças. A organização define ainda o saneamento ambiental como o controle
de todos os fatores do meio físico do homem que exercem ou podem exercer
efeitos nocivos sobre a saúde.
O Ministério das Cidades define saneamento ambiental como o con-
junto de ações técnicas e socioeconômicas que, quando aplicadas, resultam
em maiores níveis de salubridade ambiental. Essas ações compreendem o
abastecimento de água em quantidade e em qualidade adequada; a coleta, o
tratamento e a disposição adequada dos resíduos sólidos, efluentes líquidos e
emissões atmosféricas; o manejo de águas pluviais; o controle ambiental de
vetores e reservatórios de doenças; a promoção sanitária e o controle ambiental
do uso e ocupação do solo; e a prevenção e controle do excesso de ruídos.
Para o desenvolvimento dessas ações, são necessárias diversas obras e
serviços:

„ O abastecimento de água compreende a escolha de um manancial


que tenha qualidade e volume suficiente, a construção de adutoras e
estações de tratamento de água e a construção de reservatórios e redes
que levem a água potável até as residências.
„ Para a coleta de esgoto, são necessárias construções de redes de coleta e
acessórios, interceptores, emissários e estações de tratamento de esgoto.
„ Para a destinação adequada de resíduos sólidos, é necessário um
sistema de coleta adequado e a construção e aterros sanitários.
„ Para a drenagem urbana, é necessária a construção de redes de coleta
pluviais e obras para amenizar o efeito de chuvas intensas e inundações.

Além dessas obras, também é necessária a gestão adequada de todos esses


serviços, seja pelo poder público, seja por concessionária. Como você pode
observar nessas definições, o saneamento ambiental compreende uma gama
de ações visando desde a conscientização da população até a elaboração e
execução de políticas públicas.
4 Saneamento ambiental e sua importância socioambiental

Saneamento e desenvolvimento
A existência de saneamento adequado é uma condição primordial para o
desenvolvimento de uma nação, sendo um fator essencial para o país ser cha-
mado de “desenvolvido”. A falta de saneamento afeta as áreas de preservação,
turismo, trabalho, saúde, educação e cidadania.
Segundo o Instituto Trata Brasil, em estudo realizado em 2015, as perdas de
água devido a condições insatisfatórias de funcionamento de redes e desvios
de água atingem 38,1% no Brasil, ou seja, de toda a água tratada para a distri-
buição, quase 40% se perdem antes de chegar ao consumidor (INSTITUTO
TRATA BRASIL, 2015). Essa perda demonstra um descaso com o meio am-
biente, uma vez que a água é retirada dos mananciais, tratada e desperdiçada
antes mesmo de ser utilizada. No setor de turismo, o instituto indica que, em
2015, deixaram de ser gerados R$ 5,8 bilhões de renda do trabalho por conta
da degradação ambiental de áreas por falta de saneamento básico.
Em relação ao trabalho, o investimento no setor de saneamento gera renda
que movimenta diversos setores, como construção civil e comércio. Em re-
lação à saúde, o investimento gera economia, já que diminui as internações
causadas, principalmente, por doenças de origem ou transmissão hídrica.
Segundo informações do Trata Brasil, a cada R$ 1 investido em saneamento
é gerada uma economia de R$ 4 em saúde. Existem estatísticas que mostram
também que doenças vinculadas com a falta de saneamento geram prejuízos por
afastamentos das atividades diárias de trabalhadores no mercado de trabalho.
Outro índice importante que cabe apresentar é a mortalidade infantil. O gráfico
da Figura 2 mostra uma relação entre a população com acesso ao esgotamento
sanitário e a taxa de mortalidade infantil (dados da UNICEF e OMS).
A educação é outra área afetada diretamente pela falta de saneamento.
Conforme o Instituto Trata Brasil (2017), moradores de áreas sem acesso
à rede de distribuição de água e de coleta de esgotos têm um aumento do
atraso escolar Uma menor escolaridade implica em perda de produtividade e
de remuneração das gerações futuras. Somente o custo desse atraso escolar
devido à falta de saneamento alcançou R$ 16,6 bilhões em 2015.
Saneamento ambiental e sua importância socioambiental 5

180

150
Taxa de mortalidade infantil * (%)

120

90

60

Brasil
30

0
0 20 40 60 80 100
População com acesso ao esgotamento sanitário (%)

Figura 2. Relação entre saneamento e mortalidade infantil (dados de 2015).


Fonte: Instituto Trata Brasil (2017).

Outro dado importante disponibilizado é a falta de saneamento básico


nas escolas: na zona rural, 14,7% das escolas de ensino fundamental não têm
esgoto sanitário e 11,3% não têm abastecimento de água. Na zona urbana,
esses percentuais são 0,3% e 0,2%, respectivamente. Esse dado é preocupante
considerando-se que a escola deveria ser exemplo para o aluno, o que, mais
uma vez, demostra a importância do saneamento.
Em relação à cidadania e à informação da população, os dados são preo-
cupantes no Brasil. Pesquisas mostram que parcela significativa da população
desconhece o que é saneamento e não sabe o destino do esgoto que produz; 75%
das pessoas entrevistadas disseram nunca ter cobrado do órgão responsável
uma providência em relação à falta de saneamento.
6 Saneamento ambiental e sua importância socioambiental

Pelo link e código a seguir, você pode acessar o site do


Instituto Trata Brasil e conhecer mais sobre as principais
áreas afetadas pela falta de saneamento e as estatísticas
sobre elas.

https://goo.gl/EpMq9k

Ações voltadas para o saneamento


Para falarmos de ações voltadas para o saneamento, é necessário primeiro
entendermos como são avaliadas as condições do município pelo gestor mu-
nicipal para verificar quais ações devem ser realizadas. Para uma correta
análise dessa situação, o gestor precisa ter indicadores reais. O estudo que
embasou a proposta do Plano Nacional de Saneamento Básico (PLANSAB),
cuja elaboração é prevista na Lei do Saneamento Básico (Lei nº. 11.445, de 5
de janeiro de 2007), considera, além da infraestrutura implantada, aspectos
socioeconômicos e culturais e a qualidade dos serviços prestados.
A população que conta com oferta de serviço coletivo nem sempre recebe
esse serviço em condições adequadas. Por exemplo, a oferta de água tratada
deve ser feita dentro dos padrões e de forma ininterrupta; contudo, existem
casos de cidades que passam por frequentes interrupções, seja por problemas
no sistema ou por racionamento. Nessa parcela da população, ainda existe
quem não utiliza o serviço público, mesmo o tendo disponível, como no caso
de faltas de ligações prediais na rede coletora de esgoto.
A parcela de população sem oferta de serviço, ou ainda que não usa o
serviço público disponível, em parte tem solução individual. Esse tipo de
solução conta, por exemplo, com coleta de água em poços (dentro dos padrões
de potabilidade) e descarte de esgoto após tratamento em sistema individual
adequado, como fossa e filtro.
A pior das situações é a que não utiliza situação sanitária alguma, ou seja,
que não tem garantia de qualidade da água que ingere, não possui descarte
adequado dos resíduos e, muitas vezes convive com a própria poluição.
Saneamento ambiental e sua importância socioambiental 7

Conhecer a parcela da população que se encontra em cada um dos casos


citados acima é o primeiro passo para propor ações visando a regulação dos
serviços de saneamento. A Lei nº. 11.445/2007 coloca o município como
competente por legislar sob o amparo da Constituição Federal. A lei define
quatro funções básicas para a gestão (BRASIL, 2007):

„ planejamento;
„ prestação de serviços;
„ regulação;
„ fiscalização.

A função planejamento é de responsabilidade do município. Ele que formu-


lará a política municipal de saneamento básico e elaborará o plano municipal
de saneamento básico, fundamental para contratar ou conceder os serviços.
As demais funções de regulação, fiscalização e prestação de serviços são de
responsabilidade do titular do serviço de saneamento, com o município atuando
de forma direta (concessão ou permissão) ou indireta (cooperação e contrato).
A Figura 3 mostra os principais princípios da Lei do Saneamento Básico,
que devem ser abordados na política municipal.

Universalização

Gestão pública Integralidade

Intersetorialidade Equidade

Titularidade Participação e
municipal controle social

Figura 3. Principais princípios da Lei do Saneamento Básico.


8 Saneamento ambiental e sua importância socioambiental

Perceba que a universalização pressupõe que toda a população tenha acesso


de forma igual aos serviços de saneamento. A integralidade requer interseto-
rialidade, ou seja, diferentes setores dentro do município atuando em conjunto.
A equidade possibilita igualdade e justiça, alcançadas com a prestação de
serviços. A participação e o controle social devem estar presentes em todo o
processo, a fim de democratizá-lo. A titularidade municipal estabelece que o
município tem autonomia e competência para organizar, regular, controlar e
promover a realização dos serviços dentro de seu território. A intersetorialidade
permite compatibilizar e racionalizar diversas ações, aumentando a eficácia.
Em relação à gestão pública, entende-se que os serviços de saneamento são
essenciais para a elevação da qualidade de vida e da salubridade ambiental,
por isso as ações e serviços de saúde pública são considerados de obrigação
do estado.

Veja o texto completo da Lei do Saneamento Básico, Lei nº.


11.445/2007, que estabelece as diretrizes nacionais para o
saneamento básico acessando o link ou o código a seguir.

https://goo.gl/Bt55F

O plano municipal, que é elaborado pelo município, deve englobar os 4


eixos descritos a seguir:

„ abastecimento de água;
„ esgotamento sanitário;
„ drenagem urbana;
„ limpeza urbana e manejo dos resíduos sólidos.

O planejamento deve ser integrado com todas as políticas e planos do


município, e deve ser feito para um período de 20 anos, considerando revisão a
cada 4 anos. O plano municipal deve assegurar a correta aplicação dos recursos
e usar indicadores de saneamento para a elaboração e o acompanhamento do
processo de implantação.
Saneamento ambiental e sua importância socioambiental 9

Um plano municipal de saneamento básico deve conter pelo menos o


diagnóstico da situação do município, os objetivos e metas, os programas, as
projeções e ações para o alcance dos objetivos e o mecanismo para avaliação
sistemática e eficácia das ações.

A situação do saneamento no Brasil ainda é preocupante, mas existem municípios


que vêm se destacando como exemplos positivos. Um deles é o município de Jundiaí,
no interior de São Paulo. Conforme indicadores do Instituto Trata Brasil, o município
vem mostrando, ano a ano, evolução nos índices de coleta e tratamento de esgotos.
Atualmente, a cidade é referência no tratamento de esgotos, com 100% do esgoto
coletado tratado e com abastecimento de mais de 97% da população com água
tratada. Veja a seguir os índices apresentados pela cidade no período de 2008 a 2015.

Indicador de Indicador de Indicador de esgoto


atendimento atendimento total tratado por água
total de água (%) de esgoto (%) consumida (%)

2008 95 91 95

2009 97 98 91

2010 100 100 88,94

2011 98,28 98,30 91,38

2012 98 97,71 97,71

2013 98,28 98,30 98,28

2014 97,80 97,80 91,94

2015 97,80 97,80 100

A boa classificação de Jundiaí é resultado de investimentos realizados ao longo dos


anos. É um exemplo de cidades de aderiram a um planejamento para o desenvolvi-
mento de saneamento e assim melhoraram o abastecimento de água, a coleta e o
tratamento dos esgotos e, principalmente, a qualidade de vida da população.
10 Saneamento ambiental e sua importância socioambiental

1. Sobre saneamento ambiental, limpeza urbana e o manejo


assinale a alternativa correta. adequado de resíduos sólidos.
a) É um conjunto de ações d) Uma das principais dificuldades
realizadas individualmente, para a construção de uma
apenas pelo poder público. política de saneamento
b) É um conjunto de ações ambiental sustentável é
realizadas de forma coletiva, pelo a baixa conscientização
poder público e por técnicos. ambiental da população.
c) É um conjunto de ações e) O despejo irregular de efluentes
realizadas de forma coletiva, pelo industriais provoca a poluição e
poder público, com participação a contaminação das águas e é
popular e de técnicos. considerado crime ambiental.
d) É um conjunto de ações 4. São exemplos de obras com
realizadas de forma coletiva, a finalidade de melhorar o
pelo poder público e com saneamento básico:
participação popular. a) sistema de gestão ambiental,
e) É um conjunto de ações realizadas sistema de abastecimento de
individualmente, apenas por água e sistema de esgoto.
técnicos especializados. b) recomposição da mata
2. Marque a alternativa INCORRETA ciliar e aterros sanitários.
quanto às causas da degradação c) sistema de esgoto, sanitários
ambiental das águas superficiais, públicos e lixão.
imprescindível para o adequado d) pavimentação pública e
saneamento básico. sanitários públicos.
a) O crescimento populacional e) sistema de esgoto, sanitários
e o aumento da pobreza. públicos e aterros sanitários.
b) O uso de fertilizantes 5. A eutrofização é um processo
na agricultura. acelerado pela poluição hídrica. A
c) Lançamento de esse respeito, qual das alternativas
efluentes industriais. a seguir é consequência desse
d) A retirada da mata ciliar. processo e contribui para a
e) Lançamento de resíduos sólidos. diminuição da qualidade da água
3. Marque a alternativa INCORRETA disponível para consumo?
quanto à destinação de resíduos: a) O despejo de efluentes industriais.
a) O lixão é a técnica adequada b) A proliferação de zooplâncton.
de disposição de resíduos c) A proliferação de algas
sólidos urbanos. unicelulares e cianobactérias.
b) A queima de resíduos a d) O despejo de efluentes
céu aberto é proibida. domésticos.
c) Uma das principais ações de e) O despejo de fertilizantes
saneamento ambiental é a oriundos da agricultura.
Saneamento ambiental e sua importância socioambiental 11

ATAIDE, G. V. de T. L.; BORJA, P. C. Justiça social e ambiental em saneamento básico:


um olhar sobre experiências de planejamento municipais. Ambiente & Sociedade, v.
20, n. 3, p. 61-78, set. 2017. Disponível em <http://www.scielo.br/pdf/asoc/v20n3/
pt_1809-4422-asoc-20-03-00061.pdf>. Acesso em: 21 maio 2018.
BRASIL. Lei nº 11.445, de 5 de janeiro de 2007. Estabelece diretrizes nacionais para o
saneamento básico. Lex: Legislação federal, Brasília, DF, p. 1-2, 5 jan. 2007.
JORDÃO, E. P.; PESSÔA, C. A. Tratamento de esgotos domésticos. 7. ed. Rio de Janeiro:
ABES, 2014.
INSTITUTO TRATA BRASIL. Casos de sucesso: Jundiaí é referência no tratamento de
esgotos. 2017. Disponível em: <http://www.tratabrasil.org.br/blog/2017/07/27/casos-
de-sucesso-jundiai/>. Acesso em: 10 jun. 2018.
INSTITUTO TRATA BRASIL; REINFRA CONSULTORIA. Ociosidade das redes de esgotamento
sanitário no Brasil. 2015. Disponível em: <http://www.tratabrasil.org.br/datafiles/estu-
dos/ociosidade/relatorio-completo.pdf>. Acesso em: 10 jun. 2018.
ROSEN, G. Uma história da saúde pública. 3. ed. São Paulo: Hucitec, 2006.

Leituras recomendadas
BORJA, P. C. Procedimentos metodológicos para elaboração de planos municipais
de saneamento básico. In: BRASIL. Ministério das Cidades. Peças técnicas relativas a
planos municipais de saneamento básico. Brasília, DF: Ministério das Cidades, 2011. p.
53-85. Disponível em:<http://www.cidades.gov.br/images/stories/ArquivosSNSA/
Arquivos_PDF/Pe%C3%A7as_Tecnicas_WEB.pdf>. Acesso em: 10 jun. 2018.
NUVOLARI, A. (Coord.). Esgoto sanitário: coleta, transporte, tratamento e reúso agrícola.
2. ed. São Paulo: Blucher, 2011.
PROJETO Acertar Manual de Melhores Práticas de Gestão da Informação sobre Sa-
neamento. Brasília, DF: Ministério das Cidades, 2017. Disponível em: <http://www.
snis.gov.br/downloads/arquivos/Manual-de-Melhores-Praticas-dos-Prestadores-de-
Servicos-Agua-e-Esgoto-MARCO2018.pdf>. Acesso em: 10 jun. 2018.
UNITED NATIONS CHILDREN’S FUND; WORLD HEALTH ORGANIZATION. 25 years: Pro-
gresso n Sanitation and Drinkig Water. Geneva, Suíça, 2015. Disponível em: <http://files.
unicef.org/publications/files/Progress_on_Sanitation_and_Drinking_Water_2015_
Update_.pdf>. Acesso em: 10 jun. 2018.
Conteúdo:
DICA DO PROFESSOR

O vídeo a seguir apresenta uma contextualização relacionada ao saneamento ambiental e a


sua importância socioambiental.

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EXERCÍCIOS

1) Sobre saneamento ambiental, assinale a alternativa correta.

A) É um conjunto de ações realizadas individualmente, apenas pelo poder público.

B) É um conjunto de ações realizadas de forma coletiva, pelo poder público e por técnicos.

C) É um conjunto de ações realizadas de forma coletiva, pelo poder público, com participação
popular e de técnicos.

D) É um conjunto de ações realizadas de forma coletiva, pelo poder público e com


participação popular.

E) É um conjunto de ações realizadas individualmente, apenas por técnicos especializados.

2) Marque a alternativa INCORRETA quanto às causas da degradação ambiental das


águas superficiais, imprescindível para o adequado saneamento básico.

A) O crescimento populacional e o aumento da pobreza.

B) O uso de fertilizantes na agricultura.


C) Lançamento de efluentes industriais.

D) A retirada da mata ciliar.

E) Lançamento de resíduos sólidos.

3) Marque a alternativa INCORRETA quanto à destinação de resíduos:

A) O lixão é a técnica adequada de disposição de resíduos sólidos urbanos.

B) A queima de resíduos a céu aberto é proibida.

C) Uma das principais ações de saneamento ambiental é a limpeza urbana e o manejo


adequado de resíduos sólidos.

D) Uma das principais dificuldades para construção de uma política de saneamento ambiental
sustentável é a baixa conscientização ambiental da população.

E) O despejo irregular de efluentes industriais provoca a poluição e a contaminação das águas


e é considerado crime ambiental.

4) São exemplos de obras com a finalidade de melhorar o saneamento básico:

A) sistema de gestão ambiental, sistema de abastecimento de água e sistema de esgoto.

B) recomposição da mata ciliar e aterros sanitários.

C) sistema de esgoto, sanitários públicos e lixão.


D) pavimentação pública e sanitários públicos.

E) sistema de esgoto, sanitários públicos e aterros sanitários.

5) A eutrofização é um processo acelerado pela poluição hídrica. A esse respeito, qual


das alternativas a seguir é consequência desse processo e contribui para a diminuição
da qualidade da água disponível para consumo?

A) O despejo de efluentes industriais.

B) A proliferação de zooplâncton.

C) A proliferação de algas unicelulares e cianobactérias.

D) O despejo de efluentes domésticos.

E) O despejo de fertilizantes oriundos da agricultura.

NA PRÁTICA

Locais sem saneamento básico transformam a população dos arredores em uma população
condenada à contaminação de todo e qualquer tipo. Observe o ciclo básico que ocorre nesses
lugares.
SAIBA MAIS

Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do
professor:

LEONETI, A. B.; PRADO, E. L.; OLIVEIRA, S. V. W.B. Saneamento Básico no Brasil:


Considerações sobre investimentos e sustentabilidade para o século XXI. Revista de
Administração Pública, Rio de Janeiro, 45(2): 331-348, 2011:

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Relações entre saneamento, saúde pública e meio ambiente: elementos para formulação de
um modelo de planejamento em saneamento:

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Diretrizes Nacionais de Saneamento
Básico – Parte I

APRESENTAÇÃO

Grande parcela da população brasileira e mundial não tem acesso à água potável e sofre com
problemas sanitários. Nesta Unidade de Aprendizagem, será possível conhecer a situação do
saneamento básico, a partir de dados de pesquisas contemporâneas. Serão abordados também os
benefícios e os problemas associados à presença e à ausência de saneamento básico.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Analisar dados genéricos sobre as condições de saneamento básico no Brasil e no mundo.


• Definir saneamento básico segundo a Lei Federal número 11.445/2007.
• Identificar benefícios e problemas associados à presença e à ausência de saneamento
básico, respectivamente.

DESAFIO

Atualmente, você é o gestor ambiental de uma indústria.

Com o intuito de atender às condicionantes da licença ambiental e de realizar uma ação de


responsabilidade socioambiental relevante, você está propondo ao seu diretor que seja
desenvolvido um programa educativo sobre a importância do saneamento básico na comunidade
do entorno do seu empreendimento.

Mencione razões relevantes para que essa iniciativa seja aprovada e implementada.

INFOGRÁFICO
O infográfico a seguir ilustra os principais pontos relacionados ao saneamento básico discutidos
nesta Unidade de Aprendizagem.

CONTEÚDO DO LIVRO

O texto "O abastecimento de água e o esgotamento sanitário: propostas para minimizar os


problemas no Brasil", do livro Meio ambiente e sustentabilidade, permite uma interessante
abordagem sobre aspectos relacionados ao saneamento básico.

Boa leitura!
M514 Meio ambiente e sustentabilidade [recurso eletrônico] /
Organizadores, André Henrique Rosa, Leonardo Fernandes
Fraceto, Viviane Moschini-Carlos. – Dados eletrônicos. –
Porto Alegre : Bookman, 2012.

Editado também como livro impresso em 2012.


ISBN 978-85-407-0197-7

1. Meio ambiente. 2. Sustentabilidade. I. Rosa, André


Henrique. II. Fraceto, Leonardo Fernandes. III. Moschini-
Carlos, Viviane.

CDU 502-022.316

Catalogação na publicação: Natascha Helena Franz Hoppen CRB10/2150


2
O abastecimento de água
e o esgotamento sanitário:
propostas para minimizar
os problemas no Brasil
MARCELO LUIZ MARTINS POMPÊO e VIVIANE MOSCHINI-CARLOS

Objetivos do capítulo

Grande parcela da população mundial não tem acesso à água potável e sofre com
problemas sanitários. Como consequência da falta de acesso à água potável e da
inadequação do esgotamento sanitário, um número alarmante de pessoas morre
ou vive em níveis inadmissíveis de qualidade de vida. Na cidade de São Paulo (Brasil),
esse fato não é diferente, cerca de 50% do esgoto gerado é lançado sem tratamen-
to. Este capítulo visa discutir a situação do saneamento básico no Brasil, em parti-
cular sobre a oferta de água potável e o esgotamento sanitário nas grandes metró-
poles, e contribuir com sugestões visando minimizar o problema.

INTRODUÇÃO importância, mesmo no século XXI, não


está acessível a todos.
O volume total de água na Terra é estimado É estimada em 20% a população mun-
em 1.386 Mkm3, sendo 2,5% ou cerca de dial atual que não tem acesso à água potá-
35,0 106 km3 constituídos de água doce e, vel, em 50% da população que sofre com
destes, apenas 0,3% representa a água doce problemas sanitários e, conforme relatório
contida nos rios e lagos (Shiklomanov, 1998 da ONU, 2,5 bilhões de pessoas do mundo
citado em Rebouças, 1999). Além do restrito vivem em regiões completamente desprovi-
volume de água doce disponível, sua distri- das de saneamento básico (Suguio, 2006).
buição é desigual do ponto de vista espacial Segundo esse autor, 8% da população urba-
e temporal (Rebouças, 1999). na e 22% da população rural no Brasil não
A água é fundamental para a manu- dispõem de água tratada para seu consumo.
tenção da vida, e, desde os primórdios, o Já a FIESP (2008) apresenta que 110 mi-
homem a utiliza como recurso para múlti- lhões de brasileiros não têm esgoto tratado,
plas finalidades. No entanto, apesar de sua 70 milhões não têm esgoto coletado e 22
48 Rosa, Fraceto e Moschini-Carlos (Orgs.)

milhões de habitantes não têm água trata- da água tratada em níveis impraticáveis
da. Suguio (2006) complementa que a ca- pela maioria da população.
rência de saneamento atinge 22% da popu- O saneamento básico constitui-se de
lação urbana e 50% dos moradores rurais um conjunto de ações que visam propor-
na América Latina, onde 117 milhões de cionar níveis crescentes de salubridade am-
pessoas não têm acesso aos serviços essen- biental em determinado espaço geográfico,
ciais de saneamento. No mundo, mais de em beneficio da população que habita esse
125 milhões de crianças de menos de 5 espaço. Essas ações, se adequadamente im-
anos vivem em casas sem acesso a uma plantadas, produzem efeitos positivos sobre
fonte de água potável, e mais de 280 mi- o bem-estar e a saúde das populações bene-
lhões vivem sem acesso a facilidades de es- ficiadas. Em consequência dos benefícios
gotamento sanitário (UNICEF, 2006). Já que proporciona, o saneamento básico ade-
na América Latina e Caribe, em 2004, cerca quado é considerado parte constituinte do
de 50 milhões e 127 milhões de pessoas, modo moderno de viver e um dos direitos
respectivamente, não tinham acesso à água fundamentais dos cidadãos das sociedades
potável e cobertura de saneamento. Em contemporâneas (Brasil, 2004). O bem-es-
2002, 83% da população mundial, aproxi- tar das populações – apreendido pelos indi-
madamente 5,2 bilhões de pessoas, foi aten- cadores sociais e de saúde – nos diversos pa-
dida com água potável, no entanto, 1,1 bi- íses, bem como no território brasileiro, é
lhão de pessoas não tinha fontes saudáveis mais bem retratado pela abrangência dos
de água potável, sendo que destes quase serviços de água e de esgotamento sanitário,
dois terços viviam na Ásia (WHO/UNICEF, do que propriamente pelo potencial hídrico
2004). Como consequência da falta de aces- ou pela disponibilidade de água per capita
so à água potável e da inexistência de qual- (Libânio et al., 2005).
quer forma de esgotamento sanitário, mor- São efeitos positivos do saneamento
rem por volta de 8 milhões de pessoas por básico (Esgoto é vida – Dossiê do sanea-
ano no mundo (Camdessus et al., 2005). mento, 2006): melhoria da saúde da popu-
Países como Bahamas, Malta e Singa- lação e redução dos recursos aplicados no
pura têm restrita oferta de água, com um tratamento de doenças; diminuição dos
volume potencial de menos de 500 m3/ha- custos de tratamento da água para abaste-
bitante/ano. Já os EUA (Baixo e Alto Colo- cimento; melhoria do potencial produtivo
rado), Azerbaijão e Suriname, são muito das pessoas; dinamização da economia e
ricos, com mais de 100.000 m3/habitante/ geração de empregos; eliminação da po-
ano. A oferta de menos de 500 m3/habitan- luição estético-visual e desenvolvimento do
te/ano implica escassez de água (Falkenma- turismo; eliminação de barreiras não tari-
rk, 1986 citado em Rebouças, 1999). Além fárias para os produtos exportáveis das em-
da pouca oferta de água, segundo Rebouças presas locais; conservação ambiental; me-
(1999), muitos países têm excessiva depen- lhoria da imagem institucional; reconhe-
dência da água gerada fora de seus territó- cimento dos eleitores. Além disso, o
rios. Há também que se preocupar com a investimento em esgoto sanitário tem um
má qualidade da água. Embora muitas regi- forte impacto positivo sobre a economia
ões tenham água em quantidade suficiente dos municípios com valorização dos imó-
para o abastecimento, esta não é de boa veis residenciais e comerciais; viabilização
qualidade para os usos desejados. Além a instalação de novos negócios nos bairros
disso, há necessidade de se investir em siste- beneficiados e o crescimento dos já insta-
mas de tratamento de água cada vez mais lados; crescimento da atividade de cons-
sofisticados induzindo a cobrança pelo uso trução civil para atender o aumento da
Meio ambiente e sustentabilidade 49

procura por imóveis residenciais e comer- de água em quantidade e qualidade, neces-


ciais; criação de novos empregos a partir sária aos diversos usos propostos pelo
da dinamização da construção civil, da homem, há muito tempo é um dos grandes
abertura de novos negócios ou do cresci- desafios dos administradores públicos. O
mento daqueles já existentes; aumento da acesso restrito não só constitui entrave ao
arrecadação municipal de tributos. crescimento econômico, como gera desi-
Há tempos não é mais possível utilizar gualdades e se torna barreira ao rápido pro-
a água seguindo o modelo histórico, bas- gresso (PNUD, 2006). Da mesma forma, a
tando recorrer a novo manancial quando se não coleta e tratamento sistemático dos es-
quer mais água, seja pelo atual uso excessivo gotos gerados e o seu contínuo e indiscri-
da água ou por redução da qualidade de- minado lançamento nos corpos de água
corrente do uso dos mananciais como di- também constituem entrave ao desenvolvi-
luidores de esgotos, principalmente próxi- mento e à melhoria da saúde da população,
mo aos grandes centros urbanos. O uso da comprometendo ações futuras.
água deve estar inserido no conceito de sus- Há que se levar em consideração, que o
tentabilidade (a manutenção de um ecossis- planejamento e o investimento em abasteci-
tema saudável, produtivo, com sua biodi- mento de água e esgotamento sanitário, devi-
versidade e processos ecológicos intactos, do à abrangência de tais propostas, por si só é
que gere emprego e renda compatíveis ao tarefa árdua. No presente momento, iniciati-
ecossistema explorado, garantindo a vida vas em saneamento básico se tornam parti-
com qualidade para as gerações presentes e cularmente desafiadoras para algumas regi-
futuras, sempre). ões, por exemplo, como nas regiões costeiras
Portanto, esses fatos sugerem que o da Baixada Santista (Estado de São Paulo) e
planejamento e a implantação de sistemas na costa catarinense (Estado de Santa Catari-
de uso de água e o esgotamento sanitário na), ambos no Brasil, com os grandes afluxos
envolvem uma complexidade de interesses e de turistas que ocorrem em feriados prolon-
atores e que infelizmente não atingiu a uni- gados, em festas de final de ano e no Carna-
versalidade desejada. val, trazendo transtorno de toda sorte tanto
Este capítulo visa discutir a situação para a população local quanto aos próprios
do saneamento ambiental no Brasil, em turistas, em particular incluindo restrições
particular sobre a oferta de água potável e o ao acesso à água e ampliando a geração de es-
esgotamento sanitário na Região Metropo- goto e os problemas decorrentes do seu lan-
litana de São Paulo (RMSP), e contribuir çamento sem tratamento.
com sugestões visando minimizar os im-
pactos negativos sobre o meio e a saúde hu-
mana. Saúde pública
Há duas posturas, em alguns casos antagô-
Os sistemas de nicas, sobre as verdadeiras causas associa-
abastecimento de água das à mortalidade em geral e à infantil, em
e de esgotamento sanitário particular: os “modelos sociais” e os “mode-
los médicos” (Simões, 2002). Os modelos
A implantação de sistema de abastecimento sociais enfatizam o poder das variáveis so-
de água e do sistema de esgotamento sanitá- ciais na determinação da sobrevivência in-
rio, em municípios e localidades urbanas e fantil e a importância das mudanças estru-
rurais, constitui-se em importantes ações turais na superação dos elevados índices de
de saneamento ambiental. O fornecimento mortalidade, tais como o status ocupacio-
50 Rosa, Fraceto e Moschini-Carlos (Orgs.)

nal e o nível educacional da mãe, a desigual- Além do meio aquático veicular eleva-
dade na distribuição social e regional dos do número de enfermidades, a quantidade
recursos, entre outros. Já os modelos médi- insuficiente de água gera hábitos higiênicos
cos enfatizam o caráter fisiológico da doen- insatisfatórios e doenças relacionadas à ina-
ça e seu potencial de interrupção por inter- dequada higiene dos utensílios de cozinha,
médio de intervenções clínicas, tais como do corpo e do ambiente domiciliar. Outro
maior abrangência dos exames pré-natal. mecanismo compreende a situação da água
Também no contexto médico, a contamina- no ambiente físico, proporcionando condi-
ção do ambiente é uma das variáveis inter- ções propícias à vida e à reprodução de ve-
mediárias da mortalidade na infância. A tores ou reservatórios de doenças, como
água contaminada seria a porta de entrada exemplo a água é hábitat de larvas de mos-
de agentes infecciosos no organismo afe- quitos vetores de doenças, como o mosquito
tando a qualidade de vida. Simões (2002) Aedes aegypti transmissor da dengue (Brasil,
enfatiza ainda, que a não disponibilidade de 2006b).
água e de esgoto adequado está associada a Oferecer água em quantidade e quali-
menores valores de esperança de vida ao dade adequadas é condição sine qua non
nascer, independentemente de renda fami- tanto para garantir melhores condições de
liar. Segundo dados da Fundação Nacional vida como para garantir a própria manu-
de Saúde, para o período compreendido tenção da vida. Assim, visando contribuir
entre os anos de 1995 a 1999, 3,4 milhões de para a melhoria das condições de vida e da
brasileiros foram internados em hospitais saúde da população, deveriam ser empre-
por doenças transmitidas pela água (Costa endidos esforços tanto para melhorar os
e Silva, 2007). Para Magnoni (2007), a falta indicadores sociais, bem como para am-
de saneamento básico é a principal causa da pliar os serviços de saúde ofertados à po-
mortalidade na infância por doenças para- pulação.
sitárias (dengue, malária, cólera, febre ama-
rela, teníase, cisticercose, esquistossomose,
diarreia, etc.), e doenças infecciosas (hepa- O saneamento no Brasil
tite A, amebíase, leptospirose, etc.), males
que proliferam em áreas sem coleta e trata- Segundo a Pesquisa Nacional de Saneamen-
mento de esgoto, o que também é sugerido to Básico 2000 (IBGE, 2000), quase todos
por Teixeira e Guilhermino (2006). Para os municípios brasileiros têm rede de abas-
Ghosh (2004), a falta de acesso à água e ao tecimento de água. Em 2000, o serviço de
esgotamento sanitário são algumas das abastecimento alcançou uma proporção de
principais causas do ciclo da pobreza. Os 97,9% dos municípios do país, enquanto
pobres não são contemplados por serem em 1989 abrangia 95,9%. A pesquisa reve-
pobres e, por não terem acesso, continuam lou que 116 municípios brasileiros, ou 2%
sendo pobres, refletindo a péssima qualida- do total, não têm abastecimento de água
de de vida, com mais enfermidades, menos por rede geral; a maior parte deles situada
educação para seus filhos e vivendo em nas regiões Norte e Nordeste. No que se re-
condições anti-higiênicas e ambientalmen- fere aos domicílios brasileiros, a cobertura é
te degradantes. Segundo a UNESCO (2003), mais restrita, de 63,9%, e se caracteriza por
o simples ato de lavar as mãos melhoraria a um desequilíbrio regional. Na região Sudes-
saúde e aumentaria a taxa de sobrevivência te, a proporção de domicílios atendidos é de
de crianças, reduzindo a mortalidade rela- 70,5%, nas regiões Norte e Nordeste, o ser-
cionada à diarreia, pneumonia e outras viço alcança 44,3% e 52,9% dos domicílios,
doenças contagiosas. respectivamente. A abrangência do abaste-
Meio ambiente e sustentabilidade 51

cimento de água também varia de acordo (www.sabesp.com.br, acessado em fevereiro


com o tamanho populacional dos municí- de 2009).
pios: quanto mais populosos forem, maio- IBGE (2000) considerou que o muni-
res as proporções de domicílios abastecidos. cípio tivesse rede geral de distribuição de
Os menores municípios apresentam maior água quando este atendesse pelo menos um
deficiência nos serviços e apenas 46% dos distrito, ou parte dele, independentemente
domicílios situados em municípios com até da extensão de rede, número de ligações ou
20.000 habitantes contam com abasteci- de economias abastecidas. Relativo à rede
mento de água por rede geral. coletora, considerou que tivesse rede cole-
O esgotamento sanitário é o serviço tora quando atendesse pelo menos um dis-
de saneamento básico com menor cobertu- trito, ou parte dele, independentemente da
ra no Brasil (IBGE, 2000). Em 2000, dos extensão da rede, número de ligações ou de
5.507 municípios, 52,2% tinham esgota- economias esgotadas.
mento sanitário, portanto, 2.630 (47,8%) É relevante constatar que, além das es-
municípios não eram atendidos por rede tatísticas relacionadas ao abastecimento de
coletora, utilizando soluções alternativas água e à coleta e tratamento dos esgotos
(fossas sépticas e sumidouros, fossas secas, apresentadas pelo IGBE (2000) IBGE (2004),
valas abertas e lançamentos em cursos de um total de 5560 municípios brasileiros,
d’água). Em relação aos domicílios, a situa- existiam 1.791 municípios sem órgão de
ção é mais crítica, apenas 33,5% são atendi- meio ambiente na estrutura da prefeitura
dos por rede geral de esgoto, chegando ao em 2002 e 1.607 municípios em 2004. Isso
nível mais baixo na região Norte (2,4%), se- implica que, apesar do avanço, em 2004
guidos da região nordeste (14,7%), Centro- ainda havia muitos municípios sem estru-
-Oeste (28,1%), Sul (22,5%) e Sudeste tura formal em gestão ambiental, aí consi-
(53,0%). Nos municípios, a desigualdade derados os que têm secretaria municipal –
dos serviços prestados se repete: quanto exclusivamente tratando da gestão ambien-
maior a população do município, maior a tal ou dela cuidando de forma conjugada à
proporção de domicílios com serviço de es- outra área da administração do município
goto. O Norte é a região com a maior pro- – e os que possuem algum órgão de meio
porção de municípios sem coleta (92,9%), ambiente na estrutura da prefeitura, ainda
seguido do Centro-Oeste (82,1%), do Sul que subordinado à secretaria de outra área.
(61,1%), do Nordeste (57,1%) e do Sudeste Essa falta de preocupação local de ter na
(7,1%). Nesses casos, os principais recepto- prefeitura setor responsável pelo meio am-
res do esgoto in natura não tratado são os biente, em parte reflete a carência de sanea-
rios e mares. No Brasil, dos 52,2% municí- mento básico no Brasil.
pios que têm esgotamento sanitário, 32,0% Também são preocupantes algumas
têm serviço de coleta e 20,2% coletam e tra- constatações de Rezende e colaboradores
tam o esgoto. Em volume, no país, diaria- (2007). Segundo esses pesquisadores, no
mente, 14,5 milhões m3 de esgoto são coleta- Brasil, chefes de domicílios do sexo mascu-
dos, sendo que 5,1 milhões m3 são tratados. lino, com idades superiores a 35 anos, de
O Sudeste é a região que tem a maior pro- cor branca ou amarela, casados e com alta
porção de municípios com esgoto coletado e escolaridade, levam vantagem na cobertura
tratado (33,1%), seguida do Sul (21,7%), de rede de abastecimento de água e de esgo-
Nordeste (13,3%), Centro-Oeste (12,3%) e tamento sanitário; essa vantagem é ainda
Norte (3,6%). Cerca de 1 milhão de m3 de maior se o domicílio possuir renda agrega-
esgoto são tratados diariamente na Região da superior a cinco salários mínimos (para
Metropolitana de São Paulo (RMSP) (Brasil) o ano de 2007, o salário mínimo foi de R$
52 Rosa, Fraceto e Moschini-Carlos (Orgs.)

380,00 – http://www.portalbrasil.net/sala- água servida. Em contrapartida, as cinco es-


riominimo.htm, acessado em fevereiro de tações de tratamento de esgoto (fase líquida
2009) e for habitado por até três moradores. e sólida) (ETE) da RMSP, apresentam 18
No que diz respeito à cor, negros e pardos m3/s de vazão média de projeto como capa-
estão mais sujeitos à exclusão sanitária, por- cidade máxima de tratamento de esgotos,
que são, em média, mais pobres e menos es- mas atualmente operando no tratamento
colarizados do que brancos e amarelos. de 11 m3/s de esgoto (Quadro 2.2). Portan-
Os sistemas de abastecimento de água to, pode-se concluir que são lançados indis-
de todo o conjunto de prestadores de servi- criminadamente nos corpos de água da
ços participantes do Sistema Nacional de RMSP por volta de 26,46 m3/s de águas ser-
Informações sobre Saneamento – SNIS, do vidas. Ou seja, são descartados na forma de
Ministério das Cidades (Brasil), que inclui esgoto não tratado quase 71% da água po-
4.516 municípios, para o ano de 2006 apre- tável que chega às residências da RMSP.
senta como 34,1 milhões de ligações ativas, Considerando que 18,7 milhões de habitan-
representando 443,1 mil quilômetros de tes são contemplados com água tratada e
rede e um volume de 13,9 bilhões de m3 de que a população equivalente à quantidade
água tratada (Brasil, 2006a). Com base na de esgoto tratado seja de 8,44 milhões de
Pesquisa Nacional por Amostra de Domicí- habitantes (Quadros 2.1 e 2.2), em popula-
lios de 2006 (http://www.ipea.gov.br/sites/ ção equivalente, o esgoto lançado sem tra-
000/2/pdf_release/19SaneamentoeHabitacao. tamento representa 10 milhões de habitan-
pdf, acessado em 12 de fevereiro de 2009), tes, ou aproximadamente 53% dos habitan-
apesar do avanço ao acesso a serviços de sa- tes da RMSP. Esses fatos demonstram que o
neamento entre os anos de 2001 e 2006, sistema de tratamento de esgoto da RMSP,
34,5 milhões de pessoas nas áreas urbanas trabalhando com a vazão máxima de proje-
do Brasil estão desprovidas da coleta de es- to, ao menos deve ser duplicado, unicamen-
goto. te permitindo atender a atual demanda.
Particularmente para a RMSP, a uni-
versalidade do serviço de coleta e tratamen-
O saneamento na Região to de esgoto, em médio prazo, melhorará a
Metropolitana de São Paulo qualidade das águas dos rios. Esse fato tam-
bém permitirá seguir com o empreendi-
Com base nas informações disponibilizadas mento idealizado pelo Engenheiro Asa
pela SABESP – Companhia de Saneamento Billings, a transposição das águas do rio Pi-
Básico do Estado de São Paulo (www.sa- nheiros para a represa Billings, através da
besp.com.br, acessada em fevereiro de estação de recalque de Pedreira, passando
2009), pode-se verificar que na RMSP há suas águas posteriormente pelo Summit
oito estações de tratamento de água (ETA) Control e seguindo para a represa Rio das
(Quadro 2.1). Essas ETAs em conjunto Pedras. Dessa represa, construída no topo
ofertam 67,8 m3/s de água potável para um da escarpa da Serra do Mar, a água segue em
total de 18,7 milhões de habitantes. Consi- desnível de cerca de 750m até a Usina Henry
derando que cerca de 30% dessa água potá- Boarden, em Cubatão. Na atualidade, essa
vel é perdida no trajeto até as residências usina hidrelétrica gera no horário de pico
(ISA, 2007), culmina em 47,46 m3/s de água no máximo 150 MW, quando poderia inte-
potável efetivamente ofertada. Consideran- grar a rede elétrica nacional produzindo
do ainda que, nos diversos usos residen- continuamente na potência máxima de 880
ciais, cerca de 10m3/s de água saem do siste- MW. Como benefício excepcional e com-
ma, restam 37,46 m3/s descartados como plementar da melhoria da qualidade da
Meio ambiente e sustentabilidade 53

água, a ampliação na oferta de energia elé- O ambiente aquático –


trica de uma instalação subutilizada gerará autodepuração e eutrofização
recurso financeiro que abaterá parte do in-
vestimento da ampliação da rede coletora e O emprego das massas de água como dilui-
das novas e necessárias estações de trata- doras de águas residuárias doméstica e in-
mento de esgoto e de descarte de lodo. dustrial, isto é, o deliberado descarte de es-

QUADRO 2.1
Estação de tratamento de água (ETA) para abastecimento integrado na Região
Metropolitana de São Paulo (RMSP), produção de água tratada e população atendida

POPULAÇÃO
PRODUÇÃO ATENDIDA LOCAIS
ETA (M3/S) (MILHÕES) ATENDIDOS

Alto Cotia 1 0,40 Cotia, Embu, Itapecerica da Serra,


Embu-Guaçu e Vargem Grande

Baixo Cotia 0,9 0,46 zona Oeste da RMSP (Barueri, Jandira


e Itapevi)

Alto Tietê 10 3,10 zona leste da capital e Arujá,


Itaquaquecetuba, Poá, Ferraz de Vasconcelos
e Suzano. Mauá, Santo André (parte), Mogi
das Cruzes e Guarulhos (bairro dos
Pimentas e Bonsucesso) abastecem suas
regiões e compram água do Sistema
Alto Tietê

Cantareira 33 8,10 zonas Norte, Central e parte das zonas


Leste e Oeste da capital e os municípios de
Franco da Rocha, Francisco Morato,
Caieiras, Guarulhos (parte), Osasco,
Carapicuíba, e parte de Barueri, Taboão da
Serra, Santo André e São Caetano do Sul

Guarapiranga 14 3,80 zona sul e sudoeste da Capital

Ribeirão da Estiva 0,1 0,04 Rio Grande da Serra

Rio Claro 4 1,20 Sapopemba (parte), na Capital e parte de


Ribeirão Pires, Mauá e Santo André

Rio Grande 4,8 1,60 Diadema, São Bernardo do Campo e


parte de Santo André

Total 67,8 18,7(**)

* No site da Sabesp, há também outros números, de 65 mil litros de água por segundo e
** 18,6 milhões de habitantes atendidos.
Fonte: www.sabesp.com.br, acessado em fevereiro de 2009.
54 Rosa, Fraceto e Moschini-Carlos (Orgs.)

QUADRO 2.2
Estações de tratamento de esgoto (fase líquida e sólida) (ETE) da
Região Metropolitana de São Paulo, vazão média de projeto (VMP),
vazão atual (VA), população equivalente e corpo de água receptor.

POPULAÇÃO CORPO
VMP VA EQUIVALENTE DE ÁGUA
ETE (m3/s) (m3/s) (MILHÕES) RECEPTOR

ABC 3 1,3 1,4 Córrego dos Meninos

Barueri 9,5 7 4,4 Rio Tietê

Parque Novo Mundo 2,5 1,2 1,2 Rio Tietê

São Miguel 1,5 0,5 0,72 Rio Tietê

Suzano 1,5 1,0 0,72 Rio Tietê

Total 18 11 8,44

Fonte: www.sabesp.com.br, acessado em fevereiro de 2009.

goto bruto nos rios, é procedimento clássi- ponto de lançamento do esgoto, há drástica
co e amplamente utilizado em diversas redução do teor de oxigênio dissolvido. O
partes do mundo. De fato, o ambiente aquá- decréscimo da concentração de oxigênio
tico demonstra ter condições de receber e dissolvido tem diversas implicações do
de decompor a matéria orgânica, mas car- ponto de vista ambiental, constituindo-se,
gas orgânicas acima de determinado nível em um dos principais problemas de polui-
causam alterações no ecossistema local e ção das águas em nosso meio. A degradação
circunvizinho (Campos, 2000). Dependen- de material biodegradável é acompanhada
do da carga orgânica lançada, o processo de pela rápida evolução do número de bacté-
autodepuração (o fenômeno da aparente rias, fungos, etc., no meio, provocando, em
capacidade de recuperação das condições muitos casos, a morte de peixes, por exem-
anteriores à poluição – Schafer, 1984) é pre- plo, pela queda da concentração de oxigê-
judicado, consequentemente, as condições nio até níveis muito baixos, geralmente in-
ambientais não serão adequadas à reprodu- feriores a 2 mg/l (Campos, 2000). A favor da
ção e ao crescimento de organismos que de- elevação da concentração de oxigênio em
compõem a matéria orgânica (Campos, função da fotossíntese, têm-se a ação das
2000). Com isso, pode haver a degradação algas, liberando oxigênio, e também a pró-
do ambiente. O lançamento de elevada pria turbulência na superfície da água ace-
carga de esgoto em um corpo de água, indi- lerando a troca de oxigênio com a atmosfe-
retamente consome oxigênio dissolvido, ra. Como discutido em Campos (2000),
devido aos processos de estabilização da após determinado percurso (ou tempo), as
matéria orgânica realizados pelas bactérias águas do rio recuperam melhores níveis de
decompositoras, que empregam o oxigênio oxigênio, decorrente da predominância das
disponível no meio líquido para a sua respi- ações favoráveis (algas e turbulência) sobre
ração (von Sperling, 2005). Assim, após o as desfavoráveis (degradação biológica),
Meio ambiente e sustentabilidade 55

quando já ocorreu a mineralização de gran- grandes cidades (Pompêo et al., 2005), es-
de parte da matéria orgânica. Assim, com tendido para os grandes centros da América
base no perfil da concentração de oxigênio Latina. A eutrofização não se resume ao en-
dissolvido, pode-se dividir um rio em zonas riquecimento por nitrogênio e fósforo. Par-
de autodepuração (Branco, 1984): a) zona tindo-se de uma situação de baixa trofia
de degradação: locais de despejos orgâni- (ultraoligotrófico) a elevados níveis de nu-
cos, a DBO atinge concentração máxima trientes (hipereutrófico), podem ocorrer
devido ao processo de decomposição; b) inúmeras mudanças no corpo de água: au-
zona de decomposição ativa: locais com mento da biomassa dos produtores primá-
águas escuras devido à atividade aeróbica e rios; diminuição na concentração de oxigê-
anaeróbica intensa realizada por organis- nio no hipolímnio; aumento da concentra-
mos bentônicos; c) zona de recuperação: a ção de nutrientes; produção de odores;
DBO ainda é baixa, mas a maior parte do progressão de uma população de diatomá-
material biodegradável foi consumido; as ceas para cianobactérias e clorofíceas; dimi-
águas estão mais transparentes e ocorre um nuição da penetração de luz; liberação de
aumento gradual da oxigenação; d) zonas toxinas por cianobactérias; mudanças na
de águas limpas: a água foi totalmente recu- produtividade, biomassa e composição de
perada e suas condições são semelhantes espécie; perda dos aspectos estéticos da
àquelas anteriores à poluição. Na prática, o água como cor e odor; problemas para os
trecho de rio necessário para ocorrer essa sistemas de tratamento da água como a fil-
recuperação pode ser de algumas dezenas tração; danos à saúde; alterações no pH e
ou centenas de quilômetros que, somados redução na concentração de CO2; aumento
aos inúmeros despejos de efluentes ao da mortandade e na composição de peixes
longo do trajeto das águas, potencializa os no ecossistema (Henderson-Sellers e Mark-
problemas decorrentes do excesso de maté- land, 1987; Vezjak et al., 1998; Smith et al.,
ria orgânica. Além da presença de compos- 1999 citado em Pompêo et al.).
tos orgânicos biodegradáveis, há a possibili- Não só os rios, mas também os reserva-
dade de contaminantes, como organismos tórios, por estarem associados aos usos pelo
patogênicos, metais pesados, agrotóxicos e homem, como depositários dos eventos pre-
compostos radioativos, por exemplo, com- sentes e passados de sua bacia de drenagem,
prometendo mais ainda a qualidade da e com sua dinâmica, estrutura, funciona-
água e seus usos potenciais. O simples fato mento e caracterização, em parte, sob a in-
de elevar a carga orgânica da massa de água, fluência externa (Calijuri e Oliveira, 2000;
mediante o despejo de esgotos, também Henry, 1990), sofrem as influências perversas
acarreta o aumento dos teores de nutrien- do processo de eutrofização, como observa-
tes, em especial do nitrogênio e do fósforo, do nos reservatórios Billings e Guarapiranga
provocando os efeitos nocivos do aporte ex- na RMSP (Brasil).
cessivo de nutrientes, o processo de eutrofi- Não só os nutrientes e organismos pa-
zação. togênicos são prejudiciais à saúde. Os con-
O processo de eutrofização é um dos taminantes químicos da água potável, mui-
mais graves problemas associado à redução tas vezes considerados menos prioritários,
da qualidade das águas superficiais. A falta pois seus efeitos adversos na saúde se asso-
de ações e medidas concretas em curto ciam geralmente com exposições de longo
prazo visando conter e reduzir a eutrofiza- prazo, quando comparados com os efeitos
ção contribuirá para o agravamento da de- mais imediatos de contaminantes micro-
terioração da qualidade das águas, particu- biais, podem causar problemas de saúde
larmente em regiões metropolitanas das muito sérios (Thompson et al., 2007).
56 Rosa, Fraceto e Moschini-Carlos (Orgs.)

Na RMSP, os estratégicos reservató- dever do cidadão, e não cabe unicamente à


rios Billings e Guarapiranga, abastecem SABESP, à Empresa Metropolitana de Águas
cerca de 5,4 milhões de pessoas. No presen- e Energia S.A. (EMAE), à Companhia de
te momento, a SABESP (Companhia de Sa- Tecnologia de Saneamento Ambiental (CE-
neamento Básico do Estado de São Paulo) TESB) e às secretarias estaduais e munici-
considera que o reservatório Paiva Castro pais de meio ambiente e de saneamento, no
(Sistema Cantareira), que abastece cerca de caso da RMSP, a responsabilidade pelo ge-
8,1 milhões de habitantes, apresenta ótima renciamento, monitoramento, fiscalização e
qualidade da água. Porém, caso não seja al- manejo das massas de água. A participação
terado o processo de uso e ocupação de suas ativa da sociedade, fiscalizando, sugerindo,
áreas de captação, inevitavelmente o Siste- monitorando e cobrando transparência nas
ma Cantareira passará pelo mesmo proces- ações do poder público é fundamental para
so de degradação vivenciado pelos reserva- garantir usos mais nobres dos espaços e
tórios Guarapiranga e Billings. A aplicação seus produtos, em particular dos ambientes
de sulfato de cobre, como procedimento de aquáticos, garantindo água em quantidade
controle do indesejável crescimento de e de melhor qualidade.
algas potencialmente tóxicas, as cianobac-
térias, que já ocorre no reservatório Paiva
Castro nos meses mais quentes do ano, de- CONSIDERAÇÕES FINAIS
monstra o agravamento do processo de eu-
trofização no sistema Cantareira. A contí- O sistema de gerenciamento de serviços pú-
nua deterioração da qualidade da água blicos de saneamento é formado pelo con-
desse importante manancial, a possibilida- junto de agentes institucionais, governa-
de de redução dos usos e o aumento no mentais e entidades privadas, que têm o ob-
custo do tratamento da água bruta, causa- jetivo de executar a política de saneamento,
ram incontáveis transtornos a todo proces- tendo como principal instrumento o plano
so produtivo, à qualidade de vida da popu- de saneamento (Moraes, 1997 citado em
lação em geral e da população ribeirinha Brasil, 2004). Para esse autor, a gestão dos
em particular, que tem nesse corpo de água serviços de saneamento deve estar respalda-
importante fonte de emprego e renda. A da em uma política de saneamento, na qual
responsabilidade pela manutenção do uso estejam explicitadas a diretriz geral, o mo-
com qualidade desses mananciais e de seu delo de gerenciamento, a organização legal e
entorno é do poder público constituído. No institucional e o sistema de gerenciamento
entanto, a sociedade, o cidadão consciente, que reúna os instrumentos para o planeja-
a escola participativa, as associações de mento, a execução, a operação e a avaliação
bairro e profissionais, entre outros grupos das obras e serviços de saneamento, segun-
organizados, não podem permitir que o do princípios de uma política pública de sa-
poder público aplique unicamente seus in- neamento. Considera também que as ações
teresses no controle dos usos desses manan- governamentais estão refletidas em leis, de-
ciais. Segundo a Constituição Federal do cretos, normas e regulamentos vigentes.
Brasil (CF, 1988, Art. 225), todos têm direi- Moraes (2004) ressalta a importância
to ao meio ambiente ecologicamente equili- de se manter a população como usuária dos
brado, bem de uso comum do povo e essen- recursos hídricos e não consumidora de
cial à sadia qualidade de vida, impondo-se uma mercadoria. Comenta que na iniciati-
ao poder público e à coletividade o dever de va privada o objetivo é a lucratividade, o
defendê-lo e preservá-lo para as gerações que não garante o abastecimento igualitário
presentes e as futuras. Assim, também é para a população de baixa renda.
Meio ambiente e sustentabilidade 57

É óbvio que os serviços de saneamen- Apenas com políticas públicas efica-


to básico existem para satisfazer as necessi- zes, voltadas ao bem público, com sólidos
dades vitais dos moradores das cidades, es- programas de educação ambiental e com a
tados ou países (Yassuda e Iuni, 2000). Por- participação ativa da sociedade em fóruns
tanto, o saneamento deve ser assumido de discussões e decisões, será possível atin-
como um direito humano essencial próprio gir metas de melhoria da qualidade de vida
da conquista da cidadania, contrapondo-se e restaurar a qualidade das águas dos rios
à visão do saneamento como um bem de Tietê, Pinheiros e represas Billings e Guara-
mercado, sujeito às suas regras. As políticas piranga e preservar a qualidade da água do
públicas de saneamento devem se nortear reservatório Paiva Castro, em processo de
por princípios, relacionados aos seus fins, à eutrofização, no caso da RMSP. É impres-
universalidade, à equidade, à integralidade, cindível que o poder público aplique os ins-
à qualidade, ao acesso e à sustentabilidade trumentos legais disponíveis e que a conti-
ambiental (Heller e Castro, 2007). No en- nuidade de projetos e ações de melhoria do
tanto, para os usuários não importa se a meio ambiente seja garantida (Kakinami et
gestão é municipal ou estadual, se é pública al., 2004, citado em Pompêo et al., 2005).
ou até mesmo se há participação da iniciati- Deve-se levar em consideração o efeti-
va privada; interessa, sim, se essa gestão vo controle dos usos e ocupações dos espa-
possibilita água com qualidade, quantidade ços na bacia de captação. Os usos vigentes e
e universalidade. Importa, sim, se essa ges- propostos devem evitar a degradação da
tão possibilita que seu esgoto seja coletado, qualidade da água para o abastecimento
afastado e tratado, garantindo saúde am- público.
biental e humana. Importa também, e prin- A falta de água para abastecimento
cipalmente, se essa gestão oferece serviços público, a inadequação do planejamento e a
capazes de atender às necessidades básicas restrita implantação do sistema de esgota-
da comunidade, em forma sustentável e de mento sanitário contribuem para a rápida
modo a impulsionar o processo de desen- deterioração da qualidade de água nos ma-
volvimento econômico-social (Orega e Phi- nanciais e ampliam os custos de tratamento
lippi Jr., 2005) para todos. O atendimento a da água bruta, além de agravarem os inú-
esses pontos somente é possível se os servi- meros problemas de saúde pública. Há ten-
ços de abastecimento de água e de esgota- dência dos políticos e de muitos técnicos de
mento sanitário não forem pautados pelo atender prioritariamente a demanda por
lucro, se geridos por entidade pública e com água potável e restrita preocupação em co-
transparência. Os desembolsos financeiros letar e tratar todo esgoto gerado. A popula-
devem ser entendidos como investimento e ção, em contrapartida, mobiliza-se princi-
nunca como despesa. palmente para exigir água potável, mas se
Devemos ainda levar em consideração esquece do complemento, a água servida,
o espaço como definido por Santos (2008) em grande parte lançada como esgoto in
(“espaçotemporal”), o que implica que as natura nos corpos de água mais próximos.
ações relacionadas ao abastecimento de As estatísticas nacionais corroboram essas
água e esgotamento sanitário devam sem- afirmações.
pre ser revistas e ter sua tecnologia atualiza- Deve haver equacionamento entre a
da, para atender às novas demandas e in- oferta de água potável à população e a cole-
corporar os novos conhecimentos à luz da ta e o tratamento de esgoto e do lodo gera-
ciência. Portanto, são necessárias revisões e do. Isto é, todos os habitantes deveriam ter
ações continuadas, o que implica necessário água em quantidade e qualidade necessá-
planejamento. rias, quantidade estimada pela ONU em
58 Rosa, Fraceto e Moschini-Carlos (Orgs.)

110 litros/dia e, posterior ao uso, toda água O uso da água deve ser respaldado
servida deveria obrigatoriamente ser cole- por estudos multidisciplinares, incluindo
tada e tratada, adequando o efluente aos pa- propostas de descarte da água servida, com
drões de lançamento, garantindo manan- sugestões de cenários futuros, com deci-
ciais mais saudáveis e, consequentemente, sões tomadas em fórum de discussão que
melhor qualidade de vida em todos os ní- envolva representantes de todos os setores
veis. No entanto, há claro descompasso po- interessados. A universalidade do sanea-
lítico na relação quantidade/qualidade de mento ambiental, com abastecimento pú-
água potável e de água servida, não sendo blico mínimo de água com qualidade, e de
compreendida pelos governantes e muitos total coleta e tratamento dos esgotos gera-
de seus técnicos como um sistema único e dos, devem ser posições basilares, incorpo-
integrado, que deve ser planejado e implan- rando sua aplicação “espaçotemporal”.
tado de forma conjunta, compondo uma Os sistemas de abastecimento de água
única política pública de saneamento. É devem ser dimensionados para atender às
senso comum no Brasil a frase “obra enter- necessidades de água da região beneficiada.
rada não ganha voto”, referindo-se ao siste- É importante que as projeções das necessi-
ma coletor de esgotos. Por princípio, o em- dades e as disponibilidades dos recursos hí-
prego dos corpos de água como diluidor de dricos, em função do aquecimento da eco-
esgoto in natura, inclusive o uso de emissá- nomia e do crescimento demográfico, sejam
rios submarinos, deveria ser abolido. calculadas com antecipação. Os sistemas
As discussões das inúmeras questões devem ser planejados, arquitetados e cons-
relacionadas à implantação do saneamento truídos, para funcionarem durante muito
básico, em particular no Brasil, dizem res- tempo sem riscos de deterioração. Apesar
peito principalmente aos aspectos políticos disso, as atividades de monitoramento do
e não técnicos. É possível coletar e tratar sistema, buscando detectar, no mais curto
água bruta através de diversos procedimen- espaço de tempo, possíveis problemas ou
tos (Di Bernardo e Di Bernardo Dantas, defeitos, são de importância capital, para
1993) e há inúmeras maneiras de tratar o garantir a retroalimentação sistêmica, rela-
esgoto, desde as tradicionais lagoas de esta- cionada com as atividades de manutenção
bilização e lodo ativado, passando por mé- (Brasil, 2003).
todos alternativos como as terras úmidas Resolver a crise da água, porém, é ape-
construídas (os constructed wetlands) ou nas um dos desafios que enfrenta a humani-
leito de macrófitas aquáticas (von Sperling, dade. A crise da água se situa em uma pers-
1996; EPA, 2000a, 2000b; Sousa et al., 2004). pectiva mais ampla de solução de problemas
Portanto, atualmente existem as competên- e resolução de conflitos. Tal como indicou a
cias necessárias para solucionar os diversos Commission for Sustainable Development
aspectos da crise da gestão de recursos hí- em 2002, erradicar a pobreza, modificar os
dricos, porém, a inércia dos líderes e a au- padrões de produção e consumo insustentá-
sência de clara consciência sobre a magni- veis e proteger e administrar os recursos na-
tude do problema por parte da população, turais do desenvolvimento social e econô-
muitas vezes não suficientemente autôno- mico constituem objetivos primordiais e a
ma para raciocinar, resulta em um vazio de exigência essencial de um desenvolvimento
medidas corretivas, necessárias e urgentes sustentável (UNESCO, 2003).
(UNESCO, 2003). As perspectivas futuras Há também necessidade de leis mais
são desanimadoras. sólidas e claras, com definições de sanções
Meio ambiente e sustentabilidade 59

quando do seu não cumprimento. Não é potável e a coleta e o tratamento do es-


conveniente pensar o saneamento com base goto gerado devem ser entendidos como
no lucro financeiro. O maior lucro é manter um sistema único, integrado e indissoci-
os serviços e potencialidades do meio am- ável, implicando que sejam considera-
biente por tempo indefinido. dos conjuntamente no planejamento, na
Sendo urgente despender esforços implantação e na solicitação de recur-
para equacionar questões relativas à manu- sos, com pena de não ter aprovada a
tenção da qualidade e quantidade da água proposta de captação de água bruta;
dos mananciais e visando minimizar os f) definir em lei o limite máximo de 10%
problemas relacionados ao abastecimento para a fuga de água, implicando multas
público e esgotamento sanitário nos gran- e sanções quando do seu não cumpri-
des centros urbanos e garantir mananciais mento; para tanto será obrigatória a im-
mais saudáveis para gerações futuras, são plantação de sólido programa de moni-
propostas: toramento de perdas e controle da água
ofertada;
a) nenhuma entidade federal, estadual, mu- g) a obrigatoriedade definida em lei para
nicipal ou privada poderá captar qualquer que, no prazo máximo de dez anos, todo
quantidade de água bruta sem a aprova- esgoto gerado seja efetivamente coleta-
ção prévia dos órgãos competentes; do e tratado (descarte zero), definindo
b) toda entidade federal, estadual, munici- graves sanções às diferentes esferas de
pal ou privada terá o prazo máximo de governo e seus dirigentes quando da não
cinco anos para regularizar e cadastrar observância da lei;
seu sistema de captação de água bruta h) empreendimentos já instalados têm o
em operação, atendendo normas estabe- prazo de dez anos para se integrarem à
lecidas pelas diferentes esferas de gover- rede coletora de esgotos, após esse prazo
no, no caso de descumprimento ficará serão integrados compulsoriamente, ar-
definido multa diária; cando com os custos de instalação so-
c) definir em lei a quantidade máxima de mados às despesas de multas e custos
água bruta que poderá ser captada, com processuais;
base na quantidade – vazão e carga reti- i) definir em lei que novos empreendi-
radas, levando em consideração a vazão mentos somente serão aprovados para
e carga do manancial (rio) e a recarga de uso após serem definitivamente integra-
lagos e reservatórios, discriminando res- dos à rede coletora de esgoto;
ponsabilidades e sansões quando do seu j) definir em lei prazos para a instalação de
descumprimento; sistemas de tratamento e descarte de lodo,
d) o não cumprimento das normativas provenientes das ETAs e ETEs, com defini-
apresentadas nos itens anteriores impli- ções de responsabilidades, sanções e mul-
cará não ter analisadas novas solicita- tas quando do seu não cumprimento;
ções de captação até a regularização da k) definir em lei que novos empreendi-
atual situação; mentos (condomínios, museus, clubes,
e) a obrigatoriedade definida em lei que estádios, escolas, shopping centers, par-
para cada metro cúbico de água potável ques temáticos, indústrias, hospitais,
ofertada à população sejam definidos hotéis, motéis, restaurantes, casas de es-
em projeto a respectiva coleta e trata- petáculos e de exposições e outros esta-
mento da água servida. A oferta de água belecimentos comerciais e empreendi-
60 Rosa, Fraceto e Moschini-Carlos (Orgs.)

mentos de grande porte público e priva- q) implantar sólidos programas de contro-


do, com base na área física instalada e no le de perdas;
número de pessoas atendidas) implan- r) empreender esforços em todos os níveis
tem sistema de reuso de água, com pra- com campanhas educacionais sobre a im-
zos de instalação e projetos aprovados portância da água, seu uso racional, a pre-
por órgãos competentes; servação de sua qualidade e quantidade;
l) definir que esses mesmos empreendi- s) empreender esforços em campanhas edu-
mentos também implantem sistema de cacionais relacionadas à saúde pública, re-
captação de água de chuva, com prazos forçando a importância de hábitos sim-
de instalação e projetos aprovados por ples como lavar as mãos com sabão após
órgãos competentes; usar o banheiro e antes das refeições;
m) definir em lei o prazo de dez anos para que t) estabelecer que estado e prefeitura obri-
empreendimentos já instalados (ver item gatoriamente implantem secretaria de
k) implantem sistema de captação de água meio ambiente e de saneamento;
de chuva, com prazos de instalação e pro- u) definir que toda secretaria de meio am-
jetos aprovados por órgãos competentes; biente e de saneamento (federal, esta-
n) cobrar de modo diferenciado e escalo- duais e municipais) deva manter site atua-
nado, segundo o consumo de água – lizado com as ações empreendidas e
quanto mais consome mais paga, garan- metas para o sistema de abastecimento
tindo uma tarifa social mínima de ao de água e esgotamento sanitário.
menos 110 litros/habitante/dia;
o) instalar medidores de consumo de água
individuais – em cada casa um medidor AGRADECIMENTOS
de consumo;
p) empreender esforços visando ampliar o Agradeço à Profa. Dra. Sandra Tédde San-
controle e a vigilância da qualidade da taella (Universidade Federal do Ceará, Ins-
água pelos órgãos responsáveis pelo tituto de Ciências do Mar, Fortaleza, Ceará,
abastecimento e por órgãos de saúde Brasil) pela leitura crítica do manuscrito e a
pública, da água bruta à torneira para o Fapesp (02/13376-4 e 06/51705-0) e CNPq
consumidor final; (471184/2006-3 e 470443/2008-1).

EXERCÍCIOS

CÁLCULO DO ÍNDICE DO ESTADO TRÓFICO

Este documento tem como objetivo apresentar um rofila-a). Por sua vez, alterações na biomassa algal
exercício introduzindo os cálculos para a determina- interferem na penetração da luz na água (medida
ção do Índice do Estado Trófico (IET) e algumas dis- pela transparência do disco de Secchi) (EPA, sem
cussões relativas à sua interpretação, utilizando data). Assim, com base no estado trófico é possível
como base o relatório “Qualidade das águas inte- classificar as massas de água em diferentes graus
riores no Estado de São Paulo. Índice de Qualidade de trofia, ou seja, avaliar a qualidade da água
das Águas. Anexo V”, modificado de Cetesb (2006). quanto ao enriquecimento por nutrientes, princi-
O conceito de estado trófico é baseado no palmente, e seus efeitos relacionados ao cresci-
fato de que mudanças nos níveis de nutrientes mento excessivo de algas e macrófitas aquáticas
(medido como fósforo total) causam mudanças na (CETESB, 2006). Além disso, o IET sintetiza a infor-
biomassa algal (medida pela concentração de clo- mação, permitindo melhor avaliar alterações nos
Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.
DICA DO PROFESSOR

O vídeo a seguir apresenta uma breve apresentação desta Unidade de Aprendizagem, assim
como a situação do saneamento básico, a partir de dados de pesquisas contemporâneas. Além
disso, aborda os benefícios e os problemas associados à presença e à ausência de saneamento
básico, respectivamente.

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EXERCÍCIOS

1) O que se entende por saneamento básico segundo a Lei Federal no 11.445/2007?

A) Conjunto de serviços, infraestruturas e instalações operacionais de abastecimento de água


doce, de esgotamento sanitário, de limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos e de
drenagem e manejo das águas pluviais urbanas.

B) Conjunto de serviços, infraestruturas e instalações operacionais de abastecimento de água


potável, de esgotamento sanitário, de limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos e de
drenagem e manejo das águas pluviais urbanas.

C) Conjunto de serviços, infraestruturas e instalações operacionais de abastecimento de água


potável, de esgotamento sanitário, de podas das árvores e manejo de resíduos sólidos e de
drenagem e manejo das águas pluviais urbanas.

D) Conjunto de serviços, infraestruturas e instalações operacionais de abastecimento de água


potável, de esgotamento sanitário, de limpeza urbana e manejo de efluentes e de drenagem
e manejo das águas pluviais urbanas.

E) Conjunto de serviços, infraestruturas e instalações operacionais de abastecimento de água


potável, de esgotamento sanitário, de limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos e de
drenagem e manejo das águas fluviais.
2) A falta de saneamento básico estaria diretamente relacionada a quais consequências?

A) Hábitos higiênicos satisfatórios dos utensílios de cozinha, do corpo e do ambiente


domiciliar; veiculação de elevado número de enfermidades e condições propícias à
reprodução de vetores de doença, como o mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue.

B) Hábitos higiênicos insatisfatórios dos utensílios de cozinha, do corpo e do ambiente


domiciliar; veiculação de reduzido número de enfermidades e condições propícias à
reprodução de vetores de doença, como o mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue.

C) Hábitos higiênicos insatisfatórios dos utensílios de cozinha, do corpo e do ambiente


domiciliar; veiculação de elevado número de enfermidades e condições propícias à
reprodução de vetores de doença, como o mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue.

D) Hábitos higiênicos insatisfatórios dos utensílios de cozinha, do corpo e do ambiente


domiciliar; veiculação de elevado número de enfermidades e condições não favoráveis à
reprodução de vetores de doença, como o mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue.

E) Hábitos higiênicos insatisfatórios dos utensílios de cozinha, do corpo e do ambiente


domiciliar; veiculação de elevado número de enfermidades e condições propícias à
reprodução de vetores de doença, como o mosquito Aedes aegypti, transmissor da raiva.

3) Entre os benefícios da presença de saneamento básico em uma determinada região


podem estar:

A) Prejuízo à saúde da população e redução dos recursos aplicados no tratamento de doenças;


diminuição dos custos de tratamento da água para abastecimento; melhoria do potencial
produtivo das pessoas, dinamização da economia e geração de empregos; eliminação da
poluição estético-visual e desenvolvimento do turismo; conservação ambiental; melhoria
da imagem institucional.
B) Melhoria da saúde da população e aumento dos recursos aplicados no tratamento de
doenças; diminuição dos custos de tratamento da água para abastecimento; melhoria do
potencial produtivo das pessoas, dinamização da economia e geração de empregos;
eliminação da poluição estético-visual e desenvolvimento do turismo; conservação
ambiental; melhoria da imagem institucional.

C) Melhoria da saúde da população e redução dos recursos aplicados no tratamento de


doenças; aumento dos custos de tratamento da água para abastecimento; melhoria do
potencial produtivo das pessoas, dinamização da economia e geração de empregos;
eliminação da poluição estético-visual e desenvolvimento do turismo; conservação
ambiental; melhoria da imagem institucional.

D) Melhoria da saúde da população e redução dos recursos aplicados no tratamento de


doenças; diminuição dos custos de tratamento da água para abastecimento; melhoria do
potencial produtivo das pessoas, estagnação da economia e geração de empregos;
eliminação da poluição estético-visual e desenvolvimento do turismo; conservação
ambiental; melhoria da imagem institucional.

E) Melhoria da saúde da população e redução dos recursos aplicados no tratamento de


doenças; diminuição dos custos de tratamento da água para abastecimento; melhoria do
potencial produtivo das pessoas, dinamização da economia e geração de empregos;
eliminação da poluição estético-visual e desenvolvimento do turismo; conservação
ambiental; melhoria da imagem institucional.

4) Qual é a causa da morte de cerca de 8 milhões de pessoas no mundo anualmente e


que possui relação com o saneamento básico?

A) Aids

B) Câncer

C) Rubéola
D) Falta de acesso à água potável e ao esgotamento sanitário.

E) Gripe H1N1

5) Constituem-se em importantes ações de saneamento ambiental:

A) Sistema de abastecimento de água e do sistema de esgotamento sanitário.

B) Plantio de árvores.

C) Adoção de uma caneca retornável.

D) Uso de plantas medicinais.

E) Combate ao tráfico de animais silvestres.

NA PRÁTICA

Na prática, se uma indústria que produz resíduos líquidos (efluentes) não realizar as etapas
corretas de armazenamento, transporte e tratamento desses resíduos, além de crime ambiental,
terá pelo menos outras três consequências cruciais:
SAIBA MAIS

Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do
professor:

Lei no 11.445, de 5 de janeiro de 2007

Leia sobre a Lei no 11.445 no Portal da Câmara dos Deputados no link abaixo.

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IBGE: 35,7% dos brasileiros vive sem esgoto, mas 79,9% já tem acesso à internet

Pouco mais de um terço dos brasileiros vivem em domicílios sem coleta de esgoto sanitário.
Leia mais a reportagem da UOL escrita por Daniela Amorim e Vinicius Neder.

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INFOGRÁFICO: A realidade do saneamento básico no Brasil

Plataforma digital da CNI apresenta, de forma interativa e dinâmica, um retrato detalhado dos
serviços de água e esgoto em todo país e da deficiência no atendimento enfrentada pela
população brasileira (Consta no final da página)

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Diretrizes Nacionais de Saneamento
Básico – Parte II

APRESENTAÇÃO

Nesta Unidade de Aprendizagem, serão discutidas as diretrizes nacionais do saneamento básico.


Essas diretrizes são orientadas pela lei no 11.445/2007 e estão diretamente vinculadas aos quatro
eixos do saneamento: abastecimento de água, esgotamento sanitário, limpeza urbana e drenagem
de águas superficiais.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Definir saneamento básico, segundo a Lei Federal no 11.445/2007.


• Identificar as diretrizes nacionais para o saneamento básico.
• Nomear quais atividades e estruturas estão contempladas no abastecimento de água, no
esgotamento sanitário, na limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos e na drenagem e
manejo das águas pluviais urbanas.

DESAFIO

Você é gestor ambiental de um município e precisa convencer o prefeito quanto à implantação


de políticas públicas voltadas ao saneamento básico.

INFOGRÁFICO

O infográfico a seguir demonstra alguns dos principais pontos relacionados ao saneamento


básico conforme a Lei no 11.445/07:
CONTEÚDO DO LIVRO

O capítulo a seguir, trazerá maior enriquecimento teórico sobre o assunto, contribuindo para o
gestor ambiental relacionar o seu dia a dia com os aspectos do saneamento básico.

Boa leitura!
SANEAMENTO

Ronei Stein
Diretrizes Nacionais
de Saneamento
Básico – Parte II
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

 Definir saneamento básico segundo a Lei Federal nº. 11.445, de 5 de


janeiro de 2007
 Identificar as diretrizes nacionais para o saneamento básico.
 Nomear quais atividades e estruturas estão contempladas no abas-
tecimento de água, no esgotamento sanitário, na limpeza urbana
e manejo de resíduos sólidos e na drenagem e manejo das águas
pluviais urbanas

Introdução
Neste capítulo, serão discutidas as diretrizes nacionais do saneamento
básico. Essas diretrizes são orientadas pela Lei nº. 11.445/2007 e estão
diretamente vinculadas aos quatro eixos do saneamento: abastecimento
de água, esgotamento sanitário, limpeza urbana e drenagem de águas
superficiais.

Importância da Lei nº. 11.445/2007


para o saneamento
De modo geral, saneamento é o conjunto de medidas que buscam preservar
ou modificar o meio ambiente para prevenir doenças e semear saúde. Com
saneamento, é possível melhorar a qualidade de vida dos cidadãos, a produtivi-
2 Diretrizes Nacionais de Saneamento Básico – Parte II

dade do indivíduo e otimizar a atividade econômica. No Brasil, o saneamento


básico é um direito assegurado pela Constituição Federal de 1988 e pela Lei
nº. 11.445/2007, a Lei Federal de Saneamento Básico.
A Lei nº. 11.445/2007 trouxe novas diretrizes nacionais e definiu o plane-
jamento dos serviços básicos como instrumento fundamental para se alcançar
o acesso universal ao saneamento básico. Todas as cidades devem formular as
suas políticas públicas visando à universalização, sendo o plano municipal de
saneamento básico (PMSB) o instrumento de estratégia e diretrizes.
Os componentes do saneamento básico são o abastecimento de água, o
esgotamento sanitário, a limpeza urbana, o manejo de resíduos sólidos e a dre-
nagem e manejo das águas pluviais urbanas (INSTITUTO TRATA BRASIL,
2018). Saneamento é um fator essencial para o desenvolvimento econômico
e social de um país. Os serviços de água tratada, de coleta e tratamento dos
esgotos levam à melhoria da qualidade de vidas das pessoas, sobretudo na
saúde infantil, com redução da mortalidade infantil e melhorias na educação.
Tembém levam à expansão do turismo, valorização dos imóveis, melhoria
da renda do trabalhador, despoluição dos rios e preservação dos recursos
hídricos, etc.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) apresenta algumas medidas para
promover o saneamento básico:

 instalação e manutenção de esgotos sanitários;


 drenagem das águas pluviais;
 administração do nível de poluição do meio ambiente;
 planejamento para ocupação dos territórios levando em conta o
saneamento;
 abastecimento da população com água potável;
 administração da quantidade de insetos e animais nocivos à saúde
humana;
 coleta de lixo e sua adequação;
 saneamento dos lares, locais de trabalho e de lazer.

Aspectos relevantes da Lei nº. 11.445/2007


A Lei nº. 11.445/2007 cria as diretrizes básicas para a organização dos serviços
de saneamento básico no Brasil. Entre as quais, pode-se destacar (BRASIL,
2007):
Diretrizes Nacionais de Saneamento Básico – Parte II 3

a) Definição: a lei define saneamento básico como o conjunto de serviços,


infraestruturas e instalações operacionais de:
■ abastecimento de água potável, compreendendo desde a captação até
as ligações prediais e respectivos instrumentos de medição;
■ esgotamento sanitário, compreendendo a coleta, o transporte, o tra-
tamento e a disposição final adequados dos esgotos sanitários, desde
as ligações prediais até o seu lançamento final no meio ambiente;
■ limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos, compreendendo a
coleta, o transporte, o transbordo, o tratamento e o destino final
do lixo doméstico e do lixo originário da varrição e limpeza de
logradouros e vias públicas;
■ drenagem e manejo das águas pluviais urbanas, compreendendo o
transporte, a detenção ou a retenção para o amortecimento de vazões
de cheias, tratamento e disposição final das águas pluviais drenadas
nas áreas urbanas.
b) Titularidade: a lei não aborda diretamente a questão da titularidade
dos serviços de saneamento básico. A esse respeito, determina apenas
que o titular deve prestar os serviços diretamente ou deve:
■ delegar a organização, a regulação, a fiscalização dos serviços a
outros entes da federação por meio de consórcios públicos e convênios
de cooperação entre os entes federados;
■ delegar a prestação dos serviços a ente que não integre a adminis-
tração do titular por meio de contrato, sendo vedada a disciplina
mediante convênios, termos de parceria ou outros instrumentos de
natureza precária.
c) Entidade Reguladora: a lei prevê a criação de uma entidade regula-
dora, que deve editar normas sobre as dimensões técnicas, econômicas
e sociais de prestação dos serviços. A entidade reguladora deve ter
autonomia administrativa, orçamentária e financeira para que possa
atuar com independência decisória e transparência.

Além disso, de acordo com Pereira Júnior (2008), a Lei nº. 11.445/2007
apresenta alguns dispositivos quanto à regularização dos serviços de sanea-
mento básico:

 Reconhecimento da necessidade de que os serviços de saneamento


tenham sustentabilidade econômica.
 Visão equilibrada da função social do saneamento. O saneamento é
importante para a saúde pública, para o meio ambiente e para o bem-
4 Diretrizes Nacionais de Saneamento Básico – Parte II

-estar geral da sociedade, mas, como um “serviço público”, tem de ter


sustentabilidade econômica para garantir sua prestação com qualidade,
confiabilidade e continuidade.
 Possibilidade de resolução gradual dos problemas ambientais decorrentes
da deficiência ou ausência de serviços de saneamento básico.
 Regulamentação da prestação regionalizada de serviços de saneamento
básico, criando condições legais estáveis para a atuação de entidades e
empresas estaduais, municipais e privadas em vários municípios, com
ganhos de escala e otimização de recursos logísticos, administrativos,
técnicos e operacionais.
 Elaboração de planos de saneamento básico, compatibilizando os quatro
serviços que o compõem, além da elaboração de mecanismos de controle
social e de sistema de informações sobre os mesmos.
 Formalização por contrato de toda relação entre titular e prestadores
de serviços e entre prestadores de etapas complementares do mesmo
serviço.
 Planejamento e regulação de todos os serviços. A lei fornece o conteúdo
mínimo da regulação e permite que o planejamento seja elaborado
mediante cooperação de outras entidades, inclusive prestadores de
serviços. Também permite e delegação da regulação a outras entidades,
inclusive de outros entes da federação, e a consórcios de municípios.
 Estabelecimento de diretrizes econômicas e sociais, as quais incluem
as regras gerais para a cobrança dos serviços de saneamento — tarifas,
taxas e tributos, além das formas de quantificação dos serviços, como
o volume de água consumida e de esgoto coletado e a quantidade de
lixo coletado.
 Estabelecimento de diretrizes técnicas para a prestação de serviços
de saneamento básico: requisitos mínimos de qualidade, regularidade
e continuidade. A lei centraliza na União a definição de parâmetros
mínimos de potabilidade da água para o abastecimento público, o que
já é feito pelo Ministério da Saúde. Estabelece condições específicas
para o licenciamento ambiental de unidades de tratamento de esgotos
e de resíduos gerados pelos processos de tratamento de água. Torna
obrigatória a ligação de toda edificação nas redes públicas de água e
de esgotos.
 Controle social dos serviços de saneamento básico, remetendo aos
titulares dos serviços a definição da forma como esse controle será
organizado e exercido.
Diretrizes Nacionais de Saneamento Básico – Parte II 5

Diretrizes nacionais para o saneamento básico


A superação das desigualdades sociais no acesso aos serviços públicos de
saneamento básico é questão fundamental para alavancar a área e cumprir
seu objetivo de universalização no atendimento à população, conforme esta-
belecido nas diretrizes nacionais e na Política Federal de Saneamento Básico
(BRASIL, 2007).
Conforme art. 48 da Lei nº. 11.445/2007, a União deve respeitar as seguintes
diretrizes (BRASIL, 2007):

 prioridade para as ações que promovam a equidade social e territorial


no acesso ao saneamento básico;
 aplicação dos recursos financeiros, de modo a promover o desenvolvi-
mento sustentável, sua eficiência e eficácia;
 estímulo ao estabelecimento de adequada regulação dos serviços;
 utilização de indicadores epidemiológicos e de desenvolvimento so-
cial no planejamento, implementação e avaliação das suas ações de
saneamento básico;
 melhoria da qualidade de vida e das condições ambientais e de saúde
pública;
 colaboração para o desenvolvimento urbano e regional;
 garantia de meios adequados para o atendimento da população rural
dispersa, inclusive mediante à utilização de soluções compatíveis com
suas características econômicas e sociais peculiares;
 fomento ao desenvolvimento científico e tecnológico, à adoção de
tecnologias apropriadas e à difusão dos conhecimentos gerados;
 adoção de critérios objetivos de elegibilidade e prioridade, levando
em consideração fatores como nível de renda e cobertura, grau de
urbanização, concentração populacional, disponibilidade hídrica, riscos
sanitários, epidemiológicos e ambientais;
 adoção da bacia hidrográfica como unidade de referência para o pla-
nejamento de suas ações;
 estímulo à implementação de infraestruturas e serviços comuns a mu-
nicípios, mediante mecanismos de cooperação entre entes federados.
 estímulo ao desenvolvimento e aperfeiçoamento de equipamentos e
métodos economizadores de água.
6 Diretrizes Nacionais de Saneamento Básico – Parte II

Em relação ao Plano Municipal de Saneamento Básico (PMSB), ele deve


ser elaborado obrigatoriamente pelo titular dos serviços municipais de sa-
neamento básico. Trata-se de instrumento fundamental para que os gestores
públicos possam controlar ou conceder os serviços de abastecimento de água,
esgotamento sanitário, drenagem e manejo de águas pluviais urbanas e limpeza
urbana e manejo dos resíduos sólidos.
A Lei nº. 11.445/2007 define como funções essenciais da gestão dos serviços
públicos de saneamento básico o planejamento, a regulação, a prestação e a
fiscalização dos serviços e o controle social. O plano de saneamento básico
será revisto periodicamente, em prazo não superior a quatro anos. O PMSB
é o documento básico do planejamento, contemplando os modelos de gestão,
as metas, os projetos e as respectivas tecnologias e as estimativas dos custos
dos serviços. Ele deverá ser elaborado de acordo com os princípios/diretrizes
da lei. Estas diretrizes são, de acordo com a Fundação Nacional de Saúde —
FUNASA (BRASIL, 2012):

 universalização do acesso com integralidade, segurança, qualidade e


regularidade na prestação dos serviços;
 promoção da saúde pública, segurança da vida e do patrimônio, proteção
do meio ambiente;
 articulação com as políticas de desenvolvimento urbano, saúde, proteção
ambiental e interesse social;
 adoção de tecnologias apropriadas às peculiaridades locais e regionais;
 uso de soluções graduais e progressivas e integração com a gestão
eficiente de recursos hídricos;
 gestão com transparência baseada em sistemas de informação, processos
decisórios institucionalizados e controle social;
 promoção da eficiência e sustentabilidade econômica, considerando a
capacidade de pagamento dos usuários.
Diretrizes Nacionais de Saneamento Básico – Parte II 7

O Quadro 1 apresenta os princípios de uma política básica de saneamento.

Quadro 1. Princípios e elementos para a realização do plano municipal de saneamento


básico

Princípio Definição

Universalidade As ações e serviços públicos de saneamento básico, além de


serem, fundamentalmente, de saúde pública e de proteção
ambiental, são também essenciais à vida, um direito social
básico e um dever do Estado. Assim, o acesso aos serviços
de saneamento básico deve ser garantindo a todos os
cidadãos mediante tecnologias apropriadas à realidade
socioeconômica, cultural e ambiental.

Integralidade As ações e os serviços públicos de saneamento básico devem


das ações ser promovidos de forma integral, em face da grande inter-
relação entre os seus diversos componentes, principalmente,
o abastecimento de água, o esgotamento sanitário, o manejo
de águas pluviais, o manejo de resíduos sólidos e o controle
ambiental de vetores e reservatórios de doenças. Muitas
vezes, a efetividade, a eficácia e a eficiência de uma ação
de saneamento básico dependem da existência dos outros
componentes.

Igualdade A igualdade diz respeito aos direitos iguais, independentemente


de etnia, credo, situação socioeconômica. Ou seja,
considera-se que todos os cidadãos têm direitos iguais no
acesso a serviços públicos de saneamento básico de boa
qualidade.

Participação e A participação social na definição de princípios e diretrizes de


controle social uma política pública de saneamento básico, no planejamento
das ações, no acompanhamento da sua execução e na
sua avaliação constitui-se um ponto fundamental para
democratizar o processo de decisão e implementação das
ações de saneamento básico. Essa participação pode ocorrer
com o uso de diversos instrumentos, como conferência e
conselhos.

(Continua)
8 Diretrizes Nacionais de Saneamento Básico – Parte II

(Continuação)

Quadro 1. Princípios e elementos para a realização do plano municipal de saneamento


básico

Princípio Definição

Titularidade Uma vez que os serviços públicos de saneamento básico são de


municipal interesse local e o poder local tem a competência para organizá-
los e prestá-los, o município é o titular do serviço. Uma política
de saneamento básico deve partir do pressuposto de que o
município tem autonomia e competência para organizar, regular,
controlar e promover a realização dos serviços de saneamento
básico de natureza local, no âmbito de seu território; pode
fazê-lo diretamente ou sob regime de concessão ou permissão,
associado com outros municípios ou não, respeitando as
condições gerais estabelecidas na legislação nacional sobre o
assunto. A gestão municipal deve se basear no exercício pleno da
titularidade e da competência municipal na implementação de
instâncias e instrumentos de participação e controle social sobre
a prestação dos serviços em âmbito local, qualquer que seja a
natureza dos prestadores, tendo como objetivo maior promover
serviços de saneamento básico justos do ponto de vista social.

Gestão pública Os serviços públicos de saneamento básico são, por sua natureza,
públicos, prestados sob regime de monopólio, essenciais e vitais
para a vida humana, em face da sua capacidade de promover
a saúde pública e fazer o controle ambiental. Esses serviços,
conforme o art. 4º, são indispensáveis para a elevação da
qualidade de vida das populações urbanas e rurais. Contribuem
também para o desenvolvimento social e econômicos. Sendo
um direito social e uma medida de saúde pública, a gestão dos
serviços deve ser de responsabilidade do poder público.

Articulação As ações dos diferentes componentes e instituições da área


ou integração de saneamento básico são, geralmente, promovidas de forma
institucional fragmentada no âmbito da estrutura governamental. Essa prática
gera, na maioria das vezes, pulverização de recursos financeiros,
materiais e humanos. A articulação e integração institucional
representam importantes mecanismos de uma política pública
de saneamento básico, uma vez que permitem compatibilizar
e racionalizar a execução de diversas ações, planos e projetos,
ampliando a eficiência, efetividade e eficácia de uma política.
A área de saneamento básico tem interface com as de saúde,
desenvolvimento urbano e rural, habitação, meio ambiente e
recursos hídricos, entre outras. A conjugação de esforços dos
diversos organismos que atuam nessas áreas oferece um grande
potencial para a melhoria da qualidade de vida da população.

Fonte: Adaptado de Brasil (2012).


Diretrizes Nacionais de Saneamento Básico – Parte II 9

Atividades e estruturas contempladas no


saneamento básico
Mesmo que nos dias atuais tenhamos uma lei para reger o saneamento básico,
é direito e dever de cada cidadão atentar às boas práticas e formas de garantir
o avanço do desenvolvimento de uma vida saudável e que abranja não só uma
parte da população, mas o todo. De acordo com a Lei nº. 11.445/2007, entre
as ações de saneamento há aquelas que nós chamamos de “básicas”, compre-
endendo o abastecimento de água, a acesso a rede coletora e tratamento de
esgoto, o acesso a coleta e destinação de resíduos sólidos e a drenagem de
águas pluviais.
Cada um desses serviços tem peculiaridades próprias, e devem ser tratados
com tecnologias atualizadas e compatíveis com o grau de desenvolvimento de
cada município. Independentemente do estágio socioeconômico, o zelo e os
cuidados pela boa funcionalidade desses sistemas indicam o estágio cultural,
organizacional e de desenvolvimento de seus habitantes. A ausência desses
serviços tem como resultados condições de saúde precárias e incidência de
doenças, principalmente de veiculação hídrica. Mas o que engloba essas
categorias? A seguir, você vai ver um pequeno resumo de cada uma.

Distribuição de água potável


A água é um componente essencial do nosso corpo e desempenha um papel
vital na manutenção do nosso equilíbrio. De acordo com Von Sperling (2005)
e Marengo (2008), entre os principais usos da água estão o abastecimento
doméstico, o abastecimento industrial, a irrigação, a dessedentação do homem
e dos animais, a preservação da flora e da fauna, a recreação e lazer, a criação
de espécies, a geração de energia elétrica, a navegação, a harmonia paisagística
e a diluição e transporte de despejos.
Na América Latina, a agricultura se destaca como principal consumidora
de água. A área industrial ocupa o segundo lugar, seguida do uso doméstico.
O consumo diário de água é muito variável ao redor do globo. Além da dis-
ponibilidade do local, o consumo médio de água está fortemente relacionado
ao nível de desenvolvimento do país e ao nível de renda das pessoas. Uma
pessoa necessita de, pelo menos, 40 litros de água por dia para beber, tomar
banho, escovar os dentes, lavar as mãos, cozinhar, etc.
10 Diretrizes Nacionais de Saneamento Básico – Parte II

Em território brasileiro encontram-se 12% da água doce do mundo, porém ela não
está igualmente distribuída. No Norte encontram-se 68,5% dos recursos hídricos, já no
Nordeste, apenas 3,3% de água são encontrados, Sudeste 6%, Sul 6,5% e Centro-oeste
15,7% (TOMAZ, 2001; BOTEGA, 2007).
No Brasil, a região hidrográfica amazônica detém 73,6% dos recursos hídricos su-
perficiais. Ou seja, a vazão média dessa região é quase três vezes maior que a soma
das vazões das demais regiões hidrográficas. A segunda maior região, em termos de
disponibilidade hídrica, é a do Tocantins/Araguaia, com 13.624 m3 /s (7,6%), seguida da
região do Paraná, com 11.453 m3 /s (6,4%). As bacias com menor vazão são, respecti-
vamente: Parnaíba, com 763 m3 /s (0,4%); Atlântico Nordeste Oriental, com 779 m3 /s
(0,4%) e Atlântico Leste, com 1.492 m3 /s (0,8%).

Coleta e tratamento de esgoto


Esgoto consiste em resíduos líquidos provenientes de diversas atividades que,
em sua maioria, utilizam água em áreas como cozinha e sanitários. Os esgotos
domésticos contém aproximadamente 99,9 % de água, sendo o restante (0,1 %)
composto de sólidos orgânicos e inorgânicos, bem como de microrganismos
(bactérias, fungos, protozoários, vírus e helmintos). Apesar da baixa porcen-
tagem de poluentes, necessitam ser tratados antes de serem lançados no meio
ambiente (ROSA; FRACETO; MOSCHINI-CARLOS, 2012).
As unidades de tratamento de esgoto são conhecida como ETE (Estação de
Tratamento de Esgoto), onde a água suja passa por vários tipos de tratamento,
que variam de empresa para empresa. O sistema de coleta é caracterizado
pelas instalações prediais de esgotos sanitários e pelos componentes de uma
rede pública de coletores de esgotos (Figura 1).
Diretrizes Nacionais de Saneamento Básico – Parte II 11

Figura 1. Sistema de esgoto sanitário.


Fonte: HIDROSAM (2018).

Muitas zonas rurais ou imóveis isolados das grandes cidades ainda sofrem com a falta
de tratamento correto de esgoto. A fossa séptica pode ser uma importante aliada para
solucionar esse problema. dela é um reservatório subterrâneo para o qual o esgoto
é destinado. Essa unidade trata o esgoto, realizando a separação físico-química da
matéria sólida e, posteriormente, conduz os materiais, já livres de contaminação, a um
sumidouro — poços profundos que permitem a entrada dos efluentes.

Coleta e manejo de resíduos sólidos


A coleta seletiva é o primeiro e o mais importante passo para encaminhar os
vários tipos de resíduos para reciclagem ou destinação final ambientalmente
correta, pois o resíduo separado corretamente deixa de ser lixo. A coleta
seletiva de lixo é de extrema importância para a sociedade. Com ela, todos os
resíduos são devidamente descartados e evita-se a poluição do solo e dos lençóis
12 Diretrizes Nacionais de Saneamento Básico – Parte II

freáticos, além da poluição das ruas e esgotos, que pode causar enchentes e,
consequentemente, grandes prejuízos aos cofres públicos e aos moradores das
cidades (ROSA; FRACETO; MOSCHINI-CARLOS, 2012).

Drenagem e manejo das águas pluviais urbanas


O sistema de drenagem e manejo de águas pluviais urbanas pode ser definido
como o conjunto de obras, equipamentos e serviços projetados para receber o
escoamento superficial das águas da chuva que caem nas áreas urbanas. A água
da chuva é coletada nas ruas, estacionamentos e áreas verdes e encaminhada
aos córregos, lagos ou rios. Para manter o sistema em funcionamento, algumas
ações simples são essenciais:

 evitar o descarte de lixo nas ruas;


 não fazer ligações de esgoto na rede pluvial;
 manter áreas permeáveis nos lotes.

A Figura 2 ilustra uma possível consequência da ineficiência da drenagem


de águas pluviais urbanas.

Figura 2. As enchentes podem ser uma consequência da drenagem de águas


pluviais urbanas ineficiente.
Fonte: AMFPhotography/Shutterstock.com
Diretrizes Nacionais de Saneamento Básico – Parte II 13

Segundo Castro et al. (2003), a principal causa das enchentes é a ocor-


rência de chuvas intensas e concentradas. Entretanto, também podem estar
relacionadas com causas indiretas, como o assoreamento dos rios, a redução
da capacidade de infiltração do solo, o estrangulamento dos leitos dos rios e
o rompimento de barragens. Frank e Sevegnani (2009) comentam que não são
apenas os eventos intensos que provocam enchentes — elas estão relacionadas
também com a saturação de umidade do solo, devido a precipitações com
intensidades menores.

1. Conforme o art. 2º da Lei nº. conjunto de serviços, infraestruturas


11.445/07, os serviços públicos e instalações operacionais de:
de saneamento básico serão a) abastecimento de água potável,
prestados com base nos seguintes constituído pelas atividades,
princípios fundamentais: infraestruturas e instalações
a) utilização de tecnologias necessárias ao abastecimento
apropriadas, considerando público de água potável, desde
apenas a capacidade de a captação até as ligações
pagamento dos usuários. prediais e os respectivos
b) abastecimento de água, instrumentos de medição.
esgotamento sanitário, limpeza b) limpeza urbana e manejo de
urbana e manejo dos resíduos resíduos sólidos: conjunto de
sólidos realizados de formas atividades, infraestruturas e
adequadas à saúde pública e à instalações operacionais de
proteção do meio ambiente. coleta e tratamento e destino
c) disponibilidade, em todas as final do lixo doméstico e do
áreas rurais, de serviços de lixo originário da varrição
drenagem e de manejo das e limpeza de logradouros
águas pluviais adequados à e de vias públicas.
saúde pública e à segurança c) drenagem e manejo das
da vida e do patrimônio águas pluviais urbanas, sendo
público e privado. o conjunto de atividades,
d) integração das infraestruturas infraestruturas e instalações
e produtos com a gestão operacionais de drenagem
eficiente dos recursos hídricos. urbana de águas pluviais,
e) adoção de métodos, técnicas tratamento e disposição final
e processos que considerem das águas pluviais drenadas
apenas as peculiaridades locais. nas áreas urbanas.
2. Para efeitos da Lei nº. 11.445/2007, d) a universalização, sendo a
considera-se saneamento básico o ampliação progressiva do
14 Diretrizes Nacionais de Saneamento Básico – Parte II

acesso de todos os domicílios dos esgotos sanitários desde


ocupados ao saneamento básico, as ligações prediais até a
localizados em zonas rurais. metade do processo.
e) localidades de pequeno porte, e) O esgotamento sanitário é
como vilas, aglomerados rurais, constituído pelas atividades,
povoados, núcleos, lugarejos, infraestruturas e instalações de
exceto as aldeias, assim definidos transporte desde as ligações
pela Fundação Instituto Brasileiro prediais até o seu lançamento
de Geografia e Estatística (IBGE). final no meio ambiente.
3. Para efeitos da Lei nº. 11.445/2007, 4. Conforme Capítulo IV, Do
assinale a alternativa que define Planejamento, da Lei nº. 11.445/07,
corretamente esgotamento sanitário. art. 19, a prestação de serviços
a) O esgotamento sanitário é públicos de saneamento básico
constituído pelas atividades, observará o plano, que poderá
infraestruturas e instalações ser específico para cada serviço
operacionais de coleta, e terá a seguinte abrangência:
transporte, tratamento e a) o plano não poderá ser
disposição final adequados específico para cada serviço, e
dos esgotos sanitários, deve sim abranger, no mínimo,
desde as ligações prediais o diagnóstico da situação e de
até o seu lançamento final seus impactos nas condições
no meio ambiente. de vida, utilizando sistema
b) O esgotamento sanitário é de indicadores sanitários,
constituído pelas atividades, epidemiológicos, ambientais e
infraestruturas e instalações socioeconômicos, e apontando
operacionais de coleta e as causas das deficiências
disposição final adequados detectadas; os objetivos e metas
dos esgotos sanitários, de curto e longo prazos para a
desde as ligações prediais universalização; os programas,
até o seu lançamento final projetos e ações necessários para
no meio ambiente. atingir os objetivos e as metas;
c) O esgotamento sanitário é as ações para emergências e
constituído pelas atividades, contingências; os mecanismos
infraestruturas e instalações e procedimentos para a
operacionais de coleta, avaliação sistemática da eficácia
transporte, tratamento das ações programadas.
dos esgotos sanitários, b) o plano poderá ser específico
desde as ligações prediais para cada serviço, e deve
até o seu lançamento final sim abranger, no mínimo, o
no meio ambiente. diagnóstico da situação e de
d) O esgotamento sanitário é seus impactos nas condições
constituído pelas atividades, de vida, utilizando sistema
infraestruturas e instalações de indicadores sanitários,
operacionais de tratamento epidemiológicos, ambientais e
Diretrizes Nacionais de Saneamento Básico – Parte II 15

socioeconômicos, e apontando atingir os objetivos e as metas;


as causas das deficiências as ações para emergências; os
detectadas; os objetivos e metas mecanismos e procedimentos
de curto e longo prazos para a para a avaliação sistemática
universalização; os programas, da eficiência e da eficácia
projetos e ações necessárias para das ações programadas.
atingir os objetivos e as metas; e) o plano deve incluir o
as ações para emergências e diagnóstico da situação e de seus
contingências; os mecanismos e impactos nas condições de vida,
procedimentos para a avaliação utilizando sistema de indicadores
sistemática da eficiência e sanitários, epidemiológicos,
eficácia das ações programadas. ambientais e socioeconômicos,
c) o plano poderá ser específico e apontando as causas das
para cada serviço, e deve, deficiências detectadas; os
sim, abranger, no mínimo, o objetivos e metas de curto,
diagnóstico da situação e de seus médio e longo prazos para a
impactos nas condições de vida, universalização; os programas,
utilizando sistema de indicadores projetos e ações necessárias para
sanitários, epidemiológicos, atingir os objetivos e as metas;
ambientais e socioeconômicos, as ações para emergências e
e apontando as causas das contingências; os mecanismos e
deficiências detectadas; os procedimentos para a avaliação
objetivos e metas de curto, sistemática da eficiência e
médio e longo prazos para a eficácia das ações programadas.
universalização; os programas, 5. Conforme Capítulo IX, Da Política
projetos e ações necessárias para Federal de Saneamento Básico,
atingir os objetivos e as metas; da Lei nº. 11.445/07, art. 48, a
as ações para contingências; os União, no estabelecimento de sua
mecanismos e procedimentos política de saneamento básico,
para a avaliação sistemática observará as seguintes diretrizes:
da eficiência e da eficácia a) adoção de uma referência para
das ações programadas. o planejamento das ações,
d) o plano deve incluir o exceto a bacia hidrográfica.
diagnóstico da situação e de b) prioridade para as ações
seus impactos nas condições que promovam a equidade
de vida, utilizando sistema social e territorial no acesso
de indicadores sanitários, ao saneamento básico.
epidemiológicos, ambientais e c) melhoria da qualidade de vida
socioeconômicos, e apontando e das condições ambientais.
as causas das deficiências d) utilização de indicadores
detectadas; os objetivos e epidemiológicos e de
metas de curto prazo para a desenvolvimento social no
universalização; os programas, planejamento das suas ações
projetos e ações necessárias para de saneamento básico.
16 Diretrizes Nacionais de Saneamento Básico – Parte II

e) fomento ao desenvolvimento à adoção de tecnologias


científico e tecnológico e apropriadas.

BRASIL. Fundação Nacional de Saúde. Política e plano municipal de saneamento básico.


Brasília, DF: FUNASA, 2012.
BRASIL. Lei nº. 11.445, de 5 de janeiro de 2007. Estabelece diretrizes nacionais para o
saneamento básico; altera as Leis nos 6.766, de 19 de dezembro de 1979, 8.036, de
11 de maio de 1990, 8.666, de 21 de junho de 1993, 8.987, de 13 de fevereiro de 1995;
revoga a Lei no 6.528, de 11 de maio de 1978; e dá outras providências. Brasília, DF,
2007. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/lei/
l11445.htm>. Acesso em: 13 jun. 2018.
BOTEGA, G. C. C. Estudo e proposta de reciclagem das águas em indústria alimentícia.
Lajeado, RS: Centro Universitário Univates, 2007.
CASTRO, A. L. C. et al. Manual de desastres: desastres naturais. Brasília, DF: Ministério
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Blumenau, SC: Agência de Água do Vale do Itajaí, 2009.
HIDROSAM. Saneamento básico e sua relação com o meio ambiente. 2018. Disponível
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nível em: http://www.tratabrasil.org.br/blog/2016/06/06/a-importancia-da-politica-
de-saneamento-basico/. Acessado em: 19 de maio de 2018.
MARENGO, J. A., Água e mudanças climáticas. São Paulo: Instituto de Estudos Avançados
da Universidade de São Paulo, 2008.
PEREIRA JÚNIOR, J. de S. Aplicabilidade da lei 11.445/2007: diretrizes nacionais para
o saneamento básico. Brasília, DF, 2008. Disponível em: <http://www.daaerioclaro.
sp.gov.br/arquivos/regulacao/04-A-aplicacao-da-Lei-de-Saneamento-2.pdf>. Acesso
em: 21 maio 2018.
ROSA, A. H.; FRACETO, L. F.; MOSCHINI-CARLOS, V. (Org.). Meio ambiente e sustentabi-
lidade. Porto Alegre: Bookman, 2012.
TOMAZ, P. Economia de água: para empresas e residenciais. São Paulo: Navegar, 2001.
VON SPERLING, M. V. Introdução à qualidade das águas e ao tratamento de esgotos.
3. ed. Belo Horizonte: UMFG, 2005. (Princípios do tratamento biológico de águas
residuárias, 1).
Conteúdo:
DICA DO PROFESSOR

O vídeo a seguir apresenta tópicos importantes preconizados na Lei no 11.445/07 e relacionados


aos quatro eixos do saneamento: abastecimento de água, esgotamento sanitário, limpeza urbana
e drenagem de águas superficiais.

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EXERCÍCIOS

1) Conforme o Art. 2o da Lei 11.445/07, os serviços públicos de saneamento básico serão


prestados com base nos seguintes princípios fundamentais:

A) utilização de tecnologias apropriadas, considerando apenas a capacidade de pagamento dos


usuários.

B) abastecimento de água, esgotamento sanitário, limpeza urbana e manejo dos resíduos


sólidos realizados de formas adequadas à saúde pública e à proteção do meio ambiente.

C) disponibilidade, em todas as áreas rurais, de serviços de drenagem e de manejo das águas


pluviais adequados à saúde pública e à segurança da vida e do patrimônio público e
privado.

D) integração das infraestruturas e produtos com a gestão eficiente dos recursos hídricos.

E) adoção de métodos, técnicas e processos que considerem apenas as peculiaridades locais.

2) Para os efeitos da Lei no 11.445/2007, considera-se saneamento básico o conjunto de


serviços, infraestruturas e instalações operacionais de:

A) abastecimento de água potável, constituído pelas atividades, infraestruturas e instalações


necessárias ao abastecimento público de água potável, desde a captação até as ligações
prediais e os respectivos instrumentos de medição.

B) limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos: conjunto de atividades, infraestruturas e


instalações operacionais de coleta e tratamento e destino final do lixo doméstico e do lixo
originário da varrição e limpeza de logradouros e de vias públicas.

C) drenagem e manejo das águas pluviais urbanas, sendo o conjunto de atividades,


infraestruturas e instalações operacionais de drenagem urbana de águas pluviais,
tratamento e disposição final das águas pluviais drenadas nas áreas urbanas.

D) a universalização, sendo a ampliação progressiva do acesso de todos os domicílios


ocupados ao saneamento básico, localizados em zonas rurais.

E) localidade de pequeno porte, como vilas, aglomerados rurais, povoados, núcleos,


lugarejos, exceto as aldeias, assim definidos pela Fundação Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE).

3) Para os efeitos da Lei no 11.445/2007, assinale a alternativa que define corretamente


esgotamento sanitário.

A) O esgotamento sanitário é constituído pelas atividades, infraestruturas e instalações


operacionais de coleta, transporte, tratamento e disposição final adequados dos esgotos
sanitários, desde as ligações prediais até o seu lançamento final no meio ambiente.

B) O esgotamento sanitário é constituído pelas atividades, infraestruturas e instalações


operacionais de coleta e disposição final adequados dos esgotos sanitários, desde as
ligações prediais até o seu lançamento final no meio ambiente.

C) O esgotamento sanitário é constituído pelas atividades, infraestruturas e instalações


operacionais de coleta, transporte, tratamento dos esgotos sanitários, desde as ligações
prediais até o seu lançamento final no meio ambiente.
D) O esgotamento sanitário é constituído pelas atividades, infraestruturas e instalações
operacionais de tratamento dos esgotos sanitários desde as ligações prediais até a metade
do processo.

E) O esgotamento sanitário é constituído pelas atividades, infraestruturas e instalações de


transporte desde as ligações prediais até o seu lançamento final no meio ambiente.

4) Conforme Capítulo IV - Do Planejamento - Lei no 11.445/07, Art. 19, a prestação de


serviços públicos de saneamento básico observará plano, que poderá ser específico
para cada serviço, o qual abrangerá, no mínimo:

A) O plano não poderá ser específico para cada serviço, sendo que deve sim abranger no
mínimo, o diagnóstico da situação e de seus impactos nas condições de vida, utilizando
sistema de indicadores sanitários, epidemiológicos, ambientais e socioeconômicos e
apontando as causas das deficiências detectadas; Objetivos e metas de curto e longo prazos
para a universalização; Programas, projetos e ações necessárias para atingir os objetivos e
as metas; Ações para emergências e contingências; Mecanismos e procedimentos para a
avaliação sistemática da eficácia das ações programadas.

B) O plano, poderá ser específico para cada serviço, sendo que deve, sim, abranger, no
mínimo, o diagnóstico da situação e de seus impactos nas condições de vida, utilizando
sistema de indicadores sanitários, epidemiológicos, ambientais e socioeconômicos e
apontando as causas das deficiências detectadas; objetivos e metas de curto e longo prazos
para a universalização; programas, projetos e ações necessárias para atingir os objetivos e
as metas; ações para emergências e contingências; mecanismos e procedimentos para a
avaliação sistemática da eficiência e eficácia das ações programadas.

C) O plano poderá ser específico para cada serviço, sendo que deve, sim, abranger, no
mínimo, o diagnóstico da situação e de seus impactos nas condições de vida, utilizando
sistema de indicadores sanitários, epidemiológicos, ambientais e socioeconômicos e
apontando as causas das deficiências detectadas; objetivos e metas de curto, médio e longo
prazos para a universalização; programas, projetos e ações necessárias para atingir os
objetivos e as metas; ações para contingências; mecanismos e procedimentos para a
avaliação sistemática da eficiência e da eficácia das ações programadas.
D) O diagnóstico da situação e de seus impactos nas condições de vida, utilizando sistema de
indicadores sanitários, epidemiológicos, ambientais e socioeconômicos e apontando as
causas das deficiências detectadas; objetivos e metas de curto prazo para a universalização;
programas, projetos e ações necessárias para atingir os objetivos e as metas; ações para
emergências; mecanismos e procedimentos para a avaliação sistemática da eficiência e da
eficácia das ações programadas.

E) O diagnóstico da situação e de seus impactos nas condições de vida, utilizando sistema de


indicadores sanitários, epidemiológicos, ambientais e socioeconômicos e apontando as
causas das deficiências detectadas; objetivos e metas de curto, médio e longo prazos para a
universalização; programas, projetos e ações necessárias para atingir os objetivos e as
metas; ações para emergências e contingências; mecanismos e procedimentos para a
avaliação sistemática da eficiência e eficácia das ações programadas.

5) Conforme Capítulo IX - Da Política Federal de Saneamento Básico - Lei no


11.445/07, Art. 48. A União, no estabelecimento de sua política de saneamento básico,
observará as seguintes diretrizes:

A) Adoção de uma referência para o planejamento das ações, exceto a bacia hidrográfica.

B) Prioridade para as ações que promovam a equidade social e territorial no acesso ao


saneamento básico.

C) Melhoria da qualidade de vida e das condições ambientais.

D) Utilização de indicadores epidemiológicos e de desenvolvimento social no planejamento


das suas ações de saneamento básico.

E) Fomento ao desenvolvimento científico e tecnológico, à adoção de tecnologias


apropriadas.
NA PRÁTICA

Veja o exemplo, na prática, de um projeto viável, que traça diretrizes a respeito da limpeza
urbana de um município, começando, primeiro, por um grande bairro, a fim de testar a
eficiência da iniciativa:

O descarte irregular será proibido tanto em áreas públicas quanto em particulares.

SAIBA MAIS

Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do
professor:

Lei no 11.445, de 5 de janeiro de 2007:

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LEITE, Carlos. Cidades sustentáveis, cidades inteligentes: desenvolvimento sustentável


num planeta urbano. Porto Alegre: Bookman, 2012.
Poluição e danos à microbiota

APRESENTAÇÃO

Biorremediação é o processo que consiste na aplicação de técnicas biodegradáveis para


recuperar e regenerar ambientes. Nesse processo, utilizam-se organismos vivos, com o intuito de
reduzir, de remover ou de remediar contaminações no ecossistema.

Nesta Unidade de Aprendizagem, serão abordadas as alterações antrópicas e os danos causados


à microbiota, com ênfase nos processos de biorremediação tanto em solos quanto em efluentes.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Analisar aspectos poluidores e os principais danos causados à microbiota.


• Identificar técnicas de biorremediação (em solos).
• Correlacionar impactos ambientais aos danos à microbiota, identificando funções
microbiológicas.

DESAFIO

Você, na condição de gestor ambiental, atualmente ocupa um cargo em uma empresa de


consultoria. Um dos projetos dos quais você participa diz respeito à biorremediação de uma área
contaminada por hidrocarbonetos aromáticos policíclicos do petróleo (carcinogênico e
mutagênico). Esta área localiza-se em zona urbana e há a necessidade de realizar trabalhos de
educação ambiental na comunidade, para evitar riscos de contaminação e explicar à população o
que está sendo realizado no solo.

Para começar o trabalho junto à comunidade, será ministrada uma palestra. Elabore um desenho
ilustrativo para exemplificar e para explicar os principais tópicos sobre biorremediação de solos,
ciente de que seu desafio é elaborar o esquema apenas com um quadro e pincéis atômicos.

Lembre-se:
- As estratégias de biorremediação incluem: a utilização de microrganismos autóctones, ou seja,
do próprio local, sem qualquer interferência de tecnologias ativas de remediação
(biorremediação intrínseca ou natural); a adição de agentes estimulantes (bioestimulação), como
o oxigênio e os biossurfactantes; e a inoculação de consórcios microbianos enriquecidos
(bioaumento);

- Os produtos finais de uma biorremediação efetiva são nitratos, sulfatos, fosfatos, formas
amoniacais, água, gás carbônico e outros compostos inorgânicos resultantes do processo de
mineralização. Esses compostos não apresentam toxicidade e podem ser incorporados ao
ambiente sem prejuízo aos organismos vivos.

INFOGRÁFICO

No infográfico a seguir, apresenta-se o funcionamento básico do processo de biorremediação em


solos, com ênfase nas ações microbiológicas envolvidas.

CONTEÚDO DO LIVRO

Acompanhe os trechos de Recuperação mineral e drenado ácido de mina a Degradação de


hidrocarbonetos armazenados do livro Microbiologia de Brock, que aborda processos do
trabalho microbiológico em solos contaminados por produtos tóxicos.

Boa leitura.
Obra originalmente publicada sob o título Brock biology of microorganisms, 14th edition
ISBN 9780321897398

Authorized translation from the English language edition, entitled BROCK BIOLOGY OF MICROOGANISMS, 14th Edition by
MICHAEL MADIGAN; JOHN MARTINKO; KELLY BENDER; DANIEL BUCKLEY; DAVID STAHL, published by Pearson
Education,Inc., publishing as Benjamin Cummings, Copyright © 2015. All rights reserved. No part of this book may be reproduced or
transmitted in any form or by any means, electronic or mechanical, including photocopying, recording or by any information storage
retrieval system, without permission from Pearson Education,Inc.
Portuguese language edition published by Grupo A Educação S.A.,Copyright © 2016.

Tradução autorizada a partir do original em língua inglesa da obra intitulada BROCK BIOLOGY OF MICROOGANISMS, 14ª Edição,
autoria de MICHAEL MADIGAN; JOHN MARTINKO; KELLY BENDER; DANIEL BUCKLEY; DAVID STAHL, publicado por Pearson
Education, Inc., sob o selo de Benjamin Cummings, Copyright © 2015. Todos os direitos reservados. Este livro não poderá ser reprodu-
zido nem em parte nem na íntegra, nem ter partes ou sua íntegra armazenado em qualquer meio, seja mecânico ou eletrônico, inclusive
fotorreprogravação, sem permissão da Pearson Education,Inc.
A edição em língua portuguesa desta obra é publicada por Grupo A Educação S.A., Copyright © 2016

Gerente editorial: Letícia Bispo de Lima

Colaboraram nesta edição:

Editora: Simone de Fraga

Arte sobre capa original: Márcio Monticelli

Preparação de originais: Carla Romanelli e Marquieli Oliveira

Leitura final: Carine Garcia Prates

Editoração: Techbooks

M626 Microbiologia de Brock [recurso eletrônico] / Michael T.


Madigan ... [et al.] ; [tradução : Alice Freitas Versiani ... [et
al.] ; revisão técnica: Flávio Guimarães da Fonseca]. – 14. ed.
– Porto Alegre : Artmed, 2016.

Editado como livro impresso em 2016.


ISBN 978-85-8271-298-6

1. Biologia. 2. Microbiologia. I. Madigan, Michael T.

CDU 579

Catalogação na publicação: Poliana Sanchez de Araujo CRB-10/2094

Reservados todos os direitos de publicação, em língua portuguesa, à


ARTMED EDITORA LTDA., uma empresa do GRUPO A EDUCAÇÃO S.A.
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90040-340 – Porto Alegre – RS
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650 U N I D A D E 4 • E C O L O G I A M I C R O B I A N A E M I C R O B I O L O G I A A M B I E N TA L

Este capítulo aborda a microbiologia dos sistemas construídos. Um exemplo notável de uma atividade indesejável é a cor-
Estes incluem a infraestrutura para distribuição e tratamen- rosão microbiana de ductos utilizados para a transmissão de
to de água potável e água de rejeitos, transmissão de gás e água de rejeitos, água potável e óleo. Estes são processos na-
óleo, materiais de construção e ambientes modificados para turais em que os microrganismos simplesmente exploram os
extração mineral ou para limpeza de poluentes. Os sistemas recursos que são fornecidos a eles no ambiente construído. In-
construídos criam novos hábitats microbianos, promovendo fraestruturas essenciais custando bilhões de dólares são perdi-
atividades microbianas desejadas e indesejadas. Exemplos de das todos os anos pela corrosão microbiológica. Por exemplo,
sistemas destinados a selecionar atividades microbianas dese- a Associação Americana de Engenheiros Civis estima que nos
jáveis incluem a construção de reatores biológicos para o trata- próximos 30 anos cerca de 30% do sistema de distribuição de
mento de água de rejeitos e a estimulação da atividade micro- água potável nos Estados Unidos terá que ser substituído por
biana em aquíferos para limpar poluentes ambientais. um custo anual de US$ 11 bilhões.

I ∙ Recuperação mineral e drenado ácido de mina


A capacidade biogeoquímica dos microrganismos parece
quase ilimitada, muitas vezes é dito que os microrganismos
são “os maiores químicos da Terra”. A atividade desses peque-
operações de mineração em grande escala. A lixiviação é es-
pecialmente útil para os minérios de cobre porque o sulfato
de cobre (CuSO4) formado durante a oxidação de minérios de
nos-grandes químicos tem sido explorada de várias maneiras. sulfureto de cobre é muito solúvel em água. Na realidade, cer-
Aqui, consideramos como as atividades microbianas ajudam a ca de um quarto de todo o cobre minerado ao redor do mundo
extrair metais valiosos de minérios de baixa qualidade. é obtido por processos de lixiviação.

21.1 Mineração com microrganismos O processo de lixiviação


Uma das formas mais comuns de ferro na natureza é a pirita A suscetibilidade à oxidação varia entre os minerais, sendo
(FeS2), que é muitas vezes presente em carvões betuminosos aqueles mais rapidamente oxidados os mais adequados à lixi-
e em minérios metálicos. O sulfeto (HS–) também forma mi- viação microbiana. Assim, minérios de sulfeto de ferro e de
nerais insolúveis com muitos metais, e muitos minérios como cobre, como a pirrotita (FeS) e a covelita (CuS), são pronta-
fontes destes metais são minérios de sulfeto. Se a concentração mente lixiviados, enquanto minérios de chumbo e molibdênio
do metal no minério for baixa, a extração do minério poderá o são em menor grau. No processo de lixiviação microbiana, o
ser economicamente viável somente se os metais de interes- minério de baixo teor é acumulado em uma grande pilha (a pi-
se forem primeiro concentrados por lixiviação microbiana lha de lixiviação), sendo uma solução diluída de ácido sulfú-
(Figura 21.1). O aumento da produção de ácido e a dissolução rico (pH 2) filtrada por meio da pilha (Figura 21.1). O líquido
de FeS2 por bactérias acidófilas, tais como Acidithiobacillus que emerge do fundo da pilha (Figura 21.1b) é rico em metais
ferrooxidans, é usado para lixiviar os minérios metálicos em dissolvidos e é transportado para uma planta de precipitação

T. D. Brock

(c)
T. D. Brock
T. D. Brock

(a) (b)

Figura 21.1 A lixiviação de minérios de cobre de baixo teor utilizan-


do bactérias oxidantes de ferro. (a) Uma típica pilha de lixiviação. O minério
de baixo teor foi triturado e despejado em uma grande pilha, com a área super-
ficial exposta o mais alto possível. Tubos distribuem a água ácida de lixiviação
sobre a superfície da pilha. A água ácida é filtrada lentamente, sendo escoada
na base. (b) Efluente de um despejo de lixiviação de cobre. A água ácida é
21 0
muito rica em Cu . (c) Recuperação de cobre na forma de cobre metálico (Cu )
T. D. Brock

21
pela passagem da água rica em Cu sobre ferro metálico, ao longo de uma
extensa calha. (d) Uma pequena pilha de cobre metálico removido da calha,
pronta para posterior purificação. (d)
CAPÍTULO 21 • MICROBIOLOGIA DOS AMBIENTES CONSTRUÍDOS 651

(Figura 21.1c) onde o metal desejado é precipitado e purificado do, agora rico em ferro férrico, é bombeado ao topo da pilha,
(Figura 21.1d).Em seguida, o líquido é bombeado de volta ao sendo o Fe31 utilizado para oxidar mais CuS (Figura 21.1). Des-
topo da pilha, sendo o ciclo repetido. Quando necessário, mais se modo, a operação de lixiviação total é mantida pela oxida-
ácido é acrescentado a fim de manter-se o pH baixo. ção de Fe21 a Fe31 pelas bactérias oxidantes de ferro.
Ilustramos a lixiviação microbiana do cobre com o miné- A temperatura elevada pode ser um problema nas opera-
rio de cobre comum CuS, no qual o cobre existe como Cu21. ções de lixiviação. A. ferrooxidans é mesof ílico, porém as tem-
A. ferrooxidans oxida o sulfeto de CuS para SO42–, liberando peraturas no interior da pilha de lixiviação podem elevar-se
Cu21, como mostrado na Figura 21.2. No entanto, essa reação espontaneamente devido ao calor originado pelas atividades mi-
também ocorre espontaneamente. Com efeito, a reação fun- crobianas. Assim, organismos quimiolitotróficos oxidantes de
damental na lixiviação do cobre não é a oxidação bacteriana ferro, como espécies termof ílicas de Thiobacillus, Leptospirillum
do sulfureto em CuS, mas a oxidação espontânea de sulfureto ferrooxidans e Sulfobacillus ou em temperaturas mais elevadas
de ferro férrico (Fe31) gerado a partir da oxidação bacteriana (60 a 80°C), o organismo Sulfolobus ( Seção 16.10), também
do ferro ferroso (Fe21) (Figura 21.2). Em qualquer minério de são importantes na lixiviação de minérios.
cobre, o FeS2 também está presente e a sua oxidação por bacté-
rias leva à formação de Fe31 (Figura 21.2). A reação espontânea Outros processos de lixiviação
de CuS com Fe31 ocorre na ausência de O2 e forma Cu21 mais microbiana: urânio e ouro
Fe21, importante para o processo de lixiviação, essa reação As bactérias também são utilizadas na lixiviação de urânio (U)
pode ocorrer em regiões profundas da pilha de lixiviação, em e minérios de ouro (Au). A. ferrooxidans oxida U41 em U61
que as condições são anóxicas. com o O2 como aceptor de elétrons. No entanto, a lixiviação
de U depende mais da oxidação abiótica de U41 pelo Fe31 com
Recuperação do metal A. ferrooxidans contribuindo para o processo principalmente
A planta de precipitação é o local onde o Cu21 é recuperado

UNIDADE 4
por meio da oxidação de Fe21 a Fe31, como na lixiviação do
a partir da solução de lixiviação (Figura 21.1c, d). Fragmentos cobre (Figura 21.2). A reação observada é a seguinte:
de ferro, Fe0, são adicionados ao tanque de precipitação para
recuperar o cobre a partir do líquido de lixiviação, por inter- UO2 1 Fe2 (SO4)3 S UO2SO4 1 2 FeSO4
médio da reação apresentada na parte inferior da Figura 21.2, (U41) (Fe31) (U61) (Fe21)
resultando novamente na formação de Fe21. Este líquido, rico
em Fe21, é transferido a um tanque de oxidação raso, onde Ao contrário de UO2, o sulfato de urânio (UO2SO4) formado
A. ferrooxidans desenvolve-se e oxida o Fe21 a Fe31. Esse líqui- é altamente solúvel, podendo ser recuperado por outros pro-
cessos.
Aspersão de solução ácida sobre CuS O ouro está geralmente presente na natureza em de-
Minério de cobre
de baixo teor pósitos associado a minerais contendo arsênio (As) e FeS2.
(CuS) A. ferrooxidans e bactérias relacionadas podem liberar os mi-
nerais de arsenopirita, liberando o ouro (Au) preso:
O minério de cobre pode ser oxidado por reações 2 FeAsS[Au] 1 7 O21 2 H2O 1 H2SO4 S Fe2(SO4)3
(1) dependentes de oxigênio e (2) independentes 1 2 H3AsO41 [Au]
de oxigênio, solubilizando o cobre:

1. CuS + 2 O2 Cu2+ + SO42– O Au é então complexado cm cianeto (CN–) pelo tradicional


2. CuS + 8 Fe3+ + 4 H2O
método de mineração de ouro. Ao contrário da lixiviação do
Cu2+ + 8 Fe2+ + SO42– + 8 H+ cobre, que é feita em uma enorme pilha (Figura 21.1 a), a li-
xiviação do ouro ocorre em tanques fechados e relativamente
Cu2+ solúvel Solução ácida bombeada pequenos (Figura 21.3), onde mais de 95% do ouro preso podem
Cu2+ de volta para o início da ser liberados. Além disso, os resíduos de As e CN– potencial-
pilha de lixiviação
mente tóxicos do processo de mineração são removidos no
Adição de biorreator de lixiviação do ouro. O arsênio é removido como
H2SO4
Recuperação de cobre metálico (Cu0) um precipitado férrico e o CN– é removido por sua oxidação
Fe0 + Cu2+ Cu0 + Fe2+
(Fe0 de fragmentos de aço)
bacteriana com CO2 com ureia em fases posteriores do proces-
Solução rica –
ácido Fe2+ so de recuperação de Au. Em pequena escala, a lixiviação no
biorreator microbiano tornou-se popular como uma alterna-
Tanque de
precipitação Fe2+ + 14 O2 + H+ Fe3+ + 12 H2O tiva às técnicas de mineração de ouro ambientalmente devas-
Leptospirillum ferrooxidans tadoras que deixam um rastro tóxico de As e CN– no local de
Acidithiobacillus ferrooxidans
Tanque de oxidação extração. Processos-piloto também estão sendo desenvolvidos
Cobre metálico (Cu0) para biorreatores de lixiviação de minério de zinco, chumbo
Figura 21.2 Organização de uma pilha de lixiviação e reações envol- e níquel.
vidas na lixiviação microbiana de minerais de sulfeto de cobre para pro-
duzir cobre metálico. A reação 1 ocorre biológica e quimicamente. A reação MINIQUESTIONÁRIO
2 é estritamente química e é a reação mais importante nos processos de lixi- • O que é necessário para oxidar CuS sob condições anaeróbias?
21
viação de cobre. Para que a reação 2 ocorra, é essencial que o Fe produzido a • Qual o papel-chave que Acidithiobacillus ferrooxidans
partir da oxidação do sulfeto em CuS a sulfato seja oxidado novamente a Fe31 desempenha no processo de lixiviação de cobre?
por organismos quimiolitotróficos de ferro (ver a química na lagoa de oxidação).
652 U N I D A D E 4 • E C O L O G I A M I C R O B I A N A E M I C R O B I O L O G I A A M B I E N TA L

Pirita Vapor de
carvão

Ashanti Goldfields Corp., Ghana


Figura 21.3 Biolixiviação de ouro. Tanques de lixiviação de ouro
em Gana (África). Dentro dos tanques, uma mistura de Acidithiobacillus

Ravin Donald
ferrooxidans, Acidithiobacillus thiooxidans, e Leptospirillum ferrooxidans solu-

T. D. Brock
biliza o mineral pirita/arsênio que contém ouro, liberando-o.
(a) (b)
21.2 Drenado ácido de mina
Ciclo de propagação
Embora a lixiviação microbiana tenha um enorme valor na
Reação de iniciação
mineração, o mesmo processo tem contribuído para extensa
destruição do meio ambiente onde as operações de mineração 1
FeS2 + 32_ O2 + H2O Fe2+ + 2 SO42– + H+
manejam ou eliminam de forma inadequada a pirita contida
nos depósitos de carvão e minerais. A oxidação bacteriana e Fe3+ Acidificação
Espontânea (Fe3+ é Bactérias ou
espontânea de sulfetos é a principal causa de drenado ácido oxidante para o ciclo de propagação) espontânea
de mina, um problema ambiental no mundo inteiro causado (c)
pelas operações de mineração de superf ície. Conforme des-
Figura 21.4 Carvão e pirita. (a) O carvão da formação de Black Mesa,
crito para a oxidação de sulfetos de cobre promovido pela no norte do Arizona (Estados Unidos); os discos esféricos de cor dourada (cerca
mineração microbiana (Seção 21.1), a oxidação de FeS2 é uma de 1 mm de diâmetro) são partículas de pirita (FeS2). (b) Um veio de carvão em
combinação de reações catalisadas quimicamente e por bac- uma operação de mineração de carvão de superfície. A exposição do carvão ao
térias, em que dois aceptores de elétrons participam do pro- oxigênio e a umidade estimula as atividades de bactérias oxidantes de ferro
31
cesso: O2 e Fe . Quando FeS2 é exposto primeiro em uma ex- crescendo na pirita presente no carvão. (c) Reações na degradação da pirita.
ploração de mineração (Figura 21.4b), uma reação química lenta A reação iniciadora originalmente não biológica prepara o ambiente para a oxi-
com O2 inicia (Figura 21.4c). Essa reação, chamada reação de dação bacteriana principalmente de Fe 21 a Fe31. O Fe31 ataca e oxida o FeS2 de
– –2
iniciação, leva a oxidação de HS a SO4 e o desenvolvimento maneira abiótica no ciclo de propagação.
21
de condições ácidas como Fe é liberado. A. ferrooxidans e
21 31 31
L. ferrooxidans em seguida oxidam Fe a Fe , e o Fe for- to, quando um mineral ou carvão for exposto (Figura 21.4b),
mado sob essas condições ácidas, sendo solúvel, reage espon- O2 e água são introduzidos, fazendo com que tanto a oxidação

taneamente com mais FeS2 e oxida o HS do ácido sulfúrico espontânea como a bacteriana de FeS2 seja possível. O ácido
(H2SO4), que imediatamente se dissocia em SO42– e H1: formado pode, então, lixiviar para sistemas aquáticos ao redor
FeS2 1 14 Fe
31
1 8 H2O S 15 Fe21 1 2 SO42– 1 16 H1 (Figura 21.5).
Quando o drenado ácido de mina é extenso e os níveis de
Novamente, as bactérias oxidam Fe21 a Fe31, e este Fe31 reage 21
Fe são altos, uma espécie altamente acidof ílica de arqueia,
com mais FeS2. Assim, existe uma taxa progressiva, aumentan-
do rapidamente o FeS2 que é oxidado, o chamado ciclo de pro-
pagação (Figura 21.4c). Em condições naturais, parte do Fe21
gerado pelas bactérias lixiviado para longe e é posteriormente
transportado por águas subterrâneas anóxicas em córregos
circunvizinhos. No entanto, a oxidação bacteriana ou espontâ-
21
nea do Fe ocorre em seguida nas correntes gasosas, como o
O2 está presente, o Fe(OH)3 insolúvel é formado.
Como vimos (Figura 21.4c), a quebra do FeS2, em última
análise, leva à formação de H2SO4 e Fe21; nas águas em que
estes produtos foram formados os valores de pH podem ser
inferiores a 1. A mistura de águas ácidas de minas em rios
(Figura 21.5) e lagos degrada seriamente a qualidade da água,
porque o ácido e os metais dissolvidos (além do ferro, há o alu-
T. D. Brock

mínio, e outros metais pesados, como cádmio e chumbo) são


tóxicos para os organismos aquáticos.
21 31
A exigência de O2 para a oxidação de Fe a Fe explica Figura 21.5 Drenado ácido de mina de uma operação de mineração
como o drenado ácido de mina se desenvolve. Se o material de superfície de carvão. A cor vermelho-amarelada é decorrente de óxidos
pirítico não for extraído, o FeS2 não pode ser oxidado porque o de ferro precipitados no escoamento (ver Figura 21.4c para as reações de dre-
O2, a água e as bactérias não conseguem alcançá-lo. No entan- nado ácido de minas).
CAPÍTULO 21 • MICROBIOLOGIA DOS AMBIENTES CONSTRUÍDOS 653

Ferroplasma, está presente. Este organismo aeróbio oxidan- MINIQUESTIONÁRIO


te de ferro é capaz de crescer em pH 0 e temperaturas de até • Em qual estado de oxidação está o mineral de ferro em
50°C. As células do Ferroplasma desprovidas de parede celular Fe(OH)3? Em FeS? Como o Fe(OH)3 é formado?
são filogeneticamente relacionadas com Thermoplasma, uma • Depósitos piríticos naturais, como jazidas de carvão subterrâneas,
célula sem parede e fortemente acidof ílica (mas quimiorgano- não contribuem para a drenado ácido de mina; por quê?
trófica) membro do Archaea ( Seção 16.3).

II ∙ Biorremediação
O termo biorremediação refere-se à limpeza microbiológia
de óleo, produtos químicos tóxicos ou outros poluentes
ambientais, geralmente por estimulação das atividades de
do material contaminado é impossível. Assim, a contenção é a
única opção real, e um objetivo comum na biorremediação de
poluentes inorgânicos é mudar a sua mobilidade, tornando-os
microrganismos nativos. Esses poluentes incluem materiais menos propensos a mover-se com as águas subterrâneas e as-
naturais, como produtos do petróleo, xenobióticos químicos sim contaminar ambientes no entorno. Aqui, consideraremos
e químicos sintéticos não produzidos por organismos na na- como o elemento radioativo urânio pode ser contido pelas ati-
tureza. vidades das bactérias.
Embora a biorremediação de muitas substâncias tóxicas
tenha sido proposta, a maioria do sucesso tem sido obtida em Biorremediação do urânio
limpar o derramamento de óleo bruto ou o escape de hidrocar- A contaminação de águas subterrâneas por urânio tem ocor-
bonetos dos tanques de armazenamento. Mais recentemente, rido em locais nos Estados Unidos e em outros lugares onde
a destruição do meio ambiente por poluentes clorados, como os minérios de urânio têm sido transformados ou armazenados

UNIDADE 4
solventes e pesticidas, tem levado ao uso da biorremediação (Figura 21.6), e o movimento de materiais radioativos externos
como um resultado da melhor compreensão da microbiologia. por meio de águas subterrâneas é uma ameaça para a saúde
Houve também crescente sucesso na biorremediação de am- humana e ambiental. Devido à contaminação ser muitas vezes
bientes contaminados com urânio, muitos dos quais são um generalizada, tornando os métodos mecânicos muito caros, mi-
legado do passado mal regulamentado da mineração de urânio crobiologistas uniram forças com engenheiros para desenvolver
para combustível nuclear e armas. tratamentos que exploram a capacidade de algumas bactérias
61 41 61
de reduzir U a U . O urânio como U é solúvel, enquanto
21.3 Biorremediação de ambientes 41
o U forma um mineral de urânio imóvel chamado uraninita,
limitando assim o movimento de U em águas subterrâneas e o
contaminados com urânio contato potencial com seres humanos e outros animais.
As principais classes de poluentes inorgânicos são os metais
e radionuclídeos que não podem ser destruídos, mas somen- Transformações bacterianas de urânio
te alterados na forma química. Muitas vezes, o nível de po- A principal estratégia para a imobilização de urânio tem sido
luição do meio ambiente é tão grande que a remoção f ísica usar bactérias para mudar o estado de oxidação do U nos
principais contaminantes de urânio para
uma forma que estabiliza o elemento. Nes-
se sentido, bactérias, incluindo as espécies
redutoras de metal Shewanella e Geobacter
( Seção 14.14) e a espécie Desulfovibrio
redutora de sulfato ( Seção 14.9), aco-
plam a oxidação da matéria orgânica e H2
61 41
para a redução de U para U .
Estudos de campo em que os doadores
de elétrons orgânicos têm sido injetados em
aquíferos contaminados por urânio para
61
estimular a redução de U demonstraram
que essa abordagem pode reduzir os níveis
de U abaixo dos padrões de água potável da
Agência de Proteção Ambiental dos Estados
Unidos, de 0,126 mM. No entanto, mesmo
que a uraninita seja estável em condições de
Ken Williams

redução, se as condições se tornarem óxicas,


ela reoxida. Assim, pesquisas de biorreme-
diação do urânio em curso são focadas em
Figura 21.6 Biorremediação de urânio. Uma unidade experimental em uma área contami-
nada com urânio no Departamento de Energia dos Estados Unidos. O carbono orgânico (acetato) está
questões para saber se o urânio reduzido por
sendo infundido no local (ver detalhe na foto) e desloca em águas subterrâneas na direção da seta microrganismos é estável, se a composição
mostrada na foto principal. O acetato é um doador de elétrons para a redução de U61 para U41, que das comunidades microbianas muda ou se
3– 31
imobiliza o urânio. oxidantes, como O2, NO , e Fe , são intro-
654 U N I D A D E 4 • E C O L O G I A M I C R O B I A N A E M I C R O B I O L O G I A A M B I E N TA L

duzidos por meio de águas subterrâneas. Esta é uma questão importante papel desempenhado pelas enzimas oxigenases ao
obviamente importante porque a estabilidade da uraninita introduzirem átomos de oxigênio em hidrocarbonetos. Aqui,
deve ser de longo prazo, devido à longa meia-vida de decai- enfocaremos os processos aeróbios, pois somente na presença
mento nuclear do urânio. de oxigênio as enzimas oxigenases tornam-se ativas e a oxida-
ção dos hidrocarbonetos é um processo rápido.
MINIQUESTIONÁRIO Diversas bactérias, alguns fungos e algumas cianobacté-
• Que reação, oxidação ou redução é a chave para a rias e algas verdes são capazes de oxidar produtos do petró-
biorremediação de urânio? leo aerobiamente. A poluição por óleo, em pequena escala,
• Por que a imobilização é uma boa estratégia para tratar a de ecossistemas aquáticos e terrestres a partir das atividades
poluição de urânio? humanas, assim como naturais, é muito comum. Microrga-
nismos oxidantes de petróleo desenvolvem-se rapidamente
em películas de óleo e manchas, e a oxidação de hidrocar-
21.4 Biorremediação de poluentes bonetos é mais extensa se a temperatura for quente e os su-
primentos de nutrientes inorgânicos (principalmente N e P)
orgânicos: hidrocarbonetos forem suficientes.
Os poluentes orgânicos, ao contrário dos poluentes inorgâ- Como o óleo é insolúvel em água e é menos denso, ele flu-
nicos, podem ser completamente degradados por microrga- tua para a superf ície, formando as manchas. Ali, as bactérias
nismos, eventualmente à CO2. Isto é válido para o petróleo que degradam hidrocarbonetos ligam-se a gotículas de óleo
liberado nos derramamentos de óleo (Figura 21.7), que pode (Figura 21.8), ocasionando no final a decomposição do óleo e
ser atacado por diferentes microrganismos. Estes organismos a dispersão da mancha. Determinadas espécies especializadas
têm sido expostos a misturas complexas de hidrocarbonetos na degradação do óleo, como Alcanivorax borkumensis, uma
por meio de infiltrações naturais de petróleo por milênios, bactéria que cresce somente a partir de hidrocarbonetos, áci-
assim, a maquinaria catabólica necessária para degradar este dos graxos ou piruvato, produzem surfactantes glicolipídicos
poluente natural tem evoluído. Ao contrário, poluentes xe- que auxiliam na degradação do óleo e promovem sua solubi-
nobióticos tendem a ser mais persistentes e são degradados lização. Uma vez solubilizado, o óleo pode ser captado mais
por grupos mais especializados de microrganismos. Nesta rapidamente e catabolizado como fonte de energia.
seção, vamos focar em hidrocarbonetos e na próxima seção, Em grandes derramamentos de óleo, as frações de hidro-
nos xenobióticos. carbonetos voláteis evaporam rapidamente, restando com-
ponentes aromáticos e alifáticos de cadeias médias a longas,
Biorremediação de petróleo e hidrocarbonetos os quais devem ser removidos pelas equipes de limpeza ou
O petróleo é uma fonte rica em matéria orgânica e, por isso, pela ação microbiana. Os microrganismos consomem o óleo
seus hidrocarbonetos são facilmente atacados por microrga- oxidando-o a CO2. Quando as atividades de biorremediação
nismos quando entra em contato com o ar e a umidade. Em são promovidas pela aplicação de nutrientes inorgânicos, as
determinadas circunstâncias, como em tanques de armazena- bactérias oxidantes de óleo geralmente se desenvolvem rapi-
mento em massa, o crescimento microbiano é indesejável. No damente em um derramamento de óleo (Figura 21.7b), e em
entanto, em derramamentos de petróleo, a biodegradação é condições ideais, 80% ou mais dos componentes não voláteis
desejável e pode ser promovida pela adição de nutrientes inor- do petróleo podem ser oxidados no prazo de um ano. No en-
gânicos para equilibrar o enorme fluxo de carbono orgânico a tanto, determinadas frações de óleo, como aquelas contendo
partir do óleo (Figura 21.7). hidrocarbonetos de cadeia ramificada ou policíclicos, perma-
A bioquímica do catabolismo do petróleo foi aborda- necem no ambiente por mais tempo. O óleo derramado que
da nas Seções 13.22-13.24. A biodegradação pode ser tanto migra para os sedimentos marinhos é degradado mais lenta-
anóxica quanto óxica. Em condições óxicas, enfatizamos o mente, podendo ser um importante impacto de longo prazo
Bassam Lahoud, Lebanese American University
US Environmental Protection Agency

US Environmental Protection Agency

(a) (b) (c)

Figura 21.7 Consequências ambientais de grandes derramamentos cos para estimular a biorremediação do óleo derramado por microrganismos,
de petróleo e o efeito da biorremediação. (a) Uma praia contaminada ao enquanto as áreas acima e à esquerda não foram tratadas. (c) Óleo derramado
longo da costa do Alasca, contendo óleo do vazamento do Exxon Valdez de no mar Mediterrâneo pela usina Jiyeh (Líbano) que fluiu para o porto de Byblos,
1989. (b) A região retangular central (seta) foi tratada com nutrientes inorgâni- durante a guerra de 2006, no Líbano.
CAPÍTULO 21 • MICROBIOLOGIA DOS AMBIENTES CONSTRUÍDOS 655

Bactérias
Gotículas
de óleo

T. D. Brock
Figura 21.8 Bactérias oxidantes de hidrocarbonetos associadas a
gotículas de óleo. As bactérias são concentradas em grandes números na
interface óleo-água, e não no interior da própria gotícula.

para a pesca e as atividades relacionadas, as quais dependem


de águas despoluídas para sua produtividade.
Uma exceção notável ao derramamento de óleo de super-
f ície mais comum foi o naufrágio da plataforma de petróleo
marítima Deepwater Horizon no Golfo do México em 2010, Figura 21.9 Tanques de armazenamento de petróleo. Os tanques de
que resultou na ruptura do poço, a uma profundidade de combustível muitas vezes suportam crescimento microbiano nas interfaces
1,5 km e na liberação de mais de 4 milhões de barris de óleo óleo-água.
no fundo do oceano ( Seção 19.9 e Figura 19.20). Aproxi-
madamente 35% da nuvem de hidrocarbonetos resultantes MINIQUESTIONÁRIO

UNIDADE 4
eram constituídos de componentes de baixo peso molecular • Por que as bactérias degradadoras de petróleo precisam se
e de gás natural (metano, etano, propano). A disponibilidade anexar à superfície de gotículas de óleo?
destes componentes do óleo facilmente degradados parece • O que é singular na fisiologia da bactéria Alcanivorax?
ter acelerado o processo de degradação natural, estimulando
o desenvolvimento de um grande aumento de bactérias com
capacidade para oxidar os componentes de hidrocarbone- 21.5 Biorremediação de poluentes
tos de fácil degradação e os mais recalcitrantes. Permanece
incerto se a decisão da indústria para promover a dispersão orgânicos: pesticidas e plásticos
do petróleo (que visava aumentar a área de superf ície e a bio- Ao contrário dos hidrocarbonetos, muitos produtos químicos
disponibilidade do óleo) por meio da injeção de milhares de que os seres humanos colocaram no ambiente nunca estive-
litros de dispersantes químicos diretamente na nuvem de hi- ram lá antes. Estes são os xenobióticos, e consideraremos sua
drocarbonetos realmente acelerou a degradação microbiana. degradação microbiana aqui.
Independentemente, apesar de alguns dos legados deste gran-
de derramamento de petróleo existirem, a maior parte do óleo Catabolismo de pesticidas
desapareceu a partir de uma combinação de volatilização e Xenobióticos incluem pesticidas, bifenilos policlorados (PCB),
atividades microbianas. munições, corantes e solventes clorados, entre muitos outros
produtos químicos. Alguns xenobióticos diferem quimica-
Degradação de hidrocarbonetos armazenados mente das estruturas que os organismos têm encontrado na
Interfaces, regiões onde o óleo e a água encontram-se, muitas natureza e os biodegradam muito lentamente, se degradados.
vezes ocorrem em grande escala. Além da água que é sepa- Outros xenobióticos são estruturalmente relacionados com
rada do óleo bruto durante o armazenamento e transporte, um ou mais compostos naturais e, algumas vezes, podem ser
a umidade pode condensar o interior dos tanques de arma- degradados lentamente por enzimas que normalmente degra-
zenamento de combustível em massa (Figura 21.9), onde há dam compostos naturais estruturalmente relacionados. Foca-
vazamentos. Esta água acumula-se eventualmente em uma mos aqui na biorremediação de pesticidas.
camada abaixo do petróleo. Tanques de armazenagem de ga- Mais de 1.000 tipos de pesticidas foram comercializados
solina e de óleo bruto são, portanto, potenciais hábitats para globalmente visando o controle químico de pragas. Os pesti-
microrganismos oxidantes de hidrocarboneto. Se existir sul- cidas incluem herbicidas, inseticidas e fungicidas. Os pestici-
2–
fato (SO4 ) suficiente no petróleo, como muitas vezes está no das podem ser de uma ampla variedade de tipos químicos, in-
óleo bruto, as bactérias redutoras de sulfato podem crescer em cluindo compostos clorados, aromáticos, compostos contendo
tanques consumindo hidrocarbonetos em condições anóxicas nitrogênio e fósforo (Figura 21.10). Algumas dessas substâncias
( Seções 13.24 e 14.9). O sulfureto (H2S) produzido é alta- podem ser utilizadas como fontes de carbono e doadores de
mente corrosivo e provoca corrosão e subsequente vazamento elétrons por microrganismos, enquanto outras não. Compos-
dos tanques juntamente com a acidificação do combustível. tos altamente clorados são normalmente os pesticidas mais
A degradação aeróbia dos componentes de combustível ar- resistentes ao ataque microbiano. No entanto, os compostos
mazenados é o menor dos problemas porque os tanques de relacionados podem variar consideravelmente na sua degra-
armazenamento são selados e o próprio combustível contém dabilidade. Por exemplo, os compostos clorados, tais como o
O2 pouco dissolvido. DDT, persistem relativamente inalterados durante anos nos
Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.
DICA DO PROFESSOR

No vídeo a seguir, apresentam-se os aspectos relacionados aos danos à MICROBIOTA,


abordando também a importância dos microrganismos; biorremediação em solos e conservação
da biodiversidade microbiana.

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EXERCÍCIOS

1) Entre os muitos danos à microbiota, os agroquímicos estão cada vez mais ganhando
destaque. A Resolução CONAMA nº 465, de 5 de dezembro de 2014, regulamenta a
destinação final ambientalmente adequada aos agrotóxicos e afins. Para estar
habilitado ao recebimento de embalagens contendo resíduos de agrotóxicos e afins, o
posto (ou central de recebimento) já em operação deverá requerer adequação por
meio de um documento, qual?

A) Atestado da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA).

B) Licença ambiental e/ou licenciamento ambiental.

C) Atestado do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis (IBAMA).

D) Atestado da Secretaria Municipal do Meio Ambiente (SMAM).

E) Licença Oficial do Ministério da Agricultura.

2) A microbiota está presente em uma série de processos, como o ciclo do carbono e o


ciclo do nitrogênio. E, ao se pensar de forma mais ampla, a grande transformação da
vida se dá exatamente por meio do trabalho de microrganismos, já que são eles que
realizam a reciclagem de restos mortais por meio da decomposição. É enorme a lista
de processos (ou de serviços ambientais) em que eles atuam. Alguns deles são tão
importantes que seria impossível pensar em vida na Terra caso eles não existissem.
Dentre os exemplos a seguir, qual NÃO se encaixa como função microbiana?

A) Fixação do nitrogênio e de hidrocarbonetos.

B) Equilíbrio ecológico.

C) Manutenção da flora e fauna.

D) Manutenção da biodiversidade.

E) Formação do solo e bioindicadores.

3) Com a Resolução CONAMA nº 420, de 28 de dezembro de 2009, o gerenciamento de


áreas contaminadas tornou-se factível, com adoção de medidas que assegurem o
conhecimento das características dessas áreas e dos impactos por ela causados,
proporcionando os instrumentos necessários à tomada de decisão quanto às formas
de intervenção mais adequadas. O princípio da prevenção deve ser adotado como
foco principal para proteção dos compartimentos ambientais, como forma de
garantir a funcionalidade do meio e a vida das espécies que nele habitam ou
usufruem, conforme os princípios tratados em qual documento nacional?

A) Lei de Diretrizes e Bases (LDB).

B) Declaração de Estocolmo da Organização das Nações Unidas (ONU) adaptada para o


Brasil.

C) Agenda 21 Brasileira.

D) Carta da Terra.
E) Política Nacional de Meio Ambiente.

4) Microrganismo compreende uma definição taxonômica que congrega grupos


variados de organismos unicelulares de dimensões microscópicas, que vivem na
natureza como células isoladas ou em agregados celulares, com bastante diversidade
morfológica. A seguir, estão citados alguns grupos. Quais deles NÃO pertencem à
categoria denominada como "microrganismo"?

A) Bactérias e arqueas.

B) Fungos microscópicos filamentosos e leveduras.

C) Protozoários.

D) Dinoflagelados.

E) Testudines e algas unicelulares.

5) Como a microbiota do solo é a principal responsável pela decomposição dos


compostos orgânicos, pela ciclagem de nutrientes e pelo fluxo de energia do solo, a
biomassa microbiana e sua atividade têm sido apontadas como as características mais
sensíveis às alterações na qualidade do solo, causadas por mudanças de uso e práticas
de manejo, como as promovidas pela aplicação de resíduos orgânicos. Dentre as
atividades antrópicas citadas a sehuir, qual delas NÃO causa danos à microbiota?

A) Extrativismo vegetal.

B) Distribuição seletiva de resíduos orgânicos (húmus - matéria orgânica).

C) Utilização de agroquímicos (fertilizantes, pesticidas e inseticidas).


D) Disposição direta no solo de resíduos sólidos da construção civil.

E) Disposição direta no solo de resíduos hospitalares.

NA PRÁTICA

Imagine que você atua como gestor ambiental de uma empresa do ramo da construção civil em
que são realizados trabalhos de remoção da vegetação e abertura da rede viária; para tanto, estão
previstas atividades de compactação de solos, em virtude do tráfego de maquinarias pesadas. Na
licença de instalação (LI) do referido empreendimento, não há observações sobre os possíveis
danos à microbiota.

SAIBA MAIS

Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do
professor:

Biorremediação de solos contaminados com hidrocarbonetos aromáticos policíclicos

Os hidrocarbonetos aromáticos policíclicos (HAPs) são compostos mutagênicos e


carcinogênicos aos humanos e aos animais que são introduzidos no ambiente em grandes
quantidades, devido às atividades relacionadas à extração, ao transporte, ao refino, à
transformação e à utilização do petróleo e de seus derivados.

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Biorremediação

A biorremediação é um processo no qual organismos vivos, normalmente plantas ou


microrganismos, são utilizados tecnologicamente para remover ou reduzir (remediar) poluentes
no ambiente. Leia mais no artigo a seguir.

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Microrganismos e saúde pública:
Significância Sanitária

APRESENTAÇÃO

Nesta Unidade de Aprendizagem, será estudada a importância da microbiologia na saúde


pública. Serão abordadas as relações dos microrganismos no saneamento, no impacto ambiental,
os vetores e os veículos de transmissão de doenças e as estratégias de prevenção.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Reconhecer a relação dos microrganismos na saúde pública e sua significância sanitária.


• Identificar as diferentes doenças relacionadas à saúde pública.
• Distinguir estratégias de prevenção adequadas às diferentes formas de contaminação.

DESAFIO

Você acaba de assumir um cargo público em um município do interior do estado. No momento,


ocorre um surto de diarreia em uma zona rural, e todos são convocados para uma reunião de
emergência. Sabendo que essa é uma questão de saúde pública, pois o destino dos dejetos das
residências em áreas rurais é o rio, seu desafio é propor uma solução que seja viável do ponto de
vista da eliminação do risco de contaminação, e que seja também economicamente viável e
biossustentável.

Não se esqueça de explicar rapidamente o processo sugerido.

INFOGRÁFICO

No infográfico a seguir, há uma síntese dos principais pontos de estudo desta Unidade de
Aprendizagem, que relaciona microrganismos com saúde pública.
CONTEÚDO DO LIVRO

O trecho selecionado a seguir é do livro Microbiologia de Brock, que traz, no capítulo 36,
"Tratamento da água de rejeitos, purificação da água e doenças microbianas transmitidas pela
água", mais detalhes sobre o tratamento e sobre a purificação da água. Leia o item 36.1 "Saúde
pública e qualidade da água" e o item 36.2 "Tratamento de água de rejeitos e esgotos".

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DICA DO PROFESSOR

O vídeo a seguir trata da qualidade da água como um fator importante para a saúde de uma
população. São abordados tópicos como os diversos componentes que podem alterar as
características da água e os fatores controladores da diversidade dos microrganismos no meio
aquático.

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EXERCÍCIOS
1) Uma das áreas em que o gestor ambiental pode atuar é no saneamento ambiental,
que consiste em:

A) controlar os fatores ambientais que podem exercer efeitos nocivos sobre o bem-estar,
físico, mental e social dos indivíduos.

B) gerenciar, administrar e conduzir as atividades econômicas e sociais das empresas, visando


ao desenvolvimento sustentável e ao uso racional de matérias-primas e dos recursos
naturais.

C) mudar o meio ambiente por meio da atividade humana.

D) uma série de normas que determinam diretrizes para garantir que determinada empresa
(pública ou privada) pratique a gestão ambiental.

E) Cuidar, evitando poluir as águas, separando o lixo, impedindo desastres ecológicos, como
queimadas e desmatamentos.

2) Mesmo a água que parece limpa pode estar contaminada com microrganismos, o que
é um problema de saúde pública. Para o controle da qualidade da água, há
procedimentos que permitem o monitoramento e a avaliação das condições da água.
Você sabe identificar os microrganismos que são indicadores de contaminação da
água?

A) Os aeróbios.

B) Os protozoários.

C) Os coliformes.

D) As algas.
E) Os aquáticos.

3) Tendo como foco a preocupação com a contaminação por microrganismos


patogênicos, o gestor ambiental deve estabelecer estratégias de prevenção. A água é
um veículo em potencial para a transmissão de doenças. Você consegue identificar
qual doença é transmitida pela água?

A) A leishmaniose.

B) A toxoplasmose.

C) A malária.

D) A giardiase.

E) O tétano.

4) A água de rejeitos originada do esgoto doméstico ou de fontes industriais não pode


ser lançada sem tratamento em rios ou lagos. Para remover ou neutralizar os
contaminantes, o tratamento de água pode utilizar processos físicos, químicos e
biológicos (microbiológicos). Você sabe identificar em qual fase do tratamento da
água são utilizados processos microbiológicos?

A) No tratamento primário.

B) No tratamento secundário.

C) No tratamento terciário.

D) Na purificação.
E) A desinfecção.

5) No caso de contaminação do solo, pode-se utilizar a técnica de biorremediação, que


consiste na utilização de microrganismos ou suas enzimas, plantas verdes ou fungos
na redução, eliminação ou transformação de poluentes presentes no solo. Para o
projeto de implantação de biorremediação, é necessária a análise dos seguintes
pontos de vista:

A) biológico, hidrológico, físico e geográfico.

B) químico, físico, hidrológico e geográfico.

C) químico, biológico, hidrológico e social.

D) físico, químico, biológico e social.

E) físico, químico, biológico e hidrológico.

NA PRÁTICA

A Secretaria Municipal de Saúde detectou um alto índice de contaminação na população por


doenças de origem microbiana transmitidas por meio da água contaminada e contratou você,
gestor ambiental, para resolver esse problema. A primeira providência que você toma é definir
pontos estratégicos de abastecimento de água na região e contatar um laboratório para a coleta
da água e identificação dos microrganismos causadores das patologias.

Os resultados apontaram para a contaminação na caixa de água da praça central por


espécies do gênero Shigella.
SAIBA MAIS

Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do
professor:

Microbiologia aplicada ao saneamento básico: Conceitos fundamentais e microbiologia de


sistemas anaeróbios:

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A vigilância da qualidade da água para consumo humano – desafios e perspectivas para o


Sistema Único de Saúde

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Acesso à água para consumo humano e aspectos de saúde pública na Amazônia Legal

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Conferência de Estocolmo

APRESENTAÇÃO

A Conferência de Estocolmo foi um dos primeiros movimentos histórico-políticos


internacionais, com foco nas tentativas de melhorias das relações homem e meio ambiente.
Buscava o equilíbrio entre desenvolvimento econômico e redução da degradação ambiental,
com o objetivo de atender às necessidades da população presente sem comprometer as gerações
futuras.

Nesta Unidade Aprendizagem, você vai conhecer as principais motivações para o encontro em
Estocolmo, em 1972, as principais mudanças, os acordos e o motivo de ela ter sido um marco
precursor dos movimentos socioambientais e humanitários.

Bons estudos.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Caracterizar a relevância da conferência como evento precursor dos movimentos


socioambientais, assim como as principais motivações, posicionamentos e problemáticas.
• Apontar os temas, os acordos, assim como os pontos altos e baixos abordados na
conferência.
• Estabelecer quais foram as realizações e os acordos voltados para o desenvolvimento
econômico, social e ambiental e o posicionamento de alguns países.

DESAFIO

Imagine que você é chefe de Estado de um país dito em desenvolvimento, e sua posição é uma
espécie de gestor socioambiental. Você é destinado a participar de um importante encontro
ambiental entre muitos países (entre eles, países mais ricos e ainda os em desenvolvimento). A
principal demanda desse evento é discutir e encontrar novas alternativas para a problemática da
degradação ambiental e escassez dos recursos naturais. É sabido que, em conferências como
essas, todos os presentes são pressionados a conduzir em seus países ações semelhantes.

INFOGRÁFICO

Nesse infográfico, você vai conhecer os principais pontos e o desfecho da Conferência de


Estocolmo.
CONTEÚDO DO LIVRO

Nesse capítulo, você vai estudar a Conferência de Estocolmo de 1972. A conferência foi um
encontro socioambiental em Estocolmo, na Suécia, tido como conferência "marco" do início dos
movimentos sociopolíticos ambientais. O foco eram as tentativas de melhorias das relações
homem e meio ambiente, buscando um desenvolvimento mais sustentável. Boa leitura!
RESPONSABILIDADE
SOCIOAMBIENTAL

Thais Miranda
UNIDADE 2
Conferência de Estocolmo
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

 Perceber a relevância da Conferência de Estocolmo, assim como as


principais motivações, posicionamentos e problemáticas, como evento
precursor nos movimentos socioambientais.
 Apontar os temas, acordos, assim como pontos altos e baixos, abor-
dados na Conferência.
 Estabelecer quais foram as realizações e acordos voltados aos desen-
volvimentos econômicos, sociais e ambientais e o posicionamento
de alguns países.

Introdução
Neste texto, você vai conhecer as principais motivações para o encontro
em Estocolmo em 1972, principais mudanças, acordos e o porquê ela foi
um marco precursor dos movimentos socioambientais e humanitários.
Foi um dos primeiros movimentos histórico-político internacional, com
foco nas tentativas de melhorias das relações homem e meio ambiente,
em busca do equilíbrio entre desenvolvimento econômico e redução
da degradação ambiental, visando atender necessidades da população
presente sem comprometer as gerações futuras.

Conferência como ponto de partida para os


movimentos socioambientais
A Conferência de Estocolmo aconteceu em 1972 em Estocolmo, na Suécia,
conhecida também como Conferência das Nações Unidas para o Meio Am-
Responsabilidade socioambiental

biente Humano. É considerada como “ponto de partida” para as discussões


socioambientais a nível global.
É importante que você entenda o cenário que se transcorria antes deste
marco; na década de 60 é evidenciada a emergência do colapso ambiental,
provocado pela concentração industrial, urbanização, o aumento de renda e
consumo. Assim, o crescimento socioeconômico e a preservação ambiental
começavam a ser vistos como antagonistas.
Em 1962, ocorreu o primeiro despertar ecológico, com uma publicação de
extrema relevância que foi escrita pela cientista e ecologista Rachel Louise
Carson chamada Primavera Silenciosa. Esse texto norteava o sistema de
direitos humanos aos recursos naturais.
Na década de 70 houve a iniciativa do Relatório de Measdows, elaborado
pelo Clube de Roma. Na época este relatório foi orientador e indicava proble-
mas cruciais para o futuro desenvolvimento da humanidade, com temas como
energia, saneamento, saúde, ambiente, tecnologias e crescimento populacional.
Indicava um cenário catastrófico com limitações do requedo “crescimento”,
por conta da escassez de recursos ambientais.
Os desequilíbrios e desastres ambientais da época agravavam a preocupação
dos cientistas e dos Estados, desta forma, novas saídas e estratégias para esta
problemática de ordem mundial foram repensadas.
A Organização das Nações Unidas (ONU) resolveu que havia chegado
a hora de uma reação. A partir desse fato, o desenvolvimento e o meio am-
biente passaram a ser discutidos no cenário mundial. Em setembro de 1968,
a UNESCO organizou uma conferência de peritos para tratar sobre os fun-
damentos científicos da utilização e da conservação racional dos recursos
da biosfera, que por sua vez, trouxe o reconhecimento dos Estados acerca da
necessidade de uma declaração universal sobre a proteção e a melhoria do
meio ambiente humano, o que levou à Declaração de Estocolmo.
Conferência de Estocolmo 47

Figura 1. Japoneses contaminados pela poluição química desembarcam em Estocolmo


na Conferência de 1972.
Fonte: Arnt (2011).

A Conferência de Estocolmo marcou uma etapa muito importante na


ecopolítica mundial. Desta resultaram inúmeras questões que continuam a
influenciar e a motivar as relações entre os atores internacionais, colaborando
para a notável evolução que eclodiu após a Conferência.
Foram quatro motivações principais:

 O aumento da cooperação científica nesta década, originado por inú-


meras preocupações, como as mudanças climáticas e os problemas da
quantidade e da qualidade da água.
 O aumento da publicidade sobre os problemas ambientais, causado
especialmente pela ocorrência de certas catástrofes, seus efeitos foram
visíveis (o desaparecimento de territórios selvagens, a modificação das
paisagens e acidentes).
 O crescimento econômico acelerado, gerador de uma profunda trans-
formação das sociedades e de seus modos de vida, especialmente pelo
êxodo rural, e de regulamentações criadas e introduzidas, sem suficiente
preocupação com suas consequências em longo prazo.
 Inúmeros outros problemas, identificados no fim da década de 60 por
cientistas e pelo governo sueco, considerados de maior importância
e que só poderiam ser resolvidos com a cooperação internacional.
Você pode utilizar como exemplo as chuvas ácidas, a poluição do Mar
Báltico, a acumulação de metais pesados e pesticidas que impregnaram
peixes e aves.
Responsabilidade socioambiental

Fonte: Nosso ambiente direito.

Temas, acordos, pontos altos e baixos,


abordados na Conferência;
A busca por soluções eficazes para tais questões, fez com que a Conferência
de Estocolmo originasse uma nova dinâmica por meio do desenvolvimento
de “atitudes novas”. O reconhecimento pelos Estados da existência desses
problemas e da necessidade de agir, fez com que a Conferência desempenhasse
um papel decisivo na sensibilização dos países em desenvolvimento para suas
responsabilidades. Sendo assim, foram votadas questões como a Declaração
de Estocolmo (Declaração das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente), a qual
traz em seu Preâmbulo sete pontos principais, além de vinte e seis princípios
referentes a comportamentos e responsabilidades destinados a orientar decisões
relativas à questão ambiental, com o objetivo de “garantir um quadro de vida
adequado e a perenidade dos recursos naturais”.
As questões principais, proclamadas em virtude da Declaração de Esto-
colmo, são as seguintes:
Conferência de Estocolmo 49

1 – O homem é ao mesmo tempo obra e construtor do meio ambiente


que o cerca, o qual lhe dá sustento material e lhe oferece oportunidade
para desenvolver-se intelectual, moral, social e espiritualmente. Em larga
e tortuosa evolução da raça humana neste planeta chegou-se a uma
etapa em que, graças à rápida aceleração da ciência e da tecnologia, o
homem adquiriu o poder de transformar, de inúmeras maneiras e em
uma escala sem precedentes, tudo que o cerca. Os dois aspectos do meio
ambiente humano, o natural e o artificial, são essenciais para o bem-estar
do homem e para o gozo dos direitos humanos fundamentais, inclusive
o direito à vida mesma.
2 – A proteção e o melhoramento do meio ambiente humano é uma
questão fundamental que afeta o bem-estar dos povos e o desenvolvi-
mento econômico do mundo inteiro, um desejo urgente dos povos de
todo o mundo e um dever de todos os governos.

As duas primeiras questões da declaração asseguram que tanto o meio


ambiente natural, quanto o artificial, são essenciais para os direitos humanos
e para que se tenha uma qualidade de vida saudável. Desta mensagem pode-se
perceber uma forte relação de dependência entre a qualidade da vida humana
e a qualidade do meio ambiente.

3 – O homem deve fazer constante avaliação de sua experiência e con-


tinuar descobrindo, inventando, criando e progredindo. Hoje em dia,
a capacidade do homem de transformar o que o cerca, utilizada com
discernimento, pode levar a todos os povos os benefícios do desenvol-
vimento e oferecer-lhes a oportunidade de enobrecer sua existência.
Aplicado errônea e imprudentemente, o mesmo poder pode causar
danos incalculáveis ao ser humano e a seu meio ambiente. Em nosso
redor vemos multiplicarem-se as provas do dano causado pelo homem
em muitas regiões da terra, níveis perigosos de poluição da água, do ar,
da terra e dos seres vivos; grandes transtornos de equilíbrio ecológico da
biosfera; destruição e esgotamento de recursos insubstituíveis e graves
deficiências, nocivas para a saúde física, mental e social do homem, no
meio ambiente por ele criado, especialmente naquele em que vive e
trabalha.
4 – Nos países em desenvolvimento, a maioria dos problemas am-
bientais está motivada pelo subdesenvolvimento. Milhões de pessoas
seguem vivendo muito abaixo dos níveis mínimos necessários para
Responsabilidade socioambiental

habitação e educação, de condições de saúde e de higiene adequadas.


Assim, os países em desenvolvimento devem dirigir seus esforços para
o desenvolvimento, tendo presente suas prioridades e a necessidade de
salvaguardar e melhorar o meio ambiente. Com o mesmo fim, os países
industrializados devem esforçar-se para reduzir a distância que os separa
dos países em desenvolvimento. Nos países industrializados, os problemas
ambientais estão geralmente relacionados com a industrialização e o
desenvolvimento tecnológico.

As principais questões levantadas nestes trechos ilustram as preocupações


com a degradação do meio ambiente. No item 4, você pode ver fatores que são
considerados responsáveis pelos danos ambientais. Os problemas ambientais
passaram a ser encarados não apenas como provenientes do processo de
industrialização e desenvolvimento tecnológico, mas, sobretudo como um
problema gerado pelas desigualdades sociais.

5 – O crescimento natural da população coloca continuamente, problemas


relativos à preservação do meio ambiente, e devem-se adotar as normas
e medidas apropriadas para enfrentar esses problemas. De todas as coisas
do mundo, os seres humanos são a mais valiosa. Eles são os que promo-
vem o progresso social, criam riqueza social, desenvolvem a ciência e a
tecnologia e, com seu árduo trabalho, transformam continuamente o meio
ambiente humano. Com o progresso social e os avanços da produção,
da ciência e da tecnologia, a capacidade do homem de melhorar o meio
ambiente aumenta a cada dia que passa.

Neste item, você pode perceber a importância do ser humano como o que
se tem de mais valioso. Este transforma a natureza, sendo, de tal maneira, o
responsável pelo desenvolvimento econômico e social.

6 – Chegamos a um momento da história em que devemos orientar


nossos atos em todo o mundo com particular atenção às consequências
que podem ter para o meio ambiente. Por ignorância ou indiferença,
podemos causar danos imensos e irreparáveis ao meio ambiente da
terra do qual dependem nossa vida e nosso bem-estar. Ao contrário,
com um conhecimento mais profundo e uma ação mais prudente, po-
demos conseguir para nós mesmos e para nossa posteridade, condições
melhores de vida, em um meio ambiente mais de acordo com as neces-
Conferência de Estocolmo 51

do meio ambiente e de criar uma vida satisfatória são grandes. É preciso


entusiasmo, mas, por outro lado, serenidade de ânimo, trabalho duro e
sistemático. Para chegar à plenitude de sua liberdade dentro da natureza,
e, em harmonia com ela, o homem deve aplicar seus conhecimentos para
criar um meio ambiente melhor. A defesa e o melhoramento do meio
ambiente humano para as gerações presentes e futuras se converteu
na meta imperiosa da humanidade, que se deve perseguir, ao mesmo
tempo em que se mantém as metas fundamentais já estabelecidas, da
paz e do desenvolvimento econômico e social em todo o mundo, e em
conformidade com elas.
7 – Para se chegar a esta meta será necessário que cidadãos e co-
munidades, empresas e instituições, em todos os planos, aceitem as
responsabilidades que possuem e que todos eles participem equitativa-
mente, nesse esforço comum. Homens de toda condição e organizações
de diferentes tipos plasmarão o meio ambiente do futuro, integrando
seus próprios valores e a soma de suas atividades. As administrações
locais e nacionais, e suas respectivas jurisdições, são as responsáveis pela
maior parte do estabelecimento de normas e aplicações de medidas em
grande escala sobre o meio ambiente. Também se requer a cooperação
internacional com o fim de conseguir recursos que ajudem os países
em desenvolvimento a cumprir sua parte nesta esfera. Há um número
cada vez maior de problemas relativos ao meio ambiente que, por ser de
alcance regional ou mundial ou por repercutir no âmbito internacional
comum, exigem uma ampla colaboração entre as nações e a adoção
de medidas para as organizações internacionais, no interesse de todos.

A Conferência demanda ao povo e governantes que unam esforços para


preservar e melhorar o meio ambiente humano em benefício do homem e de
sua posteridade. Nestes últimos itens (6 e 7) são levantadas questões sobre
como o homem lida com o meio ambiente.
Responsabilidade socioambiental

Fonte: Gabinete de História.

Estabelecendo os acordos voltados aos


desenvolvimentos econômicos, sociais e
ambientais e o posicionamento de alguns países
É importante você observar como foram os posicionamentos de alguns países
– os Estados Unidos da América, por exemplo, foi o primeiro a se manifestar
na redução dos seus níveis de emissões na natureza. Manifestaram-se dizendo
que “reduziriam por um determinado tempo” com suas atividades industriais.
O país contou com a liderança do Instituto de Tecnologia de Massachusetts
(MIT). Neste instituto foram feitos estudos sobres as condições da natureza,
denominado “desenvolvimento zero”.
Esta expressão preocupou alguns países mais “pobres” e que ainda eram
considerados em desenvolvimento, que não aprovavam a ideia de reduzir suas
atividades industriais pelo fato de terem a base econômica focada na indus-
trialização. Surgiu então, o “desenvolvimento a qualquer custo” defendido
pelas nações subdesenvolvidas.
Embora não tenha sido possível atingir um acordo que estabelecesse metas
concretas a serem cumpridas pelos países entre outros impasses nas negociações
Conferência de Estocolmo 53

 Desencadear e potencializar outras importantes conferências de tratados


ambientais;
 Criar o programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente – PNUMA;
 Incentivar a criação de ministérios ou órgãos ambientais em muitos
países e de ONGs;
 Elaborar o relatório “Nosso Futuro Comum” (relatório de Brundland)
em 1987 – onde surge o conceito de desenvolvimento sustentável, que
ocorreu na Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvi-
mento (CMMAD), esta criada na Conferência de Estocolmo.

O resultado de tal conscientização, propiciou a consolidação das mais


indispensáveis bases à moderna política ambiental adotada pela imensa maioria
dos países, com maior ou menor rigor, nos seus respectivos ordenamentos
jurídicos. É, portanto, caracterizada pelo despertar da consciência das nações
sobre essa realidade, fazendo com que surgissem, também, novos movimentos
ecologistas e preservacionistas que, por sua vez, passaram a refletir-se nas
Cartas Constitucionais dos Estados, os quais passaram a incluir em seus textos
os chamados direitos de proteção ao meio ambiente. O ponto de partida foi esta
declaração do Meio Ambiente, trazida pela Conferência das Nações Unidas,
em Estocolmo, a qual incluiu princípios, na tentativa de oferecer aos povos do
mundo inspiração e guia para preservar e melhorar o meio ambiente humano.
Antes da Conferência de Estocolmo, o meio ambiente era tratado, em
plano mundial, como algo dissociado da humanidade. Porém, a partir de 1972,
logrou-se modificar o foco do pensamento ambiental do planeta, classificando-
-se as determinações decorrentes da Declaração de Estocolmo como normas
que visam regulamentar futuros comportamentos dos Estados, pois mesmo
que não houvesse um “status” com “normas jurídicas”, haviam conteúdos de
sentido moral.
A conferência, consolidou bases para a política ambiental adotada pela
maioria dos países, respondendo à demanda social de preservação do meio
ambiente. Representa uma primeira moldura para a implementação do Direito
Internacional do Meio Ambiente. É possível afirmar que a iniciativa tomada
em Estocolmo veio a estimular a realização de diversos acordos sobre questões
ambientais em virtude da publicidade que se deu para a temática ambiental,
bem como das estratégias propostas em decorrência da Conferência. Embora
a implementação das medidas de proteção e cooperação propostas tenha
sido muito mais difícil do que imaginavam seus idealizadores, ainda assim
acredita-se que houve uma considerável evolução. Mesmo que tenha decorrido
Responsabilidade socioambiental

ambiente continuou enfraquecida, a partir de 1987 as agendas ambientalistas


retomaram o foco das atividades diplomáticas, firmando-se os princípios da
Declaração de Estocolmo, de maneira crescente, nas políticas nacionais e
internacionais de desenvolvimento, fazendo com que surja, neste contexto, o
ambientalismo como um novo movimento social. Essa nova postura influenciou
a ONU, os Estados e todos os demais atores a assumir a defesa do meio ambiente
no mundo, algo que ocorreu também no Brasil e está claramente refletido
no capítulo referente ao Meio Ambiente da Constituição Federal brasileira.

1992 – ECO-92 (ONU – Agenda 21)

1987 – Relatório de Brundtland


1972 – Conferência de Estocolmo
1968 – Fundação do Clube de Roma

GABINETE de história. 1972: o Brasil na Conferência de Estocolmo. [S. l.: s. n], 2013. Dis-
ponível em: <http://gabinetedehistoria.blogspot.com.br/search?q=estocolmo>.
Acesso em: 10 jan. 2017.
GONÇALVES, J. M. de S. S. Educação, meio ambiente e direitos humanos nas conferências
da ONU. [2001?]. Disponível em: <http://leg.ufpi.br/ subsiteFiles/ppged/arquivos/ files/
eventos/evento2002/GT.5/ GT5_6_2002.pdf>. Acesso em: 19 dez. 2016.
PASSOS, P. N. C. de. A Conferência de Estocolmo como ponto de partida para a pro-
teção internacional do meio ambiente. Revista Direitos Fundamentais e Democracia,
Curitiba, v. 6, p. 1-25, 2009. Disponível em: <http://www.egov.ufsc.br/portal/ sites/
default/files/18-19-1-pb.pdf >. Acesso em: 19 dez. 2016.
SANCHES J. R. Estocolmo, desenvolvimento sustentável e solidariedade intergeracional.
[S. l.: s. n], 2014. Disponível em: <http://nossoambientedireito.blogspot.com.br/2014/06/
estocolmo-desenvolvimento-sustentavel-e.html>. Acesso em: 10 jan. 2017.
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO. Biblioteca Virtual de Direitos Humanos. Declaração
de Estocolmo sobre o meio ambiente humano. 1972. Disponível em: <http://www.
DICA DO PROFESSOR

No vídeo, você vai conhecer o contexto da instituição que pensou e organizou a Conferência de
Estocolmo e em que contexto esse encontro foi pensado e por que precisava acontecer.

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EXERCÍCIOS

1) A Conferência de Estocolmo foi o primeiro marco para as discussões mundiais para


preservação ambiental. Considerando seus conhecimentos adquiridos, avalie as
afirmativas abaixo:

Apesar da emergência ambiental começar a ficar evidente a partir da década de 60, a


Conferência de Estocolmo só ocorreu em 1972

Porque

Não foram relatados desequilíbrios e acidentes ambientais que sinalizassem a


necessidade de um acordo global de preservação do meio-ambiente.

Assinale a alternativa correta:

A) Deliberar inovações e melhorias nas tecnologias limpas.

B) As duas afirmativas são verdadeiras, e a segunda é uma justificativa correta da primeira.

C) As duas afirmativas são falsas.

D) A primeira afirmativa é falsa e a segunda afirmativa é verdadeira.

E) A primeira afirmativa é verdadeira e a segunda afirmativa é falsa.


2) Quatro motivações principais foram determinantes para a ocorrência da Conferência
de Estocolmo, organizada pela Organização das Nações Unidas.

Qual alternativa apresenta uma dessas motivações?

A) Os cientistas precisavam trabalhar rapidamente para desenvolver parcerias e novas


tecnologias que auxiliassem na preservação do ambiente.

B) Os relatos de chuvas ácidas, contaminação do solo e acúmulo de metais pesados eram cada
vez mais frequentes e já era sabido que essas contaminações poderiam afetar a saúde
humana.

C) Os cientistas e a ONU acreditavam que a água era uma fonte de recursos ilimitada, em
virtude do tamanho dos oceanos, por isso não se preocupavam que ela fosse faltar.

D) A ONU considerou um momento importante para finalmente tornar pública a ocorrência


dos impactos ambientais, tais como catástrofes e alterações nos ecossistemas.

E) Todos os governos estavam alinhados, agregando desenvolvimento social, econômico e


ambiental, promovendo o desenvolvimento sustentável.

3) A Declaração de Estocolmo, ou a Declaração das Nações Unidas sobre o Meio


Ambiente, buscou sensibilizar os países quanto a sua responsabilidade.

Assinale a alternativa correta acerca da Declação de Estocolmo.

A) O ser humano não pode considerar o meio ambiente natural de seu direito, apenas o
ambiente artificial, mas deve zelar pelos dois para manter a saúde de todos.

B) Muitas questões da Declaração de Estocolmo foram votadas, visando garantir o


desenvolvimento humano e assegurar a preservação dos recursos naturais.
C) Foi estabelecido que os impactos ambientais ocorreram em virtude apenas do
desenvolvimento industrial e tecnológico desenfreado, sendo comum a todos os países.

D) O progresso e o desenvolvimento humanos são as razões principais para os problemas


ambientais, não havendo benefícios para a natureza, sendo necessário atrasar esse
desenvolvimento.

E) Para se atingir as metas de preservação era necessária a cooperação das empresas e


instituições, e o entendimento que era apenas sua a responsabilidade pela preservação
ambiental.

4) Diferentes percepções e perspectivas foram adotados pelos diferentes países que


participaram da Conferência de Estocolmo.

A partir disso, avalie as afirmativas abaixo:

I – Os Estados Unidos participaram da conferência, porém se recusaram a assinar a


declaração de Estocolmo.

II – Os países da União Europeia, grandes responsáveis por impactos ambientais,


precisaram traçar esforços de preservação ambiental.

III – Os países subdesenvolvidos foram totalmente de acordo com a Declaração de


Estocolmo e com o “desenvolvimento zero”.

A) Apenas II.

B) Apenas I.

C) Apenas III.

D) Apenas I e II.
E) Apenas II e III.

5) A Conferência de Estocolmo gerou uma série de repercussões nas políticas públicas


de preservação ambiental, que fomentam as ações de sustentabilidade até hoje.

Assinale a alternativa que apresenta uma das repercussões da Conferência de


Estocolmo:

A) Os primeiros passos para a implementação do Direito Internacional do Meio Ambiente.

B) As metas concretas estabelecidas, que foram de comum acordo a todos os países presentes.

C) A dissociação do meio ambiente e do ser humano, como duas entidades independentes.

D) A elaboração de um relatório, chamado Relatório de Measdows, pelo Clube de Roma.

E) O acordo assinado por todos os países, visando a preservação ambiental a qualquer custo.

NA PRÁTICA

A Declaração em Estocolmo em 1972 gerou um importante documento que apontava princípios


de gestão, como apoio à luta contra a poluição, racionamento dos recursos naturais em benefício
de toda a população, descarte correto de substâncias tóxicas, prevenção à poluição e utilização
das águas, entre outros princípios. Encontros e conferências como essa nos levam a refletir
também sobre o quanto nós, sociedade, políticos, empresários e comunidade científica,
poderíamos ser versáteis. Não seria utópico e incoerente afirmar que o ser humano não possa
criar, progredir e se desenvolver? Qual seria a saída para que possamos integrar homem e
natureza e o porquê dessa questão ser real, lógica e não filosófica e holística? Nossa genialidade
e desenvolvimento tecnológico não poderiam se voltar também para produções mais limpas e de
impactos socioambientais reduzidos?

Entre os anos 1950 e 1990, na Califórnia, nos Estados Unidos, se discutiu um dos maiores casos
de crime socioambiental de responsabilidade corporativa. Acompanhe!

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SAIBA MAIS

Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do
professor:

A Declaração de Estocolmo

A Declaração de Estocolmo foi um importante marco para a questão ambiental. Confira aqui
nesse link a Declaração na íntegra, observando todas as questões abordadas no documento.

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O Brasil na Conferência de Estocolmo

Quer saber mais sobre o posicionamento do governo brasileiro frente à declaração de


Estocolmo? Confira aqui o relatório da delegação do Brasil quanto à conferência.

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Celebrando o meio ambiente

Você sabia que o dia 05 de junho é o Dia Mundial do Meio Ambiente? Saiba as principais ações
que serão realizadas nesse dia, ano a ano. Confira também os links das páginas de redes sociais
para receber atualizações sobre o tema.

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O Projeto das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA)

Você sabia que o Projeto das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) tem um
escritório no Brasil? Confira aqui as principais informações sobre o trabalho do nosso país junto
a ONU nesse projeto.

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Resíduos de Equipamentos Elétricos e
Eletrônicos - REEE

APRESENTAÇÃO

Esta unidade discute os aspectos e os impactos decorrentes dos resíduos de equipamentos


elétricos e eletrônicos e quais são suas características e origens. Nós como sociedade estamos
diretamente envolvidos e somos responsáveis por esse consumo e descarte impactante. Nesta
Unidade de Aprendizagem, você vai ver algumas ações e mitigações que já estão acontecendo
neste meio, em nível nacional e global.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Identificar os conceitos de resíduos elétricos e eletroeletrônicos.


• Estabelecer a relação entre lixo eletrônico e meio ambiente.
• Apontar as consequências e possíveis soluções relacionadas aos resíduos eletrônicos.

DESAFIO

Você trabalha para um centro comercial. Esse centro comercializa pilhas e baterias. Você é
contratado para lançar um programa de conscientização e coleta desses materiais que estão
sendo descartados. Esse programa deve esclarecer quais componentes são possivelmente
nocivos. Apresente medidas para informar e mobilizar os consumidores locais a descartarem
esse tipo de resíduo corretamente. Com essas informações, elabore um material visual
informativo, como um banner, para fixar em pontos estratégicos do centro comercial.

INFOGRÁFICO

Nesse infográfico você vai conhecer os principais pontos que envolvem o aparecimento e a
problemática dos resíduos de equipamentos elétricos e eletrônicos.
CONTEÚDO DO LIVRO

Nesse capítulo, você vai estudar sobre resíduos de equipamentos elétricos e eletrônicos, suas
características e origens. Nós, como sociedade, estamos diretamente envolvidos e somos
responsáveis por ações e pelos impactos desse comércio e do descarte. Você vai ver algumas
ações e mitigações que já estão acontecendo neste universo, em nível nacional e global.

Boa leitura!
RESPONSABILIDADE
SOCIOAMBIENTAL

Organizador:
Thais Miranda
M672r Miranda, Thais.
Responsabilidade socioambiental / Thais Miranda. – 2.
ed. – Porto Alegre : SAGAH, 2017.
xi, 215 p. : il. ; 22,5 cm.

ISBN 978-85-9502-032-0

1. Meio ambiente - Sociedade. 2. Desenvolvimento


sustentável I. Título.
CDU 502.131.1:658

Catalogação na publicação: Poliana Sanchez de Araujo – CRB 10/2094


Resíduos de equipamentos
elétricos e eletrônicos
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

 Identificar o conceito de resíduos eletroeletrônicos e as origens do


problema.
 Estabelecer a relação entre lixo eletrônico e meio ambiente.
 Apontar as consequências e possíveis soluções, analisando medidas
globais e em nosso país.

Introdução
Este texto discute sobre o fenômeno conhecido como resíduos de equi-
pamentos elétricos e eletroeletrônicos, quais são as suas características
e origens. Como sociedade, estamos diretamente envolvidos e somos
responsáveis por ações e impactos desse comércio e descarte. Neste
texto, você vai ver a análise de algumas ações e mitigações que já estão
acontecendo, tanto nacional quanto globalmente.

Lixo eletrônico
O lixo eletrônico (e-lixo) ou tecnológico, como o próprio nome indica, é
aquele proveniente de materiais eletrônicos. Ele também é conhecido pela
sigla REEE (resíduos de equipamentos elétricos e eletroeletrônicos).
Com o avanço da tecnologia no mundo moderno, há um excesso de lixo
eletrônico que pode causar diversos impactos negativos no meio ambiente.
Segundo a diretiva 2002/96/CE do Parlamento Europeu art. 3°, o conceito
de resíduos de equipamentos elétricos e eletrônicos, ou REEE, é o seguinte:
Equipamentos elétricos ou eletrônicos que constituem resíduos, nos termos
da alínea “A” do artigo 1º da Diretiva 75/442/CEE, incluindo todos os com-
Resíduos de equipamentos elétricos e eletrônicos 191

ponentes, subconjuntos e materiais consumíveis que fazem parte do produto


no momento em que este é descartado.
A seguir apresentamos uma lista com exemplos de lixo eletrônico:

Figura 1. Resíduos eletrônicos.


Fonte: Toda Matéria (2016).

 Computadores;
 Tablets;
 Monitores;
 Teclados;
 Impressoras;
 Câmeras fotográficas;
 Aparelhos de som;
 Lâmpadas eletrônicas;
 Televisores;
 Geladeira;
 Fogão;
 Micro-ondas;
 Rádios;
 Telefones;
 Celulares;
 Carregadores;
 Baterias;
 Pilhas;
 Fios.

É importante refletir e discutir como esse fenômeno (resíduo eletroeletrô-


nico) passou a acontecer rapidamente e em largas escalas. Você já percebeu
com que velocidade as tecnologias são substituídas? Quando se substitui uma
tecnologia, para onde vão os equipamentos “obsoletos”? Um exemplo que
ilustra isso são os telefones celulares e computadores.
192 Responsabilidade socioambiental

Em nosso dia a dia não temos tempo para contabilizar esse fenômeno.
Não pensamos no quanto uma bateria de celular ou de notebook ou mesmo os
demais componentes como plástico e metais pesados vão poluir o solo ou os
lençóis freáticos (muitas vezes nem sabemos que poluem). Nossa preocupação
está geralmente em nos manter dentro das atualidades tecnológicas.
Como exemplo do descaso em relação a esse material tão danoso, a atual
legislação ambiental do estado de São Paulo (2008), que trata especificamente
dos resíduos sólidos, nem cita os equipamentos eletrônicos, e a legislação
nacional está revisando a resolução que trata do assunto há uns 4 anos por meio
do CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente). (PEREIRA, [201-?]).
O lixo eletrônico é produzido por materiais de origem inorgânica, por
exemplo, cobre, alumínio, metais pesados (mercúrio, cádmio, berílio e chumbo),
grande quantidade de substâncias prejudiciais ao ambiente e ao homem.
Eles podem comprometer o ambiente visto que são compostos por elementos
muito poluentes os quais são absorvidos pelo solo e pelos lençóis freáticos
comprometendo o equilíbrio ecológico. Além do fator poluição, o contato com
esses produtos pode acarretar em diversas doenças para os animais e os seres
humanos. Veja na Figura 2 a seguir, um exemplo desse material.

Figura 2. Placas e componentes metálicos.


Fonte: Toda Matéria (2016).

Impactos
Alguns impactos do lixo eletrônico são contaminação de solos, rios e lençóis
subterrâneos; bioacumulação pelos organismos vivos; concentração de metais
pesados em fauna e flora, muito maior que a sua capacidade de autodepuração.
Resíduos de equipamentos elétricos e eletrônicos 193

Além disso, determinados metais reagem em exposição com a atmosfera e


liberam gases, causando emissões atmosféricas.
O chumbo pode causar danos ao sistema nervoso central e periférico,
sistema sanguíneo e nos rins dos seres humanos. Efeitos no sistema endócrino
também têm sido observados e seu sério efeito negativo no desenvolvimento do
cérebro das crianças tem sido muito bem documentado. O chumbo se acumula
no meio ambiente e tem efeitos tóxicos agudos e crônicos nas plantas, animais e
microrganismos. Produtos eletrônicos constituem 40% do chumbo encontrado
em aterros sanitários. A principal preocupação do chumbo encontrado nesses
locais é a possibilidade de vazar e contaminar os sistemas fornecedores de água
potável. As principais aplicações do chumbo, em equipamentos eletrônicos, são:

 Solda nos circuitos impressos e outros componentes eletrônicos.


 Tubos de raios catódicos nos monitores e televisores.

Em 2004, mais de 315 milhões de computadores se tornaram obsoletos nos


Estados Unidos. Isso representa em torno de 954 mil toneladas de chumbo
que podem ser despejados no meio ambiente.
Os compostos a partir do cádmio são classificados como altamente tóxi-
cos, com riscos considerados irreversíveis para a saúde humana. O cádmio
e seus compostos acumulam-se no organismo humano, particularmente nos
rins. É absorvido pela respiração, mas também pode ser absorvido por meio
de alimentos, causando sintomas de envenenamento. Apresenta um perigo
potencial para o meio ambiente devido à sua aguda e crônica toxicidade e
seus efeitos cumulativos. Em equipamentos elétricos e eletrônicos, o cádmio
aparece em certos componentes, tais como resistores, detectores de infraver-
melho e semicondutores. Versões mais antigas dos tubos de raios catódicos
também contêm cádmio. Além disso, o cádmio é usado como estabilizador
para plásticos.
Já o mercúrio se espalha na água, transforma-se em metilmercúrio, um
tipo de mercúrio nocivo para a saúde do feto e dos bebês, podendo causar
danos crônicos ao cérebro. O mercúrio está presente no ar e, ao entrar em
contato com o mar, como já foi mencionado, transforma-se em metilmercúrio
e vai para as partes mais profundas do oceano. Essa substância acumula-se
em seres vivos e se concentra através da cadeia alimentar, particularmente
via peixes e mariscos.
A estimativa é de que 22% do consumo mundial de mercúrio é usado em
equipamentos elétricos e eletrônicos, como termostatos, sensores de posição,
chaves, relés e lâmpadas descartáveis. Além disso, é usado, também, em
194 Responsabilidade socioambiental

equipamentos médicos, de transmissão de dados, telecomunicações e telefones


celulares. Também é usado em baterias, interruptores de residências e placas
de circuito impresso, embora em uma quantidade muito pequena para cada
um desses componentes. Considerando os 315 milhões de computadores ob-
soletos, até o ano 2004, esse equipamento representa cerca de 182 toneladas
de mercúrio, no total.
Os plásticos, também são representativos quando se trata de resíduos.
Com base no cálculo de que mais de 315 milhões de computadores estão
obsoletos e de que os produtos plásticos perfazem 6.2 kg por computador, em
média, haverá mais do que 1,8 milhões de toneladas de plásticos descartados.
Uma análise encomendada pela Microelectronics and Computer Technology
Corporation (MCC) estimou que o total de restos de plásticos está subindo
para mais de 580 mil toneladas por ano. O mesmo estudo estimou que o maior
volume de plásticos usados na manufatura eletrônica (cerca de 26%) era o
cloreto de polivinil (PVC), que é responsável por mais prejuízos à saúde e ao
meio ambiente do que a maior parte de outros plásticos.

Lixo eletrônico e meio ambiente


Embora muitas empresas fabricantes de computadores tenham reduzido ou
parado com o uso do PVC, ainda há um grande volume de PVC contido em
restos de computadores. Outro fato a ser considerado é em relação ao perigo
do lixo eletrônico descartado em aterros sanitários, pois, por mais seguros e
modernos que sejam os aterros sanitários, há o risco de vazamento de produtos
químicos e metais que poderão se infiltrar no solo. Essa situação é muito pior
nos velhos e menos controlados aterros sanitários, que acabam sendo a maioria
em todo o país (FRANCO, 2007).
Os principais problemas que podem ser causados pelo lixo eletrônico nos
aterros sanitários são:

 Após a destruição de equipamentos eletrônicos, como, por exemplo,


interruptor de circuito eletrônico, poderá ocorrer o vazamento do mer-
cúrio, que irá se infiltrar no solo e causar danos ao meio ambiente e à
população.
 O mesmo pode ocorrer com o cádmio que, além de se infiltrar no solo,
pode contaminar os depósitos fluviais.
 Outro problema é devido à quantidade significativa de íons de chumbo,
que são dissolvidos do chumbo contido em vidro, tal como o vidro
Resíduos de equipamentos elétricos e eletrônicos 195

cônico dos tubos de raios catódicos, quando misturados com águas


ácidas, o que ocorre comumente nos aterros sanitários.

Não é apenas a infiltração do mercúrio que causa problemas ao meio


ambiente, a vaporização do mercúrio metálico e do mercúrio dimetileno
também é fonte de preocupação. Além disso, pequenas explosões acontecem
com frequência nos aterros sanitários, e, quando expostos ao fogo, metais e
outras substâncias químicas podem ser liberados.
A Figura 3, a seguir, mostra uma situação de descarte indevido.

Figura 3. Contaminação de corpo hídrico.


Fonte: Nova Escola (2016).

Na Figura 4, podemos ver um exemplo de contaminação de lençol freático.

Figura 4. Contaminação de lençol freático.


Fonte: Nova Escola (2016).

A contaminação do lençol freático acontece da seguinte maneira:

a) Nos depósitos, pilhas e baterias ficam expostas ao sol e à chuva e se


oxidam. Abertas, deixam escapar os metais pesados, que se misturam
ao líquido formado no lixo.
196 Responsabilidade socioambiental

b) Com novas chuvas, o líquido infiltra-se no solo, atingindo o lençol


freático.
c) Essa água, usada na irrigação agrícola, contamina legumes, frutas e
verduras. Nas cidades, ela também é prejudicial, já que os sistemas de
tratamento não eliminam os metais pesados.

Os processos de reciclagem de resíduos sólidos eletrônicos buscam recu-


perar a matéria-prima secundária para a fabricação de novos produtos.
Estatísticas apontam que cerca de 50 milhões de toneladas de lixo eletrô-
nico são produzidos anualmente em todo o mundo, sendo que 10 milhões são
reciclados na China. Os impactos também são sociais, pois nesse país ocorre
exploração de pessoas, até mesmo de crianças e idosos. Um exemplo disso,
bem como do excesso de lixo eletrônico produzido no mundo, é a cidade
de Guiyu, na China, onde milhares de pessoas trabalham separando esses
resíduos. Essa atividade é muito perigosa, pois ficam expostas diretamente
aos metais pesados e radioativos. Estudos apontam que o solo e os cursos de
água da região já estão contaminados pelos produtos eletrônicos.
Com o aumento da globalização e da tecnologia, novos aparelhos eletrônicos
são lançados em curto espaço de tempo, o que leva as pessoas a trocarem
seus aparelhos mesmo que ainda estejam funcionando. Assim, o que pode
parecer um simples ato de consumo é um grande impacto no meio ambiente,
degradando solo, água e ar.
Há algumas teorias e alguns autores que denominam essa mecânica de
trocas e mudanças rápidas na indústria como “obsolescência programada”,
ou seja, programam um tempo de validade para esses produtos, o que leva os
consumidores a trocar e consumirem cada vez mais.
Assim, visto a quantidade de lixo eletrônico produzido no mundo, a melhor
alternativa é ainda a reciclagem desses produtos, a prática da logística reversa,
além da sensibilização dos 3Rs – reduzir, reutilizar e reciclar.
Quanto à coleta e descarte, atualmente muitas empresas que fabricam e
que são responsáveis por grande parte da poluição proveniente dos produtos
eletrônicos estão apostando em ações de sustentabilidade e, portanto, oferecem
locais apropriados para o descarte desses aparelhos. A própria empresa recicla
esses materiais, gerando outros novos. Há ainda casos em que as pessoas
levam seus aparelhos usados e trocam por um novo, mediante o pagamento da
diferença. Outro dado importante é que cerca de 80% de todo o lixo eletrônico
produzido pelos países desenvolvidos é transportado para os países pobres,
sobretudo da África, do Oriente Médio e da Ásia.
Resíduos de equipamentos elétricos e eletrônicos 197

No Brasil, o aumento da comercialização de produtos eletrônicos nas


últimas décadas tem gerado grandes problemas ambientais. Entre os países
considerados em crescimento, o Brasil é o que mais gera lixo eletrônico no
mundo.
Aqui, a Lei Estadual de São Paulo, nº 13.576, de 6 de julho de 2009, institui
normas e procedimentos para a reciclagem, gerenciamento e destinação final
de lixo tecnológico:
Artigo 1º – Os produtos e os componentes eletroeletrônicos considerados
lixo tecnológico devem receber destinação final adequada que não provoque
danos ou impactos negativos ao meio ambiente e à sociedade.
Parágrafo único – A responsabilidade pela destinação final é solidária
entre as empresas que produzam, comercializem ou importem produtos e
componentes eletroeletrônicos.
Dados da Pnuma (Programa da ONU para o Meio Ambiente) apontam que
o Brasil descarta anualmente cerca de 97 mil toneladas métricas de compu-
tadores; 2,2 mil toneladas de celulares; e 17,2 mil toneladas de impressoras.
Em 2014, a ONU declarou que o Brasil produziu 1,4 milhão de toneladas
de lixo eletrônico. Esses valores são assustadores e, portanto, devemos nos
conscientizar de seus danos e começar a ter uma postura ética e responsável
com o descarte correto dos produtos eletrônicos, sejamos os fabricantes ou
os consumidores. (TODA MATÉRIA, 2016).
Campanhas de conscientização precisam ser promovidas de modo a alertar
a população mundial da importância da separação desses e de outros tipos de
lixo com o descarte correto. Ainda que nem todas as cidades do Brasil reali-
zem a coleta e reciclagem do lixo eletrônico, atualmente cerca de 720 cidades
apresentam esse serviço. No entanto, o país ainda está longe de conseguir
coletar esses materiais em larga escala.
198 Responsabilidade socioambiental

O Brasil descarta 96,8 mil toneladas de computadores por ano. Em 1 toneladas de PCs
existe mais ouro do que 17 toneladas de minério bruto do metal.

Fonte: ECO4YOU (2016).

Consequências e possíveis soluções


Considerando as consequências negativas que esses tipos de resíduos podem
provocar no meio ambiente, a melhor solução é o descarte correto nas empre-
sas ou cooperativas que recebem esses materiais, levam para a reciclagem e
realizam o desmonte e a extração dos metais que lhes interessam para venda
posterior. Esse ato reduz impactos e ainda favorece a economia com o rea-
proveitamento de materiais que possam ser reciclados.
Além do descarte em locais apropriados, doações de aparelhos em fun-
cionamento para entidades sociais podem ajudar a diminuir esse problema.
A tecnologia padrão para a reciclagem de resíduos sólidos da categoria 3 é
o tratamento mecânico, que compreende as fases de desmontagem, trituração
e separação dos resíduos. Paralelo a esse processo também podem ocorrer
processos térmicos com o objetivo de separação dos materiais, como o der-
retimento, a pirólise ou tecnologias específicas de dissolução. Muitas vezes
ocorre também a combinação dessas tecnologias citadas.
As tecnologias mais avançadas utilizadas em países como a Alemanha
podem ser dividas, por exemplo, de acordo com as seguintes funções:

 Separação automática dos resíduos de acordo com suas características


físicas.
Resíduos de equipamentos elétricos e eletrônicos 199

 Separação e extração de gases e líquidos.


 Desmontagem com o objetivo de extração de matérias recicláveis ou
reutilizáveis.
 Trituração e classificação.
 Seleção dos resíduos em função de propriedades físicas como densidade,
magnetismo, tamanho das frações, peso, etc.
 Tecnologia de reciclagem (tratamento térmico ou mecânico) dos metais,
plásticos, vidros, etc.

Na Figura 5 você pode conferir o processo comum de reciclagem de resíduos


de equipamentos eletrônicos na Alemanha.

Figura 5. Reciclagem de resíduos de equipamentos.


Fonte: Machado (2013).

Uma grande contribuição para o setor de reciclagem de resíduos eletrônicos


poderia ser dada com a implantação de identificações eletrônicas dos equi-
pamentos fabricados por meio do uso de tecnologias como radio frequency
identification – RFID (identificação por frequência de rádio). Pequenos RFID
– transponder poderiam ser instalados nos equipamentos contendo uma lista
exata de todos os materiais utilizados na fabricação daquele equipamento ou
peça e avisos sobre os métodos indicados para o seu processamento.
Esse sistema traria vantagens também para os fabricantes, que poderiam
identificar com maior precisão a rota traçada pelos equipamentos que fabricam,
oferecendo aos consumidores opções de reciclagem, reparos, cuidados especiais
pela Internet, assim como facilitar imensamente a implantação de um sistema
200 Responsabilidade socioambiental

de coleta seletiva e logística reversa no país. Por outro lado, o fabricante poderia
informar sobre eventuais cuidados especiais com determinados elementos
perigosos contidos em seus produtos e como deveriam ser tratados.

1. O chumbo é um dos componentes e) São perigosos por que podem


de alguns dos resíduos eletrônicos. comprometer a qualidade do ar.
As principais aplicações do Pb 3. Visto as consequências negativas
nesses produtos são: que esse tipo de resíduos pode
a) Solda nos circuitos impressos e provocar na saúde e no meio
outros componentes eletrônicos ambiente, poderíamos apontar
e nos tubos de raios catódicos algumas soluções como:
nos monitores e televisores. a) Atualmente a medida
b) Em sensores de posição, para erradicar este tipo de
chaves, relés. problema é a aplicabilidade da
c) Utilizado na parte externa legislação e seu rigor proibindo
de computadores e em esse tipo de comercio.
alguns termômetros. b) Não utilizar mais metais pesados
d) Atualmente é utilizado em como componentes nos
detectores infravermelhos eletroeletrônicos e certificar
e semicondutores. toda a linha de produção.
e) Largamente utilizado para c) Após o termino do seu
estabilização de plásticos na ciclo de vida, descartar
confecção da parte externa em aterros sanitários
dos computadores. d) Uma das alternativas é a
2. Por que os resíduos eletroeletrônicos utilização da ferramenta P+L na
representam perigo e impactos linha de produção destes itens.
sociais e ambientais? e) Descarte com empresas ou
a) Porque possuem um alto cooperativas licenciadas
nível de matéria orgânica. para destinação ou coo-
b) Por conterem altos níveis processamento desses materiais.
de chumbo que pode 4. Como o conceito de logística reversa
contaminar as águas. contribui para reduzir impactos
c) Porque são compostos de ambientais ocasionados pelos
recursos renováveis. resíduos eletrônicos?
d) Em sua composição contem a) Contribui e reduz impactos
substancias químicas prejudiciais, pois é um conceito que gera
como metais pesados. obrigatoriedade do gerador
Resíduos de equipamentos elétricos e eletrônicos 201

produzir sem incorporar 5. Por que a utilização de


metais perigosos. resíduos como matéria prima
b) É um conceito que contribui é tão importante para reduzir
estruturando projetos de impactos ambientais?
educação e conscientização. a) Para preservar recursos
c) Destinando, produtos já renováveis.
descartados pelo consumidor b) Para reduzir a necessidade de
ao próprio produtor. O resíduo extração de minérios/metais
passa a ser responsabilidade que são retirados da natureza
do seu gerador. e não podem ser repostos.
d) Determinando e criando c) Principalmente para evitar
tarifas para cada tipo de impactos na fauna.
resíduo descartado. d) Para evitar catástrofes
e) O conceito de logística ambientais naturais.
reversa contribui mapeando e) A recuperação da matéria prima é
e ditando formas corretas de importante principalmente para
acondicionamento do resíduo. potencializar a economia local.
202 Responsabilidade socioambiental

ECO4YOU. [201-?]. Disponível em: <https://eco4u.wordpress.com/>. Acesso em: 21


dez. 2016.
FRANCO, R. G. F. Gestão de resíduos de equipamentos elétricos e eletrônicos domésticos
para o Município de Belo Horizonte. 2007. Dissertação (Mestrado)- Universidade Federal
de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2007.
MACHADO, G. B. Reciclagem de resíduos sólidos eletrônicos. 17 dez. 2013. Disponível
em: <http://www.portalresiduossolidos.com/ reciclagem-de-residuos-solidos-ele-
tronicos/>. Acesso em: 11 dez. 2016.
MIGUEZ, E. C. Logística reversa como solução para o problema do lixo eletrônico: bene-
fícios ambientais e financeiros. São Paulo: Qualitymark, 2010.
PENSAMENTO VERDE. Japão pode usar lixo eletrônico para fabricar medalhas da Olim-
píada de 2020. 09 set. 2016. Disponível em: <http://www.pensamentoverde.com.br/
reciclagem/japao-pode-usar-lixo-eletronico- para-fabricar-medalhas-da-olimpiada-
-de-2020/>. Acesso em: 12 dez. 2016.
PEREIRA, D. Lixo eletrônico: problema e soluções. [201-?]. Disponível em: <http://www.
sermelhor.com.br/ecologia/ lixo-eletronico-problema-e-solucoes.html>. Acesso em:
12 dez. 2016.
PORTAL RESÍDUOS SÓLIDOS. 2016. Disponível em: <http://www.portalresiduossolidos.
com/>. Acesso em: 21 dez. 2016.
TODA MATÉRIA. Lixo eletrônico. 24 maio 2016. Disponível em: <https://www.todama-
teria.com.br/ lixo-eletronico/>. Acesso em: 11 dez. 2016.
Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.
DICA DO PROFESSOR

Nesse vídeo, você vai conhecer mais detalhes sobre a logística reversa, uma importante
ferramenta para reduzir impactos ambientais desse tipo de lixo.

Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!

EXERCÍCIOS

1) O chumbo é um dos componentes de alguns dos resíduos eletrônicos. As principais


aplicações do Pb nesses produtos são:

A) a) Solda nos circuitos impressos e outros componentes eletrônicos e nos tubos de raios
catódicos nos monitores e televisores.

B) b) Em sensores de posição, chaves e relés.

C) c) Utilizado na parte externa de computadores e em alguns termômetros.

D) d) Atualmente é utilizado em detectores infravermelhos e semicondutores.

E) e) Largamente utilizado para estabilização de plásticos na confecção da parte externa dos


computadores.

2) Por que os resíduos eletroeletrônicos representam perigo e impactos sociais e


ambientais?

A) a) Porque possuem um alto nível de matéria orgânica.

B) b) Por conterem altos níveis de chumbo, que pode contaminar as águas.


C) c) Porque são compostos de recursos renováveis.

D) d) Porque sua composição contém substâncias químicas prejudiciais, como metais


pesados.

E) e) São perigosos porque podem comprometer a qualidade do ar.

3) Visto as consequências negativas que esse tipo de resíduo pode provocar na saúde e
no meio ambiente, poderíamos apontar algumas soluções como:

A) a) Atualmente a medida para erradicar esse tipo de problema é a aplicabilidade da


legislação e seu rigor proibindo esse tipo de comércio.

B) b) Não utilizar mais metais pesados como componentes nos eletroeletrônicos e certificar
toda a linha de produção.

C) c) Após o término do seu ciclo de vida, descartar em aterros sanitários.

D) d) Uma das alternativas é a utilização da ferramenta P+L na linha de produção desses


itens.

E) e) Descarte com empresas ou cooperativas licenciadas para destinação ou


cooprocessamento desses materiais.

4) Como o conceito de logística reversa contribui para reduzir impactos ambientais


ocasionados pelos resíduos eletrônicos?

A) a) Contribui e reduz impactos, pois é um conceito que gera obrigatoriedade do gerador de


produzir sem incorporar metais perigosos.
B) b) É um conceito que contribui estruturando projetos de educação e conscientização.

C) c) Destinando produtos já descartados pelo consumidor ao próprio produtor. O resíduo


passa a ser responsabilidade do seu gerador.

D) d) Determinando e criando tarifas para cada tipo de resíduo descartado.

E) e) O conceito de logística reversa contribui mapeando e ditando formas corretas de


acondicionamento do resíduo.

5) Por que a utilização de resíduos como matéria-prima é tão importante para reduzir
impactos ambientais?

A) a) Para preservar recursos renováveis.

B) b) Para reduzir a necessidade de extração de minérios/metais que são retirados da natureza


e não podem ser repostos.

C) c) Principalmente para evitar impactos na fauna.

D) d) Para evitar catástrofes ambientais naturais.

E) e) A recuperação da matéria-prima é importante principalmente para potencializar a


economia local.

NA PRÁTICA

O Japão é um dos maiores produtores de equipamentos eletroeletrônicos do mundo. A NTT é


uma das maiores empresas japonesas de telecomunicação e que, em 2016, foi bastante
pressionada a tomar medidas de redução de impactos ambientais nas suas atividades. Em
entrevista, a emissora NHK questiona a empresa de telecomunicações NTT sobre produção
responsável.

SAIBA MAIS

Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do
professor:

Lixo eletrônico gera renda a empresa amazonense

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Animação - A história das coisas - Obsolescência programada

Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!

Os impactos ambientais causados pelo lixo eletrônico e o uso da logística reversa para
minimizar os efeitos causados ao meio ambiente

Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!


Rio 92, Rio +10, Rio +20

APRESENTAÇÃO

As conferências internacionais foram encontros que debateram assuntos relacionados ao


desenvolvimento socioambiental e foram oportunidades para a elaboração de projetos e acordos
importantes na busca por soluções mais práticas e eficazes para as questões e problemáticas
socioambientais.

Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai conhecer as três importantes conferências sobre meio
ambiente que foram consideradas determinantes para mudanças em nosso país: Rio 92 ou Eco
92, Rio +10 e Rio +20.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Identificar as propostas, as elaborações e os resultados da Eco 92.


• Analisar as proposições da Rio +10 e alguns resultados da conferência.
• Problematizar e discutir as propostas e os resultados da conferência Rio +20.

DESAFIO

Você é produtor rural e empresário de uma linha de produtos orgânicos e irá representar um
grupo da sociedade civil em uma das cúpulas de uma conferência socioambiental. Você e seu
grupo deverão apresentar e discutir com representantes políticos, Anvisa e outras grandes
empresas sobre o real sentido da segurança alimentar dentro de um desenvolvimento
sustentável.

O Brasil enfrenta barreiras em conciliar o crescimento dos grandes centros agrícolas com a
preservação dos ecossistemas e recursos disponíveis; junto a larga utilização de pesticidas
químicos; abrindo as discussões de segurança alimentar, situação que se alastra e reflete na
nossa qualidade de vida. Para que possamos consumir e nos alimentar, foi adotado rapidamente,
após a Revolução Industrial, outro sistema de produção alimentícia, que acompanha o grande
crescimento populacional e o ritmo acelerado de trabalho.

Embora tenhamos um aumento significativo da produção mundial de alimentos, a desnutrição e


a insegurança alimentar continuam em níveis inaceitáveis. O desafio atual da agricultura
mundial consiste em aumentar a produção de alimentos sem aumentar os impactos negativos ao
meio ambiente e saúde. Estruture e organize suas ideias/propostas sobre os reais princípios da
segurança alimentar sustentável, buscando informar, sensibilizar e persuadir com seus dados e
ponto de vista. Apresente práticas, medidas e metas que levam à produção e ao consumo mais
saudável e vantajoso nas dimensões sociais e ambientais.

INFOGRÁFICO

Neste infográfico, você vai visualizar como ocorreram as estruturas das conferências Eco 92,
Rio +10 e Rio +20 e quais foram os debates, os pontos altos e os resultados desses encontros.

CONTEÚDO DO LIVRO

Neste texto, você vai conhecer as três importantes conferencias que debateram sobre meio
ambiente e que foram determinantes para mudanças em nosso país. Rio-92 (também conhecida
como Eco-92), Rio +10 e Rio +20. Estes encontros internacionais debateram assuntos
relacionados ao desenvolvimento socioambiental e foram oportunidades para a elaboração de
projetos e acordos importantes, na busca por soluções mais práticas e eficazes as questões e
problemáticas socioambientais

Boa leitura!
RESPONSABILIDADE
SOCIOAMBIENTAL
Thais Miranda
Rio-92, Rio +10 e Rio +20
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

 Identificar as propostas, elaborações e resultados da Rio-92;


 Analisar as proposições da Rio +10 e alguns resultados do encontro;
 Problematizar e discutir as propostas e resultados da conferencia
Rio +20;

Introdução
Neste texto, você vai conhecer as três importantes conferencias que
debateram sobre meio ambiente e que foram determinantes para mu-
danças em nosso país. Rio-92 (também conhecida como Eco-92), Rio +10
e Rio +20. Estes encontros internacionais debateram assuntos relaciona-
dos ao desenvolvimento socioambiental e foram oportunidades para a
elaboração de projetos e acordos importantes, na busca por soluções
mais práticas e eficazes as questões e problemáticas socioambientais.

Propostas, elaborações e resultados da Rio-92


A partir da década de 80, os debates sobre a preservação do meio ambiente se
ampliaram. Em 1992, com a Guerra Fria recém terminada e a Europa assinando
o Tratado de Maastrich, um marco para a formalização da União Europeia.
Neste mesmo período de tempo, a agenda ambiental ganhava força e passava
a ser discutida por toda a sociedade.
Culminou com a Eco-92 ou Rio-92 (Conferência das Nações Unidas sobre
o Meio Ambiente e Desenvolvimento), realizada de 3 a 14 de junho de 1992
no Rio de Janeiro, esta gerou debates e contribui para o surgimento de novas
instituições, movimentos e ONGs ambientais. Veja a Figura 1:
58 Responsabilidade socioambiental

Figura 1. Logotipo da Rio-92.

A intenção desse encontro era de introduzir a ideia do desenvolvimento


sustentável, um modelo de crescimento econômico menos consumista e mais
adequado ao equilíbrio ecológico. Os encontros ocorreram no centro de con-
venções Riocentro. A diferença entre a conferência de 1972 e a de 1992 pode
ser marcada, na segunda conferência, pela presença maciça de Chefes de
Estado, fator indicativo da importância atribuída à questão ambiental no
início da década de 1990. Já as organizações não governamentais fizeram
um encontro paralelo no Aterro do Flamengoː o Fórum Global. O encontro
teve, como resultado, a aprovação da Declaração do Rio, também chamada
de Carta da Terra.
A Carta da Terra é uma espécie de código de ética planetário, semelhante
à Declaração Universal dos Direitos Humanos, só que voltado à sustentabi-
lidade, à paz e a justiça socioeconômica. Idealizada pela Comissão Mundial
sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento das Nações Unidas, em 1987, ganhou
impulso na Cúpula da Terra movimento que aconteceu “dentro” da Rio-92.
Foi um documento oficial, reconhecido como um dos resultados do encontro.
Rio-92, Rio +10 e Rio +20 59

O que é a Carta da Terra?


A Carta da Terra é uma declaração de princípios fundamentais para a construção de
uma sociedade global no século XXI, que seja justa, sustentável e pacífica. O documento
procura inspirar em todos os povos um novo sentido de interdependência global e de
responsabilidade compartilhada pelo bem-estar da família humana e do mundo em
geral. É uma expressão de esperança e um chamado a contribuir para a criação de uma
sociedade global num contexto crítico na História. A visão ética inclusiva do documento
reconhece que a proteção ambiental, os direitos humanos, o desenvolvimento humano
equitativo e a paz são interdependentes e inseparáveis. Isto fornece uma nova base
de pensamento sobre estes temas e a forma de abordá-los. O resultado é um conceito
novo e mais amplo sobre o que constitui uma comunidade sustentável e o próprio
desenvolvimento sustentável.

Muitos objetos de discussões e prospecção de medidas nas pautas Rio-92


foram retomados de eventos anteriores além de reformadas:

 Aquecimento global: a Rio-92 deu alicerces a eventos como a confe-


rência em Kyoto no Japão, em 1997. Este deu origem ao Protocolo de
Kyoto, no qual a maioria das nações concordou em reduzir as emissões
de gases estufa que intensificam o chamado “efeito estufa”.
 Ar e água: um congresso da ONU em Estocolmo em 1972, adotou
um tratado para controlar 12 substâncias químicas organocloradas.
Destinada a melhorar a qualidade do ar e da água, a convenção so-
bre Poluentes Orgânicos Persistentes pede a restrição ou eliminação de
oito substâncias químicas como clordano, DDT e os PCBs.
 Transporte alternativo: os automóveis híbridos, movidos a gasolina e
a energia elétrica, já reduzem as emissões de dióxido de carbono no
Japão, na Europa e nos Estados Unidos.
60 Responsabilidade socioambiental

 Ecoturismo: com um crescimento anual estimado em 30%, o eco-


turismo incentivou governos a proteger áreas naturais e culturas
tradicionais.
 Redução do desperdício: empresas adotaram programas de reutilização
e redução, como acontecia com as garrafas de PET no Brasil antes
que as empresas fossem taxadas com impostos sobre sua compra dos
catadores de lixo.
 Redução da chuva ácida: na década de 1980, os países desenvolvi-
dos começaram a limitar as emissões de dióxido de enxofre, lançado por
usinas movidas a carvão. A Alemanha adotou um sistema obrigatório
de geração doméstica de energia através de célula fotoelétrica.

Os resultados
Além da sensibilização das sociedades e das elites políticas, a Conferência
teve, como resultado, a produção de alguns documentos oficiais fundamentais
nas seguintes convenções:

 A Convenção sobre diversidade biológica, tratando da proteção


da biodiversidade;
 Convenção das Nações Unidas de combate à desertificação, tratando da
redução da desertificação; e A Convenção – Quadro das Nações Unidas
sobre a mudança do clima, tratando das mudanças climáticas globais;
 Além das declarações documentadas sobre;
 Princípios sobre Florestas;
 Documento, sem força jurídica obrigatória, que faz uma série de reco-
mendações para a conservação e o desenvolvimento sustentável florestal.

A Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento:

 Estabelecia uma nova e justa parceria global mediante a criação de


novos níveis de cooperação entre os Estados, setores da sociedade e os
indivíduos, trabalhando com vistas à conclusão de acordos internacionais
respeitando interesses comuns e protegendo a integridade do sistema
global de meio ambiente e desenvolvimento, reconhecendo a natureza
integral da Terra.
Rio-92, Rio +10 e Rio +20 61

Agenda 21

 É tido até hoje como um documento referência aos assuntos socioambien-


tais. Composta por quarenta capítulos, a Agenda 21 é um instrumento
de planejamento participativo onde se admite a responsabilidade dos
governos em impulsionar programas e projetos ambientais através de
políticas que visam à justiça social e a preservação do meio ambiente.
A Agenda pode/deve ser implementada por governos e sociedade,
concretizando o lema da Eco-92. Veja a Figura 2:

Figura 2. Logotipo da Agenda 21 em 1992.

Desafios
Apesar dos avanços, a legislação brasileira ainda enfrenta o desafio de con-
ciliar o crescimento das cidades e da fronteira agrícola com a preservação
de seus diversos ecossistemas. Como você pode observar, o desafio é rever a
hegemonia da economia em relação as manifestações humanas e à organização
das sociedades, nas quais a produção do conhecimento, de bens materiais e
culturais passe a implicar no bem-estar, na comunicação e integração solidária
com a natureza e com todos os seres.
Em outras palavras, trata-se de uma reconfiguração das relações sociais, nas
quais ser sujeito livre, consciente e ativo e que percebe como indissociável a
seu progresso, também o desenvolvimento da comunidade, torna-se o elemento
essencial para as mudanças socioambientais.

Impacto Político
O Brasil, país-sede da Eco-92, vivia sob seu primeiro governo eleito pelo voto
direto após a ditadura, mas a conferência ecológica aconteceu simultaneamente
62 Responsabilidade socioambiental

à CPI do Collorgate, que culminou, mais tarde, no impeachment do presidente


Fernando Collor de Mello.
A Eco-92 foi um marco histórico – a maior conferência já realizada no
planeta, com a presença de delegações de 178 países. Seu ineditismo fez com
que o encontro resultasse em documentos – referência, e a continuação de sua
agenda é um dos objetivos da Rio +20.
Ainda assim, a ausência de metas concretas fez com que muitos conside-
rassem a Eco-92, na época, uma “decepção”.

Proposições e resultados do encontro RIO +10


Dez anos após a Eco-92, entre os dias 26 de agosto e 4 de setembro de 2002,
a ONU realizou a Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável em
Joanesburgo – África do Sul, a chamada Rio +10 (ver Figura 3) ou conferência
de Joanesburgo, que procurou fazer uma avaliação dos resultados obtidos nos
dez anos que sucederam.

Figura 3. Logotipo da Rio +10.

A Rio +10 teve como objetivo principal discutir soluções já propostas


na Agenda 21 primordial (Rio-92), para que pudesse ser aplicada de forma
coerente não só pelo governo, mas também pelos cidadãos, realizando uma
Agenda 21 local, e implementando o que fora discutido em 1992.
Novamente, a Agenda 21 estava em evidência, esta focou e reforçou a
procura de meios de cooperação entre as nações para lidar com problemas
ambientais globais como:

 Poluição;
 Mudanças climáticas;
 Destruição da camada de ozônio;
 Uso e gestão dos recursos marinhos e de água doce;
Rio-92, Rio +10 e Rio +20 63

 Desmatamento;
 Desertificação e degradação do solo;
 Resíduos perigosos, e;
 Degradação da diversidade biológica.

Esta segunda edição serviu para fazer um balanço da anterior Eco-92, reali-
zada no Rio de Janeiro em 1992. Centrada no desenvolvimento sustentável, seu
objetivo era a adoção de um plano de ação de 153 artigos divididos em 615 pontos
sobre diversos temas: a pobreza e miséria, o consumo, os recursos naturais e
sua gestão, globalização, o cumprimento dos direitos humanos, o lazer, etc.
Como consta no Informativo da Cúpula Mundial sobre o Desenvolvi-
mento Sustentável, Joanesburgo (África do Sul), 26 de agosto a 4 de setembro
de 2002, obrigou-se aos países desenvolvidos alcançar os níveis intencional-
mente convencionados de assistência oficial ao desenvolvimento, apoiar a
criação de alianças regionais fortes para promover a cooperação internacional,
afirmar que o setor privado também tem o dever de contribuir ao desen-
volvimento sustentável, e por último chamada para criação de instituições
internacionais e multilaterais mais eficientes, democráticas e responsáveis.
Veja a Figura 4.

Figura 4. Cúpula da Terra de Joanesburgo.


Fonte: CRI Português (2015).

Resultados
Apesar dos problemas levantados, a ampla participação e colaboração foram
chave para o bom desenvolvimento da Cúpula e consequentemente, para o
64 Responsabilidade socioambiental

êxito para melhorias de um desenvolvimento sustentável. O grande êxito da


Cúpula da Terra de Joanesburgo foi a ênfase que se conseguiu em temas de
desenvolvimento social, tais como a erradicação da pobreza, o acesso a
água e aos serviços de saneamento, e a saúde.
Foi de comum acordo entre os países, para o ano de 2015, a reduzir na
metade a proporção dos índices de pessoas cuja renda seja inferior a 1dólar
por dia, de pessoas que sofrem de fome e a de pessoas que não tenham acesso
a água potável.
Houve também, um acordo de fortalecer a contribuição do desenvolvi-
mento industrial para a erradicação da pobreza, de maneira compatível com
a proteção do meio ambiente. Apesar dessas conquistas, foi considerada a
menos produtiva das reuniões ambientais internacionais, porque os debates se
focaram mais em geopolítica e as questões ambientais foram postas de lado.
Para citar um exemplo, o Plano de Ações da Cúpula de Joanesburgo firmou o
compromisso de restaurar os estoques de peixes nos mares até 2015. Entretanto
o texto fala que essa restauração será feita “onde for possível” o que torna
difícil realizar o monitoramento e a cobrança para realização do compromisso.
De qualquer forma, há quem diga que o balanço foi positivo, pois, de ma-
neira geral na Convenção de Joanesburgo temas como energia renovável que,
embora tenham tido um tratamento muito aquém do pretendido, ainda tiveram
um espaço aberto por Joanesburgo, fundamental para futuras negociações.

Discussões Rio +20


A Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Natu-
ral (CNUDN), conhecida também como Rio +20, foi uma conferência rea-
lizada entre os dias 20 e 22 de junho de 2012 na cidade brasileira do Rio de
Janeiro, cujo objetivo era discutir sobre a renovação do compromisso político
com o desenvolvimento sustentável. Veja a Figura 5:
Rio-92, Rio +10 e Rio +20 65

Figura 5. Logotipo da Rio +20.


Fonte: Pastoral Fé e Política (2012).

Considerado o maior evento já realizado pelas Nações Unidas, a Rio +20


contou com a participação de chefes de Estado de 190 nações que propuseram
mudanças, sobretudo, no modo como estão sendo usados os recursos naturais do
planeta. Além de questões ambientais, foram discutidos aspectos relacionados
a questões sociais como a falta de moradia entre outros tópicos.
O evento ocorreu em dez locais, tendo o Riocentro como principal local de
debates e discussões; entre os outros locais, figuram o Aterro do Flamengo e
o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro.
O objetivo da Conferência foi a renovação do compromisso político com
o desenvolvimento sustentável, por meio da avaliação do progresso e das
lacunas na implementação das decisões adotadas pelas principais cúpulas
sobre o assunto e do tratamento de temas novos e emergentes.
A Conferência teve dois temas principais:

 A economia verde no contexto do desenvolvimento sustentável e da


erradicação da pobreza, e;
 A estrutura institucional para o desenvolvimento sustentável.

A Rio +20 foi composta por três momentos:

 Nos primeiros dias, de 13 a 15 de junho, aconteceu a III Reunião do


Comitê Preparatório, no qual se reuniram representantes governamentais
para negociações dos documentos adotados na Conferência.
 Em seguida, entre 16 e 19 de junho, foram programados os Diálogos
para o Desenvolvimento Sustentável.
66 Responsabilidade socioambiental

 De 20 a 22 de junho, ocorreram o Segmento de Alto Nível da Confe-


rência, para o qual foi confirmada a presença de diversos Chefes de
Estado e de Governo dos países-membros das Nações Unidas.

No Brasil, foi formado um Comitê Facilitador da Sociedade Civil Bra-


sileira para a Rio +20. Segundo Aron Belinky, coordenador de Processos
Internacionais do Instituto Vitae Civis, que representa o Fórum Brasileiro de
ONGs e Movimentos Sociais para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento na
Coordenação Nacional do Comitê, o papel do grupo – atualmente formado
por 14 redes – é trazer mais participantes para o debate até o ano que vem.
As ações do grupo de trabalho são de formação e mobilização, levando
os temas em discussão para a sociedade. O evento paralelo foi chamado de
“Cúpula dos povos”. Veja a Figura 6:

Figura 6. Logotipo da Cúpula dos povos na Rio +20.

Outra frente da sociedade civil na Rio +20 se deu no âmbito do Fórum Social
Mundial (FSM). A decisão foi em Dacar, no Senegal. Segundo o empresário
e ativista da área de responsabilidade social, Roberto Martins que integra o
Comitê Internacional do FSM – em janeiro de 2013 –, a edição internacional
descentralizada do evento terá como principal pauta a temática ambiental,
voltada à conferência.
A FSM não representa as elites econômicas e demanda mobilização da
sociedade sobre outro modelo de desenvolvimento. Propostas como:

 Mudança da matriz energética para a renovável;


 Questões nucleares, das hidrelétricas em confronto com as populações
indígenas;
 Modelo de consumo e resíduos orgânicos;
 Entre outros.
Rio-92, Rio +10 e Rio +20 67

Segundo Oded Grajew, do instituto Ethos, a meta é propor políticas públicas


ao governo e informações sobre indicadores quanto à grave situação do modelo
atual de desenvolvimento, que leva ao esgotamento de recursos naturais e ao
aumento das desigualdades.

Como 2012 será também um ano de eleições em alguns países impor-


tantes como EUA, Alemanha e França, isso prejudica decisões. Talvez
essas nações não queiram assumir alguns compromissos, que podem
comprometer os resultados nas urnas. (GRAJEW, 2012).

Ele reforça que, no contexto da Economia Verde, as discussões do FSM


permanecerão voltadas a questões sociais, ao combate às desigualdades.
Entende-se que no campo empresarial algumas iniciativas em andamento
são do Instituto Ethos, que lançou em fevereiro de 2012, a Plataforma por uma
“Economia Inclusiva, Verde e Responsável”.
68 Responsabilidade socioambiental

Em junho de 1992, chefes de Estado de todos os países se reuniram no


Rio de Janeiro, para tratar dos problemas do Planeta Terra. Na Figura 7,
você pode ver alguns dos assuntos discutidos e suas devidas proporções:

20% 80%
(1 bilhão) (4 bilhões) População

80% 20%
Consumo de alimentos

70% 30%
Consumo de energia gerada

Países industrializados
50% 50%
Poluição por C02

Países não industrializados

Figura 7.
Fonte: Mundo Vestibular (c2016).

Outro tema complexo da Conferência, segundo Aron Belinky, diz respeito


à governança em um cenário de desenvolvimento sustentável. Tema pouco
debatido oficialmente e extraoficialmente. Que deveria ser visto não como
uma discussão sobre burocracia, mas como uma condição necessária para
encaminhar as decisões e recomendações tomadas na conferência.
Belinky afirma que, se por um lado, hoje se enxerga o desenvolvimento
sustentável no conjunto, as instituições internacionais e internas de cada
Rio-92, Rio +10 e Rio +20 69

país são estanques. Algumas atuam no campo econômico, como o Banco


Interamericano de Desenvolvimento (BID), o FMI e a Organização Mundial
do Comércio(OMC), que não se conectam nas dimensões sociais e ambientais.
Já a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Organização Mundial do
Trabalho (OIT), que têm algum poder político, estão desconectadas do lado
ambiental. A ideia é integrá-las à questão do desenvolvimento sustentável.
No caso da questão ambiental, as discussões levam à constatação de que
não existe nenhuma organização internacional com real poder regulatório. O
Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) é um dos com
menor orçamento na ONU e depende de adesões voluntárias. Não é essencial
dentro do sistema, participa quem quer. Pode encaminhar, no máximo, estudos
e recomendações, mas sem poder regulatório.
Como primeiro passo, uma das propostas defendidas pela sociedade civil
é que haja uma resolução para se criar uma agência ambiental internacio-
nal, aprimorando o funcionamento do Pnuma ou por meio de sua união com
outras agências.
As entidades, segundo Belinky, enxergam que existe uma necessidade
tanto ética quanto política e econômica de tirar as pessoas da pobreza. Porém,
ainda haverá padrões de consumo insustentáveis, como o norte-americano e
o europeu.
A Rio +20 aconteceu em um momento de crescimento em sua produção
de petróleo e como um dos líderes na produção de etanol. O Brasil tenta se
projetar como líder ambiental global, mas a preservação de seu ecossistema
é colocada em xeque por medidas de estímulo ao desenvolvimento econô-
mico (por exemplo, a redução de IPI para montadoras, que incentiva o uso
de automóveis).
O debate se estende também ao Código Florestal, aprovado em meio a um
enfrentamento entre ambientalistas e ruralistas.
A Rio +20 teve a missão de definir os rumos do desenvolvimento susten-
tável das décadas seguintes, com temas como, segurança alimentar, economia
verde, acesso à água, o uso de energia, etc.
Veja na Figura 8, como as ações ficaram organizadas nas dimensões de
gestão após o evento:
70 Responsabilidade socioambiental

Figura 8.
Fonte: RIO +20 (2011).

Segurança alimentar
Neste momento, o conceito de segurança alimentar passa a ser mais do que apenas
características físico-químicas, normas de produção, transporte e armazenamento
de alimentos – deve fazer parte deste ciclo as condições de plantio, mão de obra e
produção, havendo segurança também no que diz respeito as condições laborais e
uso de pesticidas e agrotóxicos. Lembrando que, muitos produtos químicos ainda
permitidos no nosso país, são proibidos praticamente em todo mundo.

Economia Verde
É um tipo de economia que visa o desenvolvimento, diminuindo os impactos sociais
e ambientais; resultando em uma melhoria do bem-estar da humanidade e igualdade
social, ao mesmo tempo em que reduz os riscos ambientais e a escassez ecológica. Não
visa somente, ganhos materiais e posses de compras, mas também desenvolvimentos
na agricultura, saúde, educação, saneamento e qualidade de vida.
A economia verde vem como proposta e resposta sobre um desenvolvimento mais
sustentável, reduzindo impactos socioambientais. Uma evolução mais inteligente e
limpa. Abre também para conceitos como desenvolvimento de produtos e economia
local e economias colaborativas (Figura 9).
Rio-92, Rio +10 e Rio +20 71

Figura 9. Como o mundo mudou entre a Eco-92 e a Rio +20.


Fonte: BBC Brasil (2012).
Rio-92, Rio +10 e Rio +20 73

BRASIL. Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional. Conceitos. 02 jan.


2013. Disponível em: <http://www4.planalto.gov.br/consea/acesso-a-informacao/
institucional/conceitos>. Acesso em: 19 dez. 2016.
FRANCISCO, W.de C. e. Rio+10. 2016. Disponível em: <http://brasilescola.uol.com.br/
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RIO +20. 2011. Disponível em: <http://www.rio20.gov.br/>. Acesso em: 19 dez. 2016.
TERRA. Da Eco-92 à Rio+20: duas décadas de debate ambiental. 13 JUN. 2012. Dispo-
nível em: <https://noticias.terra.com.br/ciencia/da-eco-92-a-rio20-duas-decadas-
-de-debate-ambiental,d0aa00beca2da310VgnCLD200000bbcceb0aRCRD.html>.
Acesso em: 19 dez. 2016.
NASCIMENTO, L. F., LEMOS A. D. C., MELLO M. C. A. Gestão socioambiental estratégica,
Porto Alegre : Bookman, 2008, p. 60.
SCHWANKE C. Ambiente: Conhecimentos e Práticas. Porto Alegre : Bookman, 2013, p. 67.
BARREIRA, C. Rede ecológica campo e cidade se dão as mãos. [2013?]. Disponível em:
<http://slideplayer.com.br/slide/9903/>. Acesso em: 19 dez. 2016.
BBC BRASIL. Da Eco-92 à Rio+20: duas décadas de debate ambiental. 13 jun. 2012.
Disponível em: <http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2012/06/120612_gra-
fico_eco92_rio20_pai.shtml>. Acesso em: 19 dez. 2016.
CRI PORTUGUÊS. China: Cúpula de Joanesburgo do Fórum de Cooperação Sino-
-Africana abre nova era de desenvolvimento conjunto. 08 dez. 2015. Disponível em:
<http://portuguese.people.cn/n/2015/1208/c310816-8987365.html>. Acesso em: 19
dez. 2016.
MENDES, L. Carta da Terra: Muito mais que uma simples correspondência. 29 ago. 2013.
Disponível em: <https://blogimpactoambiental.wordpress.com/2013/08/29/carta-da-
-terra-muito-mais-que-uma-simples-correspondencia/>. Acesso em: 19 dez. 2016.
MUNDO VESTIBULAR. Eco 92. c2016. Disponível em: <http://www.mundovestibular.
com.br/articles/217/1/ECO-92/Paacutegina1.html>. Acesso em: 19 dez. 2016.
PASTORAL FÉ E POLÍTICA. Breves Considerações Sobre a Rio +20 e a Cúpula dos Povos. 13
jun. 2012. Disponível em: <http://www.pastoralfp.com/cms15/lateral-pedro-aguerre/
123-artigo-aguerre-consideracoes-rio-cupula-povos.html>. Acesso em: 19 dez. 2016.
DICA DO PROFESSOR

No vídeo sobre as conferências, você vai compreender mais sobre o principal conceito entre
esses debates, que é o desenvolvimento sustentável.

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EXERCÍCIOS

1) As conferências conhecidas como Eco 92, Rio +10 e Rio +20 tiveram como propósitos
comuns os seguintes pontos:

A) Encontros de natureza político-econômica, em que foram elaboradas declarações dos


direitos humanos.

B) Foram encontros internacionais que debateram assuntos relacionados ao desenvolvimento


socioambiental, criando oportunidades para a elaboração de projetos, acordos, soluções e
práticas eficazes para as questões e problemáticas ambientais.

C) Foram encontros de natureza filantrópica realizados pelas Nações Unidas entre 1990 e
2012.

D) Conferências realizadas para assinar as declarações da Carta da Terra, Agenda 21 e a


Declaração do Rio sobre Meio Ambiente.

E) As conferências foram várias tentativas para que algumas nações assinassem acordo de
paz, após a Segunda Guerra Mundial.

2) As discussões sobre economia verde e a erradicação da pobreza foram os assuntos


mais discutidos e evidenciados em que momento?
A) Na Eco 92 em Estocolmo.

B) No tratado da Carta da Terra.

C) Nos encontros Rio +20.

D) Na conferência Rio +10 em 2000.

E) No Protocolo de Kyoto.

3) No documento conhecido como Carta da Terra, elaborado na Eco 92, afirma-se que
desenvolvimento e comunidade sustentável só poderiam ser alcançados mediante:

A) Boas condições e bem-estar da família humana.

B) Redução das emissões dos gases de efeito estufa.

C) Potencialização dos nossos laços e da economia local.

D) Assinatura de um acordo de paz na Conferência de Estocolmo.

E) Ações éticas de inclusão e proteção ambiental dos direitos humanos e paz de forma
inseparável.

4) Sobre a Conferência de Joanesburgo, podemos afirmar:

A) A conferência focou na procura de meios de cooperação entre nações para lidar com
questões como desmatamentos, resíduos perigosos, poluição, saneamento, etc.
B) Foi nessa conferência, também conhecida como Rio +20, que se intensificaram as
discussões sobre as mudanças climáticas.

C) Os propósitos e as metas da conferência não foram sólidos e enfraqueceram-se, pois, na


época, o Brasil passava por uma situação política difícil que levou ao impeachment
(Collorgate).

D) Essa conferência foi de extrema relevância por fortalecer as discussões sobre as florestas.

E) Essa foi uma das poucas conferências em que não se tratou sobre condições sociais e
erradicação da pobreza. Tratou-se apenas dos aspectos tecnológicos ambientais.

5) Sobre o conceito de economia verde, podemos afirmar:

A) É um antigo programa econômico que busca integrar países e comunidades mais pobres e
carentes.

B) Conceito criado na Eco 92 para financiar pesquisas de tecnologias limpas.

C) Conceito tratado em todas as conferências, mas suas propostas não contemplam


saneamento nem recursos renováveis.

D) Busca resultados e melhorias no bem-estar social, ao mesmo tempo em que reduz os riscos
ambientais. Não visa somente ganhos materiais e posses de compras, mas também
desenvolvimento na agricultura, saúde, educação, saneamento e qualidade de vida.

E) A economia verde é um conceito de desenvolvimento sustentável, criada no encontro em


Estocolmo e já largamente aplicado.

NA PRÁTICA
A Marcopolo é uma empresa brasileira fabricante de carrocerias de ônibus. É a maior fabricante
nacional do setor, com 40,7% de participação no mercado, e uma das mais importantes no
mundo. Conta com 20.016 empregados, em 10 fábricas espalhadas pelo mundo. Na linha de
produção, são produzidos 80 ônibus por dia. Para se adequar às questões socioambientais e
assegurar suas certificações e parcerias, em 2006 a empresa manifestou intenção de desenvolver
uma gestão integrada para os processos produtivos.

Como movimentos como Eco 92, Rio +10, Rio +20 podem nortear premissas para que empresas
como a Marcopolo organizem ações e metas de responsabilidade socioambiental? As três
conferências, de alguma forma, tratam prioritariamente das prevenções de acidentes ambientais,
ética e responsabilidade social. Esses encontros discutiram, documentaram e indicaram
processos e apontaram objetivos para conceitos como produção e consumo sustentável,
governança, ética para sustentabilidade, inclusão social, entre outros assuntos.

SAIBA MAIS

Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do
professor:

Ambiente: conhecimentos e Práticas


A História da Agricultura e a Economia Verde

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Comida Que Alimenta

Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!

O Que é a Agenda 21?

Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!


Protocolo de Kyoto

APRESENTAÇÃO

O tratado foi um marco específico e particular para as discussões sobre as aceleradas mudanças
climáticas. Acordos como esse implicam em comprometimento e reduções de emissões, o que
levaria a uma segunda discussão envolvendo ética, equidade e desenvolvimento social. Para
tanto, percebe-se a necessidade de avaliar cada caso e elaborar acordos e metas para agir
globalmente. Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai estudar o Protocolo de Kyoto e
perceber que ele não foi apenas mais uma conferência que virou um acordo.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Relacionar alguns fenômenos que levam aos conceitos de aquecimento global e efeito
estufa.
• Identificar o conceito do Protocolo de Kyoto, sua origem e momento histórico e ações.
• Destacar alguns debates, resultados e aplicabilidades que aconteceram durante e após o
protocolo.

DESAFIO

Você tem uma empresa multinacional de fundição que movimenta um grande valor econômico
no mercado mundial. Sua empresa é conhecida por comercializar bons produtos, ter postura
ética e responsabilidade social e ambiental. Um dos grandes marketings da empresa é a
credibilidade.

A partir de 2005, sua demanda de vendas aumentou e consecutivamente sua produção também.
Mas, para fechar parcerias de compras e vendas, você deve ter selos de certificação, que
confirmam qualidade administrativa do produto e responsabilidade socioambiental. Outro
grande problema de sua expansão é que as filiais localizadas em outros países já excederam suas
cotas de emissões atmosféricas e não podem mais poluir para manter as certificações e,
consecutivamente, as parcerias e as vendas. Qual seria sua alternativa? Que ações e medidas
você pode tomar?

INFOGRÁFICO

No infográfico, é possível perceber as principais causas que levam aos impactos ambientais e
sociais e às mudanças climáticas rígidas, para as quais o Protocolo de Kyoto oferece medidas de
mitigação.

CONTEÚDO DO LIVRO

No capítulo desta Unidade de Aprendizagem, você vai estudar o Protocolo de Kyoto e conhecer
alguns debates, resultados e metas desse movimento que se tornou base para as discussões do
superaquecimento global.

Boa leitura.
MEIO AMBIENTE

Thais Miranda
Revisão técnica:

Vanessa de Souza Machado


Mestre e Doutora em Ciências
Graduada em Ciências Biológicas

M499 Meio ambiente [recurso eletrônico] / Ronei Tiago Stein


... [et al.]; [revisão técnica : Vanessa de Souza Machado]. –
Porto Alegre : SAGAH, 2018.

ISBN 978-85-9502-573-8

Engenharia de produção. 2. Meio ambiente. I. Stein,


Ronei Tiago.

CDU 502

Catalogação na publicação: Karin Lorien Menoncin CRB – 10/2147


Protocolo de Kyoto
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

„ Reconhecer alguns fenômenos que levam aos conceitos de aqueci-


mento global e efeito estufa.
„ Identificar o conceito do protocolo de Kyoto, qual sua origem e mo-
mento histórico e ações.
„ Destacar alguns debates, resultados e aplicabilidades que aconteceram
durante e após o protocolo.

Introdução
Neste texto, você irá estudar o Protocolo de Kyoto, os acordos, as medidas
e metas estabelecidas, compreendendo que não foi apenas mais uma
conferência para assuntos ambientais. O tratado foi um marco específico
e particular para as discussões sobre as aceleradas mudanças climáticas.
Acordos como este implicam em comprometimento e reduções de
emissões, o que levaria a uma segunda discussão, que seria sobre ética,
equidade e desenvolvimento social. Para tanto, percebe-se a necessidade
de avaliar cada caso e elaborar acordos e metas para agir globalmente.

Como surge a necessidade de acordo


Os anos 1960, 1970 e 1980 foram marcados por inúmeras catástrofes climá-
ticas e incidentes sociais e ambientais, gerando polêmica, gastos públicos e o
comprometimento da boa visibilidade política.
Catástrofes como furacões, ciclones, tufões, tsunamis, ondas de calor,
tempestades, enchentes, famílias desabrigadas, casas destruídas, mortes,
doenças e epidemias, mudanças drásticas no clima mesclam-se entre teorias
dos ciclos naturais geológicos da terra e do aquecimento global de origem
antropogênica (práticas humanas). Veja as Figuras 1 e 2.
230 Protocolo de Kyoto

Figura 1. Inundação na Indonésia.


Fonte: Araújo (2010).

Figura 2. Enchentes castigaram o estado de Santa Catarina em 2008.


Fonte: Araújo (2010).

O Atlas Nacional do Brasil Milton Santos (nova versão do Atlas Nacional do Brasil) foi
lançado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O documento revelou
que, de 2007 a 2009, o número de brasileiros afetados por inundações, secas, vendavais
e temperaturas extremas foi triplicado.
Protocolo de Kyoto 231

Embora existam discordâncias no campo científico, a principal causa do


problema climático que afeta todo o planeta é a intensificação do efeito estufa.
Esse fenômeno natural é responsável pela manutenção do calor na Terra e
vem apresentando maior intensidade em razão da poluição do ar resultante
das práticas humanas.
Emissões de processos industriais (gases), como material particulado (MP),
dióxido de enxofre (SO2), trióxido de enxofre (SO3), monóxido de carbono
(CO) e oxidantes fotoquímicos, como ozônio (O3), hidrocarbonetos (HC) e
óxidos de nitrogênio (NOx), são intensificados de acordo com a evolução
produtiva e econômica de cada país. Isso modifica padrões de qualidade do
ar, da água e do solo.
Nesse ponto, surge o conceito de efeito estufa — fenômeno natural que
gera o aquecimento térmico que possibilita a vida no planeta. O planeta Terra
é envolto por uma camada de ar chamada atmosfera; é a atmosfera terrestre a
responsável pela retenção de cerca da metade dos raios solares que chegam ao
planeta. O conceito foi muito abordado ao longo dos anos, revertido e demasia-
damente conhecido por seus aspectos negativos, mas é um fenômeno natural.
Existe uma relação com impactos ambientais negativos, por conta de ações
irresponsáveis do homem, e, com isso, o efeito estufa está se tornando cada
vez mais intenso, o que passa a ser bastante prejudicial para a vida na Terra.
Os raios solares que chegam sobre a Terra têm dois destinos: parte é absor-
vida pelo planeta e transformada em calor, para manter a atmosfera quente, e a
outra parte é refletida e direcionada ao espaço na forma de radiação ultravioleta.
Com a emissão de muitos gases poluidores, que causam diversas reações
químicas, mais da metade da radiação acaba por ficar retida na superfície do
planeta, devido à ação refletora dessa camada de gases.
O excesso dos gases estufa, que agem como isolantes por absorver a energia
irradiada, forma uma espécie de “cobertor térmico” em torno do planeta,
impedindo que o calor volte para o espaço.

Efeito estufa natural


Na atmosfera terrestre, existe uma grande quantidade de gases e de partículas
de poeira que funciona como uma redoma natural. Essa redoma retém parte do
calor refletido pela superfície terrestre, mantendo a temperatura média da Terra
em torno de 15ºC. O restante do calor é irradiado para fora da atmosfera. Sem
essa estufa natural, a temperatura média do planeta ficaria em cerca de –27ºC.
232 Protocolo de Kyoto

Efeito estufa artificial


A excessiva quantidade de gases produzidos pelas atividades humanas acumula-
-se na atmosfera. Assim, os raios solares penetram na atmosfera e aquecem
a superfície, mas são irradiados para o espaço de forma reduzida. Parte do
calor que deveria ser liberado para o espaço fica aprisionado, intensificando
o efeito estufa e aumentando a temperatura média do planeta.
Estudos apontam que o efeito estufa artificial não acontece de forma
equilibrada e igual em todos os continentes, e o que não é de conhecimento
comum é que, muitas vezes, essa massa prejudicial se desloca em direção a
continentes que não são geradores desse tipo de impacto, causando surpresa,
revolta e sensação de injustiça.
O Quadro 1 traz os maiores emissores de cada continente.

Quadro 1. Quantidade de emissão de CO2 produzida a nível mundial

América Emissão total: 6.787 milhões de toneladas


do Norte
País que mais emite: Estados Unidos
(5.800 milhões de toneladas)

América Emissão total: 155 milhões de toneladas


Central
País que mais emite: Trinidad e Tobago (29 milhões de toneladas)

América Emissão total: 756 milhões de toneladas


do Sul
País que mais emite: Brasil (299 milhões de toneladas)

Ásia Emissão total: 10.226 milhões de toneladas

País que mais emite: China (4.151 milhões de toneladas)

África Emissão total: 943 milhões de toneladas

País que mais emite: África do Sul (365 milhões de toneladas)

Oceania Emissão total: 400 milhões de toneladas

País que mais emite: Austrália (355 milhões de toneladas)

Europa Emissão total: 6.180 milhões de toneladas

País que mais emite: Rússia (1.496 milhões de toneladas)

Fonte: Adaptado de Santos e Alencar (2010).


Protocolo de Kyoto 233

Movimentos de intervenções foram iniciados pela ONU antes do tratado


de Kyoto. A ideia começou em 1988, na “Toronto Conference on the Changing
Atmosphere” (Canadá); desde então, foram realizadas várias outras conferên-
cias sobre o meio ambiente e clima, até que foi discutida e negociada a criação
do Protocolo de Kyoto, no Japão, em 1997.
Em 1990, foi criado o Painel Intergovernamental sobre Mudança Climá-
tica com o objetivo de alertar a população sobre o aquecimento global. Em 1992,
foi a vez da Rio-92, onde ficou decidido que os países eram responsáveis pela
conservação do clima independentemente do tamanho da nação em questão.
O protocolo entrou em vigor em 2005 e evidenciou o interesse de países em
utilizar o carbono como moeda.

O que é o Protocolo de Kyoto?


O Protocolo de Kyoto é um tratado internacional com o objetivo de firmar acor-
dos e discussões para conjuntamente estabelecer metas de redução na emissão
de gases de efeito estufa na atmosfera, principalmente por parte dos países
industrializados, além de criar formas de desenvolvimento de maneira menos
impactante a países em crescimento. O fenômeno “Kyoto” foi constituído de
vários outros movimentos socioambientais anteriores e tomou forma em 1997,
na cidade japonesa de Kyoto. Na reunião, 141 países se dispuseram a aderir ao
protocolo e o assinaram, comprometendo-se a implantar medidas com o intuito
de diminuir a emissão de gases. Porém, o tratado só entrou em vigor em 2005.
As reduções das emissões aconteceram em várias atividades econômicas.
O Protocolo de Kyoto estimulou os países signatários a cooperarem entre si,
através de algumas ações básicas:

„ reformar os setores de energia e transportes;


„ promover o uso de fontes energéticas renováveis;
„ eliminar mecanismos financeiros e de mercado inapropriados aos fins
da convenção;
„ limitar as emissões de metano no gerenciamento de resíduos e dos
sistemas energéticos;
„ proteger florestas e outros sumidouros de carbono.
234 Protocolo de Kyoto

Os Estados Unidos, maior emissor de dióxido de carbono do mundo, se opôs


ao Protocolo de Kyoto, afirmando que a implantação das metas prejudicaria a
economia do país. Na época, o presidente George W. Bush considerou a hipótese
do aquecimento global bastante real, mas disse que preferia combatê-lo com
ações voluntárias por parte das indústrias poluentes e com novas soluções
tecnológicas. Outro argumento do líder para refutar o acordo foi a falta de
exigência sobre os países em desenvolvimento para a redução das emissões
— mais especificamente, China e Índia. Já outros representantes internos da
Casa Branca questionaram o consenso científico de que os poluentes emitidos
causassem a elevação da temperatura da Terra.
Mesmo que o governo dos Estados Unidos não tenha assinando o Protocolo
de Kyoto, alguns municípios, Estados (Califórnia) e donos de indústrias do
nordeste dos Estados Unidos tentaram maneiras de reduzir a emissão de gases
tóxicos — buscando não diminuir sua margem de lucro com essa atitude.
O Quadro 2 mostra alguns dados das emissões de CO2 em 2004, per capita,
realizadas por um pequeno grupo de países. Observe as enormes diferenças — a
produção de 10,13 toneladas no Kuwait e a não produção no Chade. Mesmo
entre países do mundo “desenvolvido”, há uma grande variação: por exemplo,
os Estados Unidos produzem 5,61 toneladas de CO2, enquanto que na França a
quantidade produzida é de 1,64. Um assunto de crescente interesse é o modo
como essas diferenças afetam a disposição dos países a entrar em acordos
ambientais internacionais, e como os termos desses acordos poderiam ser
criados de forma a motivar uma ampla participação.
Detalhes de alguns países:

„ União Europeia: seus 15 membros são as maiores vozes a favor desse


acordo.
„ China: segundo maior emissor de gases-estufa do planeta, tem redu-
zido muito suas emissões de dióxido de carbono na atmosfera. Não
tem meta de emissão a cumprir, mas os americanos querem que adote
compromissos de redução.
„ Austrália: faz parte do “Umbrella Group” (integrado, ainda, por Ca-
nadá, Noruega, Japão e Nova Zelândia), conjunto de países que se
aliaram aos Estados Unidos. Em 2007, após uma troca de governo, os
australianos repensaram sua posição e ratificaram o acordo durante a
Conferência da ONU em Bali. A participação do país nas emissões de
gases de efeito estufa é de apenas 2%, mas é o maior exportador de
carvão do mundo.
Protocolo de Kyoto 235

Quadro 2. PIB e emissões de CO2, per capita, em países selecionados

Emissões de Percentual
CO2 (toneladas de emissões
País PIB (US$, 2010) métricas, 2008) globais (2008)

Austrália 39.764 18,9 1,3

China 7.544 5,3 23,3

Colômbia 9.593 1,5 0,2

França 35.910 6,1 1,3

Índia 3.408 1,5 5,8

Indonésia 4.347 1,8 1,4

Iraque 3.548 3,4 0,3

Kuwait 38.775 26,3 0,3

Nepal 1.269 0,1 < 0,1

Noruega 51.959 10,5 0,2

Rússia 15.612 12,1 5,7

Reino Unido 35.059 8,5 1,7

Estados unidos 46.860 12,5 18,1

Fonte: Adaptado de International Monetary Fund (2011).

„ Rússia: o colapso econômico pós-União Soviética fez com que o terceiro


maior emissor não precisasse reduzir suas descargas.
„ Japão: foi o país em cuja antiga capital, Kyoto, foi assinado o protocolo.
Tem uma posição duvidosa, mas apoia o tratado.
„ Kiribati: maior interessado no Protocolo de Kyoto, o arquipélago está
ao nível do mar e vai desaparecer se as águas subirem.

Muitos ecologistas fizeram manifestações em vários países. Na cidade de


Sidney (Austrália), os manifestantes fizeram esculturas de gelo e as levaram
para as ruas e, depois de algum tempo, elas derreteram. Esta foi uma forma
de mostrar o que pode acontecer nas calotas polares se a temperatura da Terra
aumentar.
236 Protocolo de Kyoto

Em Brasília, foram plantadas várias mudas de árvores brasileiras e de


outros países, que compuseram o chamado “Bosque de Kyoto”. Em São Paulo,
em frente ao consulado dos Estados Unidos, alguns manifestantes levaram
faixas de repúdio ao governo americano.
Nesse ano de assinatura, países em desenvolvimento, como o Brasil e a
Índia, não precisaram se comprometer com metas específicas. Segundo o
Protocolo, estes são os que menos contribuíram para as mudanças climáticas
em curso e, por outro lado, tendem a ser os mais afetados por elas. Grande parte
das nações em desenvolvimento aderiram ao documento. Como signatários,
têm o dever de manter a ONU informada sobre seus níveis de emissão e, assim
como os demais, desenvolver estratégias de redução.
O documento propõe três mecanismos para auxiliar os países a cumprirem
suas metas ambientais:

„ O primeiro prevê parcerias entre países na criação de projetos ambien-


talmente responsáveis.
„ O segundo dá direito aos países desenvolvidos comprarem “créditos”
diretamente das nações que poluem pouco.
„ O terceiro foi a criação do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo
(MDL), conhecido como mercado de créditos de carbono.

Assim, foi criado o sistema de “Crédito de Carbono”, que conta com cer-
tificados emitidos para uma pessoa ou empresa que reduziu a sua emissão de
gases do efeito estufa (GEE).
Por convenção, uma tonelada de dióxido de carbono (CO2) corresponde a
um crédito de carbono, que pode ser negociado no mercado internacional. A
redução da emissão de outros gases, igualmente geradores do efeito estufa,
também pode ser convertida em créditos de carbono, utilizando-se o conceito
de carbono equivalente (equivalência em dióxido de carbono).
Comprar créditos de carbono no mercado corresponde, aproximadamente, a
comprar uma permissão para emitir GEE. O preço dessa permissão, negociado
no mercado, deve ser necessariamente inferior ao da multa que o emissor
deveria pagar ao poder público, por emitir GEE. Para o emissor, portanto,
comprar créditos de carbono no mercado significa, na prática, obter um des-
conto sobre a multa devida.
Acordos internacionais como o Protocolo de Kyoto determinam uma cota
máxima de GEE que os países desenvolvidos podem emitir. Os países, por
Protocolo de Kyoto 237

sua vez, criam leis que restringem as emissões de GEE. Assim, aqueles países
ou indústrias que não conseguem atingir as metas de reduções de emissões
tornam-se compradores de créditos de carbono.

Como funciona o mercado de carbono?


Cada tonelada de CO2 e equivalente não emitida ou retirada da atmosfera por
um país em desenvolvimento pode ser negociada no mercado mundial. Os termos
comuns são descritos a seguir.

Crédito de Unidade comercial, com objetivos monetários, que


carbono representa uma tonelada de CO2 equivalente (tCO2e).
O valor desse crédito varia diariamente, pois sua
atribuição de valor é dada por vários fatores externos.
A variação é semelhante a uma bolsa de valores.

Tonelada de Total emitido de gases que causam o efeito estufa


CO2 equivalente multiplicado pelo seu potencial de aquecimento global.
(tCO2e)

Mercado de Campo de trocas, regulado pelo Conselho Executivo


carbono do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), que
permite a países com altas emissões de carbono comprar o
“excedente” das cotas de países que produzem menos CO2.

Redução Unidade emitida pelo Conselho Executivo do


certificada Mecanismo de Desenvolvimento Limpo para cada
de emissão tCO2 reduzida ou removida do meio ambiente.

Mecanismo de Projetos que visam ao crescimento econômico de


desenvolvimento um país sem causar prejuízos ao meio ambiente.
limpo

Cap and trade Expressão utilizada para nomear o processo de limita


as emissões de gases. Por meio desse modelo, é criada
a estrutura do mercado de carbono, pois faz com que
grandes empresas emissoras de gases comprem os
créditos excedentes das companhias que emitem menos.

Principais gases Dióxido de carbono (CO2), metano (CH4), óxido nitroso


do efeito estufa (N2O), hexafluoreto de enxofre (SF6). Famílias de gases,
hidrofluorcarbonos (HFCs) e perfluorcarbonos (PFCs).
238 Protocolo de Kyoto

Debates, resultados e aplicabilidades durante e


após o protocolo
O protocolo de Kyoto não propôs apenas discussões e implantações de medi-
das de redução de gases, mas também incentivou e estabeleceu medidas com
intuito de substituir produtos oriundos do petróleo por outros que provocam
menos impacto.
A maioria dos países desenvolvidos, com exceção dos Estados Unidos,
comprometeu-se com metas de redução de emissões dos principais gases de
efeito estufa. As metas variaram entre as nações; algumas foram autorizadas
a aumentar as suas emissões em uma determinada quantidade, enquanto
outras foram obrigadas a fazer cortes significativos. O objetivo era atingir
um corte médio de cerca de 5% em relação aos níveis de 1990 com prazo para
ser atingido até 2012.
De forma geral, há mais sucessos do que fracassos, e a soma das emissões
de países com metas de Kyoto caiu significativamente. Nesse meio tempo,
no entanto, as emissões em países como China e algumas outras economias
emergentes aumentaram.
Grande parte do crescimento na China e outras economias emergentes
foi impulsionado pela produção de bens e serviços exportados para países
desenvolvidos — logo, muitos países contribuem indiretamente para o avanço
nas emissões. Um dos grandes avanços com o protocolo de Kyoto foi a tomada
do primeiro grande passo na diplomacia do clima global.

Discutindo melhorias para um novo acordo — O que poderia conter nas reso-
luções de um novo acordo?
Um dos pontos mais importantes e polêmicos diz respeito aos países em desen-
volvimento que ficaram de fora das medidas propostas por Kyoto e agora deverão
adotar compromissos semelhantes aos dos países desenvolvidos. Os Estados Unidos
terão de adotar ações equivalentes às dos demais países industrializados. Também
deve ser pensado um mecanismo para reduzir o desmatamento nas florestas tropicais,
como a Amazônica.
Outros três tópicos devem ser contemplados: adaptação às mudanças climáticas,
financiamento aos países em desenvolvimento e transferência de tecnologia.
Protocolo de Kyoto 239

A principal crítica ao protocolo de Kyoto é que as metas instituídas re-


presentam pouco a luta contra o aquecimento global, causando um impacto
pequeno na mudança do panorama atual. Baseando-se nessa crítica, boa parte
dos especialistas se mantém cautelosa quanto ao novo tratado, na esperança
de que seja mais rígido e abrangente. Para eles, a falta de adesão dos Estados
Unidos enfraqueceu muito a utilidade do acordo, já que é o país com maiores
emissões de gases poluentes do mundo. Por outro lado, os defensores do
Protocolo apontam que, além da importância em traçar as linhas gerais para
o próximo acordo, Kyoto foi essencial para que diversas nações e empresas
tenham transformado em lei as metas de redução, tornando concretas as ações
ambientais neste âmbito.

O Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC – Intergovernmental Panel


on Climate Change) foi criado em 1988 pela Organização Meterológica Mundial (OMM)
e pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) para avaliar de
forma regular possíveis mudanças climáticas. O IPCC foi criado com a percepção de
que a interação dos seres humanos com o meio ambiente tinha uma grande influência
sobre as constantes mudanças climáticas, sobretudo, através das emissões de gases
poluentes.

O Protocolo de Kyoto expirou em 2012. Após 10 anos, as discussões foram


retomadas em Donha (Catar) entre representantes de 195 países — 18ª Con-
ferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP-18). O tratado
é o único que compromete os países desenvolvidos à redução dos gases de
efeito estufa.

No Brasil
A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, destacou, em seu discurso
sobre o Brasil no Protocolo de Kyoto, que esse foi um resultado histórico. “O
Protocolo de Kyoto é mais do que um documento, ele expressa a convicção de
que a mudança climática exige uma ação multilateral, a abordagem baseada em
regras. O Protocolo de Kyoto é o padrão de integridade ambiental”, afirmou a
240 Protocolo de Kyoto

ministra. O Brasil exerceu importante papel para esse resultado e foi elogiado
por vários países por seu desempenho nas negociações.
A ministra destacou, também, que o Brasil está trabalhando muito e com
sucesso na luta contra as mudanças climáticas. “Estamos orgulhosos dos
nossos esforços na redução do desmatamento na Amazônia, que falam por
si. Estamos cumprindo tudo com o que nos comprometemos, de acordo com
esta Convenção”, enfatizou. Teixeira reafirmou o compromisso do país em
continuar sua participação ativa na Convenção Quadro das Nações Unidas
sobre Mudanças Climáticas, “...plenamente consciente de que o multilateralismo
é a melhor ferramenta para enfrentar o aquecimento global”.
No entanto, Teixeira afirmou que o Brasil não está totalmente satisfeito com
o resultado obtido. “Queríamos mais. Acreditamos que é necessário mais, mas
também acreditamos que uma Conferência que garantiu o segundo período do
Protocolo de Kyoto é, por definição, um sucesso”, disse. A ministra lamentou
que Partes do Anexo I estejam gradualmente se afastando das obrigações
estabelecidas na Convenção: “esses países não estão tomando a liderança e
não estão apoiando os países em desenvolvimento suficientemente em seus
esforços para combater as alterações climáticas”, postura que a ministra clas-
sificou como “inaceitável”.

1. Quais foram as duas principais d) Promover desenvolvimento


discussões no tratado de Kyoto? sustentável diminuindo
a) Proteger florestas e outros os impactos ambientais
sumidouros de carbono e reduzir temperaturas
e reformar os setores de com a reforma agrária.
energia e transportes. e) Reduzir em 20% as emissões
b) Reduzir temperaturas atmosféricas dos Estados
globais fazendo manejos Unidos, da China e da Austrália,
florestais e aumentar o uso assim como aplicar tecnologias
dos recursos renováveis. mais limpas nesses países.
c) Estabelecer metas de redução 2. Sobre o efeito estufa,
na emissão de gases-estufa na marque a opção correta.
atmosfera, principalmente a a) Fenômeno prejudicial
países industrializados e criar apenas à qualidade do ar.
formas de desenvolvimento b) Fenômeno que não interfere
menos impactantes a países os raios UV causando
em desenvolvimento. impactos ambientais.
Protocolo de Kyoto 241

c) Tem se intensificado nos as emissões de metano no


polos do planeta. gerenciamento de resíduos e
d) Fenômeno de aquecimento dos sistemas energéticos.
que pode prejudicar b) Implantar o transporte de
principalmente o território de massa e mobilidade sustentável
países subdesenvolvidos. e instigar a produção de
e) É um fenômeno natural de consumo sustentável.
aquecimento, mas podemos c) Envolver nos processos
interferir de forma negativa. industriais a prática dos
3. No Protocolo de Kyoto existiram 3Rs e criar legislação
metas específicas para países em para obrigatoriedade de
desenvolvimento, como o Brasil? tecnologias mais limpas.
a) Não. Países em desenvolvimento d) Parcerias entre países com
deveriam participar e tomar projetos ambientalmente
algumas cautelas, mas não responsáveis. Direito aos países
precisaram se comprometer desenvolvidos de comprar
com metas específicas, pois “créditos” das nações que
pouco contribuíram para as poluem pouco. Aplicação do
mudanças climáticas e tendem Mecanismo de Desenvolvimento
a ser os mais afetados por elas. Limpo (MDL), conhecido como o
b) Sim. As medidas e metas mercado de créditos de carbono.
firmadas no acordo eram e) Adotaram-se medidas como
semelhantes em todos os desenvolvimento zero e
territórios, pois somente assim as reduções de tempo em
todos se comprometeriam atividades industriais.
com as metas. 5. Além dos Estados Unidos,
c) Não. As ações para países como o outras nações industrializadas se
Brasil se restringiam a precauções negaram a assinar o protocolo?
e diligência com a Mata Atlântica. a) Todos os países em todos os
d) Sim. Países em desenvolvimento continentes foram signatários.
puderam se desenvolver e fazer b) Inicialmente, os Estados Unidos
emissões sem mitigação até 2012. se negaram a ser signatários,
e) Não. Durante essa conferência, mas metade dos municípios
países em desenvolvimento do país protestou e optou
não precisaram participar por executar medidas.
no momento do fórum c) Alguns países da União Europeia
sobre tecnologias limpas. e Ásia não se comprometeram.
4. Quais medidas o protocolo lança d) Apenas Japão e Austrália
para o setor privado (corporações) não foram signatários.
para responsabilizar e reduzir e) Sim, Canadá, Noruega e Nova
as emissões atmosféricas? Zelândia fizeram parte do
a) Eliminar mecanismos financeiros conjunto de países que se
e de mercado inapropriados aliaram aos Estados Unidos.
aos fins da Convenção; limitar
242 Protocolo de Kyoto

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biente/ultimas-noticias/redacao/2012/12/08/cop-18-termina-com-acordo-as-pressas-
no-catar-e-estende-protocolo-de-kyoto-ate-2020.htm>. Acesso em: 19 dez. 2016.
Conteúdo:
DICA DO PROFESSOR

No vídeo, você vai saber o que se alcançou com o Protocolo de Kyoto e o que aconteceu após
conhecer um pouco o seu sucessor: a COP18 e suas definições.

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EXERCÍCIOS

1) Quais foram as duas principais discussões no Protocolo de Kyoto?

A) Proteger florestas e outros sumidouros de carbono e reformar os setores de energia e


transportes.

B) Reduzir temperaturas globais fazendo manejos florestais e aumentar o uso dos recursos
renováveis.

C) Estabelecer metas de redução na emissão de gases do efeito estufa na atmosfera,


principalmente para países industrializados, e criar formas de desenvolvimento menos
impactantes a países em desenvolvimento.

D) Promover desenvolvimento sustentável diminuindo os impactos ambientais e reduzir


temperaturas com a reforma agrária.

E) Reduzir em 20% as emissões atmosféricas dos EUA, da China e da Austrália, assim como
aplicar tecnologias mais limpas nesses países.

2) Sobre o efeito estufa, podemos afirmar:

A) É um fenômeno prejudicial apenas para a qualidade do ar.


B) É um fenômeno que não interfere nos raios UV causando impactos ambientais.

C) Tem se intensificado nos polos do nosso planeta.

D) É um fenômeno de aquecimento que pode prejudicar principalmente o território de países


subdesenvolvidos.

E) É um fenômeno natural de aquecimento, porém podemos interferir (homem) de forma


negativa.

3) No Protocolo de Kyoto existiram metas específicas para países em desenvolvimento


como o Brasil? (OLHAR ANEXO NO FINAL)

A) Não, países em desenvolvimento deveriam participar e tomar algumas cautelas, mas não
precisariam se comprometer com metas específicas, pois pouco contribuíram para as
mudanças climáticas e tendiam a ser os mais afetados por elas.

B) Sim, as medidas e metas firmadas no acordo eram semelhantes em todos os territórios,


pois somente dessa forma seria mais prático para todos se comprometerem com as metas.

C) Não, as ações para países como o Brasil se restringiam a precauções e diligências com a
mata atlântica.

D) Sim, países em desenvolvimento puderam se desenvolver e fazer emissões sem mitigação


até 2012.

E) Não, durante essa conferência, países em desenvolvimento não precisaram participar no


dia e momento do fórum de tecnologias limpas.

4) Quais medidas o protocolo lança para o setor privado (corporações) para


responsabilizar e reduzir as emissões atmosféricas?
A) Eliminar mecanismos financeiros e de mercado inapropriados aos fins da convenção e
limitar as emissões de metano no gerenciamento de resíduos e dos sistemas energéticos.

B) Implantar o transporte de massa e mobilidade sustentável e instigar produção de consumo


sustentável.

C) Envolver a prática dos 3Rs nos processos industriais e criar legislação para obrigatoriedade
de tecnologias mais limpas.

D) Estabelecer parcerias entre países com projetos ambientalmente responsáveis, dar direito
aos países desenvolvidos para comprar "créditos" das nações que poluem pouco e criar o
mecanismo de desenvolvimento limpo (MDL), conhecido como o "mercado de créditos de
carbono".

E) Adotar medidas como desenvolvimento zero e as reduções de tempo em atividades


industriais.

5) Além dos EUA, outras nações industrializadas se negaram a assinar o protocolo?

A) Todos os países em todos os continentes foram signatários.

B) Inicialmente, os EUA refugou ser signatário, porém metade dos municípios do país
protestou, o que o levou a optar por executar medidas.

C) Alguns países da União Europeia e Ásia não se comprometeram.

D) Apenas Japão e Austrália não foram signatários.

E) Sim, Canadá, Noruega e Nova Zelândia, conjunto de países que se aliaram aos EUA.
NA PRÁTICA

A brasileira Klabin está entre as dez maiores produtoras de papéis e afins no ranking mundial,
setor de extrema importância na economia. Mas também é uma indústria extremamente
impactante para o meio ambiente. Os fatores poluentes são diversos, decorrentes desse tipo de
produção.

SAIBA MAIS

Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do
professor:

Participação do Brasil no Protocolo de Kyoto é tema da coluna 'Momento eco' Fonte:


Agência Senado

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O que é o Protocolo de Quioto?

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