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UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA

DEPARTAMENTO DE ECONOMIA RURAL


Texto Reflexivo

Marcelo Leles Romarco de Oliveira1

“O bater das asas de uma borboleta no Brasil pode gerar


um furacão no Texas!”
(Lorenz- Efeito Borboleta).

ÉTICA E A CRISE CLIMÁTICA

Apresentação

Este breve texto visa estimular reflexões sobre a crucial discussão acerca do papel da ética
diante da atual crise ambiental. É imperativo ponderarmos sobre a necessidade de adotarmos uma
nova postura de humanização, ou seja, um novo paradigma comportamental em relação à natureza.
Nesse sentido, torna-se essencial que profissionais e cidadãos, independentemente de suas esferas
de atuação, estejam atentos a essa responsabilidade e empenhem-se na reflexão ética tanto no
âmbito pessoal quanto profissional e coletivo.

No contexto das Ciências Agrárias, destaca-se como uma área fundamental, especialmente
no que diz respeito à produção de alimentos. Sua relevância torna-se evidente ao considerarmos
que está intrinsecamente ligada aos recursos naturais, sendo impactada diretamente pelos
desdobramentos da atual crise climática.

Nesse cenário, pensar a ética é crucial, uma vez que a maneira como conduzimos as práticas
agropecuária, a gestão dos recursos, a forma como nos relacionamos com os agricultores e
consumidores, bem como no equilíbrio ambiental refletem não apenas nossa responsabilidade para
com a natureza, mas também têm implicações éticas sobre o acesso a alimentos e a sustentabilidade
das futuras gerações.

Assim, a discussão ética no âmbito de profissionais de Ciências Agrárias (Agronomia,


Zootecnia, Engenharia Florestal, Engenharia Agrícola, Medicina Veterinária, entre outros) torna-

1
Doutor em Ciências Sociais com ênfase em Desenvolvimento e Sociedade e Agricultura (CPDA-UFRRJ). Professor
do Departamento de Economia Rural e do Programa de Pós-Graduação em Extensão Rural da Universidade Federal
de Viçosa.
1
se imprescindível para orientar práticas mais conscientes e sustentáveis, alinhadas com os desafios
impostos pela crise climática e pela sociedade contemporânea.

Diante dessas considerações, como podemos refletir sobre essa relação entre ética é crise
climática? É evidente que a sociedade contemporânea consome vorazmente, a cada ano, os
recursos naturais disponíveis no planeta, adentrando diariamente uma fronteira até então
desconhecida para nós.

Em meio a essa sequência de eventos, destaca-se um artigo publicado na revista BioScience


pelos pesquisadores Ripple et al (2021)2, que abordam a possibilidade de entrarmos em uma fase
de colapso ambiental nunca visto antes, onde a vida na Terra estaria sitiada. Em outras palavras,
as mudanças climáticas têm provocado transformações sem precedentes em nossas condições de
vida, com impactos globais, tais como o aumento das temperaturas médias, eventos climáticos
extremos mais frequentes e intensos, derretimento de geleiras e mudanças nos padrões de chuva.

Além disso, essas mudanças representam ameaças significativas à segurança alimentar,


aumentam o risco de desastres naturais, promovem migrações forçadas e geram instabilidade
política resultante da escassez de recursos. Portanto, é crucial compreender a interconexão desses
eventos e reconhecer a urgência de ações coletivas para enfrentar esse desafio global. Por isso os
autores apontam que seria “obrigação moral dos cientistas de alertar claramente a humanidade
sobre qualquer ameaça catastrófica e pedir por uma mudança transformadora” (Ripple et al 2021,
p. 894, [Tradução do autor]).

Para fundamentar suas conclusões, os autores recorrem a dados substantivos, entre os quais
se destaca a informação de que aproximadamente 1900 declarações formais de emergência
climática foram oficialmente reconhecidas em 34 países. Ademais, desde 2019, uma série de
eventos climáticos extremos têm ocorrido globalmente, abrangendo fenômenos como secas
severas, ondas de calor, inundações e incêndios florestais, entre outras ocorrências.

No contexto brasileiro, o ano de 2023, foi registrado como a temperatura mais elevada em
mais de um século. A região amazônica, nos últimos anos, testemunhou uma transformação de
suas florestas para áreas de agropecuária, coincidindo com um notável esgotamento dos recursos
hídricos, manifestado pela secagem sem precedentes de seus rios. Adicionalmente, eventos
climáticos extremos, como tempestades no Sudeste, têm ocasionado prejuízos significativos,
perdas de vidas e, inclusive, a incapacidade das empresas em atender às demandas, contribuindo
para a complexidade do panorama climático atual. No Sul do país, vimos neste ano eventos como

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Nesse estudo, os autores apresentaram: “graphs of planetary vital signs indicating very troubling trends, along with
little progress by humanity to address climate change” (Ripple, et al. 2021 p. 894).
2
ciclones e outros nunca antes visto no Brasil. Tudo isso, mostrando que o clima tem dado sinal de
revolta.

Ética e eu com isso?

Ao pensar em ética logo vem à mente pensar que vivemos em uma realidade permeada por
escândalos políticos, guerras, massacres, desigualdades, fome e etc. tudo isso inseridos em um
contexto global em constante transformação. A sociedade, por vezes, parece favorecer o
individualismo, onde o "eu" muitas vezes prevalece. Isso se reflete em práticas cotidianas, nossa
como furar filas, praticar plágios em trabalhos acadêmicos, falsificar carteirinhas estudantis até os
sonegadores de impostos, revelando uma série de comportamentos repreensíveis. Essa análise
destaca a aparente desvalorização da ética nos tempos contemporâneos, apesar de ser uma postura
crucial para a construção do bem comum e ainda mais diante de um desafio climático que vivemos.

Mesmo sendo algo aparentemente pouco valorizada, a ética é desafiadora e nos leva a
refletir sobre sua importância no nosso cotidiano. A recusa em debater esse tema apenas aprofunda
a crise que enfrentamos. Portanto, o propósito deste texto é fomentar reflexões sobre a importância
de nossa conduta, tanto como profissionais ligados à agricultura quanto como cidadãos conscientes
de nossas responsabilidades na sociedade.

No entanto, afinal, o que constitui a ética? Em termos simplificados, podemos concebê-la


como vinculada às nossas ações humanas e aos valores morais que discernem entre certo e errado,
permitido e proibido. Em diversas esferas, que abrangem desde a universidade até o ambiente de
trabalho, passando pela dinâmica familiar e pelas interações sociais que permeiam a sociedade
como um todo, a ética desempenha um papel fundamental. Nesse contexto amplo, Cortella (2012)
destaca a ética como:

Conjunto de valores e princípios que usamos para responder a três grandes questões da
vida: (1) quero? (2) devo? (3) posso? Nem tudo que eu quero eu posso; nem tudo que eu
posso eu devo; e nem tudo que eu devo eu quero. Você tem paz de espírito quando aquilo
que você quer é ao mesmo tempo o que você pode e o que você deve (Cortella, 2012, p.
[...]).

Para Coelho (2014), a discussão a respeito da ética já acontecia na antiguidade e tinha


principalmente por objetivos analisar os “fins e os meios que dirigem as condutas humanas ou dos
motivos ou os impulsos que condicionam, determinam, dirigem ou disciplinam essas condutas”
(Coelho, 2014, p 143).

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Os princípios que a ética nos proporciona colocam-nos na encruzilhada de refletir sobre
nossas condutas no ambiente profissional, pessoal e até mesmo na sociedade em que estamos
inseridos. Em outras palavras, discutir a ética, como diria Souza, (2014, p. [...]) “É um exercício
coletivo de pensar e refletir sobre as atitudes humanas e suas consequências”.

Ética e as nossas ações pessoais e profissionais

Centrando a atenção no papel daqueles que desempenham funções na agropecuária e na


produção de alimentos, é pertinente explorar algumas considerações relacionadas à ética
profissional. O desempenho de cada indivíduo nesse setor exerce uma influência coletiva
significativa em nossa sociedade, no meio ambiente e em todos os elementos que nos circundam.

Dessa forma, é imperativo refletir sobre a ética profissional como um pilar fundamental na
configuração de práticas que não apenas atendam às demandas da agricultura, mas que também
promovam a busca por um equilíbrio ambiental, considerando os impactos de longo prazo sobre a
comunidade, o ecossistema e o bem-estar geral.

No âmbito da agricultura e pecuária, torna-se imperativo analisar os desdobramentos da


Revolução Verde, ocorrida na segunda metade do século XX, que promoveu uma notável
expansão na produção de alimentos, viabilizando o substancial aumento populacional global.
Contudo, é crucial destacar que esse modelo produtivo está fortemente atrelado à dependência do
petróleo, uma vez que a maioria dos insumos utilizados na agricultura, o processamento e o
transporte dos alimentos que consumimos estão intrinsicamente ligados a uma cadeia que se apoia
em combustíveis fósseis, notoriamente reconhecidos como contribuintes significativos para o
aquecimento global.

Corroborando com essas reflexões o trabalho de Vivas (2014, p. [...]), aponta que esse
modelo produtivo hegemônico na agropecuária necessitaria de grande quantidade de:

fertilizantes elaborados com petróleo e gás natural, como amoníaco, ureia etc., que
substituem os nutrientes do solo. Multinacionais petroleiras, como Repsol, Exxon
Mobile, Shell, Petrobrás contam em suas carteiras com os investimentos em produção e
comercialização de fertilizantes agrícolas.

A autora persiste em suas análises, ressaltando como a agropecuária se tornou


intricadamente ligada a esse modelo, fundamentando seu argumento na interdependência cada vez
mais pronunciada entre a atividade agropecuária e as características específicas desse paradigma
(produção de alimentos e petróleo) em questão: “a comercialização de fertilizantes e pesticidas
aumentaram em 18% e 160% entre os anos de 1980 e 1998, respectivamente, de acordo com o
relatório Eating oil: food suply in a changing climate” (Vivas, 2014, p. [...]).
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Nesse contexto, surge a imperiosa necessidade de instigar um debate sobre ética ambiental
no âmbito da agricultura. A busca por modelos produtivos que reduzam substancialmente a
dependência do petróleo e seus derivados não apenas se configura como uma estratégia prudente,
mas também como uma responsabilidade ética frente aos desafios ambientais contemporâneos. A
ética ambiental convoca à reavaliação de nossas práticas produtivas, visando não apenas a
eficiência na produção, mas também a sustentabilidade e a preservação dos recursos ambientais.

Para contemplar essa perspectiva e refletir sobre a ação cotidiana de profissionais


dedicados à produção de alimentos, cabe abordar a presença de substâncias banidas em outros
países, mas ainda em uso no Brasil, como exemplificado pelo acefato, conforme destacado por
Costa, Rizzotto e Lobato (2018, p 347) seria:

o quinto mais vendido no Brasil. Apesar de todas as indicações da Anvisa quanto à sua
evidente ação neurotóxica, podendo ainda ter efeitos sobre o sistema endócrino, esse
produto continua sendo permitido no País. Trata-se de um inseticida e acaricida sistêmico
do grupo químico organofosforado, com ação por contato e ingestão, indicado para
tratamento de sementes e aplicação foliar no controle de pragas, entre outras, das culturas
de algodão, maçã e hortaliças.

Essa discrepância suscita reflexões éticas sobre os critérios de regulação e a


responsabilidade profissional na adoção de práticas alinhadas não apenas com normativas
nacionais, mas também com padrões éticos globais de preservação ambiental e saúde pública.

Nesse contexto, surge a necessidade de questionamentos fundamentais: a quem cabe a


responsabilidade por essa discrepância? Seria às revendas? Os profissionais? O Estado? À
sociedade? aos agricultores? Ou às instituições de ensino superior que formam esses profissionais?

E como as multinacionais se encaixam nesse panorama? Estas indagações revelam lacunas


em nossas respostas, gerando inquietações sobre o papel de cada entidade envolvida e apontando
para a complexidade de uma resposta única e abrangente, não é verdade?

Outro exemplo ilustrativo que nos leva a refletir sobre a interseção entre ética e
profissionalismo é apresentado pelo Engenheiro Agrônomo Guedes (2011) ao abordar a
problemática da fertilidade do solo entre produtores de hortaliças e frutas. Ele destaca, as
potenciais consequências decorrentes de práticas inadequadas, enfatizando a importância da ética
profissional nesse contexto:
Como já disse, as causas do uso excessivo de adubo certamente são várias, mas tenho
notado um tipo de ocorrência que tem me deixado perturbado e triste – a ação de
agrônomos recomendando adubos e corretivos quando não há necessidade ou
recomendando altas doses quando a necessidade é pequena ou mínima. Sem dúvida,
talvez seja lícito em muitos casos pensar-se que não há má fé, há má formação. Mas
quando um agrônomo de alguma revenda ou empregado de empresas produtoras de
fertilizantes faz isso, a suspeita de má fé não me parece descabida (Guedes, 2011: p. [...]).

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O relato apresentado por esse agrônomo ilustra como princípios éticos, referentes a práticas
consideradas incorretas, mas tratadas como certas, podem afetar todo um bioma, inclusive os
rendimentos dos agricultores. Isso ocorre em virtude da busca por lucros rápidos e inadequados
promovida por esses técnicos ou pelas pressões exercidas pelas indústrias de insumos.
Por outro lado, o cenário apresentado por Guedes (2011) nos conduz à reflexão de que a ética
profissional é crucial para impulsionar práticas responsáveis que não apenas atendam às
necessidades empresariais, mas também considerem o impacto a longo prazo no meio ambiente,
na produção agrícola e na sociedade.

Ao confrontarmos essa realidade destacada por Guedes (2011), somos levados a questionar
qual é o nosso papel diante de ações como as discutidas. O que leva um indivíduo a priorizar suas
metas pessoais em detrimento do bem-estar coletivo? Em análises mais aprofundadas,
questionamos se essas condutas são éticas. Acredito que, se não identificarmos os problemas éticos
nessas ações, não teremos base para nos indignar com o que nos cerca.

Um outro exemplo correlato refere-se ao uso indiscriminado de agrotóxicos, despejados no


mercado brasileiro, fazendo com que, desde 2008, nos tornemos o maior consumidor mundial
desses biocidas. Rachel Carson, em "Primavera Silenciosa", argumenta que, em vez de chamarmos
esses produtos de inseticidas, deveríamos designá-los como biocidas, pois destroem toda forma de
vida. Essa prática certamente impacta a saúde e o meio ambiente.

No contexto da problemática do uso indiscriminado de biocidas, a Anvisa (Agência


Nacional de Vigilância Sanitária) aponta que existem agrotóxicos nocivos que não têm sido
avaliados há mais de 20 anos e revela que "[...] 15% dos alimentos consumidos pelos brasileiros
apresentam taxa de resíduos de veneno em um nível prejudicial à saúde" (Alegria, 2011: p. [...]).
. Esses dados ressaltam a necessidade urgente de uma abordagem ética na regulação e no
uso desses produtos, considerando os impactos sobre a saúde pública e o meio ambiente.

Não custa lembrar que o excesso desses produtos aplicados sem controle ou sem
necessidade pode contribuir para impactos negativos a saúde tanto de quem consome como de
quem aplica o produto. Sem considerar, que pode contribuir para impactar biomas e aprofundar a
crise climática.

Outro exemplo dessa conjuntura desafiadora no campo brasileiro é derivado de uma


entrevista concedida à revista Globo Rural em março de 2012 pelo senhor Luiz Carlos Miranda,
Gerente de Transferência de Tecnologia da Embrapa Soja. Nessa entrevista, intitulada "Pacote Sob
Suspeita", Miranda relata comentários que nos levam a refletir sobre o papel da ética em nossos
trabalhos na agricultura. “Hoje em dia, o produtor rural não tem a liberdade de escolha que deveria

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ter (...) os vendedores das empresas chegam oferecendo um pacote tecnológico que seduz o
produtor. Vem a semente, o fungicida, o herbicida, porque nada funciona separado nesse pacote.
Tudo ‘top’ como costuma dizer o agrônomo (...)” (Miranda, 2012, p. 12).

A observação do pesquisador da Embrapa revela como tem se desenvolvido a relação entre


as empresas e os vendedores no contexto da agricultura. Para além das questões éticas, ou da
ausência delas, que esse tipo de conduta suscita, há um impacto significativo no meio ambiente e
em nós mesmos. Conforme apontado pelo pesquisador, essa prática tem deixado os agricultores
confusos e esperançosos em relação a falsas promessas. Vejamos o depoimento do pesquisador:

[...] os produtores pensam assim: encontrei [sobre a grande oferta de produtos] todas as soluções para
os meus problemas! Mas o que eles não sabem é que essa solução se transformará em um grande
problema daqui a alguns anos. É uma falsa solução. Pacote tecnológico não faz milagre” (Miranda,
2012: P12).

Conforme indicado pelo especialista, a tecnologia deveria estar a serviço do homem para
que possamos viver melhor, não devendo ser promotora de falsas promessas ou servir para lucros
desmedidos. Nesse contexto do debate ético, é fundamental lembrar que o profissional que atua
no campo, seja na Extensão Rural ou na venda desses produtos, precisa ter compromisso com sua
profissão e com a sociedade que o envolve, como bem expressou Miranda (2012) “[...] não pode
apenas pensar no lucro, em atingir as metas que lhe foram impostas pela empresa. A iniciativa
privada tem todo direito de atuar no mercado, mas não pode atuar explorando o agricultor” (idem,
p.14).

Outros eventos que suscitam questionamentos sobre a atuação de empresas e profissionais,


evidenciando a priorização do interesse individual em detrimento do coletivo, incluem situações
em que corporações optam por maximizar seus lucros em detrimento do bem comum. Um exemplo
notório é o rompimento da barragem da Samarco (Vale+BHP) em novembro de 2015. A decisão
de elevar a altura da barragem, que posteriormente se rompeu, era intrinsecamente arriscada, sendo
um evento que poderia ter sido previsto. Infelizmente, essa previsão tornou-se uma realidade. Ou
seja, levando ao rompimento despejando 62 milhões de metros cúbicos de rejeitos altamente
contaminados, na bacia do rio doce, causando diversos impactos sociais, ambientais, culturais e
econômicos. Um verdadeiro tsunami de destruição, equivalente a quase vinte e cinco mil piscinas
olímpicas cheias de lama contaminada. Vocês conseguem imaginar o impacto desse evento no
meio ambiente?

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Conclusões não conclusiva

É importante ressaltar que a crise ética que enfrentamos, seja em nível individual ou
coletivo em diversos setores da sociedade, tem desencadeado impactos negativos expressivos em
nosso meio ambiente e contribuindo para aprofundar a crise climática que estamos inseridos. Essa
interconexão entre ética e a crise climática enfatiza a urgência de repensarmos nossos valores e
comportamentos, reconhecendo que as decisões éticas, tanto no âmbito pessoal quanto nas esferas
coletivas e no Estado podem desempenhar um papel crucial na sustentabilidade ambiental.

Assim, acredito que essa terrível realidade que nos cerca, seja no campo ou nas cidades, na
política ou nas ações individuais e na sociedade, destaca a necessidade premente de repensarmos
nossas condutas e a maneira como enxergamos o mundo que nos circunda. Como diria Dalai Lama:
A paz e a vida na terra estão ameaçadas por atividades humanas não compromissadas com valores
humanitários. A destruição da natureza e seus recursos é resultado da ignorância, da cobiça e da falta
de respeito pelos seres vivos, incluindo nossos próprios descendentes. As gerações futuras herdarão um
planeta extremamente degradado, caso a paz mundial não se efetive e a destruição da natureza continue
nesse ritmo (Dalai lama, 2018).

Acredito que a epígrafe do Dalai Lama explicita de maneira clara o que podemos ponderar,
contemplar, executar e antever em relação ao nosso futuro, especialmente no que tange às questões
éticas. Assim, o debate ético no setor agropecuário torna-se essencial para orientar escolhas e
práticas que estejam em harmonia e que contribuam para mitigar os impactos provocados junto a
natureza e ao meio ambiente.

Referências

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http://pensador.uol.com.br/frase/MTI0ODIxMA/ Capturado em outubro de 2015.
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e da vida. In: Saúde Debate 42 (117) • Apr-Jun 2018.
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