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PLANEJAMENTO E

CONTROLE DE
PRODUÇÃO

Gisele Lozada
Operações sustentáveis
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

 Definir o conceito de sustentabilidade empresarial.


 Relacionar as práticas de sustentabilidade com as atividades de
produção.
 Avaliar práticas e exemplos de sustentabilidade empresarial.

Introdução
A preocupação com o meio ambiente vem ganhando progressiva impor-
tância ao longo do tempo, já que cada vez mais o mundo enfrenta muitos
e expressivos problemas ambientais, fazendo com que várias dimensões
da sociedade, em diferentes pontos do planeta, sofram efeitos de severas
mudanças climáticas. As organizações, como importantes membros
da sociedade, têm significativas responsabilidades e obrigações nesse
contexto, devendo buscar formas de minimizar os impactos que suas
operações causam ao meio ambiente e ao mesmo tempo promover o
uso consciente dos recursos necessários a suas operações. Para que isso
seja possível, as empresas precisam compreender, praticar e fomentar a
sustentabilidade, tanto em suas atividades produtivas quanto em todas
as demais operações a elas conectadas.
Neste capítulo, você vai estudar a sustentabilidade, partindo de seu
conceito, passando por suas práticas e como elas se relacionam com as
atividades de produção e concluindo com a apresentação de exemplos
de sustentabilidade no cenário empresarial.

1 O que é sustentabilidade empresarial


A sustentabilidade é um assunto tratado por diversas áreas do conhecimento,
como ciências em geral, economia e negócios, engenharia, entre outras, o
que demonstra a importância do tema no contexto acadêmico. Contudo,
2 Operações sustentáveis

cabe destacar que a sustentabilidade é um tema bastante abrangente, que


não se limita ao mundo acadêmico, compreendendo também cenários so-
ciais e econômicos. Para que exista sustentabilidade, é necessário que uma
civilização possua e pratique princípios relacionados à responsabilidade
ecológica e ao uso cauteloso da natureza, que são a base para a geração
do desenvolvimento sustentável, importante conceito que influencia as
características dos negócios e das indústrias no século XXI (MANFRIN
et al., 2013).
A primeira utilização do termo desenvolvimento sustentável se deu em
1987, em um documento intitulado Relatório Brundtland, emitido pela Or-
ganização das Nações Unidas (ONU), em que o termo foi apresentado como
um conceito que tem por objetivo promover o atendimento das necessidades
atuais de recursos para o progresso técnico e econômico, ao mesmo tempo
que garante as condições para que as gerações futuras também possam
satisfazerem as suas necessidades (MANFRIN et al., 2013, CORRÊA;
CORRÊA, 2019).
Partindo dessa definição mais genérica, o conceito de sustentabilidade
foi levado ao contexto organizacional, em que, com o passar do tempo e por
diversas transformações pelas quais este cenário passou, foi se se transformando
junto com ele. Atualmente, existe uma maior consciência de que o lucro não
deve ser o único elemento a ser considerado para direcionar o sucesso das
empresas e da economia. O lucro segue sendo necessário para o futuro da
organização, mas junto com essa questão (ou até mais importante do que ela)
tem-se agora a preocupação com o futuro das pessoas e do planeta — afinal,
esses são aspectos que afetam diretamente o resultado das organizações
(CORRÊA; CORRÊA, 2019).
Assim, a sustentabilidade se mostra como algo abrangente, que inclui
as empresas e seus stakeholders, formando um cenário no qual as organi-
zações têm um papel muito importante, devendo agir para proporcionar a
sustentabilidade de forma geral. Ou seja, a sustentabilidade geral requer
que a sustentabilidade empresarial seja praticada, demandando que as
empresas atuem de maneira a influenciar aspectos internos e sobretudo
externos a ela.
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Se, por exemplo, uma empresa polui (mesmo que dentro dos parâmetros legais), isso
pode comprometer a saúde das pessoas e, se estas estiverem doentes, deixam de comprar
e consumir, o que afeta os resultados da empresa. Por isso, as empresas precisam se
preocupar com a saúde das pessoas, buscando minimizar os impactos de sua operação
sobre elas. O mesmo acontece em relação à renda: as empresas precisam colaborar para
a geração de renda, uma vez que sem renda as pessoas não compram ou consomem, e
isso novamente afeta os resultados da organização. Ou seja, não basta que as empresas
sejam competitivas, elas precisam atuar no mercado de maneira a garantir a continuidade
dos negócios, o que pode fazer, por exemplo, mediante a geração de empregos.

Desse modo, a sustentabilidade na esfera organizacional levou ao de-


senvolvimento de modelos de gestão que consideram a sustentabilidade,
muitos deles construídos tendo como referência o Triple Bottom Line (TBL
ou 3BL), também conhecido como os três pês da sustentabilidade (people,
planet, profit — ou pessoas, planeta, lucro). O TBL é considerado o tripé da
sustentabilidade (Figura 1), uma vez que cobre os três aspectos que definem
a sustentabilidade: impacto ambiental, responsabilidade social e contribuição
econômica (CORRÊA; CORRÊA, 2019; MANFRIN et al., 2013; SLACK;
BRANDON-JONES; JOHNSTON, 201;).

Figura 1. O tripé da sustentabilidade.


Fonte: Oliveira (2014, p. 312).
4 Operações sustentáveis

Os modelos baseados no TBL partem da consciência de que o cresci-


mento e o desenvolvimento econômico têm gerado reflexos potencialmente
nocivos, pois demandam um considerável volume de operações produtivas
que, por sua vez, implicam em grandes exigências energéticas e de outros
recursos de produção para satisfazer as demandas de consumo de centenas
de milhares de pessoas no mundo inteiro. Isso ainda leva à emissão de
poluentes em escala cada vez maior, o que tem prejudicado a qualidade
do ar, da água e do solo, além de contribuir para o gradual aquecimento
do planeta. Além disso, com um maior volume de produtos e serviços
sendo oferecidos, maior é a quantidade de resíduos decorrentes de seu
uso ou consumo, como é o caso das embalagens de produtos consumidos
diretamente pelas pessoas ou utilizadas pelas organizações na prestação de
serviços. Tudo isso gera uma espécie de “rastro” que a atividade produtiva
vai deixando, o que gera um considerável impacto ambiental que carece
de tratamento adequado.
Nesse cenário, o conceito do TBL visa promover o acompanhamento
e a gestão do desempenho organizacional de modo a mitigar os impactos
gerados pelas empresas e suas operações. Para isso, são usados indicadores
de desempenho que mesclam medidas econômicas com indicadores socioam-
bientais, a fim de promover o desenvolvimento de estratégias fundamentadas
em operações sustentáveis.
Embora no mundo dos negócios seja mais “normal” que as empresas
utilizem indicadores econômicos para medir a eficácia de suas operações,
tal realidade vem sendo transformada com o avanço do conceito de sus-
tentabilidade no contexto organizacional. Essa realidade que vem sendo
impulsionada por fatores como a conscientização dos clientes e da sociedade
em geral, que passaram a requerer relatórios que incluam, além das informa-
ções econômicas, também informações sobre sustentabilidade. Diante disso,
muitos são os casos de organizações que elaboram e publicam relatórios
empresariais que incluem essa perspectiva, promovendo a integração de
informações econômicas, ambientais e sociais.
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Ainda que a definição dos aspectos envolvidos no tripé da sustentabilidade (pessoas,


planeta, lucro) seja algo relativamente fácil, medi-los não é algo tão simples, pois
enquanto o lucro pode ser mensurado, os dois outros aspectos são mais subjetivos.
Para lidar com tal situação, o capital humano pode ser avaliado via aspectos como
equidade salarial, cumprimento da legislação trabalhista e qualidade de vida dos
funcionários, enquanto o fator ambiental pode ser percebido nas ações praticadas pelas
empresas para diminuir o impacto ecológico negativo causado por suas atividades, ou
pelo menos pela busca por compensar aquilo que não pode ser totalmente evitado.

Ainda que isso não seja algo obrigatório por lei, muitas vezes tem um
peso enorme quando empresas disputam a preferência de um cliente, como
nos casos de licitações ou concorrências em que tais aspectos podem render
a empresa um “peso” maior em suas avaliações, ou até mesmo sendo uma
condição crucial para que possam fornecer produtos e serviços a determina-
das empresas, que tratam o aspecto da sustentabilidade como uma exigência
interna para contratação de fornecedores.

Muitas empresas exigem que seus fornecedores demonstrem certificações específicas,


como aquelas relacionadas à preocupação com a sustentabilidade. Um exemplo disso
é a norma ISO 14001, que consiste em um conjunto de diretrizes que servem de guia
para a formação e desenvolvimento da área de gestão ambiental dentro de empresas.

Assim, uma organização torna-se sustentável quando atinge a susten-


tabilidade empresarial, sendo considerada sustentável a operação que cria
lucro aceitável para seus proprietários e acionistas, ao mesmo tempo em que
minimiza os danos ao meio ambiente e aprimora o bem-estar das pessoas
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que se relacionam com a empresa de alguma forma. Em outras palavras, um


negócio sustentável é aquele que equilibra interesses econômicos, ambientais
e sociais e cujas chances de sucesso a longo prazo são maiores do que aqueles
que se concentram apenas em metas econômicas.
Pela multidisciplinaridade do tema, a sustentabilidade se espalha pela or-
ganização e sua rede de contatos de tal forma que promove o engajamento não
somente da empresa, mas também de todos os agentes que com ela interagem.
Isso reforça a relação entre as práticas de sustentabilidade e as atividades de
produção, levando a contextos como o da gestão sustentável das operações e
da cadeia de suprimentos, assunto do próximo tópico.

2 Relação entre práticas de sustentabilidade


e atividades de produção
A sustentabilidade no contexto empresarial está associada ao desempenho
organizacional em três dimensões, econômica, ambiental e social, conforme
proposto pelo conceito do TBL. Esse conceito pode ser empregado como
mecanismo para aferir a dimensão dos impactos gerados pelas organizações
(em especial as indústrias) e, a partir dessa perspectiva, para mensurar o
desempenho das empresas nos aspectos econômico, social e ambiental, for-
mando o conceito de produção sustentável. É importante destacar que esses
três aspectos precisam ser conduzidos de forma integrada para que possam
de fato proporcionar sustentabilidade para a organização e para o ambiente
do qual ela faz parte (MANFRIN et al., 2013).
Nesse contexto, são desenvolvidos modelos de referência que servem
de suporte para que as empresas possam compreender e praticar o conceito
de produção sustentável e ainda possam avaliar a eficácia de seus sistemas
fazendo uso de indicadores de sustentabilidade. Ou seja, o objetivo desses
modelos é formar uma metodologia ou processo de avaliação por meio de um
conjunto de indicadores que possam guiar a tomada de decisão e monitorar
o progresso das ações para a formatação de sistemas de produção que sejam
mais sustentáveis. Para isso, tais modelo geralmente possuem uma estrutura
formada por cinco níveis, que classificam os indicadores em relação a princípios
básicos de sustentabilidade, focados em:

 uso de energia e de matérias-primas;


 impacto ao meio ambiente;
 desenvolvimento econômico e justiça social;
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 utilização da força de trabalho;


 características dos processos, produtos e serviços.

A partir da adoção de modelos baseados no tripé da sustentabilidade, muitas


empresas promovem a conexão entre as esferas da sustentabilidade e da produ-
ção pelo engajamento em ações voltadas ao desenvolvimento sustentável. Tais
ações consistem essencialmente na produção de bens e serviços por meio de
processos e sistemas não poluentes, que consomem energia e recursos naturais
com responsabilidade e parcimônia, e que são desenvolvidos e entregues de
forma criativa, segura e gratificante para todos os stakeholders, o que inclui
consumidores, colaboradores e comunidades.
A partir daí, surge a gestão sustentável, que envolve as práticas adotadas
pela organização para que avance rumo a seus objetivos ambientais, o que
inclui aspectos como responsabilidade socioambiental e sistema de gestão
ambiental. Contudo, cabe destacar que a questão de gestão sustentável é
bastante abrangente, indo além da responsabilidade social, pois envolve
fatores econômicos e ambientais que devem ser tratados simultaneamente.
Além disso, a gestão sustentável pode incluir a busca por inovação como
forma de alcançar a sustentabilidade, uma vez que fomenta a aprendizagem
e o desenvolvimento contínuo, levando à geração de novas ideias que viabi-
lizem a prática da responsabilidade social. Isso permite que a organização
estabeleça metas e estratégias ambientais que estejam integradas com seus
objetivos corporativos, permitindo que alcance uma vantagem competitiva
(D’AGOSTINI, 2015).
Nesse cenário, a gestão sustentável nas organizações pode ser percebida
como a base sobre a qual se estabelece um amplo conjunto de práticas de ope-
rações sustentáveis, que incluem planejamento, produção, compras e logística,
aplicadas de forma a promover a incorporação da perspectiva sustentável nas
operações. Tais práticas contemplam todas as fases da vida útil do produto,
desde seu projeto até o descarte das sobras dos processos (de produção e
consumo), que são etapas sobre as quais a organização consegue agir, modi-
ficando, intensificando ou eliminando o que desejar. Entre as diversas práticas
de operações sustentáveis, é possível destacar alternativas como ecodesign,
cadeia de suprimentos verde, produção mais limpa e logística reversa, que
ocorrem em diferentes fases do processo produtivo, tal como demonstrado
na Figura 2 e detalhado a seguir (CORRÊA; CORRÊA, 2019; D’AGOSTINI,
2015; OLIVEIRA, 2014).
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Figura 2. Práticas de operações sustentáveis e as fases do processo produtivo em que


ocorrem.
Fonte: D’Agostini (2015, p. 20).

O ecodesign, também conhecido como projeto verde, pode ser definido


como uma coleção de práticas de operações sustentáveis que são aplicadas
durante a elaboração do projeto do produto para torná-lo mais ecológico. No
contexto do ecodesign, os projetistas pensam o produto em todas as fases de
seu ciclo de vida, incluindo etapas como fabricação, uso, recuperação, reuso,
reciclagem e descarte, buscando maneiras de minimizar o consumo de recursos
e a geração de resíduos a cada uma dessas etapas. Assim, a adoção do conceito
de ecodesign leva a diversas práticas, dentre as quais podemos destacar:

 Escolha de materiais de baixo impacto ambiental, que possam ser uti-


lizados em menor quantidade, que demandem menos energia em sua
transformação, que sejam passíveis de reaproveitamento e que gerem
menos poluentes em todos os processos (produção, uso, reciclagem e
descarte).
 Fomento ao menor consumo de energia, seja na fabricação, distribuição
(por toda cadeia produtiva, da aquisição da matéria-prima até a entrega
ao consumidor final) e até mesmo na utilização do produto, bem como
incentivo ao uso de formas renováveis de energia (solar, eólica e/ou
hidroelétrica, em substituição aos combustíveis fósseis).
 Desenvolvimento de produtos com maior durabilidade, multifuncionais,
simples e moduláveis, que demandem menor quantidade e variedade
de materiais, gerando menor custo de produção, que possam ser mais
facilmente montados/desmontados, com peças e componentes que
possam ser facilmente substituídos.
Operações sustentáveis 9

Assim, um projeto verde bem feito permite não apenas fabricar produtos
de forma menos nociva ao meio ambiente, mas também criar produtos que
consumam menos energia e outros recursos naturais durante sua utilização,
que possam ser mais facilmente recuperados para aumentar sua vida útil e
que possam até mesmo ser melhor aproveitados após o término de sua vida
útil, em processos de reciclagem. Para promover tais condições, o ecodesign
costuma englobar três principais aspectos: projeto de produtos sustentáveis,
análise de ciclo de vida e inovações verdes.
Os projetos de produtos sustentáveis representam os esforços empenha-
dos na fase de pesquisa e desenvolvimento de um novo produto levando em
consideração seu desempenho ambiental, analisando seu ciclo de vida (tanto
em relação a aspectos econômico quanto ambientais) e sugerindo formas de
torná-lo menos nocivo ao ambiente. O projeto de um produto sustentável se
distingue do projeto de um produto convencional por diferenças fundamen-
tais na estrutura do seu desenvolvimento, como: compreensão do aspecto
ambiental como influenciador da satisfação do cliente; consideração do ciclo
de vida do produto, incluindo etapas pós-descarte (como reuso, remanufa-
tura ou reciclagem); visão global da cadeia de suprimentos envolvida no
projeto; preocupação com a não incidência de encargos, multas ou passivos
ambientais oriundos do produto; promoção da melhoria e preservação da
imagem da organização.
Por sua vez, a análise do ciclo de vida (ACV) é uma técnica utilizada para
a avaliação do desempenho ambiental de um produto ao longo do seu ciclo
de vida, desde a obtenção dos recursos naturais a serem empregados na sua
produção até o descarte final do produto. Essa análise inclui a identificação
das interações ocorridas entre o produto (em cada fase do ciclo de vida) e o
meio ambiente e ainda a avaliação dos impactos ambientais que essas intera-
ções podem promover. Assim, a ACV visa identificar, avaliar e interpretar os
aspectos e impactos envolvidos em etapas como extração de matérias-primas,
manufatura, distribuição, uso/consumo e gestão de resíduos.
As inovações verdes podem ser definidas como práticas de desenvolvi-
mento voltadas à minimização de impactos ambientais negativos e à criação
de diferencial competitivo. Representam ideias inovadoras que podem ser
aplicadas no projeto, na manufatura ou no marketing de novos produtos, de
modo a torná-los ambientalmente melhores. As inovações verdes podem ser
classificadas em dois grupos básicos, aquelas voltadas a produtos e aquelas
voltadas a processos. As inovações verdes em produtos, que são as que in-
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tegram o contexto do ecodesign, incluem resultados como desenvolvimento


de materiais ecologicamente corretos e produtos menos poluentes ou com
menos materiais tóxicos, e mais recicláveis ou biodegradáveis, e até mesmo
detentores de selos ou certificações ambientais.
A cadeia de suprimentos verde (green supply chain — GSC) parte da
ideia de que a ocorrência de impactos ambientais pode se dar em quaisquer
dos estágios do ciclo de vida de um produto, o que leva ao envolvimento dos
diversos elos da cadeia de suprimentos. A cadeia de suprimentos, por sua vez,
consiste na rede de relacionamentos que envolve diferentes empresas, como
fornecedores de matéria-prima, fabricantes, operadores logísticos, atacadistas,
varejistas e também os clientes.
Nesse contexto, a GSC se apresenta como um modelo pelo qual as orga-
nizações podem atingir o lucro e a participação de mercado almejados, mas
conjuntamente com a diminuição dos riscos e impactos ambientais envolvidos,
o que leva à melhoria da eficiência ecológica de sua operação. Para isso, a GSC
indica como necessária a condução das iniciativas pró-ambientais ao longo de
toda a cadeia de suprimento, gerando uma interação que fomenta a colabo-
ração entre as partes, o que as motiva a desenvolver recursos e compartilhar
conhecimentos, e acaba resultando em vantagem competitiva sustentável por
meio de esforços ambientais.
Uma das motivações para a aplicação do conceito da GSC é o fato de que
as empresas são pressionadas por seus stakeholders para que tenham mais
consciência ecológica e integrem a gestão ambiental em seus processos e
estratégias organizacionais. Nesse cenário, a empresa principal da cadeia é
pressionada para que implemente e certifique um sistema de gestão ambiental,
o que acaba por acarretar determinados controles ambientais que abrangem as
operações da empresa e das organizações que com ela interagem, como seus
fornecedores. Isso acaba difundindo as práticas de operações sustentáveis
por toda a cadeia de suprimentos mediante o desenvolvimento e aplicação de
estratégias verdes. Tais ações geram como reflexo a melhoria em aspectos
como desempenho financeiro, ambiental e operacional de todas as organizações
envolvidas na cadeia.
Sendo assim, a GSC requer a atuação da organização e dos integrantes
de sua cadeia de suprimentos, para que todos analisem suas operações e
processos internos e passem a considerar as preocupações ambientais e agir
para mitigá-las ao longo de todo o ciclo de vida dos produtos.
Operações sustentáveis 11

Entre as práticas para mitigação de impactos ambientais negativos, é possível listar


ações como redução de resíduos durante a operação, bem como a redução dos
transportes e das embalagens utilizadas. No caso das embalagens, é possível, por
exemplo, fazer uso de invólucros de material reciclado e recipientes reutilizáveis, como
já é praticado em alguns produtos de higiene, como sabonetes líquidos e xampus,
que são vendidos em refis cujo conteúdo é colocado no recipiente que o cliente já
possui, ou ainda no caso de algumas bebidas como refrigerantes, que são vendidos
em recipientes de vidro que retornam ao fabricante para que sejam reutilizados no
envaze de novos produtos.

É fato que existem regulamentos ambientais que as empresas são obrigadas a


atender, mas a pressão feita por agentes como organizações não governamentais
(ONGs) estimulam as grandes corporações globais a serem ambientalmente
conscientes, servindo de exemplo e estimulando outras empresas e também
os consumidores a terem essa mesma consciência. Com isso, a certificação do
sistema de gestão ambiental por meio de normas como a ISO 14.001 vem sendo
cada vez mais difundida, inclusive consistindo em requisito para fornecimento
em grandes organizações.
A produção mais limpa, geralmente chamada de P+L, PML ou PmaisL,
pode ser definida como uma estratégia de produção que unifica aspectos eco-
nômicos, ambientais e tecnológicos, aplicados de forma contínua e integrada
aos processos, produtos e serviços. Sua principal finalidade é transformar a
operação em um todo mais eficiente, promovendo ações como a utilização
consciente dos recursos naturais e a redução dos resíduos gerados pelos pro-
cessos produtivos.
No que diz respeito ao aspecto ambiental, a P+L é uma ferramenta que
integra os objetivos ambientais aos processos produtivos, reduzindo a geração
ou emissão de resíduos, tanto em quantidade quanto em grau de periculosidade.
Com relação aos aspectos tecnológico e econômico, a P+L promove uma espécie
de desafio: ela não é contra o desenvolvimento ou expansão industrial, mas
prega que esse crescimento precisa ocorrer de forma sustentável. Para isso, foca
em ações que permitam produzir bens e serviços gerando o mínimo possível
de efeitos negativos ao meio ambiente. Essas ações podem ser desempenhadas
em diferentes níveis de prioridade, como:
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 prioridade máxima (nível 1) — ações que implicam em modificar pro-


dutos e processos para reduzir impactos (como geração de resíduos e
emissão de poluentes) ainda na fonte geradora;
 prioridade alta (nível 2) — ações para fazer com que a própria empresa
aproveite eventuais resíduos gerados pela operação (ou seja, reciclagem
interna);
 prioridade secundária (nível 3) — ações para buscar alternativas de
reciclagem externa quando a interna não for possível ou para buscar a
destinação adequada dos resíduos quando a reciclagem não for possível
de forma alguma.

Assim, a prática da P+L promove ganhos econômicos, que resultam de


ações como economia de energia, redução no consumo de água, melhor apro-
veitamento de matérias-primas e insumos e menor geração de resíduos, além
de reduzir também eventuais custos com despoluição, descarte e tratamento
de resíduos quando esses forem inevitáveis. Desse modo, a P+L revela-se
capaz de gerar impactos positivos no desempenho organizacional, tanto em
aspectos ambientais quanto financeiros.
A logística reversa, por sua vez, pode ser definida como o processo pelo
qual é realizado o movimento de retorno de bens, que ocorre no sentido
inverso do processo produtivo. Ou seja, ao invés de ir da fonte produtora
até o consumidor, os bens seguem do consumidor até a fonte produtora. Tal
movimento pode envolver o produto em si ou parte dele, que pode ou deve
retornar à origem. O principal objetivo dessa movimentação promovida pela
logística reversa é gerar valor mediante a recaptura do bem ou de uma parte
dele após seu uso, ou ainda prover a destinação adequada ao que não puder ser
recapturado. Tais propósitos são concretizados via três funções fundamentais
da logística reversa: reuso, remanufatura e reciclagem.
A logística reversa tem se mostrado um assunto de crescente importância
para as organizações, seja por uma cultura de preocupação interna com a
sustentabilidade, seja em resposta a pressões sociais e governamentais para
que as empresas adotem tal prática. Seja qual for a motivação, a crescente
importância dada à logística reversa pode ainda incentivar a adoção de outras
práticas sustentáveis, como as anteriormente mencionadas, que podem reduzir
a própria necessidade de fazer logística reversa.
Operações sustentáveis 13

3 Práticas e exemplos de sustentabilidade


empresarial
Empresas dos mais diversos tipos, ramos de atuação e portes praticam a
sustentabilidade em suas operações, com algumas delas inclusive apresentado
relatórios corporativos com indicadores que remetem ao desempenho não
financeiro, dedicando parte de suas auditorias a fenômenos socioambientais.
Logicamente, por sua maior visibilidade, o que é feito pelas organizações
de maior porte gera mais repercussão — o que pode ser um ponto bastante
positivo, se olharmos pelo ângulo do exemplo que elas podem (e devem) dar
aos demais negócios, servindo de inspiração para que outras empresas também
pratiquem a sustentabilidade em suas operações.
O fato é que a sustentabilidade empresarial é atualmente um tema de
grande relevância, sendo muito valorizado no cenário organizacional e
social. Ações praticadas pelas empresas são monitoradas por todo o mundo,
sendo inclusive tópico de importantes publicações na esfera dos negócios a
nível global, que é caso do ranking das 100 empresas mais sustentáveis do
mundo, publicado anualmente pela revista canadense Corporate Knights. A
lista costuma ser compartilhada durante o Fórum Econômico Mundial, em
Davos, geralmente no início de cada ano, contendo os resultados apurados
no ano anterior (IBGC).
Para a elaboração do ranking, são avaliadas mais de 7 mil empresas de
todas as partes do mundo, sendo o estudo pautado na análise de seus aspectos
econômicos, sociais e ambientais. O ranking 2020 traz no primeiro lugar da
lista a empresa dinamarquesa do setor de energia Orsted, seguida pela Chr.
Hansen Holding, também dinamarquesa, do ramo de alimentos e agentes
químicos, e em terceiro lugar a petroleira finlandesa Neste Oyj.
É gratificante podermos mencionar que, entre essas 100 companhias mais
sustentáveis do mundo em 2020, estão três empresas brasileiras, que figuram
nessa lista já há vários anos: Banco do Brasil (9º lugar), Companhia Energética
de Minas Gerais (Cemig) (19º) e Natura (30º). Vamos examinar um pouco
do que é feito por essas empresas em relação à sustentabilidade empresarial
e que ações elas praticam para que sejam merecedoras de figurar nessa lista
tão seleta de corporações.
14 Operações sustentáveis

Banco do Brasil
Atualmente, o Banco do Brasil (BB) ocupa o 9º lugar no ranking das 100
companhias mais sustentáveis do mundo. Considerado o primeiro banco do
Brasil, o BB foi fundado em 1808 pelo então príncipe-regente D. João (futuro
rei D. João VI), recém-chegado ao país, quando existiam apenas três bancos
emissores no mundo — na Suécia, na França e na Inglaterra.
No seu site, no que diz respeito à gestão ambiental, a instituição afirma que
a melhoria contínua é a melhor forma de alcançar a excelência no desempenho
ambiental. Para isso, possui um Sistema de Gestão Ambiental (SGA) que segue
as especificações da Norma Brasileira ABNT NBR ISO 14.001 de 2015, a
partir do qual define e monitora ações de controle dos impactos ambientais,
bem como coordena de forma sistemática os esforços para a melhoria contínua
de seu desempenho, tendo como foco a ecoeficiência a fim de minimizar o
consumo de recursos naturais, a geração de resíduos e as emissões de gases
do efeito estufa. Entre as iniciativas ambientais praticadas pelo BB, estão:

 Critérios ambientais, econômicos e sociais são sempre levados em


consideração durante os processos de contratação e compras, mediante
os quais são escolhidos os bens, obras e serviços a serem contratados
pelo banco.
 O fornecimento de papel utilizado pelo banco advém de empresas que
possuem certificações específicas que garantem que a madeira utilizada
na fabricação do papel provém de florestas bem gerenciadas; além
disso, a gráfica do próprio banco possui certificação que indica que a
empresa está ajudando a cuidar das florestas para as gerações futuras.
 Para o descarte de bens móveis e resíduos tecnológicos, o banco segue
as normas da Política Nacional de Resíduos Sólidos, promove iniciativas
de conscientização, disseminação de conhecimento e capacitação sobre
a destinação sustentável de resíduos e ainda possui uma plataforma para
mapeamento e destinação ambientalmente adequada dos materiais a
serem descartados.
 A sede administrativa do BB em Brasília possui certificação pela norma
ISO 14001, que é voltada para a qualidade do SGA, e ainda possui selo
de construção sustentável emitido pelo Green Building Council (maior
organização mundial direcionadora do mercado da construção civil em
prol da sustentabilidade).
 O banco publica seu inventário de emissão de gases de efeito estufa
anualmente, apresentando a mensuração das emissões de CO2.
Operações sustentáveis 15

Além dessas iniciativas ambientais, o BB também possui programas am-


bientais, com destaque para:

 Programa de conservação de energia, que promove o uso responsável


de energia elétrica nos imóveis da empresa.
 Programa de uso racional de água, que promove o consumo inteligente
de água mediante ações de conscientização, manutenção e instalação
de equipamentos para consumo otimizado.
 Programa de recondicionamento de cartuchos de toner, que realiza a
gestão ecoeficiente do insumo utilizado nas impressoras pela prática
de logística reversa.
 Programa de coleta seletiva, que promove a destinação dos resíduos
sólidos não perigosos (papel, plástico, metal e vidro) a cooperati-
vas de catadores e/ou coleta pública, conforme legislação de cada
município.
 Programa BB papel zero, que fomenta iniciativas para o desenvolvimento
de soluções que buscam a redução do consumo de papel na empresa.

Além das ações destinadas à gestão ambiental, o BB possui também possui


iniciativas focadas na gestão de pessoas e de fornecedores, todas compatíveis
com os princípios da responsabilidade socioambiental. A política de gestão
de pessoas é voltada ao compromisso da empresa em relação a aspectos de
qualidade de vida, aprimoramento profissional e capacitação e satisfação dos
funcionários, provendo o envolvimento e atuação do BB junto a colaboradores,
sociedade e mercado. Já a política de relacionamento com fornecedores foca
no melhor tratamento e condições de trabalho de seus parceiros, bem como
no desenvolvimento de iniciativas para relações duráveis e equilibradas,
conduzidas com base em um padrão de compras e descartes sustentáveis, que
orienta as práticas de licitações e contratações, estabelecendo e fortalecendo
a cultura de sustentabilidade entre o BB e seus fornecedores.

Cemig
Atualmente, a Cemig ocupa o 19º lugar no ranking das 100 companhias mais
sustentáveis do mundo. Fundada em 1952, a Cemig é uma holding composta
por mais de 200 empresas e consórcios e possui ativos e negócios em 24 esta-
dos brasileiros e no Distrito Federal. Atua nas áreas de geração, transmissão,
distribuição e comercialização de energia elétrica, distribuição de gás natural
e uso eficiente de energia.
16 Operações sustentáveis

Em seu site, a empresa defende o lema “trabalhar no presente garantindo


o futuro”. Com base nisso, investe no desenvolvimento de tecnologias alter-
nativas para geração mais eficiente de energia, por meio de programas de
pesquisa e desenvolvimento que visam gerar novas metodologias, processos,
software, materiais, dispositivos e equipamentos voltados para as melhorias
do sistema elétrico, tudo com o intuito de promover inovações tecnológicas
no setor energético.
A empresa destaca que a sustentabilidade representa um fator fundamental
para as empresas que almejam prosperar em seu mercado de maneira res-
ponsável. Além disso, ressalta que empresas reconhecidas como sustentáveis
têm suas ações valorizadas no mercado de capitais e melhoram a imagem
perante seus públicos de interesse. Nesse sentido, reforça esse pensamento,
apresentando-se como “a única empresa do setor elétrico presente há dezes-
sete anos no Índice Dow Jones de Sustentabilidade, do qual faz parte desde
sua criação, em 1999, sendo já eleita líder mundial em sustentabilidade do
supersetor de utilities” (COMPANHIA ENERGÉTICA DE MINAS GERAIS,
2020a, documento on-line).
Entre as preocupações da Cemig em relação ao contexto da sustentabili-
dade, e que dão origem a suas ações e práticas, estão questões como eficiência
energética, mudanças climáticas e redução da emissão de CO2, além da forte
relação existente entre elas. Tanto que empresa “considera que a eficiência
energética representa uma das opções mais eficazes para a redução das emis-
sões de gases de efeito estufa” (COMPANHIA ENERGÉTICA DE MINAS
GERAIS, 2020b, documento on-line).
Assim, preocupada com as mudanças climáticas, a empresa prioriza os
recursos oriundos de fontes de energia renováveis para compor sua matriz
energética. Desde 2014, faz parte da Renova, empresa líder no mercado de
energia eólica no Brasil, que também possui investimentos em energia solar
e renováveis. Praticamente toda a geração de energia da Cemig é proveniente
de fontes renováveis, como hidráulica e eólica, o que proporciona à empresa
uma baixa emissão de gases de efeito estufa.
Além disso, como forma de reforçar seu compromisso na mitigação de
suas emissões de gases que contribuem para a mudança global do clima,
a Cemig possui metas corporativas de redução constante da intensidade
das emissões diretas. Também investe no desenvolvimento de projetos de
Mecanismos de Desenvolvimento Limpo (MDL), previstos no Protocolo
de Kyoto, o que rendeu à empresa autorização para obter e comercializar
créditos de carbono.
Operações sustentáveis 17

Um crédito de carbono é a representação de uma tonelada de carbono que deixou de ser


emitida para a atmosfera, contribuindo para a diminuição do efeito estufa. A geração de
créditos de carbono pode ser conduzida de diversas maneiras, como em fábricas que subs-
tituem o uso de biomassas não renováveis (como lenha de desmatamento) por biomassas
renováveis. Iniciativas como essas, além de reduzirem gases geradores de efeito estufa,
ainda contribuem para a diminuição do desmatamento (SUSTAINABLE CARBON, 2020).

A Cemig ainda investe no desenvolvimento de pesquisas e projetos de


inovação tecnológica na busca por alternativas energéticas renováveis, redes
inteligentes (smart grids) e veículos elétricos. Tais pesquisas e projetos são
realizados por meio de parcerias entre a Cemig e instituições de pesquisa e
universidades, contando com a participação ativa da empresa no processo, desde
o desenvolvimento do projeto-piloto até sua operação em escala comercial.

Alternativas energéticas são conjuntos de tecnologias de transformação, fontes e


usos de energia considerados não tradicionais e potencialmente sustentáveis, por
promoverem fatores como baixo impacto ambiental, viabilidade econômica, justiça
social e aceitação cultural.

Nesse contexto, a Cemig investe em projetos de utilização de fontes de


energia renováveis, como biomassa, pequenas centrais hidrelétricas, energia
solar e geração eólico-elétrica. Além desses, a empresa investe ainda em
projetos de uso racional da energia, cogeração e geração distribuída, utilizando
diferentes combustíveis, como hidrogênio, gás natural, álcool e biodiesel.

Natura
Atualmente, a Natura ocupa o 30º lugar no ranking das 100 companhias
mais sustentáveis do mundo. A empresa foi fundada em 1969, com a missão
de promover o “bem-estar-bem”, que consiste em relações harmoniosas do
indivíduo consigo mesmo, com os outros e com a natureza.
18 Operações sustentáveis

Em seu site, a empresa declara que busca na inovação os meios para reduzir
o impacto de seus produtos no meio ambiente, procurando usar cada vez mais
ingredientes vegetais e materiais reciclados. Para isso, promove a geração de
soluções inovadoras nas diversas dimensões do negócio.

 Inovações em negócios: a empresa atualmente realiza suas operações


por venda direta, e-commerce e varejo, o que lhe permite atender a
milhares de consumidores no Brasil, América Latina, Estados Unidos
e França.
 Inovação em produtos: a empresa investe parte de sua receita em ino-
vação e conta com uma ampla equipe de pesquisa, desenvolvimento e
marketing, para que possa manter e ampliar seu portifólio de produtos.
 Inovação em operações logísticas: a empresa possui uma das mais mo-
dernas estruturas de logística do Brasil e do mundo, o que lhe permite
atingir altos níveis de produtividade e de serviço.

Entre as práticas de sustentabilidade adotadas pela Natura, a empresa


destacada ações com os seguintes propósitos:

 Fórmulas naturais: a empresa prioriza a utilização de ingredientes na-


turais, renováveis e provenientes da biodiversidade amazônica, investe
em biotecnologia e busca inovações inspiradas na natureza, buscando
potencializar a performance e os benefícios de seus produtos.
 Cuidado com a origem: a empresa valoriza o manejo das florestas e as
práticas agrícolas sustentáveis, atuando no combate ao desmatamento,
além de promover oportunidade de renda e o desenvolvimento social
dos pequenos produtores.
 Ingredientes seguros: a empresa tem como política realizar a substitui-
ção de ingredientes que venham a ser considerados controversos, por
apresentarem potencial riscos ao meio ambiente ou à saúde humana,
ainda que não se configure uma exigência legal.
 Sem testes em animais: para testar seus produtos, a empresa investe
no desenvolvimento de métodos alternativos e superavançados, como a
pele 3D, não compra insumos ou ingredientes que tenham sido testados
em animais e não utiliza qualquer ingrediente que envolva a morte de
animais, utilizando apenas ingredientes derivados, como cera da abelha.
 Embalagem ecológica: neste quesito, a empresa busca gerar o menor
impacto possível, priorizando a utilização de materiais que podem
ser reciclados após o consumo e que sejam provenientes de origem
Operações sustentáveis 19

renovável, além de desenvolver soluções que facilitem a reciclagem,


trazendo benefícios para as famílias envolvidas nas atividades de coleta
e reaproveitamento.
 Compromisso com o clima: a empresa trabalha para reduzir ao máximo
as emissões de carbono ao longo de toda sua cadeia produtiva, monito-
rando impactos gerados desde a extração dos ingredientes até o descarte
do produto; emissões que não podem ser evitadas são compensadas
pela empresa mediante a compra de créditos de carbono de projetos
que geram benefícios sociais e ambientais.

A partir dessas ações, a Natura promove iniciativas que geram resultados


bastante expressivos. Sua sede em Cajamar (SP) é um exemplo: nela a Natura
instalou um imenso conjunto de painéis solares, em um projeto de 1.800 m2 de
filmes fotovoltaicos orgânicos que gera energia suficiente para abastecer toda
a iluminação do prédio, com 160 estações de trabalho dispostas em 21 salas e
ainda dois auditórios, permitindo evitar a emissão de 37 toneladas de CO2 por
ano (o que equivale ao consumo mensal de mais de 450 residências brasileiras).
A Natura investe também em ações pela conservação da Amazônia, atu-
ando em iniciativas que, de 2000 a 2019, permitiram preservar 1,8 milhões
de hectares de floresta, área que equivale a 12 vezes o tamanho da cidade
de São Paulo. Além disso, a empresa procura utilizar o máximo de materiais
reciclados em suas embalagens e oferece a maior parte de sua linha de produtos
em embalagens do tipo refil, feitas de material de origem renovável, o que
permite à empresa economizar por ano o equivalente ao lixo produzido por
3,5 milhões de pessoas em um dia. Além disso, a Natura possui também um
programa de responsabilidade compartilhada entre a empresa e seus forne-
cedores de embalagens, no qual promove a rastreabilidade, a homologação
e a logística reversa em todos os seus fornecedores de materiais reciclados,
com os quais compartilha conhecimento técnico e instrumental para garantir
a profissionalização de todos os elos de sua cadeia.
Esses são alguns exemplos de empresas preocupadas com a sustenta-
bilidade e as ações por elas desenvolvidas como forma de colaborar para a
disseminação deste importante conceito. Muitos outros casos práticos podem
ser encontrados nas diferentes bases de pesquisa disponíveis, tendo em vista
que a sustentabilidade pode ser aplicada nos mais variados contextos, especial-
mente o empresarial, dado o expressivo impacto que esse pode causar. Assim,
a sustentabilidade empresarial é uma responsabilidade de toda e qualquer
empresa, já que a sustentabilidade em seu conceito mais abrangente é algo
importante para todos nós.
20 Operações sustentáveis

COMPANHIA ENERGÉTICA DE MINAS GERAIS. Redução de emissão de CO2. CEMIG,


2020b. Disponível em: https://www.cemig.com.br/pt-br/A_Cemig_e_o_Futuro/susten-
tabilidade/nossos_programas/Eficiencia_Energetica/Paginas/Reducao_emissao_CO2.
aspx. Acesso em: 22 abr. 2020.
COMPANHIA ENERGÉTICA DE MINAS GERAIS. Sustentabilidade: o desafio de crescer de
maneira responsável. CEMIG, 2020a. Disponível em: http://www.cemig.com.br/pt-br/A_
Cemig_e_o_Futuro/sustentabilidade/Paginas/sustentabilidade.aspx. Acesso em: 22 abr. 2020.
CORRÊA, H. L.; CORRÊA, C. A. Administração de produção e operações: manufatura e
serviços: uma abordagem estratégica. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2019.
D’AGOSTINI, M. Operações sustentáveis e desempenho: revisão sistemática e metanálise.
Dissertação (Mestrado) — Universidade de Caxias do Sul, 2015. Disponível em: https://
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OLIVEIRA, O. J. (Org.). Gestão da produção e operações: bases para competitividade.
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Leituras recomendadas
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CORPORATE KNIGHTS. 2020 Global 100 ranking. 21 jan. 2020. Disponível em: Disponível
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INSTITUTO BRASILEIRO DE GOVERNANÇA CORPORATIVA. BB, Cemig e Natura compõem
ranking global das 100 empresas mais sustentáveis: brasileiras foram citadas em lista da
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NATURA. Disponível em: https://www.natura.com.br/. Acesso em: 22 abr. 2020.
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