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UFCD 11005 - Trabalho de pesquisa sobre: Tripé da sustentabilidade (triple bottom line)

Portimão, 24 de novembro de 2023

Tripé da Sustentabilidade (Triple Bottom Line)

Resumo

No mundo atual, os consumidores estão cada vez mais exigentes, sempre escolhendo
por produtos ou empresas que estejam envolvidas com ações que visem gerar impacto
positivo no meio ambiente. Esta nova perceção de consumo tem despertado o
interesse da indústria e varejo em desenvolver medidas cada vez mais voltadas para o
ambiental, e é neste contexto que surge o tripé da sustentabilidade (ou Triple Bottom
Line).

O tripé da sustentabilidade é um conjunto de ações adotadas por empresas que visam


a responsabilidade social e ambiental além do lucro financeiro.

O tripé da sustentabilidade (triple bottom line) é um conceito de gestão sustentável


que tem como objetivo ampliar a visão de sucesso de empresas para além do
resultado financeiro, unindo a esse primeiro mais dois pilares essenciais: o
desenvolvimento ambiental e o social. O Triple Bottom Line é um conceito de gestão
que preza pela sustentabilidade de forma ampla nas empresas. Mais do que
preocupações ecológicas, é preciso ter uma atuação mais sólida em outros setores.

O tripé da sustentabilidade engloba todos os resultados de uma organização, o


impacto que ela causa e a comunidade na qual esta inserida, assim, essa maior
conscientização e visão de futuro, cria um novo ambiente de negócios. O tripé, como o

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nome já deixa explícito, é formado por três pilares: económico, social e ambiental,
assim, fazendo os resultados usarem os 3 pilares como medida importante.

 Social: a sustentabilidade social implica em gerar renda sem perder o foco na


redução das desigualdades sociais, com o propósito de melhorar a qualidade de
vida da sociedade.
 Ambiental: a sustentabilidade ambiental adota uma relação entre padrões de
consumo e produção em termos energéticos, de maneira que sejam reduzidas,
ao mínimo, as pressões ambientais, o esgotamento dos recursos naturais e a
poluição.
 Económico: a sustentabilidade empresarial pressupõe o zelo pela
sustentabilidade económica, de maneira que a alocação e o gerenciamento dos
recursos seja eficiente e haja um fluxo constante de investimentos públicos e
privados.
 Introdução

A interação do homem com o meio ambiente sempre existiu, mas foi se


transformando ao longo dos anos. A partir da Revolução Industrial, a relação
balanceada passou a dar lugar a um desequilíbrio do ecossistema, com o aumento do
consumo de recursos naturais em função do avanço tecnológico. Acreditava-se à
época que a natureza seria capaz de se reequilibrar, neutralizando os efeitos causados
pelo homem. Os impactos causados pela revolução industrial provaram que não.
Abertura de buracos na camada de ozono, o derreter do gelo, as mudanças climáticas,
entre outros impactaram não somente o meio ambiente, como também a vida das
pessoas, das comunidades e do próprio setor económico. Isso despertou a
preocupação com as questões ambientais, trazendo essa pauta para discussões
nacionais e internacionais.

Com a pressão dos impactos e grandes acidentes ambientais, o século XX


protagonizou várias iniciativas importantes na luta por um planeta sustentável, assim
como as pressões sobre a responsabilização dos impactos no meio ambiente. Deu-se
início as ações de ordem preventiva, reparatória ou repressiva com a definição de leis,
criação de institutos e órgãos reguladores, políticas públicas e normas empresariais.

Segundo International Institute for Sustainable Development (IISD), em 1968, na


Conferência Intergovernamental, promovida pela Unesco, surgem as primeiras
discussões sobre o desenvolvimento ecologicamente sustentável. Em 1972, a
Conferência das Nações Unidas sobre o Ambiente Humano leva à criação do Programa
das Nações Unidas para o Meio Ambiente. Em 1987, Nosso Futuro Comum, ou o
Relatório Brundtland, da Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e o
Desenvolvimento, populariza o termo “desenvolvimento sustentável”, definindo-o
como o modelo que “atende às necessidades do presente sem comprometer a

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possibilidade de as gerações futuras atenderem as suas próprias necessidades”. Em


1999 a Dow Jones lança o primeiro índice de sustentabilidade das empresas, destinado
a se tornar uma ferramenta para investidores que busquem por empresas lucrativas
que adotam princípios de desenvolvimento sustentável. Nos anos 2000 entram em
vigor o Protocolo de Kyoto (2005) e o Acordo de Paris (2015) com medidas para a
redução da emissão dos gases de efeito estufa.

Ao longo das últimas décadas, muitos estudos e pesquisas foram desenvolvidos no


tema socio-ambiental, de forma a trazer para a sociedade abordagens que
promovessem uma gestão sustentável. A resposta corporativa frente às novas
demandas da sociedade foi uma mudança de foco das empresas. De geração de lucro e
retorno somente ao acionista para a geração de valor e retorno a
múltiplos stakeholders, tema explorado pelo filósofo e professor Edward Freeman em
seu livro Strategic Management: A Stakeholder Approach (1984).

Nesse contexto, surgem os importantes conceitos, em meados da década de 90,


surge o Triple Bottom Line (TBL) e uma década depois o conceito de Environmental,
Social and Governance (ESG).

 Origem e conceitos

Em 1994 (década de 90), John Elkington introduziu o conceito de Triple Bottom


Line (também conhecido como o Tripé da Sustentabilidade ), que foi a origem da ideia
de avaliar a empresa sob o ponto de vista social, ambiental e económico.
Posteriormente, tornou-se popular com a publicação do livro Cannibals with Forks: The
Triple Bottom Line of 21st Century Business, em 1997, também de Elkington.

Segundo Sanches (2019), o TBL trata da necessidade de integração das dimensões para
que o desenvolvimento sustentável possa, de fato, ser atingido. Nessa teoria, a
sustentabilidade deve se basear nos aspetos ambiental, social e económico para poder
se perpetuar.

Algumas discussões novas sobre a sustentabilidade tentam trazer novas dimensões de


composição do modelo, como aspetos culturais e tecnológicos, como forma de
estruturar a sustentabilidade de maneira mais sólida, contudo, o entendimento mais
difundido sobre esse tema ainda se sustenta no Tripé da Sustentabilidade inicial. E
complementa que o mais interessante sobre este conceito é quando se discute os
aspetos relacionados ao TBL é, justamente, sua aplicabilidade para questões
associadas ao macro ambiente, como países e nações, ou para os microambientes,
como cidades, ou empresas.

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 Sustentabilidade e desenvolvimento sustentável são termos que soam


familiares para você? Há décadas eles estão em alta e são pauta no mundo
todo, especialmente, com foco no setor corporativo.

Nesse contexto, as empresas buscam uma relação saudável com recursos naturais e
sociais, mas sem deixar de pensar no lucro. Essa é a base de um conceito importante:
o Triple Bottom Line.

Muita coisa mudou no mundo desde o desenvolvimento dessa proposta, mas a


questão é que a sustentabilidade é uma demanda que só cresce. Por esse motivo, é
importante que as empresas tenham melhor entendimento do conceito para,
concretamente, conseguirem aplicá-lo em sua atuação.

O Triple Bottom Line trata-se de um conceito que prega a gestão empresarial com
foco, além dos resultados, no impacto causado pela empresa no planeta.

A sustentabilidade é um tema comentado há algumas décadas e de forma contínua,


talvez pela complexidade que envolve o assunto. Para a população mundial, adotar
novos hábitos é parte da mudança proposta, o que tem relação direta com as práticas
de consumo e a relação com marcas.

É justamente na atividade de grandes empresas que as principais mudanças podem e


devem ser implementadas e, para isso, o Triple Bottom Line é fundamental. Em uma
tradução literal do inglês, o termo significa Linha Tripla de Fundo, mas o termo usado
por aqui ajuda a entender melhor a proposta: Tripé da Sustentabilidade.

Nesse caso, o tripé é formado pelas perspetivas do planeta, das pessoas e do lucro, ou
seja, uma empresa deve ser conduzida visando à parte econômica, seus impactos
ambientais e como ela se relaciona com seus colaboradores.

Nessa ideia, é possível perceber como a sustentabilidade é algo muito maior do que
simplesmente a preservação de recursos naturais e a redução da agressão ao planeta.

Ser sustentável é ter ideias que consigam se renovar, gerenciar sem explorar, lucrar de
forma responsável e com foco na continuidade da companhia, além de viver e conduzir
projetos que não prejudiquem nenhuma esfera.

 O TBL (Triple botton line – Tripé da sustentabilidade) está


estruturado em três pilares:

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Ciente de quais são as bases desse tripé, é sempre importante detalhar um pouco mais
sobre como a empresa deve se comportar e quais devem ser suas preocupações diante
dessas perspetivas. Não é muito difícil entender que talvez o lucro seja a parte mais
simples de conduzir, afinal, empresas existem para isso.

No entanto, a responsabilidade de gestão deve ir além disso. Hoje, o consumidor


espera muito mais do que somente um bom produto ou um serviço de qualidade no
mercado. Há cada vez mais o envolvimento e o interesse com as práticas da
companhia e como ela se posiciona em relação à sustentabilidade.

Para atender completamente a esse conceito, é preciso ir além. A seguir, entenda mais
sobre as 3 bases do tripé e com o que a empresa precisa se preocupar em cada uma
dessas perspetivas.

 Social: envolve o capital humano alocado em uma sociedade, empresa ou


comunidade. É importante atentar para questões como salários adequados,
bem-estar das pessoas, ambiente de trabalho saudável (no caso da
sustentabilidade pensada no âmbito empresarial) e os vínculos com as famílias.
No contexto mais amplo (macro) os pontos de foco são em questões como a
educação da população, segurança, violência e lazer;

Frequentemente ignorada ou trabalhada superficialmente, a responsabilidade


social das empresas gera grande impacto no contexto em que elas estão inseridas e
também em seus colaboradores.

Trata-se de todo capital humano de uma empresa que está direta ou indiretamente,
relacionado às atividades desenvolvidas por uma empresa. Isso inclui, além de seus
funcionários, seu público-alvo, seus fornecedores, a comunidade em seu entorno e a
sociedade em geral.
Desenvolver ações socialmente sustentáveis é proporcionar um ambiente que
estimule a criação de relações de trabalho legítimas e saudáveis, além de favorecer o
desenvolvimento pessoal e coletivo dos envolvidos.

 Benefícios para a sociedade:


Evita o racionamento de água
Reduz o risco de racionamento energia
Facilita a transição para a nova matriz energética renovável

Há duas maneiras de ver a questão social por uma companhia: interna e


externamente. É preciso exercer responsabilidade e boas práticas diante dos
funcionários e também estender essa atuação à comunidade.

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Começando dentro, uma empresa preocupada com a sustentabilidade deve respeitar


seus colaboradores e oferecer boas condições de trabalho. Nesse sentido, o mínimo
que se espera dela é o atendimento a aspetos como:

1) flexibilidade;
2) remunerações justas;
3) benefícios;
4) inclusão e diversidade;
5) suporte.
Isso garante um ambiente de trabalho saudável, uma relação harmoniosa e justa,
fatores que impactam positivamente os resultados da empresa.

Além disso, deve haver a preocupação com a comunidade na qual a empresa está
inserida. Ajudar seu entorno é fundamental, muitas vezes, como forma de realmente
assumir sua responsabilidade como grande organização.

Projetos sociais, valorização da mão de obra local e programas de apoio ao bem-estar


e incentivo educacional são alguns dos melhores exemplos de como atuar nesse
sentido.

 Económico: aqui são avaliadas questões como a produção, consumo e


distribuição de bens e serviços, de maneira a permitir a geração de lucro sem
impactar o meio de maneira agressiva e irreversível;

A parte económica gera muitas dúvidas dentro da ótica de Triple Bottom Line.
Empresas nem sempre sabem como deve ser uma gestão mais sustentável e
responsável financeiramente, então, o foco se limita ao lucro.

O primeiro passo é cuidar do seu patrimônio de maneira responsável, com a renovação


do que é necessário em nível de equipamentos e ferramentas, investindo para ter bons
resultados.

Esses cuidados internos são fundamentais para que a empresa tenha uma produção e
uma prestação de serviços da melhor qualidade.

Inclusive, é preciso ter maior responsabilidade na gestão financeira, especialmente, em


relação aos investimentos e orçamentos. Análises e estudos mais detalhados são
importantes para que, em longo prazo, a companhia consiga se manter sem problemas
econômicos.

Há ainda a necessidade da preocupação com a responsabilidade fiscal. As empresas


precisam se comprometer em demonstrar seus resultados de maneira adequada,
sobretudo, quando existem acionistas interessados nessas informações. São

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obrigações que se estendem à gestão de documentos fiscais e ao pagamento dos


devidos tributos e declarações à Receita.

 Ambiental: trata do capital natural de uma empresa ou sociedade, a curto,


médio e longo prazo. Esse aspeto busca avaliar os impactos que são gerados no
meio ambiente, não apenas pela extração de recursos naturais, mas também
pela geração de resíduos (sólido ou não) decorrente dos processos das
atividades econômicas. Aqui é importante entender qual são os danos
causados, e quais os métodos para amenizá-los, ou mesmo recuperar aquilo
que foi danificado.

Questão mais debatida e, frequentemente, entendida como central, a causa ambiental


é tão importante quanto as já citadas — isso dentro da ideia de sustentabilidade como
um todo.

O foco é manter práticas de produção mais adequadas, como a emissão de poluentes


e o descarte de matéria-prima. Além do mais, há a necessidade de explorar recursos
naturais com mais responsabilidade.

Nesse sentido, práticas sustentáveis são aquelas que garantem uma continuidade, ou
seja, têm a preocupação de continuar usando recursos, o que só é possível com a
exploração adequada.

É possível ir além no controle de uso de matéria-prima e na emissão de poluentes, e


isso está ligado a programas de preservação e com o comprometimento com o
incentivo de novas práticas mais interessantes.

Muitas empresas se posicionam como sustentáveis, mas nem sempre estão prontas
para realmente mudar completamente para isso.

Ter maior responsabilidade ecológica é um caminho que exige mudanças estruturais


profundas, e não somente algo voltado para o marketing. A empresa que consegue
isso alcança outro patamar e, em longo prazo, pode colher bons frutos.

É capital natural de uma empresa ou sociedade. A perna ambiental do tripé. O


desenvolvimento sustentável ambientalmente correto se refere a todas as condutas
que possuam, direta ou indiretamente, algum impacto no meio ambiente, seja a curto,
médio ou longo prazos.
É comum vermos empresas adotando medidas mitigatórias, como, por exemplo,
promover ações de plantio de árvores após a emissão de gases poluidores, como se
uma coisa compensasse a outra.

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 Benefícios para o meio ambiente:


Redução de consumo de água
Redução de consumo de insumos energéticos
Redução de emissão de gases

 A complexidade que envolve a aplicação do Triple Bottom Line

A estrutura do Tripé da Sustentabilidade pode ser melhor compreendida por meio do


modelo descrito na Figura 1, que apresenta, não apenas as dimensões de composição
da sustentabilidade, mas também os resultados das intercessões entre as mesmas.

Figura 1 Dimensões do desenvolvimento sustentável

A primeira intercessão da figura representa o vínculo entre o progresso social e o


crescimento econômico, sendo caracterizada como desenvolvimento socioeconômico;
já a segunda junção mostra a integração entre o progresso social e a preservação
ambiental, apresentando o surgimento de questões socio-ambientais. No terceiro
item, há a junção dos aspetos de preservação ambiental com o crescimento
económico, determinando um desenvolvimento eco sustentável. É apenas quando as
três dimensões se ligam, como na interseção quatro que se tem, de fato, a
sustentabilidade conceituada pelo Triple Bottom Line.

Os conceitos do TBL desencadearam uma série de iniciativas: Global Reporting


Initiative (GRI), Dow Jones Sustainability Indexes (DJSI), além de influenciar as questões
utilizadas pela contabilidade corporativa, como o desenvolvimento do Sustainability
Accounting Standards Board (SASB), Full-Cost Accounting, ESG (umaestrutura que
concentra investidores e analistas financeiros em meio ambiente, fatores sociais e de
governança) (COLLINGS, 2020).

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Todavia, Elkington acredita que o TBL acabou gerando diversas plataformas de


controle ou de contabilidade (GRI, SASB, TCFD, CDP e outras), para atender as
necessidades dos investidores, credores, compradores e outros stakeholders e que
acabam sendo mais prescritivas (COSTA, 2021).

Segundo Slaper (2013), para viabilizar a mensuração dos avanços nas três dimensões
propostas, alguns indicadores são sugeridos já que não existem padrões definidos
universalmente. Tipicamente medidas relacionadas à aspectos financeiros são
calculados em dólar; medidas relacionadas às questões ambientais e sociais em forma
de índice. Essa abordagem permite que adicionalmente a utilização de uma unidade de
medida comum, seja possível comparar os resultados obtidos pelas organizações que
seguem essa metodologia. Alguns dos indicadores sugeridos são apresentados no
quadro abaixo:

Tabela 1 – As dimensões do Triple Botton Line

Usar TBL significa que haverá uma espécie de ato de equilíbrio e a adoção de uma
mentalidade de compensação quando se trata de definir a estratégia de uma empresa
para a tomada de decisões (COLLINGS, 2020).

Elkington afirma que sejam incutidas mudanças nas estratégias das empresas ao
definir suas metas. Estas metas precisam causar um impacto sobre as pessoas e no
planeta.

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Para que o Triple Bottom Line seja aplicado de maneira fiel, algumas dificuldades
precisam ser superadas, e esse é um ponto que ainda gera muitos debates.

É comum que empresas encontrem etapas mais complexas e problemas específicos,


mas o importante é saber detectá-los e, a partir disso, trabalhar de maneira
estratégica, com soluções que realmente se destaquem.

Linhas incompletas

Um tripé não se sustenta se falta uma de suas bases, e essa analogia funciona muito
bem para avaliar a sustentabilidade completa de uma empresa. Algumas companhias
deixam de focar uma delas e acabam desenvolvendo pouco as bases negligenciadas, o
que é um erro.

Nem sempre isso acontece premeditadamente, mas é importante sempre colocar a


gestão sob análise para avaliar em quais das 3 perspectivas ainda há um
subdesenvolvimento. É preciso que social, econômico e ecológico sejam trabalhados
da mesma forma, para que o crescimento seja integrado.

Lucro acima de tudo

O lucro é sempre uma questão importante, mas as empresas que querem se


enquadrar em um modelo de gestão amplamente sustentável precisam pensá-lo com
um peso diferente. Não que ele deixe de ser prioridade. Na verdade, só não pode ser
razão para que outras bases do tripé sejam negligenciadas.

Muitas vezes, isso acontece em busca de uma produção mais barata, mas mais
agressiva à natureza, más condições de trabalho, falta de incentivos sociais, pouco
investimento na companhia e uma série de outros fatores. Os lucros até se mantêm
altos, mas a relevância da empresa no longo prazo fica comprometida.

 Vantagens do Triple Bottom Line

O bom desempenho ambiental reduz o risco, diminui os custos, aumenta a


produtividade e melhora a reputação. Ser uma empresa sustentável é uma via de mão
dupla, pois ao mesmo tempo em que a empresa (ou cada pessoa) está contribuindo
com a sociedade, ela também se beneficia.
Vantagens de ser uma empresa sustentável:
1. Reduzir o consumo de e matérias primas e insumos como energia elétrica e água;

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2. Redução dos custos com disposição e tratamento de resíduos;


3. Otimização do uso de materiais no processo produtivo;
4. Retenção e atração de recursos humanos e engajamento dos funcionários;
5. Melhores condições de trabalho;
6. Aumento da produtividade;
7. Maior preocupação social e com a saúde dos funcionários;
8. Ganho de reputação;
9. Melhora no desempenho da responsabilidade social corporativa;
10. Melhoria da competitividade e posicionamento no mercado;

 Como aplicar o Tripé da Sustentabilidade na sua empresa

A lista abaixo (que não está em ordem de prioridade) pode te dar uma noção de como
começar a aplicar o tripé da sustentabilidade no seu negócio.

 Mentalidade sustentável dos donos e gestores: pois são as pessoas


responsáveis por definir o planeamento e o que será feito.
 Influência na equipe: Conhecimento é a base de tudo e mostrar o tripé da
sustentabilidade e os conceitos de desenvolvimento sustentável para os seus
colaboradores pode ser a diferença de mentalidade necessária para que todos
pensem com um objetivo em mente.
 Equipe responsável pela sustentabilidade: em algumas empresas maiores, ter
uma equipe ou área destinada para cuidar da sustentabilidade pode ser o
empoderamento necessário para que ações sejam pensadas e que um
planeamento envolvendo toda a companhia seja praticado.
 Diagnóstico de sustentabilidade: esse costuma ser um excelente ponto de
partida, pois é essencial entender o que já é feito hoje e onde melhorar para
determinar as melhores ações para o futuro.
 Defina as prioridades de atuação: Não se engane, é muito difícil fazer tudo ao
mesmo tempo. Por isso, tenho gostado bastante de ver como muitas empresas
tem se pautado pelos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU
(ODS) para estabelecer metas.
 Acompanhe seus indicadores: se você já entendeu onde está e definiu as suas
prioridades, precisa acompanhar o resultado relacionado ao tripé da
sustentabilidade periodicamente.

No final do dia, o tripé da sustentabilidade ou qualquer outro nome preocupado com


o desenvolvimento sustentável no seu negócio só vai para a frente mesmo se os
líderes da organização, seus colaboradores e objetivos estratégicos estiverem
alinhados com uma prática mais preocupada com o meio ambiente, com a sociedade
e, também, mas não só, com os lucros.

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 O Triple Bottom Line hoje, na visão do seu autor

Em 2018, 25 anos após o lançamento do artigo que propôs o Triple Bottom Line, John
Elkington voltou aos holofotes com uma espécie de pedido de reinterpretação do seu
conceito. Por meio de um artigo, ele chamou a atenção para o viés excessivamente
técnico que o tripé da sustentabilidade ganhou ao longo dos anos.

Para ele, a maioria das empresas que mensuram e apresentam seus resultados
avaliando as 3 bases fazem isso apenas para provar esforços, e não com uma proposta
realmente concreta.

Em resumo, hoje, o conceito vale mais para obtenção e afirmação de um status, tendo
em vista que a sustentabilidade é considerada para valorizar uma empresa e suas
ações.

O apelo de John é para que as empresas revisem a sua proposta de 25 anos atrás e
tentem aplicar seus esforços de maneira mais concreta, pensando realmente no
impacto social, económico e ambiental de suas ações.

O que realmente essa preocupação gera como resultado é o que interessa, e não
necessariamente os indicadores e os números que eles trazem quando à
sustentabilidade.

O Triple Bottom Line é um conceito que precisa ser desembrulhado e compreendido


dentro das empresas, já que isso garante uma atuação amplamente consciente e
responsável. Só assim, é possível ter bons resultados e um papel realmente relevante
para o mundo.

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