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Gestão Ambiental e

Desenvolvimento Sustentável
Prof. Christiane Martins
Aula 3

- Desenvolvimento sustentável
Desenvolvimento Sustentável no meio Empresarial
O Conselho Empresarial para o Desenvolvimento Sustentável
participou ativamente da organização da temática empresa e meio
ambiente na Conferência do Rio em 1992.

O Conselho reuniu 48 líderes empresariais de diversos países, que


posteriormente elaboraram um documento sobre desenvolvimento
sustentável voltado para o meio empresarial, o qual denominaram:

“Mudando o rumo: uma perspectiva global do empresariado para o


desenvolvimento e o meio ambiente”.

No início desse documento, foi divulgada uma declaração em que


reconhecem que “o mundo se move em direção à desregulação, às
iniciativas privadas e aos mercados globais. Isto exige que as
empresas assumam maior responsabilidade social, econômica e
ambiental ao definir seus papéis e ações”.
O documento do Conselho Empresarial admite que o
progresso em direção ao desenvolvimento sustentável é
um bom negócio, pois consegue criar vantagens
competitivas e novas oportunidades. No entanto, observa
que isto exige “mudanças profundas e de amplo alcance
na atitude empresarial, incluindo a criação de uma nova
ética na maneira de fazer negócios”.

O WBCSD (World Business Council Sustainable


Development), no documento “Ecoeficiência criando
mais valor com menos impacto”, indica alguns fatores
que constroem a sustentabilidade empresarial:
Em abril de 1998, no Brasil, a Confederação Nacional
da Indústria (CNI) define e publica sua Declaração de
Princípios da Indústria para o Desenvolvimento
Sustentável, iniciativa que permite o incremento da
divulgação da perspectiva de maior interação entre
economia e meio ambiente junto ao empresariado.

Fonte: CNI (2002, p. 24).


A penetração do conceito de desenvolvimento sustentável no meio empresarial tem se pautado mais
como um modo de empresas assumirem formas de gestão mais eficientes, como práticas identificadas
com a ecoeficiência e a produção mais limpa, do que uma elevação do nível de consciência do
empresariado em torno de uma perspectiva de um desenvolvimento econômico mais sustentável.

Embora haja um crescimento perceptível da mobilização em torno da sustentabilidade, ela ainda está
mais focada no ambiente interno das organizações, voltada prioritariamente para processos e produtos.

É um grande avanço, sem dúvida nenhuma, tomando-se como marco o ano de 1992; mas ainda falta
muito para que as empresas se tornem agentes de um desenvolvimento sustentável, socialmente justo,
economicamente viável e ambientalmente correto.
Triple Bottom Line ou Tripé da Sustentabilidade

O desenvolvimento sustentável nas organizações


apresenta três dimensões, que são: a econômica, a
social e a ambiental.

Do ponto de vista econômico, a sustentabilidade prevê


que as empresas têm que ser economicamente viáveis.
Seu papel na sociedade deve ser cumprido levando em
consideração esse aspecto da rentabilidade, ou seja, dar
retorno ao investimento realizado pelo capital privado.
Em termos sociais, a empresa deve satisfazer aos requisitos de proporcionar as melhores condições de
trabalho aos seus empregados, procurando contemplar a diversidade cultural existente na sociedade em
que atua, além de propiciar oportunidade aos deficientes de modo geral.
- Além disso, seus dirigentes devem participar ativamente das atividades socioculturais de expressão
da comunidade que vive no entorno da unidade produtiva.

Do ponto de vista ambiental, deve a organização pautar-se pela ecoeficência dos seus processos
produtivos, adotar a produção mais limpa, oferecer condições para o desenvolvimento de uma cultura
ambiental organizacional, adotar uma postura de responsabilidade ambiental, buscando a não
contaminação de qualquer tipo do ambiente natural, e procurar participar de todas as atividades
patrocinadas pelas autoridades governamentais locais e regionais no que diz respeito ao meio ambiente
natural.
O mais importante na abordagem das três dimensões da
sustentabilidade empresarial é o equilíbrio dinâmico necessário e
permanente que devem ter.

Deve haver um diálogo permanente para que as três dimensões


sejam contempladas de modo a manter a sustentabilidade do
sistema:
- os empresários devem buscar o lucro aceitável;
- os sindicatos devem buscar reivindicar o possível, com o
objetivo de manter o equilíbrio;
- e as entidades ambientalistas deverão saber ceder de tal
modo que não se prejudique de modo irreversível a
condição do ambiente natural.

A intransigência de qualquer das associações levará ao


desequilíbrio do sistema e a sua insustentabilidade.
No âmbito empresarial, as três dimensões da sustentabilidade se
identificam com o conceito de Triple Bottom Line.

Essa expressão surgiu na década de 1990 e tornou-se de conhecimento


do grande público em 1997, com a publicação do livro Cannibals With
Forks: The Triple Bottom Line of 21st Century Business, de John
Elkington, e desde então inúmeras organizações, como o GRI (Global
Reporting Initiative) e a AA (AccountAbility) vêm promovendo o conceito
do Triple Bottom Line e o seu uso em corporações de todo o mundo,
que refletem um conjunto de valores, objetivos e processos que uma
organização deve focar para criar valor em três dimensões: econômica,
social e ambiental.
O Triple Bottom Line é também conhecido como os 3 Ps
(People, Planet and Profit, ou, em português, Pessoas,
Planeta e Lucro).

No Brasil é conhecido como o tripé da sustentabilidade, é um


conceito que tanto pode ser aplicado de maneira macro, para
um país ou o próprio planeta, como micro, numa residência,
numa empresa, numa escola ou numa pequena vila.
- People – Refere-se ao tratamento do capital humano de
uma empresa ou sociedade.
- Planet – Refere-se ao capital natural de uma empresa ou
sociedade.
- Profit – Trata-se do lucro. É o resultado econômico positivo
de uma empresa. Quando se leva em conta o Triple
Bottom Line, essa perna do tripé deve levar em conta os
outros dois aspectos.
Durante muito tempo a contabilidade das empresas se centrou nos resultados financeiros.

- No entanto, nos últimos anos, com a irrupção da Responsabilidade Social no âmbito corporativo,
aumentou a exigência pela incorporação de novos indicadores para quantificar o impacto das
empresas sobre os stakeholders externos.

- Nesse contexto é que surgiu o conceito de Triple Bottom Line e que se refere aos resultados de uma
empresa medidos em termos econômicos, ambientais e sociais.

- São apresentados nos relatórios de sustentabilidade corporativa e se constituem em dados e


aferições voluntárias.
Economia Verde
O modelo econômico predominante se baseia na busca do crescimento
econômico através da utilização ótima de insumos e fatores de produção
(capital físico e trabalho).

A este modelo se pode denominar de “economia marrom”, e ao longo das


últimas décadas conseguiu um grande crescimento da economia mundial
permitindo que hoje milhões de pessoas desfrutem altos níveis de
qualidade de vida.

No entanto, esse crescimento econômico foi alcançado com o


esgotamento dos recursos naturais, e a consequente degradação e perda
dos ecossistemas, além de ignorar que muitas pessoas, embora vivam em
condições de extrema pobreza, dependem diretamente desses recursos.

É um modelo que não considera como bens econômicos escassos os


ecossistemas e não utiliza métodos eficazes para administrar
determinados recursos naturais como a água e o solo.
Esse contexto é que possibilita o surgimento da proposta de “economia
verde”, que pode ser definida como um modelo de produção integral e
inclusivo que leva em consideração variáveis ambientais e sociais.

A economia verde produz baixas emissões de carbono, utiliza os recursos


de forma eficiente e socialmente inclusiva.

A implantação de um modelo de economia verde tem como objetivo final


melhorar as condições de vida dos mais pobres; e diminuir a desigualdade
social, e evitar a destruição e esgotamento dos recursos naturais.

A proposta de economia verde não se contrapõe ao modelo atual, na


realidade o ultrapassa incorporando variáveis sociais e ambientais. Neste
sentido se pode afirmar que a “economia verde” é uma evolução da
“economia marrom” a patamares sustentáveis de produção e consumo.
Numa comparação resumida, podemos afirmar que a
economia marrom tem um único objetivo principal: o
crescimento econômico, e está baseada na utilização de
energias fósseis e extração não planejada de recursos
naturais.

Enquanto que a economia verde apresenta múltiplos


objetivos principais: crescimento econômico, conservação
dos recursos naturais e erradicação da pobreza. Além
disso, está baseada na utilização de energias renováveis e
utilização racional e sustentável dos recursos naturais.
Um elemento essencial no conceito de economia verde é a necessidade de refletir o valor do ambiente
econômico na tomada de decisões.

Os preços de mercado muitas vezes podem fornecer sinais enganosos sobre os impactos ambientais e
sociais das atividades econômicas, levando a sistemas de produção e consumo que não conseguem
maximizar o bem-estar das gerações atuais e futuras.

Os governos, portanto, têm um papel importante a desempenhar na correção de incentivos e ajudar a moldar
os resultados socialmente ótimos.

Gerar uma mudança para uma economia circular (na qual os resíduos são reconhecidos como um recurso
valioso), aumentando assim a eficiência dos recursos e reduzindo os impactos ambientais decorrentes da
extração de matérias-primas e geração de resíduos.
Protocolo Verde
O Protocolo Verde é um documento firmado entre o Governo Federal através de seus Ministérios e bancos
oficiais brasileiros, incorporando a variável ambiental na gestão e concessão de crédito oficial e benefícios
fiscais com o objetivo de criar mecanismos que evitem a utilização destes créditos e benefícios em atividades
e empreendimentos que sejam prejudiciais ao meio ambiente.

Esse protocolo surgiu como resultado de um grupo de trabalho instituído em 1995, cuja iniciativa está
prevista na Política Nacional de Meio Ambiente, que dispõe no seu artigo 12:

“As entidades e órgãos de financiamento e incentivos governamentais condicionarão a aprovação de


projetos habilitados a esses benefícios ao licenciamento, na forma da lei, e ao cumprimento das normas, dos
critérios e dos padrões expedidos pelo CONAMA.”

Nessa mesma Lei estão previstas, também, para aqueles que não cumprirem as determinações exigidas, a
“perda ou restrição de benefícios fiscais concedidos pelo Poder Público, em caráter geral ou condicional, e a
perda ou suspensão de participação em linhas de financiamento em estabelecimentos oficiais de crédito”.
O Grupo de trabalho foi constituído com representantes do Ministério do Meio Ambiente, dos Recursos
Hídricos e da Amazônia Legal, do Ministério da Agricultura, do Abastecimento e da Reforma Agrária, do
Ministério da Fazenda, do Ministério do Planejamento e Orçamento, do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e
dos Recursos Naturais Renováveis, do Banco Central do Brasil, do Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social, do Banco do Brasil, da Caixa Econômica Federal, do Banco do Nordeste do Brasil e do
Banco da Amazônia.

Em abril de 2009, os bancos privados através da Federação Brasileira de Bancos (FEBRABAN) assinaram
protocolo de intenções com o Ministério do Meio Ambiente (MMA) aderindo ao Protocolo Verde.

De acordo com o protocolo, linhas de financiamento só serão liberadas para empresas empenhadas em
desenvolver políticas socioambientais.

E empresas e empreendimentos que dependem de financiamento bancário para suas atividades econômicas
terão, a partir daquela data, que comprovar que estão empenhadas em desenvolver políticas socioambientais,
ou seja, respeito aos direitos humanos e trabalhistas, preservação da biodiversidade, valorização da
diversidade das culturas locais, redução da pobreza e da desigualdade na distribuição de renda.
Com a crescente conscientização das pessoas sobre o meio ambiente e as responsabilidades sociais e de governança,
o ESG (Environmental, Social and Governance) e a Triple Bottom Line têm se tornado cada vez mais importantes nos
dias de hoje:

- Estas práticas são fundamentais para acompanhar as necessidades do mercado e melhorar a competitividade
das empresas. Não adotando tais medidas, os custos operacionais podem aumentar e a produtividade diminuir,
comprometendo assim os lucros da empresa.

Além disso, o ESG e a Triple Bottom Line também podem ajudar as empresas a construir uma reputação excelente para
os seus negócios, ao mesmo tempo em que melhoram o seu relacionamento com os colaboradores, fornecedores,
clientes e outras partes interessadas.

- Também podem contribuir para a melhoria dos processos de governança, bem como para a redução de custos
operacionais. Os custos da produção podem ser reduzidos significativamente através da adoção de tais práticas.

Uma das principais vantagens é o aumento da transparência nas operações da empresa. Isso ajuda a criar uma
atmosfera de confiança entre os stakeholders e também leva a um aumento da responsabilidade da empresa, que
resulta em melhores relações com investidores, colaboradores e outras partes interessadas. Melhora também a
confiabilidade dos negócios, resultando em clientes satisfeitos.

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