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DIREITO E SUSTENTABILIDADE

Regente: Assunção Cristas

AVALIAÇÃO

Grupos de 4, trabalhos apresentados, teste pequenino, participação oral (1 valor). Temas:

- Exercício de aplicação de taxonomia europeia numa empresa simulada e ao nível de


dois setores (ex. construção naval, energia gestão florestal, reabilitação de edifícios
etc.)

- Cumprir a dimensão S (empresa nacional, internacional)

- Dois temas sobre o direito do clima

- Exemplos de litigância climática

- Análise critica de dois relatórios de sustentabilidade (analisar a conformidade com o


direito vigente e direito em preparação) – identificar lacunas e oportunidades de
melhoria

- Produtos financeiros sustentáveis – green bonds, sustainability linked bonds, blue


bonds

AULA 26/09

Palavras-chave: atual, importante, alterações climáticas, ESG, fraturante, possibilidade de dar


contributo, ter sensibilidade para o tema e para eventuais mudanças, direitos humanos,
dimensão social, ambiente, mercado atual.

ESG – é a fórmula mais atual para designar o tema da sustentabilidade, quando falamos da sua
regulação. It stands for Environmental Social Governance. Tem a ver com procurar olhar para
negócios, entidades, empresas etc. por uma lente que pretende juntar as três componentes
referidas. A maneira como as entidades se organizam e relacionam entre si e entre o Estado.

G – temas típico de Governance: a colaboração das empresas e do Estado para fazer


aquilo que os indivíduos não podem fazer sozinhos; uma parte tem que ver com os
mecanismos de governação interna das sociedades/entidades. Na prática, a maneira
como as organizações se preparam, organizam e desenvolvem – e está virado no
sentido da eficácia das políticas internas das organizações.

Isto pode ser visto de forma simples através da análise dos corpos, entidades,
organismos nas entidades, bem como os processos em vigor nas empresas que
permitem visualizar se as empresas se organizam para ver estes temas realizados. A
arquitetura dentro das empresas.

Podemos também falar da ética, por exemplo relativa ao combate à corrupção,


lavagem de dinheiro – as empresas têm de ter um posicionamento e uma ação que
seja coerente nos vários domínios, pelo que a sua atividade não pode ser complacente
com estas práticas.

No prisma da concorrência leal temos uma nova perspetiva, para lá do expectável –


fazer as coisas todas da forma mais leal possível.
Outro tema típico mais relacionado com o direito público pode ser a fiscalidade. O
tema já não é tanto ver como é que tenho o mínimo de impostos possíveis, mas sim a
forma como é que posso aplicar as coisas de forma responsável.

BHR – Business Human Rights também olha para a componente do ambiente, apesar de se
focar mais nos direitos humanos (sendo que também temos o direito ao ambiente/direito ao
equilíbrio climático como direito humano).

É uma maneira de procurar descrever a dinâmica atual, o prisma por onde se tem
desenvolvido a área.

Temos um direito a andar lentamente, mas com um sentido de urgência – que até é imposto
pelo próprio mercado, que vai pressionando e impondo que as coisas sejam feitas de forma
diferente. Por isso é necessário entender que, para lá da lei, há um mundo que se movo – e
que por vezes é mais exigente que a própria lei. Certo é que a lei desenvolve o caminho e os
mínimos necessários (que muitas vezes são mais relacionados com a transparência (deixar o
mercado atuar no domínio da informação existente) do que com a obrigatoriedade de
práticas), mas a sociedade por vezes, e fruto da urgência do tema, exige mais.

E como é que conseguimos saber se as empresas fazem estas coisas? Olhando para o
que elas dizem (os relatórios de sustentabilidade, aquilo que elas dizem na sua missão)
e obviamente ver aquilo que elas fazem – “walk the talk” – que é feito pelo escrutínio
dos consumidores e de entidades.

Quando não fazem normalmente há um grande desvalor na reputação, apesar de já estarmos


a caminhar para a existência de coimas etc. – isto porque, como foi dito, este juízo é feito
através do escrutínio social.

“You can renew your portfolio, but you can’t renew your reputation”

Ex. do estádio do Catar: um estádio feito segundo o pilar E (environmental), mas à


custa dos outros dois pilares

Neste sentido a política do “cancelamento” tem tanto as suas vantagens e


desvantagens.

Para além disso temos o tema das ações judiciais – chamar à pedra aquilo que está e que se diz
que está a ser feito. É um tema crescente.

Estamos numa altura em que ninguém obriga a que uma empresa venha dizer que a sua
atividade é sustentável e que extravasa o mínimo exigido pela lei – o que acontece é que as
pessoas procuram ativamente as empresas que o fazem. O que não podem mesmo fazer (e
que é um primeiro limiar) é dizer uma coisa e fazer outra – ser consistente.

Em matéria climática temos um Compromisso Global de 2015 de manter o aumento da


temperatura abaixo de 2 graus centígrados. Na UE temos o máximo do 1.5 graus, e em
Portugal também.

- Será o direito da sustentabilidade (e a própria sustentabilidade) um tema fraturante?

Muitas das alterações propostas pode fazer surgir perguntas como: o que custa? Faz sentido?
Como colmatar as diferenças sociais e a eventual discriminação?

Green procurement: faz sentido termos compras públicas sustentáveis?


Qual é o ponto ótimo de equilíbrio dos pilares (ESG)? No limite, o que é sustentabilidade, quais
os limites de cada pilar que não ponha em causa os restantes? E esse limite, é igual em todo o
lado, tendo em conta que há sociedades em que ainda não se atingiu um nível mínimo de
dignidade e de conforto – pelo que é difícil impor-lhes a colocação da sustentabilidade no
cerne das políticas.

IPCC – Painel internacional para as alterações climáticas. Nos mais recentes estudos indicou
que mesmo que tudo seja feito como foi dito, a temperatura vai subir 1.8 graus.

É um compromisso de ética. Mas também é um compromisso interno a nível de


desenvolvimento.

Net Zero – quer dizer que no equilíbrio das emissões estamos a zero ou Net Positive (retiro
mais do que produzo). Mas como é que chego lá? Sabemos que precisamos de altear o perfil
da economia e que precisamos de descarbonizar. Há uma pressão muito grande para fazer
investimentos em áreas destinadas a remover emissões, tanto a nível natural (ex. árvores)
como a nível mecânico e químico. Há quem diga que o Net Zero é muito perigoso porque
devíamos focar antes na emissão e só depois na remoção (ex. cuidado com o green-washing).
Na prática deveríamos fazer os dois simultaneamente, mas não deixando que “valha tudo”.

Ex. a plantação de eucaliptos. A plantação de mangais e o turismo, e depois o turismo


seletivo e depois…

A tendência, ainda assim, é o incentivo à proteção do ambiente e à exigência da


sustentabilidade.

A legislação europeia adota uma lógica de cadeia de valor: a atividade da própria empresa,
mas também dos seus fornecedores e colaboradores. Por isso as grandes empresas acabam
por influenciar as pequenas e médias empresas, que ou se ajustam ou ficam de fora da cadeia
de valor.

É uma preocupação de proporcionalidade – pois apesar de a cadeia apenas funcionar se todos


os elementos tiverem conformes com os princípios, nem sempre faz sentido ter os mesmos
critérios de exigência para empresas de todos os tamanhos.

Ex. fornecedor madeireiro para uma empresa de móveis que fornece um hotel que
tem como imagem de marca a sustentabilidade

Enviar um email ou dizer na próxima aula os grupos.

AULA 03/10

Conferência de Estocolmo em 1972, os países Nórdicos estavam especialmente envolvidos na


cena ambiental e começou a olhar-se para o desenvolvimento ambiental. Nessa altura no
quadro da ONU não havia nada, então depois da conferência criou-se a Comissão Mundial para
o Ambiente e o Desenvolvimento.

Em 1987 a Comissão apresenta um relatório muito importante, o relatório Brunthland (nome


da primeiro-ministro Norueguesa, a relatora do relatório – “Our common future”.

Deste relatório nasce a lógica do desenvolvimento sustentável tripartido: económico, social e


ambiental. A ideia é que não há desenvolvimento sustentável se não houver harmonia entre
entres três vetores.
No relatório esta ideia vem referente à lógica inter-geracional, e o desenvolvimento
sustentável vem definido como: responde às necessidades do presente sem comprometer a
capacidade das gerações futuras de dar resposta às suas próprias necessidades.

Como é que garantimos isso? Se conseguirmos que essa geração não use mais recursos
do que os estritamente necessários, e sem comprometer os recursos para as gerações
futuras.

A nossa ação tem de se basear tanto quanto possível em recursos que possam ser
repostos, e em recuperar os recursos previamente utilizados (lógica da economia
circular e reutilização).

Obviamente que isto é uma coisa altamente dinâmica, porque depende das práticas dos
privados, das políticas públicas, da informação disponível, e tudo isso depende da evolução
científica e tecnológica.

Esta equação depende de um cocktail de temas: consciência, incentivos, legislação, tecnologia,


ciência, conhecimento (que acaba por ser um ciclo).

Por vezes a melhor forma de inovar é precisamente a necessidade – quer a necessidade


presente, quer a necessidade criada artificialmente através da imposição de limites. Bem, mas
tudo isto tem de ser feito com um equilíbrio dos outros dois pilares – social e económico.

Tudo isto releva a atualidade do relatório Brunthland, a partir do qual o ambiente, a dimensão
económica e a dimensão social passaram a andar de mãos dadas.

Depois de 1972, as Nações Unidas criaram o UNEP.

O que é que aconteceu em 1992? A Conferência do Rio, da qual sai a estrutura/base do direito
internacional do ambiente, que vão influenciar as ferramentas regionais e nacionais. Desta
Conferência saem três Convenções: Clima, Biodiversidade e Combate à Desertificação.

Estas três são o coração do direito do Ambiente e que influenciam tudo o resto.

No Rio + 20 concretizam-se novas dimensões, e em 2015 temos um novo desenvolvimento


marcante: o Acordo de Paris e a Agenda 20-30.

A Agenda 20/30 e os 17 ODS destinam-se a todos, o que traz uma nova perspetiva –
sendo que anteriormente os objetivos aplicavam-se meramente aos Estados.

AULA 10/10

Trabalho: 24 de outubro

Resumo da aula anterior: equilíbrio entre os três pilares, económico social e ambiental (mas
também outros sub-pilares, como o financeiro, o sanitário etc.); definição de desenvolvimento
sustentável pelo relatório Brunthland de 1987 (“responde às necessidades do presente sem
comprometer a capacidade das gerações futuras de darem resposta às suas próprias
necessidades”); não batam cumprir estas três coisas cegamente sem ter atenção a outros
pilares (ex. da pandemia e da desigualdade que isso trouxe para as mulheres); história de
marcos relevantes; falamos também do ESG como um acrónimo que corresponde à roupagem
da sustentabilidade numa ótica regulatória, e do que é que fica debaixo destes três pilares; é
possível falar do ESG como um framework legal, e também dos exemplos em que há opção de
escolha quanto ao pilar E (porque na Europa/América já se atende aos pilares S e G
“anyways”);

O tema que importa mesmo é saber o que é que fica debaixo de cada pilar, e como endereçar
esses problemas:

- E: objetivos climáticos e ambientais, mitigação e adaptações às alterações climáticas,


biodiversidades, recursos hídricos, poluição e economia circular etc.

- S: direitos humanos e laborais, trabalho infantil, escravatura moderna, condições de


trabalho, conciliação trabalho/família, igualdade de género, diversidade, assédio

- G: por um lado a governance institucional (como é que as empresas se organizam, a


que nível é que o tema está colocado (ex. só comunicação, na direção, uma secção
específica etc.), como o relacionamento com as entidades públicas, a corrupção, o
branqueamento de capitais, o financiamento ao terrorismo, a fiscalidade responsável,
a concorrência leal etc.

ESG não é igual ao CSR (responsabilidade social corporativa). O enquadramento ESG é


mais do que ser responsável, é olhar para aquilo que é preciso e necessário e garantir
que é cumprido (ex. não posso ter uma empresa que ajuda muito, mas que nunca
cumpre com o respeito às horas de trabalho etc.)

Queremos elevar os padrões, passar do nível do pro-bono para aquilo que temos
mesmo de fazer para sermos considerados sustentáveis.

Ex. da empresa que tem bolsas à juventude da terra, mas que não contrata
mulheres – e tudo isto é o pilar S

Como é que nasce este acrónimo e esta dinâmica? A inspiração foram os UN Guiding Principles
on Business and Human Rights (2011). Compete ao Estado:

- proteger

- respeitar

- reparar

Competir ao Estado não exonera as empresas e outros negócios, independentemente do setor,


da estrutura, da localização e da estrutura. O objetivo destes princípios é que possam ser
adotados por todos (estados, empresas etc.). Mas isto é soft law – ou seja, apesar de
ambicionar que todos os Estados da UN executem ações coincidentes com os princípios, nada
obriga diretamente a empresa e os Estados a fazê-lo.

Assim, estes princípios podem tornar-se pouco efetivos a uma escala global.

Isto não se aplica diretamente na EU, em que para uma empresa ser classificada como
sustentável tem de cumprir com estes guiding principles

Uma empresa que seja aderente e que paute a sua atividade pelo cumprimento destes
princípios deve comunicar para fora que o faz – mas não pode comunicar para fora sem o fazer
internamente (ou seja, nada contra o marketing e tudo contra “apenas o marketing”).

Que princípios são estes? Normalmente aparecem separados em foundacional principles e


operational principles.
Da área dos princípios da proteção podemos encontrar vários princípios, e a própria
concretização.

- Proteção:

Ex. I. The State duty to protect human rights

A. Foundational Principles: o que é o princípio em si?

B. Operational Principles: o que é que os Estados devem fazer?

No Estado Português quem é que faz avaliações legislativas para verificar se as leis que se
destinam a proteger os direitos humanos estão a fazê-lo adequadamente? Não há nada
sistemático, é feito à medida das desadequações que a dado momento se identifiquem (ex.
quando há uma falha concreta identificada por um caso).

Assim, em Portugal não podemos dizer que estamos a cumprir, no exemplo dado, com
a verificação periódica e sistemática dos princípios fundamentais.

Sente-se muito o peso da escala, aplicando-se as mesmas diretrizes a países como a Alemanha
e a países como Portugal – não será tão fácil fazer esta avaliação num país pequeno porque
simplesmente não há uma quantidade suficiente de pessoas para o fazer. (hmm… pois… boa
desculpa para a inação).

- Respeito:

Ex. II. The corporate responsibility to respect human rights

A. art.º 11

B. art.º 15

Este artigo já demonstra atenção à dimensão das empresas, não impondo as mesmas
obrigações de políticas e processos a uma pequena empresa do que a uma empresa grande.
Isto também olha à própria área: é uma empresa têxtil? É uma micro-empresa que têm apenas
uma dúzia de pessoas a verificar o trabalho de máquinas?

NOTA: algumas das regras podem parecer ridículas, mas isso têm que ver com a variedade de
aplicabilidade dos princípios, que se vão aplicar em várias ordens jurídicas. Antes colocar que
não colocar. E a preocupação não é apenas que se cumpram as leis dos vários países – é que
mesmo em países em que já se cumprem com as leis, as empresas adotem uma posição
proativa, assumindo publicamente o compromisso.

- Remediação:

Ex. art.º 22 e art.º 24

Estes princípios no fundo dizem que ainda que as empresas façam tudo bem pode acontecer
que haja uma violação de um direito. Nesses casos o que se exige é que as empresas assumam
e ajam ativamente na prevenção e mitigação das violações e dos riscos.

Nesta priorização as empresas devem atender à gravidade e irremediabilidade do risco.

O princípio fundacional diz-nos que os Estados devem adotar as medidas adequadas para,
através de diversos mecanismos, os afetados possam ter acesso a reparações.
Ex. mecanismos de queixa não judicial.

A UN também nos fornece, para além do princípio base e o princípio operacional, quais os
critérios para avaliar se os princípios estão a ser cumpridos pelas empresas, entidades e
organizações, bem como os critérios para avaliar a efetividade dos mecanismos de reparação.

Mas os princípios da UN não são os únicos relevantes – existem outros que cobrem mais áreas,
ou que se aplicam especificamente a determinados setores.

Por exemplo os princípios da OCDE – Guidelines for International Enterprises (2011) – são
recomendações destinadas aos governos e às multinacionais correspondente com as
legislações dos países aderentes. Sendo recomendações (soft law), como é que podem vir a ser
invocados em tribunais?

- Se uma empresa se auto vincular: princípio do estoppel, princípio da confiança

- Havendo uma assunção por contrato (ou remissão expressa para esses princípios)
nesse caso a contraparte (ou até terceiros no caso de haver eficácia externa) pode
invocar em tribunal

- Nos casos de serem transpostos para a ordem jurídica nacional, ou se


corresponderem a princípios da ordem nacional

- Não devemos excluir à partida, porque uma vez assumidos e queridos têm que ter
alguma consequência (ex. tutela da confiança, que gera uma expectativa de atuação
num determinado sentido)

Mas em principio são voluntários. Isto também não quer dizer que não possam existir
mecanismos de enforcement indireto, por exemplo nos casos em que o Estado indica que só
contrata com empresas se estas cumprirem com determinadas guidelines.

Para além das guidelines gerais existem ainda guidelines para setores específicos, tais como:
trabalho infantil, setor institucional etc. Ainda neste tema existe um guia para Due Dilligence,
que se aplica transversalmente.

- Agenda 20-30 da UN:

Depois destes, podemos falar ainda da agenda 20/30 da UN, que cria um framework para o
atual desenvolvimento sustentável. Destes temas temos tanto o foco ambiental como o foco
no desenvolvimento social e geral.

Todos os ODS têm que ver de alguma forma com o desenvolvimento sustentável, e o objetivo
é que todos os países, todas as empresas, todas as organizações, associações e entidades
assumam alguns (ou todos) os princípios. A recomendação atual é que as empresas se foquem
principalmente em cumprir os objetivos que se relacionem diretamente com a sua atividade e
contexto.

Claro que existem goals que são transversais a todos, mas a questão fundamental é
que as empresas sejam capazes de identificar aquilo que faz mais sentido para a sua
atividade e depois escolham e ajam de acordo com isso – isto sem nunca desleixar os
mínimos.

- União Europeia:
Temos muitas coisas na UN, mas atualmente o mais relevante é o Pacto Ecológico Europeu de
2019, que marca um ponto de ordem e é alinhado com o Acordo de Paris de 2015.

O PEE é um documento de orientação de políticas públicas europeias, e na sequência deste


pacto veio a Lei Europeia do Clima de 2021 (um regulamento que tem um ano). Define um
objetivo vinculativo:

- Art.º 1 – objetivo e âmbito de aplicação.

É um documento que está virado para a neutralidade carbónica em 2050, mas define já
objetivos para 2030 e 2040. Estes checkpoints têm como objetivo garantir que, se não se
estiver a cumprir com o desejado, se criem mecanismos adicionais.

Todo o acervo da UE atualmente está alinhado com estas metas – o tema ambiente e clima
passa a estar na linha da frente a nível global.

O PEE é imediatamente anterior à pandemia, o que acaba por ser muito relevante. A
presidente da comissão europeia veio dizer que não é suposto andarmos para trás com os
objetivos, apesar de termos andado para trás em alguns sentidos – mas para estas vertentes a
ideia é de iniciar um movimento de “build back better”.

Ainda assim é um bom ponto de partida temos um regulamento (lei da UE) que põe como
objetivo a neutralidade carbónica através da diminuição de emissões e do aumento de
mecanismos de sequestro.

- Contexto legislativo da UE:

Lei Europeia do Clima; Taxonomia Europeia; Legislação Corporativa, com diretivas em


preparação (CSRD e CSDDD); Pacote Legislativo de Finanças Sustentáveis.

- Progresso tecnológico e científico:

Atualmente temos uma nova dinâmica nos avanços tecnológicos, havendo uma pressão para o
desenvolvimento tecnológico e para a atualização de políticas que sejam condizentes com os
objetivos atuais.

Palavras-chave: stakeholders capitalism

Utilizar o capitalismo para pressionar as empresas a adotarem políticas

Nós estamos num ponto fundacional já há empresas obriganiadas, mas a tendência +e


começarmos a ter um framework único para podermos comparar as empresas e países todos,

AULA 17/10

Vimos na aula passada que a sustentabilidade é caracterizada pelos três pilares. O


regulamento https://eur-lex.europa.eu/legal-content/PT/TXT/?uri=celex:32020R0852 é um
regulamento que estabelece aquilo que é necessário para caracterizar um investimento como
sustentável – o que, à partida, parece não se relacionar com aquilo que falámos sobre a
necessidade de cumprir com as três facetas. Mas será mesmo assim?

Temos um artigo aqui que nos remete exatamente para aquilo que falamos na aula passada,
relativa aos princípios da OCDE e da UE. Como sabemos estes são maioritariamente soft law,
retirando a sua coercividade através das relações de contratação e critérios internos adotados
pelas empresas.
Só que através da taxonomia europeia temos regras que nos dizem quando é que uma
atividade é ambientalmente sustentável – e com um parâmetro que nos remete para a
componente social. Aqui passamos a ter dentro do parâmetro ambiental o parâmetro social:

No art.º 3 encontramos uma lista de critérios que as atividades económicas têm de


cumprir para que possam ser consideradas sustentáveis – nomeadamente cumprir
com salvaguardas mínimas (a definir) e não prejudicar significativamente quaisquer
objetivos ambientais estabelecidos (no art.º 9). Para além disso, no nº 2 faz uma
remissão interna para o art.º 18.

É precisamente aqui que conseguimos fazer a ligação entre o pilar da economia e o


pilar social, pois para que uma atividade seja considerada sustentável tem de garantir
salvaguardas mínimas que estão expressas nas Diretrizes da OCDE para as Empresas
Multinacionais e pelos Princípios Orientadores das Nações Unidas sobre Empresas e
Direitos Humanos, incluindo os princípios e os direitos estabelecidos nas oito
convenções fundamentais identificadas na Declaração da Organização Internacional do
Trabalho relativa aos Princípios e Direitos Fundamentais no Trabalho e na Carta
Internacional dos Direitos Humanos

Este regulamento tem o objetivo de enquadrar atividades como estando dentro do


ambientalmente sustentável (que como vimos vai equivaler a classificar o investimento como
socialmente sustentável). Também está ligado inerentemente com a cadeia de valor, que
mesmo não estando especificado, apresentam critérios que implicam a necessidade de uma
cadeia de valor (ex. art.º 13/1/a)).

O SFDR é diferente deste regulamento que falamos, mas é necessário sempre conjugar
o SFDR com a taxonomia europeia.

O regulamento da taxonomia de facto está destinado a servir como sistema de classificação de


atividades sustentáveis ao nível da lei, mas expressa também uma dimensão social. Claro que
o objetivo da taxonomia é apresentar estes vários (seis pilares).

- Regulamento (UE) 2020/852 – em profundidade:

- Como é o regulamento formalmente?

São 60 considerandos onde se explica a ponte da taxonomia com outras legislações na


área da sustentabilidade. Tem 27 artigos, e prevê a aprovação de vários atos
delegados. Estão aprovados os atos: i) relativo ao clima, ii) reporte de informação não
financeira (art.º 8), iii) incluir energia nuclear e gás natural.

A taxonomia não é estática, é feita para ser dinâmica, daí que possa ser sujeita a várias
“alterações” por via destes atos delegados.

A maioria das atividades referidas no ato são aquelas que têm um maior impacto
ambiental. Podemos até ver a EU Taxonomy Compass para verificar quais os critérios
para determinar que uma atividade em dado setor contribui positivamente para o
ambiente. É o tipo de análise que quem quer classificar a sua atividade como
sustentável tem de fazer.

- A quem se aplica este regulamento?


Art.º 1/2 – a) medidas adotadas pelos Estados-Membros e pela União, b) os
intermediários, c) as empresas. A verdade é que isto vai atingir principalmente as
empresas, especialmente as empresas cotadas.

Mas está agora a mexer-se no sentido de se aplicar a todas as empresas, no sentido de


fazer uma cadeia de valor (e isto surge também do Due Dilligence Act, que indica que
as empresas têm que reportar informação pela sua própria atividade e pelas empresas
que são suas fornecedoras com uma relação de estabilidade e continuidade). É um
processo de escrutínio.

Curiosidade: a agricultura ainda não é um setor sujeito à taxonomia. A aviação


também não. Porquê? Ora, alguns dos critérios para a eleição dos setores foram: 1. A
quantidade de legislação específica existente (por exemplo o setor da aviação já tem
normas muito rígidas quanto à sustentabilidade); 2. A facilidade de regular, à partida;
3. A efetividade das normas;

- O que é a taxonomia europeia?

Um sistema de classificação verde (e para ser verde tem também de ser social) –
identifica as atividades e identifica os objetivos climáticos e ambientais.

É também uma ferramenta de transparência, cirando obrigações de prestação de


informações mediante uma linguagem comum – ou seja, explica claramente o que é
que é o quê. Porquê? Porque é suposto ser um instrumento de comparabilidade.

É feita para dirigir o fluxo financeiro para instrumentos que se consideram bons do
ponto de vista social e ambiental – a forma de o fazer é permitir a comparação entre
os vários agentes.

A taxonomia não obriga a que as atividades sejam alinhadas – apenas têm de dizer se a
sua atividade é elegível fazendo um relatório do seu capex e opex.

CAPEX ou Capital Expenditure são as despesas de capital. Ocorre quando a


empresa necessita de adquirir bens para a melhoria de sua produção, e está
relacionado com investimento em máquinas, equipamentos e instalações das
empresas.

OPEX ou Operational Expenditure são as despesas operacionais. Relaciona


todos os custos operacionais, como a manutenção, os salários dos
funcionários, a contratação de serviços, as despesas de consumo, etc.

Ex. uma empresa com muitos setores, que partes é que estão alinhadas pela
taxonomia.

Ou seja, todas têm de dizer se são elegíveis, só não têm de estar a cumprir. Mas se
estamos a falar de comparabilidade estamos a colocar a informação pública e permitir
comparar com outras semelhantes – relevante para os stakeholders, os investimentos,
os competidores, os compradores etc.

KPI’s – key performance indicators, são muitas vezes utilizados no âmbito dos
investimentos

- Funções e objetivos:
Direcionar o investimento para atividades com impacto positivo no ambiente e no
clima (até para cumprir com os atuais objetivos da UE).

Servir como apoio ao planeamento das empresas que pretendam operar uma
transição da sua operação para obter padrões de maior sustentabilidade, obtendo
financiamento para isso.

Finalmente, para funcionar como ferramenta ao dispor das empresas financeiras para
desenharem produto financeiros verdes, credíveis e robustos

Art.º 8 relato de informação, corporate sustainability reportive directive

- Como é que funciona a taxonomia europeia?

A fixação de 6 objetivos climáticos e ambientais da UE, que são traduzidos em critérios claros
densificados do ponto de vista técnico e cientifico para se tornarem operacionais. Quais são?
Constam no art.º 9:

- Mitigação das alterações climáticas (já em vigor) – ato delegado “Climate Delegated
Act”

- Adaptação às alterações climáticas (já em vigor) – ato delegado “Climate Delegated


Act”

- Utilização sustentável e proteção dos recursos hídricos e marinhos

- Transição para uma economia circular

- Prevenção e controlo da poluição

- Proteção e restauro da biodiversidade e dos ecossistemas

Os últimos quatro objetivos que não têm que ver com o clima ainda não têm um ato em vigor.

- O que é necessário para considerar uma atividade como verde?

- contribuir substancialmente para um dos objetivos ambientais da UE (critérios


qualificativos)

Ou seja, olhar para os critérios técnicos, adaptar à atividade em análise e verificar se se


verificam. Os art.º 10 a 15 densificam o critério do “substancialmente”, indicando
meios que asseguram contributos substanciais.

Art.º 10 – mitigar, mede-se em remoções ou em prevenção de emissões –


quantificativo.

Art.º 11 – as alterações são uma realidade, temos de adaptar as nossas


atividades atuais para minimizar os riscos atuais – qualificativo

Art.º 12, 13, 14 e 15 – ainda não têm consagração, como vimos, mas já temos
uns princípios gerais. Art.º 12 – águas (relatório star-fish, temos de tratar da
água na terra e da água no mar da mesma forma porque estão ligados, visão
da hidrosfera); art.º 13 – economia circular; Art.º 14 – controlo e prevenção da
poluição; Art.º 15 – restaurar, restabelecer e conservar ecossistemas e
biodiversidade
- não prejudicar significativamente qualquer dos objetivos europeus.

Art.º 17 – pretende-se que os critérios técnicos nos asseguram que as atividades não
têm impacto negativo nos objetivos. Ou seja, não só cumpro como não prejudico em
tudo o resto (na medida do razoável). Tem para cada um dos seis objetivos aquilo que
considera o mínimo. Olha também ao impacto da própria atividade da empresa, como
o impacto do produto da atividade da empresa.

- cumprir as garantias mínimas previstas no art.º 18 (ex. corrupção, matéria laboral,


concorrência leal etc.)

- satisfazer os requisitos técnicos de avaliação

- Dois casos especiais previstos na legislação são as atividades de transição, atividades em que
a tecnologia atual ainda não tem um sucedâneo (mas também têm requisitos, nomeadamente
cumprirem as melhores praticas disponíveis, não se bastarem por ser de transição etc.), e as
atividades capacitantes, aquelas que permitem que outras façam uma contribuição
sustentável (ex. as fabricas que criam filtros que reduzem as emissões de outras fábricas – mas
só se potenciarem de forma direta, não conduzirem a uma dependência de ativos que
comprometam as metas ambientais a longo prazo etc.). Mas mesmo estas podem ser
atividades de transição e capacitantes e não serem verdes nos termos da taxonomia europeia.

A grande preocupação aqui é não encontrar soluções que seriam temporárias e passam a ser
definitivas.

- Como é que se constroem os critérios técnicos?

Art.º 19 – está muito dependente da ciência e da tecnologia, e baseiam-se em elementos


técnicos concludentes e no princípio de precaução do art.º 191 do TFUE.

- Evolução a par da taxonomia europeia?

A taxonomia dialoga com outros regulamentos é a arvore de onde surgem as outras


regulamentações.

AULA 31/10

APRESENTAÇÃO VDA

- FOCO NO “S” DO ESG

Ainda se associa muito a sustentabilidade aos critérios ESG, mas o pilar “S” tem vindo a ter um
papel maior – nomeadamente fruto das mais recentes crises sociais (ex. covid, guerra etc.).

1. Enquadramento ESG

Este marco diz respeito a uma nova forma de fazer negócio relativamente às partes
interessadas. As relações estabelecidas entre a empresa e os seus stakeholders (partes
interessadas) seja fundamental para a reputação, gestão de risco e rentabilidade.

Stakeholders internos – colaboradores

Stakeholders externos – fornecedores, e impacto da empresa nas pessoas dos


fornecedores (na lógica de cadeia de valor)
A questão mais relevante no panorama das empresas é saber como garantir um bom custo-
benefício.

Para além dos benefícios ao nível da sustentabilidade o cumprimento destes requisitos pode
ser bom para: atratividade quanto ao publico, redução de perdas, maior produtividade da
força de trabalho, identificação de novos mercados, produtos, serviços etc.

Ex. resíduos – estão nos ODS. Os sítios onde os resíduos são melhor geridos
normalmente são valorizados. Ou seja, bom para o ambiente e bom para os ativos das
empresas imobiliárias

Ou seja, não fazer “business as usual” – atingir os objetivos numa perspetiva de inovação nos
três pilares.

Já relativo aos ESG em si, o pilar da governança é aquele que cola os três, mas os outros são os
que se demonstram para fora.

2. Empresas e colaboradores: para além do compliance laboral

Quadro internacional:

- DUDH

- Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos

- Pacto Internacional dos Direitos Económicos, Sociais e Culturais

- Convenção Europeia dos Direitos do Homem

- Carta Social Europeia Revista

- Convenções OIT

- TUE e TFUE

- Diretivas: 2000/43/CE, 2000/78/CE e 2006/54/EC (densificação de conceitos)

Estes são os princípios estruturantes das relações laborais – num plano individual o direito ao
trabalho e a proibição do trabalho forçado; num plano coletivos, o direito a celebrar contratos
coletivos, e o direito a formar uniões sindicais.

Quadro nacional:

- Código do Trabalho

- Lei do Combate às formas modernas de trabalho forçado – lei nº 28/2016 (quando


subcontrato um terceiro esses trabalhadores estão também sob minha alçada, sou
solidariamente responsável)

- Lei da Discriminação – lei nº 92/2017 (noções de discriminação direta, múltipla,


assédio…)

- Lei de Igualdade remuneratória entre mulheres e homens (política remuneratória


transparente)

- Lei das Quotas das Mulheres (há obrigação de 33.3% de mulheres nas empresas
cotadas na bolsa)
- Lei das Quotas das Pessoas com Deficiências

- Agenda do Trabalho Digno

3. Empresas e Direitos Humanos na Cadeia de Valor

Os direitos humano são garantias jurídicas que protegem os indivíduos contra a ação abusiva
do Estado.

Nos últimos anos tem havido uma evolução da visão tradicional state-focused da proteção dos
direitos humanos para uma perspetiva mais transversal (nomeadamente corporativa) da
necessidade de contribuir para o mesmo.

Esta evolução começa com os primeiros casos mediáticos nos anos 80’, que despoleta
uma ação de trabalho interno ao nível das ONG’s nos anos 90’, com a UN Global
Compact nos 00’, e ainda os princípios e diretivas dos anos 10’ e 20’.

4. Enquadramento Legal

Internacional: UNGP’s, Diretrizes da OCDE, UN Global Compact, CIDH

UE:

Portugal: CRP, Lei do Trabalho Forçado, Reports de Informações não Financeiras, Código do
Trabalho etc.

4.1 – UNPG

Os princípios orientadores das UN sobre os direitos Humanos.

4.2 – Diretrizes da OCDE

A nova proposta da CSDDD propõe um processo inspirado aqui. A ideia é que as empresas têm
de partir de um panorama sem violações de direitos humanos internamente, passando depois
para as cadeiras de valor (identificar, mitigar e prevenir), acompanhar e monitorizar as
medidas implementadas, comunicar como é que os impactos estão a ser tratados e finalmente
arranjar forma de reparar os impactos.

4.3 – Proposta da CSDDD

Vem impor que as empresas estabelecem um processo de diligencia devida para garantir que
não estão a por em risco direitos humanos ao longo da sua cadeia de valor.

Aqui as obrigações deixam de ser de reporte e passam a ser também de ação.

5. Como implementar?

O ponto de partida é identificar os problemas no contexto empresarial da empresa, e a partir


daí saber onde é que tenho de tomar medidas.

Na prática isto traduz-se na adoção de medidas mínimas e acima das mínimas.

AULA 07/11

- REGULAMENTAÇÃO DO CLIMA

1. ACORDO DE PARIS, 12 DE DEZEMBRO DE 2015


- Art.º 2 – diz-nos que em virtude da necessidade de intensificar a resposta global às alterações
climáticas e no contexto do desenvolvimento sustentável e dos esforços para erradicar a
pobreza (porque o acordo é da UN, precisa de ter atenção a vários contextos), compromete-se
a manter a temperatura global média bem abaixo dos 2 graus, e pelo até 1.5 graus.

Atualmente estamos a cerca de 1.1 graus, e ainda estamos a amentar emissões. Claro
que isto é difícil porque temos cada vez mais população (e a projeção para 2050 é
sermos mais de 10 mil milhões). A única forma de conseguirmos é através da ciência
(ou através, pelo menos, de políticas não agressivas de natalidade).

Também refere a mitigação (países desenvolvidos, que já fizeram a sua evolução – obrigações
até do ponto de vista moral) e a adaptação (países em desenvolvimento/países ilha, porque
não são grandes emitentes ou porque ainda precisam de emitir para se desenvolver ao nível
dos países desenvolvidos) que, dois binómios sempre referidos nestes temas.

É verdade que a adaptação está ligada a países menos desenvolvidos, mas também se
aplica a todos os outros.

Refere ainda pontos muito importantes que não podem ser colocados em causa para atingir os
objetivos do regulamento, nomeadamente a produção de comida e o acesso à água. (pirâmide
das necessidades de Maslow).

Ainda é referido o instituto do financiamento sustentável, necessário para o desenvolvimento


das tecnologias e para o financiamento daquilo que está a ser bem feito – não é uma
obrigação, mas sim um incentivo.

O art.º termina por invocar o princípio das “common but different reponsibilities and
respective capabilities” – porque os países têm diferentes responsabilidades na contribuição
para as alterações climáticas, bem como diferentes capacidades de resposta.

- Quais são os mecanismos referidos para atingir os objetivos?

Contribuições nacionais determinadas:

Não são mecanismos obrigatórios, e isso foi muito criticado. No entanto isto tem uma razão de
ser – é da UN, aplicando-se a todos os países que a ela aderem.

Assim, refere-se a compromissos nacionais e de blocos nacionais (i.e. união europeia) – e cada
país ou bloco de países determina os objetivos e modo/velocidade com que os pretende
atingir. Anualmente as partes preparam os compromissos para apresentar na Conferência das
partes, afirmando-o e renovando-o.

Também não há uma sanção aplicada para o não cumprimento dos objeitos, mas há uma
responsabilidade moral/”social”.

Já os contributos são avaliados e podem ser beneficiados

Níveis diferentes de compromisso:

Mais uma vez as noções de adaptação/mitigação, bem como o principio “common but
different reponsibilities and respective capabilities”. Refere circunstâncias “próprias”,
circunstâncias “especiais” – compromissos diferentes (com um léxico diferente) para o nível de
desenvolvimento do país.
A Europa é o bloco mais ambicioso nestas negociações, mas também é dos que menos
contribui – cerca de 12%?

Claro que nós tivemos culpa na revolução industrial, e temos a capacidade tecnológica
e financeira para contribuir para o desenvolvimento.

Ou seja, podemos chegar à conclusão que o princípio se aplica para um lado, mas não para o
outro – mesmo se a Europa contribuir menos para as emissões, não pode utilizar isso como
argumento para não ser menos ambiciosa do que o que pode ser (nomeadamente quanto ao
financiamento dos países em desenvolvimento)

Cooperação:

É possível transferir internacionalmente o resultado da mitigação (art.º 6/2). O que é que isto
significa? Bem nós queremos reduzir emissões e aumentar as remoções.

Ex. o investimento pode partir de um país desenvolvido para um país em


desenvolvimento, por exemplo financiar

O Acordo de Paris fala na possibilidade de transferir internacionalmente o resultado da


mitigação, isto é, ser capaz de atribuir a um ou vários países a “contribuição” (com cuidado
para não fazer double counting).

Ferramentas:

Art.º 4/13 – as partes têm de contabilizar as suas emissões e reduções, e nesses relatórios
devem promover a integridade, transparência, precisão, completude, comparabilidade,
consistência, e que não faça “double couting”.

Depois temos um mecanismo financeiro criado para que os países não só façam o seu
desenvolvimento, como contribuam para os outros – e para isso são criados fundos.

Ex. em Portugal costumamos aplicar as verbas em países de língua portuguesa

Há países que criem mecanismos que financiam outros, mas que o fazem de modo a que o
dinheiro tenha retorno (tipo fazendo com que as empresas que trabalham lá são do país que
investe). Isto é tão importante que é referido no art.º 10.

Art.º 10 – são considerados mecanismos e ferramentas essenciais a prestação de partilhar e


transferir tecnologia com os países em desenvolvimento. Há uma obrigação de reporte bianual
para os países desenvolvidos.

Mas às vezes as próprias dimensões dos países impedem que seja feita uma
transferência, sendi impossível ter especialistas em tudo (já).

Art.º 16 – É preciso ser feito um balanço global do progresso a cada 5 anos. Este balanço é
avaliado tecnicamente, e através do IPCC (Painel Internacional para as Alterações Climáticas).
O primeiro é em 2023.

- Três dimensões

A mitigação das alterações climáticas (art.º 4), a adaptação às alterações climáticas (art.º 7), e
evitar reduzir ao mínimo e assumir as perdas e danos relativos a alterações climáticas (art.º 8).

Os mecanismos referidos reportam-se às três dimensões.


2. LEI EUROPEIA DO CLIMA

- Linhas gerais

Nasce do Acordo de Paris. Cria tanto o objetivo de neutralidade carbónica como uma meta
intermédia de redução em 55% das emissões dos GEE para 2030, e uma meta intermédia para
2040 decorrente do art.º 14 do Acordo de Paris (esta meta ainda não está definida).

Há um dispositivo na lei Europeia do Clima que diz que o objetivo é chegar irreversivelmente a
estas metas a 2050, e se tal não acontecer.

Esta lei corresponde a um salto muito significativo faxe ao acordo de Paris, que é mais soft law
– aqui os compromissos são definidos (não tão vagos quanto o acordo), com metas definidas e
quantificadas, não só se aplica aos EM como declina para as empresas (na noção de cadeia de
valor), e é irreversível.

Art.º 1 – cria um regime para a redução irreversível e gradual das emissões antropogénicas de
GEE e do aumento da remoção por sumidouros. Deve ser feito ATÉ 2050, e refere as metas dos
art.º 2/1 e art.º 7 do Acordo de Paris.

Art.º 2 – “o mais tardar em 2050”; medidas ao nível da União e nacional – fazendo alguma
referência também ao princípio das responsabilidades comuns, mas diferenciadas.

Art.º 3 – este conselho consultivo leva aconselhamento científico. IPCC = PIAC (o que vale para
a Europa é o que vale para o mundo). Fala da publicidade dos relatórios e do papel da ciência e
da tecnologia no desenvolvimento e na avaliação.

NOTA: Os 55% não contam com as remoções, são apenas as emissões (para que não se invista
apenas na remoção).

3. NACIONAL: LEI DE BASES DO CLIMA

Sujeitos de ação climática – art.º 8

Direito ao equilíbrio climático – art.º 5

Direitos e deveres – art.º 6

+ art.º 7 e art.º 9

São estes os artigos mais fundamentais da lei em termos da criação de direitos que vêm a
fazer diferença na vida das pessoas.

Esta lei tem uma amplitude muito grande, pelo que se espera alguma mudança nos próximos
tempos. Entrou em vigor no dia 1 de fevereiro, e nota-se já alguma atenção ao nível dos
setores industriais.

A lei dá indicações concretas, nomeadamente declinando ara as regiões autónomas e os


municípios de aprovarem planos regionais de ação e metas relativas às alterações climáticas.
Também cria obrigações às empresas e entidades públicas e privadas.

AULA 21/11

Quando vemos um valor mobiliário numa obrigação podemos identificá-lo como um contrato
de mútuo.
Quer o mútuo quer as obrigações servem para a mesma finalidade: obter crédito, e por isso
servem também para obter investimento sustentável.

Quando vemos green bonds, social bonds etc. estamos, portanto, a falar de obrigações de
mútuo como estão reguladas no CC e no CSC.

A certa altura percebeu-se que era útil afunilar um bocadinho mais aquilo que usualmente é
dito acerca da utilização de fundos. Desenvolveu-se a ideia de que havia mercado/investidores
que queriam ir um passo mais à frente: queriam perceber exatamente para que é que seria
utilizado o dinheiro.

Começaram a apostar cada vez mais em empresas que utilizavam os investimentos em


investimentos transparentes, e as empresas começaram a preocupar-se cada vez mais em
investir esse dinheiro em coisas boas do ponto de vista ambiental e social.

2014 – Neste ano não existiam leis sobre o tema, uma associação de ICMA criou os green
bonds principles, Um conjunto de regras voluntárias que permitiam aos emitentes e aos
investidores identificar um determinado tipo de obrigações como sendo obrigações verdes. Se
um emitente seguisse esses princípios um investidor poderia olhar para a operação e
identificar um green bond – algo que vai ser utilizado para ter um impacto ambiental positivo.

1. Utilização de fundos direcionados segundo um projeto concreto

2. O investido reporte frequentemente de modo a mostrar que os fundos estão a ser


utilizados para aquilo que foram fornecidos.

Depois disto os princípios acabaram por ser replicáveis para o mercado bancário: se um
determinado banco se quer posicionar como preferente de entidades que favorecem impactos
ambientais positivos – e dai começamos a falar de green loans.

Até hoje não existe um diploma que regule a emissão de green bonds, apesar de os mesmos já
serem referidos na taxonomia europeia e de virem a ser regulados naquilo a que chamamos os
EU Green Bonds.

Na logica do ESG, para além de green bonds temos também social bonds.

Quais são os problemas?

- Não há standardização do reporte externo. Muitas vezes são feitos por empresas
primas das empresas de rating. Transmitem uma boa sensação aos investidores, mas a
sua veracidade pode deixar a desejar.

2015 – Acordo de Paris

2019 - Green Deal

2020 – Taxonomia. É aquilo que nos permite chamar as coisas pelos nomes – e antes disto
ocorríamos muitas vezes no perigo do greenwashing, daí que a preocupação maioritária da
taxonomia seja terminológica.

Com exceção da economia circular, os princípios dos green bonds já existiam – agora
passaram é a estar terminologicamente determinados.

2021 – EU Green Bonds. A crise associada ao subprime (2008) teve muitas causas, nomeada a
falta de adequação dos modelos de avaliação dos empréstimos feitos pelas empresas de rating
no que tocava ao incumprimento. Na altura uma das medidas da UE foi a submissão das
empresas de rating a regulamentação especifica (2009). Este regulamento sobre Green Bonds
é essencialmente sobre verificadores externos – qual o processo de constituição, de registo, a
sua organização, como é que vão avaliar as coisas etc.

A preocupação é fechar o circulo: assegurar que há uma preocupação sobre os green bonds, e
que há uma preocupação sobre quem pode dizer o que é um green bond.

O financiamento sustentável é um pouco diferente dos green bonds srticto senso. No


financiamento sustentável já não há aplicação a um projeto concreto, mas sim da melhoria de
um KPI que tem um impacto positivo em termos ambientais ou sociais.

Que sanções existem?

- Situação de Reembolso A…. Obrigatório

- Situação de incumprimento

AULA 05/12

EXERCÍCIO 1

1. Falso – 1972, Estocolmo, 1987, Relatório Brundtland, 1992, Rio.

No entanto, apesar de as preocupações ambientais já virem do séc. XX, só agora


começa a ter expressão nos vários pilares (nomeadamente a passagem da temática do
ambiente para a sustentabilidade). Falar da tónica do ESG.

2. Falso – O Acordo de Paris fixa a contenção da temperatura global em 1.5 C. Houve uma
grande discussão para o acordo da temperatura: “well bellow 2 C”, mas com o peso da Europa
querer que os esforços fossem feitos no sentido de não exceder os 1.5 C. Uma das grandes
críticas ao acordo é que vive das contribuições nacionais determinadas que são compromissos
voluntários e não têm penalizações no caso de não serem cumpridas.

3. Falso – A lei europeia do clima vai além da do Acordo de Paris. É certo que a lei alinha com o
acordo, mas cria mais compromissos e objetivos mais ambiciosos (neutralidade carbónica até
2050 e 1.5 C)

4. Falso – É um género de um dicionário, é uma ferramenta de definição de atividades


sustentáveis segundo a taxonomia do ponto de vista ambiental, e também do ponto de vista
dos objetivos mínimos salvaguardados. Também serve para dar ao mercado orientações de
investimento sustentável, e também dialoga com outras leis europeias (NFRD e CSRD) – art.º 8
(como é que a informação deve ser prestada, dá-nos o guião do relato de informação não
financeira).

É um instrumento vinculativo, não em relação ao posicionamento final de as atividades serem


ou não sustentáveis, mas sim quanto à necessidade de reporte das atividades (quanto às
empresas que cabem no seu âmbito subjetivo e objetivo).

5. Falso - CSRD, obriga as empresas a reportar/relatar informação sobre duas coisas: a maneira
como a sua atividade impacta nos fatores ESG (dentro para fora), e a forma como esses fatores
são riscos para a minha atividade, a minha empresa (fora para dentro), e como é que eu lido
para isso.
Ex. se sou uma empresa que trabalha com um fornecedor de um país em que há
trabalho infantil, isto é um risco do pilar social para a minha atividade. Por isso tenho
de verificar se eles cumprem, e se isto acontecer quais são os mecanismos
sancionatórios (por exemplo).

Esta CSRD vai abranger um conjunto muito significativo de empresas (falar na cadeia de valor,
para além de diretamente afetar, indiretamente também vai influenciar).

6. Falso – ESG = Eu Sou Gay. Falar das três dimensões.

7. Falso – Contributo substancial para 1 dos 6, e não prejudicar significativamente nenhum,


cumprimento das salvaguardas mínimas, mais os critérios técnicos. O que acontece é que por
vezes a legislação europeia noutros setores impõe o princípio, remetendo às leis dos
respetivos setores.

Poderíamos dizer essencialmente é o DNSH porque este implica face a todos os objetivos,
enquanto o contributo substancial é no mínimo 1. Mas a professora considera que isto não é
tão verdadeiro.

8. Verdadeira – Em primeiro lugar, estes princípios são soft law, a adesão é livre (não vinculam
as empresas). Estes princípios são vinculativos para as empresas europeias se:

- estiverem abrangidas pela taxonomia (nomeadamente terem dimensão suficiente)

- se se quiserem qualificar como ambientalmente sustentáveis, têm alinhar com os


princípios porque lhes é aplicável a taxonomia (art.º 18).

Dentro deste enquadramento os princípios tornam-se em hard law para quem quiser dizer que
é ambientalmente sustentável.

EXERCÍCIO 2

1. As empresas que estão sujeitas ao relato de informação não financeira também estão
sujeitas ao reporte de informação ao nível da taxonomia. 2022 foi o primeiro ano em que as
empresas tiveram de dizer, se coubessem aqui:

- Âmbito subjetivo de aplicação: trabalhadores e setor

Esta empresa poderia estar ou não dependendo se é cotada ou não, ou se é


consideradas de interesse público ou não.

- Âmbito objetivo: tínhamos de ir ver à compass

Se não fosse uma empresa cotada então ainda não tinha de fazer uma

2. Admitindo que ainda não foi transposta, continua a vigorar o Código das Sociedades
Comerciais (se for cotada tem, se não for não tem). Imaginando que este ano reportou à
elegibilidade, no próximo ano tem de dizer se a atividade está ou não alinhada, olhando para a
contribuição de pelo menos 1 objetivo, não fazer mal aos outros, o cumprimento dos critérios
técnicos e ainda as salvaguardas mínimas.

Se ainda não tinha reportado a elegibilidade ou se alterou a sua atividade, tem de fazer o
reporte dos dois em Fevereiro.
3. Posso ter subsidiárias no mundo inteiro sem que isso implique que deixe de estar sujeito. O
outro tema é o princípio da entra-territorialidade: as empresas de fora acima de determinado
valor têm que estar sujeitas (150 milhões quanto a CSRD estiver transposta. Aqui não há a
questão do número de trabalhadores porque se entendeu que era muito complicado de
verificar).

Mas aqui íamos à logica de reporte de grupo, porque é uma subsidiária – quando uma
empresa pertence a um grupo empresarial, se a parte mãe estiver sediada na UE, é a casa mãe
que faz o reporte agregando as informações de todas as subsidiárias, estejam elas ou não na
UE.

EXERCÍCIO 3

1. Pode ter trabalhadores locais com esta idade, mas se quiser dizer que tem uma atividade
sustentável e que cumpre com os pilares ESG, se tiver esta prática não pode – não interessa
que as filiais sejam nos outros países, basta que a sede mãe esteja na UE.

Ou seja, sim pode, mas não pode beneficiar da classificação nem dos benefícios que daí
advém. Aqui implica cruzar vários tipos de legislação e de conceitos e noções.

2. Cadeia de valor – estamos a falar de uma multinacional, pelo que assumimos que está
abrangida pelas obrigações (reporte em relação ao seu próprio grupo), mas a subcontratada
não cumpre e por isso não pode dizer que está de acordo com os mínimos da “atividade
sustentável”.

Poderíamos até falar da CDDD

3. Não pode – a corrupção insere-se na Governance, que na taxonomia podemos encontrar no


art.º 18 (está tudo dentro das salvaguardas mínimas exigidas, e o conteúdo das salvaguardas
mínimas está num relatório que ainda não foi adotado pela Comissão Europeia).

EXERCÍCIO 4

1.

O que é que temos de perguntar à empresa?

- Setor

- Número de trabalhadores

- Volume de negócios

- Sede

- Já tem algum reporte de informação?

Atendendo aos valores, poderíamos dizer que a empresa é ou não obrigada a reportar
informação financeira, se tem de estar alinhadas com salvaguardas mínimas, qual é o objetivo
para o qual quer contribuir substancialmente e explicar que não pode fazer mal nos outros.

Temos também de referir que todas as empresas que estejam cobertas têm de estar alinhadas
com o art.º 18, e que terão de estar alinhadas com a taxonomia e com a CSRD – mas as
políticas não são iguais para todos, precisamos de saber qual é posicionamento da empresa.
Exemplos de políticas: direitos humanos (diversidade, trabalho/família), governança
(mecanismos de controlo e política face à corrupção), sustentabilidade (para qual dos
pontos quer contribuir? Por exemplo investimentos sustentáveis).

Relacionamento com fornecedores e com stakeholders em geral, desenhando uma política de


escolha de fornecedores, estabelecendo critérios para a seleção de fornecedores (e o próximo
passo seria efetivamente redigir estes contratos). Depois nas políticas internas, teríamos de
instaurar ou perguntar qual a organização interna da empresa face a estas políticas – a
organização corporativa para que as políticas adotadas tivessem efeito.

Ex. UN Guiding Principles, OCDE etc.

EXERCÍCIO 5

1. A dupla materialidade consiste então na avaliação do impacto que uma empresa tem sob
dois pontos de vista – interno para externo, e externo internamente.

É sobretudo com a CSRD que isto aparece, apesar de estar ligado com a taxonomia e com a lei
nacional do clima (art.º 78 e art.º 38), que refere a obrigação de reportar como é que a nossa
atividade impacta nos nossos objetivos climáticos etc.

Também tem a obrigação de integrar esta matéria nos próprios KPI’s das empresas em causa.

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