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Resumo
A ligação das empresas com questões ambientais estão cada vez mais presentes no
nosso cotidiano, pois os impactos de suas atividades estão comprometendo o futuro do
planeta, fazendo com que todos os setores divulguem mais informações em prol da
responsabilidade ambiental, visando integrar dentro das organizações desenvolvimento
econômico, preservação do meio ambiente e governança corporativa. Nesse sentido a
pesquisa teve por objetivo coletar dados de natureza ambiental e de governança corporativa,
tendo como foco específico organizações do setor de Petróleo, gás e Biocombustíveis;
Consumo não Cíclico, e Utilidade Pública de capital aberto que publicam suas demonstrações
contábeis, por se tratar de setores relativamente impactantes ao meio ambiente e a sociedade.
Utilizou uma abordagem descritiva por meio da análise documental, com abordagem
quantitativa dos dados, sendo possível cumprir os objetivos deste artigo. A pesquisa foi
classificada como documental porque utilizaram informações das notas explicativas,
relatórios da administração e relatórios de referência como fonte de dados para análise do
período de 2016, coletadas nos endereços eletrônicos da B3 – Brasil, Bolsa e Balcão, e nos
sites das empresas. Os resultados encontrados permitem afirmar que, no período analisado, as
empresas do setor de Utilidade Pública apresentaram as melhores médias de atendimento aos
itens analisados tanto de evidenciação ambiental quanto de governança corporativa. E que
correlacionando as variáveis dentro de cada setor, temos destaque apenas para as empresas
pertencentes ao setor Consumo não Cíclico, ou seja, nesse setor as empresas que
evidenciaram mais informações ambientais foram as que apresentaram melhores práticas de
governança corporativa.
A ação do homem sobre o meio ambiente tem feito com que se discuta cada vez mais a
questão ambiental, buscando não comprometer tanto a qualidade de vida da atual população e
também a das próximas gerações (TINOCO; ROBLES, 2006). Nos anos 70, com a
Conferência de Estocolmo, organizada pelas Nações Unidas (ONU), marcou-se o início da
busca por equilíbrio entre desenvolvimento econômico e a redução da degradação ambiental.
Desde então outras reuniões aconteceram como a ECO-92, a qual gerou um importante
documento, a Agenda 21, que é um programa de ação que viabiliza o novo padrão de
desenvolvimento ambientalmente racional, que concilia métodos de proteção ambiental,
justiça social e eficiência econômica (UNITED NATIONS, 1997).
Problemas ambientais geraram uma grande pressão por uma postura ambientalmente
correta da sociedade e das empresas, as quais possuem um papel relevante a ser cumprido no
sentido de preservar o meio ambiente e buscar novas tecnologias sustentáveis (MUSSOI;
BELLEN, 2010).
Na visão de Rover et al. (2012) dentro dessas empresas, a contabilidade, mais
especificamente, a contabilidade ambiental, tem um papel de destaque na organização e na
evidenciação das informações relativas ao meio ambiente nos relatórios empresariais, apesar
de não obrigatórias. Não evidenciá-las tornou-se uma desvantagem competitiva. Os relatórios
contábeis transmitem as informações necessárias para a tomada de decisões de diversos tipos
de usuários internos e externos à organização, dentre eles investidores e gestores que cada vez
mais se utilizam de mecanismos de gestão corporativa para expor tais informações
ambientais.
Por isso as evidenciações ambientais tal como a governança corporativa estão
correlacionadas e norteiam a base para responder o seguinte problema de pesquisa: Qual o
nível de evidenciação ambiental voluntária correlacionado com as práticas de Governança
Corporativa das dez maiores empresas dos setores de Petróleo, gás e biocombustíveis;
Consumo não Cíclico; e Utilidade Pública, listadas na B3 (Brasil, Bolsa e Balcão)?
Para responder a questão descrita acima, a presente pesquisa objetiva analisar a relação
entre a evidenciação ambiental voluntária e a adoção de práticas de governança corporativa
nas dez maiores empresas desses três setores econômicos da B3, as quais publicam suas
demonstrações contábeis, coletadas nos endereços eletrônicos da B3, referente ao ano base de
2016, e também nos sites das empresas que compõem a amostra.
O estudo pode ser comparado com o de Macêdo et al. (2013), os quais investigaram a
divulgação das práticas de Evidenciação Ambiental e também de Governança Corporativa das
cinco maiores empresas de todos os setores da BM & FBOVESPA no ano de 2009. Ou seja,
há a possibilidade de aprofundar os resultados em cada setor escolhido para a análise, devido
a presença de 10 maiores empresas de cada setor, e saber se houve ou não melhora nos
índices apresentados.
A motivação para este estudo decorre da crescente visibilidade e do interesse que a
evidenciação ambiental vem despertando no meio empresarial e acadêmico, como se vê em
pesquisas realizadas ao longo do tempo em diferentes países, com enfoque nos estudos da
área contábil, e também por ser um tema contemporâneo, estando presente na agenda de
governos, organizações não governamentais e por provocarem impacto direto nas atividades
empresariais (RIBEIRO; CARMO; CARVALHO, 2013).
E também o objeto da governança corporativa se faz relevante principalmente dentro
das empresas, uma vez que mesmo nas economias mais avançadas há uma grande
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preocupação em se desenvolver mecanismos que protejam os proprietários do capital
(PEREIRA; VILASCHI, 2006).
Nesse aspecto, os relatórios contábeis com teor ambientais, publicados pelas maiores
empresas brasileiras, atrelado com as boas práticas de governança corporativa, possuem o
objetivo de aumentar o valor da sociedade, facilitar o acesso ao capital e contribuir para a sua
continuidade, sendo de fundamental importância para análise de seus usuários e para a
sociedade. No entanto, no Brasil, pouco se estuda as práticas de governança corporativa;
assim, torna-se necessária a realização de pesquisas nessa área, conforme sugerem Murcia et
al. (2008) e Rover et al. (2012).
2. REVISÃO DE LITERATURA
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maneira obrigatória, incorporada dentro da discussão da gestão e em notas explicativas
(HUGHES; SANDER; REIER, 2000).
Diante da importância dos impactos dos diferentes setores no meio ambiente e da
necessidade em se publicar informações de natureza ambiental, a área contábil criou relatórios
que sintetizem e disponibilizam informações socioambientais, os quais se tornaram uma
importante ferramenta, para tomadores de decisões nas empresas e para os stakeholders
(OLIVEIRA, 2005).
Na visão de Paiva (2003), a contabilidade é uma ciência que tem por objeto o
patrimônio, incluindo o meio ambiente visto que esse patrimônio é de interesse de toda
população, desdobrando-se em mais uma ramificação: a contabilidade ambiental.
A Contabilidade Ambiental surge para auferir resultados das atividades das empresas
que se relacionam com o meio ambiente, juntamente com uma gestão ambiental adequada,
podendo incrementar soluções para facilitar o planejamento estratégico de políticas que visam
o desenvolvimento sustentável (MARTENDAL et al., 2013, p. 9).
O conceito de desenvolvimento sustentável desde então adentrou as empresas; para
Barbieri (2007), as empresas além de gerar renda e riqueza, devem minimizar impactos
ambientais, maximizar benefícios e contribuir para tornar a sociedade mais justa.
De acordo com a pesquisa de Layrargues (2000), a certificação ambiental tem relação
direta com pressões externas ao invés de consciência ambiental. Com os importantes avanços
na lei de crimes ambientais (Lei n. 9.605, de 1998 e posteriores), ampliou-se o foco de
atenção dos consumidores, investidores e da sociedade em geral em relação à
responsabilidade ambiental das empresas. Lei essa que dispõe sobre sanções penais e
administrativas derivadas de atividades e condutas lesivas ao meio ambiente.
No Brasil, mesmo com as alterações na legislação contábil efetuadas a partir da Lei nº
11.638/2007, ainda não há a obrigação de divulgação de informações do relacionamento da
empresa com o meio ambiente (MARQUEZAN et al., 2015). As empresas brasileiras que
adotam o disclosure ambiental, o fazem de maneira voluntária.
Nos setores analisados, no presente trabalho, o disclosure ambiental e as práticas de
governança corporativa são importantes devido ao impacto ambiental que suas atividades
causam. Para Sánchez (2015), impacto ambiental pode ser entendido como uma “alteração da
qualidade ambiental que resulta da modificação de processos naturais ou sociais provocada
por ação humana”.
Hoje, no Brasil, cerca de 40% da energia consumida é proveniente do petróleo e seus
derivados (BRASIL/MME, 2007), o que mostra a relevância desse recurso ao país. Segundo
Rios (2006), os principais tipos de poluição são causados pelo uso exagerado de energia
exossomática, como o petróleo.
Já no setor de consumo não cíclico, atualmente há uma preocupação relativa ao uso de
agrotóxicos, discutindo-se a respeito do uso dessas substâncias em alimentos e seus impactos
tanto na natureza quanto aos seres humanos. Pois o crescimento populacional e a tentativa de
elevar a qualidade e a quantidade de alimentos promoveu transformações no uso de recursos
para a produção, dentre eles destaca-se o uso de agrotóxicos para controlar plantas que
competem com as culturas, microrganismos e insetos. Entretanto, esses compostos não são
inócuos para a natureza e os seres humanos, e o contato com eles ou ingestão deles promove
graves intoxicações (TEIXEIRA, 2017).
E também ligado ao meio ambiente e ao uso de seus recursos, o setor de Utilidade
Pública se preocupa com as questões ambientais, já que desde a antiguidade aprendemos que
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a água poluída por resíduos e dejetos pode transmitir doenças. Por isso para Cavinatto (1992),
evitar a disseminação de doenças advindas do esgoto e lixo é uma das principais funções do
saneamento básico. Sendo importante que as instalações não só de saneamento básico, mas
também de eletricidade, sejam feitas com cautela e com respeito ao meio ambiente.
Para o total entendimento e compreensão dos impactos ambientais, tanto positivos
como negativos, se faz necessário a mensuração, contabilização e evidenciação das
informações ambientais nas empresas, através da contabilidade ambiental juntamente com as
boas práticas de governança corporativa, pois em todo processo de gestão também deve estar
implícita a responsabilidade social corporativa, que significa entender e agir em resposta a
nova demanda do mercado pelos chamados ‘produtos verdes’, pautados na ética e
transparência. Portanto, a gestão ambiental, concomitante ao processo de planejamento, tem
por objetivos principais minimizar os danos ambientais, assegurar o desenvolvimento
econômico e social, conciliando a sustentabilidade dos recursos, a qualidade de vida da
população envolvida e o crescimento econômico almejado pelas empresas. (ACRE;
CASTILHO, 2013).
3. ASPECTOS METODOLÓGICOS
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A amostra foi considerada intencional não probabilística e compreendeu as dez
maiores empresas dos setores de Petróleo, gás e biocombustíveis; Consumo não Cíclico e
Utilidade Públicada B3, usando como critério o ativo total.
Portanto, a amostra final compreendeu 30 empresas: Petróleo, gás e biocombustíveis
(10); Consumo não Cíclico (10); e Utilidade Pública (10). A justificativa para a escolha das
maiores empresas de cada setor recai na representatividade que possuem em seus respectivos
setores econômicos.
Inicialmente, se calculou o índice de evidenciação ambiental voluntária de acordo com
o estudo de Murcia et al. (2008). O índice possui oito dimensões e objetiva avaliar as práticas
ambientais, entre elas: políticas ambientais; sistemas de gerenciamento ambiental; impactos
dos produtos e processos no meio ambiente; energia; informações financeiras ambientais;
educação, treinamento e pesquisa; mercado de créditos de carbono; outras informações
ambientais.
O índice foi elaborado, segundo Murcia et al. (2008), baseado nos trabalhos de Gray,
Lehman e Nasir (2006), e Lima (2007). O Quadro 1 contempla as referidas dimensões e as 36
perguntas que formam o índice e que deveriam ser divulgadas no site das empresas, nos
relatórios de referência, notas explicativas e relatórios da administração do ano de 2016.
Na formação do índice, as respostas foram binárias (0 e 1), sendo 1 para as
informações evidenciadas pelas empresas da amostra e 0 para aquelas não evidenciadas.
Todas as questões receberam o mesmo peso e, ao final, cada empresa obteve uma pontuação
que variou de 0% (pior) a 100% (melhor).
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23 Passivos/Provisões ambientais
Informações Financeiras 24 Práticas contábeis de itens ambientais
Ambientais 25 Seguro ambiental
26 Ativos ambientais tangíveis e intangíveis
Educação, Treinamento e 27 Educação Ambiental (internamente e/ou comunidade)
Pesquisas 28 Pesquisas relacionadas ao meio ambiente
29 Projetos de Mecanismos de Desenvolvimento Limpo (MDL)
Mercado de Créditos de 30 Créditos de carbono
Carbono 31 Emissão de Gases do Efeito Estufa (GEE)
32 Certificados de Emissões Reduzidas (CER)
33 Qualquer menção sobre sustentabilidade/ desenvolvimento Sustentável
Outras Informações 34 Gerenciamento de florestas/ Reflorestamento
Ambientais
35 Conservação da biodiversidade
36 Stakeholders
Fonte: Adaptado de Murcia et al. (2008)
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Não houve necessidade de contato direto com a companhia para
5 obtenção de informações sobre a empresa?
O RA inclui uma seção específica dedicada à implementação de
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princípios de Governança Corporativa?
O RA ou outro documento explica a remuneração global dos
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executivos?
Os demonstrativos são apresentados em US-GAAP; IAS-GAAP;
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Conteúdo das Informações CPC e Lei 11.638/07?
Públicas O RA, website ou algum outro documento inclui uma seção com
9 estimativas de lucros ou projeções de retornos financeiros (ROA,
ROE, EBITDA, etc.)?
O RA, website ou algum outro documento corporativo apresenta
10 o valor adicionado/destruído pelo negócio no período com base
em alguma medida de lucro econômico?
Os cargos de diretor executivo e presidente do conselho de
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administração são ocupados por pessoas diferentes?
A empresa possui um conselho de administração com 5 a 9
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membros?
Estrutura do Conselho de
Mais do que 80% do conselho de administração é composto por
Administração 13
conselheiros externos?
O conselho de administração possui mandato unificado não
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superior a 2 anos?
15 A empresa possui acordo de acionistas?
16 A empresa emite apenas ações com direito a voto (ON)?
As ações preferenciais correspondem a menos que 50% do total
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de ações?
Estrutura de Propriedade e
Controle O controlador possui menos que 70% do total de ações
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ordinárias?
A empresa concede tagalong aos detentores de ações
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preferenciais?
Fonte: Adaptado de Silveira (2004, p. 99-100)
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Esta seção contém a descrição e análise dos dados coletados. Primeiramente,
apresentam-se as estatísticas descritivas do índice de evidenciação ambiental voluntária, na
sequência, o índice de governança corporativa e, por último, demonstram-se os resultados da
correlação de Pearson que possibilitou alcançar o objetivo do estudo.
A seguir, na Tabela 1, apresentam-se as estatísticas descritivas do índice de
evidenciação ambiental voluntária das companhias, no ano de 2016.
Tabela 1 – Estudo descritivo dos índices de Evidenciação Ambiental por setor, do ano de
2016
Setor N Mínimo Máximo Média Desvio Padrão
Utilidade Pública 10 0,58 0,78 0,68 0,07
Petróleo, Gás e 10 0,42 0,75 0,60 0,11
Biocombustíveis
Consumo não cíclico 10 0,53 0,89 0,66 0,10
Geral 30 0,42 0,89 0,65 0,10
Fonte: dados da pesquisa
Tabela 2 – Estudo descritivo dos índices de Governança Corporativa por setor, do ano de
2016
Setor N Mínimo Máximo Média Desvio Padrão
Utilidade Pública 10 0,68 0,89 0,78 0,07
Petróleo, Gás e 10 0,32 0,84 0,71 0,15
Biocombustíveis
Consumo não cíclico 10 0,68 0,89 0,76 0,07
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Geral 30 0,32 0,89 0,75 0,11
Fonte: dados da pesquisa
Em relação à análise a respeito de governança corporativa, nota-se que a média do
índice de das empresas dos setores escolhidos é de 75% com desvio padrão de 11%, sendo
que o setor de Petróleo, Gás e Biocombustível é o que apresentou o menor índice (32%),
enquanto que os setores de Consumo não cíclico e utilidade pública apresentaram o maior
índice em relação a Governança Corporativa (89%). De acordo com o teste de Shapiro-Wilk,
a variável não segue uma distribuição Normal (p-valor < 0,05). Nesse caso, foi aplicado o
teste de Kruskal-Wallis, como alternativa para a análise de variância.
O baixo índice de desvio padrão de 7% nos setores de Utilidade Pública e Consumo
não Cíclico demonstram a homogeneidade encontrada entre as empresas do ramo, em relação
à Governança Corporativa.
Ao comparar os resultados desta pesquisa com os de Lopes e Walker (2008), que
investigaram a qualidade das práticas de governança corporativa das companhias abertas
brasileiras nos anos de 1998, 2000, 2002, 2004 e obtiveram um índice médio no período de
26% (de um total de 24), com os de Silveira et al. (2010), no mesmo período pesquisado por
Lopes e Walker (2008), encontraram um índice médio de 41,6% (de um total de 24), e ainda
com os resultados de Moura (2011), que investigou uma amostra de 260 empresas de seis
setores econômicos da BM&FBOVESPA, no ano de 2009, e encontrou um índice médio de
55% (de um total de 24), percebe-se que as empresas da amostra atual apresentaram melhores
práticas de governança corporativa do que as empresas analisadas nesses três estudos.
Também é possível comparar aos estudos de Macêdo et al. (2013), os quais
investigaram a divulgação das práticas de Governança Corporativa de todos os setores da
BM&FBOVESPA no ano de 2009, obtiveram um índice médio nos setores de Utilidade
Pública de 75% e de Consumo não cíclico 71%, ou seja é possível constatar um aumento de
divulgação em ambos os setores, atingindo-se 78% e 76%, respectivamente. Porém o setor de
Petróleo, Gás e Biocombustíveis a média era de 75%, caiu para 71%, 7 anos depois em 2016.
Total 0,281 29 - - -
Fonte: os próprios autores
De acordo com a ANOVA, não houve diferença estatisticamente significativa entre os
setores avaliados (p-valor = 0,204), ou seja, as empresas em estudo apresentam o mesmo
desempenho em relação a evidenciação ambiental (65%).
Em relação a variável Governança Corporativa foi aplicado o teste de Kruskall-Wallis
como alternativa ao teste da ANOVA. De acordo com o teste aplicado, também não houve
diferença estatisticamente significativa (p-valor = 0,401), ou seja, os setores também
obtiveram o mesmo desempenho em relação a Governança Corporativa (75%).
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Para verificar se existe correlação entre as variáveis em estudo dentro de cada setor e
também de forma geral, foi aplicada a correlação linear de Pearson (r). Os resultados se
encontram na tabela a seguir.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
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O estudo objetivou analisar a relação entre a evidenciação ambiental voluntária e a
adoção de práticas de governança corporativa nas dez maiores empresas de três setores
econômicos (Petróleo, gás e biocombustíveis; Consumo não Cíclico; e Utilidade Pública) da
B3. Para tal, realizou-se pesquisa descritiva, conduzida por meio de análise documental, com
consulta ao balanço patrimonial, notas explicativas, relatórios de administração e relatórios de
referência disponíveis no site da B3 e websites das organizações. A amostra compreendeu as
dez maiores empresas de cada setor econômico escolhido, totalizando 30 empresas.
Em relação ao índice de evidenciação ambiental, os resultados demonstraram que o
setor econômico de Utilidade Pública foi o que obteve maior média entre os três, 68%. De
forma geral, encontrou-se um índice médio de evidenciação ambiental de 65%, muito distante
de 100%. A empresa com menor índice alcançou somente 42% de um total de 36 itens
analisados.
Destaque de evidenciação ambiental para a empresa NATURA COSMÉTICOS S. A.,
do setor de Consumo não cíclico, a qual atingiu o melhor índice de atendimento da pesquisa,
de 89%. Nenhuma empresa atingiu 100% das informações consultadas, portanto, ficou
evidente a necessidade do aumento do nível de evidenciação ambiental, para que as
informações relativas a tais eventos cheguem aos diversos tomadores de decisão e possam
contribuir para a redução da assimetria existente em torno das práticas ambientais e diversos
stakeholders.
Quanto às práticas de governança corporativa, verificou-se que a melhor média foi
obtida pelo setor de Utilidade Pública em virtude do baixo desvio padrão, demonstrou
homogeneidade entre as práticas. De modo geral, as empresas apresentaram um índice médio
de governança de 75%, também muito distante de 100%. A empresa com menor índice
alcançou somente 32% de um total de 19 itens analisados, enquanto a empresa NATURA
COSMÉTICOS S. A., do setor de Consumo não Cíclico e a empresa NEOENERGIA S. A.,
do setor de Utilidade Pública, atingiram os melhores índices de atendimento da pesquisa, de
89% e, novamente, nenhuma empresa atingiu 100% de adesão às práticas de governança
corporativa analisadas.
No entanto, ao comparar os resultados desta pesquisa com os de Lopes e Walker
(2008), Silveira et al. (2010) e ainda com os resultados de Moura (2011), percebeu-se que as
empresas da amostra atual apresentaram melhores práticas de governança corporativa do que
as empresas analisadas nesses três estudos. Por fim, utilizou-se na análise estatística o
coeficiente de correlação de Pearson e os resultados demonstraram que quando
correlacionamos essas variáveis dentro de cada setor, temos destaque apenas para as empresas
pertencentes ao setor consumo não cíclico, ou seja, nesse setor as empresas que evidenciaram
mais informações ambientais voluntárias foram as que apresentaram melhores práticas de
governança corporativa.
Diante do estudo, nota-se a necessidade do aumento do nível de evidenciação
ambiental para que as informações relativas a tais eventos e transações ambientais cheguem
aos diversos tomadores de decisão com o grau de detalhamento necessário, ou seja, para que
contribua para a redução da assimetria de informações no tocante às práticas ambientais. Pois,
empresas que dispõem de um conjunto maior de práticas de governança corporativa, como as
analisadas nesta pesquisa, tendem a divulgar mais informações e a serem mais transparentes,
pois a divulgação é uma das características da governança corporativa nas empresas.
E também conclui-se que o objetivo do estudo foi alcançado quando comparado com
os estudos de Macêdo et al. (2013), observa-se que os setores de Utilidade Pública e Consumo
Não Cíclico os índices de governança corporativa e evidenciação ambiental evoluíram de
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2009 até 2016, entretanto o setor de Petróleo, Gás e Biocombustíveis ambos os índices caíram
de 2009 até 2016.
Diante de tais informações, pode-se concluir que o estudo contribui para enriquecer os
estudos sobre evidenciação ambiental voluntária e governança corporativa, considerando a
carência de pesquisas no mercado brasileiro relacionando os temas.
Como sugestões para estudos futuros, recomendam-se pesquisas que tenham por
objeto outros setores de atividade, além do pesquisado neste artigo, bem como uma
comparação entre setores de diferentes países, visando observar se as legislações nacionais
podem influenciar no nível de divulgação de informações de natureza ambiental, por parte das
organizações.
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