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RGSA – Revista de Gestão Social e Ambiental

ISSN: 1981-982X
DOI: 10.5773/rgsa.v8i2.849
Organização: Comitê Científico Interinstitucional
Editor Científico: Jacques Demajorovic
Avaliação: Double Blind Review pelo SEER/OJS
Revisão: Gramatical, normativa e de formatação

A EVIDENCIAÇÃO AMBIENTAL VOLUNTÁRIA E OS INDICADORES DE DESEMPENHO


EMPRESARIAL DE COMPANHIAS ABERTAS PARTICIPANTES DO ÍNDICE CARBONO
EFICIENTE (ICO2)

Sueli Viviani
Mestre em Ciências Contábeis pela Universidade Regional de Blumenau - FURB
Professora da Universidade Regional de Blumenau - FURB
sueli@contabilviviani.com.br
Geovanne Dias de Moura
Doutor em Ciências Contábeis e Administração pela Universidade Regional de Blumenau - FURB
Professor da Universidade Comunitária da Região de Chapecó - UNOCHAPECÓ
geomoura@terra.com.br
Francisca Francivânia Rodrigues Ribeiro Macêdo
Doutora em Ciências Contábeis e Administração pela Universidade Regional de Blumenau - FURB
Professora da Universidade Estadual Vale do Acaraú - UVA
francymacedo2011@gmail.com
Tarcísio Pedro da Silva
Doutor em Ciências Contábeis e Administração pela Universidade Regional de Blumenau - FURB
Professor do Programa de Pós-Graduação na Universidade Regional de Blumenau - FURB
tarcisio@furb.br
RESUMO
Objetivou-se, por meio deste estudo, analisar a relação existente entre a evidenciação ambiental voluntária e
os indicadores de desempenho empresarial de companhias abertas participantes do índice carbono eficiente
(ICO2). Para tal, realizou-se a pesquisa descritiva, com abordagem quantitativa, realizada por meio de
análise documental em uma amostra composta por 26 companhias de diferentes níveis de governança
corporativa, de diferentes setores econômicos da BM&FBovespa e que encontram-se listadas no ICO2. Em
relação ao nível de evidenciação ambiental voluntária, os resultados revelaram um índice médio de 67%.
Destacaram-se, com maiores índices médios, as companhias listadas no mercado tradicional e as do setor
econômico de materiais básicos. Quanto aos indicadores de desempenho empresarial, constatou-se que os
setores de consumo cíclico, não-cíclico e utilidade pública possuíam os melhores índices. Em relação aos
níveis de governança corporativa, de maneira geral, foi possível perceber que as empresas do ICO2 listadas
no mercado tradicional permaneceram em destaque. Por fim, os resultados revelaram que a variável índice de
evidenciação ambiental voluntária não apresentava correlação estatisticamente significante com os
indicadores de desempenho empresarial.
Palavras-chave: Companhias abertas listadas no ICO2; Evidenciação ambiental voluntária; Indicadores de
desempenho empresarial; Índices de evidenciação ambiental.
THE VOLUNTARY DISCLOSURE OF ENVIRONMENTAL INFORMATION AND THE
INDICATORS OF BUSINESS PERFORMANCE OF PUBLIC COMPANIES: PARTICIPANTS OF
CARBON EFFICIENT INDEX (ICO2)
ABSTRACT: In this study, we aimed to analyze the relationship between voluntary disclosure of
environmental information and business performance indicators of public companies participating in the
Carbon Efficient Index (ICO2). To this end, we carried out a descriptive research study using a quantitative
approach, performed through documentary analysis of a sample of 26 companies from different levels of
governance and economic sectors of the BM&FBovespa, which are listed in the ICO2. Regarding the level
of voluntary environmental disclosure, the results showed an average of 67%. The companies listed in the
traditional market and the economic sector of basic materials stood out with the highest average. As for the
business performance indicators, we found that the consumer cyclical sectors, staples, and utilities had the
best rates. Regarding the level of corporate governance in general, it is noted that the companies listed on the
traditional ICO2 remained in the spotlight. Finally, the results revealed that the variable rate of voluntary
environmental disclosure showed no statistically significant correlation with business performance
indicators.
Key words: Business performance indicators; Companies listed in ICO2; Environmental voluntary
disclosure; Indices of environmental disclosure.

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Revista de Gestão Social e Ambiental - RGSA, São Paulo, v. 8, n. 2, p. 18-35, maio/ago., 2014.
A evidenciação ambiental e os indicadores de desempenho ambiental empresarial de
companhias abertas participantes do índice carbono eficiente (ICO2)

1 INTRODUÇÃO
Evidenciação ambiental é assunto de pauta em frequentes discussões nas empresas de todo o
mundo, sejam estas públicas, privadas, com ou sem fins lucrativos. Ao se observar os diversos
estudos realizados ao longo dos anos (Gray; Kouhy; Lavers, 1995; Deegan; Rankin; Tobin, 2002,
Sumiani; Haslinda; Lehman, 2007; Kpmg, 2008; Raiborn; Butler; Massoud, 2011, entre outros),
percebe-se que os diversos tipos de relatórios ambientais continuam a aumentar a disponibilização
de informações para a sociedade, que destaque o impacto ambiental possível causado pela atividade
desenvolvida pelas organizações.
Todavia, uma preocupação mais incisiva acerca das divulgações ambientais acentuou-se
devido a alguns incidentes ocorridos no final da década de 1980. Acontecimentos como o
derramamento de 10,8 milhões de galões de óleo do navio-tanque Exxon Valdez em 1989, bem
como, “[...]discussões acerca da camada de ozônio, aquecimento global, desmatamento e comércio
justo” (Sumiani; Haslinda; Lehman, 2007, p. 897) alçaram um patamar de destaque, querelas a
respeito do meio ambiente e, consequentemente, sobre a divulgação ambiental das entidades.
Entretanto, vários estudos na literatura contábil da década de 1970, tais como Beams; Fertig (1971);
Dierkes; Preston (1977) alegavam sobre o aspecto fundamental dos relatórios ambientais, das
propostas de sistemas de medição e, da elaboração de relatórios ambientais detalhados suscitando,
então, já nesta época amplo interesse e aspiração por um sistema de contabilidade ambiental que
ampliasse as informações aos seus usuários. Wiseman (1982) alertava para as exigências da
sociedade por atitudes, no contexto empresarial, que fossem ambientalmente responsáveis, aliado ao
anseio pela criação de uma legislação ambiental que obrigasse as empresas a realizar e a participar,
perene e ativamente, de programas com o fito de controlar a poluição.
Assim, diante deste cenário que amplia as exigências, as organizações vêm enfrentando
crescentes pressões para explicar publicamente o seu desempenho relacionado ao impacto
ambiental (Wiseman, 1982; Parkinson, 2003; Cho; Freedman; Patten, 2012; Ashcroft, 2012;
Iatridis, 2013) e, na academia a atenção de estudiosos, também voltou-se para essa temática, tanto
que um conjunto considerável de pesquisas, ao longo das últimas duas décadas, focou na divulgação
de informações ambientais corporativas e, nos determinantes, que impulsionam as diferenças na
prestação de informações entre empresas e indústrias, conforme destacaram Gray, Kouhy e Lavers
(1995), Deegan, Gordon (1996), Gao, Heravi e Xiao (2005), Guthrie, Cuganesan e Ward (2008) e
Guidry e Patten (2012).
Embora tenha transcorrido mais de vinte anos após o “despertar”, ocorrido na década de
1990, a divulgação das informações ambientais ainda é uma atividade voluntária nos países,
inclusive no Brasil (Macêdo et al., 2013). Dessa forma, dado esse caráter voluntarioso, a quantidade
de empresas que realmente publicam relatórios ambientais é considerada pequena (Cho; Patten,
2008) e, infelizmente, a realidade da divulgação de informações ambientais limitada mostra-se
linear em todos os países (Larrinaga et al., 2002; Delbard, 2008; Kerret et al., 2010; Monteiro;
Guzmán, 2010; Cho; Freedman; Patten, 2012).
Entretanto, a divulgação ambiental deve ser priorizada e realizada, pois é um mecanismo
importante que impacta positivamente o meio ambiente, pois, ao instigar a propagação de
demonstrativos ambientais, estimula-se a empresa a ser responsável ambientalmente para que tenha
suas práticas legitimadas pela sociedade e, também, diminui-se a assimetria informacional presente
na relação principal/agente.
Além do que, divulgações de qualidade proporcionam aumento no nível de transparência,
além de melhorar a reputação social e o perfil dos gestores (Patel et al., 2002; Deegan et al., 2006;
Simnett et al., 2009) que precisam atender aos pedidos informacionais das diversas partes
interessadas, inclusive no que concerne a política ambiental, as práticas e ao desempenho do ente,
induzindo-se, assim, as organizações a criarem ou formalizarem sistemas de gestão ambiental para
assegurar que os processos, as práticas e os procedimentos da empresa estejam aptos a alcançar os
objetivos ambientais e, claro, emitir informação fidedigna aos stakeholders (Ashcroft, 2012).

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Revista de Gestão Social e Ambiental - RGSA, São Paulo, v. 8, n. 2, p. 18-35, maio/ago., 2014.
Sueli Viviani, Geovanne Dias de Moura, Francisca Francivânia Rodrigues Ribeiro Macêdo,
Tarcísio Pedro da Silva

Ademais, a divulgação das políticas ambientais da entidade, por meio de relatórios


periódicos, possibilita aos investidores e outras partes interessadas fazerem julgamentos corretos
sobre a eficiência e o impacto das decisões e ações executadas no ambiente organizacional (Deegan,
2004), além do mais, informes acerca da política de gestão e gastos relativos às ações ambientais
reduz a incerteza e proporciona um ganho para a empresa em termos de vantagem competitiva
(Iatridis, 2013).
Destarte, ciente da deferência que a temática divulgação ambiental ocupa no ambiente
organizacional e também na literatura acadêmica, este trabalho possui como questionamento a
seguinte questão: qual a relação entre a evidenciação ambiental voluntária e os indicadores de
desempenho empresarial em companhias abertas participantes do índice carbono eficiente (ICO2)?
Para respondê-lo, foi traçado como objetivo analisar a relação existente entre a evidenciação
ambiental voluntária e os indicadores de desempenho empresarial de companhias abertas
participantes do índice carbono eficiente (ICO2).
Afinal, compreender as atitudes de divulgação ambiental voluntária das empresas nos países
em desenvolvimento é igualmente importante, dado o impacto global das práticas não- sustentáveis
desempenhadas mundialmente, bem como o fenômeno do aquecimento global (Elijido-Tem, 2011)
que assola, de maneira nociva, o mundo como um todo. Aliado a isso, Aburaya (2012) destaca que,
em razão da necessidade e da pertinência do valor da informação ambiental para as partes
interessadas, há a necessidade de que sejam realizadas mais pesquisas nesta área.
Os indicadores devem atender aos objetivos organizacionais (Berrah et al., 2000), com
metodologia simplificada (Onu, 2007), como instrumento de gestão que evidencie as formas e
limitações institucionais (Sorbe et al., 2011), que destaquem as ações necessárias e de investimento
(Hermann et al., 2007; Perotto et al., 2008), de forma que retrate o desempenho empresarial aos
interessados.
Elijido-Tem (2011) destaca, também, que, embora se reconheça que o aumento da
comunicação ambiental não seja necessariamente equivalente a um melhor desempenho ambiental,
uma literatura de divulgação ambiental, indubitavelmente, tem desempenhado um papel importante
no aumento da consciência ambiental, isto posto, justifica-se a realização deste estudo que aborda
duas vertentes ainda pouco investigadas concomitantemente (evidenciação ambiental voluntária e
indicadores de desempenho).

2 EVIDENCIAÇÃO VOLUNTÁRIA DE INFORMAÇÕES AMBIENTAIS


A evidenciação ambiental - reunião de informações que retratam o passado, o presente e a
indicação do futuro da empresa acerca do desempenho e da gestão ambiental (Berthelot; Cormier;
Magnan, 2003; Macêdo et al., 2013) – não é explicitamente exigida pelas normas e leis nacionais e
internacionais de contabilidade (Adams; Hill; Roberts, 1998; O’dwyer; Unerman; Bradley, 2005),
portanto, ainda é um ato voluntário no que diz respeito aos demonstrativos empresariais, por isso,
alguns autores defendem que esses documentos deveriam ser obrigatórios (Parkinson, 2003;
O’Dwyer; Unerman; Bradley, 2005), posto que, a pressão eficaz do mercado e dos agentes públicos
é dependente de um nível de transparência corporativa que é improvável que evolua enquanto se
estiver tratando esse assunto como ponto facultativo.
Conquanto, de modo crescente as organizações de tipos e tamanhos diversos estejam sendo
instigadas a fornecer uma gama maior de informações em que se declare como elas tratam o meio
ambiente, muitos grupos − fornecedores, clientes e reguladores do público em geral − querem saber
qual o impacto das atividades empresariais no meio ambiente e como as entidades têm lidado com
esses embates, em outros termos, tais grupos querem a garantia de que as organizações estão
operando de forma responsável e, caso não estejam, tencionam saber o que será feito para que se
contorne a situação e as ações pretendidas de modo que não macule o meio ambiente (Ashcroft,
2012).

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A evidenciação ambiental e os indicadores de desempenho ambiental empresarial de
companhias abertas participantes do índice carbono eficiente (ICO2)

Cormier e Magnan (1997), Berthelot et al. (2003) e Marshall et al. (2007) inferem que as
organizações mais propensas a realizar divulgações ambientais voluntárias são aquelas que
apresentam maior solidez financeira; são ambientalmente mais sensíveis; possuem grandes
acionistas no seu quadro acionário; estiveram envolvidas anteriormente em processos judiciais
ambientais; possuem dificuldades ambientais adicionais, e; são afetadas pela exposição substancial
da mídia nas atividades ambientais.
No que compete ao conteúdo das divulgações ambientais, Iatridis (2013) relata que essas
devem incluir questões ambientais acerca do impacto no desempenho futuro das empresas, assim
como riscos, incertezas, itens materiais de receita ou despesa, políticas sobre questões ambientais
importantes, tais como comércio de emissões de gases do efeito estufa, cálculo das emissões diretas
(combustão do combustível em caldeiras) e indiretas (eliminação de resíduos).
Iatridis (2013) ainda pontua que devem ser divulgadas as despesas com energia, relatando
quantidades de água captada, quantidades de resíduos, elaboração de relatórios sobre as políticas de
uso da água, além de explicar como os seus ativos tangíveis e intangíveis podem ser afetados pela
deterioração ambiental.
Raiborn, Butler e Massoud (2011) asseveram que informações completas acerca dos custos
ambientais resultantes de operações ocorridas dentro da entidade são importantes tanto para o
insider quanto para o outsider, pois, de posse destes informes, é possível se avaliar os riscos,
determinar o valor da empresa e investigar as oportunidades de investimento. Conquanto, os autores
revelam, também, que os custos e benefícios das atividades que impactam o meio ambiente são
parcialmente retratados nas demonstrações financeiras atuais e nos relatórios ambientais.
Por conseguinte, depreende-se que as divulgações ambientais eficientes inspiram um
elevado grau de confiança nos mais variados interessados e, essas evidenciações podem ser
particularmente valiosas, principalmente se a empresa operar em uma indústria ambientalmente
sensível ou em uma que tenha sido exposta ao julgamento e especulação da mídia, sendo a decisão
da administração em divulgar voluntariamente tais informações, associada com as influências
emanadas dos multistakeholders (Rupley; Brown; Marshall, 2012). Ademais, efetivar esse tipo de
divulgação pode contribuir para o aumento do nível de responsabilidade social das empresas em
geral (Murcia et al. 2008).

3 INDICADORES DE DESEMPENHO EMPRESARIAL


Todo empenho para melhorar a qualidade dos produtos/serviços e controlar o fluxo das
atividades/ações carecem de monitoramento regular e os indicadores de desempenho são um meio
para esse fim, posto que possibilitam o gerenciamento eficaz e a comparação dos resultados reais
com o pré-definido anteriormente, permitindo mensurar a extensão e magnitude dos desvios
ocorridos, assim, configura-se como uma variável que indica a eficácia e/ou eficiência da parte ou
completude dos processos engendrados no ente (Fortuin, 1988).
Neste sentido, a fim de lidar com os aspectos multidimensionais do desempenho, será
necessário mais de um tipo de indicador de desempenho para comportar os diversos objetivos
traçados (Berrah et al., 2000), porém, esses indicadores devem ser medidas simples, fáceis de
interpretar, acessíveis e confiáveis, ao ponto de se conseguir monitorar vários tipos de sistemas,
incluindo serviços de gestão de resíduos (Onu, 2007) configurando-se, dessa maneira, como uma
ferramenta de gestão interna capaz de detectar pontos fracos no funcionamento de uma rede e, deste
modo, levar a melhorias, além de complementar a avaliação externa que pode ser baseada em uma
auditoria técnica e econômica (Sorbe et al., 2011).
Os indicadores de desempenho refletem os fatores críticos em áreas-chave onde são
necessárias ações e investimento (Hermann et al., 2007; Perotto et al., 2008), transfigurando-se em
uma valiosa ferramenta de apoio à tomada de decisão e ao planejamento estratégico (Matos et al.,
2004; O'Regan; Ghobadian, 2005; Micheli; Manzoni, 2010), auxiliando, sobremaneira, os
tomadores de decisão no projeto do sistema de serviços, planejamento, monitoramento, na avaliação

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Tarcísio Pedro da Silva

e definição de metas (Hermann et al., 2007; Perotto et al., 2008; Horenbeek; Pintelon, 2014) e, no
que concerne a avaliação de desempenho − como variáveis-chave de monitoramento − transmitem
relevantes mensagens sobre o desempenho empresarial para os diversos stakeholders (Myhre, et al ,
2013).
Conquanto, para se ter realmente uma boa prática de gestão é imperativo a existência de
indicadores que evidenciem o desempenho da organização, pois somente assim será possível
discutir, de forma competente, os caminhos da empresa, bem como gerenciar a sustentabilidade dos
negócios, a economia, o ambiente e a sociedade (Dorf, 2001).
Indicadores de desempenho, segundo Carvalho e Matias-Pereira (2007), demonstram se a
implementação e os objetivos definidos no planejamento da empresa estão contribuindo para a
melhoria dos resultados. Na literatura contábil, existem diversos indicadores financeiros, com
conceitos, fórmulas e interpretações variadas, ficando sob responsabilidade do analista a seleção dos
indicadores que melhor retratem o desempenho da empresa para proceder com a análise (Kaplan;
Norton, 1997; Carvalho e Matias-Pereira, 2007).
De acordo com Matarazzo (2003), os indicadores econômicos e financeiros têm como
principal objetivo relacionar elementos das demonstrações contábeis, de forma que possibilitem
realizar conclusões sobre a situação da empresa. O autor (2003, p. 147) menciona, ainda, que os
indicadores são representados na forma de índices, que “[...]medem a relação entre conta ou grupo
de contas das Demonstrações Financeiras, que visa evidenciar determinado aspecto da situação
econômica ou financeira de uma empresa”.
Na literatura, vários estudos têm discutindo as propriedades, os critérios de escolha dos
indicadores, e relacionado com variáveis diversas, tais como os estudos de Bahr et al. (2003),
Hermann, Kroeze, Jawjit (2007), Niemeijer e Groot (2008), Ramos et al (2009), Mascarenhas et al.
(2010), Mascarenhas et al. (2012), Myhre et al (2013), Mendes et al. (2013), entre outros.
Nesse sentido, Hackston e Milne (1996) analisaram a relação entre os indicadores de
rentabilidade e as práticas de divulgação social e ambiental em um conjunto de empresas da Nova
Zelândia. O pressuposto, segundo os autores, era de que a capacidade de adaptação exigida dos
gestores, em ambientes dinâmicos, multidimensionais e competitivos, para gerar resultados
positivos era a mesma capacidade necessária e exigida para atender a pressão e as necessidades da
sociedade para a realização de ações sociais e ambientais. No entanto, os resultados encontrados
pelos autores não permitiram confirmar estes pressupostos.
Outros pesquisadores, tais como Freedman e Wasley (1990), Hughes, Anderson e
Golden (2001) e Patten (2002), também não encontraram relações estatisticamente significantes
entre o desempenho das empresas e o nível de evidenciação ambiental. Por outro lado, Al-Tuwaijri,
Christensen e Hughes II (2004) e Clarkson et al. (2008), por exemplo, encontraram relações
estatisticamente significativas. Sendo assim, é possível perceber que as pesquisas internacionais
realizadas fornecem resultados contraditórios acerca de tal relação.
No Brasil, Azevedo e Cruz (2009) verificaram a relação de alguns indicadores de
desempenho empresarial com a divulgação de informações de natureza econômica e social,
constatando, entre os índices analisados, quais interferem nas respectivas divulgações contábeis. Os
resultados revelaram certa consciência por parte das empresas estudadas sobre a importância da
divulgação de informações de natureza social e ambiental. Porém, a comparação feita entre a
pontuação obtida pelas empresas na divulgação das informações ambientais e alguns indicadores de
desempenho econômico e social permitiu supor que os indicadores de desempenho não estavam
necessariamente relacionados com a disposição das empresas em divulgar informações pertinentes à
sua atuação social e ambiental, assim como as relativas aos impactos das suas atividades.

4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
A fim de atender ao objetivo proposto no artigo, realizou-se a pesquisa descritiva, conduzida
por meio de análise documental e abordagem quantitativa. Os dados foram coletados das notas

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A evidenciação ambiental e os indicadores de desempenho ambiental empresarial de
companhias abertas participantes do índice carbono eficiente (ICO2)

explicativas, dos relatórios da administração, relatórios de referência e das demonstrações


financeiras padronizadas, disponibilizados no site da BM&FBovespa referente ao ano base de 2012,
também foram realizadas consultas nos sites das empresas que compõem a amostra. Para análise
dos dados, foram utilizadas estatísticas descritivas (médias, mínimos, máximos e desvio-padrão) e
análise de correlação.
A população objeto do estudo é composta pelas companhias abertas listadas na
BM&FBovespa. A amostra é considerada intencional não-probabilística, compreendendo as
companhias que fazem parte do Índice Carbono Eficiente (ICO2) da BM&FBovespa. Aquelas que
exerciam atividades financeiras e que não tinham informações necessárias sobre as variáveis
utilizadas foram excluídas da amostra. Sendo assim, a amostra estudada compõe-se de 26
companhias abertas participantes do ICO2.
Essas companhias foram selecionadas para a pesquisa porque adotam práticas transparentes
com relação a suas emissões de gases efeito estufa. Outra justificativa para a amostra refere-se ao
fato de que, nela, existem empresas de diferentes setores econômicos e de diferentes níveis de
governança corporativa da BM&FBovespa, fatores que permitem realizar diferentes tipos de
análise.
Definidas as empresas da amostra, primeiramente, foi calculado o índice de evidenciação
ambiental voluntária de acordo com o estudo de Murcia et al. (2008). O índice possui oito
dimensões e objetiva avaliar as práticas ambientais, entre elas: as políticas ambientais; os sistemas
de gerenciamento ambiental; impactos dos produtos e processos no meio ambiente; a energia; as
informações financeiras ambientais; a educação, o treinamento e a pesquisa; o mercado de créditos
de carbono e outras informações ambientais.
O índice foi elaborado, segundo Murcia et al. (2008), tendo como base os trabalhos de Gray,
Kouhy e Lavers (1995), Hackston e Milne (1996), Nossa (2002), Yusoff, Lehman e Nasir (2006) e
Lima (2007). A figura 1 contempla as referidas dimensões e as 36 perguntas que formam o índice e
deveriam ser divulgadas no site das empresas, nos relatórios de referência, nas notas explicativas e
nos relatórios da administração.

Categorias Nº Subcategorias
01 Declaração das políticas/práticas/ ações atuais e futuras
02 Estabelecimento de metas e objetivos ambientais
Declaração indicando que a empresa está em obediência (compliance) com as
Políticas ambientais 03 leis, licenças, normas e os órgãos ambientais.
04 Parcerias ambientais
05 Prêmios e participações em índices ambientais
06 ISOs 9000 e/ou 14.000
07 Auditoria ambiental
08 Gestão ambiental
Sistemas de gerenciamento
09 Desperdícios/ Resíduos
ambiental
10 Processo de acondicionamento (Embalagem)
11 Reciclagem
12 Desenvolvimento de produtos ecológicos
13 Impacto na área de terra utilizada
14 Uso eficiente/ Reutilização de água
Impactos dos produtos e
15 Vazamentos e derramamentos
processos no meio ambiente
16 Reparos aos danos ambientais
17 Conservação e/ou utilização mais eficiente nas operações
18 Utilização de materiais desperdiçados na produção de energia
19 Discussão sobre a preocupação com a possível falta de energia
Energia 20 Desenvolvimento/exploração de novas fontes de energia
21 Investimentos ambientais
22 Custos/despesas ambientais
Informações financeiras 23 Passivos/Provisões ambientais
ambientais 24 Práticas contábeis de itens ambientais

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Tarcísio Pedro da Silva

25 Seguro ambiental
26 Ativos ambientais tangíveis e intangíveis
Educação, treinamento e 27 Educação Ambiental (internamente e/ou comunidade)
pesquisas 28 Pesquisas relacionadas ao meio ambiente
29 Projetos de mecanismos de desenvolvimento limpo (MDL)
Mercado de créditos de 30 Créditos de carbono
carbono 31 Emissão de Gases do Efeito Estufa (GEE)
32 Certificados de Emissões Reduzidas (CER)
33 Qualquer menção sobre sustentabilidade/ desenvolvimento sustentável
Outras informações 34 Gerenciamento de florestas/ Reflorestamento
ambientais 35 Conservação da biodiversidade
36 Stakeholders
Figura 1: Dimensões do índice de evidenciação ambiental voluntária
Fonte: Murcia et al. (2008)

Na formação do índice, as respostas foram binárias (0 e 1), sendo 1 para as informações


evidenciadas pelas empresas da amostra e 0 para aquelas não evidenciadas. Todas as questões
receberam o mesmo peso e ao final cada empresa obteve uma pontuação que variou de 0% (pior) a
100% (melhor).
Em seguida, foram calculados os indicadores de desempenho empresarial. Como medidas de
desempenho foram utilizados seis indicadores descritos na pesquisa de Azevedo e Cruz (2009). Três
deles estão relacionados aos resultados econômicos das empresas pesquisadas, margem líquida, giro
do ativo e taxa de retorno do investimento e três indicadores que relacionam a riqueza gerada pela
empresa com os seus ativos e informações sobre os empregados conforme evidenciado na figura 2.

Indicadores Fórmula de cálculo Contextualização e interpretação


Lucro líquido Retrata o rendimento obtido em relação ao volume de vendas
Margem líquida
Vendas líquidas líquidas; lucratividade da empresa em função das vendas.
Mede o volume de vendas em relação ao capital investido,
Vendas líquidas
Giro do ativo que mede eficiência com que a empresa utiliza os recursos
Ativo total
totais aplicados na geração de receitas líquidas.
Retrata o poder de capitalização da empresa por meio do
Taxa de retorno do Lucro líquido
potencial de geração de lucro, ou seja, demonstra quanto a
investimento Ativo total
empresa gerou de lucro em relação ao ativo.
Rentabilidade Reflete o valor adicionado na atividade proporcionado pelo
Valor adicionado
agregada dos uso dos ativos totais, que mede o potencial da empresa na
Ativo Total
investimentos geração de riqueza para cada ativo.
Retorno social Remuneração dos Demonstra a participação da mão-de-obra no valor
sobre remuneração empregados adicionado gerado, que retrata a parcela do valor adicionado
dos empregados Valor agregado gerado que é destinada para remunerar os empregados.
Evidencia o valor adicionado pela empresa por funcionário,
Riqueza gerada por Valor adicionado
que representa a produtividade da mão-de-obra, revelada pela
empregado Número de funcionários
riqueza gerada por empregado.
Figura 2: Fórmula e descrição dos indicadores de desempenho empresarial
Fonte: Adaptado de Azevedo e Cruz (2009)

Em relação aos indicadores apresentados na figura 2, considera-se que o aumento ou a


diminuição reflete a ascensão ou declínio no desempenho da empresa, que se alinha com o resultado
das ações dos gestores na utilização dos recursos econômico-financeiros, representadas na forma de
desempenho organizacional.
Em seguida, para atingir o objetivo do estudo, utilizou-se na análise estatística o teste de
Kolmogorov-Smirnov para testar se a distribuição amostral possuía normalidade dos dados. O
resultado do teste foi positivo, dessa forma, optou-se por utilizar o coeficiente de correlação de
Pearson para verificar a correlação existente entre a evidenciação ambiental voluntária e os
indicadores de desempenho empresarial.

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5 DESCRIÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS


Esta seção contém a descrição e análise dos dados coletados. Primeiramente, apresentam-se
as estatísticas descritivas do índice de evidenciação ambiental voluntária de acordo com os setores
econômicos e níveis de governança corporativa, na sequência, os indicadores de desempenho
médios, também, de acordo com os setores e níveis de governança e, por último, demonstram-se os
resultados da correlação de Pearson que possibilitaram alcançar o objetivo do estudo.
Na Tabela 1, apresentam-se as estatísticas descritivas do índice de evidenciação ambiental
voluntária das companhias participantes do ICO2 do ano de 2012.
Tabela 1: Índices de evidenciação ambiental voluntária do ano de 2012 de acordo com os setores
Desvio
Setor econômico da BM&FBovespa Nº empresas Mínimo Máximo Média
Padrão
Construção e transporte 5 58,00 72,00 66,00 5,34
Consumo cíclico 2 67,00 69,00 68,00 1,41
Consumo não-cíclico 7 44,00 83,00 66,57 12,80
Materiais básicos 6 64,00 75,00 70,17 3,76
Petróleo, gás e biocombustíveis 1 64,00 64,00 64,00 -
Telecomunicações 4 64,00 69,00 65,25 2,50
Utilidade pública 1 64,00 64,00 64,00 -
Índice de evidenciação ambiental 26 44,00 83,00 67,00 7,18
Fonte: Dados da pesquisa
Percebe-se, na Tabela 1, que o setor econômico de materiais básicos se destacou, pois,
apresentou o maior índice médio, correspondente a 70,17%. O índice mínimo desse setor foi de
64% e o máximo, 75%. O baixo desvio-padrão, de apenas 3,76%, demonstra a existência de
homogeneidade entre as companhias desse setor. As empresas do setor de consumo cíclico também
se destacaram, com índice médio de 68% e também com baixo desvio-padrão (1,41%).
Negativamente, destacam-se as empresas do setor de petróleo, gás e biocombustíveis e do
setor de utilidade pública com os menores índices, equivalentes a 64%. As empresas do setor de
telecomunicações também se destacaram negativamente, com índice médio de 65,25%. O índice
mínimo desse setor foi de 44% e o máximo, 69%. O desvio-padrão de 2,50% demonstra
homogeneidade entre as companhias desse setor.
Verifica-se, também, na Tabela 1 que o setor de consumo não-cíclico possuía as empresas
de menor índice da amostra, evidenciando apenas 44% de informações ambientais voluntárias e,
também, as empresas que alcançaram os maiores índices de evidenciação (83%).
De forma geral, entre as 26 companhias analisadas, têm-se um índice médio de evidenciação
ambiental voluntária de 67% no ano de 2012, bastante distante de 100%. A empresa com menor
índice alcançou somente 44% de um total de 36 itens analisados, enquanto o máximo atingiu 83%.
Cabe destacar que nenhuma empresa alcançou 100% das informações consultadas.
Ao comparar estes resultados com os de Murcia et al. (2008), que analisaram a divulgação
voluntária ambiental em uma amostra de 58 companhias abertas pertencentes a setores de alto
impacto ambiental listadas na BM&Fbovespa no ano de 2006, com os de Rover et al. (2008), que
também analisaram informações ambientais divulgadas em empresas de alto impacto ambiental no
mesmo ano que as empresas da amostra atual, divulgaram mais informações ambientais voluntárias
no ano de 2012 do que as empresas analisadas nesses dois estudos.
Com o decorrer dos anos, a sociedade, de modo geral, passou a ter maior consciência dos
efeitos negativos de suas ações no meio ambiente. Houve também aumento da percepção de que os
danos causados pelas empresas não podem ser negligenciados. Esse aumento da conscientização
social, segundo alguns pesquisadores, tais como Campbell (2004), Azevedo e Cruz (2009), Cho,
Freedman e Patten (2012) e Macêdo et al. (2014), por exemplo, pode ser um fator explicativo para o
aumento das informações que demonstram as ações ambientais das empresas.

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Revista de Gestão Social e Ambiental - RGSA, São Paulo, v. 8, n. 2, p. 18-35, maio/ago., 2014.
Sueli Viviani, Geovanne Dias de Moura, Francisca Francivânia Rodrigues Ribeiro Macêdo,
Tarcísio Pedro da Silva

No entanto, os achados foram semelhantes aos encontrados por Macêdo et al. (2013), que
analisaram a evidenciação ambiental voluntária do ano de 2009, em uma amostra que compreendeu
as cinco maiores empresas de cada setor econômico da BM&FBovespa e obtiveram um índice
médio de 65% de evidenciação. Sendo assim, torna-se evidente a necessidade do aumento do nível
de evidenciação ambiental voluntária.
Julgou-se ainda interessante analisar a evidenciação ambiental voluntária das companhias
participantes do ICO2 em cada nível de governança corporativa da BM&FBovespa, conforme
descrito na Tabela 2.
Tabela 2: Índices de evidenciação ambiental voluntária do ano de 2012 de acordo com os níveis de governança
corporativa da BM&FBovespa
Desvio-
Nível de governança da BM&FBovespa Nº empresas Mínimo Máximo Média
Padrão
Tradicional 3 61,00 78,00 69,33 8,50
Nível 1 7 64,00 75,00 68,14 4,38
Nível 2 1 67,00 67,00 67,00 -
Novo mercado 14 44,00 83,00 65,93 8,71
Índice de evidenciação ambiental 26 44,00 83,00 67,00 7,18
Fonte: Dados da pesquisa
Ao analisar a Tabela 2, verifica-se que as empresas do mercado tradicional se destacaram
em relação a evidenciação ambiental voluntária, pois superaram, inclusive, os índices das empresas
do novo mercado que são aquelas que deveriam apresentar índices mais elevados de proteção aos
acionistas, conforme previsto pela BM&FBovespa (2013). As empresas do mercado tradicional
apresentaram o maior índice médio equivalente a 69,33%. O índice mínimo, nesse nível, foi de 61%
e o desvio-padrão, de 8,50%, o que demonstra certa desigualdade nos níveis de evidenciação. As
empresas do novo mercado apresentaram um índice médio de 65%, índice mínimo de apenas 44% e
um desvio-padrão de 8,71%.
É possível perceber ainda, na Tabela 2, que as empresas listadas no nível 1 também
superaram as empresas listadas no nível 2 e no novo mercado, com um índice médio de 68,14%,
muito próximo ao índice das empresas do mercado tradicional. O índice mínimo das empresas
listadas no nível 1 foi de 64% e o máximo de 75%.
Destaca-se que as empresas constantes no mercado tradicional, que poderiam ser
consideradas com nível de proteção inferior, obtiveram índices de evidenciação ambiental
voluntária superiores. Também as empresas listadas no nível 1 se mostraram mais preocupadas em
proteger seus investidores, pois possuíam melhores índices de evidenciação do que as empresas
listadas no nível 2 e no novo mercado.
Na sequência, na Tabela 3, são apresentados os indicadores de desempenho médios de acordo
com os setores econômicos da BM&FBovespa do ano de 2012.
Tabela 3 - Indicadores de desempenho médios do ano de 2012 de acordo com os setores da BM&FBovespa
Setor econômico da Nº
M.L. G. A. T. R. I. R. A. I. R. S. R. E. R. G. E.
BM&FBovespa empresas
Construção e transporte 5 -0,7540 0,0780 -0,0309 0,1645 0,1682 215,74
Consumo cíclico 2 0,1300 0,4500 0,0628 0,4423 0,1979 172,50
Consumo não-cíclico 7 0,2357 0,3957 0,1036 0,6224 0,2808 520,51
Materiais básicos 6 -0,3967 0,0900 -0,0108 0,1207 0,1248 473,67
Petróleo, gás e biocomb. 1 -16,6200 0,0041 -0,0685 -0,0445 -0,2820 -2.099,21
Tecnologia da inform. 4 0,2000 0,2300 0,0452 0,3932 0,1365 1.737,84
Utilidade pública 1 0,7000 0,1500 0,1048 0,3477 0,1168 1.695,26
Índice financeiros 26 -0,7446 0,2182 0,0326 0,3332 0,1666 556,03
Fonte: Dados da pesquisa

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A evidenciação ambiental e os indicadores de desempenho ambiental empresarial de
companhias abertas participantes do índice carbono eficiente (ICO2)

É possível perceber, na Tabela 3, que as empresas do setor de utilidade pública e do setor de


consumo não-cíclico apresentaram as maiores margens líquidas, pois a média desses setores
corresponde a 0,70 e 0,2357, respectivamente. No outro extremo, encontra-se a empresa do setor de
petróleo, gás e biocombustíveis que apresentou uma alta margem líquida média negativa (-16,62) e,
também, o setor de construção e transporte, com margem líquida de apenas -0,7540.
O setor com maior média no índice de giro do ativo foi o setor de consumo cíclico, que
atingiu resultado médio de 0,45; seguido pelo setor de consumo não-cíclico, em que as empresas
apresentaram giro médio do ativo de 0,3957. O setor de petróleo, gás e biocombustível possuía o
menor índice médio de giro dos ativos de apenas 0,0041. O setor de materiais básicos também
apresentou baixo índice médio.
As maiores taxas médias de retorno do investimento podem ser observadas nos setores de
utilidade pública e consumo não-cíclico, iguais a 0,1048 e 0,1036, respectivamente. Do mesmo
modo, as menores taxas de retorno foram verificadas nas empresas dos setores de petróleo, gás e
biocombustíveis (-0,0685) e construção e transporte (-0,0309).
Em relação ao índice de rentabilidade agregada dos investimentos, que relaciona a riqueza
gerada pela entidade e os seus ativos, as empresas do setor de consumo não-cíclico apresentaram o
maior índice médio (0,6224), seguidas pelas empresas do setor de consumo cíclico que
apresentaram índice médio de 0,4423. Negativamente, em relação ao índice de rentabilidade
agregada dos investimentos, destacou-se, novamente, a empresa do setor de petróleo, gás e
biocombustíveis com índice médio negativo de -0,0445.
Quanto aos indicadores de retorno social sobre a remuneração dos empregados, os
resultados revelaram que o maior índice médio refere-se às empresas do setor de consumo não
cíclico (0,2808). O setor de consumo cíclico também apresentou bom índice médio. O menor índice
médio equivalente a -0,2820, percebido na Tabela 3, para essa categoria de análise, foi obtido pela
empresa do setor de petróleo, gás e biocombustíveis.
Na análise da riqueza gerada por empregado, os dois setores que se destacaram com maiores
valores foram o setor de tecnologia da informação (1.737,84) e o setor de utilidade pública
(1.695,26). De maneira contrária, destacou-se, mais uma vez, o setor de petróleo, gás e
biocombustíveis com valor médio negativo de -2.099,21 e o setor de consumo cíclico com apenas
172,50.
De modo geral, nota-se entre as companhias do ICO2 analisadas, que os setores de consumo
cíclico, consumo não-cíclico e utilidade pública destacaram-se, com os melhores índices, no
mínimo, em dois diferentes indicadores. Negativamente, têm-se o setor de petróleo, gás e
biocombustíveis com os piores índices em todos indicadores e, também, os setores de construção e
transporte e materiais básicos com os piores desempenhos em, no mínimo, dois indicadores.
Na sequência, na Tabela 4, são descritas as estatísticas descritivas dos indicadores de
desempenho médios das companhias no ano de 2012, de acordo com os níveis de governança
corporativa da BM&FBovespa.

Tabela 4 - Indicadores de desempenho médios do ano de 2013 de acordo com os níveis de governança corporativa da
BM&FBovespa
Setor econômico da Nº
M.L. G. A. T. R. I. R. A. I. R. S. R. E. R. G. E.
BM&FBovespa empresas
Tradicional 4 0,3127 0,4043 0,1398 0,8115 0,0988 1.100,02
Nível 1 7 0,1584 0,1656 0,0323 0,2327 0,2156 620,88
Nível 2 1 -7,4920 0,0224 -0,1676 0,2676 0,5394 136,64
Novo mercado 14 -1,0172 0,2040 0,0165 0,2515 0,1348 398,13
Índice financeiros 26 -0,7452 0,2175 0,0326 0,3332 0,1666 556,03
Fonte: Dados da pesquisa

Na Tabela 4, é possível verificar que as empresas listadas no mercado tradicional


apresentaram as maiores margens líquidas, pois, a média nesse nível de governança corporativa
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Sueli Viviani, Geovanne Dias de Moura, Francisca Francivânia Rodrigues Ribeiro Macêdo,
Tarcísio Pedro da Silva

correspondeu a 0,3127. No outro extremo, encontram-se as empresas listadas no nível 2, que


apresentaram margem líquida média negativa de -7,4920.
Em relação ao giro do ativo, o nível de governança com maior índice médio foi o mercado
tradicional, que atingiu resultado médio de 0,4043. As empresas do nível 2 possuíam o menor
índice médio de giro dos ativos de apenas 0,0224.
As maiores taxas médias de retorno do investimento, expostas na Tabela 4, referem-se as
empresas do mercado tradicional (0,1398). As menores taxas de retorno foram verificadas nas
empresas listadas no nível 2 (-0,1676).
Quanto ao índice de rentabilidade agregada dos investimentos, destacaram-se, mais uma
vez, as empresas do mercado tradicional com o maior índice médio (0,8115), seguidas pelas
empresas do nível 2. Negativamente, em relação ao índice de rentabilidade agregada dos
investimentos, destacaram-se as empresas do nível 1.
No que tange aos indicadores de retorno social sobre a remuneração dos empregados, os resultados
evidenciam que o maior índice médio foi alcançado pelas empresas listadas no nível 1 (0,5394). Em
segundo lugar, aparecem as empresas listadas no nível 1 (0,2156). O menor índice médio
equivalente a 0,0988, conforme pode ser percebido na Tabela 4, foi obtido pelas empresas do
mercado tradicional.
Na análise da riqueza gerada por empregado, destacaram-se, com maior valor médio
(1.100,02), as empresas do novo mercado. De maneira contrária, destacaram-se negativamente as
empresas listadas no nível 2 com valor médio equivalente a 136,64.
No que se refere aos níveis de governança corporativa, de maneira geral, verifica-se que as
empresas do ICO2 que se encontravam listadas no mercado tradicional destacaram-se, com os
melhores índices em cinco diferentes indicadores (M.L., G.A., T.R.I., RAI e R.S.R.E.).
Negativamente, destacaram-se as empresas do ICO2 que se encontravam listadas no novo mercado
com os piores índices, também, em cinco diferentes indicadores (M.L., T.R.I., R.A.I, R.S.R.E. e R.
G. E.).
Por fim, na Tabela 5, evidenciam-se os coeficientes de correlação de Pearson, com o
objetivo de analisar a relação existente entre a evidenciação ambiental voluntária e os indicadores
de desempenho empresarial das companhias abertas participantes do ICO2 da BM&FBovespa.
Tabela 5: Correlação entre a evidenciação ambiental voluntária e os indicadores de desempenho empresarial do ano de
2012
Evidenciação
ÍNDICES M.L. G. A. T. R. I. R. A. I. R. S. R. E. R. G. E.
ambiental
M.L. 1
G. A. 0,262 1
T. R. I. 0,393* 0,782** 1
R. A. I. 0,212 0,770* 0,780** 1
R. S. R. E. 0,239 0,138 0,085 0,091 1
R. G. E. 0,548** 0,221 0,431 0,393* 0,229 1
Evidenciação
-0,64 0,022 -0,259 -0,13 0,149 -0,026 1
ambiental
**Correlação estatisticamente significativa ao nível de significância de 0,01
*Correlação estatisticamente significativa ao nível de significância de 0,05
Fonte: Dados da pesquisa

Nota-se, na Tabela 5, que a variável índice de evidenciação ambiental voluntária apresenta


correlação positiva com as variáveis giro do ativo e retorno social sobre remuneração dos
empregados e correlação negativa com as variáveis margem líquida, taxa de retorno do
investimento, rentabilidade agregada dos investimentos e riqueza gerada por empregado, no
entanto, não há significância estatística significativa.

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A evidenciação ambiental e os indicadores de desempenho ambiental empresarial de
companhias abertas participantes do índice carbono eficiente (ICO2)

A falta de significância estatística indica que não há relação entre os maiores índices de
evidenciação ambiental voluntária e maiores indicadores de desempenho empresarial. Deste modo,
os resultados desta pesquisa corroboram os encontrados por Freedman e Wasley (1990), Hackston e
Milne (1996), Hughes, Anderson e Golden (2001), Patten (2002) e Azevedo e Cruz (2009) que
também constataram que os indicadores de desempenho não estavam relacionados com a disposição
das empresas em divulgar informações concernentes à sua atuação social e ambiental.
Ressalta-se que, segundo Hackston e Milne (1996), a capacidade de adaptação exigida dos
gestores, diante de um ambiente dinâmico, multidimensional e competitivo, para gerar resultados
positivos é a mesma capacidade necessária e exigida para atender a pressão e as necessidades da
sociedade para a realização de ações sociais e ambientais. Portanto, com base nos resultados
encontrados, depreende-se que, nas empresas da amostra, a capacidade dos gestores para aumentar
o desempenho das empresas pode não ser equivalente a capacidade para atender a pressão social e
responder às necessidades da sociedade por mais informações ambientais voluntárias.

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Objetivou-se, por meio desse estudo, analisar a relação existente entre a evidenciação
ambiental voluntária e os indicadores de desempenho empresarial de companhias abertas
participantes do índice carbono eficiente (ICO2). Para tal, realizou-se pesquisa descritiva, com
abordagem quantitativa, realizada por meio de análise documental em uma amostra composta por
26 companhias de diferentes níveis de governança corporativa, de diferentes setores econômicos da
BM&FBovespa e que se encontravam listadas no ICO2.
Em relação ao nível de evidenciação ambiental voluntária, os resultados revelaram que o
setor econômico de materiais básicos se destacou, pois apresentou o maior índice médio.
Negativamente, destacaram-se as empresas do setor de petróleo, gás e biocombustíveis e do setor de
utilidade pública com os menores índices. De forma geral, entre as 26 companhias analisadas,
verificou-se um índice médio de evidenciação ambiental voluntária de 67%, bastante distante de
100%. A empresa com menor índice alcançou somente 44% de um total de 36 itens analisados,
enquanto o máximo atingido foi de 83%. Cabe destacar que nenhuma empresa atingiu 100% das
informações consultadas.
Constatou-se ainda que as empresas da amostra atual divulgaram mais informações
ambientais voluntárias do que as empresas analisadas nos estudos de Murcia et al. (2008) e Rover et
al. (2008). No entanto, os achados foram semelhantes aos encontrados por Macêdo et al. (2013).
Sendo assim, torna-se evidente a necessidade do aumento do nível de evidenciação ambiental
voluntária entre as companhias brasileiras.
Conclui-se que muitas companhias não disponibilizavam de muitas das informações
ambientais analisadas, o que prejudica o acesso à informação e ao conhecimento sobre o processo
de gestão ambiental das companhias. Tal fato, fortalece a sugestão de autores, tais como Raiborn,
Butler e Massoud (2011) e Kim e Lyon (2011), por exemplo, de que programas de divulgação
ambiental deveriam ser obrigatórios.
Verificou-se também que as empresas constantes no mercado tradicional, que poderiam ser
consideradas com nível de proteção inferior, obtiveram índices de evidenciação ambiental
voluntária superiores. Também as empresas listadas no nível 1 se mostraram mais preocupadas em
proteger seus investidores, pois possuíam melhores índices de evidenciação do que as empresas
listadas no nível 2 e no novo mercado.
Quanto aos indicadores de desempenho empresarial, constatou-se que os setores de consumo
cíclico, consumo não-cíclico e utilidade pública destacaram-se com os melhores índices, no
mínimo, em dois diferentes indicadores. Negativamente, destacou-se o setor de petróleo, gás e
biocombustíveis com os piores índices em todos indicadores e, também, os setores de construção e
transporte e materiais básicos com os piores desempenhos em, no mínimo, dois indicadores.

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Sueli Viviani, Geovanne Dias de Moura, Francisca Francivânia Rodrigues Ribeiro Macêdo,
Tarcísio Pedro da Silva

Em relação aos níveis de governança corporativa, de maneira geral, foi possível perceber
que as empresas do ICO2 que se encontravam listadas no mercado tradicional destacaram-se com os
melhores índices em cinco diferentes indicadores. Negativamente, destacaram-se as empresas do
ICO2 que estavam listadas no novo mercado com os piores índices, também, em cinco diferentes
indicadores dos seis analisados.
Por fim, os coeficientes de correlação de Pearson revelaram que a variável índice de
evidenciação ambiental voluntária não apresentava correlação estatisticamente significante com os
indicadores de desempenho empresarial. Os resultados foram semelhantes aos encontrados por
Freedman e Wasley (1990), Hackston e Milne (1996), Hughes, Anderson e Golden (2001), Patten
(2002) e Azevedo e Cruz (2009), que também constataram que os indicadores de desempenho
econômico e social não estavam relacionados com a disposição dessas empresas em divulgar
informações ambientais voluntárias. Concluiu-se que, nas empresas da amostra, a capacidade dos
gestores para aumentar o desempenho das empresas pode não ser equivalente a capacidade para
atender a pressão social e responder às necessidades da sociedade por mais informações ambientais
voluntárias.
Os resultados despertam interesses para novas pesquisas sobre a evidenciação ambiental
voluntária. Assim, recomenda-se acompanhar a evidenciação e os indicadores de desempenho
dessas empresas, inclusive, estudos comparativos com empresas não listadas em bolsa. Seria
interessante também verificar outro grupo de empresas com características diferentes.

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Recebido em: 23/02/2014
Publicado em: 30/08/2014

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