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ESCOLA TÉCNICA ESTADUAL MONTEIRO LOBATO

CURSO TÉCNICO EM DESIGN DE MÓVEIS INTEGRADO

RELATÓRIO DE PESQUISA

COMPÓSITO MADEIRA-PLÁSTICO COMO ALTERNATIVA PARA O


REAPROVEITAMENTO DA SERRAGEM DESCARTADA PELO CURSO DE
MÓVEIS

VITÓRIA ALVES

Orientador: Israel Candemil Haack

TAQUARA

2020
VITÓRIA ALVES

COMPÓSITO MADEIRA-PLÁSTICO COMO


ALTERNATIVA PARA O REAPROVEITAMENTO DA
SERRAGEM DESCARTADA PELO CURSO DE MÓVEIS

Projeto de Pesquisa apresentado ao


Curso de Design de Móveis da Escola
Técnica Estadual Monteiro Lobato, sob
orientação do Professor Israel Candemil
Haack.

Taquara

2020

2
LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1: Modelo atual de produção e consumo e sua relação com o meio


ambiente…………………………………………………………………………………….10
FIGURA 2: Instalação “Espiral” no Conjunto Nacional em São Paulo………….15
FIGURA 3: Interior da Oca de papelão………………………………………………...16
FIGURA 4: Poltrona Cantoneira, 2002………………………………………………....16
FIGURA 5: Banco Taipa……..…………….……………………………………………..18
FIGURA 6: Poltrona LOTUS, feita com fibras naturais……………………………..20
FIGURA 7: Combinação dos componentes…………………………………………..25
FIGURA 8: Esboço cristaleira Cofresí………………………………………………....31
FIGURA 9: Esboço rack Merídio………………………………………………………..32
FIGURA 10: Rack Merídio finalizado…………………………………………………..34

3
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO...…………………………………………………………………….....…5

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA.…………………………………...……..………..…...7

2.1 Sustentabilidade e desenvolvimento sustentável........................................7

2.2 Ecodesign………………............................................................................11

2.2.1 Designers sustentáveis e sua importância…………….……...…..13

2.3 Os resíduos da madeira………………………..……………………………..18

2.4 Compósito de madeira-plástico………………………………………………24

3. METODOLOGIA………………………………………………………………….……..27

3.1 Classificação……………………………………………………………..……..27

3.2 Descrição das atividades………………………………………………..…….28

3.3 Cronograma…………………………………………………………….………29

4. RESULTADOS…………....……………………………………………………………..30

4.1 Levantamento…………………………………………………………..………30

4.2 Esboços Conceituais…………………………………………………………..31

4.3 Rack Merídio……………………………………………………………………33

4.4 Detalhamento…………………………………………………………………..35

5. CONCLUSÃO…………………………………………………………………………....35

6. REFERÊNCIAS………………………………………………………………………….36

4
1. INTRODUÇÃO

A degradação do meio ambiente aumenta cada vez mais devido a ação


irresponsável do ser humano e, muitas vezes, os desastres ambientais resultantes
são considerados consequência do desenvolvimento. Esse pensamento levou a
humanidade ao contexto atual, em que todas as ações tomadas terão sérias
consequências num futuro não tão distante. Por isso, temas ecológicos ganham
cada vez mais popularidade atingindo diversas áreas, como o design.
Como tentativa de reversão para os danos ambientais, principalmente aqueles
causados pela má projeção de produtos, que resultam no descarte exagerado de
resíduos e no aproveitamento incorreto de matérias-primas, surge o ecodesign.
Conhecido também como design sustentável, ecológico ou design para a
sustentabilidade, é uma filosofia capaz de implementar os conceitos de ser
sustentável em todas as áreas que possuem uma etapa de concepção física e
funcional do produto, por exemplo, o ramo moveleiro. O projeto do mobiliário
ecológico visa respeitar os requisitos ambientais em todo o ciclo de vida dos
produtos, além dos requisitos tradicionais, como ergonomia. Desse modo, a função
do designer tem suma importância na condução ao caminho da sustentabilidade,
assumindo o papel de instrumento de conhecimento e criação (AZEVEDO et al.,
2016).
O projeto pretende unir o Design de Móveis aos conceitos do ecodesign por
meio do projeto de um rack e uma cristaleira constituídos por um compósito
madeira-plástico, com resíduos madeireiros provenientes da marcenaria do curso
técnico de Móveis, da Escola Técnica Estadual Monteiro Lobato, Taquara-RS. Será
analisado o quanto de serragem não é aproveitada pelos alunos do curso, com o
intuito de empregá-la nos móveis. Também pretende-se analisar o quanto de aço e
plástico são descartados pelo curso técnico de Mecânica, para que, caso haja
desperdício, os materiais possam ser reutilizados futuramente.
É de considerável importância, uma vez que está de acordo com dois dos 17
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030, plano de ação
da Organização das Nações Unidas (ONU) que pretende, até 2030, melhorar nossa

5
relação com o meio ambiente e outras questões sociais. O objetivo 11, meta 11.6,
intenciona “Até 2030, reduzir o impacto ambiental negativo per capita das cidades,
inclusive prestando especial atenção à qualidade do ar, gestão de resíduos
municipais e outros”. Outro objetivo que se encaixa com o propósito do projeto é o
12, meta 12.5, que almeja “Até 2030, reduzir substancialmente a geração de
resíduos por meio da prevenção, redução, reciclagem e reuso”. Pelo seu grau de
importância, é notável a falta de estudos que demonstram a relação entre Design de
Móveis e ecodesign.
Quanto à metodologia, o trabalho possui uma primeira etapa bibliográfica,
com classificação dos objetivos sendo exploratório. O tratamento de dados é
qualitativo.
Após a pesquisa bibliográfica, será feito um levantamento caracterizado,
quanto aos seus objetivos, como descritivo. O levantamento decorrerá na forma de
questionário direcionado aos coordenadores dos cursos de Móveis e Mecânica,
visando coletar dados que serão tratados de modo quantitativo.

6
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 Sustentabilidade e desenvolvimento sustentável

Desde o fim da Revolução Industrial (1840), convivemos com um sistema de


produção que tem como foco principal o desenvolvimento econômico por meio da
alta geração e consumo de produtos, ignorando os subsequentes resultados na
natureza. Contaminação de rios, poluição do ar, vazamento de produtos químicos
nocivos e a perda de milhares de vidas, afetando todos ao redor do globo, fizeram
com que governantes de todo o mundo passassem a discutir e buscar formas de
remediação ou prevenção para que tamanhas catástrofes não se repetissem (POTT
e ESTRELA, 2017). Ao decorrer dos anos, diversas conferências e tratados
ambientais sucederam, visando atingir tais questões.
Em decorrência do supracitado, é criado o termo sustentabilidade.
Sustentabilidade engloba, segundo o relatório Brundtland (1987), todas as ações
tomadas no presente que não afetarão as gerações atuais e futuras, tentando ao
máximo minimizar os efeitos negativos no meio ambiente. Optar por ser sustentável
afeta positivamente o ecossistema e garante nossa vida no planeta Terra, que vem
continuamente sendo ameaçada por catástrofes ambientais, nos pondo na
obrigação de repensar nossas atitudes com a natureza.
O conceito de sustentabilidade, desde então, é amplamente utilizado por
diversos artigos e livros que abordam o tema, mas alguns autores interpretam o
conceito de forma mais abrangente, levando em consideração todos os aspectos
socioeconômicos e ambientais.
A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura,
UNESCO, 1997 (apud BARBIERE e SILVA, 2016), afirma que o conceito de
sustentabilidade não envolve apenas o meio ambiente, mas também questões como
pobreza, população, saúde, segurança alimentar, democracia, direitos humanos e
paz. Afirma também que a sustentabilidade deve ser tratada de maneira holística,
levando em consideração contextos locais, regionais e nacionais individualmente. A
Asociación Somos Mundo (2012) conceitua sustentabilidade ambiental como a

7
administração eficiente e racional dos recursos naturais, de forma que seja possível
melhorar o bem-estar da população atual sem comprometer a qualidade de vida das
gerações futuras.
Chambers, 2000, (apud MIRANDA, MEDEIROS et al., 2016) reflete sobre
como o meio ambiente, juntamente com sustentabilidade, é tratado como algo
distante da humanidade e não como parte de um todo, como parte da sociedade,
trabalho e família. A sustentabilidade, para surtir resultados, deve se integrar a
humanidade indo além de apenas uma gestão de recursos, a sociedade deve se
adaptar aos padrões de vida exigidos pela natureza. O avanço ecológico não pode
ser considerado apenas, por exemplo, o controle da poluição. O problema a ser
tratado na relação entre as pessoas e o ecossistema não é somente ambiental ou
econômico, e sim, um problema social (MIRANDA, MEDEIROS et al., 2016). Higuchi
e Zacarias (2017, p.121) compartilham dessa mesma opinião:

O modo como as pessoas pensam e se relacionam com a natureza é


resultado de uma construção histórica e social, uma vez que as normas
sociais modelam as atitudes e ações humanas que, por sua vez, alteram a
natureza. As relações com a natureza se modificaram em forma e
intensidade, ao longo da história da humanidade, em cujos primórdios ser
caçador-coletor definia uma conexão intrínseca e de dependência com a
natureza. Na atualidade, entretanto, o homem moderno se reconhece como
desconectado da natureza, pensando-a como algo exterior a si e, portanto,
passível de ser controlada, subjugada e explorada.

Há quem acredite que a sustentabilidade não foi criada com o intuito de


reduzir substancialmente o meio de produção, mas sim continuar produzindo cada
vez mais, porém com a diminuição da degradação do meio ambiente. Sendo assim,
apenas uma forma de continuar contribuindo para o sistema capitalista e apaziguar o
crescente questionamento da população, a partir do fim do século XX, em relação a
influência da sociedade na devastação do meio ambiente. Sendo o conceito de
desenvolvimento sustentável um resultado do aprofundamento da crise ambiental,
juntamente com essa reflexão sistemática (BELLEN, 2003).
Após a realização do documento Nosso Futuro Comum, o conceito de
desenvolvimento sustentável se tornou muito genérico, semelhante ao de
sustentabilidade: desenvolvimento que atende às necessidades do presente sem
comprometer a possibilidade das gerações futuras de atenderem as suas próprias

8
necessidades, reconciliando crescimento econômico, desenvolvimento social e
proteção do meio ambiente. Bellen (2003, p.72) afirma que “nosso atual modelo de
desenvolvimento é autodestrutivo e as diversas iniciativas para modificar este
quadro não têm sido (...) efetivas para reverter o processo de deterioração global”.
Para que ocorra o desenvolvimento sustentável, é preciso que todos tenham
suas necessidades básicas atendidas e que lhe sejam proporcionadas
oportunidades de concretizar suas aspirações a uma vida melhor (CMMAD, 1991).
De acordo com Carta da Terra (2003,p.1),

(...) são necessárias mudanças fundamentais dos nossos valores,


instituições e modos de vida (...), quando as necessidades básicas forem
atingidas, o desenvolvimento humano será primariamente voltado a ser
mais, não a ter mais.

A busca por essa sociedade utópica, onde o ser humano e o meio ambiente
vivem em harmonia, vêm tendo um crescimento considerável, afetando
positivamente várias áreas, ao transformá-la num recurso que agrega valor. Por
exemplo, no âmbito empresarial, o selo de sustentabilidade é um recurso que
diferencia a empresa das demais e pode gerar lucro, visto que o consumidor tende a
ser cada vez mais criterioso ao optar por produtos e serviços ambientalmente
corretos, está disposto também a pagar mais. Assim, a corporação vai reduzir
custos, resíduos, gerar lucros e, passando uma imagem de rede saudável e
confiável, melhora também a relação com o consumidor (MIRANDA, MEDEIROS et
al., 2016).
Organizações ecologicamente corretas são essenciais para conseguirmos
atingir o nível de sociedade sustentável, já que estas são responsáveis por grande
parte da deterioração ambiental. Sociedade sustentável equivale àquela onde há
construção de relacionamento pautado em valores, crenças e relações humanas que
desenvolvam nossa capacidade de aprender em grupo. Em última instância, o que
falta para nos levar ao futuro sustentável é a capacidade de aprender com o outro,
superando impasses e fazendo com que se torne possível promover hábitos e
comportamentos sustentáveis.

9
Uma das causas da degradação do meio ambiente é o modelo de consumo e
produção desenfreados que adotamos. Esse modelo tem como base a ideia de que
os recursos naturais são infinitos e que a abundante geração de resíduos é
inevitável. Na seguinte figura, é representada a exploração de recursos da natureza,
pouco eficiente, e que ainda gera uma quantidade de resíduos e agentes poluentes
descomunal no ecossistema (TEIXEIRA et al., 2005):

FIGURA 1 : Modelo atual de produção e consumo e sua relação com o meio ambiente

Fonte: Teixeira et al., 2005, p.511

Essa relação, ao mesmo tempo que interpreta a degradação ambiental como


fator inevitável ao desenvolvimento, busca criar tecnologias que atenuem a poluição.
São as conhecidas Tecnologias Fim-de-Tubo, pois atuam após a deterioração e não
a evitam. Por tal aspecto, não são tão eficientes uma vez que, segundo Teixeira et
al. (2005, p.51):

O simples fato de agir depois da geração de resíduos implica em grandes


esforços financeiros e soluções pouco eficientes de remediação. O
tratamento destes resíduos absorve novos recursos e energia, gerando
novos resíduos que também precisam de tratamento.

Em praticamente todas as áreas que tangem produção e consumo, não se é


projetado um produto considerando toda a sua vida útil, como será descartado após
o tempo de uso e se causará impactos negativos no meio ambiente. Considerar a
trajetória da mercadoria faz parte dos critérios do ecodesign, que se torna cada vez
mais um exemplo para a sociedade de como deve ser nossa relação com os
recursos limitados da natureza.

1
Disponível em: <www.redalyc.org/articulo.oa?id=66120105>
Acesso em: 11 ago 2020.
10
2.2 Ecodesign

As decisões dos designers atingem diretamente o ecossistema e diversas


pessoas, na escolha de materiais que causem menos impacto ou nos processos de
produção, até na sua estética e modo de distribuição. Com o ecossistema do planeta
em declínio, o profissional da área assume a responsabilidade de usar a influência
que tem sob as decisões das pessoas para a melhora do meio ambiente, levando-os
a buscar modelos de criação e desenvolvimento sustentável (AZEVEDO et al.,
2016).
Justamente o que o ecodesign visa é a realização de produtos que têm seu
impacto ambiental negativo reduzido, de forma a conservar sua qualidade e
modificando a relação do produto com o consumidor (PAPANEK, 1971, apud
AZEVEDO et al., 2016). Os autores Venzke (2002), Garcia (2007) e Teixeira et al.
(2005) apontam que essa especialização do design propõe a incorporação de
requisitos ambientais, não deixando de considerar outras questões tradicionais,
como ergonomia.
Também conhecido como DfE (Design for Environment ou Projeto para o
Ambiente), o ecodesign procura construir produtos que poluem menos, usam menos
recursos naturais, menos energia e ainda que sejam de fácil aquisição, respeitando
as culturas locais. Teixeira et al. (2005) alega que tais produtos devem conservar
essas características por todo seu ciclo de vida.
Alguns autores, como Ryn e Cowan (apud AZEVEDO et al., 2016), definem o
ecodesign como a busca pela diminuição de impactos negativos que podem ocorrer
no meio ambiente. Já outros, como Bereketli (apud AZEVEDO et al., 2016) e
Naveiro et al. (2005), tem uma visão mais ampla, considerando que na criação dos
produtos deve ser levado em conta a eficácia de custos, demanda do mercado e sua
multifuncionalidade.
Naveiro et al. (2005) afirma que, no processo do ecodesign, deve ter a
máxima prevenção à geração de resíduo, tecnologias limpas, assim como o uso
responsável de energia, da água e matérias-primas, podendo até envolver um
estudo sobre degradação ambiental e reciclagem de produtos. Conforme Teixeira et

11
al. (2005), o processo do design ecológico que busca atender a todos os requisitos,
com uma visão holística, desde as etapas de produção até seu transporte,
armazenagem, uso, reuso, reciclagem e descarte, é denominado Life Cycle Design
(projeto do ciclo de vida).
Design ecológico, em síntese, é a área que busca criar elementos que
integram aspectos ambientais no seu desenvolvimento, preocupando-se em manter
sua sustentabilidade e a preservação dos recursos naturais (AZEVEDO et al., 2016).
Sendo um campo que, ao decorrer do tempo, tem seu escopo mais abrangente
(GARCIA, 2007), a única preocupação que deve sempre se manter é a relação do
designer com o ser humano, mantendo-se ciente de sua influência sobre os
indivíduos e assumindo a responsabilidade social de suas ações (PAPANEK apud
AZEVEDO et al., 2016). Devido à sua influência, os profissionais da área se tornam
instrumentos de conhecimento e criação para o caminho até a sustentabilidade.
O papel do designer também se torna mais importante devido a preocupação
com a sustentabilidade e preservação dos recursos naturais, fato que é provado pelo
crescente aumento de publicações, a partir dos anos 90 e 2000, que têm entre suas
palavras-chaves “ecodesign” e “sustentabilidade” (AZEVEDO et al., 2016). Outro
fator que sugere o aumento das pesquisas é o ecodesign sendo transformado em
uma estratégia de marketing, como um diferencial mercadológico.
De acordo com Naveiro et al. (2005), a aceitação ambiental é a maior
estratégia competitiva adotada pelas empresas. Busca atingir um novo público
consumidor específico, levando a sustentabilidade como tática para ampliar o
mercado. Já Venzke (2002), acredita que a sustentabilidade agregada ao
desenvolvimento é necessária no Brasil como forma de destacar os produtos
brasileiros no mercado exterior, uma vez que tendem a perder competitividade
devido, dentre outras coisas, às crescentes restrições relacionadas às normas
ambientais. Então, “faz-se necessário uma modernização e fortalecimento de toda a
cadeia produtiva do setor, tendo em vista as questões ambientais, para que sejam
alcançados níveis de desenvolvimento compatíveis com esses mercados” (2002,
p.2).

12
No âmbito moveleiro, o ecodesign é de extrema importância devido ao
impacto ambiental negativo decorrente dessa área. Como muitos móveis são
descartados antes do fim de sua vida útil, é necessário mais produções de
matérias-primas e ocorre grande descarte dos produtos, que muitas vezes é
realizado de forma inadequada, encaminhados a aterros, principal destino do
mobiliário descartado. Demais impactos ambientais relacionados à indústria
moveleira são apontados por Garcia (2007, p. 19):

Outros problemas ambientais relacionados com mobiliário durante seu ciclo


de vida são: exploração não sustentável de madeiras de lei e/ou de
reflorestamento; emprego exclusivo de fibras de madeira virgem para a
produção de chapas; e o manejo inadequado dos resíduos industriais.

Respectivo a sua importância e quantidade de pessoas que atinge, é claro o


número reduzido de empresas que aplicam o ecodesign. Como a tendência dos
problemas ambientais é piorar com o tempo, a atividade do designer é significativa
ao tentar mudar os impactos causados pela produção e descarte de produtos, na
busca por materiais menos impactantes no ecossistema e com a inserção das
técnicas de reciclagem e reuso (GARCIA, 2007).

2.2.1 Designers sustentáveis e sua importância

Como dito anteriormente, o ecossistema está em um estado de degradação


quase permanente e pouco se faz para reverter a situação. Um exemplo disso é o
cenário de iminente extinção do bioma Mata Atlântica, restando apenas 12,4% do
que um dia já existira (SOS MATA ATLÂNTICA2). A Araucaria angustifolia, ou apenas
Araucária, é uma das espécies que habitam o bioma Atlântico e que, de acordo com
o Paraná Portal3 (2019), deve estar extinta até 2070. A decorrente falta de
estratégias de conservação, a violenta exploração comercial da madeira e as
mudanças climáticas resultaram no restante de 1% a 3% da extensão original da
Mata das Araucárias.

2
Disponível em: <https://www.sosma.org.br/conheca/mata-atlantica/>. Acesso em: 08 set. 2020.
3
Disponível em: <https://paranaportal.uol.com.br/cidades/araucaria-arvore-parana-risco-extincao/>.
Acesso em: 08 set. 2020.
13
Diante de tais dados, é necessário a reflexão de todas as áreas profissionais
que utilizam majoritariamente de recursos naturais, como a indústria moveleira. Os
materiais mais utilizados no ofício ainda são aqueles provenientes do meio natural,
como madeiras de florestas nativas ou reflorestadas, as industrializadas, o MDF e
outros aglomerados (PAVONI, RIZZON e FILHO, 2003).
Sendo um profissional capaz de influenciar os hábitos e decisões de diversos
indivíduos, tanto na criação de produtos ou no processo de desenvolvimento,
preferindo materiais que causam menos impacto, na redução destes materiais ou na
interferência dos processos de produção, o papel do designer se faz de notável
importância defronte aos problemas ambientais. Automaticamente adquirem a
responsabilidade de proporcionar outros meios de construção, mais ecológicos e
responsáveis, na tentativa de reversão da degradação (AZEVEDO et al., 2016) e no
processo de desconstrução da sociedade em relação aos materiais
reciclados/reutilizados, pois, de acordo com Souza (1999):

A questão da industrialização de reciclados no Brasil, ainda hoje é recebida


com um certo preconceito por algumas pessoas. A ideia de pagar-se por
aquilo que um dia foi lixo, com certeza, surge muito antes que se pense na
despesa ecológica que os outros produtos agregam.

Um dos primeiros designers de notoriedade nacional e internacional que


direcionaram seus projetos para a sustentabilidade foi o arquiteto, designer gráfico e
de produtos, cenógrafo e artista plástico brasileiro, Nido Campolongo, trazendo em
seus projetos a reciclagem. Além da sustentabilidade, aborda também questões
sociais, tendo trabalhos feitos em conjunto com comunidades carentes, hospitais e
presídios (MOASSAB, 2016).
Campolongo iniciou seus estudos na faculdade de Engenharia Civil e logo
observou o cenário de insustentabilidade presente na prática. Assim, começa sua
busca pela sustentabilidade na criação de produtos, a princípio dando foco na
reutilização do papel. Nido, em entrevista para o Instituto Ressoar (2019), diz que
seu objetivo, além de usar materiais não convencionais em seus projetos, é construir
peças e produtos de design e de arquitetura que sejam acessíveis para
comunidades carentes.

14
Um projeto do artista que chama muita atenção é a instalação em espiral no
Conjunto Nacional, em São Paulo, capital. Composta por 34 anéis de compensado
laminado, com 100 cm de diâmetro, que possuem em seu interior elementos
recicláveis, como alumínio, garrafas pet, papelão, madeira, entulho e outros, a obra
ganha variadas cores e texturas (CONJUNTO NACIONAL).

FIGURA 2: Instalação “Espiral” no Conjunto Nacional em São Paulo

Fonte: Conjunto Nacional 4

Nido Campolongo, desde 1994 trabalhando com peças recicláveis, ficou conhecido
popularmente como o “artista do papel”. Em seu acervo, há móveis como estantes,
mesas, cadeiras, pufes, bancos, camas, poltronas e até divisórias, possibilitando a
construção de um ambiente inteiro apenas com suas obras (SALADO e SICHIERI,
2010).

4
Disponível em: <http://ccn.com.br/instalacao-espiral/>. Acesso em: 04 set. 2020
15
FIGURA 3: Interior da Oca de papelão

Fonte: Nido Campolongo5

A Oca, feita de tubos de papelão e MDF, foi construída para o evento SOS Mata
Atlântica, em 2010, para realizarem palestras (CARVALHO, 2009)

FIGURA 4: Poltrona Cantoneira, 2002

Fonte: Nido Campolongo

5
Disponível em: <http://www.nidocampolongo.com.br/>. Acesso em: 04 set 2020
16
Domingos Tótora, designer de Minas Gerais-BR, é outro nome que se destaca
no ecodesign brasileiro. Traz em seu mobiliário objetos de decoração e detalhes que
remetem à natureza de seu estado natal, usando matérias-primas biodegradáveis e
atóxicas, sendo a principal delas o papelão reciclado. Tiépolo (2018, p. 37) aponta
que os artefatos do designer “contam com sua veia artística na expressão dos
objetos e a experimentação da forma e função”.
O manuseio que Domingos Tótora emprega no papelão é simples, certificado
como um método sustentável. A matéria-prima se transforma em uma massa
moldável, resultado do processo em que o papelão é desmanchado e tratado com
cola e outros derivados de aglutinação. Com a composição obtida, são moldados à
mão os móveis, objetos e peças decorativas do designer, seguido por sua secagem
ao sol e finalização (TÓTORA6).
De acordo com Teixeira e Paoliello (2018), Tótora produz seus produtos com
o mínimo de recursos possíveis, produzindo uma massa semelhante ao papel
machê. Como a composição é moldada a mão e disposta ao sol para secar,
demanda muito menos água e energia em comparação com outros processos
convencionais no design.
Para Pinho (apud TIÉPOLO, 2018) a diferença entre o papel maché comum
com a polpa moldável de Domingos Tótora é que “em sua versão, o resultado não é
frágil, como costuma ocorrer com a técnica, mas de uma surpreendente rigidez”,
trazendo produtos que “estabelecem um meio de produção diferenciado na
concepção do design.” (TEIXEIRA e PAOLIELLO, 2018 7).

6
Disponível em: <https://www.domingostotora.com.br/>. Acesso em: 09 set. 2020.
7
Disponível em: <http://convergencias.esart.ipcb.pt/?p=article&id=285>. Acesso em: 13 set. 2020
17
FIGURA 5: Banco Taipa

8
Fonte: Casa de Alessa

2.3 Os resíduos da madeira

A madeira é o recurso natural mais explorado pelos seres humanos.


Matéria-prima muito volátil, possui diversas aplicações e é base para inúmeros
produtos, como papel, energia, resinas, madeira serrada, madeira roliça e chapas de
madeira (SILVA, et al., 2017). Uma das áreas que mais consome o produto é o setor
moveleiro, usando tanto a madeira maciça, como seus derivados no mobiliário.
A indústria moveleira é uma das mais importantes e antigas, instaurada no
Brasil por volta de 1836, quando imigrantes europeus trouxeram maquinários que
possibilitaram o início da fabricação de móveis no país. Aos poucos, a produção se
desenvolveu por todos os territórios, principalmente nas regiões Sul e Sudeste, que
até hoje concentram cerca de 80% do número de estabelecimentos de produção de
móveis (SEBRAE, 20179). Sendo de extrema importância para geração de renda e
empregos, continua como um âmbito empresarial atual e de grande popularidade
no mundo, afetando inúmeras pessoas em diversas áreas, desde a comercial até a
ambiental.
A área de projeção e construção do mobiliário abrange também aspectos
socioambientais, uma vez que sua matéria-prima majoritária é proveniente do
meio-ambiente, mesmo tendo uma gama de outros materiais disponíveis no

8
Disponível em: <https://casadealessa.com.br/produto/bancotaipa/>. Acesso em: 08 set 2020.
9
Disponível em:
<https://www.sebrae.com.br/Sebrae/Portal%20Sebrae/UFs/BA/Anexos/Madeira%20e%20m%C3%B3
veis%20planejados.pdf> Acesso em: 25 out 2020
18
mercado (RAMOS et al., 2017). A lista de elementos que podem ser utilizados no
mobiliário é imensa, a escolha varia muito de acordo com cada designer e o uso ao
qual o produto está destinado. Os mais comuns são a madeira, o metal e o
plástico, sendo a madeira mais popular no emprego de móveis ao redor do mundo.
Ela pode ser manuseada tanto em móveis retilíneos, com formatos simples e retos,
como em torneados, que envolve um planejamento mais complexo, com mais
detalhes, os quais são, geralmente, fabricados em madeira maciça (GORINI, 1998,
apud RIUL & RIBEIRO, 2012).
Há uma preocupação ambiental envolvendo o descarte e/ou mal uso desses
materiais, que podem resultar na geração de inúmeros tipos de resíduos,
desmatamento de árvores e, como alguns produtos contém substâncias tóxicas, a
matéria provoca riscos ao profissional e ao meio ambiente. Uma vez que são
usadas combinações de materiais naturais com produtos de origem química,
metalúrgica e têxtil, é de extrema importância manter o hábito da separação e
destinação apropriada dos resíduos, algo pouco feito por marcenarias. Os autores
Riul e Ribeiro (p. 18, 2012) separam os principais materiais usados pelo ramo do
mobiliário em:
● Madeira maciça: serrada ou tornada, verde ou seca (ar ou estufa), em
blocos colados ou em lâminas de madeira reconstituída, como a madeira
compensada, chapas de madeira aglomerada e chapas de fibras;
● Produtos químicos: mais usados na etapa de acabamento do móvel, como
tintas, vernizes, adesivos, resinas, solventes, abrasivos, soldas, óleos,
lubrificantes;
● Plásticos: plástico para injeção, filmes, laminados, espumas e componentes,
como puxadores, dobradiças e corrediças;
● Recobrimentos têxteis: couros naturais ou artificiais;
● Elementos adicionais: vidros, rochas, fibras naturais e sintéticas,
embalagens.

19
FIGURA 6: Poltrona LOTUS, feita com fibras naturais

10
Fonte: Amazônia Móveis

De acordo com Unicamp e ABDI (200811), existe uma constante renovação de


materiais que buscam agredir menos o meio ambiente e substituir o uso da madeira
com produtos de mesma qualidade. Novos compostos, plásticos com mais
resistência e tintas a base d’água são exemplos dessa gama ecológica, porém a
principal tendência mundial na indústria do mobiliário é a substituição de madeiras
nativas por reflorestadas, como o pinus e eucalipto, ou pelas chapas e painéis de
madeiras reconstituídas. O MDF é o material que mais se destaca no âmbito de
chapas e painéis, apesar de ser apenas um entre muitas outras opções. É feito a
partir de partículas de madeira prensada e foi introduzido no mercado por volta dos
anos 80. As chapas ou painéis são combinadas nos móveis junto com a madeira
maciça, a fim de propiciar uma melhor qualidade e redução de custo. Podem ser
combinados também vidros, metais, pedras, couros e plásticos, que trazem um
diferencial ao móvel.

10
Disponível em: <http://www.amazoniamoveis.com.br/produtos_view.asp?id=311> Acesso em> 29
set. 2020
11
Disponível em:
<https://www.eco.unicamp.br/neit/images/stories/arquivos/RelatorioABDI/moveleira_vol-I_junho2008.p
df> Acesso em: 25 out. 2020
20
Além do MDF, existem ainda outros derivados de madeira existentes no setor
moveleiro, os compensados, podendo ser sarrafeado ou multilaminado; os
aglomerados; o MDP (Medium Density Fiberboard ou Partícula de Média
Densidade); e o OSB (Oriented Strand Board ou Painel de Tiras de Madeira
Orientadas). Tais processos de industrialização da madeira resultam na geração de
resíduos, que são tratados de maneira incorreta por muitas empresas, sendo
depositados em aterros ou queimados a céu aberto (SILVA, et al., 2017).
Apesar das tentativas de diminuir a degradação ambiental causada pelo ramo
moveleiro, ainda existe uma grande quantidade de resíduos gerados que não são
aproveitados, ou que recebem um destino inadequado na natureza (RAMOS et al.,
2017). De acordo com a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e
Agricultura (FAO apud TESTA e TORRES, 2010), durante todo o processamento da
madeira são produzidos resíduos, em que somente de 40% a 60% do total da
madeira é aproveitado, sedimentos que poderiam ser vendidos para outras
empresas para fins diversos, como energia, chapas de partículas e fibras ou
briquetes, passando a ser um subproduto que gera lucros.
Os resíduos sólidos são gerados principalmente a partir dos processamentos
feitos nas chapas de MDF, que ocasionam em serragem e cepilhos em todas as
etapas, como corte, sistemas de encaixe e perfuração do material (HEDLUND,
2013). A serragem é encontrada em grande parte das indústrias que trabalham com
madeira, produzida em maior quantidade no processo de usinagem com serras, já o
cepilho é provocado pelo processo em plainas. Existe também a lenha, que engloba
substâncias maiores, como aparas, refilos, cascas e roletes, estando igualmente
presente na maioria das indústrias que trabalham com a madeira. Brito (apud TESTA
e TORRES, 2010) aponta que o resíduo de maior representatividade é a lenha, com
71% da totalidade dos resíduos, seguido pela serragem com 22% e, logo após, os
cepilhos com 7% do total. Os resíduos de MDF poderiam, por exemplo, ser
empregados num aglutinado com cola de amido e silicone de vedação, receita de
Pinto et al. (2016) para a criação de uma chapa resistente, com característica
elástica e não propícia para a produção de mofos e fungos.

21
As empresas por muitos anos julgaram os resíduos como uma sobra
inconveniente, que apenas ocupa espaço. Por conta disso, passaram décadas
atribuindo um fim arcaico a eles, como depositando-os em aterros, ou
incinerando-os com o apoio de queimadores, tendo o simples objetivo de desocupar
espaço. Todavia, essas atividades resultam na degradação do meio ambiente, e
pode até oferecer perigo aos trabalhadores (FONTES, 1994), já que são utilizados
produtos químicos para a conservação, acabamento e aglutinação das fibras de
alguns materiais (RIUL e RIBEIRO, 2012). A queima do material é o que mais gera
preocupação entre os ambientalistas, uma vez que existem compostos químicos
agregados à madeira e seus derivados que reagem ao fogo, liberando gases
nocivos para a atmosfera. Um exemplo, é o uso de formaldeído, substância tóxica e
cancerígena, podendo contaminar os solos e prejudicar a saúde humana (PINTO et
al., 2016).
Os autores Testa e Torres (2010), Ramos et al. (2017), Riul e Ribeiro (2012) e
a SEBRAE (2017), consentem que todo o material resultante dos processos pelo
qual a madeira passa deve ser reciclado, pois, quando mal descartado afeta, além
do meio ambiente, a saúde pública. Quando incinerado, os resíduos podem liberar
substâncias tóxicas que causam problemas respiratórios, contaminar os solos e
corpos d’água. A forma como é feito o descarte, coleta, tratamento e disposição final
afeta a vida em sua coletividade, fazendo com que esse compromisso deva ser
compartilhado por todas as empresas. Segundo Pinto et al. (2016, p. 4255) “é
possível perceber a importância do reaproveitamento dos resíduos gerados e a
necessidade de criar a consciência de minimizar os seus impactos após o
descarte.”, cabendo aos profissionais da área a responsabilidade de promover a
conscientização do uso e descarte da madeira e seus derivados.
As resultantes do descarte inadequado dos resíduos são desperdício de
matéria-prima já escassa, como a madeira, perda de biodiversidade, erosão dos
solos, contaminação dos cursos hídricos, alteração no clima do planeta e
deslocamento da população habitante de áreas exploradas. Mesmo com todos os
problemas causados por essa atividade, poucas empresas praticam a reciclagem ou
reintegração dos resíduos (RIUL e RIBEIRO, 2012). Em geral, é preciso ter acesso a

22
dados atualizados e manter os resíduos separados por suas características, para
que se obtenha um bom aproveitamento (FONTES, 1994).
Muitos não consideram as questões ambientais, por envolver um investimento
econômico em armazenar, transportar e destinar a matéria a um fim adequado
(RAMOS et al., 2017). Por envolver o investimento em equipamentos mais
tecnológicos, mão de obra qualificada e um planejamento para o descarte correto, é
comum microempresas optarem por não seguir normas ambientais, já que elas
dispõem de menos verba que grandes indústrias.
Grande parte dos insumos resultantes do ramo moveleiro são derivados de
empresas de micro e pequeno porte. Há uma concepção de que, em comparação
com grandes empresas, os resíduos gerados por elas não afetam significativamente,
então não é necessário investir e se adequar a critérios ambientais. ABIMÓVEL
(2008, apud RIUL e RIBEIRO, 2012) estabelece que, no território brasileiro existem
em torno de 16.000 empresas moveleiras formais, sendo que, dentre elas, 15.554
são de micro ou pequeno porte. Ainda admite-se que o número aumenta de modo
relevante quando considerados as empresas informais. Uma característica
substancial desse nicho é o maquinário antiquado ainda usado, o que gera ainda
mais resíduos (RAMOS et al., 2017).
De acordo com Fontes (1994), as indústrias que realizavam o processamento
no estado do Paraná, no ano de 1984, tinham uma geração de resíduos em 2,16
milhões de toneladas/ano, exemplificando o enorme número de desperdícios que já
ocorreram na indústria moveleira. Esta quantia equivale a 20 mil hectares de
florestas de Eucalyptus. O mesmo autor enfatiza que, para um melhor
aproveitamento da madeira, deve-se considerar o tamanho da indústria em questão,
os equipamentos utilizados, as espécies e o tamanho dos diâmetros da
matéria-prima. O tamanho do diâmetro influencia na quantidade de resíduos que
serão gerados, árvores com maior circunferência proporcionam um melhor
rendimento em madeira serrada. As serragens e costaneiras representam de 25% a
70% do volume da tora.

23
2.4 Compósito de madeira-plástico

Além do problema do descarte inadequado e desnecessário dos resíduos de


madeira citado anteriormente, a produção em massa de plástico é outro problema
grave no Brasil. Na lista de maiores produtores, o país se encontra em 4º lugar,
produzindo 11.355.220 milhões de toneladas por ano e reciclando apenas 1,2%
deste total, ou seja, 145.043 toneladas apenas (COELHO, 2019)12.
Dentro dos países que mais produzem plástico, o Brasil é o que menos
recicla. Esses dados mostram a urgência de tomar decisões quanto a todo esse lixo,
que deveriam ser reciclados e reaproveitados por toda a nação. Uma das
alternativas para se dar o destino adequado ao resíduo é reunir o material com as
serragens e cepilhos derivados do processamento da madeira pinus e aglomerados,
buscando criar compósitos funcionais. De acordo com Corrêa (2004, p. 6):

Unindo-se esses dois materiais — os resíduos de madeira e os plásticos


reciclados — pode-se: obter materiais compósitos com potencialidades para
diversas aplicações e propriedades peculiares que os distinguem de outros
materiais atualmente utilizados na indústria moveleira; eliminar o desperdício;
diminuir gastos com energia na produção de matéria-prima e colaborar com a
qualidade de vida transformando o lixo em matéria-prima.

O autor criou um novo compósito de madeira-plástico para a indústria


moveleira que se assemelha aos demais produtos no mercado, como o MDF.
Utilizou de resíduos de madeira com termoplásticos reciclados, aplicando adesivos
de uréia-formaldeído para a manufatura de painéis termo prensados. De baixo custo,
é uma boa opção tanto para proporcionar um fim adequado aos materiais, quanto
para movimentar o capital do país/região, uma vez que seria necessária mão de
obra na fabricação do painel.
Compósito é o resultante da mescla entre dois ou mais componentes,
diferentes na forma e estrutura química, buscando se obter um material com maior
qualidade em comparação aos seus constituintes individuais. Normalmente, um se
torna a matriz e outro o reforço, que dará a resistência necessária. A

12
Disponível em:
https://g1.globo.com/natureza/noticia/2019/03/04/brasil-e-o-4o-maior-produtor-de-lixo-plastico-do-m
undo-e-recicla-apenas-1.ghtml. Acesso em: 25 nov 2020
24
ureia-formaldeído, no compósito de Corrêa, assume o papel de agente de ligação,
substância usada para tratar ou modificar a face da madeira e dos termoplásticos a
fim de melhorar a sua combinação. O processo de termoprensagem pela qual o
produto passa se dá pela produção de painéis com pressão e temperatura.
Para o delineamento de avaliação, foram realizados 28 tratamentos,
combinando pinus e aglomerado em quatro níveis, 50%, 65%, 80% e 100%; os
termoplásticos polietileno de baixa densidade (PEBD) e polipropileno (PP) a 20%,
35% e 50%; e mais dois níveis de adesivo de uréia-formaldeído, 6% e 9%. Chapas
com dimensões aproximadas de 400x400x12mm foram produzidas, com densidade
de 0,61 g/cm³.

FIGURA 7: Combinação dos componentes.

Fonte: Corrêa, 2004, p.72

25
Para a seleção de resíduos do aglomerado, foi utilizada uma peneira com
malhas variando de 0,14mm a 2,36mm, selecionando as partículas que passaram na
peneira de 2,36mm e as que ficaram presas na de 0,42mm. A separação
granulométrica deve ser feita em ambos os componentes, para ser possível a
separação em duas faixas: os resíduos maiores de plástico para os resíduos de
pinus, e os menores para os de aglomerado.
Para classificar as partículas de PEBD, foram utilizadas peneiras com malhas
variando de 0,14mm a 9,52mm. As partículas que passaram de 7,93mm e as retidas
em 3,36mm foram utilizadas para os resíduos de pinus. Para os resíduos de
aglomerado, as partículas de PP foram processadas em moinho de martelo, e
unidas aos resíduos que passaram em 3,36mm e as retidas em 0,42mm.
Com o intuito de empregá-las na indústria moveleira, os painéis produzidos
por Corrêa (2004) estão de acordo com a norma NBR 1410-3 (2002) para chapas de
madeira aglomerada. De seu estudo, concluiu-se que a adição de termoplástico nos
tratamentos influencia negativamente a tração perpendicular; chapas feitas com
resíduos de pinus e PEBD têm bons resultados do módulo de ruptura e elasticidade,
independente de mistura; os tratamentos com resíduos de pinus e termoplásticos
têm uma boa resistência à retirada de parafusos; maior porcentagem de
termoplástico nos tratamentos interfere positivamente no teor de umidade, na
absorção de água e no inchamento em espessura; as chapas com 9% de adesivo
influenciaram positivamente na absorção de água, inchamento em espessura e a
resistência em tração perpendicular.
Examinando as características do compósito madeira-plástico, é evidente
suas propriedades favoráveis ao emprego de móveis, sendo uma importante
alternativa para os resíduos da indústria e podendo ser algo revolucionário no modo
como tratamos os resíduos. Por ser condizente com os conceitos do ecodesign e
utilizar de materiais de fácil acesso, será usado como solução aos objetivos do
projeto de fazer com que os resíduos de madeira da Escola Técnica Estadual
Monteiro Lobato sejam úteis para o instituto, podendo ser aplicados nos móveis
produzidos pelos próprios alunos.

26
3. METODOLOGIA

A metodologia consiste em uma disciplina que busca explicar a técnica usada


durante uma pesquisa acadêmica, validando os diversos procedimentos disponíveis
para se chegar à conclusão (FREITAS & PRODANOV, 2013). Pesquisa é o
desenvolvimento analítico intencionado a responder perguntas cujas respostas são
desconhecidas (GIL, 2002). Método, de acordo com Ferreira (1975, p. 503), é o
“procedimento organizado que conduz a um certo resultado”. Metodologia, por sua
vez, é caracterizada como “o conjunto de métodos, regras e postulados em
determinada disciplina, e sua aplicação”.
A finalidade da pesquisa classifica-se como aplicada, uma vez que designa
construir um acervo de conhecimentos específicos que possibilitará seu emprego
posteriormente (GERHARD, 2009). O estudo sobre sustentabilidade e ecodesign
realizado no projeto será aplicado na construção de um móvel projetado para
ambientes internos, feito de serragem e termoplástico. Sendo esta matéria-prima
reciclada, proveniente do curso de Móveis, da Escola Técnica Estadual Monteiro
Lobato.

3.1 Classificação

O projeto é embasado, primeiramente, em uma pesquisa bibliográfica que


proporcionará uma maior intimidade com o problema abordado, a fim de trazer
conhecimento o bastante para que seja possível a realização de soluções ou
hipóteses (GIL,2002). Quanto aos objetivos, será exploratória, com tratamentos de
dados qualitativos, em que é adotado um método teórico, com aspectos não
quantificados (GERHARD, 2009).
Após a pesquisa bibliográfica, será realizado um questionário, cujo objetivos
têm teor descritivo, que consiste em, segundo Gil (2002), no estudo que visa retratar
traços de determinado fenômeno ou população, com critérios quantitativos, pois
aplicará um levantamento através do questionário para coleta de dados.

27
Quanto ao tratamento dos objetivos, a pesquisa identifica-se primordialmente
como exploratória, uma vez que busca a sapiência em determinado campo de
estudo para possibilitar a construção de hipóteses (GERHARD, 2009). Após tal
etapa, descreverá uma realidade ou fenômeno por meio de levantamento,
classificando-se como uma pesquisa descritiva (GIL,2002).
O levantamento será realizado através de questionário. Os resultados
decorrentes serão analisados de forma quantitativa, conceituada por Gerhard (2009)
como a pesquisa onde há objetividade na coleta e análise de dados, de forma
estatística.

3.2. Descrição das atividades

Primeiramente, será realizada uma pesquisa bibliográfica sobre


sustentabilidade, ecodesign, designers sustentáveis e os principais elementos de
suas criações, o manuseio da madeira no ramo moveleiro, bem como a própria
madeira e a serragem. O conteúdo será pesquisado por meio eletrônico, a partir de
artigos acadêmicos da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e dos
artigos disponibilizados no site SciELO e Google Scholar, juntamente com matérias
de revistas digitais. A pesquisa terá início em julho de 2020 e encerrará em
dezembro do mesmo ano.
A Escola Técnica Estadual Monteiro Lobato foi fundada em 1960, na cidade
de Taquara-RS, pelos professores Fernando Carlos Sperber, Harald Alberto Bauer e
Arnaldo de Freitas. Amplamente conhecida como CIMOL, a instituição vem a 60
anos acolhendo jovens adultos que têm a opção de escolher entre oito cursos
técnicos: Eletrônica; Eletrotécnica; Técnico em Móveis; Mecânica; Design de Móveis;
Química; Informática; e Meio Ambiente.
Dentre os cursos mencionados, os que mais possuem probabilidade de
desperdício de resíduos são Mecânica, que trabalha com metais e plásticos, e o
Técnico em Móveis, cuja matéria-prima mais utilizada é o MDF. Por este motivo,
ambos foram escolhidos como objetos de estudo, visando o aperfeiçoamento da
escola em questões ambientais.

28
O levantamento será feito com base no questionário, previamente elaborado,
entre o pesquisador e os coordenadores dos cursos, a fim de saber a quantidade de
serragem, plástico e aço desperdiçados anualmente. Logo após os dados serem
coletados, as informações serão dispostas em gráficos para que fique claro a quantia
de material gasto. A serragem, principal elemento do estudo, virará a matéria-prima
do móvel, tendo assim um fim adequado.
Os esboços dos desenhos dos móveis reuniram todos os conhecimentos
adquiridos até então. Pretende-se esboçar dois móveis para ambientes internos. A
partir dos esboços, serão feitos os memoriais justificativos e descritivos da obra.
Também será realizado o detalhamento de um móvel escolhido, por meio de
softwares. A ferramenta a ser utilizada é o software de design Autodesk, visando
representar o móvel de forma mais autêntica possível.

3.3 Cronograma

MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ JAN

BRAINSTORM X

COLETA DE DADOS X X X X X

INTRODUÇÃO X

FUNDAMENTAÇÃO X X X

METODOLOGIA X X X

ESBOÇOS X
CONCEITUAIS

PRÉ-BANCA X

DETALHAMENTO X X

MEMORIAIS X X

PROTOTIPAGEM X

REVISÃO E X X X X X X X
FORMATAÇÃO

ENTREGA E X X
APRESENTAÇÃO

29
4. RESULTADOS

4.1 Levantamento

Os resíduos de madeira são, como visto anteriormente, materiais produzidos


em abundância nas marcenarias e nem sempre recebem um destino adequado,
criando um potencial de degradação que pode afetar diretamente a saúde humana.
Julgados como indefesos ao meio ambiente, os resíduos de madeira são, em sua
maioria, descartados em aterros ou incinerados, mesmo tendo suas características
aptas para reaproveitamento e/ou reciclagem.
A Escola Monteiro Lobato, por possuir um ambiente específico para o trabalho
com madeiras e aglomerados, é suscetível ao desperdício desses materiais.
Aspirando descobrir a quantidade de resíduos produzidos por ano e qual o fim
designado, realizou-se uma entrevista online com o coordenador do curso técnico de
Móveis, responsável pela marcenaria usada também pelos alunos de Design de
Móveis.
De acordo com o professor, a compra do material é realizada em empresas
fornecedoras de forma recorrente, variando entre MDF e pinus. Ocorre uma perda
de 10% tanto para a madeira quanto para o aglomerado. Medidos em sacos
plásticos, são 600 por ano; 300 de serragem, destinada a terceiros para
compostagem, processo biológico que aproveita materiais orgânicos; e 300 sacos
contendo os resíduos menores, o pó da madeira, enviado para entulhos. Os dados
apresentam a possibilidade de trabalhar com os resíduos para se tornarem úteis
para a instituição, aproveitando 100% destes, evitando possíveis desperdícios e,
consequentemente, a degradação ambiental.
A fim de obter informações para futuros estudos, pesquisou-se também quais
materiais utilizados pelo curso técnico de Mecânica, quando ocorre a compra e seu
descarte. Foi esclarecido pelo coordenador de Mecânica que as matérias-primas
mais utilizadas são o aço e plástico adquiridos sazonalmente, de acordo com a
necessidade. Em questão de desperdício, é praticamente 0, uma vez que as sobras
são reservadas para trabalhos pósteros.

30
4.2 Esboços Conceituais

Projetados com o intuito de atender aos conceitos do ecodesign, a cristaleira


Cofresí e o rack Merídio são constituídos pelo compósito madeira-plástico, material
reciclado que utiliza de resíduos madeireiros e termoplásticos, podendo ser
reutilizado infinitas vezes. Ambos empregam produtos com caráter ambiental, menos
prejudiciais ao meio ambiente e de fácil acesso no mercado.

FIGURA 8: Esboço cristaleira Cofresí

Fonte: adaptado de autor

A cristaleira Cofresí utiliza vidro, nas prateleiras, e corda sisal como


acabamento nas laterais, produtos escolhidos por serem recicláveis e de origem
natural. A chapa reciclada que constitui a estrutura, condiz com o objetivo do projeto
de diminuir os resíduos no Design de Móveis da Escola Monteiro Lobato e
demonstra uma das infinitas possibilidades de uso para o material.
O móvel contém 72 cm de largura, 173 cm de altura e 38 cm de espessura, o
acabamento é feito em verniz fosco à base d’água na cor imbuia. As laterais e

31
puxadores são em corda sisal 8 mm. Suas prateleiras, de vidro transparente
temperado 5 mm, são dispostas com distância de 30 cm entre cada uma.

FIGURA 9: Esboço rack Merídio

Fonte: adaptado de autor

Assim como a cristaleira Cofresí, o rack Merídio tem como matéria-prima


principal o compósito madeira-plástico, tornando-se condizente com os conceitos do
ecodesign por se tratar de um produto não poluente e reciclável. Possui diversos
compartimentos, anulando a necessidade de ademais móveis no ambiente com o
intuito de guardar objetos.
O rack tem dimensões de 205 cm de largura, 65 cm de altura e 40 cm de
profundidade. Seu tampo é constituído por uma metade de vidro transparente
temperado 8 mm, e o restante pela chapa em espessura de 2 cm. Apresenta duas
gavetas e um armário em tinta acrílica à base d’água na cor verde água.

4.3 Rack Merídio

O ecodesign unido ao Design de Móveis resulta em um projeto que considera


os efeitos negativos no meio ambiente em decorrência das escolhas do designer,
que buscará o projeto de um móvel com vida útil prolongada e pouca probabilidade

32
de poluição. Sendo uma área que acaba por ter influência sobre diversas pessoas, é
essencial considerar questões ecológicas na hora de projetar e comprar o produto.
Fundamentado dentro desses conceitos, visando atender um público
consciente que busca por produtos ecológicos e de fácil acesso, o rack Merídio foi
escolhido para a execução do projeto. Alterado a altura do nicho com tampo de
vidro, a limpeza do espaço se torna mais fácil e possibilita seu uso.
O móvel é constituído por um compósito feito de material não biodegradável,
os termoplásticos, proporcionando-os um fim adequado, junto com os resíduos
madeireiros. Essa característica o classifica como não prejudicial ao meio ambiente,
uma vez que poderá ser reciclado diversas vezes. Para atribuir o viés ambiental em
todas as parcelas do móvel, foram escolhidas tintas à base d’água para o
revestimento. Os produtos de cunho consciente vem estando mais presente no
comércio, visando atingir esse novo nicho de mercado, o que colabora para o
ecodesign. O uso do vidro, material 100% reciclável, também condiz com o foco do
projeto.
Pretendendo anular a necessidade de outro mobiliário de armazenamento, o
rack tem vários nichos, gavetas e armário, abrindo a possibilidade de partilhar
diversos objetos em seu interior. Pensando nesse aspecto, o nome foi inspirado na
palavra “partilhar” que, em grego, tem som semelhante à “merídio”.

33
FIGURA 10: Rack Merídio finalizado

Fonte: adaptado de autor

O rack Merídio tem dimensões de 205 cm de largura, 65 cm de altura e 40 cm


de profundidade. Seu tampo é dividido em duas partes, uma constituída por vidro
temperado transparente 8mm, e o restante pela chapa em espessura de 2 cm. As
duas gavetas, no canto inferior esquerdo, são em 50x20x35,5 cm. Já o armário, no
canto esquerdo, tem 42x40x38,5 cm.
O primeiro nicho na parte esquerda tem 102x18x40 cm, o que vem seguida,
apresenta 51x15x38,5 cm. O terceiro nicho possui o mesmo de largura e
profundidade, mudando apenas a altura, com 24 cm. A primeira repartição da parte
direita tem 98x16x38,5 cm. As dimensões de altura e profundidade dos nichos
seguintes são iguais aos do lado esquerdo, mudando apenas a largura em 56 cm.
O revestimento das gavetas e do armário é em tinta acrílica a base d’água na
cor verde água, o montante é em verniz também a base d’água na cor canela.

4.4 Detalhamento

34
5. CONCLUSÃO

Este projeto procurou descobrir a quantidade de serragem e pó de madeira


que são gerados na Escola Técnica Monteiro Lobato, a fim de indicar uma maneira
possível de transformá-los em matéria-prima reutilizável para o uso dos alunos.
Dessa forma, os cursos técnicos de Design de Móveis e Móveis estariam atrelados
ao ecodesign, transformando a instituição e o município de forma a diminuir os
impactos ambientais causados pelos insumos e a geração de resíduos por meio do
reaproveitamento.
A marcenaria opera dois materiais principais, a madeira pinus e o MDF.
Quando trabalhadas, produzem por ano 300 sacos plásticos de serragem e mais
300 contendo os resíduos menores. Para modificar o material, foi escolhida a
fórmula do compósito madeira-plástico do autor Corrêa (2004), que apresenta
características semelhantes às do MDF, possibilitando o uso para ambos os cursos.
Os resíduos, destinados à terceiros, são gerados de forma contínua ano após
ano. Seria de grande benefício para a escola transformá-los em matéria-prima,
considerando que nem sempre estão realmente tendo um destino correto. Adquirir o
hábito de encontrar maneiras para aproveitar o que é considerado lixo serviria como
exemplo para a região e seria de grande importância para a educação ambiental dos
alunos de Design de Móveis, que se tornarão profissionais ambientalmente
conscientes. Considerando a influência do setor sobre demais áreas, é um ato
significativo para formar designers voltados para o ecodesign e sustentabilidade.
Com o compósito madeira-plástico, mostrou-se possível dar a essa
quantidade exagerada de resíduos um fim adequado, que será útil para a escola e
poderá ser reutilizado diversas vezes. A fórmula utiliza de elementos de fácil acesso
e apresenta preparação simples, estando de acordo com os diversos requisitos do
ecodesign. Para trabalhos futuros, recomenda-se a efetiva implementação do
compósito em uma linha de móveis com a intenção de testar suas reais
características.

35
6. REFERÊNCIAS

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O MEIO AMBIENTE, N. 6º, 2018, Bento Gonçalves, RS. Abril, 2018.
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