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RELATÓRIO DE PESQUISA
VITÓRIA ALVES
TAQUARA
2020
VITÓRIA ALVES
Taquara
2020
2
LISTA DE FIGURAS
3
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO...…………………………………………………………………….....…5
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA.…………………………………...……..………..…...7
2.2 Ecodesign………………............................................................................11
3. METODOLOGIA………………………………………………………………….……..27
3.1 Classificação……………………………………………………………..……..27
3.3 Cronograma…………………………………………………………….………29
4. RESULTADOS…………....……………………………………………………………..30
4.1 Levantamento…………………………………………………………..………30
4.4 Detalhamento…………………………………………………………………..35
5. CONCLUSÃO…………………………………………………………………………....35
6. REFERÊNCIAS………………………………………………………………………….36
4
1. INTRODUÇÃO
5
relação com o meio ambiente e outras questões sociais. O objetivo 11, meta 11.6,
intenciona “Até 2030, reduzir o impacto ambiental negativo per capita das cidades,
inclusive prestando especial atenção à qualidade do ar, gestão de resíduos
municipais e outros”. Outro objetivo que se encaixa com o propósito do projeto é o
12, meta 12.5, que almeja “Até 2030, reduzir substancialmente a geração de
resíduos por meio da prevenção, redução, reciclagem e reuso”. Pelo seu grau de
importância, é notável a falta de estudos que demonstram a relação entre Design de
Móveis e ecodesign.
Quanto à metodologia, o trabalho possui uma primeira etapa bibliográfica,
com classificação dos objetivos sendo exploratório. O tratamento de dados é
qualitativo.
Após a pesquisa bibliográfica, será feito um levantamento caracterizado,
quanto aos seus objetivos, como descritivo. O levantamento decorrerá na forma de
questionário direcionado aos coordenadores dos cursos de Móveis e Mecânica,
visando coletar dados que serão tratados de modo quantitativo.
6
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
7
administração eficiente e racional dos recursos naturais, de forma que seja possível
melhorar o bem-estar da população atual sem comprometer a qualidade de vida das
gerações futuras.
Chambers, 2000, (apud MIRANDA, MEDEIROS et al., 2016) reflete sobre
como o meio ambiente, juntamente com sustentabilidade, é tratado como algo
distante da humanidade e não como parte de um todo, como parte da sociedade,
trabalho e família. A sustentabilidade, para surtir resultados, deve se integrar a
humanidade indo além de apenas uma gestão de recursos, a sociedade deve se
adaptar aos padrões de vida exigidos pela natureza. O avanço ecológico não pode
ser considerado apenas, por exemplo, o controle da poluição. O problema a ser
tratado na relação entre as pessoas e o ecossistema não é somente ambiental ou
econômico, e sim, um problema social (MIRANDA, MEDEIROS et al., 2016). Higuchi
e Zacarias (2017, p.121) compartilham dessa mesma opinião:
8
necessidades, reconciliando crescimento econômico, desenvolvimento social e
proteção do meio ambiente. Bellen (2003, p.72) afirma que “nosso atual modelo de
desenvolvimento é autodestrutivo e as diversas iniciativas para modificar este
quadro não têm sido (...) efetivas para reverter o processo de deterioração global”.
Para que ocorra o desenvolvimento sustentável, é preciso que todos tenham
suas necessidades básicas atendidas e que lhe sejam proporcionadas
oportunidades de concretizar suas aspirações a uma vida melhor (CMMAD, 1991).
De acordo com Carta da Terra (2003,p.1),
A busca por essa sociedade utópica, onde o ser humano e o meio ambiente
vivem em harmonia, vêm tendo um crescimento considerável, afetando
positivamente várias áreas, ao transformá-la num recurso que agrega valor. Por
exemplo, no âmbito empresarial, o selo de sustentabilidade é um recurso que
diferencia a empresa das demais e pode gerar lucro, visto que o consumidor tende a
ser cada vez mais criterioso ao optar por produtos e serviços ambientalmente
corretos, está disposto também a pagar mais. Assim, a corporação vai reduzir
custos, resíduos, gerar lucros e, passando uma imagem de rede saudável e
confiável, melhora também a relação com o consumidor (MIRANDA, MEDEIROS et
al., 2016).
Organizações ecologicamente corretas são essenciais para conseguirmos
atingir o nível de sociedade sustentável, já que estas são responsáveis por grande
parte da deterioração ambiental. Sociedade sustentável equivale àquela onde há
construção de relacionamento pautado em valores, crenças e relações humanas que
desenvolvam nossa capacidade de aprender em grupo. Em última instância, o que
falta para nos levar ao futuro sustentável é a capacidade de aprender com o outro,
superando impasses e fazendo com que se torne possível promover hábitos e
comportamentos sustentáveis.
9
Uma das causas da degradação do meio ambiente é o modelo de consumo e
produção desenfreados que adotamos. Esse modelo tem como base a ideia de que
os recursos naturais são infinitos e que a abundante geração de resíduos é
inevitável. Na seguinte figura, é representada a exploração de recursos da natureza,
pouco eficiente, e que ainda gera uma quantidade de resíduos e agentes poluentes
descomunal no ecossistema (TEIXEIRA et al., 2005):
FIGURA 1 : Modelo atual de produção e consumo e sua relação com o meio ambiente
1
Disponível em: <www.redalyc.org/articulo.oa?id=66120105>
Acesso em: 11 ago 2020.
10
2.2 Ecodesign
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al. (2005), o processo do design ecológico que busca atender a todos os requisitos,
com uma visão holística, desde as etapas de produção até seu transporte,
armazenagem, uso, reuso, reciclagem e descarte, é denominado Life Cycle Design
(projeto do ciclo de vida).
Design ecológico, em síntese, é a área que busca criar elementos que
integram aspectos ambientais no seu desenvolvimento, preocupando-se em manter
sua sustentabilidade e a preservação dos recursos naturais (AZEVEDO et al., 2016).
Sendo um campo que, ao decorrer do tempo, tem seu escopo mais abrangente
(GARCIA, 2007), a única preocupação que deve sempre se manter é a relação do
designer com o ser humano, mantendo-se ciente de sua influência sobre os
indivíduos e assumindo a responsabilidade social de suas ações (PAPANEK apud
AZEVEDO et al., 2016). Devido à sua influência, os profissionais da área se tornam
instrumentos de conhecimento e criação para o caminho até a sustentabilidade.
O papel do designer também se torna mais importante devido a preocupação
com a sustentabilidade e preservação dos recursos naturais, fato que é provado pelo
crescente aumento de publicações, a partir dos anos 90 e 2000, que têm entre suas
palavras-chaves “ecodesign” e “sustentabilidade” (AZEVEDO et al., 2016). Outro
fator que sugere o aumento das pesquisas é o ecodesign sendo transformado em
uma estratégia de marketing, como um diferencial mercadológico.
De acordo com Naveiro et al. (2005), a aceitação ambiental é a maior
estratégia competitiva adotada pelas empresas. Busca atingir um novo público
consumidor específico, levando a sustentabilidade como tática para ampliar o
mercado. Já Venzke (2002), acredita que a sustentabilidade agregada ao
desenvolvimento é necessária no Brasil como forma de destacar os produtos
brasileiros no mercado exterior, uma vez que tendem a perder competitividade
devido, dentre outras coisas, às crescentes restrições relacionadas às normas
ambientais. Então, “faz-se necessário uma modernização e fortalecimento de toda a
cadeia produtiva do setor, tendo em vista as questões ambientais, para que sejam
alcançados níveis de desenvolvimento compatíveis com esses mercados” (2002,
p.2).
12
No âmbito moveleiro, o ecodesign é de extrema importância devido ao
impacto ambiental negativo decorrente dessa área. Como muitos móveis são
descartados antes do fim de sua vida útil, é necessário mais produções de
matérias-primas e ocorre grande descarte dos produtos, que muitas vezes é
realizado de forma inadequada, encaminhados a aterros, principal destino do
mobiliário descartado. Demais impactos ambientais relacionados à indústria
moveleira são apontados por Garcia (2007, p. 19):
2
Disponível em: <https://www.sosma.org.br/conheca/mata-atlantica/>. Acesso em: 08 set. 2020.
3
Disponível em: <https://paranaportal.uol.com.br/cidades/araucaria-arvore-parana-risco-extincao/>.
Acesso em: 08 set. 2020.
13
Diante de tais dados, é necessário a reflexão de todas as áreas profissionais
que utilizam majoritariamente de recursos naturais, como a indústria moveleira. Os
materiais mais utilizados no ofício ainda são aqueles provenientes do meio natural,
como madeiras de florestas nativas ou reflorestadas, as industrializadas, o MDF e
outros aglomerados (PAVONI, RIZZON e FILHO, 2003).
Sendo um profissional capaz de influenciar os hábitos e decisões de diversos
indivíduos, tanto na criação de produtos ou no processo de desenvolvimento,
preferindo materiais que causam menos impacto, na redução destes materiais ou na
interferência dos processos de produção, o papel do designer se faz de notável
importância defronte aos problemas ambientais. Automaticamente adquirem a
responsabilidade de proporcionar outros meios de construção, mais ecológicos e
responsáveis, na tentativa de reversão da degradação (AZEVEDO et al., 2016) e no
processo de desconstrução da sociedade em relação aos materiais
reciclados/reutilizados, pois, de acordo com Souza (1999):
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Um projeto do artista que chama muita atenção é a instalação em espiral no
Conjunto Nacional, em São Paulo, capital. Composta por 34 anéis de compensado
laminado, com 100 cm de diâmetro, que possuem em seu interior elementos
recicláveis, como alumínio, garrafas pet, papelão, madeira, entulho e outros, a obra
ganha variadas cores e texturas (CONJUNTO NACIONAL).
Nido Campolongo, desde 1994 trabalhando com peças recicláveis, ficou conhecido
popularmente como o “artista do papel”. Em seu acervo, há móveis como estantes,
mesas, cadeiras, pufes, bancos, camas, poltronas e até divisórias, possibilitando a
construção de um ambiente inteiro apenas com suas obras (SALADO e SICHIERI,
2010).
4
Disponível em: <http://ccn.com.br/instalacao-espiral/>. Acesso em: 04 set. 2020
15
FIGURA 3: Interior da Oca de papelão
A Oca, feita de tubos de papelão e MDF, foi construída para o evento SOS Mata
Atlântica, em 2010, para realizarem palestras (CARVALHO, 2009)
5
Disponível em: <http://www.nidocampolongo.com.br/>. Acesso em: 04 set 2020
16
Domingos Tótora, designer de Minas Gerais-BR, é outro nome que se destaca
no ecodesign brasileiro. Traz em seu mobiliário objetos de decoração e detalhes que
remetem à natureza de seu estado natal, usando matérias-primas biodegradáveis e
atóxicas, sendo a principal delas o papelão reciclado. Tiépolo (2018, p. 37) aponta
que os artefatos do designer “contam com sua veia artística na expressão dos
objetos e a experimentação da forma e função”.
O manuseio que Domingos Tótora emprega no papelão é simples, certificado
como um método sustentável. A matéria-prima se transforma em uma massa
moldável, resultado do processo em que o papelão é desmanchado e tratado com
cola e outros derivados de aglutinação. Com a composição obtida, são moldados à
mão os móveis, objetos e peças decorativas do designer, seguido por sua secagem
ao sol e finalização (TÓTORA6).
De acordo com Teixeira e Paoliello (2018), Tótora produz seus produtos com
o mínimo de recursos possíveis, produzindo uma massa semelhante ao papel
machê. Como a composição é moldada a mão e disposta ao sol para secar,
demanda muito menos água e energia em comparação com outros processos
convencionais no design.
Para Pinho (apud TIÉPOLO, 2018) a diferença entre o papel maché comum
com a polpa moldável de Domingos Tótora é que “em sua versão, o resultado não é
frágil, como costuma ocorrer com a técnica, mas de uma surpreendente rigidez”,
trazendo produtos que “estabelecem um meio de produção diferenciado na
concepção do design.” (TEIXEIRA e PAOLIELLO, 2018 7).
6
Disponível em: <https://www.domingostotora.com.br/>. Acesso em: 09 set. 2020.
7
Disponível em: <http://convergencias.esart.ipcb.pt/?p=article&id=285>. Acesso em: 13 set. 2020
17
FIGURA 5: Banco Taipa
8
Fonte: Casa de Alessa
8
Disponível em: <https://casadealessa.com.br/produto/bancotaipa/>. Acesso em: 08 set 2020.
9
Disponível em:
<https://www.sebrae.com.br/Sebrae/Portal%20Sebrae/UFs/BA/Anexos/Madeira%20e%20m%C3%B3
veis%20planejados.pdf> Acesso em: 25 out 2020
18
mercado (RAMOS et al., 2017). A lista de elementos que podem ser utilizados no
mobiliário é imensa, a escolha varia muito de acordo com cada designer e o uso ao
qual o produto está destinado. Os mais comuns são a madeira, o metal e o
plástico, sendo a madeira mais popular no emprego de móveis ao redor do mundo.
Ela pode ser manuseada tanto em móveis retilíneos, com formatos simples e retos,
como em torneados, que envolve um planejamento mais complexo, com mais
detalhes, os quais são, geralmente, fabricados em madeira maciça (GORINI, 1998,
apud RIUL & RIBEIRO, 2012).
Há uma preocupação ambiental envolvendo o descarte e/ou mal uso desses
materiais, que podem resultar na geração de inúmeros tipos de resíduos,
desmatamento de árvores e, como alguns produtos contém substâncias tóxicas, a
matéria provoca riscos ao profissional e ao meio ambiente. Uma vez que são
usadas combinações de materiais naturais com produtos de origem química,
metalúrgica e têxtil, é de extrema importância manter o hábito da separação e
destinação apropriada dos resíduos, algo pouco feito por marcenarias. Os autores
Riul e Ribeiro (p. 18, 2012) separam os principais materiais usados pelo ramo do
mobiliário em:
● Madeira maciça: serrada ou tornada, verde ou seca (ar ou estufa), em
blocos colados ou em lâminas de madeira reconstituída, como a madeira
compensada, chapas de madeira aglomerada e chapas de fibras;
● Produtos químicos: mais usados na etapa de acabamento do móvel, como
tintas, vernizes, adesivos, resinas, solventes, abrasivos, soldas, óleos,
lubrificantes;
● Plásticos: plástico para injeção, filmes, laminados, espumas e componentes,
como puxadores, dobradiças e corrediças;
● Recobrimentos têxteis: couros naturais ou artificiais;
● Elementos adicionais: vidros, rochas, fibras naturais e sintéticas,
embalagens.
19
FIGURA 6: Poltrona LOTUS, feita com fibras naturais
10
Fonte: Amazônia Móveis
10
Disponível em: <http://www.amazoniamoveis.com.br/produtos_view.asp?id=311> Acesso em> 29
set. 2020
11
Disponível em:
<https://www.eco.unicamp.br/neit/images/stories/arquivos/RelatorioABDI/moveleira_vol-I_junho2008.p
df> Acesso em: 25 out. 2020
20
Além do MDF, existem ainda outros derivados de madeira existentes no setor
moveleiro, os compensados, podendo ser sarrafeado ou multilaminado; os
aglomerados; o MDP (Medium Density Fiberboard ou Partícula de Média
Densidade); e o OSB (Oriented Strand Board ou Painel de Tiras de Madeira
Orientadas). Tais processos de industrialização da madeira resultam na geração de
resíduos, que são tratados de maneira incorreta por muitas empresas, sendo
depositados em aterros ou queimados a céu aberto (SILVA, et al., 2017).
Apesar das tentativas de diminuir a degradação ambiental causada pelo ramo
moveleiro, ainda existe uma grande quantidade de resíduos gerados que não são
aproveitados, ou que recebem um destino inadequado na natureza (RAMOS et al.,
2017). De acordo com a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e
Agricultura (FAO apud TESTA e TORRES, 2010), durante todo o processamento da
madeira são produzidos resíduos, em que somente de 40% a 60% do total da
madeira é aproveitado, sedimentos que poderiam ser vendidos para outras
empresas para fins diversos, como energia, chapas de partículas e fibras ou
briquetes, passando a ser um subproduto que gera lucros.
Os resíduos sólidos são gerados principalmente a partir dos processamentos
feitos nas chapas de MDF, que ocasionam em serragem e cepilhos em todas as
etapas, como corte, sistemas de encaixe e perfuração do material (HEDLUND,
2013). A serragem é encontrada em grande parte das indústrias que trabalham com
madeira, produzida em maior quantidade no processo de usinagem com serras, já o
cepilho é provocado pelo processo em plainas. Existe também a lenha, que engloba
substâncias maiores, como aparas, refilos, cascas e roletes, estando igualmente
presente na maioria das indústrias que trabalham com a madeira. Brito (apud TESTA
e TORRES, 2010) aponta que o resíduo de maior representatividade é a lenha, com
71% da totalidade dos resíduos, seguido pela serragem com 22% e, logo após, os
cepilhos com 7% do total. Os resíduos de MDF poderiam, por exemplo, ser
empregados num aglutinado com cola de amido e silicone de vedação, receita de
Pinto et al. (2016) para a criação de uma chapa resistente, com característica
elástica e não propícia para a produção de mofos e fungos.
21
As empresas por muitos anos julgaram os resíduos como uma sobra
inconveniente, que apenas ocupa espaço. Por conta disso, passaram décadas
atribuindo um fim arcaico a eles, como depositando-os em aterros, ou
incinerando-os com o apoio de queimadores, tendo o simples objetivo de desocupar
espaço. Todavia, essas atividades resultam na degradação do meio ambiente, e
pode até oferecer perigo aos trabalhadores (FONTES, 1994), já que são utilizados
produtos químicos para a conservação, acabamento e aglutinação das fibras de
alguns materiais (RIUL e RIBEIRO, 2012). A queima do material é o que mais gera
preocupação entre os ambientalistas, uma vez que existem compostos químicos
agregados à madeira e seus derivados que reagem ao fogo, liberando gases
nocivos para a atmosfera. Um exemplo, é o uso de formaldeído, substância tóxica e
cancerígena, podendo contaminar os solos e prejudicar a saúde humana (PINTO et
al., 2016).
Os autores Testa e Torres (2010), Ramos et al. (2017), Riul e Ribeiro (2012) e
a SEBRAE (2017), consentem que todo o material resultante dos processos pelo
qual a madeira passa deve ser reciclado, pois, quando mal descartado afeta, além
do meio ambiente, a saúde pública. Quando incinerado, os resíduos podem liberar
substâncias tóxicas que causam problemas respiratórios, contaminar os solos e
corpos d’água. A forma como é feito o descarte, coleta, tratamento e disposição final
afeta a vida em sua coletividade, fazendo com que esse compromisso deva ser
compartilhado por todas as empresas. Segundo Pinto et al. (2016, p. 4255) “é
possível perceber a importância do reaproveitamento dos resíduos gerados e a
necessidade de criar a consciência de minimizar os seus impactos após o
descarte.”, cabendo aos profissionais da área a responsabilidade de promover a
conscientização do uso e descarte da madeira e seus derivados.
As resultantes do descarte inadequado dos resíduos são desperdício de
matéria-prima já escassa, como a madeira, perda de biodiversidade, erosão dos
solos, contaminação dos cursos hídricos, alteração no clima do planeta e
deslocamento da população habitante de áreas exploradas. Mesmo com todos os
problemas causados por essa atividade, poucas empresas praticam a reciclagem ou
reintegração dos resíduos (RIUL e RIBEIRO, 2012). Em geral, é preciso ter acesso a
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dados atualizados e manter os resíduos separados por suas características, para
que se obtenha um bom aproveitamento (FONTES, 1994).
Muitos não consideram as questões ambientais, por envolver um investimento
econômico em armazenar, transportar e destinar a matéria a um fim adequado
(RAMOS et al., 2017). Por envolver o investimento em equipamentos mais
tecnológicos, mão de obra qualificada e um planejamento para o descarte correto, é
comum microempresas optarem por não seguir normas ambientais, já que elas
dispõem de menos verba que grandes indústrias.
Grande parte dos insumos resultantes do ramo moveleiro são derivados de
empresas de micro e pequeno porte. Há uma concepção de que, em comparação
com grandes empresas, os resíduos gerados por elas não afetam significativamente,
então não é necessário investir e se adequar a critérios ambientais. ABIMÓVEL
(2008, apud RIUL e RIBEIRO, 2012) estabelece que, no território brasileiro existem
em torno de 16.000 empresas moveleiras formais, sendo que, dentre elas, 15.554
são de micro ou pequeno porte. Ainda admite-se que o número aumenta de modo
relevante quando considerados as empresas informais. Uma característica
substancial desse nicho é o maquinário antiquado ainda usado, o que gera ainda
mais resíduos (RAMOS et al., 2017).
De acordo com Fontes (1994), as indústrias que realizavam o processamento
no estado do Paraná, no ano de 1984, tinham uma geração de resíduos em 2,16
milhões de toneladas/ano, exemplificando o enorme número de desperdícios que já
ocorreram na indústria moveleira. Esta quantia equivale a 20 mil hectares de
florestas de Eucalyptus. O mesmo autor enfatiza que, para um melhor
aproveitamento da madeira, deve-se considerar o tamanho da indústria em questão,
os equipamentos utilizados, as espécies e o tamanho dos diâmetros da
matéria-prima. O tamanho do diâmetro influencia na quantidade de resíduos que
serão gerados, árvores com maior circunferência proporcionam um melhor
rendimento em madeira serrada. As serragens e costaneiras representam de 25% a
70% do volume da tora.
23
2.4 Compósito de madeira-plástico
12
Disponível em:
https://g1.globo.com/natureza/noticia/2019/03/04/brasil-e-o-4o-maior-produtor-de-lixo-plastico-do-m
undo-e-recicla-apenas-1.ghtml. Acesso em: 25 nov 2020
24
ureia-formaldeído, no compósito de Corrêa, assume o papel de agente de ligação,
substância usada para tratar ou modificar a face da madeira e dos termoplásticos a
fim de melhorar a sua combinação. O processo de termoprensagem pela qual o
produto passa se dá pela produção de painéis com pressão e temperatura.
Para o delineamento de avaliação, foram realizados 28 tratamentos,
combinando pinus e aglomerado em quatro níveis, 50%, 65%, 80% e 100%; os
termoplásticos polietileno de baixa densidade (PEBD) e polipropileno (PP) a 20%,
35% e 50%; e mais dois níveis de adesivo de uréia-formaldeído, 6% e 9%. Chapas
com dimensões aproximadas de 400x400x12mm foram produzidas, com densidade
de 0,61 g/cm³.
25
Para a seleção de resíduos do aglomerado, foi utilizada uma peneira com
malhas variando de 0,14mm a 2,36mm, selecionando as partículas que passaram na
peneira de 2,36mm e as que ficaram presas na de 0,42mm. A separação
granulométrica deve ser feita em ambos os componentes, para ser possível a
separação em duas faixas: os resíduos maiores de plástico para os resíduos de
pinus, e os menores para os de aglomerado.
Para classificar as partículas de PEBD, foram utilizadas peneiras com malhas
variando de 0,14mm a 9,52mm. As partículas que passaram de 7,93mm e as retidas
em 3,36mm foram utilizadas para os resíduos de pinus. Para os resíduos de
aglomerado, as partículas de PP foram processadas em moinho de martelo, e
unidas aos resíduos que passaram em 3,36mm e as retidas em 0,42mm.
Com o intuito de empregá-las na indústria moveleira, os painéis produzidos
por Corrêa (2004) estão de acordo com a norma NBR 1410-3 (2002) para chapas de
madeira aglomerada. De seu estudo, concluiu-se que a adição de termoplástico nos
tratamentos influencia negativamente a tração perpendicular; chapas feitas com
resíduos de pinus e PEBD têm bons resultados do módulo de ruptura e elasticidade,
independente de mistura; os tratamentos com resíduos de pinus e termoplásticos
têm uma boa resistência à retirada de parafusos; maior porcentagem de
termoplástico nos tratamentos interfere positivamente no teor de umidade, na
absorção de água e no inchamento em espessura; as chapas com 9% de adesivo
influenciaram positivamente na absorção de água, inchamento em espessura e a
resistência em tração perpendicular.
Examinando as características do compósito madeira-plástico, é evidente
suas propriedades favoráveis ao emprego de móveis, sendo uma importante
alternativa para os resíduos da indústria e podendo ser algo revolucionário no modo
como tratamos os resíduos. Por ser condizente com os conceitos do ecodesign e
utilizar de materiais de fácil acesso, será usado como solução aos objetivos do
projeto de fazer com que os resíduos de madeira da Escola Técnica Estadual
Monteiro Lobato sejam úteis para o instituto, podendo ser aplicados nos móveis
produzidos pelos próprios alunos.
26
3. METODOLOGIA
3.1 Classificação
27
Quanto ao tratamento dos objetivos, a pesquisa identifica-se primordialmente
como exploratória, uma vez que busca a sapiência em determinado campo de
estudo para possibilitar a construção de hipóteses (GERHARD, 2009). Após tal
etapa, descreverá uma realidade ou fenômeno por meio de levantamento,
classificando-se como uma pesquisa descritiva (GIL,2002).
O levantamento será realizado através de questionário. Os resultados
decorrentes serão analisados de forma quantitativa, conceituada por Gerhard (2009)
como a pesquisa onde há objetividade na coleta e análise de dados, de forma
estatística.
28
O levantamento será feito com base no questionário, previamente elaborado,
entre o pesquisador e os coordenadores dos cursos, a fim de saber a quantidade de
serragem, plástico e aço desperdiçados anualmente. Logo após os dados serem
coletados, as informações serão dispostas em gráficos para que fique claro a quantia
de material gasto. A serragem, principal elemento do estudo, virará a matéria-prima
do móvel, tendo assim um fim adequado.
Os esboços dos desenhos dos móveis reuniram todos os conhecimentos
adquiridos até então. Pretende-se esboçar dois móveis para ambientes internos. A
partir dos esboços, serão feitos os memoriais justificativos e descritivos da obra.
Também será realizado o detalhamento de um móvel escolhido, por meio de
softwares. A ferramenta a ser utilizada é o software de design Autodesk, visando
representar o móvel de forma mais autêntica possível.
3.3 Cronograma
BRAINSTORM X
COLETA DE DADOS X X X X X
INTRODUÇÃO X
FUNDAMENTAÇÃO X X X
METODOLOGIA X X X
ESBOÇOS X
CONCEITUAIS
PRÉ-BANCA X
DETALHAMENTO X X
MEMORIAIS X X
PROTOTIPAGEM X
REVISÃO E X X X X X X X
FORMATAÇÃO
ENTREGA E X X
APRESENTAÇÃO
29
4. RESULTADOS
4.1 Levantamento
30
4.2 Esboços Conceituais
31
puxadores são em corda sisal 8 mm. Suas prateleiras, de vidro transparente
temperado 5 mm, são dispostas com distância de 30 cm entre cada uma.
32
de poluição. Sendo uma área que acaba por ter influência sobre diversas pessoas, é
essencial considerar questões ecológicas na hora de projetar e comprar o produto.
Fundamentado dentro desses conceitos, visando atender um público
consciente que busca por produtos ecológicos e de fácil acesso, o rack Merídio foi
escolhido para a execução do projeto. Alterado a altura do nicho com tampo de
vidro, a limpeza do espaço se torna mais fácil e possibilita seu uso.
O móvel é constituído por um compósito feito de material não biodegradável,
os termoplásticos, proporcionando-os um fim adequado, junto com os resíduos
madeireiros. Essa característica o classifica como não prejudicial ao meio ambiente,
uma vez que poderá ser reciclado diversas vezes. Para atribuir o viés ambiental em
todas as parcelas do móvel, foram escolhidas tintas à base d’água para o
revestimento. Os produtos de cunho consciente vem estando mais presente no
comércio, visando atingir esse novo nicho de mercado, o que colabora para o
ecodesign. O uso do vidro, material 100% reciclável, também condiz com o foco do
projeto.
Pretendendo anular a necessidade de outro mobiliário de armazenamento, o
rack tem vários nichos, gavetas e armário, abrindo a possibilidade de partilhar
diversos objetos em seu interior. Pensando nesse aspecto, o nome foi inspirado na
palavra “partilhar” que, em grego, tem som semelhante à “merídio”.
33
FIGURA 10: Rack Merídio finalizado
4.4 Detalhamento
34
5. CONCLUSÃO
35
6. REFERÊNCIAS
37