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Arquitetura e Urbanismo no Brasil


A arquitetura do Brasil.........................................................................................2

Técnicas de desenho.........................................................................................11

As formas escultóricas e arquitetônicas............................................................14

Lugares geométricos e construções geométricas.............................................16

Design sustentável............................................................................................19

Arquitetura indígena..........................................................................................19

Arquitetura colonial............................................................................................20

Arquitetura militar...............................................................................................20

Arquitetura civil..................................................................................................21

Arquitetura religiosa...........................................................................................21

Urbanismo no Brasil...........................................................................................23

Planejamento urbano.........................................................................................23

Referências bibliográficas..................................................................................24

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A ARQUITETURA DO BRASIL

A arquitetura do Brasil desenvolveu a maior parte de sua história sob


inspiração europeia. Território conquistado por povos indígenas, que
praticamente não possuíam arquitetura a não ser a habitacional, e, mesmo
assim, de caráter tradicional, mais ou menos imutável, ao receber os
conquistadores portugueses, o Brasil passou a integrar uma cultura nova.

Entre fins do século XVIII e meados do século XIX, a arquitetura passou a


mostrar os traços do Neoclassicismo, segundo padrões franceses, primando
pela regularidade e simplicidade de linhas e pela economia decorativa, mas foi
uma escola que deixou escasso legado em suas formas mais puras, tornando-
se mais frutífera à medida em que se combinava, no fim do século, a
elementos românticos e historicistas, e a um gosto renovado pela decoração
abundante, formando-se uma fértil escola eclética, que deixou grande número
de imponentes edifícios nas maiores capitais e se disseminou até entre os mais
distantes povoados em suas versões populares.

Em um tempo em que a influência da religião estava em declínio e a cultura


laica se afirmava, essa expansão foi favorecida pela crescente
profissionalização dos arquitetos e pela multiplicação de escolas, e também
pelos avanços nos meios de comunicação e transporte, pela formação de uma
nova ideia de conforto habitacional e de urbanismo, por novos conceitos de
higiene e novos hábitos de socialização. Além disso, a industrialização em
passo acelerado desenvolvia novos materiais que facilitavam o trabalho, o
barateavam, ou possibilitavam inovações técnicas e formais, verificando-se, a
partir de então, progressiva verticalização das cidades e o desenvolvimento de
projetos urbanísticos e arquitetônicos de envergadura inédita.

A partir da segunda década do século XX, tornou-se cada vez mais influente a
escola modernista, outra vez uma importação basicamente estrangeira, embora
seus cultivadores locais tivessem entre suas ambições a busca e
caracterização de uma identidade singular para a arquitetura brasileira, num
período em que até mesmo o governo se preocupava em consolidar, objetiva e
sistematicamente, um senso de brasilidade genuína na cultura nacional,
embora o resultado fosse em boa parte estereotipado e proselitista, como
sugere o surgimento, nesta altura, da influente corrente Neocolonial, que
entendia a arquitetura barroca como a mais intimamente ligada à identidade e

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às tradições do país, um de muitos "Neos" que apareciam por então de forma
mais ou menos independente.

Esteticamente, os primeiros tempos do período colonial foram marcados pela


introdução de uma arquitetura tardo-renascentista ou maneirista, de grande
regularidade, solidez e austeridade externa, conhecida como estilo chão, mas
que podia ser ricamente decorada nos interiores. No século XVII, chegando
com certo atraso em relação aos desenvolvimentos estéticos europeus,
o Barroco se disseminou para quase todo o país, alcançando desde o Pará até
o extremo sul, e penetrando o interior até Goiás e Mato Grosso, deixando um
extenso acervo de arte e arquitetura, com muitos exemplos de alta qualidade, e
tornando-se, de certa forma, típico de todo o período colonial, a ponto de ser
considerado "a alma do Brasil", conforme frase celebrada de Affonso Romano
de Sant'Anna.

Caracterizado pela ornamentação dramática, dinâmica e superabundante tanto


em fachadas como nos interiores, buscando efeitos teatrais, sua influência se
estenderia até o século XIX, como se pode constatar em edificações como
a Igreja de Nossa Senhora da Conceição, em Porto Alegre, cuja construção
iniciou em 1851, a Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos de Goiana,
cuja fachada só foi concluída em 1835, e a grande Igreja da Candelária, só
concluída em 1877 seguindo um projeto do século anterior.

Porém, a arquitetura do período colonial é de estudo complexo. Circunstâncias


peculiares no processo de formação do Brasil levaram a um desenvolvimento
arquitetônico pouco regular, com a duradoura persistência de padrões
maneiristas e outros que em Portugal caíam em desuso, e com muitas
simplificações e adaptações dos modelos portugueses a contextos locais. Além
disso, a própria arquitetura portuguesa na época da colonização era um
mosaico de influências diferenciadas, em muitos aspectos compondo sínteses
originais e distantes do que se fazia no resto da Europa. Enfim, grande parte
dos edifícios antigos sofreu reformas ao longo do tempo, que alteraram suas
feições primitivas e os tornaram conjuntos híbridos, com elementos de várias
épocas e estilos diferentes. Por esses motivos, os exemplares sobreviventes
muitas vezes são de caracterização e datação difíceis e controversas.

Durante muito tempo, as construções brasileiras foram traçadas por qualquer


pessoa que tivesse capacidade de desenho e organização de espaços,
incluindo entalhadores, ourives e outros artesãos. Contudo, a construção
efetiva dos prédios principais era entregue a um mestre-de-obras capacitado.
Registro de nomes nos primeiros séculos são muito raros, como é o caso do
frei Macário de São João, que ergueu as igrejas do Convento de Santa Teresa,
do Mosteiro de São Bento, e da Santa Casa de Misericórdia de Salvador, ou do
frei Daniel de São Francisco, autor do projeto de Santo Antônio em Cairu, tido
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como o primeiro exemplo do Barroco puro. Também são lembrados alguns
projetistas de fortificações, como Martim Correia de Sá, autor da reforma da
Fortaleza de Santa Cruz da Barra, e Gaspar de Samperes, outro religioso, a
quem se atribui o projeto da Fortaleza dos Reis Magos, modificado à sua atual
configuração por Francisco de Frias da Mesquita. Mais tarde, as identificações
se tornam mais frequentes.

As estruturas mais perenes e monumentais, os grandes fortes de pedra e


alvenaria, dos quais muitos ainda existem, seguiram um modelo básico que se
manteve ao longo dos séculos, de planta quadrangular ou poligonal, às vezes
deformada para se adaptar à topografia subjacente. Tinham em geral uma
base chanfrada em pedra nua, muralhas de alvenaria caiada por cima,
com guaritas intercaladas, e uma série de habitações despojadas no interior,
contando muitas vezes com uma capela. Ocasionalmente, na entrada das
fortalezas, eram erguidos portais mais ou menos elaborados, seguindo o estilo
tardo-renascentista ou maneirista. No entanto, sobre este modelo essencial,
houve rica variação em soluções adaptativas.

São muitas as fortificações dignas de nota, seja pela sua envergadura


arquitetônica ou seu papel na história, mas podem ser citados como exemplos
importantes a Fortaleza de Santa Cruz da Barra, em Niterói, uma das mais
imponentes, que foi inicialmente uma bateria das fortificações
que Villegaignon estabeleceu na sua "França Antártica", e nos séculos
seguintes, já sob domínio português, foi ampliada e reforçada e, de todos, foi o
baluarte que mais esteve envolvido em batalhas; o Forte de Santa Cruz de
Itamaracá (Forte Orange), na Ilha de Itamaracá, construído pelos neerlandeses
durante o Brasil Holandês e restaurado pelos portugueses após a Insurreição
Pernambucana; a Fortaleza de Nossa Senhora da Assunção, em Fortaleza,
centro de muitas batalhas contra holandeses; o Forte dos Reis Magos,
em Natal, também decisivo para a geopolítica do Nordeste; a cadeia de
fortificações na Ilha de Santa Catarina, de grande importância estratégica na
ocupação do Sul; e o Forte Jesus, Maria, José do Rio Pardo, estabelecido
durante a Guerra Guaranítica e depois importante apoio nos conflitos na região
do Prata, alcunhado "Tranqueira Invicta" por jamais ter caído para o inimigo.
Exemplo original é o Forte de São Marcelo, erguido sobre uma ilhota em
Salvador, o único de planta circular existente no Brasil. A Coroa tinha tanto
interesse na construção militar que criou Aulas de Fortificações e Academias
Militares, fundadas inicialmente em Salvador e depois no Rio de Janeiro, mas
para a arquitetura civil só haveria escolas oficiais no século XIX.

Também foram construídas muitas residências fortificadas, notadamente no


Nordeste. A primeira casa-forte do Brasil foi o Castelo de Duarte Coelho,
erguido a partir de 1536. Outros exemplos foram a Casa-forte de Dona Anna

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Paes, que foi centro de uma vitória dos patriotas na Batalha de Casa Forte, no
contexto da ocupação holandesa, e a Casa-forte de Garcia d'Ávila, que foi o
embrião de um grande morgado e centro de um expressivo poder militar,
valioso para a defesa da região no período colonial e nas lutas pela
Independência.

As primeiras residências erguidas nas frentes de conquista do território e


expansão agrícola eram sumárias, não passavam de cabanas afins
às ocas indígenas, e se resumiam essencialmente a um aposento de uso
múltiplo, podendo contar com um menor anexo para a cozinha, um modelo que
nos séculos posteriores foi o único possível para a população mais humilde,
como os índios aculturados e os escravos, e até hoje é encontrado em muitas
regiões interioranas. Certamente se encontravam variações neste esquema
elementar, acrescentando, conforme as possibilidades, dormitórios, uma capela
e vários depósitos para ferramental agrícola e abrigo de animais.

A cobertura geralmente era de palha e o piso podia ser ligeiramente elevado do


solo com pranchas de madeira. As paredes, por sua vez, eram erguidas às
vezes apenas com palha trançada entre esteios, mais frequentemente na
tradicional técnica da taipa, o barro amassado sobre um esqueleto de madeira
ou caniços, que continuou sendo usada generalizadamente até o século XIX
até para grandes edificações como as igrejas e colégios. Com o progresso da
colonização e o estabelecimento de uma estrutura urbana básica, passou a ser
utilizado também o adobe para construção, por ser mais resistente e permitir o
avanço de estruturas maiores, com reforços de madeiramento, como
conventos, colégios e igrejas mais amplas, e a cantaria, que durante a colônia
foi sempre a opção mais custosa e a mais rara.

Algumas técnicas de construção e o uso de materiais locais foram aprendidos


com os índios, especialmente nos primeiros tempos. Cidades como Salvador,
Olinda, São Luís, Goiás Velho, e diversas em Minas Gerais, notadamente Ouro
Preto e Diamantina, ainda preservam numerosos exemplares de arquitetura
civil e religiosa típicas do Barroco colonial em seus centros históricos. Alguns
desses centros foram declarados Patrimônio Mundial pela UNESCO em vista
de sua importância histórica e arquitetônica.

Por outro lado, as carestias antes mencionadas levaram as elites a buscar o


campo como residência permanente, erguendo uma série de chácaras e
fazendas em zonas suburbanas que tinham seu próprio sistema de
abastecimento, deixando seus casarões na cidade para uso eventual, para
cumprir atividades sociais, oficiais e religiosas.

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Segundo o historiador Carlos Lemos, importante estudioso da matéria, "na
arquitetura brasileira, teria sido a primeira manifestação onde uma apropriação
assumiu feitio regional ligado a uma sociedade segregada". Para Luiz Saia, que
foi um dos primeiros a caracterizar esta tipologia, "a casa construída pelo
bandeirante é fundamental para o entendimento das características
construtivas e, por extensão, culturais, do brasileiro".

Na categoria dos prédios oficiais, os exemplos coloniais mais típicos foram as


Casas de Câmara, mas poucas sobreviveram sem alterações. Uma das mais
significativas é a antiga Casa da Câmara e Cadeia de Ouro Preto, hoje
o Museu da Inconfidência, com uma rica fachada com um pórtico com colunas,
escadaria, uma torre, estátuas ornamentais e estrutura em cantaria. Também
foram erguidos alguns palácios de governo dignos de nota, como o Palácio dos
Governadores do Pará e o Palácio dos Vice-Reis, no Rio, depois residência da
família reinante, mas eram estruturas austeras; poucos resistiram à passagem
do tempo sem alterações significativas. Um caso à parte é o Palácio de
Friburgo, erguido em 1642 por Maurício de Nassau, governador de uma
efêmera conquista holandesa em Pernambuco. Demolido no século XVIII, foi
obra suntuosa e sede de uma pequena mas brilhante corte.

Outras estruturas que guardam algum interesse arquitetônico são as fontes


públicas, presentes em todas as vilas e cidades, sendo a forma comum na
época de distribuição de água potável. Mais importantes são os aquedutos que
abasteciam as fontes, dos quais sobrevive um monumental, o Aqueduto da
Carioca, erguido entre os séculos XVII e XVIII, no Rio de Janeiro, com 270 m
de extensão e 17 m de altura.

Os primeiros templos construídos no Brasil seguiam os parâmetros


da arquitetura chã, uma interpretação maneirista e tipicamente portuguesa do
modelo renascentista, inspirado ultimamente no templo grego clássico. Esta
estética austera caracteriza-se pelas fachadas compostas por figuras
geométricas básicas, frontões triangulares, janelas que tendem ao formato
quadrado e paredes marcadas pelo contraste entre a pedra e as superfícies
brancas, com volumes pouco projetados. Geralmente há pelo menos uma torre
sineira lateral pegada ao corpo do edifício. A decoração de fachada é escassa
e circunscrita em geral aos portais, ainda que os interiores dos exemplares
mais majestosos possam ser ricos em altares entalhados, com estatuária que
pode incluir anjos, atlantes e cariátides e profusa ornamentação fito e
zoomórfica, além de pinturas e azulejos.

A Igreja dos Santos Cosme e Damião em Igarassu e a Igreja de Nossa


Senhora da Graça em Olinda estão entre os exemplos mais antigos a
sobreviver, sendo todos originalmente bastante singelos. Hoje em dia resta
pouco da arquitetura quinhentista no Brasil, uma vez que boa parte das
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edificações mais antigas foi ou destruída, pilhada ou reformada, até mesmo em
tempos recentes, como foi o caso da importante igreja jesuítica do Morro do
Castelo no Rio, de 1567, demolida em 1922 na reurbanização da área. Um
exemplo mais tardio mas bastante típico do melhor da arquitetura chã, de
grande austeridade externa e sofisticação no interior, é o Mosteiro de São
Bento do Rio de Janeiro, construído entre 1633 e 1677 com base a um projeto
de 1617.

A última floração expressiva do Barroco aconteceu em Minas Gerais, uma


região de povoação mais recente, que desenvolveu uma dinâmica sociedade
impulsionada pela descoberta de ouro e diamantes. Em suas origens os
padrões da arquitetura chã e a densa ornamentação do Barroco tradicional
foram a regra em Minas, mas a partir de meados do século XVIII, recebendo a
influência do Rococó francês, surgiu uma síntese nova, que para muitos
estudiosos representa a primeira marca de originalidade da arquitetura sacra
brasileira. O estilo mineiro é tipificado principalmente nos edifícios construídos
por Antônio Pereira de Sousa Calheiros, Francisco de Lima
Cerqueira e Aleijadinho, que introduziram novas soluções formais e
decorativas, dinamizando as fachadas e as plantas, aumentando as aberturas
e aligeirando a decoração, que se tornou mais esparsa e elegante e recebeu
cores mais claras. Podem ser citadas como exemplares do rococó mineiro
a Igreja do Rosário dos Pretos (Calheiros), e a Igreja São Francisco de
Assis (Cerqueira e Aleijadinho), ambas em Ouro Preto. Também merece nota
o Santuário de Bom Jesus de Matosinhos, em Congonhas, com uma
implantação que tira partido da topografia, com efeito monumental.

Em decorrência do Brasil ter sido uma colônia portuguesa, é natural que a


produção de marcenaria (com atenção especial para as peças de mobiliário)
seja um desdobramento do mobiliário tradicional português. Embora que o
material empregado fosse legitimamente brasileiro, os responsáveis pelo
trabalho das peças foram sempre os portugueses, ou quando nascidos no
Brasil de descendência portuguesa ou mestiça.

O mobiliário português desenvolvido no Brasil era singelo e despretensioso, ou


seja, apenas o essencial para desempenhar a função do objeto (como
exemplos: pequenos oratórios, camas, cadeiras, mesas e arcas). A
simplicidade das primeiras peças dos colonos seguiu como uma das
características marcantes da casa brasileira naquele período em diante. Mas,
ainda que tais mobiliários apresentassem simplicidade e despretensão, as
peças em si eram bem trabalhadas, não apenas porque a tradição do oficio era
desenvolvê-las dessa maneira caprichosa, mas também porque os oficiais e
ajudantes de carpintaria eram muitas vezes da própria casa (sendo alguns
escravos cujos dotes eram descobertos), que trabalhavam sem pressa e que

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não visavam o lucro, importando apenas “o prazer de fazer bem feito”. O móvel
brasileiro, ou seja, o móvel português feito no Brasil acompanhou a evolução
do mobiliário de todos os países europeus. As “modas” eram todas importadas,
atingindo as camadas mais abastadas em primeiro lugar, sendo depois
vulgarizadas com a produção dos mesmos modelos de móveis no
tipo “ordinário” ou comum. No período colonial existiam basicamente três tipos
de móveis: os de “luxo” (feitos com madeiras nobres de lei); os “ordinários”
(também feitos de madeira de lei, porém mais simples); e por fim
os “toscos” (desenvolvidos em madeira comum para uso popular ou serviços
domésticos).

O mobiliário do Brasil pode ser classificado em três grandes


períodos: Renascimento: abrange os séculos XVI e XVII e prolonga-se até o
início dos anos setecentos; Barroco-Rococó: estende-se praticamente por todo
século XVIII; e Neoclássico: corresponde principalmente à primeira metade do
século XIX, no período histórico das reações acadêmicas. Após tais períodos,
surgiram apenas modas originadas pela influência da produção industrial que
se acentuava gradativamente.

Diversos exemplos significativos de arquitetura neoclássica sobrevivem em


vários pontos do país. Pode-se citar o prédio da Associação Comercial da
Bahia em Salvador, o Palácio Real da Quinta da Boa Vista e o corpo central
da Santa Casa de Misericórdia no Rio, a Casa da Cultura, Assembleia
Legislativa de Pernambuco, Ginásio Pernambucano, Hospital Pedro
II e Hospital Ulysses Pernambucano no Recife, o antigo Palácio de
Verão de Dom Pedro II em Petrópolis, o Theatro da Paz em Belém do Pará e
o Palácio dos Leões em São Luís do Maranhão.

Nas primeiras décadas do século XX o Ecletismo entrou em seu auge,


incorporando elementos historicistas e exóticos, numa mescla de
traços neobarrocos, mouriscos, românicos, góticos e de outras escolas e
países, com uma proliferação de grandes construções públicas e privadas em
todo o país, incluindo palácios de governo, teatros, grandes colégios, e
estendendo sua área de influência até as camadas mais baixas da população,
que também começa a erguer suas residências num estilo eclético simplificado,
dentro de seus magros recursos. Enquanto que o Estado desejava se afirmar
internacionalmente junto às grandes potências capitalistas edificando em larga
escala segundo os princípios mais "modernos" e internacionalizantes,
uma burguesia abastada em rápida ascensão colaborava na multiplicação de
edificações suntuosas e monumentais, com interiores extremamente luxuosos
e fachadas sobrecarregadas de ornamentos e estatuária, a fim de assegurar
física e visualmente seu status e igualmente expandir o mercado construtor e o

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sistema de produção que ela mesma administrava. Nas palavras
de Annateresa Fabris,

"No centro de uma das questões fundamentais do Ecletismo (está) a da


representação, a da teatralização da vida. Não é por acaso que sua
manifestação mais importante se concentra na fachada... a arquitetura deve
ser representativa, deve evidenciar através da forma exterior e da estrutura
o status de seu ocupante, seja ele o Estado, seja ele o indivíduo particular. É
por isso que a decoração se torna um elemento indispensável a ser usado em
larga escala, que se multiplica a função ilusionista dos materiais, que o erudito
e o pitoresco se mesclam: é necessário sublinhar o caráter de obra de arte total
inerente à cidade e nada é mais adequado do que pontilhá-la de
monumentos.... Assiste-se nos bairros de classe média e mesmo em bairros
mais populares o surgimento de edificações estruturalmente simples, mas
marcadas por detalhes decorativos, que sintetizavam os aspirações de
prestígio e ascensão social de seus habitantes e a vontade de contribuir, na
medida do possível, à qualificação e ao embelezamento da cidade, patrimônio
imaginário comum de toda a sociedade".

A partir de meados do século XX, sob a influência dos seguidores


do Modernismo, os estilos arquitetônicos similares ao Ecletismo passaram a
ser considerados por muitos uma aberração e levados à demolição em nome
da especulação imobiliária e do nacionalismo, inclusive diversos prédios
importantes, entre eles o emblemático Palácio Monroe, cujo abate gerou uma
polêmica que se estende até os dias de hoje. Só a partir dos anos 1980 estilos
como o ecletismo passaram a ser revalorizados como uma expressão legítima
de determinada fase da história arquitetônica brasileira, e por isso merecedor
de atenção, respeito e proteção. Entretanto, vários edifícios históricos hoje
ainda são demolidos em nome da modernização das cidades e tal tema foi
abordado pelo filme Aquarius, de Kleber Mendonça Filho. O Edifício Caiçara,
no Recife, foi um dos casos mais recentes de demolição de edifícios ecléticos.

Outras edificações importantes são a Universidade Rural do Rio de Janeiro, em


Seropédica, a Igreja Nossa Senhora do Brasil, em São Paulo, o Museu
Histórico Nacional, no Rio, a Prefeitura de Teresópolis e o Grupo Escolar Pedro
II, em Belo Horizonte.

No contexto da industrialização e expansão urbana aceleradas, aparece a Art


Déco. Enquanto que a Art Nouveau é vista como parte da eclética belle
époque, a Déco é situada geralmente como um divisor de águas, um passo
importante para os futuros desenvolvimentos da arquitetura modernista. Mas
delimitações deste tipo costumam ser enganosas, e servem mais como um

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parâmetro teórico generalista, já que de costume a realidade prática mostrou
ser mais fluida e aberta a misturas do que podem descrever os manuais; a
própria Déco foi ela mesma uma síntese de várias fontes diversificadas, tendo
uma genealogia estética que inclui, entre outras referências, a própria Art
Nouveau, o Cubismo, a Bauhaus, o Expressionismo, a arte africana e egípcia,
o Neoplasticismo, o design de máquinas e de navios, e, neste sentido,
conforme pensam Conde & Almada, pode se entendida também como a
derradeira manifestação do Ecletismo.

O Modernismo na linha de Corbusier, pregando a arquitetura como uma


síntese de todas as artes, incorporando elementos típicos locais, e centralizado
na chamada Escola Carioca, logo veio a se tornar um estilo oficial do
governo, cujo coroamento foi a construção de Brasília na década de 1950, um
projeto conjunto de Costa e Niemeyer de tamanha importância, influência e
impacto que foi declarado Patrimônio Mundial pela UNESCO. O Modernismo
trouxe avanços radicais à estética e à técnica de construção, onde predominam
linhas geométricas simples e puras mas muitas vezes ousadas, e o concreto
armado, o aço e o vidro assumem papel de destaque.

Os principais elementos da estética de Corbusier se resumem nos seus "Cinco


Pontos":

Planta livre: elaboração de uma estrutura independente que permita a livre


distribuição das paredes, já sem exercerem função estrutural.

Fachada livre: resulta igualmente da independência da estrutura. Assim, a


fachada pode ser projetada sem impedimentos.

Pilotis: sistema de pilares que elevam o prédio do chão, permitindo o trânsito


por debaixo do mesmo.

Terraço-jardim: recupera a área ocupada pelo edifício transferindo-a para cima


do prédio na forma de um jardim.

Janelas em fita: possibilitadas pela fachada livre, permitem uma relação


desimpedida com a paisagem.

O desenvolvimento recente a tecnologia de ponta tem servido à elaboração de


uma vasta gama de soluções criativas e ousadas, muitas vezes fazendo uso de
um vocabulário formal historicista, impensável para a geração anterior, numa
espécie de novo ecletismo onde os prédios descombinam formas, cores e
materiais, assinalando sua multivalência, complexidade e contradição com total
liberdade de leitura.

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TÉCNICAS DE DESENHO

Desenhos de arquitetura, ou desenho arquitetônico, nada mais é do que uma


especialização do desenho técnico voltada à execução e representação de
projetos de arquitetura.

Os desenhos de arquitetura surgiram no Renascimento, mas naquela época


ainda não havia conhecimentos sistematizados de geometria descritiva.

As primeiras normas de desenhos de arquitetura começaram a surgir a partir


do século XIX. Com a Revolução Industrial e a evolução das máquinas, surgiu
a necessidade de padronizar os desenhos dos projetos de maquinário. Essas
regras se estenderam aos projetos de arquitetura.

A representação gráfica de desenhos de arquitetura segue um conjunto de


normas internacionais sob a supervisão da ISO (International Organization for
Standardization).

No Brasil, as normas de desenhos de arquitetura são editadas pela ABNT


(Associação Brasileira de Normas Técnicas). Confira as principais:

NBR-6492 – Representação de projetos de arquitetura

NBR-10067 – Princípios gerais de representação em desenho técnico

Com o avanço da tecnologia, surgiram programas de desenho de arquitetura


que revolucionaram a construção civil e facilitaram a vida do arquiteto.

Entre eles, podemos destacar o AutoCAD. Criado pelo Autodesk Inc., no ano
de 1982, a ferramenta do tipo CAD (Computer Aided Design) possibilitou a
criação de desenhos de arquitetura em formato 3D.

Entre as principais revoluções do AutoCad, estão a possibilidade de efetuar


cálculo estruturais, visualizar o projeto de vários ângulos, compartilhar arquivos
com colaboradores ou clientes, entre várias outras vantagens.

Outro programa de desenho de arquitetura revolucionário: o Revit. Ele foi


criado com a tecnologia BIM (Building Information Model), que permite
desenvolver projetos muito mais completos de uma forma mais rápida.

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Planta baixa é o desenho de uma construção que específica o posicionamento
e tamanho de cada ambiente em uma área. Em geral, ela é feita a partir de um
corte imaginário à altura de 1,50 m do piso.

Imagem: vivadecora.com.br

Basicamente, o desenho deve conter:

Paredes (comprimento e espessura)

Aberturas (portas e janelas)

Definição dos espaços

Nível da construção

Cotagem

Detalhes de componentes hidráulicos e elétricos

Móveis

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É impossível falar sobre o que é planta baixa sem explicar a importância da
escala. Existem basicamente 3 tipos de escala, são eles:

Escala de ampliação: usada por engenheiros mecânicos e outros profissionais


para ampliar peças pequenas.

Escala real: refere-se a tudo que existe em nossa volta.

Escala de redução: é usada na arquitetura para representar os projetos criados


em planta baixa, que são extremamente maiores do que a superfície utilizada.
Ela também é usada na engenharia mecânica na criação de projetos de carros.
A escala utilizada em planta baixa é de 1:50.

Independentemente de onde você vai desenhar a planta baixa (papel ou


software), o primeiro passo é fazer um esboço da edificação.

Agora que você já tem uma ideia do que incluir na planta baixa, comece a
desenhar o lote da edificação.

Criar a delimitação e o formato do espaço disponível é fundamental para definir


o tamanho e o formato do imóvel.

Em seguida, é hora de iniciar a criação das paredes e dos cômodos na planta


baixa.

Ao desenhar planta baixa, é importante incluir os elementos que fazem parte


do sistema hidráulico, como as louças e bancadas.

Para representar uma parede ou objeto em uma planta baixa é necessário


saber suas dimensões reais.

O tamanho das peças deve ser indicado na planta sob a forma de medidas, e é
o conjunto dessas informações que chamamos de cotagem.

As cotas são os números que indicam as medidas da peça, e geralmente é


expressa em metros.

As normas para a inclusão da cotagem fazer parte da NBR 10126/ 87 e NBR


6492/ 94.

Por fim, inclua os nomes de cada cômodo com letra bastão maiúscula. Dentro
dos cômodos, caso haja variação de níveis.

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AS FORMAS ESCULTÓRICAS E ARQUITETÔNICAS

O projeto arquitetônico ou projeto de arquitetura é uma atividade técnica de


criação, pela qual é concebida uma obra de arquitetura.

Ou pode ser uma representação gráfica ou escrita, com características autorais


e autonomia disciplinar, ou seja, necessariamente precede toda construção.

O projeto é o principal elemento da ação arquitetônica, focando em melhoria na


qualidade de vida e funcionalidade do ambiente. Podendo ainda ser aplicado à
diferentes tipos de ambiente e de necessidades, como residenciais, comerciais
e corporativos.

Um projeto arquitetônico é indissolúvel, a divisão do projeto em etapas deverá


ser utilizada tão somente para facilitar o planejamento. Dessa forma, temos 5
etapas de projeto:

Pré-projeto - Visa levantar as condições e necessidades pré existentes.

Estudos Preliminares e de situação - Primeira etapa da elaboração técnica


projetual.

Anteprojeto - Concepção e representação das informações técnicas


provisórias, bem como projeto legal junto as autoridades competentes.

Projeto executivo - Concepção e representação final das informações técnicas


à execução dos serviços de obra.

Compatibilização - Compatibilizar o projeto arquitetônico com os demais


complementares.

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O primeiro marco regulatório das profissões tecnológicas, foi representado pelo
Decreto Federal nº 23.569, de 11 de dezembro de 1933. Essa regulamentação
definia atividades, atribuições e campo de atuação de arquitetos, engenheiros e
agrimensores, fiscalizados pelo Sistema Confea/Crea.

A publicação da Lei nº 5.194, de 24 de dezembro de 1966, incluiu a Agronomia


no marco regulatório, mas ainda manteve características genéricas sobre o
exercício das referidas profissões.

A criação do Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU) através da Lei nº


12.378, de 31 de dezembro de 2010 prevê a responsabilidade de especificar as
atividades, atribuições e campos de atuação privativos dos arquitetos e
urbanistas.

Foi somente com o advento da Lei nº 12.378, de 2010, que se apresentaram


em plenitude as condições para a efetiva individualização da Arquitetura e
Urbanismo e para sua diferenciação em relação às demais profissões
regulamentadas. Esta lei estabelece quais as atividades e atribuições dos
arquitetos e urbanistas, especificando áreas de atuação privativas a esses
profissionais, dentre as quais se enquadra o projeto arquitetônico.

A arquitetura pode ser vista de todos os ângulos, inclusive de dentro. Seu


principal objetivo é a função, mesmo quando o edifício é escultural. Já a arte
escultura só pode ser observada de fora.

São exemplos de esculturas adicionadas às arquiteturas: cornijas, colunas,


capitais, suportes, altares, estátuas, gárgulas, painéis em alto ou baixo relevo e
frontões alegóricos com figuras humanas, religiosas, mitológicas e de outras
criaturas da fantasia; em forma de folhas, flores, videiras; em elementos
geométricos, como círculos, quadrados, triângulos ou frisos; e mais.

São materiais utilizados na produção destes elementos


decorativos: arenito, terracota, ferro fundido, zinco laminado, concreto, entre
outros.

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LUGARES GEOMÉTRICOS E CONSTRUÇÕES GEOMÉTRICAS

Igreja de São Francisco de Assis em Ouro Preto, um dos mais conhecidos


ícones arquitetônicos da arquitetura barroca-rococó do Brasil.

Imagem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

O Palácio da Alvorada, em Brasília, da escola modernista, integrando o Plano


Piloto da cidade, declarado Patrimônio da Humanidade.

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O antigo Palácio de Friburgo, sede da colônia de Nova Holanda no Recife, foi a
primeira obra civil de grande porte realizada no Brasil. A edificação foi demolida
no fim do século XVIII.

Imagem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Antiga Sé da Bahia, um dos principais edifícios maneiristas do Brasil, demolido


em 1933, quando já estava completamente descaracterizado.

Imagem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

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O Forte de São João da Bertioga, o mais antigo do Brasil.

Imagem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Imagens: Wikipédia, a enciclopédia livre.

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DESIGN SUSTENTÁVEL

O design sustentável, também chamado de design ambiental, design


ambientalmente sustentável, design ambientalmente consciente, design
ecológico ou ecodesign, entre outros nomes, é a filosofia de projetar objetos
físicos, o ambiente construído, e serviços em conformidade com os princípios
da sustentabilidade social, econômica e ecológica.

A intenção do design sustentável é "eliminar impacto ambiental negativo


completamente através de projetos hábeis, sensíveis". Manifestações de
design sustentável exigem recursos renováveis, mínimo impacto ambiental, e
formas de conexão das pessoas com o ambiente natural.

Para os teóricos desta escola de arquitetura, ao invés de considerar projetos de


construção verde como uma externalidade, os arquitetos devem pensar nisso
como um conjunto de princípios. Isso inclui uma melhor experiência do usuário
e conforto, fazendo mais com menos, e maximizando os efetivos de qualidade
de materiais duráveis. Ao invés de entenderem que "a forma segue a função",
eles entendem que "a forma segue a meio ambiente".

ARQUITETURA INDÍGENA

Os diversos povos nativos que habitavam o território brasileiro desenvolveram


uma linguagem arquitetônica que só encontrou expressão nas suas habitações,
as chamadas ocas. Com uma estrutura de madeira coberta de palha ou folhas
de palmeira, eram de uso coletivo e não possuíam divisões internas, e
organizavam-se em torno de uma praça circular. Podiam atingir até 30 m de
extensão e 10 m de altura.

Esta arquitetura tribal ainda é comum entre os povos indígenas remanescentes


no norte do Brasil, mas não exerceu qualquer impacto significativo na tradição
arquitetônica brasileira, permanecendo como um fenômeno cultural isolado.
Recentemente, entretanto, este modelo, reinterpretado com técnicas e
materiais atuais, vem recebendo atenção de alguns arquitetos como uma
alternativa ecológica para o problema habitacional contemporâneo.
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ARQUITETURA COLONIAL

Durante muito tempo, as construções brasileiras foram traçadas por qualquer


pessoa que tivesse capacidade de desenho e organização de espaços,
incluindo entalhadores, ourives e outros artesãos. Contudo, a construção
efetiva dos prédios principais era entregue a um mestre-de-obras capacitado.
Registro de nomes nos primeiros séculos são muito raros, como é o caso do
frei Macário de São João, que ergueu as igrejas do Convento de Santa Teresa,
do Mosteiro de São Bento, e da Santa Casa de Misericórdia de Salvador, ou do
frei Daniel de São Francisco, autor do projeto de Santo Antônio em Cairu, tido
como o primeiro exemplo do Barroco puro. Também são lembrados alguns
projetistas de fortificações, como Martim Correia de Sá, autor da reforma da
Fortaleza de Santa Cruz da Barra, e Gaspar de Samperes, outro religioso, a
quem se atribui o projeto da Fortaleza dos Reis Magos, modificado à sua atual
configuração por Francisco de Frias da Mesquita. Mais tarde, as identificações
se tornam mais frequentes.

ARQUITETURA MILITAR

As estruturas mais perenes e monumentais, os grandes fortes de pedra e


alvenaria, dos quais muitos ainda existem, seguiram um modelo básico que se
manteve ao longo dos séculos, de planta quadrangular ou poligonal, às vezes
deformada para se adaptar à topografia subjacente. Tinham em geral uma
base chanfrada em pedra nua, muralhas de alvenaria caiada por cima,
com guaritas intercaladas, e uma série de habitações despojadas no interior,
contando muitas vezes com uma capela. Ocasionalmente, na entrada das
fortalezas, eram erguidos portais mais ou menos elaborados, seguindo o estilo
tardo-renascentista ou maneirista. No entanto, sobre este modelo essencial,
houve rica variação em soluções adaptativas.

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ARQUITETURA CIVIL

A arquitetura civil deixou relativamente poucos edifícios de maior vulto, ainda


que tenha se verificado grande variedade, em geral dentro das linhas
dominantes do Barroco. Predominou por muito tempo a ideia de que o Brasil
era apenas um local de morada passageira, onde se buscava a fortuna entre
muitas adversidades, correndo-se frequentemente risco de vida, e de onde se
desejava sair o quanto antes para voltar a viver na "verdadeira" civilização,
Portugal. Além disso, as famílias tendiam a ser pouco estruturadas e muito
móveis. Assim, criou-se uma cultura marcada pelo senso de dispersão e
impermanência, e por isso pensava-se que não valia a pena investir em
edificações requintadas e destinadas a durar.

Ao mesmo tempo, alguns materiais estimados pelos portugueses, como


a pedra de lioz, só eram encontrados em Portugal, e precisavam ser
importados. Com as dificuldades da navegação naquela época, sujeita a
frequentes naufrágios e ataques de piratas, o suprimento de materiais de
construção e muitos outros bens de consumo, incluindo alimentos básicos,
estava na dependência de muitos imprevistos e as carestias eram comuns,
como atestam inúmeros relatórios oficiais, cheios de queixas a respeito de
privações de todos os tipos que mesmo as elites governantes se viam
obrigadas a passar, tornando regra as soluções simplificadas e o improviso.
Adicionalmente, regulamentações da Coroa proibiam a ostentação de luxo nas
habitações privadas. Esses fatores em conjunto naturalmente levaram a
grandes limitações no desenvolvimento arquitetural brasileiro no período de
colônia.

ARQUITETURA RELIGIOSA

A Igreja dos Santos Cosme e Damião em Igarassu e a Igreja de Nossa


Senhora da Graça em Olinda estão entre os exemplos mais antigos a
sobreviver, sendo todos originalmente bastante singelos. Hoje em dia resta
pouco da arquitetura quinhentista no Brasil, uma vez que boa parte das
edificações mais antigas foi ou destruída, pilhada ou reformada, até mesmo em
tempos recentes, como foi o caso da importante igreja jesuítica do Morro do
Castelo no Rio, de 1567, demolida em 1922 na reurbanização da área. Um
exemplo mais tardio mas bastante típico do melhor da arquitetura chã, de

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grande austeridade externa e sofisticação no interior, é o Mosteiro de São
Bento do Rio de Janeiro, construído entre 1633 e 1677 com base a um projeto
de 1617.

O estilo mineiro é tipificado principalmente nos edifícios construídos


por Antônio Pereira de Sousa Calheiros, Francisco de Lima
Cerqueira e Aleijadinho, que introduziram novas soluções formais e
decorativas, dinamizando as fachadas e as plantas, aumentando as aberturas
e aligeirando a decoração, que se tornou mais esparsa e elegante e recebeu
cores mais claras. Podem ser citadas como exemplares do rococó mineiro
a Igreja do Rosário dos Pretos (Calheiros), e a Igreja São Francisco de
Assis (Cerqueira e Aleijadinho), ambas em Ouro Preto. Também merece nota
o Santuário de Bom Jesus de Matosinhos, em Congonhas, com uma
implantação que tira partido da topografia, com efeito monumental.

A última floração expressiva do Barroco aconteceu em Minas Gerais, uma região de


povoação mais recente, que desenvolveu uma dinâmica sociedade impulsionada pela
descoberta de ouro e diamantes. Em suas origens os padrões da arquitetura chã e a
densa ornamentação do Barroco tradicional foram a regra em Minas, mas a partir de
meados do século XVIII, recebendo a influência do Rococó francês, surgiu uma síntese
nova, que para muitos estudiosos representa a primeira marca de originalidade da
arquitetura sacra brasileira.

Igreja de São Francisco de Assis, São João del-Rei, projeto rococó


de Aleijadinho modificado por Francisco de Lima Cerqueira.

Imagem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

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URBANISMO NO BRASIL

No Brasil, o urbanismo só começou a ser efetivamente utilizado a partir do fim


do século XIX, quando foi fundada a cidade de Belo Horizonte, cujo plano
começou a ser elaborado em 1894, pelo engenheiro Aarão Reis, substituído
depois por Francisco Bicalho.

Goiânia, construída para substituir como capital do Estado a antiga e


colonial Vila Boa de Góias; foi fundada em 1933, obedecendo a plano do
arquiteto Attilio Corrêa Lima, primeiro urbanista formado do Brasil, e alterado
pelos irmãos, Coimbra Bueno a partir de 1935.

Brasília é o terceiro grande exemplo brasileiro de cidade projetada. O projeto


da atual capital brasileira, escolhido por concurso nacional, é de autoria do
arquiteto Lúcio Costa, cuja obra urbanística foi profundamente influenciada
pelas ideias de Le Corbusier.

PLANEJAMENTO URBANO

O planejamento urbano é atividade, por excelência, multidisciplinar, enquanto


que o urbanismo, ao longo da história, se tornou uma subdisciplina
da Arquitetura. Porém, em alguns países, por exemplo, como no Brasil, os
limites entre o planejamento urbano e o urbanismo são pouco claros na prática:
intervenções urbanísticas na cidade são comumente tratadas como "obras de
planejamento", enquanto que atividades típicas do planejamento (como a
criação de um plano diretor), são eventualmente tratadas como "obras de
urbanismo". Nos países do Norte, no entanto, a distinção entre Urbanismo e
planejamento urbano é clara, sendo o urbanista o técnico responsável pelo
licenciamento de obras a nível municipal e o planejador urbano, o profissional
responsável pelas diretrizes de crescimento e desenvolvimento urbano e
regional, incluindo a definição dos critérios a serem seguidos pelos urbanistas
durante o processo de concessão de licenças de construção.

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Referências Bibliográficas

Wikipédia, a enciclopédia livre. Arquitetura do Brasil.

Disponível em:

https://pt.wikipedia.org/wiki/Arquitetura_do_Brasil

Viva Decora. Ama desenhos de arquitetura? Veja como aprender e inspire-se


com 15 exemplos.

Disponível em:

https://www.vivadecora.com.br/pro/arquitetura/desenhos-de-arquitetura/

Viva Decora Pro. Planta baixa: Veja o passo a passo para criar uma perfeita!

Disponível em:

https://www.vivadecora.com.br/pro/estudante/planta-baixa/

Wikipédia, a enciclopédia livre.Projeto arquitetônico.

Disponível em:

https://pt.wikipedia.org/wiki/Projeto_arquitet%C3%B4nico

Blog da Arquitetura. STATUARY ARCHITECTURE: A VERDADEIRA


RELAÇÃO ENTRE ESCULTURA E ARQUITETURA.

Disponível em:

https://www.blogdaarquitetura.com/statuary-architecture/

Wikipédia, a enciclopédia livre.Design sustentável.

Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Design_sustent%C3%A1vel

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