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Escola Superior de Educação – Instituto Politécnico de Bragança

Relações Lusófonas e Língua Portuguesa

ARQUITETURA PORTUGUESA

Marta Rodrigues
Diana Mendes

Bragança, dezembro de 2019


Escola Superior de Educação – Instituto Politécnico de Bragança
Relações Lusófonas e Língua Portuguesa – Português como língua materna

ARQUITETURA PORTUGUESA – DESTAQUE AO SÉCULO XX

Marta Rodrigues – A41635


Diana Mendes – A41633

ARTE NA LUSOFONIA
Professora Nádia Ribeiro

Bragança, dezembro de 2019


RESUMO

No que diz respeito à Arquitetura, Portugal é um país com projetos arquitetónicos de


imenso valor, bem como de arquitetos que levam o seu nome mais longe. Este trabalho
pretende realçar o valor da Arquitetura Portuguesa, apresentando características que
marcaram os seus diferentes períodos, bem como obras ainda existentes nos dias de hoje.
Ao longo do trabalho são apresentados os mais considerados aspetos da Arquitetura
Portuguesa, desde o Período Romano à Arquitetura Contemporânea, destacando o século XX:
a Igreja de Nossa Senhora de Fátima, a Exposição do Mundo Português e a Fundação
Gulbenkian. É dado destaque ainda a dois grandes arquitetos portugueses, Álvaro Siza Vieira
e Eduardo Souto de Moura, apresentando alguns dos seus projetos.
A Arquitetura Portuguesa faz parte da história de Portugal e dispõe de grande
exalçamento.

Palavras-chave: Arquitetura Portuguesa; Século XX; Igreja de Nossa Senhora de Fátima;


Exposição do Mundo Português; Fundação Gulbenkian; Álvaro Siza Vieira; Eduardo Souto
de Moura.
ÍNDICE

1. Introdução …………………………………………..……………………………… 4
2. Introdução à Arquitetura Portuguesa 5
2.1. As principais características de cada período 5-11
3. Arquitetura Portuguesa no Século XX 12-20
3.1. Fundação Gulbenkian 21-22
4. Álvaro Siza Vieira 23
4.1. Museu de Serralves 24-25
4.2. Reconstrução do Chiado 26-28
5. Eduardo Souto de Moura 29-30
5.1. Centro de Arte Contemporânea Graça Morais 31
5.2. Estádio Municipal de Braga 32
6. Conclusão …………………………………………………………...……………. 33
7. Bibliografia………………………………………………………………………... 34
1. INTRODUÇÃO

O presente trabalho foi realizado para a unidade curricular de Arte na Lusofonia, da


licenciatura Relações Lusófonas e Língua Portuguesa e visa seguir uma linha cronológica
sobre a Arquitetura Portuguesa e os seus marcos mais importantes, destacando o século
XX e dois grandes arquitetos que o representam, que marcaram o Modernismo em
Portugal e ainda a arquitetura contemporânea: Álvaro Siza Vieira e Eduardo Souto de
Moura.
Tem como objetivo especificar as principais características de cada período da
Arquitetura Portuguesa, os momentos de auge do século XX, a biografia e obra dos
arquitetos, apresentando os seus projetos arquitetónicos mais significativos.
A metodologia utilizada para a realização do trabalho foi a pesquisa bibliográfica,
diversos documentários, bem como entrevistas e artigos disponíveis online.
2. INTRODUÇÃO À ARQUITETURA PORTUGUESA

A arquitetura portuguesa é constituída por vários períodos e povos, mas o seu


desenvolvimento começou sobretudo no período Romano. A chegada dos romanos remonta
para o século II A.C, onde se desenvolveram imensas infraestruturas, como estradas,
aquedutos e pontes, algumas ainda existentes nos dias de hoje. Já no século VIII, passamos
para o período Muçulmano, onde começam a crescer as primeiras mesquitas e palácios.
Segue-se então, no século XII, depois da invasão muçulmana, o período Românico. Foi
especialmente marcado pela construção de igrejas, tendo como principal objetivo a
reconquista cristã.
No final do século XII, aparece o movimento Gótico, que se prolonga com o estilo
Manuelino, também considerado como Gótico tardio, até ao século XV. O estilo Manuelino
surgiu no reinado de D. Manuel I em 1495. Portugal passava por uma boa fase económica,
graças à expansão marítima e D. Manuel apostava na arquitetura para mostrar ao povo
português o poder da nação. Foi nesta altura também, que surgiram os tão típicos e marcantes
azulejos portugueses.
Depois da fase de grande prosperidade, Portugal é abalado com uma crise política e
económica, vivendo num regime absolutista sobre o domínio espanhol, o que faz com que a
arquitetura Barroca chegue apenas ao país por volta de 1600.
Com grande importância, surge no século XVIII o estilo Pombalino, batizado em
homenagem ao Marquês do Pombal, que orientou a reconstrução de Lisboa depois do
terramoto de 1755.

2.1. AS PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DE CADA PERÍODO

 Romano:
 Uso do arco;
 Uso da abóbada (construção em forma de arco com a qual se cobrem espaços
compreendidos entre muros, pilares ou colunas);
 Solidez nas construções;
 Construções funcionais e luxuosas.

Ordens arquitetónicas utilizadas pelos romanos:


 Ordem dórica (simboliza imponência e solidez);
 Ordem jónica (pelas suas dimensões e formas mais esbeltas, representa a forma da
mulher);
 Ordem coríntia (representa a ambição, a riqueza, o poder, o luxo e a ostentação).
 Muçulmano:
 O arco, a cúpula e a coluna são características marcantes desta arquitetura;
 O arco em ferradura é a imagem de marca da civilização muçulmana em Portugal.

 Românico:
 Construção de igrejas;
 Utilização de granito, calcário amarelo, tijolo, taipa;
 Robustez;
 Sobriedade e austeridade;
 Arco de volta perfeita.

 Gótico:
 Dimensões modestas;
 Estruturas simples;
 Decoração pouco exuberante.

 Manuelino:
 Exuberância de formas;
 Forte interpretação naturalista-simbólica de temas originais e tradicionais;
 Elementos decorativos relacionados com as descobertas;
 A esfera armilar, símbolo do poder régio e a cruz da ordem de Cristo, símbolo do
poder divino.

Em 1498, depois de uma viagem de D. Manuel I a Espanha, este importou os azulejos e usou-
os na sua casa, o Palácio Nacional de Sintra.
Azulejos portugueses:
 Azulejo enxaquetado;
 Azulejo padrão;
 Azulejo grotesco.

 Barroco:
 Exagero nos detalhes;
 Temática religiosa;
 Teocentrismo vs. Antropocentrismo;
 Cultismo e conceptismo.
Adaptado do artigo A riqueza e a religiosidade da arquitetura portuguesa
https://www.vivadecora.com.br/pro/arquitetura/arquitetura-portuguesa/

 Pombalino:
 Traçado ortogonal;
 Ruas largas, paralelas e perpendiculares;
 Passeios calcetados;
 Primeiros projetos antissísmicos.

Figura 1 Período Romano - Templo de Évora

Figura 2 Ordens Arquitetónicas


Figura 1 Período Muçulmano - Castelo de Silves

Figura 2 Período Românico - Sé Velha,


Coimbra
Figura 6 Estilo Manuelino - Mosteiro do Jerónimos
Figura 5 Período Gótico - Mosteiro da Batalha

Figura 3 Azulejo enxaquetado


Figura 10 Barroco - Palácio Nacional e Convento de Mafra

Figura 11 Baixa Pombalina


3. ARQUITETURA PORTUGUESA NO SÉCULO XX

O início do século XX foi marcado pelo movimento artístico designado por


Modernismo. Segundo Inês Fonseca, num documentário realizado para a RTP ensina,
podemos definir Modernismo como “O Modernismo é um conceito que define, de um modo
geral, as diversas correntes artísticas de vanguarda que surgem na primeira metade do
século XX. Cubismo, dadaísmo, expressionismo, futurismo ou surrealismo são algumas das
principais correntes que se inserem no movimento modernista que influenciou a literatura, a
arquitetura ou a pintura mundial nos finais do século XIX e princípios do século XX.”. Das
características presentes na arquitetura moderna, destacam-se a funcionalidade e simplicidade,
as estruturas passam a ser mais simples e funcionais e os materiais utilizados passam a ser
maioritariamente o aço, o vidro e o betão armado.
Inicialmente, não se registaram grandes avanços na arquitetura portuguesa. Foi um
período conturbado, Portugal vivia dificuldades políticas durante a primeira república
portuguesa, aliadas também às dificuldades económicas. Este período foi caracterizado pelas
lutas entre o governo e a igreja católica. Ainda assim, deu-se a construção de um grande
empreendimento arquitetónico, a igreja de Nossa Senhora de Fátima. Foi o primeiro edifício
católico a ser construído após a implementação da república portuguesa, pelo arquiteto Pardal
Monteiro, em 1938. A igreja foi consagrada pelo Cardeal Manuel Gonçalves Cerejeira e este
afirmou “Quiséramos nós ao erguer a igreja nova de Nossa Senhora de Fátima, que ela
satisfizesse a estas três condições: ser uma igreja, ser uma igreja moderna, ser uma igreja
moderna e bela". Condições realizadas, esta obra é marcadamente modernista. Além de
possuir todas as características da arquitetura modernista, é de destacar os grandes vitrais
desenhados por Almada Negreiros.
Existe ainda outro acontecimento que marcou o início do modernismo, a Exposição do
Mundo Português, em 1940. A Exposição do Mundo Português foi realizada em Belém, em
Lisboa e foi das maiores exposições até hoje no nosso país. A exposição durou praticamente
seis meses, de 23 de junho a 2 de dezembro. A obra foi dirigida pelo comissário geral Dr.
Augusto de Castro, pelo comissário adjunto Engenheiro Sá e Melo e pelo arquiteto Cottinelli
Telmo. Tinha ainda António Ferro como responsável secretarial da Comissão Executiva e
diretor do Secretariado de Propaganda Nacional. A sua inauguração foi feita pelo presidente
da república, Óscar Carmona, acompanhado pelo presidente do conselho, Oliveira Salazar e
pelo ministro das obras públicas, Duarte Pacheco.
Em 1940, a Europa enfrentava a segunda guerra mundial. Portugal escapou do
domínio alemão e este período era marcado como “distância da guerra”. Apesar da Europa
estar em guerra, isso não impediu o início da exposição. O historiador Dr. Fernando Rosa,
num outro documentário para a RTP ensina, afirma que pelo contrário, aproveitaram a
situação de guerra para mostrar o contraste entre o resto do mundo e o “oásis de paz e de
ordem” que era Portugal de Salazar, ou seja, do Estado Novo. Esta exposição serviu,
sobretudo, para fazer propaganda e comemorar o novo regime. O Estado Novo defendia
valores como o nacionalismo, patriotismo, os valores tradicionais e a recuperação do
território. Artistas modernistas decoraram o interior da exposição com frases de propaganda.
A exposição estava dividida em três áreas: a da história de Portugal, onde estavam
representados acontecimentos como a batalha de Aljubarrota, a expansão e descobrimentos
portugueses; a área colonial, onde recriaram a vida nos países colonizados por Portugal.
Recebeu ainda a visita do Rei do Congo e a sua família, ficando instalados numa moradia no
jardim; e a área etnográfica, onde recriaram as aldeias portuguesas, com uma visão típica de
Portugal nos sistemas de construção. Entre os imensos pavilhões, destacaram-se o da Honra e
de Lisboa, de Cristino da Silva, da Fundação, Formação e Conquista, da Independência, dos
Descobrimentos de Pardal Monteiro, da Colonização, dos Portugueses no Mundo de
Cottinelli Telmo. Existiam ainda pavilhões de portos e caminhos de ferros, de
telecomunicações e a Nau de Portugal.
Apesar do grande valor da exposição, praticamente toda esta arte foi efémera. Em
dezembro, no final da exposição, demoliram quase todas as obras construídas. Resta apenas o
Padrão dos Descobrimentos, o Museu de Arte Popular e a Praça do Império.

Figura 6 Igreja de Nossa Senhora de Fátima


Figura 8 Vitrais pintados por Almada Negreiros Figura 7 Vitrais pintados por Almada Negreiros

Figura 9 Planta da Exposição do Mundo Português


Figura 10 Fotografias da Exposição do Mundo Português,
realizada em Lisboa em 1940. Fotógrafo: Mário Novais, 1899-
1967. ENTRADA DA EXPOSIÇÃO

Figura 11 Fotografias da Exposição do Mundo Português, realizada em Lisboa em


1940. Fotógrafo: Mário Novais, 1899-1967.
Figura 12 Fotografias da Exposição do Mundo Português, realizada em Lisboa em 1940.
Fotógrafo: Mário Novais, 1899-1967. FACHADA DO PADRÃO DOS DESCOBRIMENTOS

Figura 13 Fotografias da Exposição do Mundo Português, realizada


em Lisboa em 1940. Fotógrafo: Mário Novais, 1899-1967. PADRÃO
DOS DESCOBRIMENTOS
Figura 14 Fotografias da Exposição do Mundo
Português, realizada em Lisboa em 1940. Fotógrafo:
Mário Novais, 1899-1967. PAVILHÃO DA HONRA E
DE LISBOA

Figura 15 Fotografias da Exposição do Mundo Português, realizada em Lisboa em 1940.


Fotógrafo: Mário Novais, 1899-1967. NAU DE PORTUGAL

Figura 16 Fotografias da Exposição do Mundo Português,


realizada em Lisboa em 1940. Fotógrafo: Mário Novais,
1899-1967. PAVILHÃO DOS PORTUGUESES NO MUNDO
Figura 24 Fotografias da Exposição do Mundo Português, realizada em Lisboa
em 1940. Fotógrafo: Mário Novais, 1899-1967. NÚCLEO ALDEIAS
PORTUGUESAS

Figura 25 Fotografias da Exposição do Mundo Português, realizada em Lisboa


em 1940. Fotógrafo: Mário Novais, 1899-1967. NÚCLEO ALDEIAS
PORTUGUESAS
Figura 26 Fotografias da Exposição do Mundo Português, realizada em Lisboa em 1940.
Fotógrafo: Mário Novais, 1899-1967. PAVILHÃO DA FORMAÇÃO E DA CONQUISTA

Figura 27 Fotografias da Exposição do Mundo Português, realizada em Lisboa


em 1940. Fotógrafo: Mário Novais, 1899-1967. PORMENORES
ARQUITETÓNICOS
3.1. A FUNDAÇÃO GULBENKIAN

A Fundação Gulbenkian foi fundada em 1956 e tem como principal objetivo melhorar
a qualidade de vida das pessoas através da arte, da beneficência, da ciência e da educação.
Desde a sua criação, foi sentida uma grande necessidade de construção de uma sede e de um
museu. Nunca em Portugal tinha sido construído um edifício com tantos cuidados, quer
técnicos, quer pragmáticos. A construção da sede da Fundação Gulbenkian é um marco muito
importante para a arquitetura portuguesa, pois testemunha a passagem do Estado Novo para a
Revolução.
A administração da fundação organizou um concurso dirigido a três equipas de
arquitetos, que decorreu entre 1959 e 1960. O projeto vencedor foi o proposto pelos arquitetos
Ruy Jervis d’ Athouguia, de Macau, Pedro Cid, de Lisboa e Alberto Pessoa, da Figueira da
Foz. Este projeto obedecia ao pressuposto, o edifício teria de ser “uma perpétua homenagem
à memória de Calouste Gulbenkian, em cujas linhas se adivinhassem os traços fundamentais
do seu caráter – espiritualidade concentrada, força criadora e simplicidade de vida”.
O local escolhido foi o Parque de Santa Gertrudes em Palhavã e neste mesmo
espaço albergam a Sede, o Museu, com uma coleção permanente do fundador Calouste Sarkis
Gulbenkian, auditórios, uma orquestra e um coro, uma biblioteca de arte e arquivo e um
instituto de investigação científica. Segundo Ruy Athouguia, num documentário para a RTP 2
intitulado “Sede e Museu da Fundação Calouste Gulbenkian – Parte I”, procuraram fazer um
edifício que se integrasse no parque e na cidade da maneira mais discreta possível. Este facto
é observável na pouca variedade de materiais utilizados. Este afirma, e com razão, que a
sobriedade da obra foi conseguida.
Exteriormente, o museu tem a aparência de um paralelepípedo retangular, onde são
utilizados materiais como o betão e o granito. Possuí janelas e aberturas, que permitem o
contacto constante entre a Natureza e a Arte e ainda, no piso inferior, uma Galeria de
Exposições Temporárias, uma loja, uma cafetaria e a Biblioteca de Arte da Fundação.
Caracteriza-se por ser um edifício aparentemente simples, num espaço verde com
relvados, lagos e ainda um anfiteatro ao ar livre, projetados pelos arquitetos paisagistas
Gonçalo Ribeiro Telles e António Viana Barreto.
Segundo o arquiteto José Manuel Fernandes, ainda no mesmo documentário para a
RTP 2, o conjunto da Fundação Gulbenkian é um espaço extremamente interessante do aspeto
urbanístico, introduziu centralidade a uma área da cidade de Lisboa que era periférica e
considera que é um espaço clássico, tornando-se cada vez melhor à medida que os anos
passam.
Este edifício é um marco incontornável da Arquitetura Moderna Portuguesa e foi
reconhecido como Monumento Nacional em Portugal, em 2010.
Figura 28 Sede da Fundação Gulbenkian

Figura 29 Entrada do Museu Gulbenkian


4. ÁLVARO SIZA VIEIRA

Álvaro Siza Vieira é natural de Matosinhos e nasceu a 25 de junho de 1933.


Estudou arquitetura na Escola Superior de Belas Artes do Porto entre 1949 e 1955, tendo
lecionado na mesma entre 1966 e 1969. Lecionou ainda na Faculdade de Arquitetura da
Universidade do Porto, até outubro de 2003.
É um arquiteto reconhecido tanto a nível nacional como internacional, na sua obra
constam numerosos projetos, que marcam detalhadamente o modernismo português, entre os
quais se destacam o Museu de Arte Contemporânea de Serralves, a Igreja de Marco de
Canaveses, a Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto, a Casa de Chá da Boa
Nova, o Pavilhão de Portugal na Expo 98.
Recebeu intermináveis prémios, dos quais se destacam, em 1987, o Prémio de
Arquitetura da Associação de Arquitetos Portugueses; em 1982, o Prémio de Arquitetura do
Ano; em 1988 recebeu a medalha de Ouro de Arquitetura do Colégio de Arquitetos de
Madrid; a Medalha da Fundação Alvar Aalto; o Prémio Prince of Wales da Harvard
University e o Prémio Europeu de Arquitetura da Fundação Mies van der Rohe. Em 1992 foi-
lhe atribuído o Prémio Pritzker pelo conjunto da sua obra, destacando-se a renovação do
Chiado. Em 1993, recebeu o Prémio Nacional de Arquitetura e em 1996 e 2000, o Prémio
Secil de Arquitetura. Em 2001, foi premiado pela Wolf Foundation e recebeu o Prémio
Nacional da Arquitetura Alexandre Herculano. Mais recentemente, recebeu o Prémio
Nacional de Arquitetura 2019 de Espanha.
Em síntese, Siza Vieira é um dos mais importantes arquitetos portugueses e o mais
premiado de sempre.

Figura 30 Álvaro Siza Vieira

Adaptado do artigo Antigos Estudantes Ilustres da Universidade do Porto


https://sigarra.up.pt/up/pt/web_base.gera_pagina?p_pagina=antigos%20estudantes%20ilustres%20-
%20%c3%a1lvaro%20siza%20vieira
4.1. MUSEU DE SERRALVES

O Museu de Serralves, concebido por Siza Vieira como já referido em cima, é o


mais importante museu de arte contemporânea de Portugal, situado nos espaços da
Fundação de Serralves. A obre teve início em 1991 e foi inaugurada em 1999,
concordantemente integrada nos jardins do Parque e Casa de Serralves.
Construído ao comprido de Norte para Sul, o edifício divide-se em duas alas
separadas por um pátio, originando uma estrutura em U e uma construção em forma de
L. O Museu tem 14 salas de exposições, distribuídas por 3 pisos, fazendo parte delas a
Sala do Serviço Educativo e a Sala Multiusos. Faz também parte do edifício diversos
espaços de lazer, como uma esplanada, um restaurante com vista para o Parque, a
livraria, a biblioteca e o auditório.
O projeto arquitetónico é especialmente caracterizado pela sua simplicidade, relação
com a natureza, com espaços interiores convidativos à “fuga” para os jardins e a combinação
da luz artificial com a natural. Os materiais utilizados na construção foram o aço e o betão,
com revestimento de granito e reboco pintado. O chão é de carvalho e mármore e as paredes e
tetos de gesso e estuque pintado.

Figura 31 Museu de Serralves


Figura 32 Museu de Serralves

Figura 33 Planta arquitetónica do Museu de Serralves


4.2. RECONSTRUÇÃO DO CHIADO

Há 31 anos, uma das maiores catástrofes atingiu Portugal: o incêndio do Chiado. A


25 de agosto de 1988, as chamas possuíram a zona do Chiado, deixando aquela zona
histórica completamente arruinada. Juntaram-se às perdas e danos humanos, a perda de
património histórico e arquitetónico, como os Armazéns do Grandella, onde o incêndio
teve origem. Nas horas seguintes, o fogo chegou aos Armazéns do Chiado e outros
edifícios, maioritariamente construídos em madeira, o que ajudou na propagação rápida do
fogo. Foram só precisas cinco horas para destruir toda aquela zona. Até hoje, não se
descobriram os motivos que deram início ao incêndio, tendo a sua investigação terminado
em julho de 1992.
A reconstrução do Chiado ficou a cargo de Siza Vieira, tendo este vencido o
Prémio Pritzker devido a este projeto. Num documentário para a RTP, datado a 1994,
Álvaro Siza Vieira admite que “Esta encomenda, como sucederia com qualquer pessoa,
assustou-me um pouco. Sabia que ia haver muitas dificuldades”. O arquiteto considerava
que foi a falta de habitação naquela zona que permitiu que o incêndio tomasse proporções
tão grandes e que tivesse ajudado também na decadência do Chiado, mesmo antes do
incêndio. Queria devolver a função habitacional ao Chiado, bem como manter a tipologia
de construção dos edifícios deixada após o terramoto de 1755. Numa entrevista à Agência
Lusa, afirma “Uma das características da Baixa reconstruída após o terramoto, são os
quarteirões e fachadas tipo, que dão um certo ritmo aos elementos arquitetónicos. Foi
esse ambiente do século XVIII que pretendemos refazer”.
A obra teve um custo previsto de cerca de 36 milhões de euros, aos quais se
acrescia mais 1,8 milhões para a reconstrução das áreas do domínio público. Os donativos
vieram dos mais diversos lados, o Conselho da Europa ajudou com 20 milhões de euros e
a diáspora, estrutura de apoio aos emigrantes, também ajudou Lisboa e todas os
comerciantes e famílias desalojadas.
O Plano de Reconstrução tinha como principais objetivos preservar as fachadas
históricas e as características culturais, maioritariamente pombalinas; recuperar elementos
de intervenção do século XVIII, como a Gaiola Pombalina; Alvenaria, construção com
estrutura mista de madeira e estrutura mista de betão; preservar os azulejos portugueses e
os detalhes das portas e janelas; reconstrução dos espaços comerciais, visando o regresso
das empresas ao local; habitações, com índices de ocupação de 30 a 40%, predominando a
tipologia T1 e T2; edifícios de hotelaria, cultura e lazer. Ao nível urbanístico, pretendia-se
a melhoria na circulação viária e pedonal, com a abertura de algumas ruas, condicionadas
ao trânsito de veículos ligeiros.
Apenas 20 anos depois, foram atingidos todos os objetivos do Plano de Reconstrução.
Siza Vieira, num debate que ocorreu no Centro Nacional de Cultura, afirmou que “O tempo
foi o grande arquiteto do Chiado”. Atualmente, o Chiado é um ponto turístico obrigatório da
cidade de Lisboa. “O Chiado está hoje em dia a funcionar. Está saudável, vejo muita gente a
circular por lá, noto muita vida e muita dinâmica.”, concluiu ainda Siza Vieira.
Figura 34 Edifícios destruídos

Figura 35 Fotografia Diário de Lisboa

5.
6. 5. EDUARDO SOUTO DE MOURA

Eduardo Elísio Machado Souto de Moura nasceu a 25 de julho de 1952, no Porto.


Frequentou o curso de arquitetura na Faculdade de Belas Artes e na Faculdade de
Arquitetura da Universidade do Porto, onde também começou a sua carreira ao lado de
Álvaro Siza Vieira.
Tem como grandes referências na sua obra, além de Siza Vieira, os arquitetos Mies
van der Rohe (1886-1969) e Aldo Rossi (1931-1997), os arquitetos californianos dos anos
50 e 60, Craig Ellwood e Pierre Köning, a arte minimalista de Donald Judd e Sol Lewitt,
Bernardo Soares, um dos heterónimos de Fernando Pessoa, o escritor francês Roland
Barthes (1915-1980), o pintor catalão Antoni Tapiès (1923-2012) e o artista alemão Beuys
(1921-1986).
Conta com vários prémios atribuídos, entre os quais três prémios designados
Prémio Secil de Arquitetura: em 1992 pela construção do auditório e biblioteca infantil da
Biblioteca Pública Municipal do Porto, em 2004 pela construção do Estádio Municipal de
Braga e em 2011, pela construção da Casa das Histórias Paula Rego. Em 2011, foi
também vencedor do Prémio Pritzker, Nobel da Arquitetura, tendo sido destacado pelo
júri o Estado Municipal de Braga. Recentemente, ganhou o Prémio Arquitetura do Douro,
com a Central Hidroelétrica do Tua. Na sua obra, constam ainda diversos projetos como a
Estação de metro da Trindade, o Mercado da cidade de Braga, a Casa do Cinema Manoel
de Oliveira e o Centro de Arte Contemporânea Graças Morais, em Bragança.

"(…) Souto Moura refundou a arquitetura moderna em Portugal e, agora, está a


reinventá-la, com as dúvidas e complexidades que a vida para lá do "minimalismo"
exibe".” – José Figueira, 2004
"Durante as últimas três décadas, Eduardo Souto Moura produziu um corpo de
trabalho que é do nosso tempo, mas que também tem ecos da arquitetura tradicional. Os
seus edifícios apresentam uma capacidade única de conciliar características opostas,
como o poder e a modéstia, a coragem e a subtileza, a ousadia e simplicidade - ao mesmo
tempo.” – Comunicado emitido pelo júri do Prémio Pritzker, 2011

Figura 37 Eduardo Souto de Moura


Figura 38 Casa das Histórias Paula Rego

Figura 39 Casa do Cinema Manoel de Oliveira


5.1. CENTRO DE ARTE CONTEMPORÂNEA GRAÇAS MORAIS

O Centro de Arte Contemporânea Graças Morais está instalado em pleno centro


histórico de Bragança e foi projetado por Eduardo Souto de Moura. Tem como função
estimular e sensibilizar o conhecimento da arte contemporânea com a apresentação de
várias obras e diversas atividades. O edifício é do século XVII e muito antes de ser
conhecido como o Centro de Arte foi a sede do Banco de Portugal, até 1993. O projeto
arquitetónico incidiu sobre a recuperação e ampliação do antigo edifício e o projeto
durou quatro anos, de outubro de 2004 até junho de 2008.
A infraestrutura é composta por três diferentes edifícios, sendo o primeiro a antiga
sede do Banco e apesar de ter sido demolida parte do existente, manteve-se a sua traça
original. O segundo edifício faz a ligação entre o primeiro e a principal sala de
exposições temporárias, compreendendo a circulação entre exposições temporárias e
permanentes, as salas de serviço educativo, o gabinete administrativo, o centro de
documentação e uma sala de reuniões. O terceiro corresponde à principal sala de
exposições temporárias e é uma construção de raiz, feita a partir de uma estrutura
metálica, com cobertura de zinco. Nos rés do chão, encontrasse a zona de receção de
obras, a zona das oficinas e as reservas de coleção.

Figura 40 Projeto Arquitetónico

Adaptado Centro de Arte Contemporânea Graças Morais


https://centroartegracamorais.cm-braganca.pt/pages/123
5.2. ESTÁDIO MUNICIPAL DE BRAGA

O Estádio Municipal do Braga, também conhecido como “A Pedreira” foi


construído para o Euro 2004, tem uma capacidade de 30.154 lugares e encontra-se
numa pedreira virada para o vale do Rio Cávado.
Eduardo de Moura usou como inspiração o teatro grego arriscando-se mais um
pouco por escolha do cliente. Não tem bancadas em cima, apenas duas, uma de cada
lado. A cobertura foi produzida com elementos pré-fabricados, depois dos elementos
serem todos colocados foi inserido uma camada de betão “in situ” (feita no local da
construção principal), foi também definido que os cabos teriam uma variação de flecha
central apenas para um dos lados, isto permitiu que a água da chuva seja escoada na
ponta de cada cobertura caindo em cascata para duas bacias.
Este estádio é uma mais valia para a cidade e região.

Figura 41 Estádio Municipal de Braga

Adaptado
https://espacodearquitetura.com/projetos/estadio-municipal-de-braga/
7. CONCLUSÃO

Ao elaborar este trabalho, pretendeu-se dar a conhecer não só o que foi a


Arquitetura Portuguesa do século XX, bem como aspetos importantes de outros
períodos.
Concluímos então, que a Arquitetura Portuguesa possuí obras e projetos
arquitetónicos de valor imensurável bem como arquitetos que contribuíram não só
para a arquitetura em Portugal, como também deixam marcas internacionalmente. É
possível observar a evolução da arquitetura ao longo do tempo, a simplicidade a
ganhar mais destaque do que a exuberância, mas sem nunca perder aspetos
tipicamente portugueses, como é o caso dos azulejos, e tentando reconstruir edifícios
para não perder aquilo que faz parte da história de Portugal.
“O século XX não foi um século qualquer, foi um século em que se construiu
(em que se urbanizou, em que se suburbanizou) mais do que nunca em Portugal”,
PÚBLICO – A Arquitetura Portuguesa do século XX em 6384 episódios, escrito por
Inês Nadais.
8. BIBLIOGRAFIA

Documentários utilizados:
http://ensina.rtp.pt/artigo/o-modernismo/
http://ensina.rtp.pt/artigo/exposicao-do-mundo-portugues/
https://arquivos.rtp.pt/conteudos/sede-e-museu-da-fundacao-calouste-gulbenkian-i-parte/

Sites consultados:
https://www.publico.pt/2006/04/28/jornal/a-arquitectura-portuguesa-do-seculo-xx-em-
6384-episodios-75807
http://www.lisbonshopping.pt/pt/pontos-de-interesse/templo-de-diana-templo-romano-de-
evora/templo-de-diana-templo-romano-de-evora/
https://www.hisour.com/pt/pombaline-style-29533/
https://www.google.com/search?
q=ordem+dorica+jonica+corintia&sxsrf=ACYBGNSV1h4JnR94gok4vTi5HWBNB94Q7
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