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Rococó em Portugal

O Rococó (de influência alemã, muito conhecido pela grande difusão


das gravuras) faz a sua aparição em Portugal entrando pelo Norte,
fixando-se em Braga e em toda a zona do Minho e Douro.
Na Arquitetura, André Ribeiro Soares da Silva (1720-1769) foi o maior
símbolo deste estilo, servindo-se, para tal, de uma ornamentação
excessiva e flamejante, com conchas, vegetações fantásticas, na
fachada e no interior, e de uma correlação perfeita entre
Natureza/arquitetura. Estas marcas deixou-as no edifício da Câmara e
na Casa do Raio, ambas em Braga, e na Capela de Santa Maria
Madalena, na Falperra.
Câmara Municipal de Braga
Palácio do Raio, em Braga
Capela de Santa Maria Madalena, em Falperra
O Santuário de Nossa Senhora do Remédios, em Lamego, é
outro exemplo do rococó nortenho. As esculturas do
escadório, das fontes e dos jardins, com alusões
mitológicas, dão-lhe um toque de sensualidade rocaille.
Santuário de Nossa Senhora do Remédios, em Lamego
O Palácio de Queluz apresenta uma estrutura barroca complexa, com decoração rococó
(balaustradas e estatuária) e já com a fachada do pavilhão poente ao gosto Neoclássico; foi
construído entre 1747 e 1789 pela mão de Mateus Vicente Oliveira (1708-1786) e continuado
por Robillon (?- 1782) que também decorou e delineou os jardins.
A Sala do trono é a mais rica e bela do palácio.
Sala de trono ou dos espelhos, Palácio de Queluz
Sala dos embaixadores, Palácio de Queluz
Após o terramoto, e dada a necessidade de reconstruir com rapidez, economia e pouca mão-de-
obra, surgiu um estilo mais sóbrio – o estilo pombalino.
A escultura rococó entra em Portugal na segunda metade do século XVIII representada pelos
escultores da chamada “escola de Mafra” e pelo talento de Machado de Castro (1731 – 1822), o
maior escultor português deste período, autor da estátua equestre de D. José I, no Terreiro do
paço em Lisboa.
A sua obra, muito vasta e variada, encontrou a sua máxima originalidade nas
figurinhas de barro para os seus famosos presépios.
Em Lisboa, conhecem-se o da Sé patriarcal, o de S. Vicente, o da Estrela e o do
Marquês de Belas, para além de outros elaborados para a família real.
Homem culto, Machado de Castro montou uma oficina escola em Lisboa e
produziu numerosos escritos onde teorizou as suas experiências artísticas.
Deixou, por isso, muitos seguidores, como António
Ferreira, também autor de presépios de barro.
A escultura deste período não nos legou apenas estatuária religiosa, mas notabilizou-se
igualmente na produção de peças alegóricas para a decoração de edifícios civis e de fontes.
A estética rococó abrangeu também a produção de
talha entre 1750 e 1785 e dividiu-se em duas
tendências: uma a norte, com formas dinâmicas e
volumosas e uma decoração aparatosa e fantasista,
como a que prevaleceu nas oficinas de Braga;

Retábulo de Nossa Senhora do Rosário, na Igreja de São Domingos, em


Viana do Castelo – atribuído a André Soares
outra a sul, mais austera e simples, assente sobre
estruturas arquitectónicas que prenunciam o
Neoclássico.

Capela da Bemposta

interior da capela do Palácio de Queluz


Igreja dos Remédios, Évora
A talha dourada não foi empregue apenas em igrejas,
mas também em mobiliário, coches e bibliotecas.
Em Portugal, a pintura rococó não teve a importância da pintura barroca. Distribui-se pela
pintura de retábulos, de tetos e de retratos. Reflectiu-se, em termos estilísticos, sintomas
esmorecidos do Barroco, acrescidos de alguns modelos trazidos pelo Rococó francês. Constituiu
uma arte menos galante que a francesa mas que, todavia, teve aceitação no seu tempo. Os
esquemas de composição foram copiados de gravuras que lhes serviam de ponto de partida.
Neles se destaca a movimentação ágil das figuras, de gestos delicados compondo cenas
dinâmicas de um cromatismo suave e esmaecido.

Retrato de aristocrata, José Moreira da Cruz


Retrato de negro, José António Benedito de Barros
Entre os pintores deste período destacamos Pedro
Alexandrino de Carvalho (1730-1810), designado de fa presto,
por aceitar qualquer tipo de encomenda e a executar com
rapidez. Praticou vários géneros de pintura; foi sobretudo
decorador de igrejas, em Lisboa, após o terramoto, e de tetos
como os do Palácio de Queluz. O seu desenho é ágil, agradável
e suave.

Virgem e Santos, de Pedro Alexandrino de Carvalho


Salvador do Mundo de Pedro Alexandrino de Carvalho
Teto de sala dos Embaixadores, Palácio de Queluz
Na pintura de tetos as obras mais
significativas são a cúpula da Igreja do
Seminário de Coimbra executada por Pascoal
Parente, em 1670,
E o teto da nave da Igreja de Santa Catarina ou dos
Paulistas, em Lisboa, do milanês Giovanni Grossi (1719-
1781)
Além da pintura, a azulejaria também continuou a cumprir o
seu papel de revestimento e decoração. Entre 1735 e até ao
final do século foi retomada a policromia com predominância
do amarelo suave; as cenas galantes e os motivos de
inspiração naturalista, como grinaldas, aves e conchas, são o
vulgar da época. As fábricas mais conhecidas foram o Real
Fábrica de Faianças do Rato, em Lisboa, as fábricas de
Coimbra, de Alcobaça e do Porto.

Quinta dos Azulejos, Paço do Lumiar, Lisboa


Quando o Barroco entrou em decadência na Europa, a descoberta do ouro no Brasil criou
condições económicas e culturais (surto da intelectualidade colonial, literatos e artistas) para o
desenvolvimento desta arte, entre 1730 e 1750, e do rococó a partir daí, na zona de Minas
Gerais.
O “arquiteto” português Manuel Francisco Lisboa
(m. 1767) foi a personalidade artística de maior
destaque. Entre as suas obras, salientam-se a
monumental igreja da Ordem Terceira do Carmo,
em Ouro Preto,
o traçado da Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição
e, juntamente com o seu filho António Francisco Lisboa, o
Aleijadinho (c. 1738-1814), a Casa da Câmara.
O Aleijadinho projetou também, entre outras, a Igreja
da Ordem Terceira de S. Francisco, em Ouro Preto
a Igreja de São Francisco de Assis em S. João d’ El Rey
a Capela da Confraria dos Negros de S. José e a fachada da Igreja de Santo António, em
Tiradentes.
Mas o Aleijadinho foi, essencialmente, escultor
e entalhador. A sua obra escultórica denota
grande expressividade (santos de mãos
expressionistamente deformadas e rostos
emagrecidos, com os ossos a romper a pele)
provocando a piedade.
As peças famosas são doze estátuas do Antigo Testamento esculpidas em pedra-sabão e
colocadas no adro da Igreja do Bom Jesus de Matosinhos , em Congonhas do Campo, Minas
Gerais.
Aí, há também uma via crucis com os Passos da Paixão representados em 66 peças,
esculpidas em cedro e distribuídas pelas seis capelas processionais.
António Francisco Lisboa, o escultor que fez arquitetura, soube conciliar,
harmoniosamente, a decoração rococó e o uso da talha policromada
com a estrutura arquitetónica barroca. A sua obra foi uma referência
para o desenvolvimento da arquitetura e da escultura no Estado de Minas
gerais e no Brasil.
Bibliografia:
• Dicionário de História Universal, vols. II, III, Círculo de Leitores, s/l 1998

• A Europa dos Grandes Reinos, Nicolas Wintz e Philippe Jacquin, Lello & Irmão, s/l 1990

• A Grande Aventura do Homem – Da sombra às Luzes, ed. Abril Cultural, São Paulo 1976

• História da Arte em Portugal – Do Barroco ao Rococó, Nelson Correia Borges, vol. 9 Publicações Alfa, Lisboa 1986

• História da Arte Portuguesa no Mundo (1415-1822) – O Espaço do Atlântico, Pedro Dias, Círculo de Leitores, Navarra 1999

• História da Cultura e das Artes - 12, 2ª parte, Ana Lídia Pinto e outros, Porto Editora, 2006

• História da Cultura e das Artes, 12º, Paulo Simões Nunes, Lisboa Editora, 2006

•http://pt.wikipedia. com

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