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ADULTÉRIO

O Rogerio  peca por ignorancia, Reinaldo Alves. E Deus não leva em conta o tempo
da ignorancia. Caio Fabio NAO está em adulterio, a luz da Bíblia. Veja esse artigo:
"É O CASAMENTO INDISSOLÚVEL? NÃO. BÍBLICAMENTE FALANDO, NÃO!
Sou um homem de sorte. Aos 16 anos conquistei a menina mais linda da igreja. Casei-
me com ela 5 anos mais tarde para descobrir que ela era linda por fora e também por
dentro. Mulher cristã, de grande caráter, culta, excelente mãe e uma esposa de
oração.
É claro que já passamos por severas crises: crises conjugais agudíssimas, crises
financeiras agudíssimas e situações de doenças gravíssimas. Sim, doenças,
principalmente as psíquicas acabam com os casamentos. Há de haver muito amor
para se conviver com o deprimido, por exemplo.
A felicidade não está na estrada que leva a algum lugar. A felicidade é a própria
estrada, já dizia Bob Dylan. Felicidade não é o lugar aonde se chega, é a forma como
se vai. 
Em março de 2014, dentro de 7 semanas, completarmos 33 anos de vida conjugal. Até
aqui nos guiou o Senhor. O amor, sim, o amor, tudo suporta, tudo crê, tudo espera.
Não foi essa, porém, a experiência que vi na casa de meus pais. Passei a minha
infância e adolescência testemunhando o sofrimento deles. Minha mãe era adepta da
indissolubilidade incondicional do casamento. "Montou no burro, aguenta o trote!". Ela
viveu 36 anos ao lado de um homem que não amava. 
Em 1995, no dia do sepultamento do meu pai suspirou em alta voz: "Graças a Deus,
estou livre!"
Conheço outros casais que já deveriam estar separados há muito tempo. Mulheres
que sofrem violência doméstica, maridos adúlteros e pessoas que, em nome da
religião, levam um casamento à frente SEM amor.
Daí vem o meu questionamento: é o casamento indissolúvel? Não. Biblicamente
falando, não!
 Há um ensinamento falso de que o casamento só pode ser extinto em uma situação
de adultério. E o novo casamento só é permitido à parte inocente. Isso não é bíblico.
Não se aplica aos cristãos hoje. 
O objetivo desse artigo é apontar um erro grave de interpretação bíblica sobre esse
tema.
Mateus 19:6 é um dos textos mais utilizados para a eternização dos casamentos
infelizes. "O que Deus ajuntou não o separe o homem". Ficamos com a resposta sem
analisar a pergunta: "Então chegaram ao pé dele os fariseus, tentando-o, e dizendo-
lhe: É lícito ao homem repudiar sua mulher por qualquer motivo?" Mateus 19:3. Sim, a
questão era "por 
qualquer motivo?". Incluo também uma outra pergunta: foi realmente Deus quem
ajuntou você e sua esposa?
Haja vista que textos fora do contexto são perigosos pretextos, precisamos
imediatamente mergulhar no ambiente histórico daquela época.

Não é possível compreender o tema DIVÓRCIO na Bíblia, sem antes compreender o


tema ADULTÉRIO. E para entender o tema ADULTÉRIO, faz necessário primeiro
conhecer o papel da MULHER nos tempos bíblicos.
Elas eram objetos. Seres vivos um pouco melhor que os animais. Eram propriedades
dos seus maridos.
a) O homem podia se divorciar se achasse coisa indecente na sua esposa. A mulher
nunca poderia se divorciar (Deut. 24: 1-4)
b) A mulher suspeita de ter tido relações sexuais com outro homem passava por uma
rigorosa e humilhante prova de ciúmes. Isso não era requerido do marido suspeito de
traição (Números 5:11-31). 
c) O voto feito por um homem era válido. Um voto feito por uma mulher poderia ser
cancelado por seu marido. (Números 30:1-15)
d) O pai podia vender uma filha ou um filho para pagar uma dívida. A diferença é que o
menino poderia ser resgatado depois de 6 anos. A filha seria uma escrava eterna do
comprador. (Êxodo 21:7 e Levítico 25:40).
e) Ló ofereceu suas duas filhas virgens para serem abusadas. (Genesis 19: 5-8).
f) Na parábola do juiz iníquo é uma mulher quem clama e não tem a devida atenção. E
se o solicitante fosse um homem? (Lucas 18:1-8).
g) A mulher solteira era propriedade do pai, que exigia um pagamento, um dote para
entregá-la ao futuro marido.
h) A mulher depois de casada passava a ser propriedade do marido. Ele a governava
como senhor absoluto.
i) A mulher não era contada entre os habitantes. No episódio dos cinco pães e dois
peixinhos comeram em pé e não foram contadas. “E disse Jesus: Mandai assentar os
homens. E havia muita relva naquele lugar. Assentaram-se, pois, os homens em
número de quase cinco mil”. João 6:10.
j) Se fosse estéril era desprezada ou substituída pela escrava. Seu papel principal era
a procriação.
k) Convivia com a poligamia do marido sem poder reclamar.
l) Não podia conversar em público e quando caminhava na rua com o marido seguia-o
atrás em silêncio.
m) As casas não tinham janelas para a rua, pois a mulher não podia contemplar o
mundo exterior de dentro de casa.
n) Era contada entre os animais e as coisas. Está na mesma lista dos bois e dos
jumentos que não poderiam ser cobiçados. “Não cobiçarás a casa do teu próximo, não
cobiçarás a mulher do teu próximo, nem o seu servo, nem a sua serva, nem o seu boi,
nem o seu jumento, nem coisa alguma do teu próximo”. Êxodo 20:17. Sim, a mulher
era uma COISA!
o) Era dever da esposa lavar os pés do marido.
p) O homem podia ter várias mulheres, podia sair com prostitutas. Podia fazer sexo
com as mulheres trazidas como despojos de guerra. Já a mulher casada era
condenada a morte se tivesse intercurso sexual com um outro homem. Morte por
estrangulamento.
q) Se a mulher saía à rua sem cobrir a cabeça e o rosto, ofendia os bons costumes.
Por esse motivo o marido tinha o direito e o dever religioso de expulsá-la de casa e
divorciar-se dela.
r) Se a mulher perdesse seu tempo na rua, falando com outras pessoas, ou mesmo se
ficasse na porta de sua casa, podia o marido repudiá-la sem qualquer compensação
econômica.

Agora sim! É possível entender a pergunta dos fariseus: “É lícito ao homem repudiar
sua mulher por qualquer motivo? Mateus 19:3. 
Vejam a resposta de Jesus e a reação de seus discípulos: “Eu vos digo, porém, que
qualquer que repudiar sua mulher, não sendo por causa de fornicação, e casar com
outra, comete adultério; e o que casar com a repudiada também comete adultério.
Disseram-lhe seus discípulos: Se assim é a condição do homem relativamente à
mulher, não convém casar”. Mateus 19:9-10
Fornicação vem de fornicis. Era o arco da porta sob a qual as prostitutas se exibiam. É
a tradução da palavra grega porneia, que significa devassidão, libertinagem,
promiscuidade, relações sexuais ilícitas. Pergunto: dá para imaginar uma esposa judia
praticando a devassidão, a libertinagem e a promiscuidade? Obvio que não! Isso era
algo impensável para aquela época e para aquele povo. Jesus NÃO fala da esposa
adulterando, mas fornicando. 
Jesus está defendendo o direito da mulher, protegendo o lado mais fraco daquela
relação perversa. Acabando com o “qualquer motivo”.
O que estava por trás da cena? 
Os homens daquela época podiam ter quantas esposas quisessem desde que
provassem ser capazes de sustentá-las. Quem tinha dinheiro para ter 10 mulheres não
podia se casar com a 11ª. Qual a forma de se resolver o problema? Repudiando por
“qualquer motivo” uma das suas 10 mulheres para abrir vaga para a nova esposa.
A mulher era propriedade do marido! Quem tinha 1200 esposas, tal qual Salomão, era
muito rico. Quem tinha apenas duas esposas era pobre. O estereótipo daquela época
era construído pelo número de esposas que se tinha. Hoje, os homens se afirmam
pela quantidade de carros importados que possam ter e outros bens materiais.
Por ser a mulher uma coisa e não um ser humano digno, a prostituição era natural e
lícita. Só era pecado se fosse praticada por uma mulher casada, se um pai explorasse
sua filha no meretrício ou se a prostituição estivesse ligada a idolatria. As prostitutas
estavam ali para serem usadas por homens solteiros e casados!
Note o exemplo de Sansão. Ele estava numa noite de amor com uma prostituta e o
Espírito de Deus estava sobre ele. Tanto é verdade que no meio da noite,
pressentindo que seria morto, arrancou o portão da cidade e se foi. Ele não seria
capaz de realizar esse feito sem o Espírito de Deus! Dias depois, estava com uma
outra piriguete, cortaram-lhe os cabelos e o Espírito do Senhor saiu dele. Cortar os
cabelos de Sansão era pecado. Deitar-se com uma prostituta, não.
E o que dizer do caso Judá e Tamar (Genesis 38)? Ele procurou os serviços de uma
prostituta, proclamou isso a todos os habitantes, sem medo e sem culpa. E quando foi
a “julgamento” público, confessou um outro pecado, o verdadeiro pecado: não ter dado
seu filho caçula Selá para desposar Tamar. 
E a prostituta Raabe de Jericó? Ela foi salva, sem ter se arrependido! E talvez tenha
continuado a exercer o mesmo ofício em Israel.
Por essa razão, ADULTÉRIO na Bíblia não é um pecado sexual. É um pecado contra
a propriedade! Só encontramos situações de adultério quando há o envolvimento de
uma mulher casada, a propriedade do marido.
Agora sim, dá para entender o que Jesus estava dizendo, e os discípulos ficaram
desesperados. Era uma questão JURÍDICA. Não era uma questão SEXUAL: “Eu vos
digo, porém, que qualquer que repudiar sua mulher, não sendo por causa de
fornicação, e casar com outra, comete adultério; e o que casar com a repudiada
também comete adultério. Disseram-lhe seus discípulos: Se assim é a condição do
homem relativamente à mulher, não convém casar”. Mateus 19:9-10
           Veja que adulterar NÃO era fazer sexo com outra mulher, mas sim REPUDIAR
a própria esposa! E o pior: quem se casasse com a repudiada também tornava-se
adúltero. Jesus estava abolindo uma lei de Moises e criando outra. E diante desse nó
jurídico, os discípulos exclamaram: “Então é melhor não se casar!”. A conversa NÃO
era sobre sexo, era sobre PROPRIEDADE, sobre questões jurídicas dos direitos do
homem sobre a mulher! E isso é reafirmado em Mateus 5:28: “Eu, porém, vos digo,
que qualquer que atentar numa mulher para a cobiçar, já em seu coração cometeu
adultério com ela”. 
Basta cobiçar a propriedade do outro para já se tornar um adúltero. Jesus não está
falando de desejo sexual, está falando de cobiçar um bem que o outro tem! Não era
permitido cobiçar a casa, o boi, o jumento, e a mulher! Sim, a mulher, aquela COISA,
chamada mulher! Quem a cobiçasse já seria um adúltero. Jesus estava corrigindo uma
injustiça milenar para com a mulher. Não estava legislando sobre sexo!
Notem que a desvantagem da mulher era enorme. “Todavia, aos casados mando, não
eu mas o Senhor, que a mulher não se aparte do marido”. 1 Coríntios 7:10. E o
homem, podia se apartar?
Embora a Bíblia não diga “até que a morte o separe”, essa verdade deveria incluir
todas as mortes: a morte do amor e a morte do próprio casamento.
"Não deve a verdade suportar a investigação? Ela balançará e cairá se for criticada?
Se for assim, que ela caia, quanto mais cedo melhor. O espírito que fecha a porta para
a investigação cristã dos pontos da verdade não é o Espírito que vem do alto" (Ellen
G. White, carta a William M. Healey, 9 de dezembro de 1888.
Hoje, a mulher NÃO é uma propriedade do marido! Logo, os casamentos hoje NÃO
estão incluídos no contexto do adultério bíblico.
Isso não abala a fidelidade sexual e os compromissos de lealdade ao cônjuge, pois
contratos em vigência devem ser respeitados.  Mas eles podem ser rescindidos!
Para muitos, o divórcio é a oportunidade única de um novo começo, quando não há
mais nenhuma esperança de felicidade a dois. Sem amor estamos amputados de
nossa melhor parte. A vida pode até ser mais tranquila e livre de dores quando não
amamos. Mas trata-se de uma paz de cinzas, diz o psicanalista Jurandir Freire.
Jesus tem hoje uma mensagem de paz para vocês: vim para que tenham e vida em
abundância. 
Apropriem-se da paz sem a culpa de interpretações erradas da Palavra de Deus, e và
em busca da sua felicidade!"
   
          Paulo Gomes do Nascimento
          Graduado em Teologia / Unasp 1997

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