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O encontro de Jesus com a mulher siro-fenícia

(Mt 15,21-28) [Odja Barros]


A situação retratada no texto de Mt 15,21-28 parece ser uma realidade de
conflito nas comunidades daquele tempo, provocada por atitudes
discriminatórias de judeus para gente estrangeira e para com mulheres. O
relato fala do encontro de Jesus com uma mulher estrangeira.

Naquela época, as pessoas estrangeiras significavam algo detestável no


pensamento dominante em Israel. Apesar de as tradições ancestrais
mostrarem a necessidade de oferecer-lhes proteção, o judaísmo hegemônico
no pós-exílio as considerava impuras, bem como uma ameaça por serem
desconhecedoras da lei e perturbadoras da tranquilidade de Israel. Reprovava
seus costumes, suas tradições e seus ritos. Em Mt 15,21-28, Jesus rompe
fronteiras e se aproxima do território de Tiro. A situação era muito tensa, pois
Jesus se encontra junto a terras estranhas e, ali, o seu primeiro encontro é com
uma cananeia, considerada duplamente impura por ser mulher e por ser
estrangeira.

O texto põe em evidência duas posições discordantes nas comunidades cristãs


daqueles anos. Uma delas provém do mundo judeu e olha para as mulheres e
pessoas estrangeiras com atitude suspeita. A outra conduta é de quem
procedia do mundo greco-romano e que tem uma visão mais aberta, com
influência de mulheres e pessoas de origem estrangeira, sendo-lhes mais
favorável.

É interessante que, na narrativa, Jesus aparece como homem judeu,


representante do discurso e da mentalidade dominante de seu povo, dirigindo-
se à terra da mulher siro-fenícia, terra de gente impura para o pensamento
preponderante no judaísmo. Segundo Mc 7,24, Jesus quer ocultar-se, manter-
se fora do alcance das pessoas daquele lugar, talvez para manter sua pureza
ritual. Mas, ele não consegue permanecer oculto, pois logo vem ao seu
encontro uma mulher estrangeira, duplamente condenada pela mentalidade
que ele representa.

A primeira atitude de Jesus é a conduta e a mentalidade excludente de judeus


que não atendem e não se sensibilizam diante da necessidade de uma mãe
com sua filha doente. O interesse de manter a pureza ritual impedia que ele se
sensibilizasse e se solidarizasse com a mulher cananeia. Jesus silencia, não
diz uma palavra sequer à mulher, apesar dos seus gritos de aflição. Diante de
seu silêncio, os discípulos propõem uma saída ainda mais drástica, sugerindo a
expulsão dela. Por fim, as palavras de Jesus representam o mesmo discurso
que seguramente brotava da boca do setor judeu daquela comunidade: “Não
fui enviado a não ser para as ovelhas perdidas de Israel. Não é conveniente
tirar o pão dos filhos e atirá-lo aos cachorros.” (vv. 24.26). Para muitos judeus,
pessoas estrangeiras não eram outra coisa senão “cães” ou “porcos” (cf. Mt
7,6), provocadoras de grandes calamidades para os filhos de Israel.

Chama a atenção a resposta da mulher siro-fenícia. Ela podia responder com


diversas argumentações ou ficar simplesmente calada como sinal de
reprovação diante da discriminação que sofre. Contudo, ela utiliza os mesmos
termos de Jesus para fazê-lo repensar sua posição discriminatória: “É verdade,
Senhor, mas também os cachorros comem das migalhas que caem da mesa
de seus donos!” (v. 27). Pela boca da siro-fenícia, falam as mulheres e os
representantes gentios marginalizados naquelas comunidades cristãs. A ação
da mulher é um símbolo do esforço de membros cristãos de origem
gentílica para expulsar o “demônio da exclusão” ainda reinante naquela
ocasião. Através do personagem da mulher estrangeira, essas pessoas
reclamam aceitação na nova comunidade de fé.

E a mudança de Jesus, ao passar a escutar os gritos de aflição da mulher


estrangeira, tal como o Deus do êxodo (Ex 3,7-8), representa a nova atitude
que as comunidades são chamadas a assumir. Quando Jesus se deixa
interpelar pela excluída siro-fenícia e se abre para o diálogo com ela,
sensibiliza-se com sua realidade e reconhece que o “pão” é direito de todas as
filhas e filhos para além de Israel. Paradoxalmente, a enfermidade da filha da
mulher estrangeira, considerada um mal e uma impureza na mentalidade
predominante do judaísmo, torna-se um fator que humaniza e rompe com os
opostos. Torna-se um símbolo de recuperação e de cura comunitária.
Esse relato do Evangelho representava um convite à comunidade cristã para
assumir uma atitude nova de reciprocidade e receptividade para além do povo
judeu.

A luta por uma experiência social e religiosa de


integração e respeito parece ser um dos objetivos
desse texto.
Da mesma forma, o Evangelho nos convida hoje a uma atitude nova de
diálogo, de abertura e de fraternidade humana.
"Não se tira dos filhos o pão para dar aos
cachorrinhos"
11 DE ABRIL DE 2012

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Como entender essa frase de Jesus?

“Como entender essa frase dita por Jesus?”

No Novo Testamento, em Mateus, uma mulher pede a Jesus que cure sua filha
endemoniada e Jesus diz: “não se tira dos filhos o pão para dar aos cachorrinhos”.
Como entender esta passagem?

Em Seu ministério Jesus não se limitou a trabalhar pela salvação dos judeus apenas.
Embora tenha vindo para os Seus, muitos O rejeitaram (João 1:11). O sentido
supremo desta passagem é que ela preanuncia a propagação do evangelho a todo
mundo; mostra-nos o princípio do fim de todas as barreiras. O contexto histórico
evidencia que Jesus havia sido rejeitado na Judéia e na Galiléia e assim Ele se retirou
para os lados de Tiro e Sidom para ter um período de tranquilidade antes do
alvoroço do fim (Mateus 15:21 e Marcos 7:24).
Não se trata em nenhum sentido de uma fuga de Jesus; é uma imagem de Jesus
adquirindo forças e preparando-se, Ele e seus discípulos, para a luta final e decisiva
que tinha pela frente. Porém até nesse território estrangeiro Jesus não se veria livre
do clamor da necessidade humana. Havia uma mulher que tinha uma filha
gravemente doente. De algum modo esta mulher tinha ouvido a respeito das coisas
maravilhosas que Jesus podia fazer (Marcos 7:25), e seguiu a Jesus e a seus
discípulos, rogando desesperadamente que a ajudassem. A princípio, Jesus parecia
não lhe prestar atenção. Os discípulos estavam confundidos. “Dá-lhe o que pede”,
diziam, “e livre-se dela” (ver Mateus 15:23).

A reação dos discípulos não era um sentimento de compaixão. Pelo contrário, para
eles a mulher era um estorvo e queriam livrar-se dela o mais rápido
possível. Atender a um pedido para livrar-se de alguém que é, ou pode converter-se
em um estorvo, é uma reação muito comum, mas é muito diferente do amor, da
compaixão e da piedade cristãos. Mas havia um problema. Não podemos duvidar
por um instante de que Jesus sentia compaixão pela mulher, mas ela era uma gentia.
Não só era gentia, mas também pertencia aos cananeus e os cananeus eram inimigos
ancestrais dos judeus. Nessa mesma época, ou não muito depois, Josefo podia
escrever: “Dos fenícios, os de Tiro são os que têm os piores sentimentos contra nós.”
Jesus aproveitaria a oportunidade e ensinaria aos discípulos uma grande lição de
como se deveria trabalhar pela salvação de todas as pessoas, inclusive dos pagãos.
Já vimos que se Jesus queria ter algum efeito devia limitar seus objetivos, como um
general prudente. Tinha que começar pelos judeus (Mateus 15:24); e aqui se
encontrava com uma mulher gentia que clamava por misericórdia. Jesus só podia
fazer uma coisa: devia despertar uma fé autêntica no coração dessa mulher. De
maneira que Jesus por fim se voltou para ela: “Não é bom tomar o pão dos filhos e
lançá-lo aos cachorrinhos” (Mateus 15:26). Chamar cão a alguém era um insulto
mortal e pejorativo. O judeu falava com uma arrogante insolência de “os cães
gentios”, os “cães infiéis” e, mais adiante, dos “cães cristãos”. Naqueles dias os cães
eram os sujos habitantes das ruas – animais fracos, selvagens, frequentemente
doentes. Mas devemos lembrar duas coisas. O tom e o olhar que se empregam para
dizer algo fazem uma grande diferença.

Inclusive algo duro pode dizer-se com um sorriso que desarma. Podemos chamar
um amigo “vilão” ou “vadio” com um sorriso e um tom que lhe tira toda maldade e o
enche de afeto. Podemos estar seguros de que o sorriso no rosto de Jesus e o tom de
sua voz tirou toda a amargura e o insulto de suas palavras. Em segundo lugar,
emprega o diminutivo de cães (kunaria) e os kunaria não eram os cães vagabundos
mas os cães de madame, muito distintos dos vira-latas que assolavam as ruas e
revolviam os montões de lixo. A mulher era grega, de rápida percepção e com o
engenho dos gregos. “Sim”, respondeu, “porém os cachorrinhos comem das
migalhas que caem da mesa dos seus donos”. E os olhos de Jesus se iluminaram de
alegria ao perceber uma fé tão indomável; e lhe outorgou a bênção e a saúde que
tanto desejava.

Devemos assinalar certas coisas a respeito desta mulher:

(1) Primeiro e sobretudo, experimenta amor. Como dissera Bengel a respeito dela:
“Fez sua a miséria de sua filha.” Podia ser pagã, mas em seu coração estava esse amor
por sua filha que sempre é o reflexo do amor de Deus por suas criaturas. Foi o amor
que a fez se aproximar desse estrangeiro; foi o amor que a fez aceitar seu silêncio e
continuar sua súplica. O amor foi que a fez suportar sua aparente rejeição. Foi o amor
que a fez capaz de ver a compaixão por trás das palavras de Jesus.

A força impulsionadora do coração desta mulher era o amor; e não há nada mais
forte e mais perto de Deus que o amor. Esta mulher tinha fé.

(a) Era uma fé que cresceu em contato com Jesus. Começa chamando-o “Filho de
Davi”, reconhecendo-o como o Messias. Termina chamando Jesus de “Senhor”. É
como se Jesus a tivesse obrigado a olhá-lo e a mulher tivesse visto nEle algo que não
se podia expressar em termos terrenos, pois de fato, embora fosse humano, era
divino. Isso era justamente o que Jesus queria suscitar nela antes de conceder seu
pedido. Queria que ela compreendesse que seu pedido devia converter-se em uma
oração a um Deus vivo. Podemos ver como cresce a fé desta mulher enquanto se
depara com Cristo até que o vê.

(b) Era uma fé que adorava. Começou seguindo-o, terminou ajoelhada. Começou
com uma petição, terminou com uma oração. Cada vez que nos aproximamos de
Jesus devemos fazê-lo em primeiro lugar em adoração de sua majestade, e só depois
devemos expressar nossa necessidade.
(3) Esta mulher tinha uma persistência inquebrantável. Não se deixava desalentar.
Como já dissemos, há muita gente que ora porque não quer perder a oportunidade.
Não acreditam na oração em forma autêntica; só sentem que pode ser que aconteça
algo e não querem perder a oportunidade. Esta mulher se aproximou não só porque
Jesus era o único que podia ajudá-la, mas sim porque era sua única esperança.
Aproximou-se com uma esperança apaixonada, com um claro sentimento de
necessidade e disposta a não sentir-se desalentada.

(4) Esta mulher tinha o dom da alegria. Estava em meio da aflição; apaixonadamente
ansiosa; e entretanto, podia sorrir. Havia nela uma espécie de alegria cheia de luz. A
mulher se aproximou de Cristo com um amor audaz, com uma fé que cresceu até
adorar aos pés do divino, com uma insistência inquebrantável que brotava de uma
esperança invencível, com uma alegria que não aceitava o desalento. Essa é a fé que
não pode deixar de receber uma resposta a suas orações. (William Barclay,
Comentário Bíblico de Mateus), p. 550-553.

O BATISMO DE JOÃO ERA DO CÉU OU DA TERRA?


evangelhoagape

3 anos ago

“O batismo de João era do céu ou dos homens? respondei-me”. Marcos 11:30

Primeiro quero deixar claro que não estou induzindo quem quer que seja a não
se batizar nas águas, pois, pouco me importa a sua preferência quanto a isto.
Apenas apresento-lhes por meio deste artigo a Verdade NÃO compreendida
até mesmo por aqueles que se dizem instrutores de néscios e mestres de
crianças, cujo os quais estão a liderar uma igreja local próximo de sua
residência.

Pois bem!

Muito se fala acerca do batismo, e muitos até o vinculam a salvação, porém,


poucos sabem o seu significado mesmo a Palavra de Deus sendo tão clara e
objetiva em suas descrições e relatos.

Bem, de onde era o batismo de João Batista? Do céu ou da terra?

Os fariseus mesmo sabendo da resposta, não quiseram responder a Jesus


quando questionados por que com isto dariam razão não só a mensagem que
Cristo estava a anunciar, como também a que Ele próprio, Jesus, era o Filho
de Deus. (Marcos 11:28-33)

O próprio João Batista dissera de onde procedia o seu batismo:


“Respondeu João a todos, dizendo: Eu, na verdade, batizo-vos com água,
mas eis que vem aquele que é mais poderoso do que eu, do qual não sou
digno de desatar a correia das alparcas; esse vos batizará com o Espírito
Santo e com fogo.” (Lucas 3:16)

Ora vemos então que o batismo de João era da terra, pois, o Espírito com o
qual nos batizou Jesus ao crermos no Evangelho acaso não procede do céu?

Por que é então que muitos continuam a dar tanta importância e até
mesmo (sem que o saiba) idolatrar a água?

Vamos entender o que significa BATISMO:

O termo é a transliteração do grego“βαπτισμω” (baptismō) para


o latim(baptismus), conforme se vê na Vulgataem Colossenses 2:12. Este
substantivo também se apresenta como “βαπτισμα” (baptisma) e “βαπτισμός”
(baptismós), sendo derivado do verbo “βαπτίζω” (baptizō), o qual pode ser
traduzido por “batizar”, “imergir”, “banhar”, “lavar”, “derramar”, “cobrir” ou
“tingir”, conforme utilizado no Novo Testamentoe na Septuaginta. ***

Observem:

“Perguntou-lhes, então: Em que sois batizados então? E eles disseram: No


batismo de João”. (Atos 19:3)

“Mas Paulo disse: Certamente João batizou com o batismo de


arrependimento, dizendo ao povo que cresse no que após ele havia de vir,
isto é, em Jesus Cristo”. (Atos 19:4)

“E os que ouviram foram batizados em nome do Senhor Jesus. E, impondo-


lhes Paulo as mãos, veio sobre eles o Espírito Santo; e falavam línguas, e
profetizavam”. (Atos 19:5,6)

Percebam que o apóstolo Paulo disse aos discípulos de João não haver mais
sentido o batismo nas águas, pois, a purificação não ocorreria na carne, mas
no espírito, pois, o batismo nas águas não tem poder algum de refrear os
impulsos da carne (Colossenses 2:20-23), haja visto tratar-se apenas de um
“banho”.

Ninguém deixa de pecar por ter sido batizado nas águas (Tito 3:5), mas todo
aquele em que possuindo o Espírito Santo da promessa, este abandona o
pecado quando o seu próprio coração o acusa, pois, aquele que nasceu de
Deus peca, mas não permanece no pecado. (1 João 3:21)

Observe:
“Para a santificar, purificando-a com a lavagem da água pela palavra…
(Efésios 5:26,27)

– Note que quem nos “lava” é a Palavra que simboliza a água como num
processo de purificação não da carne, mas da alma.

Alguém inevitavelmente dirá: “MAS JESUS DISSE QUE QUEM NÃO


FOSSE BATIZADO NÃO SERIA SALVO. E AÍ, O QUE TEM A DIZER?”

O mesmo que o apóstolo Paulo disse aos discípulos de João Batista:


“Certamente João batizou com o batismo de arrependimento, dizendo ao
povo que cresse no que após ele havia de vir, isto é, em Jesus Cristo”. (Atos
19:4)

E NOVAMENTE ME QUESTIONARIAM: “ACASO É PAULO MAIOR


QUE JESUS”?

De jeito nenhum. Mas o que nem mesmo os discípulos de Jesus outrora


entenderam no principio é que o Espírito de Cristo NÃO está condicionado a
água, como podemos notar neste trecho:

“E, quando comecei a falar, caiu sobre eles o Espírito Santo, como também
sobre nós ao princípio.
E lembrei-me do dito do Senhor, quando disse: João certamente batizou
com água; MAS VÓS SEREIS BATIZADOS COM O ESPÍRITO SANTO.
Portanto, se Deus lhes deu o mesmo dom que a nós, quando havemos crido
no Senhor Jesus Cristo, quem era então eu, para que pudesse resistir a
Deus”? (Atos 11:15-17)

Pedro com isto, reconheceu que estar errado quanto a significação do batismo.

Uma pessoa não se purifica de fora para dentro, mas de dentro para fora.
Portanto, deixem de idolatrar a água condicionando-a até mesmo a salvação,
pois, todo aquele que anuncia um falso Evangelho obrigando aqueles que em
sua liberdade volte a se escravizar por doutrinações e rudimentos outrora
cancelados na cruz, acumula para si mesmo juízo para o Grande e Terrível Dia
do SENHOR.

“Por isso, ABANDONANDO O QUE ANTECEDE A DOUTRINA DE


CRISTO, prossigamos até à perfeição, NÃO LANÇANDO DE NOVO o
fundamento do arrependimento de obras mortas e de fé em Deus, e da
doutrina dos batismos, e da imposição das mãos, e da ressurreição dos
mortos, e do juízo eterno”. (Hebreus 6:1,2)

Portanto o batismo de João Batista era da terra, e NÃO há mais sentido em tal
prática nos dias de hoje desde a morte e ressurreição de Jesus. Cristo é maior
que João Batista.
Mais claro do que isto, só dois disto.

Paz de cristo!

Por: Hélio Fernandes

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