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Mateus 20.20-28
Uma vez se encontrou uma moeda romana com a imagem de um boi. O animal enfrentava
duas coisas: um altar e um arado. A inscrição rezava: "Disposto para ambos." O boi devia
estar preparado para o momento supremo do sacrifício no altar ou para o comprido trabalho
do arado na granja. Não há uma taça única para o cristão. Pode beber sua taça em um só
momento sublime, ou pode bebê-la ao longo de toda uma vida cristã. Beber o cálice
significa seguir a Cristo, em qualquer lugar que ele nos leve e ser como ele em qualquer
situação que se nos presente na vida.
esta passagem arroja luz sobre Jesus. Mostra-nos a bondade de Jesus. O que resulta
surpreendente sobre Jesus é que nunca perdia a paciência ou se zangava com os homens.
Apesar de tudo o que havia dito, aqui estavam estes homens e sua mãe tagarelando a
respeito de postos em um governo e um reino terrestres. Mas Jesus não estala diante de sua
teimosia, nem se indigna por sua cegueira ou se desespera diante de sua incapacidade de
aprender. Trata de dirigi-los para a verdade com generosidade, amor e compreensão, sem
pronunciar uma só palavra impaciente. O mais surpreendente a respeito de Jesus é que
nunca se desesperava com os homens. Mostra-nos a honestidade de Jesus. Tinha muito claro
que havia uma taça amarga que a beber e não titubeou em dizê-lo. Ninguém pode dizer que
começou a seguir a Jesus sob um engano.
Jesus nunca deixou de dizer aos homens que, mesmo que a vida termine com uma coroa,
transcorre com uma cruz sobre as costas. Mostra-nos a confiança do Jesus nos homens.
Nunca duvidou de que Tiago e João manteriam sua lealdade. Tinham suas ambições
equivocadas, sua cegueira, suas idéias errôneas, mas Jesus jamais pensou em apagar os de
seus livros como a devedores morosos. Acreditava que podiam e que de fato beberiam seu
cálice e que ao final seguiriam a seu lado. Uma das coisas fundamentais às quais devemos
nos aferrar é que, inclusive quando nos aborrecemos, odiamos e desprezamos a nós
mesmos, Jesus acredita em nós. O cristão é um homem de honra, e Jesus Cristo confia nessa
honra.
Jesus conhecia seus pensamentos, e lhes dirigiu as palavras que são a própria base e o
fundamento da vida cristã. No mundo, disse Jesus, acontece, em realidade, que o homem
grande é quem domina a outros. Mas segundo o
ponto de vista cristão, o que confere grandeza é o serviço.
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A grandeza não consiste em ordenar outros a fazerem coisas para nós, e sim em fazer coisas
para outros, e quanto maior seja o serviço, maior será a honra. Jesus emprega uma espécie
de gradação. "Se quereis ser grandes", diz, "sede servos; quem quiser ser o primeiro, seja
servo." Eis aqui uma revolução cristã; eis aqui uma total inversão dos valores mundanos.
Surgiu uma escala de valores completamente nova.
O estranho é que o próprio mundo aceitou estes valores em forma instintiva. O mundo sabe
muito bem que um grande homem é um homem que serve a seu próximo. O mundo respeita,
admira e às vezes teme o homem que tem poder; mas ama ao homem que demonstra amor.
O médico que está disposto a sair em qualquer momento do dia ou à noite para servir a seus
pacientes, o pastor que sempre está no caminho em meio de seu povo, o empresário que
sente um interesse ativo na vida e os problemas de seus empregados, a pessoa para quem
podemos nos dirigir sem que jamais nos faça sentir que incomodamos – essa é a pessoa que
todos amam e em quem instintivamente vêem a Jesus Cristo.
Uma pessoa ambiciosa pode estimar a grandeza de alguém pela quantidade de pessoas que
domina e que obedecem as suas ordens; ou por seu prestígio intelectual e sua eminência
acadêmica; ou pelo número de comissões que integra; ou por sua conta bancária e as posses
materiais que conseguiu reunir, mas para o julgamento do Jesus Cristo estas coisas carecem
de importância. Sua vara de medir é muito simples – a quantas pessoas você ajudou?
Jesus fez, Ele próprio, o que pede a seus seguidores que façam. Não veio para ser servido,
mas para servir. Não veio ocupar um trono e sim uma cruz. Foi por isso que as pessoas
ortodoxas de seu tempo não o puderam entender. Ao longo de toda sua história os judeus
tinham sonhado com o Messias, mas o Messias com que sonhavam era sempre um rei
conquistador, um líder poderoso, alguém que esmagaria os inimigos de Israel e que reinaria
podendo sobre todos os reino da Terra. Esperavam um conquistador, mas receberam a
alguém quebrantado em uma cruz. Esperavam o leão feroz de Judá, mas receberam o manso
cordeiro de Deus.
Aqui fica demonstrado, melhor que em qualquer outra parte, a nova glória e a nova
grandeza do amor sofredor e do serviço sacrificial. Aqui se restabelece e se refaz a realeza.
Jesus resumiu toda sua vida em uma frase muito aguda: "O Filho do Homem veio para dar
sua vida em resgate de muitos."
Marcos 10:32-45
João e Tiago podiam estar confundidos mas há um fato inegável; tinham o coração bem
posto. Jamais duvidaram da vitória final de Jesus.
"Podem beber do copo que eu bebo, ou ser batizados com o batismo com que eu sou
batizado?"
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Aqui Jesus emprega duas metáforas judaicas. Nos banquetes reais, o rei costumava oferecer
sua taça aos convidados. O copo se convertia, então, em uma metáfora para referir-se à vida
e a experiência que Deus oferecia aos homens.
A outra frase, no sentido em que Jesus emprega, nada tem a ver com o batismo em seu
sentido técnico. O que diz é o seguinte: "Podem suportar a experiência terrível que devo
suportar eu? Podem tolerar inundá-los no ódio, na dor e na morte como devo fazê-lo eu?"
Estava dizendo a estes dois discípulos que não pode haver coroa sem cruz.
É certo que em tempos posteriores estes dois discípulos viveram a experiência de seu
Mestre. Herodes Agripa decapitou Tiago (Atos 22:2) e, embora não é provável que João
tenha sofrido o martírio, sofreu muito por Cristo. Aceitaram o desafio do Mestre, embora o
tenham feito às cegas. [Estamos dispostos a beber o cálice e assumirmos o batismo de
Cristo?]
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A distribuição dos assentos em uma festa judaica era muito definida. A mesa estava
arrumada como um quadrado com um lado aberto. No lado da frente, no meio, sentava-se o
anfitrião. À sua direita o hóspede de mais categoria; à sua esquerda o que segundo em
importância; do segundo à sua direita o seguinte; do segundo à sua esquerda o próximo, e
assim tudo ao redor da mesa.
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Se o Messias deveria sofrer, então os discípulos que o seguissem também deveriam sofrer.
Eles beberiam de seu cálice (20:22-23), uma metáfora para o sofrimento. Tiago e João
afirmaram que estavam prontos para dividir esse cálice. Tiago foi executado pelo rei
Herodes (At 12:2), e João foi banido para a ilha de Patmos, onde teve as visões registradas
no livro de Apocalipse (Ap 1:1).
No reino de Jesus, o líder deve ser um auxiliador, no sentido bíblico da palavra, isto é,
alguém que anda ao lado para ajudar os outros a atingir o que precisa ser alcançado.
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A mãe que alimenta e conduz seus filhos é um bom exemplo de liderança. Está sempre
servindo. Mesmo assim, a boa mãe não é aquela que serve aos filhos, mas a que também os
conduz à maturidade. Os líderes cristãos devem imitar a boa mãe, servindo a seus
seguidores enquanto ensinam os valores do reino de Deus.
Jesus veio a este mundo como Filho de Deus, e não explorava os atributos e as vantagens de
ser líder. Na verdade, ele deu sua vida em resgate por muitos (20:28). Morreu para que
tivéssemos a chance de ser redimidos. A ideia de resgate vem do conceito do AT de pagar
resgate pela libertação de um escravo (Lv 25:47-52; 27:1-8). Essa substituição era uma
característica importante da vocação de sofrimento do Servo em Isaías 53.
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João 12:23-26
(1) Jesus dizia que a Vida só chega por meio de uma morte. O grão de trigo era inútil e não
dava fruto enquanto era conservava, por assim dizer, seguro e a salvo. Dava frutos quando
era jogado no chão frio, e era enterrado ali como em uma tumba. A Igreja cresceu graças à
morte dos mártires. Segundo a famosa frase: "O sangue dos mártires foi a semente da
Igreja." Foi porque eles morreram que a Igreja se converteu na Igreja viva. As grandes
coisas sempre viveram porque os homens estiveram dispostos a morrer por elas. Mas se
converte em algo ainda mais pessoal. É comum suceder que um homem determinado chega
a ser realmente útil para Deus só quando enterra seus objetivos e ambições pessoais. Por
meio da morte do desejo e da ambição pessoais o homem se converte em servo de Deus.
(2) Jesus dizia que só entregando a vida a retemos. O homem que ama a vida está
impulsionado por dois objetivos: o egoísmo e a busca da segurança. Seu próprio progresso e
segurança são os dois móveis de sua vida. Não foi em uma ou duas mas em muitas ocasiões
que Jesus disse que o homem que cuidava sua vida terminaria por perdê-la e que aquele que
a entregava, ganhava.
Mateus 16:24-26
(1) Deve negar-se a si mesmo. Negar-se a si mesmo significa dizer não a si mesmo em todos
os momentos da vida e dizer sim a Deus.
(2) Deve tomar sua cruz. Quer dizer, deve carregar o peso do sacrifício. A vida cristã é uma
vida de serviço sacrificial. EI cristão pode ter que abandonar a ambição pessoal para servir a
Cristo. Pode ser que descubra que o lugar onde pode oferecer o maior serviço ao Jesus
Cristo é um lugar onde a recompensa será pequena e o prestígio será nulo. Sem dúvida terá
que sacrificar tempo e prazer a fim de servir a Deus mediante o serviço a seu próximo. Para
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expressá-lo em forma muito singela: pode ser que terei que sacrificar a comodidade do lar, o
prazer de uma visita a um lugar de pulverização, pelas obrigações impostas pelo fato de ser
o maior dentro de um grupo, pelas exigências do clube de jovens, a visita à casa de alguma
alma triste ou sozinha. Pode ser que tenha que sacrificar certas coisas que poderia possuir a
fim de poder dar mais. A vida cristã é a vida sacrificial.
(3) Deve seguir a Jesus Cristo. Quer dizer, deve manifestar uma obediência perfeita a Jesus
Cristo.
(2) O homem que arrisca tudo por Cristo – e possivelmente pareça que perdeu tudo –
encontra a vida. A história nos ensina que sempre foram as almas aventureiras que disseram
adeus à segurança as que escreveram seu nome na história e ajudaram em grande medida ao
mundo dos homens. Se não tivessem existido quem estava dispostos a correr riscos, mais de
uma medicina não existiria. Se não tivessem existido quem esteve dispostos a arriscar-se,
muitas das máquinas que facilitam a vida não se inventaram, Se não existissem mães
dispostas a correr o risco, não nasceria nenhum menino. O homem que está disposto "a
arriscar a vida pela verdade de que existe Deus" é quem, em última instância, encontra a
vida.
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A fins do século IV havia em alguma parte do Oriente um monge chamado Telêmaco, que
tinha decidido abandonar o mundo e viver sozinho, em oração e meditação e jejum, para
salvar sua alma. Um dia se levantou de seus joelhos e repentinamente advertiu que essa vida
que estava vivendo não se baseava na negação do eu, e sim em um amor egoísta de Deus.
Compreendeu que para servir a Deus devia servir aos homens, Determinou, pois, despedir-
se do deserto e dirigir-se à maior cidade do mundo, Roma, que ficava do outro lado do
mundo. Nesse então Roma tinha adotado oficialmente o cristianismo. A diferença dos dias
antigos era que agora as multidões iam às Iglesias cristãs e não aos templos pagãos. Mas
uma coisa tinha subsistido na Roma cristã. Ainda existia o circo e as lutas de gladiadores.
Já não se lançavam os cristãos aos leões; mas ainda os prisioneiros capturados na guerra
tinham que lutar e matar-se entre si para diversão do povo romano. Ainda os homens rugiam
com o desejo de sangue ao presenciar as lutas. Telêmaco se dirigiu ao circo. Havia oitenta
mil pessoas. Estavam terminando as carreiras de carros e a multidão, tensa, aguardava que
saíssem os gladiadores. Quando saíram à arena, lançaram sua habitual saudação: "Ave,
César, os que vão morrer te saúdam!" Começou a luta, e Telêmaco se escandalizou. Homens
por quem Cristo tinha morrido se estavam matando entre si para divertir a um povo
supostamente cristão. Saltou a barreira, e se encontrou entre os gladiadores e, por um
momento, eles se detiveram. "Que continue o jogo", rugiu a multidão. Eles empurraram a
um lado o ancião, vestido ainda com suas roupas de ermitão. Mas voltou a interpor-se entre
eles. A multidão começou a jogar-lhe pedras; insistiam aos gladiadores para que o matassem
e o tirassem do meio. O comandante dos jogos deu uma ordem; a espada de um gladiador se
levantou, relampejou e deu o golpe; e Telêmaco caiu morto. E repentinamente se fez
silêncio na turba. Foram compungidos porque um santo precisou morrer dessa maneira.
Repentinamente a massa compreendeu o que era realmente essa morte. Naquele dia os jogos
terminaram abruptamente e nunca se reataram.
Telêmaco, morrendo, tinha-lhes posto fim. Como diz Gibbon: "Sua morte foi mais útil à
humanidade que sua vida." Perdendo a vida tinha feito muito mais do que jamais teria feito
se a tivesse poupado em sua devoção solitária no deserto.