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A Parábola do Bom Samaritano

Jesus dá o exemplo de um pobre judeu em apuros, socorrido por um bom samaritano.


Este coitado caiu nas mãos de ladrões que o deixaram ferido e quase morto. Os que
deveriam ser seus amigos o ignoraram, e foi acolhido por um estrangeiro, um samaritano,
da nação que os judeus mais desprezavam e detestavam, com os que não queriam ter
nenhum tipo de contato. É lamentável observar quanto domina o egoísmo nestes níveis;
quantos desprezos dão os homens para pouparem-se a problemas ou a gastos em ajudar
o próximo. O verdadeiro cristão tem marcado em seu coração a lei do amor. O Espírito de
Jesus mora nele; a imagem de Cristo se renova em sua alma. A parábola é uma bela
explicação da lei de amar ao próximo como a si mesmo, sem acepção de nação, partido
nem outra distinção. Também estabelece a bondade e o amor de Jesus nosso Salvador
para com os miseráveis pecadores. Nós éramos como este coitado viajante em apuros.
Satanás, nosso inimigo, nos roubou e nos feriu. O bendito Jesus se compadeceu de nós.
O crente considera que Jesus o amou e deu sua vida por ele quando éramos inimigos e
rebeldes; e tendo mostrado misericórdia, o exorta a ir a fazer o mesmo. É o nosso dever,
em nosso trabalho e segundo a nossa capacidade, socorrer, ajudar e aliviar a todos os que
estejam em momentos de necessidade.
Jesus não disse que essa história é uma parábola, de modo que é possível tratar-se do
relato de um acontecimento real. Jesus corria grande risco ao contar uma história em que
os judeus eram apresentados de modo negativo e os samaritanos de modo positivo, e seu
relato poderia ser usado contra ele. Um exemplo desse tipo não seria verosímil o suficiente
para servir de parábola, de modo que seus ouvintes, inclusive o escriba, entenderam que o
fato realmente havia ocorrido. De qualquer modo, trata- se de uma narração realista. A pior
coisa que se pode fazer com qualquer parábola, especialmente esta, é transformá-la numa
alegoria em que tudo representa alguma outra coisa. A vítima torna-se o pecador perdido,
quase morto (fisicamente vivo, mas espiritualmente morto), abandonado à beira da estrada
da vida. O sacerdote e o levita representam a lei e os sacrifícios, ambos incapazes de
salvar o pecador. O samaritano é Jesus Cristo, que salva o homem, paga suas contas e
promete voltar. A hospedaria é a Igreja, que cuida dos cristãos, e os dois denários são as
duas ordenanças, o batismo e a Ceia do Senhor. Ao abordar as Escrituras dessa maneira,
podemos fazer a Bíblia dizer praticamente qualquer coisa que nos convenha e,
certamente, não encontraremos a mensagem verdadeira que Deus nos deseja transmitir.
A estrada de Jerusalém para Jericó era, de fato, perigosa. Uma vez que os funcionários do
templo a usavam com tanta frequência, seria de se imaginar que os judeus ou os romanos
tomassem providências para torná-la mais segura. No entanto, é muito mais fácil manter
um sistema religioso do que fazer melhorias na vizinhança. Não é difícil pensar em
justificativas para a atitude do sacerdote e do levita. (Talvez nós mesmos já tenhamos
usado algumas delas!) O sacerdote havia servido a Deus no templo a semana inteira e
sentia-se ansioso por voltar para casa. Talvez houvesse bandidos por lá e estivessem
usando a vítima como "isca". Por que se arriscar? De qualquer modo, não era culpa dele
que o homem tivesse sido atacado. Por ser uma estrada movimentada, alguém acabaria
ajudando o homem. O sacerdote deixou a responsabilidade para o levita que, por sua vez,
não fez coisa alguma! O mau exemplo de um homem religioso tem grande poder. Ao usar
o samaritano como o herói, Jesus desconcertou os judeus, pois judeus e samaritanos
eram inimigos. Não foi um judeu que ajudou um samaritano; antes, um samaritano que
ajudou um judeu que havia sido ignorado por seus compatriotas, o samaritano demonstrou
amor por aqueles que o odiavam, arriscou a própria vida, gastou seu dinheiro (o
equivalente ao salário de dois dias de um trabalhador) e, tanto quanto sabemos, jamais foi
publicamente reconhecido nem honrado. O gesto do samaritano ajuda a entender o que
significa "usar de misericórdia" e ilustra o ministério de Jesus Cristo. O samaritano
identificou a necessidade do homem desconhecido e se compadeceu dele. Não havia
qualquer motivo lógico para que mudasse seus planos e gastasse seu dinheiro só para
ajudar um "inimigo" necessitado, mas a misericórdia não precisa de motivos. Por ser
especialista na Lei, o escriba certamente sabia que Deus exigia que seu povo tivesse
misericórdia de estrangeiros e de inimigos.
A Parábola da Ovelha Perdida
Se Deus tivesse dito algo semelhante na Era da Lei, as pessoas teriam sentido
que tais palavras não eram verdadeiramente consistentes com quem Deus era,
mas quando o Filho do homem transmitiu essas palavras na Era da Graça, elas
pareceram reconfortantes, calorosas e íntimas para as pessoas. Quando Deus
Se tornou carne, quando Ele apareceu na forma de um homem, Ele usou uma
parábola muito apropriada que vinha de sua própria humanidade para
expressar a voz do Seu coração. Essa voz representava a própria voz de Deus
e a obra que Ele queria realizar naquela época. Também representava uma
atitude que Deus tinha para com as pessoas na Era da Graça. Olhando a partir
da perspectiva da atitude de Deus para com as pessoas, Ele comparou cada
pessoa a uma ovelha. Se uma ovelha se perdesse, Ele faria qualquer coisa que
fosse necessária para encontrá-la. Isso representava um princípio da obra de
Deus naquele tempo em meio à humanidade, quando Ele estava na carne.
Deus usou essa parábola para descrever a sua determinação e a sua atitude
nessa obra. Essa era a vantagem de Deus se tornar carne: Ele podia aproveitar
o conhecimento da humanidade e usar a linguagem humana para falar com as
pessoas e para expressar a sua vontade. Ele explicou, ou “traduziu” para o
homem a sua profunda e divina linguagem, que as pessoas tinham dificuldade
para compreender, em linguagem humana, de uma maneira humana. Isso
ajudou as pessoas a compreender a sua vontade e saber o que Ele queria
fazer.

Ele também podia ter conversas com as pessoas partindo do ponto de vista
humano, usando a linguagem humana, e comunicar-Se com as pessoas de
uma maneira que elas compreendiam. Podia até mesmo falar e operar usando
a linguagem e o conhecimento humano, de modo que as pessoas pudessem
sentir a bondade e a proximidade de Deus, pudessem enxergar o Seu coração.
Do ponto de vista das pessoas, não há como Deus usar o conhecimento, a
linguagem ou as maneiras de falar humanas para falar sobre o que o Próprio
Deus queria dizer, a obra que Ele queria realizar, ou para expressar a sua
própria vontade. Mas isso é um pensamento errôneo. Deus usou esse tipo de
parábola para que as pessoas pudessem sentir a realidade e a sinceridade de
Deus e perceber a sua atitude em relação às pessoas durante aquele período.
Essa parábola despertou as pessoas que viviam sob a lei há muito tempo de
um sonho e também inspirou gerações e gerações de pessoas que viviam na
Era da Graça. Ao ler a passagem dessa parábola, as pessoas percebem a
sinceridade de Deus em salvar a humanidade e entendem o peso e a
importância atribuídos à humanidade no coração de Deus.

As pessoas naquela época só reconheciam o Pai celestial como Deus e


acreditavam que essa pessoa que elas viam diante dos seus olhos era
meramente enviada por Ele e não podia representar o Pai celestial. É por isso
que o Senhor Jesus teve que acrescentar essa frase ao fim dessa parábola,
para que as pessoas pudessem realmente sentir a vontade de Deus para a
humanidade e sentir a autenticidade e a exatidão daquilo que Ele dizia. Embora
essa frase tenha sido uma coisa simples de dizer, ela foi dita com cuidado e
amor e revelava a humildade do Senhor Jesus. Não importa se Deus se tornou
carne ou se Ele operava no mundo espiritual, Ele conhecia melhor o coração
humano e entendia melhor o que as pessoas precisavam, sabia com o que as
pessoas se preocupavam e o que as confundia, e é por isso que Ele
acrescentou essa frase. Essa frase realçava um problema oculto na
humanidade: as pessoas eram céticas quanto ao que o Filho do homem dizia;
o que significa dizer que, quando o Senhor Jesus estava falando Ele teve que
acrescentar: “Assim também não é da vontade de vosso Pai que está nos céus,
que venha a perecer um só destes pequeninos”, e somente com base nessa
premissa poderiam as suas palavras dar frutos, fazer as pessoas acreditarem
em sua exatidão e melhorar a credibilidade delas. Isso mostra que, quando
Deus se tornou um Filho do homem comum, Deus e a humanidade tinham um
relacionamento muito desconfortável, e a situação do Filho do homem era
muito embaraçosa. Também mostra quão insignificante era o status do Senhor
Jesus entre os humanos naquele tempo.

A Parábola da Figueira Estéril

O capítulo 13 do Evangelho de Lucas começa com algumas pessoas


abordando Jesus para falar sobre o massacre promovido por Pilatos (o
governador romano da Judéia) contra algumas pessoas da Galileia, no
momento em que sacrificavam no tempo de Jerusalém. Logo em seguida,
Jesus lhes relembra o trágico episódio acontecido no bairro de Siloé, onde uma
torre caiu e dezoito pessoas foram a óbito. Jesus, então, aproveita essas duas
tragédias para advertir seus ouvintes sobre a necessidade de olharem para
suas próprias vidas e se arrependerem dos seus pecados enquanto há tempo.
A grande questão levantada por Jesus é que precisamos fazer uma autoanálise
da vida que estamos vivendo e sermos sinceros diante de Deus. O pecado, por
menor que seja ou inofensivo que pareça aos nossos olhos, é sempre uma
afronta à santidade de Deus e, por isso, é grave e requer imediatamente
um arrependimento, caso contrário, no tempo oportuno, o juízo do Deus santo
virá sobre nós. Então aceitemos, diariamente, o convite ao arrependimento do
Evangelho do Senhor Jesus Cristo.

De acordo com a parábola, o dono de uma terra tinha uma expectativa para
a figueira cultivada no meio de sua plantação de uvas. Ela tinha tudo que
precisava para dar frutos no tempo determinado. Entretanto, para a tristeza do
dono da terra, aquela que deveria produzir em abundância não dava nenhum
sinal de frutos. Muito paciente, o dono, com suas expectativas frustradas,
declara seu descontentamento: Já faz três anos seguidos que venho buscar
figos nesta figueira e não encontro nenhum. Decidido a cortá-la, o dono aceita
a intervenção do trabalhador da vinha que pede por mais um tempo de
tolerância, ou seja, uma segunda chance para a árvore infrutífera. Essa
parábola faz referência ao povo de Israel, que obstinadamente escolheu rejeitar
o Messias enviado por Deus. Durante sua primeira vinda à terra, Jesus foi
ignorado, perseguido e morto. Ele convocou seus compatriotas ao
arrependimento e demonstrou com atitudes concretas o amor e a misericórdia
do Pai, mas eles se recusavam a dar frutos para Deus. Mas, segundo o texto
bíblico, o nosso Deus tem demonstrado paciência: porque não quer que
ninguém seja destruído, mas deseja que todos se arrependam dos seus
pecados. Se não fosse a misericórdia paciente de Deus e a intercessão de
Cristo tanto por Israel, quanto pela Igreja e pela humanidade, já teríamos
perecido. Todos nós recebemos uma segunda oportunidade de Deus e não
devemos desprezá-la. Não podemos abusar de sua santa paciência, pois como
está explícito na parábola, onde falta arrependimento, o juízo é inevitável.
O dono da figueira atende ao pedido do trabalhador e estende o tempo da
paciência. Entretanto, ele é claro, diante da oportunidade concedida diz: Se no
ano que vem ela der figos, muito bem. Se não der, então mande cortá-la. Essa
história ilustra que, embora Deus seja gracioso e misericordioso ao dar ao seu
povo tempo para se arrepender, vir até Ele e crescer nele, a sua paciência não
durará para sempre. Como vimos, Deus procura frutos entre seus filhos. Toda
tentativa permanente de desculpas para uma vida infrutífera será ineficaz, pois
Ele nos conhece e tem nos dado todas as condições necessárias para frutificar
no seu Reino. Ele nos deu sua Palavra, seu Espírito, sua presença, seu poder,
por isso espera de nós muitos frutos, e jamais se contentará apenas com folhas
e galhos, ou seja, com uma vida espiritual de aparência. Jesus disse: “Não
foram vocês que me escolheram; pelo contrário, fui eu que os escolhi para que
vão e deem fruto e que esse fruto não se perca”. É importante que entendamos
que a frutificação espiritual depende fundamentalmente da nossa comunhão
com Jesus Cristo. É preciso viver para glória de Deus, pois quem põe os seus
próprios interesses em primeiro lugar nunca terá a vida verdadeira; mas quem
esquece a si mesmo por minha causa terá a vida verdadeira. O nosso Deus é
misericordioso com os pecadores. Mas para aqueles que o rejeitam, Ele não
será misericordioso para sempre. Haverá um dia que serão punidos os que
vivem como se Ele não existisse. Por essa razão, somos chamados ao
arrependimento sincero e verdadeiro e à uma vida marcada por frutos dignos
da conversão que experimentamos.

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