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25/10/2022 14:55 A Parábola do Bom Samaritano

A Parábola do Bom Samaritano


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By Site Rei Eterno - ADM 9 de abril de 2018

1. INTRODUÇÃO 

Vamos olhar o capítulo 10 de Lucas, onde encontraremos o conhecido relato acerca


de um homem em uma jornada. Queremos aprender alguma verdade profunda a partir
do ensino do nosso bendito Senhor. Esta é a estória do Bom Samaritano. É uma das
mais conhecidas parábolas, uma das ilustrações mais conhecidas dentre as que
Jesus falou.

Jesus foi o mestre de todos os contadores de estórias. Ele poderia contar uma estória,
criar uma parábola com significado não apenas memorável, mas profundo. Este
conto em particular, este conto dramático do Bom Samaritano é tão bem conhecido que
ele realmente se tornou uma expressão idiomática para a bondade sacrificial incomum.
Nós chamamos os que encontram pessoas necessitadas e as ajudam de maneiras
incomuns de ‘bons samaritanos’.

Chamar alguém de bom samaritano é conceder-lhe um elogio nobre. E assim, estamos


muito familiarizados com a estória. Todos os cristãos estão familiarizados com isso e
muitos não-cristãos também. Porém, às vezes, nossa familiaridade pode nos levar a
pensar que entendemos sobre o que realmente é a parábola e o que ela pretende
transmitir, quando na verdade não sabemos. E eu penso que podemos ter perdido
o real sentido dessa estória. Espero que possamos corrigir isso nessa manhã.

2. CONTEXTO DA PARÁBOLA

Todos conhecemos a estória, mas precisamos entender o seu ponto, que é a razão pela
qual a parábola foi criada, a razão pela qual Jesus a contou. Para a maioria das
pessoas, a Parábola do Bom Samaritano é uma estória sobre ajudar alguém em

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necessidade. Mas, esse não é realmente o assunto tratado nela. Na verdade, esta
parábola é uma estória sobre como alguém herda a vida eterna, porque essa é a
questão que iniciou toda a conversa para a qual esta parábola é  a conclusão.

Volte comigo até o versículo 25 de Lucas 10. Jesus está ensinando. No meio de seus
ensinamentos, um certo doutor da lei, um escriba, especialista na lei de Moisés e na
lei judaica, levantou-se e colocou-O à prova, dizendo: “Mestre, o que farei para
herdar a vida eterna?“. Essa é a maior pergunta já feita ou respondida. Ela estava
nas mentes e nos corações dos judeus o tempo todo. Eles sabiam que o Antigo
Testamento prometia a vida eterna, uma ressurreição para a vida, um reino eterno no
qual eles desejavam viver na presença de Deus em toda a plenitude das promessas
divinas. Eles queriam herdar a vida eterna.

É por isso que essa pergunta foi feita com tanta frequência a Jesus e aparece em muitos
lugares nos Evangelhos. O próprio Jesus falou sobre a vida eterna muitas vezes,
porque essa era a questão. Eles estavam muito mais preocupados com a próxima
vida do que com esta vida. Eles estavam muito mais preocupados com a vida celestial
do que com a vida terrena, muito mais preocupados com o reino de Deus do que com o
reino dos homens. Eles nem eram tão consumidos com o que acontece aqui, como eram
com o que aconteceria na eternidade. E queriam fazer parte disso. Eles não queriam
perder isso.

E embora contassem com sua condição de judeus, com sua circuncisão, suas
cerimônias e suas tradições para qualificá-los para o reino, ainda havia um sentimento
persistente em seus próprios corações, uma percepção incômoda de seu próprio
pecado, a consciência acusadora que os fazia temer que, apesar de todas as aparências
externas, apesar do que aparecia na superfície, apesar de superficialmente
guardarem a lei em atitudes exteriores,  interiormente eles não eram dignos de
fazer parte desse reino e por isso havia um temor de que eles não alcançassem
essa vida eterna.

A resposta que Jesus deu está no versículo 26 e, na verdade, Ele responde com uma
pergunta: “O que está escrito na lei? Como você a lê?‘. O sentido do texto no idioma
original é: como você recita isso? O que a lei diz? O que Deus requer? Jesus está se
referindo ao fato de que os judeus recitavam duas vezes por dia o resumo de toda a
lei. Você pode pegar toda a lei de Deus e dividi-la em duas categorias: uma trata do
relacionamento entre o homem e Deus e a outra trata do relacionamento entre os
homens.

Tudo é resumido nessas duas categorias. O resumo de toda a lei de Deus dada nas
Escrituras está contida nos Dez Mandamentos. A primeira metade tem a ver com
nossa relação com Deus. A segunda metade tem a ver com o nosso
relacionamento com os homens. Ou você pode resumi-la ainda mais, resultando
em dois mandamentos. O primeiro: amar o Senhor seu Deus com todo o seu

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coração, alma, mente e força. O segundo: amar o próximo como a si mesmo. E, se


você fizer isso, você não precisa de regras. O amor perfeito dispensa qualquer
regra.

Bem, esse escriba sabia disso. Então, ele respondeu a pergunta de Jesus dizendo o que
eles sabiam ser o resumo da lei, porque eles o recitavam duas vezes por dia. Ele
respondeu, verso 27: “E, respondendo ele, disse: Amarás ao Senhor teu Deus de
todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todas as tuas forças, e de todo o teu
entendimento, e ao teu próximo como a ti mesmo.” É um texto retirado de
Deuteronômio 6:4 e 5 e Levítico 19:18. Assim, ele conhecia a lei.

No idioma original, o verbo “amar” está no tempo presente, indicando que você está
constantemente, continuamente, de maneira ininterrupta, amando a Deus daquela forma
e ao próximo como a si mesmo, sem nunca falhar em fazê-lo, sem nunca cometer uma
violação. No versículo 28, Jesus disse ao escriba: “Respondeste bem; faze isso, e
viverás.” Aqui Jesus está citando Levítico 18:5. O verbo “viver” no texto está
significando a vida eterna. Em outras palavras, “faça isso e você terá a vida eterna.
Você quer a vida eterna? Você conhece a regra: ame a Deus perfeitamente, ame o
próximo como a si mesmo. Faça isso e você terá a vida eterna”. Agora, neste ponto,
o escriba deveria ter sido honesto. Ele deveria ter dito:

Olha, eu não posso amar a Deus assim. Eu não posso amar a Deus o tempo todo
perfeitamente com todas as minhas faculdades, e eu também não posso amar
todas as pessoas ao meu redor com um amor perfeito , não posso fazer isso,
nunca fiz, não sou capaz de fazê-lo e não farei no futuro. Eu admito minha
incapacidade. Eu vivo em constante violação deste padrão. Eu não posso ser
perfeito como o Pai Celestial é perfeito. Eu não posso ser santo como Ele é santo.
Eu sou, portanto, pecador. Eu estou indo para castigo eterno. Eu vou estar fora do
reino, a menos que eu receba misericórdia e perdão…

E ele deveria ter clamado por misericórdia e perdão, como o publicano fez em Lucas 18,
batendo no peito, “Deus, seja misericordioso comigo, um pecador!”. Ele deveria ter
se envergonhado. Ele deveria ter sentido sua condenação. Deveria ter sentido profunda
convicção. Ele deveria ter sido penitente, quebrantado, contrito, confessar seu pecado,
clamar por misericórdia. Mas, ele apagou o fogo de sua consciência. Ele abafou o fogo
da convicção com a água do orgulho hipócrita. Ele apagou o que estava acontecendo
em sua consciência com sua justiça própria e o versículo 29 diz: “Mas desejando
justificar-se …“. Esse é um propósito muito triste.

Ele queria convencer as pessoas de que era justo, embora soubesse que não era. Ele
queria manter a aparência, a fachada. E então, ele disse a Jesus: “E quem é o meu
próximo?“. Ele pulou a parte sobre amar a  Deus. “Eu estou bem com Deus”, era o que
ele estava dizendo, na verdade. “Eu estou bem com Deus, não há nada que eu
precise lidar e estou bem com meu próximo a menos que…”, cinicamente falando,
“você, Jesus,  tenha outra definição sobre quem seja o meu próximo…”.

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Quero dizer, isso é bem incompreensível, não é? Que homem pensaria de si mesmo que
ele ama a Deus perfeitamente e os outros da mesma maneira que ele ama a si mesmo?
Mas sua tentativa de convencer as pessoas, o próprio Jesus e até a si mesmo de que
isso era verdade, mostra a profundidade da depravação humana. Então, cinicamente,
ele diz:

Talvez Você gostaria de redefinir o conceito de próximo para mim. Eu verifiquei


todas as pessoas que se qualificam como meu próximo e eu estou bem com elas.
E eu certamente estou bem com Deus, pois O amo perfeitamente e amo meu
próximo como a mim mesmo.

Jesus, naquele momento, poderia apenas tê-lo dispensado. Ele poderia ter dito: “Bem,
Eu posso ver que você está excluído do reino de Deus”, e voltar ao Seu ensino. Ele
poderia tê-lo deixado ali em seu orgulho de justiça própria. Ele poderia ter dito: “seu
coração é tão duro, seu orgulho tão resoluto, que eu não vou lançar nenhuma pérola
diante deste porco”. Mas, sempre nos lembramos da compaixão de Jesus. E mesmo que
este escriba tenha conseguido rejeitar a tentativa do Senhor de trazer convicção ao seu
coração, Jesus lhe dá mais uma oportunidade.

3. O OBJETIVO DA PARÁBOLA

Ele lhe dará uma visão muito graciosa sobre sua própria miséria, sua própria
pecaminosidade, talvez para levá-lo a um verdadeiro senso de sua posição diante de
Deus como um violador da lei de Deus e alguém que não ama a Deus nem a seu
próximo. Como o Senhor fará isso? Como o Senhor irá mais fundo? Como Ele vai enfiar
a faca de forma mais eficaz? Como ele poderia penetrar no coração duro deste homem?

Bem, a parábola se desenrola para nos dar a resposta. A estória que nosso Senhor
conta agora é suficiente para destruir o orgulho de uma pessoa sensível, para
literalmente quebrar o orgulho de uma pessoa de mente espiritual, para destruir o
orgulho de um verdadeiro coração em busca de algo. É uma estória esmagadora. É
inesquecível, produz imensa convicção e é concebida não como uma estória para
ensinar os crentes a viverem, embora tenha implicações nessa direção, mas é
concebida como um esforço evangelístico.

A parábola é contada a um descrente, um homem hipócrita que não vai entrar no


reino de Deus. A estória é contada a ele como um esforço evangelístico para levá-
lo a entender o verdadeiro sentido de sua pecaminosidade e, consequentemente,
clamar por misericórdia. Na superfície, a parábola parece uma simples estória
sobre como ser gentil. Não é. É muito mais profundo que isso.

4. O ENREDO DA PARÁBOLA

Vejamos a parábola em Lucas 10:

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30 E, respondendo Jesus, disse: Descia um homem de Jerusalém para Jericó, e


caiu nas mãos dos salteadores, os quais o despojaram, e espancando-o, se
retiraram, deixando-o meio morto.

31 E, ocasionalmente descia pelo mesmo caminho certo sacerdote; e, vendo-o,


passou de largo.

32 E de igual modo também um levita, chegando àquele lugar, e, vendo-o, passou


de largo.

33 Mas um samaritano, que ia de viagem, chegou ao pé dele e, vendo-o, moveu-


se de íntima compaixão;

34 E, aproximando-se, atou-lhe as feridas, deitando-lhes azeite e vinho; e, pondo-o


sobre o seu animal, levou-o para uma estalagem, e cuidou dele;

35 E, partindo no outro dia, tirou dois dinheiros, e deu-os ao hospedeiro, e disse-


lhe: Cuida dele; e tudo o que de mais gastares eu to pagarei quando voltar.

36 Qual, pois, destes três te parece que foi o próximo daquele que caiu nas mãos
dos salteadores?

37 E ele disse: O que usou de misericórdia para com ele. Disse, pois, Jesus: Vai, e
faze da mesma maneira.

É realmente uma estória fascinante, não é? Agora, a propósito, como na maioria das
estórias e parábolas de Jesus, esta não é uma estória verdadeira, isso não
aconteceu. Este é um conto que Jesus pregou, uma ilustração que Ele inventou para
dramatizar de uma maneira inesquecível o ponto para o qual Ele queria dirigir o coração
daquele homem e o nosso também. É uma estória sobre uma jornada em uma
estrada muito perigosa.

4.1. O CENÁRIO

Vamos analisá-la desde o começo: “Descia um homem de Jerusalém para Jericó…“.


Jerusalém está a aproximadamente 900 metros acima do nível do mar. Jericó fica de 270
a 300 metros  abaixo do nível do mar, aproximadamente. É uma descida de 1.220
metros. Então, é uma descida e tanto. O trajeto é sinuoso. Eu estive nessa estrada
várias vezes. É perigosa, quase assustadora, com precipícios que mergulham até 120
metros em fendas muito dramáticas, cheias de cavernas e pedras. É lendária por ser
uma estrada perigosa, porque você pode cair, porque é super estéril, porque todas as
cavernas e rochas permitem esconderijos para ladrões e salteadores.

Mesmo em quatro séculos depois de Cristo, li que era um lugar favorito para os
salteadores árabes roubarem pessoas e matá-las. É uma estrada estreita e sinuosa.
Era conhecida como a “Passagem de Adumim”. É assim chamada em Josué 18:17 e
essa designação está relacionada com a palavra hebraica que se refere a sangue. É
uma “passagem sangrenta“, uma jornada em um lugar muito, muito perigoso. E assim,
Jesus lança a parábola em um lugar familiar, a estrada de Jerusalém até Jericó.

4.2. OS PERSONAGENS

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A) UM CERTO HOMEM

E um certo homem estava descendo de Jerusalém a Jericó e o previsível aconteceu:


ele caiu nas mãos de ladrões. Um grupo de salteadores veio sobre o homem. Eles não
apenas o roubaram, mas eles o despiram. Quero dizer, eles não apenas pegaram sua
bolsa, mas levaram tudo. Eles o despiram e o deixaram praticamente nu. E então, eles
o espancaram. E o termo para “bater” aqui tem a ideia de golpes repetidos. Eles o
espancaram. E eles o deixaram semi morto. Nós diríamos hoje que ele estava em um
estado crítico. Ele estava no processo de morrer e já estava no meio do processo.

B) O SACERDOTE

Obviamente, este homem na estória está em desesperada necessidade de ajuda, neste


tipo de condição em uma estrada solitária. Poderia passar muito tempo antes que
alguém aparecesse e não havia garantia de que alguém o encontraria ou o
ajudaria. Jesus, então, na imediatamente introduz um pouco de esperança na estória.
Ele diz, no versículo 31: “ocasionalmente descia pelo mesmo caminho certo
sacerdote…“. À primeira vista, isso parecia ser a melhor notícia.

Esta seria uma boa notícia, pois ali vinha um sacerdote, um servo de Deus, alguém
que oferecia sacrifícios pelas pessoas no templo, alguém que apresentava o povo diante
de Deus, alguém que seria um modelo de virtude espiritual, o melhor dos homens, o
mais piedoso, o justo, a personificação da virtude. E essa seria a pessoa mais
indicada para estar ali naquele momento,  porque um sacerdote conhecia a lei do
Antigo Testamento. Ele saberia que Levítico 19:34 diz que se você vir um estranho em
necessidade, você deve fazer o que for preciso para atender à sua necessidade.

Um sacerdote saberia que em Êxodo, capítulo 23, versículos 4 e 5, é dito que se você
encontrar o jumento de seu inimigo em uma vala, certifique-se de resgatar o
animal desse homem. Logo, muito mais deveria ser feito pelo próprio homem.
Aquele sacerdote conhecia tudo isso ensinava sobre isso. Ele também teria conhecido o
Salmo 37:21, que fala que o justo é gracioso e liberal. Um sacerdote conhecia as
maravilhosas palavras do profeta Miqueias. E o que o profeta Miqueias disse? “Ele te
declarou, ó homem, o que é bom; e que é o que o Senhor pede de ti, senão que
pratiques a justiça, e ames a benignidade, e andes humildemente com o teu
Deus?”.

Ele teria sabido disso. Ele saberia o que Deus esperava dele. Ele saberia que o
julgamento seria impiedoso para aquele que não exercita misericórdia. E assim, com
apenas essa pequena observação de abertura, “ocasionalmente descia pelo mesmo
caminho certo sacerdote“, poderíamos ter motivos para ter esperança. No entanto, a
esperança é de curta duração, porque imediatamente Jesus disse: “e, vendo-o,
passou de largo“. No original significa que ele, literalmente, foi na direção oposta.
Ele o viu e foi na direção oposta.

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Agora, isto é sobre amar o seu próximo. O que podemos concluir? O sacerdote não tinha
amor pelo homem. Imediatamente, Jesus virou a questão de cabeça para baixo. O
escriba perguntou: “Quem é meu próximo?”. Jesus virou e disse:

Em vez de falar sobre quem se qualifica para ser seu próximo, vamos falar sobre a
qualidade com a qual você ama, pois, de fato, você está perguntando: ‘Quem é
qualificado para ser digno do meu amor?’. Com essa atitude, você não pode
cumprir esse mandamento. Não é sobre quem se qualifica, é sobre o caráter do
seu amor.

Então, Jesus já virou tudo de cabeça para baixo e agora Ele está falando sobre o
amor do indivíduo para com alguém em necessidade, não se a pessoa em
necessidade se qualifica para ser amada. Então, sabemos que amar o próximo não
se encaixa em uma definição estreita de amor que é direcionado apenas a certas
pessoas. É o mesmo que amar a Deus. Você deve amar a Deus com todas as suas
faculdades, coração, alma, mente e força e amar o próximo como a si mesmo. E
não é o próximo que importa aqui, mas é você, pois quem você é determina o seu
amor.

Agora, neste momento, o sacerdote foi para o outro lado. É muito engraçado, porque eu
li muitos comentários para saber como essas coisas são interpretadas através da
História, comentários antigos e até mesmo novos. Muitos comentaristas param nesse
ponto e têm questionamentos inimagináveis sobre o motivo pelo qual aquele
sacerdote não foi até o homem ferido. Bem, alguns dizem que pelo fato de ele ser
um sacerdote, deve ter pensado que se tratava de um cadáver e ele não podia
tocar num cadáver. Se ele tocasse, seria cerimonialmente impuro.

E então, alguns outros comentaristas argumentam contra essa ideia dizendo que
não teria problema, porque ele estava indo de Jerusalém para Jericó e não de
Jericó para Jerusalém. Se ele estivesse indo para Jerusalém, ele traria sua
impureza para o templo. Mas, desde que estava indo na direção oposta, ele teria
algumas semanas para passar pelo processo de purificação antes de voltar. E outros
disseram: “Bem, ele não foi até o homem ferido porque estava com medo de ter o
mesmo destino, pois os ladrões poderiam estar à espreita e ele seria a próxima
vítima…”.

Outros disseram: “Ele não foi lá porque não queria ajudar um homem que poderia
ser um perverso que estaria sendo punido pela ira de Deus”. Você quer saber
alguma coisa? Você sabe o que esse sacerdote da parábola estava pensando? Ele
não estava pensando em nada. Como eu sei disso? Porque ele não existe. Isso é
apenas uma estória. Como alguém pode escrever três páginas sobre o que um
sujeito que não existe está pensando!? Este homem não viveu, não existiu. Isso é
apenas uma estória.

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É ridículo tentar presumir o que pensa um homem que não existe. Este homem não
tinha cérebro, não era ninguém. É uma estória. Não se preocupe em saber qual foi o
motivo dele, qual a desculpa dele, qual era o seu pensamento, pois ele não tinha
nenhum. O ponto é simples: você espera de um sacerdote – que conhecia a lei,
sabia o que era necessário para ajudar o homem, que ensinava a todas as pessoas
que recitassem duas vezes por dia que deveriam amar o próximo como a si
mesmas -, praticaria o que estava na lei e ajudasse aquele homem.

Jesus aqui estava fazendo uma acusação ao sacerdócio israelita em geral? Eu acho que
seria seguro dizer que os sacerdotes em Israel não tinham compaixão, não é? Em
Mateus 23, Jesus diz que eles atavam pesadas cargas sobre as pessoas e não
levantavam um dedo para aliviar o fardo. É por isso que Ele disse: “Tome meu jugo sobre
você e aprenda de mim, porque meu jugo é suave, meu fardo é leve”. Acho que seria
seguro dizer que os sacerdotes eram externamente legalistas e hipócritas, mas
careciam de compaixão.

Eles certamente não tinham compaixão para com Jesus e os apóstolos. Mas, mesmo
assim, não penso que nessa parábola Jesus esteja fazendo uma acusação
generalizada ao sacerdócio. Esta é apenas uma estória sobre um homem que você
esperaria que fosse ajudar, porque ele conhecia a Lei, mas ele não ajudou. Ele não
ajudou.

C) O LEVITA

E então, Jesus continua no verso 32: “ E de igual modo também um levita…“, ou seja,
um membro da tribo de Levi. Os sacerdotes eram também da tribo de Levi, mas, além
disso, eram descendentes de Arão. Assim, nem todo levita era sacerdote. Só os que
descendiam de Arão. Os levitas descendiam de Levi, mas não de Arão, mas eles
receberam deveres sacerdotais. Eles eram o degrau mais baixo na escala do serviço
sacerdotal. Eles eram assistentes dos sacerdotes, eram a polícia do templo, cuidavam
das questões da liturgia e ajudavam os sacerdotes.

Assim, os levitas tinham que conhecer algo sobre a lei. Eles estavam intimamente
familiarizados com o funcionamento do judaísmo, com os estudos dos doutores da lei e
dos escribas, e assim por diante. Eles deveriam saber o que os sacerdotes também
sabiam. Então, no topo da pirâmide religiosa estava o sacerdote, na base estava o
levita, que estava na estrada, viu o homem ferido, verso 32, e passou pelo outro
lado. O mesmo verbo: foi na outra direção, direção oposta. E você tem novamente
uma ilustração de um homem que não tinha amor.

Você poderia dizer que estes religiosos, a elite do judaísmo, eram os chamados sábios e
inteligentes dos quais as coisas de Deus foram ocultadas, como diz o verso 21. Mas,
temos que dizer pelo menos isso: nenhum desses homens, se fossem pessoas reais,
seria qualificado para a vida eterna. Eles não amavam a Deus, em primeiro lugar,
porque se você ama a Deus, você guarda o que? Seus mandamentos. Então, eles

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não amavam a Deus, para começar, e também não amavam o próximo, porque
aquele homem estava ali e eles tinham uma oportunidade perfeita para demonstrar
seu amor, mas eles não fizeram.

Então, ser religioso, fazer todas as cerimônias, ser judeu, ser circuncidado, ser
parte de todo o sistema, estar tão intimamente ligado ao sistema religioso, ser um
sacerdote e um levita não vai levar alguém a entrar no reino de Deus. E quando
você olha para o caráter desses homens, eles não passam no teste. O teste é amar
o próximo como a si mesmo. Eles foram na outra direção, não queriam nada com
isso. Essa é a atitude que vemos na vida humana, a natureza humana, até em nós
mesmos: “Eu não quero me envolver…”.

D) O SAMARITANO

E então, a reviravolta, verso 33: “Mas um samaritano, que ia de viagem…“. Eu li a


essa altura, a propósito, numa nota de rodapé, um comentarista liberal que gosta de
atacar a Bíblia: “Bem, isso não é verdade, isso não pode ser verdade porque os
samaritanos não usavam essa estrada…”. E eu gostaria de encontrar esse cara e
dizer que este samaritano não é real e não há de fato uma estrada, isso é uma
estória. E, se Jesus o colocou lá naquela estrada, então ele estava lá. Eu não sei se
os samaritanos reais usavam essa estrada ou não, mas este samaritano fictício
usou.

Então, certo samaritano estava em uma jornada, veio sobre aquele homem ferido e,
quando o viu, sentiu compaixão. No contexto das relações judaico-samaritanas, esta
poderia ser a pior coisa possível de acontecer. O homem ferido, nós presumimos
que fosse um judeu, porque estava em Israel antes de seguir viagem. Ali estava o
homem judeu. Veio um samaritano. À primeira vista, poderíamos supor que este
homem não será de nenhuma ajuda, porque os samaritanos e os judeus se
desprezavam com a mais forte depreciação imaginável.

Os samaritanos eram descendentes de judeus que, depois que o reino do norte foi
levado cativo, ainda permaneceram na terra (Reino do Norte de Israel, Samaria). O
Reino do Norte foi então tomado pelos gentios. Os judeus que foram levados
cativos nunca retornaram, os que permaneceram na terra se casaram com os
gentios, por isso eram desprezados e odiados, porque negociaram seu direito de
primogenitura. Eles poluíram a linhagem do povo escolhido de Deus. Eles eram
odiados pelos judeus.

De fato, quando Israel (Reino do Norte) voltou do cativeiro babilônico, o Reino do Sul
(Judá) mais tarde foi também para o cativeiro, e depois de setenta anos de cativeiro,
eles voltaram, Neemias voltou, eles queriam reconstruir o muro, lembram-se disso? Os
samaritanos apareceram. Você pode ler isto em Esdras 4 a 6 e Neemias 2 a 4. Os

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samaritanos apareceram e disseram: “Ajudaremos vocês. Vamos nos reconectar


com nossas raízes judaicas. Agora que vocês estão de volta, Jerusalém será
reconstruída. Nós teremos um templo novamente!”.

E eles disseram: “Absolutamente não! Não queremos nada com vocês!”. A


amargura era muito profunda. E assim, os samaritanos se transformaram em
inimigos, e você se lembra da história? Todo o tempo Neemias e seu grupo estão
tentando construir o muro, mas quem está tentando impedi-los? Os samaritanos,
liderados por um homem chamado Sambalate. Então, eles estavam constantemente
em conflito. E, de fato, os samaritanos acabaram construindo seu próprio templo. Eles
disseram: “Bem, se não pudermos ser bem recebidos de volta, construiremos nosso
próprio templo.” Em um lugar chamado Monte Gerizim, eles construíram seu próprio
templo.

E os judeus que os odiavam e odiavam seu templo, 128 anos antes do nascimento
de Jesus, destruíram o templo dos samaritanos e mataram alguns deles. A
animosidade era profunda. Quando um judeu viajava no sentido norte-sul, ou sul-norte,
o caminho mais fácil seria atravessar a Samaria.  Eles nunca faziam esse trajeto, mas
circulavam a Samaria para não ter que passar por lá. O notável foi que Jesus,
quando foi nessa jornada e encontrou a mulher no poço, disse “preciso passar pela
Samaria”. Ninguém fazia isso. Nenhum judeu colocaria a sujeira de Samaria em seus
sapatos. O ódio era profundo.

Então, aqui está um homem samaritano, que pela definição do escriba, seria  inimigo de
sangue deste judeu deitado ali perto da morte. Se um judeu quisesse dizer a pior coisa
sobre uma pessoa, o pior apelido que ele poderia colocar em uma pessoa, aqui está o
que ele diria e foi o que certos judeus disseram a Jesus, em João 8:48: “Não dizemos
corretamente que você é um samaritano e tens demônio?”. A pior coisa que você
poderia dizer a alguém é: ‘você é um samaritano possuído por demônios!’.

E então, aqui vem um samaritano. Qual será a atitude do samaritano em relação a esse
sujeito ferido? Se ele vai se preocupar sobre se aquele homem moribundo se qualificaria
para ser seu próximo, ele não se qualifica. Não só ele é um estranho, mas ele é um
inimigo e há uma tremenda quantidade de racismo entre os dois. Bem, quando o
samaritano chega junto, a surpresa: “o samaritano chegou ao pé dele e, vendo-o,
moveu-se de íntima compaixão”.

Pessoas ficam especulando sobre se esse samaritano foi salvo, se pertencia ao


reino de Deus. Vou dizer isso de novo: esse homem não existe, novamente eu
digo. Portanto, não precisamos nos preocupar com sua condição espiritual, pois ele não
tinha nenhuma.

O que Jesus está tentando dizer? Nós vamos ver isso. Aqui está o ponto simples.
Dois homens não tinham amor, mas um tinha. Dois homens eram religiosos, mas
não tinham amor. Portanto, a religião deles não fez nada para qualificá-los para o

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reino. Um homem, por outro lado, era um herege, um pária e, no entanto, ele
amava. Portanto, esta questão do amor não é uma questão de religião.

O samaritano, em seguida, toma o centro do palco na estória, e aqui vem o ponto


principal. Observe como esse homem ama. Primeiro de tudo, ele o viu, verso 33, e
então ele sentiu compaixão. É aí que tudo começa. Algo em seu coração o faz ir
àquele homem, uma tristeza, uma misericórdia, uma empatia com sua dor, uma
necessidade que o move a querer resgatar e recuperar o homem. E assim, o versículo
34 diz: “E, aproximando-se…“. Significa simplesmente que ele foi até onde o homem
ferido estava. Esta é a primeira coisa que ele faz. Ele avalia, sua condição, sua
necessidade, dá atenção cuidadosa ao que será necessário para seu resgate e
recuperação.

Você pode até imaginá-lo inclinando-se sobre o homem e avaliando sua condição. E ele
descobriu que o homem tinha algumas feridas. A palavra grega traduzida como feridas  é
“trauma“. Ele tinha algumas feridas que indicam que ele estivesse talvez sangrando. Ele
poderia estar com alguns ossos quebrados. Nós não sabemos, porque Jesus não coloca
isso na estória. Mas, de qualquer maneira, ele havia sido espancado e ferido.

E então, Jesus diz que depois que o samaritano veio até ele, enfaixa suas feridas, o
que indica que a imagem aqui que Jesus quer transmitir é que ele tinha feridas abertas,
ele estava sangrando. E o homem estava nu, quase sem nada. O que quer que o
samaritano tenha usado para fazer as ataduras saiu de sua própria bolsa, saiu de sua
própria roupa. Então, ele começa a rasgar suas próprias roupas, se não as que ele
estava usando, talvez os extras que ele carregava em sua mala de viagem, e ele
começa a colocar um torniquete no homem nos pontos onde ele poderia estar
sangrando. Esta é a imagem da estória.

Então, ele cobre as feridas com ataduras para que elas não fiquem sujas e piores. E ele
também, no processo de fazer isso, estava derramando óleo e vinho sobre as feridas. O
vinho era usado, por causa de sua fermentação, como anti-séptico. Era usado para
higienizar. Na parábola, foi usado para limpar o que poderia ter entrado ali, o que
poderia criar uma infecção. E o óleo era usado para lubrificar, acalmar e amaciar os
tecidos. Isso fazia parte dos tratamentos médicos da época. O vinho e o óleo eram
algo que todo viajante carregava. Levava seu próprio vinho para beber e seu próprio óleo
para cozinhar ou comer.

E o samaritano agora estava se desfazendo de sua própria roupa e de suas


próprias provisões. E a palavra grega traduzida como “derramar” usada aqui (v. 34)
tem uma preposição na frente dela que a intensifica. Literalmente, ele generosamente
lavou o homem com este vinho e com o óleo. Ele não está economizando. É a
liberalidade, a generosidade de seus atos que está sendo enfatizada com o uso
deste verbo.

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Ele, literalmente, derrama o anti-séptico sobre o homem, e então ele derrama o óleo. O
que você está vendo aqui é generosidade. Você está vendo um certo cuidado
generoso aqui. E então, Jesus continua: “e, pondo-o sobre o seu animal…“. Eu li um
pequeno parágrafo sobre a que tipo de animal Jesus se referia e a palavra usada no
original é “ktenos”, que significa “besta”. Poderia ser qualquer animal domesticado. Nós
não sabemos. O homem ferido estava incapaz de subir no animal. Então, o samaritano o
pega e o joga no lombo de talvez um burro ou uma mula, para que ele possa levá-lo a
algum lugar onde ele possa comer alguma comida e beber um pouco de água, receber
alguns cuidados e ter um pouco de descanso.

Isso é incrível. Este não é um cuidado mínimo. Isso é o máximo. A compaixão o levou a
vir e examinar e depois enfaixar suas feridas. Então, ele derramou azeite e vinho. Depois
colocou o homem ferido em seu próprio animal e o transportou. Não sabemos a que
distância ficava o local, mas ele segurou o animal por qualquer corda que estivesse
presa a ele e caminhou, enquanto o homem ferido era transportado. Leva-o para uma
estalagem, caminhando ao lado de seu animal, segurando o homem para certificar-se de
que ele não caísse.

Bem, ele finalmente o leva a uma pousada, “pandocheion”, no grego. Pousadas eram
lugares escassos, na melhor das hipóteses. Elas eram lugares depravados,
normalmente. Eram lugares de prostituição, corrupção, roubo. Você realmente não
queria estar em um desses lugares, a menos que não tivesse escolha. Os donos das
pousadas, ou estalajadeiros, eram inescrupulosos, malvados, sem compaixão. Mas, não
havia escolha aqui. Nós não precisamos entrar em todos os pequenos detalhes da
parábola. Apenas saber que o samaritano  levou o homem para uma estalagem, que
seria um lugar onde ele poderia encontrar uma esteira para se deitar e um pouco de
água, um pouco de comida e um pouco de descanso.

E então, Jesus diz maravilhosamente: “e cuidou dele…“. Tendo negociado o lugar para
ficar, levou o homem para dentro, colocou-o para descansar, continuou a tratar dele com
suas ataduras, com suas feridas, proporcionando comida, sono, conforto, água, limpeza.
E ele fez isso a noite toda. Você diz: “Bem, como você sabe disso?”. Bem, Jesus contou,
no versículo 35, “E no dia seguinte…“, ou seja, ficou com ele a noite toda. Ele colocou
toda a agenda de lado. Ele desistiu de suas próprias roupas, seus próprios
suprimentos, seu próprio tempo. Isso é incrível para ser feito a um estranho que
era seu pior inimigo.

E ele ficou a noite toda em sua cama, certificando-se de que ele fosse bem cuidado. E
isso não foi tudo. Veja o versículo 35. “E, partindo no outro dia, tirou dois dinheiros, e
deu-os ao hospedeiro, e disse-lhe: Cuida dele; e tudo o que de mais gastares eu to
pagarei quando voltar.” Querendo ir em sua jornada, ele agora o colocou aos cuidados
de um estalajadeiro e dá a ele dois denários.

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Quanto seria esse valor, em comparação com o que era usualmente cobrado em uma
pousada? A menor diária que uma pousada cobrava era trinta segundos de um denário.
Então, ele pagou ao estalajadeiro o suficiente para sessenta e quatro dias de
alojamento e alimentação. Agora, como eu disse, não era um lugar chique, mas era
um lugar de abrigo, comida e descanso. Alguns dizem que a diária de uma pousada
custaria a duodécima parte de um denário. Nesse caso, o valor pago cobriria vinte e
quatro dias. Assim, poderíamos dizer que o valor cobriria entre um a dois meses de
hospedagem e alimentação. Isso é incrível, muito generoso.

O samaritano não conhecia aquele homem, ele lhe era totalmente estranho, não
sabia o que aconteceu para ele estar naquela condição, não perguntou como ele
entrou naquela condição e Jesus não colocou essa parte na estória, logo, não
importa. Tudo o que importa é que aqui estava um homem cujo coração era tão
cheio de amor que, quando alguém cruzava o caminho dele, não importava quem
fosse, nunca havia uma questão de qualificação, nunca uma pergunta: “Ele é meu
próximo ou não é?”. A única questão era: “como eu posso amar aquele homem em
toda a extensão de sua necessidade?”. Se ele era um amigo ou um inimigo, não
tinha importância.

O samaritano disse ao estalajadeiro, no verso 35: “Cuida dele; e tudo o que de mais
gastares eu to pagarei quando voltar.” Agora, ele se expôs a extorsões sérias. Ele
deixou uma conta aberta. E ele está dizendo: “Eu estou indo para onde preciso ir, e
você pode gastar tudo o que precisa gastar, dê a ele tudo o que ele precisa para uma
recuperação completa. E quando eu voltar, vou pagar por isso.”

Agora, o que é isso? Generosidade. Mais que generosidade. Você diz: “Bem, eu vi um
estranho uma vez em necessidade e eu dei a ele cinco pratas”. Acha que merece
aplausos?

Você já viu um estranho em necessidade, alguém que você não conhecia, melhor
ainda, alguém que era seu arqui inimigo e você foi, cuidou de todas as suas
necessidades, deu a ele tudo que ele precisava, ficou com ele, levou-o para algum
lugar, colocou-o na cama, alimentou-o, ficou com ele a noite toda para se certificar
de que ele estava se recuperando adequadamente, então pagou por seus
cuidados por até dois meses e disse que se fosse mais do que isso, quando
voltasse pagaria por todo o resto ? Você já fez isso por alguém?

Eu vou te dizer, há alguém por quem você fez isso: você. É assim que nos
importamos, não é? Tudo para nós mesmos: “leve-me ao melhor médico, ao
melhor lugar, consiga o melhor cuidado que puder, cuide de mim enquanto eu
precisar…”. Contratamos apólices de seguros, temos planos de saúde. Nós
fazemos o que precisamos para assegurarmos a nós o melhor atendimento. Mas,
fazer isso para com um estranho e, ainda por por cima, um inimigo? Você pode

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chegar perto disso com um amigo ou um membro da família, porque você os ama.
Mas, não estamos falando de família. Estamos falando de um estranho. Isso
simplesmente não é feito a um estranho e inimigo.

Você diz: “Bem, você está dizendo que ninguém nunca fez isso?”. Não, pois isso poderia
ser feito e alguns o fizeram, e talvez você tenha feito algo muito generoso como isto em
uma ocasião em sua vida. Essa não é a questão. A questão é:  em sua vida inteira
você amou estranhos assim? Resposta: claro que não. Nós nos certificamos de que
quando temos problemas físicos ou privações ou somos apanhados em uma situação
perigosa, precisamos fazer o possível para obtermos a melhor atenção, o melhor
atendimento, ter todas as nossas necessidades atendidas, todos os nossos confortos.

Somos basicamente sem limites em cuidar de nós mesmos tanto quanto somos
capazes. As pessoas vão realmente se endividar e às vezes falir, a fim de garantir
que não neguem a si mesmas qualquer coisa que achem que precisam. Mas, quem
mais você ama assim? Ninguém. A estória é sobre amor ilimitado, sobre um
homem que disse ‘eu vou cuidar desse homem, sem limites. Eu vou amar esse
homem, embora ele seja meu inimigo e estranho para mim. Seja o que for que este
homem precise, eu darei a ele e não há limites. Vou abrir uma conta e, quando eu
voltar, você me diz o que foi preciso gastar e eu cuido disso…’.

5. O ENSINO POR TRÁS DA PARÁBOLA

Deixe-me te contar algo. Isso é o que você deve fazer o tempo todo para entrar o reino
de Deus. Alguém se qualifica? Não. Esse é o ponto. É o ponto sobre a vida eterna. E às
vezes ensinamos as crianças a compartilharem seu lanche, dizendo: seja um bom
samaritano! Não se trata disso. Compartilhe seu almoço, mas não confunda isso com o
bom samaritano. Um bom samaritano não compartilhou seu almoço. Ele
basicamente expressou amor ilimitado a um homem que ele nunca conheceu, que
era um estranho e um inimigo.

Verso 36, então, Jesus, depois de terminar a parábola, diz ao escriba: “Qual, pois,
destes três te parece que foi o próximo daquele que caiu nas mãos dos
salteadores?“. Em outras palavras, ‘esqueça quem é o seu vizinho e vamos falar sobre
o que é vizinhança’. Qual desses três você acha que provou ser vizinho ou próximo do
homem que caiu nas mãos do ladrão? “E ele disse: O que usou de misericórdia para
com ele” (v. 37).  

Jesus, então, respondeu, verso 37: “Vai, e faze da mesma maneira.” Só que o problema
é: você tem que fazer isso sempre com qualquer um, qualquer estranho em seu
caminho, até mesmo seu pior inimigo, amá-lo generosamente, sacrificialmente,
liberalmente, ternamente, sem limites, amavelmente, com uma conta aberta. Essa é a
maneira que você ama a si mesmo. E assim, aquele doutor da lei, diante de todo o grupo
de pessoas, responde que o ‘próximo’ na parábola era “aquele que mostrou
misericórdia”. Isso é o que Jesus queria transmitir ao contar a estória.

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Agora você entende o que a Bíblia quer dizer quando ordena que você tem que
amar seu próximo como a si mesmo? É assim que você ama alguém em seu
caminho, com uma necessidade? Você quer a vida eterna? Como você vai
consegui-la? Ame a Deus com todo seu coração, alma, mente e força e ame seu
vizinho, seu próximo, como a você mesmo.

Jesus estava dizendo ao escriba, em outras palavras: “Ok, você diz que ama a
Deus assim. Você nem quer falar sobre isso. Agora, você quer falar sobre amar o
próximo,. Você acha que ama o seu próximo? Você ama seu inimigo, o estranho,
como aquele samaritano da estória?”. Bem, o homem sabia que a resposta era
não.

“Disse, pois, Jesus: Vai, e faze da mesma maneira.” A propósito, lembremos que
estas são pessoas fictícias. Este não é um mandamento para um crente amar
assim. Isto é uma acusação contra toda a humanidade caída. Você não pode e
você nunca vai amar assim. Pode haver uma rara ocasião em que esse amor é
expresso aqui e ali. Mas, o que Jesus está falando aqui é de uma espécie de amor
ilimitado, generoso para com qualquer pessoa. Esse amor está além de nossa
capacidade. Nós amamos a nós mesmos  assim. Nós não amamos os outros
assim.

E Jesus aqui está dando a este doutor da lei mais uma oportunidade de dizer:

Jesus, eu não amo assim. Eu não sou capaz de amar assim. Eu nunca vou amar
assim. Eu nunca vou entrar no Reino. E, para dizer a verdade, se eu não amo as
pessoas assim, se eu não amo meu próximo assim, obviamente eu também não
amo a Deus com todas as minhas faculdades. Não vou me defender e
simplesmente admito que não consigo!.

Teria sido maravilhoso, se ele tivesse dito isso. Se ele tivesse admitido:

Eu não posso amar assim. Eu não posso amar a Deus perfeitamente. Eu


certamente não posso amar meu próximo. Se é isso que significa amar o próximo,
e não posso excluir ninguém, devo agir assim com qualquer um que necessite,
mesmo que seja meu pior inimigo, devo confessar que estou muito longe desse
tipo ilimitado de amor.

E nós também estamos. Se isto é o que é requerido para entrar no céu, então eu não
vou chegar lá. Mesmo sendo um cristão verdadeiro, em quem o amor de Cristo foi
derramado, que tem uma capacidade de amar como uma pessoa não convertida não
tem, eu ainda não amo dessa forma tão elevada. Fomos salvos pela graça e somos
mantidos pela graça, não somos?

O Senhor não apenas me perdoou por minha falta de amor a Deus e aos outros quando
me salvou, mas continua a perdoar-me por minha falta de amor perfeito para com Deus
e para com os outros, que faz parte de minha vida caída. Eu nunca serei capaz de

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amar a Deus perfeitamente até estar na Sua presença e nunca serei capaz de amar
os outros perfeitamente até estar na Sua presença também. Então, será um tipo
diferente de expressão de amor.

Veja, o que Jesus estava fazendo aqui com este homem era enfiando uma espada
em seu coração para convencê-lo de sua total incapacidade de merecer o reino de
Deus e a vida eterna por conta própria. Se ele achava que seu judaísmo, sua
circuncisão, sua manutenção da lei, seu sacrifício e tudo aquilo era suficiente, Jesus lhe
mostrou que não era.  Aquele homem teria que afirmar que sempre amou a todos que
cruzaram seu caminho do jeito que o Bom Samaritano amou aquele homem, com o
mesmo tipo de cuidado ilimitado, aberto, generoso, sacrificial. Mas ele sabia, como todos
sabemos, que não amamos assim.

Aliás, é assim que Deus nos ama. E ali estava Jesus diante dele, pronto para
oferecer-lhe misericórdia, pronto para oferecer-lhe graça, pronto para oferecer-lhe
perdão, se ele apenas se arrependesse e admitisse o que ele sabia ser a verdade.
Mas, à medida que nos movemos nos Evangelhos sobre a vida de Cristo em
direção à cruz, constatamos que os corações das pessoas foram se tornando cada
vez mais hostis e duros contra Ele.

O final da parábola é Jesus dizendo: “Vá e faça o mesmo”. Ele fez? Não. Ele
poderia? Não. Ele se arrependeu? Aparentemente não. Ele herdará o reino de
Deus? Claro que não. Quem vai? Aqueles que se arrependem de sua falta de amor
a Deus e aos outros, clamam por misericórdia e perdão do Cristo que pagou a
penalidade pelos seus pecados através de Sua morte na cruz. Oremos.

Pai, nós Te agradecemos pela riqueza desta parábola. E reconhecemos que quando
recebemos Tua misericórdia e quando recebemos nova vida em Cristo, é-nos dada uma
capacitação divina para amar-Te e amar os outros. Mas esse amor não é perfeito. Nós
não Te amamos perfeitamente. Nós não amamos os outros perfeitamente. E assim, nós
não apenas fomos salvos pela graça, mas permanecemos na graça, vivemos na graça.
Mesmo que quebrássemos nossa caixa de alabastro e lavássemos os pés de Jesus com
nossas lágrimas, ainda não O amaríamos como Ele merece ser amado.

Mesmo em nossos mais magnânimos atos de bondade e nossos maiores atos de


generosidade e misericórdia para com os outros, nunca chegamos realmente ao ponto
onde amamos os outros da mesma maneira que nos amamos. Nós sempre colocamos
limites no quanto amamos outra pessoa, particularmente um estranho e um inimigo. E
assim, todos nós estamos aquém, todos somos culpados. Nós nos arrependemos,
pedimos misericórdia e perdão. Senhor, ajude-nos a chegar ao ponto em que nos
voltemos para Cristo para a nossa salvação e depois, tendo sido nos dada a capacidade
para amar, mesmo que não seja tudo o que deveria ser, que possamos crescer em amor
por Ti e em amor pelos outros, amor este expressado em nossa dedicação ilimitada de
dar a Ti o que o Senhor merece e dar aos outros o que eles precisam. Nós oramos em
nome do nosso Salvador. Amém.

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Este texto é uma síntese do sermão “The Good Samaritan”, de John MacArthur em
14/09/2003.

Você pode ouvi-lo integralmente (em inglês) no link abaixo:

https://www.gty.org/library/sermons-library/42-144/the-good-samaritan

Tradução e síntese feitos pelo site Rei Eterno

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